Buscar

Eutanásia na medicina veterinária

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

Eutanásia 
Módulo 28 
 
Sumário do conteúdo 
Este módulo aborda as seguintes áreas relacionadas com a eutanásia: 
• Critérios para eutanásia 
• Considerações culturais 
• Eutanásia como parte do controle populacional de animais recolhidos 
das ruas 
• Eutanásia no controle de doenças 
• Métodos humanitários e considerações legais 
• Comunicação com os clientes 
Objetivos de aprendizagem 
• Ilustrar alguns dos potenciais problemas de bem-estar na hora da morte de um animal 
• Identificar quais aspectos sociais, culturais, econômicos e legais influenciam a qualidade da 
morte de um animal 
• O objetivo deste módulo é ilustrar alguns aspectos dos problemas potenciais de bem-estar na 
hora da morte de um animal e identificar as influências sociais, culturais, econômicas e legais 
que afetam a qualidade da morte de um animal. A seção final aborda a perspectiva do cliente no 
processo de eutanásia. 
A eutanásia é uma importante questão de bem-estar. Lidar com a morte, em qualquer de seus 
aspectos, costuma ser difícil. E, no caso da eutanásia, quando se tem que decidir ou praticar a 
morte, por vezes de um número grande de seres vivos e sencientes, torna-se mais difícil ainda. É 
uma questão polêmica, sem dúvida, envolvendo desde opiniões radical e absolutamente contrárias 
à sua utilização, mesmo em casos de impossibilidade de reversão de sofrimento grave, até aquelas 
mais pragmáticas que a percebem como um método de controle animal. Não entrando no mérito 
dessa discussão, devemos ressaltar que, no mundo atual, a eutanásia tem produzido reflexões, 
principalmente por parte das autoridades e dos médicos veterinários, resultando essas reflexões em 
métodos mais humanitários e numa utilização mais criteriosa. Ainda há muito o que se discutir no 
sentido de garantir a metodologia “ideal”, que pressuponha o mínimo possível de sofrimento físico 
e mental, tanto para aqueles que são submetidos à eutanásia quanto para aqueles que a praticam. 
Mas já se avançou muito nesse sentido e acreditamos que o continuar das discussões nos traga o 
benefício de apontar-nos um processo cada vez menos árduo, para humanos e animais. Este 
módulo discorre sobre diferentes métodos de eutanásia praticados em diversos países. O médico 
veterinário, frente à situação de decidir pela eutanásia, além de sua opinião própria e de seu 
posicionamento ético, deverá levar em conta a legislação do seu país e os aspectos sociais, 
econômicos e de bem-estar envolvendo animal e cliente, garantindo assim critérios e metodologia 
rigorosos. 
Considerar a perspectiva do cliente no processo de eutanásia 
O que é eutanásia? 
Qual é a sua relação com o abate? 
Abate – o ato de matar animais para o consumo 
Morte por misericórdia - matar um animal (de preferência, com um mínimo de dor) que sofra 
de uma doença incurável ou pela impossibilidade de tratamento ou socorro 
Eutanásia (Grego): eu - bom, thanatos – morte 
Eutanásia não é o mesmo que abate, ou seja, provocar a morte de animais de produção para fins 
comerciais. 
Morte por misericórdia refere-se ao ato de matar (de preferência causando um mínimo de dor) um 
animal com doença incurável ou em situação de impossível tratamento impossível ou socorro como, por 
exemplo, no caso de um animal vítima de queda com múltiplos ferimentos ou de pássaros marítimos 
gravemente expostos a óleo, impossíveis de serem recuperados. 
Eutanásia – do grego eu “bom”+ thanatos “morte” no sentido de uma “morte fácil”. Uma “morte boa” é 
aquela que causa um mínimo de medo, dor ou aflição. Para o homem, por exemplo, uma “morte boa” 
poderia ser considerada a morte durante o sono de uma pessoa idosa. 
O que é “morte boa”? 
Alguns argumentam que sofrimento faz parte da vida e que evitar sofrimento encurtando a 
vida não é natural 
Muitos pensadores “racionais” concluíram que o sofrimento pode chegar a um ponto em que 
a morte se justifica para por fim ao sofrimento 
Este “fim justificado do sofrimento” através do ato de “matar de forma humanitária” é a base 
da “morte boa”. 
Algumas pessoas argumentam que o sofrimento faz parte da vida e que evitar o sofrimento encurtando 
a vida é contra a natureza. Entretanto, muitos pensadores “racionais” chegaram à conclusão de que o 
sofrimento pode chegar a um ponto em que a morte, desde que induzida de forma humanitária, 
resultará em um fim justificado do sofrimento. É este “fim justificado do sofrimento” através da “morte 
humanitária” que é a base da “morte boa”. Os termos “justificado” e “humanitário” são elementos 
subjetivos desta afirmação; influências pessoais, culturais e políticas podem desempenhar um papel na 
decisão local final do que é justificado e através de que métodos “humanitários”. 
Critérios comuns para eutanásia de animais individuais 
Animais gravemente feridos 
 
