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Vygotsky resumo

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Vygotsky, uma perspectiva histórico – cultural da educação
03/08/2005 - Sérgio Adolfo da Silveira
	
	
Apesar da vida curta, Vygotsky que morreu de tuberculose em 1934, aos 37 anos o pensador bielo-russo teve uma produção intelectual intensa. Formado em Direito, também fez cursos de Medicina, História e Filosofia. Por motivos políticos, suas obras foram censuradas e chegaram ao Ocidente apenas nos anos 60 - no Brasil, só no início da década de 80. O aprendizado é essencial para o desenvolvimento do ser humano e se dá, sobretudo, pela interação social. 
A idéia de que quanto maior for o aprendizado maior será o desenvolvimento não justifica o ensino enciclopédico. A pessoa só aprende quando as informações fazem sentido para ela. Assim surge a Teoria Sócio-Interacionista, com a qual me identifico muito.
O indivíduo não nasce pronto nem é cópia do ambiente externo. Em sua evolução intelectual há uma interação constante e ininterrupta entre processos internos e influências do mundo social.. Por defender essa idéia, o psicólogo Lev Vygotsky é considerado um visionário. Ele se posicionou contra as correntes de pensamento que eram aceitas em sua época". O estudioso nascido na Bielo-Rússia se contrapôs ao pensamento inatistas, segundo o qual as pessoas já nascem com suas características, como inteligência e estados emocionais, pré-determinados. Da mesma forma, enfrentou o empirismo, corrente que defende que as pessoas nascem como um copo vazio e são formadas de acordo com as experiências às quais são submetidas. "Ele construiu uma terceira via, a socio-interacionista".
Vygotsky entende que o desenvolvimento é fruto de uma grande influência das experiências do indivíduo. Mas cada um dá um significado particular a essas vivências. O jeito de cada um aprender o mundo é individual. 
Para ele, desenvolvimento e aprendizado estão intimamente ligados: nós só nos desenvolvemos se (e quando) aprendemos. Além disso, o desenvolvimento não depende apenas da maturação, como acreditavam os inatistas. Para Vygotsky...
...O ser humano tem o potencial de andar ereto, articular sons, conquistar modos de pensar baseado em conceitos. Mas isso resulta dos aprendizados que tiver ao longo da vida dentro de seu grupo cultural". "Apesar de ter condições biológicas de falar, uma criança só falará se estiver em contato com uma comunidade de falantes.
No Brasil, Vygotsky é estudado há pouco mais de uma década. Segundo a pedagoga Maria Teresa Freitas, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), que pesquisou a difusão do trabalho dele por aqui, suas idéias chegaram no fim dos anos 70, trazidas por estudiosos que as conheceram no exterior. 
Mas sua obra só começou a ser divulgada, de fato, nos anos 80, ao mesmo tempo em que a linha educacional construtivista se expandia, impulsionada pela psicóloga Argentina Emilia Ferreiro, discípula de Piaget. Embora não tenha elaborado uma pedagogia, Vygotsky deixou idéias sugestivas para a educação. 
Atento à natureza social do ser humano, que desde o berço vive rodeado por seus pares em um ambiente impregnado pela cultura, defendeu que o próprio desenvolvimento da inteligência é produto dessa convivência. Para ele, "na ausência do outro, o homem não se constrói homem"
Para Vygotsky, a vivência em sociedade é essencial para a transformação do homem de ser biológico em ser humano. É pela aprendizagem nas relações com os outros que construímos os conhecimentos que permitem nosso desenvolvimento mental. Segundo o psicólogo, a criança nasce dotada apenas de funções psicológicas elementares, como os reflexos e a atenção involuntária, presentes em todos os animais mais desenvolvidos. Com o aprendizado cultural, no entanto, parte dessas funções básicas transforma-se em funções psicológicas superiores, como a consciência, o planejamento e a deliberação, características exclusivas do homem. Essa evolução acontece pela elaboração das informações recebidas do meio. As informações nunca são absorvidas diretamente do meio. São sempre intermediadas, explícita ou implicitamente, pelas pessoas que rodeiam a criança, carregando significados sociais e históricos. Isso não significa que o indivíduo seja como um espelho, apenas refletindo o que aprende. As informações intermediadas são reelaboradas numa espécie de linguagem interna". É isso que caracterizará a individualidade. Por isso a linguagem é duplamente importante para Vygotsky. Além de ser o principal instrumento de intermediação do conhecimento entre os seres humanos, ela tem relação direta com o próprio desenvolvimento psicológico. Nenhum conhecimento é construído pela pessoa sozinha, mas sim em parceria com as outras, que são os mediadores.
