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RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 2 ENGENHARIA MECÂNICA 1. TRANSFORMAÇÃO DE TENSÕES 1.1. Estado Plano de Tensões: tensões em uma direção qualquer, tensões principais e de cisalhamento máximo, planos principais, círculo de Mohr; 1.2. Noções do Estado Geral (ou triplo) de tensões, Círculo de Mohr conhecidas as tensões principais; 1.3. Teorias de Resistência (critérios de resistência ou de falhas); 1.4. Vasos de pressão de parede fina. 2. SOLICITAÇÕES COMPOSTAS 2.1. Tensões devidas à combinação de flexão e torção; 2.2. Problemas envolvendo flexão, torção e tração (ou compressão); 2.3. Projeto de Eixos de Transmissão. 3. MÉTODOS DE ENERGIA DE DEFORMAÇÃO 3.1. Trabalho de deformação elástica devido a tensões normais; 3.2. Trabalho de deformação elástica devido a tensões de cisalhamento; 3.3. Trabalho para um único esforço aplicado; 3.4. Carregamento produzido por impacto; 3.5. Teorema de Castigliano; 3.6. Estruturas estaticamente indeterminadas (hiperestáticas). 4. FLAMBAGEM DE COLUNAS 4.1. Fórmula de Euler para colunas bi-rotuladas; 4.2. Fórmula de Euler para colunas com outros tipos de apoio: bi-engastada, engastada e articulada, engastada-livre; 4.3. Fórmulas empíricas; 2. SOLICITAÇÕES COMPOSTAS Até o momento, vimos métodos para determinar as distribuições de tensão em um elemento submetido a uma força axial interna, a uma força de cisalhamento, a um momento fletor ou a um momento de torção. Entretanto, na maioria das vezes, a seção transversal de um elemento está sujeita a vários desses tipos de cargas simultaneamente, e o resultado é que o método da superposição, se aplicável, pode ser usado para determinar a distribuição da tensão resultante provocada pelas cargas. Para aplicar a superposição, é preciso determinar a distribuição de tensão devido a cada carga e, então, essas distribuições são superpostas para determinar a distribuição de tensão resultante. O princípio da superposição pode ser usado para essa finalidade contanto que exista uma relação linear entre a tensão e as cargas. Além disso, a geometria do elemento não deve sofrer mudança significativa quando as cargas são aplicadas. Isso é necessário para assegurar que a tensão produzida por uma carga não esteja relacionada com a tensão produzida por qualquer outra carga. 2.1. Tensões devidas à combinação de flexão e torção O seguinte procedimento nos dá um modo geral para definir as componentes da tensão normal e da tensão de cisalhamento em um ponto de um elemento quando ele é submetido a vários tipos diferentes de cargas simultaneamente. Consideramos que o material é homogêneo e se comporta de um modo linear elástico. Além disso, o princípio de Saint-Venant exige que o ponto onde a tensão deve ser determinada esteja bem distante de quaisquer descontinuidades na seção transversal ou de pontos de carga aplicada. 2.1.1. Carga interna Secione o elemento perpendicularmente a seu eixo no ponto onde a tensão deve ser determinada e obtenha as componentes internas da força normal e da força de cisalhamento resultantes, bem como as componentes dos momentos fletor e de torção. As componentes da força devem agir passando pelo centrai de da seção transversal, e as componentes do momento devem ser calculadas em torno dos eixos do centroide, os quais representam os eixos principais de inércia para a seção transversal. 2.1.2. Tensão normal média Calcule a componente da tensão associada a cada carga interna. Para cada caso, represente o efeito como uma distribuição de tensão que age sobre toda a área da seção transversal ou mostre a tensão sobre um elemento do material localizado em um ponto específico na seção transversal. 2.1.3. Força normal A força normal interna é desenvolvida por uma distribuição de tensão normal uniforme determinada por σ = P/A. 2.1.4. Força de cisalhamento A força de cisalhamento interna em um elemento submetido a flexão é desenvolvida por uma distribuição da tensão de cisalhamento determinada pela fórmula do cisalhamento, τ = VQ / It. 2.1.5. Momento fletor Para elementos retos, o momento fletor interno é desenvolvido por uma distribuição de tensão normal que varia linearmente de zero no eixo neutro a máxima no contorno externo do elemento. A distribuição de tensão é determinada pela fórmula da flexão, σ = -My / I. Se o elemento for curvo, a distribuição de tensão é não linear e é determinada por σ = My / [Ae(R - y)]. 