Animais com doenças terminais envolvendo provável sofrimento 
 
Animais agressivos 
 
Animais idosos na falta de recursos para atender suas necessidades 
Existem alguns critérios comumente usados para justificar o “fim do sofrimento” através de uma “morte 
humanitária” para animais individuais: 
• Animais gravemente feridos – animais em estado terminal, envolvendo 
provável sofrimento ou quando dor e estresse já são aparentes. 
• Animais agressivos – cujas interações com humanos ou com outros animais 
tendem a causar sofrimento desnecessário ou animais que, devido à sua 
natureza agressiva, não podem ser mantidos em condições capazes de satisfazer 
as suas necessidades. 
• Animais idosos – quando não há recursos para atender as suas necessidades. 
Muitas vezes é difícil justificar esta categoria. A eutanásia de um cão velho com 
incontinência ou de um cavalo manco muitas vezes é decidida com base no 
aumento de trabalho exigido dos humanos que cuidam destes animais – quando 
a disposição das pessoas de enfrentar o problema começa a falhar, é mais 
provável que se decida pela eutanásia. 
Critérios comuns para eutanásia de “grupos” de animais 
Animais recolhidos das ruas – na inexistência de recursos suficientes para disponibilizar 
qualidade de vida razoável 
 
Parte de um programa de controle populacional, para “bem maior” da população restante 
 
No caso de algumas doenças envolvendo responsabilidade legal 
 
Animais de experimentação 
Animais recolhidos das ruas – na inexistência de recursos suficientes para garantir qualidade de vida 
razoável. Isto, no entanto, não pode ser usado como “solução fácil” para problemas complexos como 
superpopulação e responsabilidade das pessoas para com os animais que possuem ou abandonaram. 
(Veja módulos 26 e 27 para discutir mais este assunto.) 
Animais também são mortos como meio de controle populacional planejado para o “bem maior” da 
população restante. Esta decisão difícil muitas vezes é o âmago das estratégias de controle populacional 
de animais, desde cães até burros selvagens. 
Grupos de animais também são mortos no caso de algumas doenças que envolvem responsabilidade 
sanitária, normalmente para eliminar animais infectados ou sob risco de infecção, para proteger a saúde 
do restante da população. Às vezes decisões deste tipo são tomadas em nível político e são muito 
impopulares a nível local. Exemplos: Peste Suína Africana e Gripe das Aves na Ásia. 
Animais de experimentação são mortos quando o “sacrifício” ou eutanásia do animal faz parte 
fundamental do seu uso ou quando limites humanitários são atingidos em um experimento (Veja 
módulo 25 para mais detalhes). 
 
