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Surgimento do Estado Português

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SURGIMENTO	DO	ESTADO	E	DO	DIREITO	PORTUGUÊS	
1.1	SURGIMENTO	DO	ESTADO	PORTUGUÊS	 1-2	GUERRAS	DE	RECONQUISTA	 1	CRUZADAS	 1	ESTADOS	IBÉRICOS	 1		CONDADO	PORTUCALENSE		 1	E	2		
1.2	SURGIMENTO	DO	DIREITO	PORTUGUÊS	 2-5	 	CRIAÇÃO	DAS	LEIS	 2	E	3	ORDENAÇÕES	AFONSINAS	 3	ORDENAÇÕES	MANUELINAS	 3	E	4	ORDENAÇÕES	FILIPINAS	 4	E	5					
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Professor Marcus Seixas HDB 
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A história do surgimento do Estado Português se encontra no cenário das 
Guerras de Reconquista (batalhas que duraram 700 anos e que foram travadas 
com o objetivo de expulsar os árabes da Península Ibérica). Essa ocupação 
arábica, no terreno europeu, teve início a partir da JIHAD (guerra santa realizada 
pelos os árabes contra os infiéis). É de conhecimento geral que o território europeu, 
neste caso específico a Península Ibérica, fora dominado por um povo 
denominado Visigodo. No entanto, fora essa mesma “Guerra Santa” o motivo pelo 
qual influenciou a expansão geopolítica do Califado de Bagdá no final do século 
VII através de incursões militares que, ao ocupar a Península Ibérica, obteve o 
domínio sobre o povo que ali vivia - os visigodos. Tal expansão assustou a 
Igreja Cató lica, uma vez que esta visualizou um Império (econômico, geopolítico, 
militar) Inimigo em potencial. Vale salientar que na Idade Média, a Igreja não era 
apenas uma instituição, mas sim um Estado. Neste caso, os Estados Papais 
eram faixas contínuas de terras sob dominação da Igreja Cató lica. A Instituição 
Religiosa e os Soberanos Cató licos organizaram, então, as Cruzadas (batalhas 
justificadas em princípios cristãos que serviriam de instrumento para limpar o território 
europeu daqueles que um dia invadiram e contaminaram a terra - os árabes). 
Promovidas pelas Cruzadas, iniciam-se as Guerras de Reconquista. Ressalta-se 
que o Califado de Bagdá se expande tanto quanto o Império Romano, e teve a 
necessidade de se dividir. A divisão consistiu na criação do Califado de Bagdá 
(responsável pela região oriental) e Califado de Cordoba (responsável pela região 
ocidental e Península Ibérica). 
A partir das vitórias dos “Cristãos” sobre os árabes, gradativamente, surgem os 
Estados Ibéricos. A Igreja escolhia os senhores militares, inegavelmente 
cató licos e que tiveram destaque nas Guerras de Reconquista, para governar os 
novos Estados. 
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Portugal surge como um Condado (uma terra que pertence a um conde) - 
Condado Portucalense - que devia vassalagem ao reino de Leão. Salienta-se que, 
nas regiões vizinhas ao território em que “Portugal” começou a criar suas raízes, a 
ocupação árabe ainda era muito forte. Contudo, devido ao poderio militar já 
presente no Condado Portucalense, ao combater o povo inimigo e liberar essas 
terras dos árabes, iniciou a construção do seu poder militar e político. Os povos, 
que ali restaram, subsequentemente, passaram a possuir uma relação de 
dependência com o Comitato. Este, por sua vez, desencadeia a sua expansão e 
o reembolso de tributos - de forma ilegal - para garantir a proteção dos povos. 
Inaugura-se uma região de forte influência “portuguesa” , e concomitantemente, 
o Condado passa se comportar dentro dos moldes de um Estado Nacional. O 
reino de Espanha (os reinos fundidos de Leão, Aragão e Navarro) passa a 
questionar tal dominação. O Condado Portucalense acaba recorrendo ao Papa, 
para que este reconheça a legitimidade da família real regente e Portugal como 
Estado independente. Ao conceder tal pedido, surge, então, o Estado Português. 
Devido ao contexto que Portugal surgiu, observa-se que existe uma diferença entre 
os surgimentos dessa nação e de outras europeias. Genericamente, o Estado 
surge de uma aliança entre duas classes da sociedade, ou a partir da disputa do 
poder real. No caso da nação portuguesa, nunca houve alianças entre classes nem 
batalha para dominação do poderio. A história desta consiste na formação de um 
Estado sob forte influência de um soberano militarmente forte que quase não 
sofrera nenhuma limitação, salvo o exercício da criação de leis (prática que 
exigia a consulta para com a nobreza). 
 