2.1.6. Momento de torção Para eixos e tubos circulares, o momento de torção interno é desenvolvido por uma distribuição da tensão de cisalhamento que varia linearmente da linha central do eixo até um máximo no contorno externo do eixo. A distribuição da tensão de cisalhamento é determinada pela fórmula da torção, τ = Tρ/J. Se o elemento for um tubo fechado de parede fina, use σ = T / 2Amt. 2.1.7. Vaso de pressão de parede fina Se o vaso de pressão for cilíndrico de parede fina, a pressão interna p provocará um estado de tensão biaxial no material de modo que a componente da tensão tangencial é σ1 = pr / t e a componente da tensão longitudinal é σ2 = pr / 2t. Se o vaso de pressão for esférico de parede fina, então o estado de tensão biaxial é representado por duas componentes equivalentes, cada uma com valor σ2 = pr / 2t. 2.1.8. Superposição Uma vez calculadas as componentes da tensão normal e da tensão de cisalhamento para cada carga, use o princípio da superposição e determine as componentes da tensão normal e da tensão de cisalhamento resultantes. Represente os resultados em um elemento de material localizado no ponto ou mostre os resultados como uma distribuição de tensão que age sobre a área da seção transversal do elemento. 2.2. Problemas envolvendo flexão, torção e tração (ou compressão) 1) Uma força de 15.000 N é aplicada à borda do elemento mostrado na Figura (a). Despreze o peso do elemento e determine o estado de tensão nos pontos B e C. Cargas internas: O elemento é secionado passando por B e C. Para equilíbrio na seção, é preciso haver uma força axial de 15.000N agindo no centroide e um momento fletor de 750.000N.mm em torno do eixo do centroide ou principal (Figura b). Componentes da tensão: Força normal: A distribuição da tensão normal uniforme devida à força normal é mostrada na Figura c: � = �� = 15000100 ∙ 40 = 3,75 �/��� = 3,75��� Momento fletor: A distribuição da tensão normal devida ao momento fletor é mostrada na Figura d. A tensão máxima é ��á� = ��� = 750000 ∙ 50� 112 ∙ 40 ∙ 100�� = 11,25 �/�� � = 11,25��� Superposição: Se as distribuições da tensão normais acima forem somadas algebricamente, a distribuição da tensão resultante é a mostrada na Figura e. Embora aqui isso não seja necessário, a localização da linha de tensão nula pode ser determinada por cálculo proporcional de triângulos. Isto é: 7,5� = 15100 − � → � = 33,3�� Elementos de material em B e C estão submetidos somente a tensão normal ou tensão uniaxial, como mostram as figuras f e g. Por consequência: �� = 7,5��� (tração) �& = 15��� (compressão) 2) O tanque na figura (a) tem raio interno de 600 mm e espessura de 12 mm. Está cheio até em cima com água cujo peso específico é γágua = 10 kN/m3. Se o tanque for feito de aço com peso específico γaço = 78 kN/m3, determine o estado de tensão no ponto A. A parte superior do tanque é aberta. Cargas internas: O diagrama de corpo livre da seção do tanque e da água acima do ponto A é mostrado na Figura b. Observe que o peso da água é suportadopela superfície da água imediatamente abaixo da seção e não pelas paredes do tanque. Na direção vertical, as paredes simplesmente apoiam o peso do tanque. Esse peso é: ,-ç. = /-ç. ∙ 0-ç. = 78�10� 23 4 61210006 � − 3 4 60010006 �7 (1) = 3,56 8� A tensão na direção tangencial é desenvolvida pela pressão da água no nível A. Para obter essa pressão, devemos usar a lei de Pascal, segundo a qual a pressão em um ponto localizado a uma profundidade z na água é p = γágua * z. Por consequência, a pressão no tanque no nível A é: 9 = /-:;- ∙ < = 10 ∙ 1 = 10 8��� = 108�� Componentes da tensão: Tensão tangencial: �= = 9>? = 10�10 � ∙ @ 6001000A121000 = 500 8�� Tensão longitudinal: Visto que o peso do tanque é suportado uniformemente pelas paredes, temos: �� = ,-ç.