Quem decide? – Pode ser o proprietário 
O proprietário (às vezes assistido por um médico veterinário) pode decidir que seu animal tem baixa 
qualidade de vida ou que ele não tem condições de satisfazer as necessidades do animal. Muitos 
proprietários
de animais são conscientes e têm boa noção da condição física do seu animal ou da sua 
habilidade de lidar com idade, deficiência ou lesão. Outros, no entanto, não têm esta noção e decisões 
adiadas ou morosas pela eutanásia podem resultar em sofrimento desnecessário causado por estresse, 
medo ou dor prolongados. 
Quem decide? – O animal pode estar sofrendo 
Às vezes um animal pode estar sofrendo e eutanásia é ação pragmática. Na verdade, a falta de ação 
prática e decisiva pode prolongar desnecessariamente o sofrimento do animal. 
Muitas ações judiciais relativas ao bem-estar animal baseiam-se na demora “desnecessária” da decisão 
de terminar o sofrimento de animais doentes, negligenciados ou feridos. Nestas ações, a parte difícil 
para o tribunal é decidir se o animal sofreu sem necessidade e se o acusado era o responsável pelo 
aspecto considerado “desnecessário” (prolongado, evitável ou sem tratamento) da condição do animal. 
Quem decide? 
Um estado de doença pode invocar a lei 
Às vezes, quem decide é a autoridade estadual ou local – no caso de doenças que invoquem a legislação, 
demandando o sacrifício local dos animais, ex. febre aftosa, leishmaniose ou raiva. As ações decididas 
nessas circunstâncias muitas vezes podem parecer draconianas, desconsiderando os desejos e 
necessidades das pessoas e dos animais. Entretanto, em circunstâncias como estas, autoridades locais 
podem entender que a suma “importância” da questão permite uma ação direta e decisiva e que 
diretrizes “generalizadas” evitam tratamento tendencioso ou parcial de determinados grupos ou áreas 
geográficas. 
As filosofias a respeito da morte de animais são variadas 
Budismo – um dos cinco preceitos do Dhammapada – “aquele que destrói vida está cavando 
as raízes de sua própria vida” 
Verso hindu – “aquele que mata uma vaca padecerá no inferno por tantos anos quantos pêlos 
tiver a vaca” 
Islã – “Não há um animal na terra nem uma criatura voando no ar com duas asas, mas 
pessoas como você” 
São Francisco de Assis – “Não ferir nossos humildes irmãos é nossa primeira obrigação para 
com eles, mas não é o bastante. Temos uma missão maior – servir a eles sempre que 
necessitem.” 
As filosofias de diferentes culturas sobre a morte animal e o valor da eutanásia variam. 
Budismo – Um dos cinco preceitos do Dhammapada – “aquele que destrói vida está cavando as 
raízes de sua própria vida” . Verso hindu – “aquele que mata uma vaca padecerá no inferno por 
tantos anos quantos pêlos tiver a vaca”. 
Islã – “Não há um animal na terra nem uma criatura voando no ar com duas asas, mas pessoas 
como você”. 
São Francisco de Assis – “Não ferir nossos humildes irmãos é nossa primeira obrigação para 
com eles, mas não é o bastante. Temos uma missão maior – servir a eles sempre que 
necessitem.” 
 
O conceito de “servir” se assemelha à visão moderna de que, se usarmos os animais, temos a 
“obrigação” de satisfazer suas necessidades básicas e dar-lhes a possibilidade de uma “morte 
boa”. 
Questões éticas da eutanásia 
Os humanos às vezes decidem sobre eutanásia com base no conceito de que animais são 
descartáveis 
Temos a obrigação de dar aos animais quantidade assim como qualidade razoável de vida? 
Importa em que estágio de sua vida um animal é eutanasiado se não há sofrimento? 
Animais têm algumas necessidades básicas – se os homens têm o poder de induzir uma 
“morte boa”, isso deveria ser considerado uma necessidade dos animais? 
Os humanos às vezes decidem sobre eutanásia com base no conceito de que animais são descartáveis – 
muitos médicos veterinários já foram pressionados a eutanasiar animais de companhia saudáveis a 
pedido do proprietário. 
Temos a obrigação de dar aos animais quantidade assim como qualidade razoável de vida? Quando se 
trata do homem, a maioria das pessoas vê a morte de uma pessoa jovem como se esta vida tivesse sido 
“interrompida” antes de alcançar a “plenitude”. Alguns acham que a “plenitude” da vida dos animais 
também envolve o tempo – a duração da vida. 
Se um animal sofre eutanásia com o menor sofrimento possível, importa em que estágio de sua vida isto 
acontece? 
Os animais têm algumas necessidades básicas – se os homens têm o poder de induzir uma “morte boa”, 
isso deve ser considerado uma necessidade dos animais ou seria apenas uma opção da qual o homem 
pode fazer uso quando se sente motivado a ser “humanitário”? 
Exemplos de abordagens culturais do ato de matar 
Até a introdução da Lei para a Proteção Animal em Taiwan, 1998, animais recolhidos das 
ruas eram mortos através de “afogamento em massa” 
 
Alguns países instituíram “dias de atirar em cães” como meio de eliminar animais indesejados 
 
Alguns métodos de matar, nos quais os indivíduos são vistos apenas como componentes de 
um grupo problemático, podem parecer inaceitáveis para uns mas aceitáveis para outros – 
por exemplo: 
Até a introdução da Lei para a Proteção Animal em Taiwan, 1998, animais abandonados 
eram mortos através de “afogamento em massa”. 
Alguns países instituíram “dias de atirar em cães” como meio de eliminar animais indesejados 
ou soltos nas ruas. Os proprietários são avisados para que, nestes dias, mantenham os seus 
animais dentro de casa ou com coleira e guia. Todos os cães soltos serão mortos a tiro. A 
diferença no “valor” dado aos cães neste caso está somente na indicação clara do fato do 
animal ter dono. Animais sem donos claramente identificados têm menos valor e podem ser 
mortos a tiro. 
Quem decide? 
Animais nas ruas 
Autoridades locais podem, por exemplo, decidir que a população de animais soltos nas ruas 
precisa ser reduzida 
 