No primeiro momento, a quantidade de normas jurídicas não era muito grande. 
Para os reis português aprovarem as leis, eles precisavam consultar anualmente 
as nobres cortes. Tal processo dificultava a criação destas por ser 
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caracterizando como extenso e lento. Entretanto, assim como aconteceu na Europa, 
o Rei consegue aos poucos a independência legislativa. Isso provoca o aumento 
da freqüência e quantidade do mundo “ judicial” normativo. Por sua vez, devido ao 
aumento repentino e significativo da legislação. houve a instauração de insegurança 
política. Imagine que o meio de publicidade das novas normas era por meio da 
oralidade. Publicadas (uma a três vezes) por voz no pelourinho (poste que, além de 
possuir o símbolo da Cruz de Malta, significava o poder real), essa “atividade” 
recorrente produziu um receio quanto a seguridade legislativa. Todos os Estados 
europeus vivenciaram essa mesma “crise” . A solução fora a criação das 
compilações legislativas (ordenações) - leis que foram produzidas pelas coroas 
dos países europeus após os reis soberanos terem galgado a legitimidade 
necessária para produzir leis sem a aprovação da corte. 
 
Em Portugal, nós tivemos três ordenações: 
 
Afonsinas (século XV) - foram escritas para supostamente serem definitivas. Mas 
acontece que após a publicação, foram promulgadas tantas leis extravagantes - 
leis que tratam do mesmo assunto que um código ou compilação mas estão em 
um diploma separado, que se achou melhor recompilar tudo novamente. 
 
Manuelinas (século XVI) - a partir da recompilação das Afonsinas, surgem as 
Manuelinas (repetição das Afonsinas, substituição de algumas leis e adição de 
novas). Acontecera, então, novamente uma intensa frequência de publicações 
de leis extravagantes, sendo necessária a criação de uma nova compilação. 
Caminhamos então para as ordenações Filipinas. 
 
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Filipinas (século XVII) - o conjunto de normas jurídicas providas das Ordenações 
Manuelinas, com uma substituição de algumas leis antigas e a adição de outras 
novas. Fora promulgada durante a União Ibérica (quando a coroa espanhola 
ocupou militarmente a coroa portuguesa). 
Curiosamente, o Brasil alcançou as três. Quando o Brasil fora descoberto, estavam 
em vigor as Afonsinas. Quando a colonização brasileira começou em 1530, entraram 
em vigor as Manuelinas. E finalmente, no Brasil do século XVII, vigorava as Filipinas. 
As Ordenações Filipinas, no território brasileiro, foram vigentes por 313 anos, e 
portanto, são as mais importantes. 
 
ORDENAÇÕES FILIPINAS [citação de acordo com a respectiva ordem: Ordenação, 
livro, título e parágrafo (primeiro parágrafo é o PR, segundo parágrafo é o parágrafo 1, 
terceiro parágrafo é o parágrafo 2, e assim sucessivamente]. 
Livro I - trata da administração pública da coroa (tribunais, oragos públicos, 
fazenda nacional, cargos públicos do rei, funcionamento do Estado). 
Livro II - faz referência as relações de vassalagem e nobreza, entre o Estado 
Português e a Igreja Cató lica, e dos direitos dos Religiosos. 
Livro III - refere-se ao direito processual civil (regras procedimentais que devem 
ser seguidas em uma ação judicial). 
Livro IV - trata sobre o direito civil*. 
*O que chamamos modernamente de direito civil não possui o mesmo significado da 
quede presente na Antiguidade. Roma chamava de direito civil todo o seu direito (Ius 
civitas - o direito da civilização, da cidade). 
 
Livro V - explana o direito criminal e do processo criminal (procedimentos das 
ações criminais). 
[Os cinco primeiros títulos estão relacionados com “infrações” religiosas]

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