�-ç. = 3,56�10 � 3 B@ 6121000A� − @ 6001000A�C = 77,98�� OBSERVAÇÃO: A Equação σ2 = pr / 2t, não se aplica aqui, visto que o tanque é aberto na parte superior e, portanto, a água não pode desenvolver uma carga nas paredes na direção longitudinal. Portanto, o ponto A está sujeito à tensão biaxial mostrada na Figura c. 3) O elemento mostrado na Figura (a) tem seção transversal retangular. Determine o estado de tensão que a carga produz no ponto C. Cargas internas: As reações dos apoios sobre o elemento foram determinadas e são mostradas na Figura b. Se considerarmos o segmento AC da esquerda do elemento (Figura c), as cargas internas resultantes na seção consistem em uma força normal, uma força de cisalhamento e um momento fletor: N = 16,45kN; V = 21,93kN; M = 32,89kN.m Componentes da tensão: Força normal: A distribuição uniforme da tensão normal que age sobre a seção transversal é produzida pela força normal (Figura d). No ponto C, � = �� = 16,45�10 � 0,050 ∙ 0,250 = 1,32��� Força de cisalhamento: aqui, a área A' = 0, visto que o ponto C está localizado na parte superior do elemento. Assim, Q = y'A' = 0 e, para o ponto C (figura e), a tensão de cisalhamento vale: EF = 0 Momento Fletor: o ponto C está localizado a y = c = 125mm do eixo neutro, portanto, a tensão normal em C (figura f) é: �F = ��� = 32,89�10 � ∙ 0,125 � 112 ∙ 0,050 ∙ 0,250�� = 63,16��� Superposição: A tensão de cisalhamento é nula. A soma das tensões normais determinadas acima dá uma tensão de compressão em C com valor de: �F = 1,32 + 63,16 = 64,5��� Este resultado, agindo sobre um elemento em C, é mostrado na Figura g. 4) A haste maciça mostrada na Figura (a) tem raio de 0,75 cm. Se estiver sujeita à carga mostrada, determine o estado de tensão no ponto A. Cargas internas: A haste é secionada no ponto A. Pelo diagrama de corpo livre do segmento AB (Figura b), as cargas internas resultantes podem ser determinadas pelas seis equações de equilíbrio. Verifique esses resultados. A força normal (500 N) e a força de cisalhamento (800 N) devem agir no centroide da seção transversal, e as componentes do momento fletor (8.000 N. cm e 7.000 N. cm) são aplicadas em torno dos eixos do centroide (principais). Para "visualizar" melhor as distribuições da tensão devidas a cada uma dessas cargas, consideraremos as resultantes iguais, mas opostas que agem em AC (Figura c). Componentes da tensão: Força normal: A distribuição da tensão normal é mostrada na Figura d. Para o ponto A, temos: �H = �� = 5003 ∙ 0,75� = 283 �/��� = 2,83 ��� Força de cisalhamento: A distribuição da tensão de cisalhamento é mostrada na Figura e. Para o ponto A, Q é determinada pela área semicircular sombreada. Pela tabela apresentada no final deste livro, temos: I = J ′ ∙ �′ = 4 ∙ 0,753 ∙ 3 B12 3 ∙ 0,75�C = 0,2831��� EH = 0I�? = 800 ∙ 0,2831�14 ∙ 3 ∙ 0,75K� − 0,75 = 604 �/�� � = 6,04 ��� Momentos fletores. Para a componente de 8.000 N.cm, o ponto A encontra-se no eixo neutro (Figura f), portanto, a tensão normal é: �H = 0 Para o momento de 7000 N.cm, c = 0,75 cm, portanto, a tensão normal no ponto A (figura g) é: �H = ��� = 7000 ∙ 0,75�14 ∙ 3 ∙ 0,75K� = 21.126 �/�� � = 211,26 ��� Momento de torção: No ponto A, ρA = c = 0,75 cm (Figura h). Assim, a tensão de cisalhamento é: EH = M�N = 11200 ∙ 0,75�12 ∙ 3 ∙ 0,75K� = 16,901 �/�� � = 169,01 ��� Superposição. Quando os resultados acima são superpostos, vemos que um elemento de material em A está sujeito às componentes da tensão normal, bem como da tensão de cisalhamento (Figura i): 5) O bloco retangular de peso desprezível mostrado na figura (a) está sujeito a uma força vertical de 40 kN aplicada em seu canto. Determine a distribuição da tensão normal que age sobre uma seção que passa por ABCD. Cargas internas: Se considerarmos o equilíbrio do segmento na parte inferior do bloco (Figura b),vemos que a força de 40 kN deve agir passando pelo centroide da seção transversal, e duas componentes do momento fletor também devem agir em torno dos eixos do centroide ou principais de inércia para a seção. Componentes da tensão: Força normal: A distribuição uniforme da tensão normal é mostrada na Figura c: �H = �� = 40�10 � 0,8 ∙ 0,4 = 125 8�� Momentos fletores: A distribuição da tensão normal para o momento de 8 kN.m é mostrada na Figura d. A tensão máxima é: ��á� = ���O�� = 8�10 � ∙ 0,2 � 112 ∙ 0,8 ∙ 0,4�� = 375 8�� Da mesma forma, para o momento de 16 kN.m, Figura e, a tensão normal máxima é: ��á� = �O���O = 16�10 � ∙ 0,4 � 112 ∙ 0,4 ∙ 0,8�� = 375 8�� Superposição: A tensão normal em cada ponto do canto pode ser determinada por adição algébrica. Considerando que a tensão de tração é positiva, temos: �H = −125 + 375 + 375 = 6258�� �� = −125 − 375 + 375 = −1258�� �& = −125 − 375 − 375 = −8758�� �P = −125 + 375 − 375 = −1258�� Visto que as distribuições da tensão devidas ao momento fletor são lineares, a distribuição da tensão resultante também é linear e, portanto, é semelhante à mostrada na Figura f. A linha de tensão nula pode ser localizada ao longo de cada lado por triângulos proporcionais. Pela figura, exige-se: 0,4 − Q625�10� = Q125�10� → Q = 0,0667 � 0,8 − �625�10� = �125�10� → � = 0,133 � 2.3. Projeto de Eixos de Transmissão Em um projeto de eixos de transmissão, se a potência for transferida para o eixo ou do eixo por meio de engrenagens ou polias dentadas (Fig. 2.1a), as forças aplicadas nos dentes das engrenagens ou polias serão equivalentes aos sistemas de força e momento aplicados nos centros das seções transversais correspondentes (Fig. 2.1b). Isso significa que o eixo estará submetido a um carregamento transversal, bem como a um carregamento torcional. Figura 2.1 As tensões de cisalhamento produzidas no eixo por cargas transversais são geralmente muito menores que aquelas produzidas pelos torques e serão desprezadas nessa análise. As tensões normais provocadas pelas cargas transversais, no entanto, podem ser muito grandes e, conforme você verá agora, sua contribuição para a tensão de cisalhamento máxima τmáx deverá ser levada em conta. Considere a seção transversal do eixo em algum ponto C. Representamos o torque T e os momentos fletores My e Mz atuando, respectivamente, em um plano horizontal e em um plano vertical pelos vetores conjugados mostrados (Fig. 2.2a). Como qualquer diâmetro da seção é um eixo principal de inércia para a seção, podemos substituir My e Mz por sua resultante M (Fig. 2.2b) para calcular as tensões normais σx que atuam na seção.Figura 2.2 Verificamos então que σx é máximo na extremidade do diâmetro perpendicular ao vetor que representa M (Fig. 2.3). Lembrando que os valores das tensões normais nesse ponto são, respectivamente, σ = Mc / I e zero, enquanto a tensão de cisalhamento é τ = Tc / J. Figura 2.3 Representamos os pontos correspondentes X e Y no círculo de Mohr (Fig. 2.4) e determinamos o valor da tensão de cisalhamento máxima. Figura 2.4 E�á� = R = S@�2A � + E� = S4��2� 6 � + 4M�N 6 � Lembrando que, para uma seção transversal circular ou anular, 2I = J, temos: E�á� = �N = T�� + M� Assim, o valor mínimo admissível para a relação J/c para a seção transversal do eixo é: N� = U√� � + M�W�á�E-X� em que o numerador no membro da direita da expressão obtida representa o valor máximo de √�� + M� no eixo e τadm, a tensão de cisalhamento admissível. Expressando o momento fletor M em termos de suas componentes nos dois planos coordenados, temos também: N� = UT�O � + �Y� + M�W�á�E-X� As duas últimas equações acima podem ser utilizadas para projetar eixos circulares cheios e vazados. A determinação do valor máximo de T�O� + �Y� + M� será facilitada se forem traçados os diagramas de momento fletor correspondentes a My e Mz, bem como um terceiro diagrama representando os valores de T ao longo do eixo. EXEMPLO: 6) O eixo de seção cheia AB tem uma rotação de 480 rpm quando transmite 30 kW de potência do motor M para as máquinas-ferramentas conectadas às engrenagens G e H; 20 kW são transmitidos pela engrenagem G e 10 kW pela engrenagem H. Sabendo que τadm = 50 MPa, determine o menor diâmetro admissível para o eixo AB. Torques que atuam nas engrenagens: Observando que f = 480 rpm = 8 Hz, determinamos o torque que atua na engrenagem E: MZ = �23[ = 30238 = 597 �. � A força tangencial correspondente que atua na engrenagem é: \Z = MZ>Z = 5970,16 = 3,73 8� Uma análise similar das engrenagens C e D resulta em: M& = 20238 = 398 �. � ∴ \& = 6,63 8� MP = 10238 = 199 �. � ∴ \P = 2,49 8� Agora substituímos as forças nas engrenagens pelo sistema de força e momento equivalentes. Diagramas de momento fletor e torque Seção transversal crítica: Calculando T�O� + �Y� + M� em todas as seções potencialmente críticas, vemos que seu valor máximo ocorre à direita de D: ^�O� + �Y� + M �á�� = T1160� + 373� + 597� = 1357 �. � Diâmetro do eixo: Para τadm = 50 MPa: N� = UT�O � + �Y� + M�W�á�E-X� = 135750 = 27,14�10_` �� Para um eixo de seção circular cheia de raio c, temos: N� = 32 �� = 27,14�10_` ∴ � = 0,02585 � = 25,85 �� Diâmetro = 2c = 51,7mm
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