Animais abandonados nas ruas representam um problema significativo no mundo inteiro, tanto 
em termos de potencial de sofrimento animal quanto em termos de saúde pública. Isto pode fazer 
com que o bem-estar destes animais seja considerado de baixo valor. 
Autoridades locais podem, por exemplo, decidir que o número de animais soltos nas ruas 
precisa ser reduzido e tomar medidas rigorosas para controlar a população aparente, com 
matanças indiscriminadas, porém, tomando medidas menos rigorosas no sentido de solucionar a 
causa por trás do desenvolvimento de populações abandonadas (para mais detalhes, veja os 
módulos 26 e 27). 
 
Critérios gerais para um método ideal de eutanásia 
Imobilização do animal com um mínimo de estresse 
“Esteticamente” aceitável para o operador e para o cliente 
Execução com eficiência pela equipe disponível 
Baixo risco para o operador 
Garantia de descarte seguro da carcaça 
Eficiência em relação ao custo 
O método utilizado para induzir uma “morte boa” não deve causar sofrimento desnecessário. No 
decorrer dos últimos 50 anos, extensa pesquisa científica levou a uma compreensão melhor, mas ainda 
imperfeita, das formas através das quais os métodos de matança podem prover a melhor chance de 
uma “morte boa”. 
Uma “morte boa” é o provável resultado se os seguintes itens podem ser atingidos: 
• Imobilização do animal com um mínimo de estresse 
• “Esteticamente” aceitável para o operador e o cliente 
• Execução com eficiência pela equipe disponível 
• Baixo risco para o operador 
• Garantia de descarte seguro da carcaça 
• Eficiência em relação ao custo 
No entanto, se estes critérios são seguidos e ainda existe sofrimento animal, pode ser que o próprio 
método de eutanásia não seja humanitário, não devendo ser usado. 
As projeções seguintes citam vantagens e desvantagens de alguns dos métodos comumente utilizados 
para a eutanásia. 
Overdose intravenosa de barbitúricos 
Aspectos legais: 
• Nos países onde são usados, os barbitúricos são agentes controlados, mas em muitos países seu 
uso é ilegal 
• As carcaças dos animais eutanasiados têm de ser descartadas com segurança, uma vez que 
contêm
barbitúricos. 
Vantagens: 
Evidências do uso humano sugerem que a indução com barbitúricos não seja aversiva. Depressão 
dos centros cardíaco e respiratório leva à morte por anóxia. Em animais nervosos, um sedativo 
administrado (através de injeção subcutânea ou via oral) em tempo de fazer efeito antes da 
eutanásia pode reduzir o estresse da contenção. 
Desvantagens: 
O animal precisa ser imobilizado para se ter acesso a uma veia. Existe a possibilidade de medo e 
estresse em animais não acostumados ao contato humano. A injeção tem de ser aplicada por uma 
pessoa competente e a morte do animal tem que ser verificada, uma vez que subdosagem pode 
apenas resultar em anestesia profunda. 
Aspectos legais: 
Nos países onde são usados, os barbitúricos são agentes controlados, mas em muitos países seu uso 
é ilegal. As carcaças dos animais eutanasiados têm de ser descartadas em condições seguras, uma 
vez que contêm barbitúricos. 
 