Segundo Vygotsky, a evolução intelectual é caracterizada por saltos qualitativos de um nível de conhecimento para outro. A fim de explicar esse processo, ele desenvolveu o conceito que definiu como a "distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes.
O desenvolvimento é determinado por aquilo que a criança é capaz de fazer sozinha porque já tem um conhecimento consolidado. Se domina a adição, por exemplo, esse é um nível de desenvolvimento real. É a distância entre o desenvolvimento real e o potencial, que está próximo, mas ainda não foi atingido.
O professor mediador é quem ajuda a criança concretizar um desenvolvimento que ela ainda não atinge sozinha. Na escola, o professor e os colegas mais experientes são os principais mediadores.
O desenvolvimento potencial é determinado por aquilo que a criança ainda não domina, mas é capaz de realizar com auxílio de alguém mais experiente. Por exemplo, uma multiplicação simples, quando ela já sabe somar.
O termo sócio-interacionismo é usado para fazer distinção entre a corrente teórica de Vygotsky e o construtivismo Jean Piaget. Acredita-se que ambos são construtivistas em suas concepções do desenvolvimento intelectual. Ou seja, sustentam que a inteligência é construída a partir das relações recíprocas do homem com o meio. Os dois se opõem tanto à teoria empirista (para a qual a evolução da inteligência é produto apenas da ação do meio sobre o indivíduo) quanto à concepção racionalista que parte do princípio de que já nascemos com a inteligência pré-formada. Para o ser humano, afirma Vygotsky... 
...o meio é sempre revestido de significados culturais. Por exemplo, o objeto armário (meio) não tem sentido em si. Só tem o sentido cultural que lhe damos, como ser útil ou inútil, valioso ou não, rústico ou sofisticado e assim por diante. 
Os significados culturais só são aprendidos com a participação dos mediadores. O fator cultural, básico para Vygotsky, e pouco enfatizado por Piaget, é a diferença central entre os dois teóricos. Ambos divergem também quanto à seqüência dos processos de aprendizagem e de desenvolvimento mental. 
Para Vygotsky, é o primeiro que gera o segundo. Em suas palavras...
...o aprendizado adequadamente organizado resulta em desenvolvimento mental e põe em movimento vários processos de desenvolvimento que, de outra forma, seriam impossíveis". 
Piaget, ao contrário, defende que é o desenvolvimento progressivo das estruturas intelectuais que nos torna capazes de aprender fases pré-operatóra ou lógico-formal.
Além do fato de ser professor, a preocupação de Vygotsky com a educação tinha também motivos políticos, pois era um de seus compromissos revolucionários. "Ele queria acelerar, pela educação, o desenvolvimento da Rússia, então atrasada e iletrada!" Coerentemente, sua teoria explica a evolução intelectual como um processo constante que pode ser impulsionado também com à ajuda externa.
Nessa perspectiva, a educação não fica à espera do desenvolvimento intelectual da criança. Ao contrário, sua função é levar o aluno adiante, pois quanto mais ele aprende, maisse desenvolve mentalmente. 
Segundo Vygotsky, essa demanda por desenvolvimento é característica das crianças. Se elas próprias fazem da brincadeira um exercício de ser o que ainda não são, a escola que se limita ao que elas já sabem é inútil.
Priorizando as interações entre os próprios alunos e deles com o professor, o objetivo da escola, então, ao meu ver é fazer com que os conceitos espontâneos, que as crianças desenvolvem na convivência social, evoluam para o nível dos conceitos científicos. Nesse sentido, o educador assume o papel de mediador privilegiado na formação do conhecimento.
BIBLIOGRAFIA
VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
PIAGET, Jean. Para onde vai a educação? Rio de Janeiro: José Olympio/UNESCO, 1974.

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