Insensibilização por pistola de lança penetrante seguida de destruição de medula espinhal ou 
exsanguinação 
Aspectos legais: 
• Em alguns países, o uso rotineiro de equipamento de êmbolo cativo é restrito a abatedores 
licenciados, porém, a morte por misericórdia pode ser praticada por qualquer pessoa. 
Insensibilização com pistola de lança penetrante seguida de destruição de medula espinhal ou 
exsanguinação. 
Vantagens: 
A transferência de energia através do crânio aos tecidos nervosos resulta em rápida insensibilização. 
É usado em animais de grande porte como gado, ovinos e cabras, contidos individualmente. Após a 
insensibilização, o animal pode ser removido do recinto de insensibilização para a matança através 
de exsanguinação ou destruição do tecido nervoso da cabeça e da medula espinhal através de um 
bastão flexível. 
Desvantagens: 
É importante que o procedimento seja executado por uma pessoa treinada no uso e 
posicionamento correto da pistola. O intervalo entre insensibilização e matança dever ser curto 
(segundos, não minutos) para assegurar que o animal não recupere a consciência. A boa 
manutenção da pistola é imprescindível. 
Aspectos legais: 
Em alguns países, o uso rotineiro de equipamento de bala cativa é restrito a abatedores licenciados, 
porém, morte por misericórdia pode ser praticada por qualquer pessoa. 
Insensibilização por percussão não penetrante seguida de exsanguinação 
Aspectos legais: 
• Em alguns países, o uso rotineiro de equipamento de êmbolo cativo é restrito a abatedores 
licenciados, porém, a morte por misericórdia pode ser praticada por qualquer pessoa. 
Insensibilização por percussão não penetrante seguida de exsanguinação. 
Vantagens: 
A transferência de energia através do crânio aos tecidos nervosos resulta em rápida insensibilização. 
É usada em animais de grande porte como gado, ovinos e cabras, contidos individualmente. Após a 
insensibilização, o animal pode ser removido do recinto de insensibilização para a matança através 
de exsanguinação. 
Desvantagens: 
É importante que o procedimento seja executado por uma pessoa treinada no uso e 
posicionamento correto da pistola. O intervalo entre insensibilização e matança deve ser curto 
(segundos, não minutos) para assegurar que o animal não recupere a consciência. 
Aspectos legais: 
Em alguns países, o uso rotineiro de equipamento percussor não penetrante está restrito a 
abatedores licenciados, porém, morte por misericórdia pode ser praticada por qualquer pessoa. 
 
Insensibilização elétrica seguida de exsanguinação 
Aspectos legais: 
Em muitos países, o uso de insensibilização elétrica para matança rotineira está restrito a 
abatedores licenciados e a eutanásia de ovinos e suínos com este equipamento, em caso de 
epidemia, deve ser executada por pessoal treinado 
Vantagens: 
A insensibilização elétrica pode induzir inconsciência muito rapidamente (aproximadamente 
200 ms). É geralmente usada em ovinos e suínos. Após a insensibilização, o animal pode ser 
morto através de exsanguinação ou destruição do tecido nervoso da cabeça e medula. A 
insensibilização elétrica é o melhor método de eutanásia para grandes números de animais 
em fazendas, por exemplo no caso de uma epidemia. 
Desvantagens: 
O uso de insensibilização elétrica requer equipamento que geralmente só se encontra 
disponível em abatedouros. Este equipamento pode ser transportado em casos de eutanásia 
a campo. Treinamento específico para o uso do equipamento é essencial. 
Aspectos legais: 
Em muitos países, o uso de insensibilização elétrica para matança rotineira está restrito a 
abatedores licenciados e a eutanásia de ovinos e suínos com este equipamento, em um caso 
de epidemia, deve ser executada por pessoal treinado. 
 
Matança por percussão de pequenos mamíferos, aves e peixes 
Aspectos legais: 
• O uso de matança por percussão para animais de laboratório é regulamentado 
• Na Grã-Bretanha, por exemplo, pelo Decreto de Procedimentos Científicos em Animais, de 1986. 
Vantagens: 
Mamíferos pequenos (< 1 kg), pequenos répteis (< 500 g), pequenas aves (< 250 g) e peixes podem 
ser efetivamente insensibilizados/mortos usando um bastão curto e pesado ou batendo a cabeça 
contra uma superfície dura. A morte tem de ser verificada através da parada da circulação. Peixes 
devem ser exsanguinados através de corte de guelras após a insensibilização. 
Desvantagens: 
O treinamento na utilização da percussão e na contenção do animal é importante para assegurar a 
insensibilização/morte na primeira tentativa. 
Aspectos legais: 
O uso de matança por percussão para animais de laboratório é regulamentado - na Grã-Bretanha, 
por exemplo, pelo Decreto de Procedimentos Científicos em Animais, de 1986. 
No Brasil, a Resolução CFMV Nº 714, de 20 de junho de 2002, que dispõe sobre procedimentos e 
métodos de eutanásia em animais, recomenda os seguintes métodos: a) Roedores e outros 
pequenos mamíferos - barbitúricos, anestésicos inaláveis, CO², CO, cloreto de potássio com 
anestesia geral prévia; b) Répteis - barbitúricos, anestésicos inaláveis (em algumas espécies), CO² 
(em algumas espécies); c) Aves - barbitúricos, anestésicos inaláveis, CO², CO, pistola; d) Peixes - 
barbitúricos, anestésicos inaláveis, CO², tricaína metano sulfonato (TMS, MS222), hidrocloreto de 
benzocaína, 2-fenoxietanol. 
Uso de pistola 
Para cavalos e burros, na impossibilidade de superdosagem de barbitúricos, o uso de pistola 
é um método de matar esteticamente aceitável e humanitário 
Quando a aplicação de uma superdosagem de barbitúricos em cavalos ou burros não for possível, o uso 
de pistola é um método esteticamente aceitável e humanitário de induzir a morte. O método provoca 
insensibilidade imediata e causa dano irreversível ao tecido nervoso resultando em morte. Muitos 
cavalos e burros são eutanasiados com este método, mas é preciso que seja executado por uma pessoa 
competente, usando a arma adequada, assim como ser considerada a segurança das pessoas e de 
outros animais. 
No Brasil, a Resolução CFMV Nº 714, de 20 de junho de 2002, recomenda, em relação aos cavalos, o uso 
de barbitúricos, cloreto de potássio com anestesia geral prévia e pistola de ar comprimido. 
Tiro com espingarda 
Aspectos legais: Em muitos países, posse e uso de armas de fogo são controlados por lei. 
Vantagens: 
Adequado somente para espécies silvestres ou para espécies não contidas (ou de contenção impossível) 
como cervídeos, búfalos, gado selvagem e para espécies criadas em zoológicos. A eutanásia pode ser 
praticada “a campo”, sem necessidade de transporte ou contenção. 
Desvantagens: 
O treinamento, exatidão e escolha da arma adequada são essenciais. Tiros na cabeça, no coração ou no 
alto da nuca induzem rápida
inconsciência e morte, mas ferir sem matar pode causar sofrimento sério. 
O uso de armas de fogo pode representar um verdadeiro perigo a outros animais e pessoas na 
vizinhança. 
Aspectos legais: 
Em muitos países, posse e uso de armas de fogo são controlados por lei. 
A recomendação, no Brasil, através da Resolução CFMV Nº 714, de 20 de junho de 2002, para animais 
selvagens de vida livre é o uso de barbitúricos intra-venosos (IV) ou intra-peritonais (IP), anestésicos 
inaláveis, cloreto de potássio com anestesia geral prévia. Diante da total impossibilidade do uso dos 
métodos recomendados para esses animais, a Resolução admite o uso dos seguintes métodos (“aceitos 
sob restrição”): CO², CO, Nitrogênio (N²), argônio, pistola de ar comprimido, pistola, armadilhas 
(testadas cientificamente). Para animais de zoológicos, os métodos recomendados são: barbitúricos, 
anestésicos inaláveis, CO², CO, cloreto de potássio com anestesia geral prévia. 
 
Um tiro pode ser um método eficiente de morte por misericórdia para animais em uma 
emergência 
Vantagens: 
Animais de grande porte, especialmente animais de fazendas, podem precisar ser sacrificados se, por 
exemplo, ficarem seriamente feridos em acidentes de trânsito nas rodovias ou caírem em armadilhas. 
Uma espingarda usada de uma distância de 30 cm, apontada para a testa, entre os olhos e as orelhas 
(ver o ponto exato para cada espécie no módulo 22), é um método eficaz de eutanásia. 
Desvantagens: 
O uso de espingardas a distância ou por outras razões a não ser emergência não é recomendado. Por 
questão de segurança, deve ser mantida uma distância de 30 cm do animal. 
Aspectos legais: 
Posse e uso de armas de fogo são controlados por lei em muitos países. 
Para alguns animais o melhor método de eutanásia não está claro 
Para pequenos cetáceos encalhados – superdosagem de etorfina ou barbitúricos ou tiro de espingarda 
na cabeça. 
Para maiores cetáceos encalhados – nenhum método confiável de eutanásia humanitária disponível 
Para cetáceos pequenos encalhados é possível usar uma superdosagem de etorfina ou barbitúricos. Uso 
de espingarda também é possível, mas deve-se procurar a opinião de especialistas (RSPCA – Cetáceos 
encalhados – Guia para médicos veterinários). Para cetáceos maiores, nenhum método de eutanásia 
confiável está disponível. 
A pressão da sociedade para preservar e resgatar mamíferos marinhos é grande e a expectativa do 
público é que sejam protegidos de dano a qualquer custo, inclusive evitando a eutanásia. Entretanto, 
como no caso de qualquer outro animal, é necessário avaliar o seu potencial de sofrimento, evitando-se 
tentativas prolongadas e fora da realidade de relançar ao mar um animal moribundo, idoso ou 
severamente ferido, quando o ato mais humanitário teria sido eutanásia sem demora desnecessária. 
Deslocamento cervical de aves 
Deslocamento cervical é amplamente usado para matar aves, mas não é considerado um 
método “ideal” 
Deslocamento cervical é amplamente usado para matar aves, mas não é considerado um método ideal. 
Recentes pesquisas demonstraram que, enquanto o deslocamento cervical rompe o tecido nervoso 
medular, o fornecimento de sangue para o cérebro pode continuar por um período significativo, 
causando sofrimento. 
Uma alternativa para o deslocamento cervical para aves é um golpe deferido com um aparelho 
mecânico especialmente desenhado que, além de induzir inconsciência, leva à morte por destruição 
irreversível da função cerebral. Um aparelho deste tipo pode ser visto em www.awtraining.co.uk. 
No Brasil, o deslocamento cervical para a eutanásia de aves não é método recomendado, sendo aceito 
sob restrições (é permitido somente diante da total impossibilidade do uso dos métodos recomendados) 
através da Resolução CFMV Nº 714/2002. Os métodos recomendados pelo CFMV são: barbitúricos, 
anestésicos inaláveis, CO², CO e pistola. 
Métodos de eutanásia considerados NÃO aceitáveis internacionalmente 
Congelamento 
Afogamento 
Inanição 
Imersão em etanol 
Uso de equipamento de microondas não especializado 
Injeção intra-peritoneal de barbitúricos (em geral) 
Utilização de gás (induzindo intoxicação ou anoxia) 
Decapitação (em geral) 
Os seguintes métodos de eutanásia NÃO são recomendados: 
• Congelamento (morte lenta) 
• Afogamento (medo, estresse, aversivo) 
• Inanição (morte muito lenta) 
• Imersão em etanol (medo, estresse, aversivo) 
• Uso de equipamento de microondas não especializado (aquecimento local não 
controlado) 
• Injeção intraperitonial de barbitúricos (em geral muito doloroso porque o agente irrita 
os tecidos do peritônio) 
• Utilização de gás (indução de intoxicação ou anóxia, provocando medo e ansiedade 
durante a indução) 
• Decapitação (em geral e, particularmente, em espécies de grande porte, o corte do 
pescoço não pode ser executado dentro de um espaço de tempo que possa ser 
considerado “imediato” e em animais como aves e répteis há possibilidade do animal 
permanecer consciente) 
Outros métodos considerados inaceitáveis quando utilizados sozinhos incluem indução de embolia, 
queimar, uso de cloridrato, clorofórmio, cianeto, descompressão, formalina, produtos químicos de uso 
doméstico e solventes, agentes bloqueadores do sistema neuromuscular, hipotermia, enforcamento, 
espancamento, estricnina e agentes curariformes. 
O avanço da ciência do bem-estar animal indica que os métodos aqui relacionados têm potencial de 
causar dor, estresse ou uma morte lenta 
Uma “classificação” dos métodos de eutanásia 
Para o animal individual podendo ser contido adequadamente – recomenda-se barbitúrico 
intravenoso (particularmente para cães e gatos abandonados) 
 
Para cavalos e burros – recomenda-se superdosagem de barbitúrico ou uso de pistola 
 
Para animais de fazenda de grande porte – uso de corredor/tronco e pistola de lança 
penetrante seguido de exsanguinação ou destruição de medula espinhal 
 
Para animais de grande porte “livres” - tiro exato na cabeça, coração ou nuca é uma solução 
que combina eficiência com o fato de evitar o estresse da captura. 
 
Para grupos de animais em epidemias (aves, suínos) – insensibilização seguida de 
exsanguinação devem ser consideradas 
Quais métodos de eutanásia podem produzir uma “morte boa”? 
• Para um animal individual que pode ser contido adequadamente, administração 
intravenosa de barbitúricos provavelmente é a melhor opção para uma “morte boa”. 
Este método é recomendado para cães e gatos abandonados. 
• Para cavalos e burros recomenda-se superdosagem de barbitúricos ou uso de pistola. 
• Para animais de fazendas de grande porte, uso de corredor/tronco e insensibilização 
com pistola de lança penetrante, seguido de exsanguinação ou destruição de tecido 
nervoso, garantem rápida perda de sensibilidade e morte. 
• Para animais “livres” de grande porte, tiros executados com exatidão na cabeça, 
coração ou nuca são uma solução que combina eficiência com o fato de evitar o estresse 
da captura. 
• Para situações que envolvam grupos grandes em epidemias (aves, suínos), devem ser 
consideradas a indução de inconsciência seguida de exsanguinação (para aves maiores 
como perus) ou insensibilização/morte por pistolas mecânicas (galinhas, patos). 
Eutanásia no Brasil 
Resolução Nº 714 do CFMV 
A Resolução Nº 714, de 20 de junho de 2002, do Conselho Federal de Medicina Veterinária, dispõe 
sobre procedimentos e métodos de eutanásia em animais no Brasil. Esta resolução deve ser considerada 
por todos os médicos veterinários, em todas as áreas de atuação, quando da necessidade de matar um 
animal. São relacionados os métodos recomendados e aqueles aceitos com restrições, que só devem 
ser empregados diante da total impossibilidade do uso dos
métodos recomendados. Os métodos 
considerados inaceitáveis são enumerados no artigo 14. 
Art. 14. São considerados métodos inaceitáveis: 
I - Embolia Gasosa; 
II - Traumatismo Craniano; 
III - Incineração in vivo; 
IV - Hidrato de Cloral (para pequenos animais); 
V - Clorofórmio; 
VI - Gás Cianídrico e Cianuretos; 
VII - Descompressão; 
VIII - Afogamento; 
IX - Exsanguinação (sem sedação prévia); 
X - Imersão em Formol; 
XI - Bloqueadores Neuromusculares (uso isolado de nicotina, sulfato de magnésio, cloreto de potássio e 
todos os curarizantes); 
XII - Estricnina. 
Parágrafo único. A utilização dos métodos deste artigo constitui-se em infração ética. 
Comunicação com o cliente sobre a morte do seu animal 
 
Decidir pôr fim à vida de um animal pode ser uma decisão difícil para um cliente 
A oportunidade de discutir os motivos que levam à decisão pela eutanásia pode ajudar 
o dono 
O procedimento deve ser marcado com tempo para conversar e dar explicações e para 
que o procedimento possa ser executado sem pressa 
Alguns clientes se sentem culpados depois da eutanásia 
O cliente deve sentir que a vida e a morte do seu animal foram importantes e que a 
eutanásia não foi um simples ato de rotina para o médico veterinário. 
Decidir pôr fim à vida de um animal pode ser uma decisão difícil para um cliente. Pode ser uma decisão 
difícil para o médico veterinário também, já que ele tem responsabilidade para com o animal assim 
como para com o cliente (veja módulo 10). 
Às vezes o custo de manter um animal vivo é um fator decisivo quando um proprietário opta por 
eutanásia. 
Sejam quais forem as circunstâncias, a qualidade de vida do animal é muitas vezes a preocupação 
principal e pode ser muito útil para o proprietário poder discutir os motivos que levam à decisão a favor 
da eutanásia. O procedimento deve ser marcado para que haja tempo para conversar e dar explicações 
e para conduzir o procedimento sem pressa. 
Alguns clientes se sentem culpados depois da eutanásia. Eles podem se sentir egoístas ou insensíveis por 
ter participado da decisão. Explicar que estes sentimentos são normais e as razões que levaram você a 
tomar a decisão pode ajudar. O cliente também pode sentir tristeza profunda, principalmente nos casos 
de animais de estimação. 
Os clientes devem sentir que a vida e a morte do seu animal foram importantes e que a eutanásia não 
foi um simples ato de rotina para o médico veterinário. 
Conclusão 
Dependendo do uso do animal e se ele é tratado como indivíduo ou como parte de um grupo, 
diferentes critérios para a eutanásia podem ser aplicados 
Métodos de eutanásia podem ser avaliados seguindo diferentes critérios 
Determinados métodos de sacrifício não são humanitários e nunca devem ser praticados 
Comunicação competente com o cliente antes da eutanásia é importante 
 
Referências bibliográficas 
 
 
2000 Report of the AVMA Panel on Euthanasia http://www.avma.org/resources/euthanasia.pdf 
WHO/WSPA, 1990: Guidelines for Dog Population Management. 
RSPCA, 2000: Stranded Cetaceans – Guidelines for Veterinary Surgeons. 
CLOSE, B. et al, 1997: Recommendations for euthanasia of experimental animals, Laboratory 
Animals 31, 1-32 
GLATSON, A. R., 1998: The control of zoo populations with special reference to primates. Animal 
Welfare 7, 269-281 
LAMBOOY, E. et al, 1985: “Euthanasia of mink with carbon monoxide” Veterinary Record 116, 
416 
SINGER, P., 1989: “All animals are equal”. Animal Rights and Human Obligations. Prentice Hall.

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais