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Juizados Especiais Civeis

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JUIZADOS ESPECIAIS
GISELE LEITE - 1
JUIZADOS ESPECIAIS
Gisele Leite, professora universitária, pedagoga, bacharel em 
Direito UFRJ, mestre em Direito UFRJ, mestre em Filosofia 
UFF, Doutora em Direito USP. Pesquisadora Chefe do Instituto 
Nacional de Pesquisas Jurídicas. Articulista e colunista dos 
sites
www.invetidura.com.br
www.netlegis.com.br
www.jusvi.com
possuindo vasta produção acadêmica publicada nos sites
www.ibdfam.org.br
http://egov.ufsc.br/portal/buscalegis
www.abdpc.org.br
ww.ambito-juridico.com.br
www.abdir.com.br
www.jurid.com.br .
GISELE LEITE - 2
JUIZADOS ESPECIAIS
Sumário
 1 Unidade 1: Precedentes históricos.........................................................8
 1.1 Precedentes históricos....................................................................8
 2 Unidade 2: Princípios informativos do processo nos Juizados 
Especiais..................................................................................................16
 2.1 Princípios informativos do processo nos Juizados Especiais......16
 2.2 A competência territorial dos Juizados Especiais Cíveis conforme 
o artigo 4º da Lei 9.099/95...................................................................30
 3 Unidade 3: Sujeitos do processo nos Juizados Especiais Cíveis........33
 3.1 Sujeitos do processo nos Juizados Especiais Cíveis...................33
 4 Unidade 4: Pluralidade subjetiva no processo dos Juizados Especiais.
..................................................................................................................46
 4.1 Pluralidade subjetiva no processo dos Juizados Especiais.........46
 5 Unidade 5: Atos processuais................................................................53
 5.1 Atos processuais...........................................................................53
 6 Unidade 6: A invalidade dos atos processuais.....................................55
 6.1 A invalidade dos atos processuais................................................55
 7 Unidade 7: Procedimento sumariíssimo..............................................56
 7.1 Procedimento sumariíssimo..........................................................57
 8 Unidade 8: Da prova pericial................................................................75
 8.1 Da prova pericial...........................................................................75
 9 Unidade 9: Inspeção Judicial...............................................................76
 9.1 Inspeção Judicial...........................................................................76
 10 Unidade 10: Sentença........................................................................77
 10.1 Sentença.....................................................................................77
 10.2 Casos especiais de sentença terminativa...................................81
 11 Unidade 11: Recursos.........................................................................82
 11.1 Recursos......................................................................................82
 11.2 Recurso extraordinário................................................................91
 11.3 Querella nullitatis.........................................................................92
 11.4 Execução nos Juizados Especiais Cíveis...................................95
 11.5 Tutela Cautelar............................................................................97
 11.6 Execução da sentença nos Juizados Federais.........................116
 12 Exercícios de Fixação de aprendizagem..........................................117
GISELE LEITE - 3
JUIZADOS ESPECIAIS
1. Programa da disciplina
1.1.Ementa: Abordagem sobre as Leis 9.099/95 e a Lei 
10.259/01 que formam o Estatuto dos Juizados Especiais 
Cíveis; Princípios informadores; competência; sujeitos do 
processo; atos processuais; procedimento sumariíssimo; 
sentenças; recursos e outros meios impugnativos; execução 
de títulos extrajudiciais e de sentença nos juizados especiais; 
tutela de urgência.
1.2 Carga horária total:
1.3 Objetivos: Prover atualização e informação sobre o Direito 
Processual Civil, particularmente sobre o Estatuto dos 
Juizados Especiais. Questões controvertidas abordagem 
doutrinária e jurisprudencial.
1.4 Conteúdo programático: 
1. Precedentes históricos
2.Princípios informativos do processo nos Juizados Especiais
3.A competência territorial dos Juizados Especiais Cíveis 
conforme o artigo 4º da Lei 9.099/95.
4.Sujeitos do processo nos Juizados Especiais Cíveis
5.Pluralidade subjetiva no processo dos Juizados Especiais.
6.Atos processuais
7.A invalidade dos atos processuais 
8.Procedimento sumariíssimo.
9.Da prova pericial.
10. Inspeção Judicial.
GISELE LEITE - 4
JUIZADOS ESPECIAIS
11.Sentença.
12.Casos especiais de sentença terminativa.
13.Recursos.
14.Recurso extraordinário.
15.Querella nullitatis
16.Execução nos Juizados Especiais Cíveis
17.Tutela Cautelar
18.Execução da sentença nos Juizados Federais
19. Exercícios de Fixação de aprendizagem
1.5 Metodologia: Exposição audiovisual, tarefas coletivas e 
individuais, realização de casos concretos;
1.6 Critérios de avaliação: Será realizada verificação de 
aprendizagem com peso 10 (dez) e, terá o aluno direito a 
participação em sala de aula mediante realização e 
aproveitamento de exercícios de fixação de aprendizagem que 
serão aplicados em sala de aula. Provendo a aplicação prática 
em casos concretos e questões contemporâneas sobre o 
tema.
1.7 Bibliografia recomendada:
CARNEIRO, Paulo. Acesso à Justiça: Juizados Especiais 
Cíveis e Ação Civil Pública. São Paulo. Editora Forense.2000
RIBEIRO, Leonardo Ferres da Silva. Execução Provisória 
(Coleção Arruda Alvim) São Paulo. Editora Método. 2006.
PELUSO, Cezar e Morgana Richa. Conciliação e Mediação. 
Estruturação da Política Judiciária Nacional. São Paulo. 
Editora Forense.2011
GISELE LEITE - 5
JUIZADOS ESPECIAIS
SALOMÃO, Luis Felipe. Roteiro dos Juizados Especiais 
Cíveis. São Paulo, Editora Forense.2009
CAMARA, Alexandre Frietas. Juizados Especiais Cíveis. Rio 
de Janeiro, Editora Lumen Juris, 2008.
BORRING, Felipe Rocha. Juizados Especiais Cíveis e 
Criminais. Rio de Janeiro, Editora Lumen Juris, 2007.
LIMA, Marcelo Polastri. Sheila Bierrenbach. Juizados 
Especiais criminais. Rio de Janeiro. Editora Lumen Juris, 
2009.
Curriculum resumido do professor
Nome bibliográfico: Gisele Leite
Mestre em Direito pela UFRJ, Mestre em Filosofia pela UFF, 
Doutora em Direito pela USP, Pedagoga e advogada. 
Conselheira-chefe no INPJ – Instituto Nacional de Pesquisas 
Jurídicas. Vencedora do prêmio Brazilian Web Corporation em 
primeiro lugar como a doutrinadora brasileira mais lida na 
Internet (na área de artigos jurídicos) em 2003; Ganhadora do 
Prêmio Pedro Ernesto do 43º Congresso Científico do Hospital 
Universitário Pedro Ernesto na qualidade de coautora do 
trabalho sob o título “A terceira idade e a cidadania com 
dignidade: Reflexões sobre o Estatuto do Idoso”, em 
26/08/2005; Articulista de vários sites jurídicos, www.jusvi.com. 
www.uj.com.br, www.forense.com.br, www.estudando.com, 
www.lex.com.br, www, netlegis.com.br. Revista Justilex, 
Revista Consulex. Revista Eletrônica Forense. Revista 
Jurídica da Presidência da República, www.planalto.gov.br. 
Professora universitária há mais de dezoito anos. Professora 
da EMERJ – Escola de Magistratura do Estado do Rio de 
Janeiro.
GISELE LEITE - 6
JUIZADOS ESPECIAIS
 1 Unidade 1: Precedentes históricos
 1.1 Precedentes históricos
A origem do procedimento sumaríssimo jaz no artigo 98 da 
Constituição Federal de 1988 queprevê a criação dos 
juizados especiais compostos por juízes togados ou leigos 
competentes para a conciliação, o julgamento e a execução 
de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais 
de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral 
e sumaríssimo.
Verifica-se nessa fase contemporânea do processo civil que o 
código não é mais o centro do sistema jurídico, pois 
vivenciamos a era da descodificação ou era dos estatutos.
E muitos desses estatutos civis como o Estatuto da Criança e 
do Adolescente, o Estatuto do Idoso, Lei de Locações, além 
dos aspectos substanciais também endossam normas 
processuais civis, bem como as leis que compõem o estatuto 
do mandado de segurança onde temos a Lei 1533/51, 
4.438/64 e, ainda, o Estatuto dos processos coletivos onde se 
destacam a Lei 7.347/85 e o Código de Defesa do 
Consumidor.
Evidentemente com a existência dos estatutos, modificou-se a 
função dos códigos que como depositário de normas comuns 
aplica-se subsidiariamente a todos os estatutos.
O Estatuto dos Juizados Especiais que cria um sistema 
processual próprio e adequado para as causas cíveis de 
menor complexidade.
Forma microssistema, seguem os princípios e regras próprios.
GISELE LEITE - 7
JUIZADOS ESPECIAIS
É preciso esclarecer que formam o Estatuto dos Juizados as 
Leis 9.099 de 1995 e a Lei 10.259/2001.
Desta forma, não há razões para não se aplicar nos Juizados 
Especiais as conquistas e inovações contidas na Lei de 
Juizados Federais, sempre que entre esses dois diplomas não 
houver qualquer incompatibilidade.
Procura-se mitigar o usado mandado de segurança como 
recurso em face as decisões interlocutórias em sede da Lei 
9.099/95, mas ocorre que na Lei dos Juizados Federais 
permite a interposição de recurso contra a decisão 
interlocutória que defere ou indefere medidas de urgência.
Constata-se a influência recíproca entre os Juizados 
Estaduais e os Juizados Federais, e repisando pois o tal 
afamado “diálogo das fontes”, devendo a interpretação de todo 
o microssistema normativo.
Bom frisar que a missão específica dos juizados é ampliar o 
acesso à justiça, e eliminar a litigiosidade contida. Porém vem 
contribuir para a chamada litigiosidade exacerbada, o que tem 
sido um problema para as pessoas jurídicas demandadas pois 
não terão que se fazer representar por advogado, e ainda 
apresentar preposto.
Mesmo saindo vencedora a pessoa jurídica demandada terá 
gastos com o processo, o que tem levado muitas empresas 
preferirem o acordo como forma de se evitar o processo, 
diminuindo o gasto que teriam.
O microssistema dos juizados especiais é comandado por 
princípios gerais constantes no artigo 2º da Lei 9.099/95.
Faz-se necessário prover o esclarecimento sobre o conceito 
de princípio e regra. Primeiramente pela extrema generalidade 
GISELE LEITE - 8
JUIZADOS ESPECIAIS
daqueles e, dos valores que privilegiam enquanto que as 
regras são específicas e, constituem vetores preceituais.
Importante também se destacar que ante o conflito de 
princípios, deve-se usar a ponderabilidade, buscar o valor 
mais relevante axiologicamente.
Já quanto ao conflito de normas de diferentes hierarquias, 
onde prevalece a regra hierarquicamente superior.
Exemplifique-se quando no plano processual se conflitua o 
princípio do contraditório com o acesso à justiça. Quase 
sempre ocorre quando se obtém o resultado justo no processo 
através de medida liminar inaudita altera parte.
Curial é a aplicação do princípio da proporcionalidade onde se 
procura o menor prejuízo possível, onde se busca proteger o 
interesse juridicamente mais relevante, principalmente em 
face da essencialidade da dignidade da pessoa humana.
Os princípios do artigo 2º da Lei 9.099/95 são informativos do 
microssistema, são vetores hermenêuticos genéricos.
E, são estes: oralidade, simplicidade, informalidade, economia 
processual e celeridade.
Além de outro relevante vetor hermenêutico que impõe a 
incessante busca da autocomposição.
“Processo Resp. 705269 / SP
RECURSO ESPECIAL 2004/0166580-2 
Relator(a) Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA 
(1123) 
Órgão Julgador T4 - QUARTA TURMA 
Data do Julgamento 22/04/2008 
Data da Publicação/Fonte DJe 05.05.2008 
GISELE LEITE - 9
JUIZADOS ESPECIAIS
Ementa 
PROCESSO CIVIL. PROCEDIMENTO SUMÁRIO. 
AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO E JULGAMENTO. 
COMPARECIMENTO PESSOAL DO AUTOR. 
COISA JULGADA. EXTINÇÃO DO PROCESSO. 
IMPOSSIBILIDADE. REALIZAÇÃO DE NOVA 
AUDIÊNCIA. ART. 23 DO CÓDIGO DE ÉTICA E 
DISCIPLINA DA OAB. INAPLICABILIDADE.
1. A teor do disposto no art. 277, § 3º, do CPC, na 
audiência de conciliação e julgamento promovida 
no procedimento sumário, a parte autora não 
necessita comparecer pessoalmente, sendo 
bastante a presença de seu advogado dotado de 
poderes expressos para transigir.
2. Em respeito ao postulado do respeito à coisa 
julgado, não mais pode ser revista no julgamento 
da apelação a matéria decidida pelo Tribunal a quo 
em sede de agravo de instrumento.
3. As disposições inscritas no art. 38 do CPC, com 
a redação dada pela Lei nº 8.952/1994, não 
exigem o reconhecimento da firma do outorgante 
na hipótese de concessão poderes gerais ou 
especiais para o foro. Precedentes.
4. Em não havendo o comparecimento pessoal do 
autor na audiência de conciliação no procedimento 
sumário, deve o magistrado, ao invés de extinguir 
o feito, determinar a realização de nova audiência 
com base no disposto no art. 331, §§ 1º e 2º, do 
CPC.
5. As disposições inscritas no art. 23 do 
GISELE LEITE - 10
JUIZADOS ESPECIAIS
Código de Ética e Disciplina da OAB – 
regulamento destinado a firmar as normas 
de conduta dos advogados, sobretudo no 
âmbito no âmbito administrativo da OAB –, 
não tem o condão de afastar a possibilidade 
prevista na legislação processual civil de 
regência (CPC, art. 267, § 3º, do CPC) de 
autor fazer-se representar pelo seu patrono.
6. Recurso parcialmente conhecido e provido.”
Os princípios informativos dos Juizados Especiais Cíveis são 
os da oralidade, simplicidade, informalidade, economia 
processual e celeridade. Como podem ser confirmados pelos 
julgados abaixo:
“Processo Resp. 2319 / RJ
RECURSO ESPECIAL 1990/0001870-6 
Relator(a) Ministro CLAUDIO SANTOS (1087) 
Órgão Julgador T3 - TERCEIRA TURMA 
Data do Julgamento 08/05/1990 
Data da Publicação/Fonte DJ 04.06.1990 p. 5059 / 
RT vol. 657 p. 197 
Ementa
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO RETIDO. 
INTERPOSIÇÃO VERBAL. AUDIENCIA. 
PRINCIPIO DA ORALIDADE.O AGRAVO RETIDO 
PODE SER INTERPOSTO VERBALMENTE EM 
AUDIENCIA E CONSTARA DO PROPRIO TERMO 
DAQUELE ATO PROCESSUAL. PREVALENCIA 
DO PRINCIPIO DA ORALIDADE.
Acórdão
GISELE LEITE - 11
JUIZADOS ESPECIAIS
POR UNANIMIDADE, CONHECER DO RECURSO 
PELO DISSIDIO E DAR-LHE PROVIMENTO, NOS 
TERMOS DO VOTO DO SR. MINISTRO 
RELATOR.” [grifos nossos]
“Processo CC 56786 / DF
CONFLITO DE COMPETENCIA 2005/0193315-0 
Relator(a) Ministra LAURITA VAZ (1120) 
Órgão Julgador S3 - TERCEIRA SEÇÃO 
Data do Julgamento 27/09/2006 
Data da Publicação/Fonte DJ 23.10.2006 p. 256 
Ementa
CONFLITO DE COMPETÊNCIA. VIOLAÇÃO DO 
SÍTIO DA EMBAIXADA DOS EUA.POSSÍVEL 
CRIME DE DANO. AUTORIA DESCONHECIDA. 
PEDIDO DE QUEBRA DE SIGILO DE DADOS. 
COMPLEXIDADE. INCOMPATIBILIDADE COM OS 
PRINCÍPIOS QUE REGEM O JUIZADO 
ESPECIAL.
1. O caso em tela não se subsume a nenhuma das 
hipóteses descritas nos incisos do art. 109 da 
Constituição Federal. Incompetência da Justiça 
Federal.
2. Há evidente necessidade de diligências de maior 
complexidade para apuração dos fatos e da 
autoria, providênciasessas que incluem, aliás, o 
pedido em questão de quebra de sigilo de dados. 
Nesse contexto, muito embora o crime de dano, 
por definição legal, esteja enquadrado como de 
GISELE LEITE - 12
JUIZADOS ESPECIAIS
menor potencial ofensivo, dada as circunstâncias, 
incompatíveis com os princípios que regem os 
Juizados Especiais, mormente o da celeridade e o 
da informalidade, deve o feito ser processado 
perante o Juízo de Direito Comum.
3. Conflito conhecido para declarar a competência 
do Juízo de Direito da 3.ª Vara Criminal da 
Circunscrição Especial de Brasília/DF.
Acórdão 
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam 
os Ministros da TERCEIRA SEÇÃO do Superior 
Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e 
das notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, 
conhecer do conflito e declarar competente o 
Suscitado, Juízo de Direito da 3ª Vara Criminal de 
Brasília - DF, nos termos do voto da Sra. Ministra 
Relatora. Votaram com a Relatora os Srs. Ministros 
Arnaldo Esteves Lima, Maria Thereza de Assis 
Moura, Felix Fischer e Paulo Gallotti.
Ausentes, justificadamente, os Srs. Ministros 
Nilson Naves e Paulo Medina e, ocasionalmente, o 
Sr. Ministro Hamilton Carvalhido.” [grifos nossos]
O princípio da oralidade impõe um modelo oral de processo 
que se contrapõe ao processo escrito.
Frise-se que oralidade e escritura dizem respeito à prevalência 
de uma forma sobre a outra.
Nos processos dos juizados há prevalência da palavra sobre a 
escrita.
GISELE LEITE - 13
JUIZADOS ESPECIAIS
O processo pode ser oral desde a fase postulatória, bem como 
a resposta do réu, que também pode ser oferecida oralmente.
Ensinava Chiovenda que tal princípio se baseia em cinco 
postulados fundamentais:
1. a prevalência da palavra falada sobre a 
escrita;
2. concentração dos atos processuais em 
audiência;
3. imediatidade entre o juiz e a fonte da prova 
oral;
4. identidade física do juiz;
5. irrecorribilidade das decisões interlocutórias.
Podem ser interpostos oralmente a demanda, a contestação, 
os embargos de declaração, o requerimento da execução.
Apesar de que no plano fático não seja exatamente o que 
ocorre, pois na maioria das vezes ocorre que, o ajuizamento é 
escrito, apesar da incredulidade de Alexandre Freitas 
Câmara mesmo ante a alegação do magistrado Eduardo 
Oberg.
É bom saber que o processo dos Juizados Especiais Cíveis 
deveria ser diferente do processo comum, e é nesse sentido 
que representa um novo modelo processual.
O que certamente aproxima mais as partes do juiz, o que 
facilita a busca da autocomposição.
GISELE LEITE - 14
JUIZADOS ESPECIAIS
 2 Unidade 2: Princípios informativos do processo 
nos Juizados Especiais
 2.1 Princípios informativos do processo nos Juizados 
Especiais
Enumerados no artigo 2º da Lei 9.099/95, os princípios são 
como normas jurídicas e, também por isso, dotados de 
coercibilidade.
Surgindo conflito de princípios, não é o critério hierárquico ou 
da especialidade que trará a solução.
A solução virá da ponderação dos interesses e dos valores em 
colisão e, da análise no caos concreto a determinar qual 
princípio é melhor em proteger o valor mais relevante.
Quando por exemplo, colidem o princípio do contraditório com 
o do acesso à justiça, precisamos identificar qual deles é mais 
apropriado para se alcançar um resultado justo.
O que às vezes justifica a concessão de liminar inaudita altera 
parte, onde é mais relevante naquele caso sacrificar o 
contraditório para assegurar a obtenção de resultado útil e 
hábil do processo.
Os princípios elencados no artigo 2º da Lei 9.099/95 são 
efetivamente princípios efetivos gerais e informativos do 
microssistema dos Juizados Especiais.
Enquanto vetores hermenêuticos guiam toda a interpretação 
sobre os Estatutos dos Juizados Especiais.
São estes, os princípios da oralidade, o da simplicidade, o da 
GISELE LEITE - 15
JUIZADOS ESPECIAIS
informalidade, o da economia processual e o da celeridade.
Além da autocomposição que é veramente um importante 
vetor hermenêutico na jurisdição de causas de menor 
complexidade.
Princípio da oralidade vem inicialmente se contrapor ao 
processo escrito, o que não dispensa inteiramente o uso da 
palavra.
Na verdade ao se cogitar de oralidade, significa na prevalência 
de uma forma sobre a outra.
Prevalentemente nos Juizados Especiais temos o processo 
oral, onde a palavra verbal prevalece sobre a escrita.
Ensina Cappelletti que o processo moderno se manifesta 
como oral na fase instrutória. Ao passo que no microssistema 
dos Juizados Especiais o processo pode ser oral desde a fase 
postulatória e, também a resposta do réu.
Chiovenda aponta que o processo oral se baseia em cinco 
postulados básicos: a prevalência da palavra falada, a 
concentração dos atos processuais em audiência, 
imediatidade entre o juiz e a fonte da prova oral, identidade 
física do juiz e na irrecorribilidade das decisões interlocutórias.
Pode a demanda ser oral como também a resposta do réu e, 
até mesmo a interposição de embargos declaratórios, o 
requerimento da execução de sentença.
Infelizmente não é o que nos revela a prática, o que faz com 
que se pareça muito com o processo comum.
No processo oral, os atos processuais devem ser 
concentrados em audiência. Referencialmente uma só 
audiência.
GISELE LEITE - 16
JUIZADOS ESPECIAIS
Na primeira ocorre a tentativa de conciliação das partes, e que 
deveria ser uma sessão de conciliação.
Em não se galgando a autocomposição realiza-se uma 
segunda audiência que será de instrução e julgamento.
Nada obsta que o julgador venha convolar a primeira 
audiência, que é de conciliação, em Audiência de instrução e 
julgamento, desde que não haja prejuízo para a defesa.
Infelizmente a concentração dos atos processuais em 
audiência não pe respeitada no processo executivo nos 
Juizados Especiais.
Pois a maioria dos atos processuais de execução têm se 
realizado sem audiência, o que contraria o princípio da 
oralidade.
É o que acontece quando a lei estabelece (art. 52, VII) a oitiva 
das partes sobre a possibilidade de alienação de bem 
penhorado por preço inferior ao da avaliação, isto deveria 
ocorrer em audiência e, não por meio de petições.
Obviamente não há processo oral que não implique em 
contato imediato e direto entre o juiz e as fontes da prova oral 
(sejam partes ou testemunhas).
O que exige a presença do magistrado às audiências, dá-se o 
exame indireto das perguntas feito pelo juiz.
Daí, inexoravelmente somente o juiz que presidiu a audiência 
de instrução e julgamento pode valorar as provas que tenham 
sido produzidas.
Por essa razão, sustenta Alexandre Freitas Câmara que não 
se pode nesse microssistema processual se reexaminar 
provas pois o recurso contra a sentença só pode dirigir-se às 
GISELE LEITE - 17
JUIZADOS ESPECIAIS
questões de direito.
Ressalte-se que a turma recursal não trava nenhum contato 
direto com as fontes de prova oral, recebendo somente o 
termo escrito dos depoimentos.
De sorte que há nos Juizados Especiais espaço dos exames 
de questões de direito, mas apenas uma só fase para exame 
das questões de fato.
A identificação física do juiz traz a vinculação do julgador ao 
processo para proferir a sentença.
Não há relevância nessa vinculação pois a própria Lei 
9.099/95 afirma que a sentença é proferida em audiência de 
instrução e julgamento, o que faz com que teoricamente não 
haja possibilidade de se ter a audiência presidida por um 
magistrado e a sentença proferida posteriormente por outro 
julgador. Oque significa um desrespeito ao artigo 28 da Lei 
9.099/95.
A fim de justificar a não prolatação de sentença em audiência 
tem sido aplicado subsidiariamente o artigo 132 do CPC, o 
que é incompatível com tal microssistema.
Portanto o dispositivo legal ao estabelecer a oralidade, impôs 
naturalmente a identidade física do juiz nesses processos.
Assim, qualquer exceção admitida viola frontalmente o 
princípio da oralidade.
De maneira que colhida a prova em AIJ, resta vinculado o juiz 
para proferir a sentença, mesmo que a posterior, salvo no 
caso de aposentadoria ou morte do magistrado.
A irrecorribilidade das decisões interlocutórias, onde, aliás, são 
raras de ocorrerem. Portanto, não se admite agravo.
GISELE LEITE - 18
JUIZADOS ESPECIAIS
Aplica-se a máxima de Liebman para o Processo Civil comum 
italiano: os vícios do processo, uma vez proferida a sentença, 
transformam-se em razões de apelação.
Apesar de irrecorrível a decisão interlocutória, a matéria sobre 
a qual versa, não fica coberta pela preclusão.
Tal fato gera problemas de difícil solução pois como os 
Juizados Especiais também são competentes para atividade 
executiva stricto sensu (com base em título executivo 
extrajudicial) as decisões interlocutórias costumam ser 
importantes.
Pois no processo executivo a sentença é mero ato formal de 
encerramento do processo, enquanto que as decisões 
interlocutórias proferidas são relevantes, como a que anula 
penhora, e defere ou indefere adjudicação de bens.
Lembre-se que tais decisões não admitem recurso.
Teria sido mais salutar apenas prever a irrecorribilidade 
quando as decisões tratassem de atividade cognitiva, 
permitindo-se recurso quando no processo executivo (seja em 
título judicial ou extrajudicial).
O manejo do mandado de segurança tem sido frequente como 
sucedâneo de agravo de instrumento.
Na lei que rege os Juizados Especiais há hipótese de 
cabimento de recurso em face de decisão interlocutória: é 
aquela que defere ou indefere liminar (arts. 4º e 5º da Lei 
10.259/01).
O princípio da informalidade ou simplicidade propõe a 
desformalização do processo o que não significa acabar com 
as formas dos atos processuais.
GISELE LEITE - 19
JUIZADOS ESPECIAIS
A forma é apenas instrumento destinado a assegurar a 
obtenção do resultado a que se dirige o ato jurídico (seja 
processual ou não).
Com isso, o princípio da instrumentalidade das formas (art. 
154 do CPC), vem ressaltar que sempre que for alcançado o 
resultado pretendido deve tal ato ser refutado válido ainda que 
praticado em forma diversa do previsto.
Essa é a norma básica do processo desformalizado.
E a Lei 9.099/95 repisa a idéia em seu art. 13, onde 
identificamos uma relativa desformalização.
Curial aduzir que tal informalidade é essencial para que logre 
os Juizados êxito para aproximar os jurisdicionados dos 
órgãos destinados a prestar a jurisdição.
Considera Alexandre Freitas Câmara que o princípio da 
informalidade é incompatível com a utilização de toga pelo 
juiz.
É a informalidade que também permite que nas causas de até 
20 salários mínimos possam as partes comparecer sem 
advogados.
Pois como sói obvio, não há informalidade onde alguém veste 
toga, e mais, a própria exigência dos advogados vestirem 
terno e gravata parece inapropriada.
O mesmo se diga dos tratamentos formais dispensados ao juiz 
e aos advogados.
O processo em sede de Juizados Especiais deve ser um 
processo desformalizado despido de formalidades 
exacerbadas, considerando-se válido o ato processual sempre 
que atingir a sua finalidade originalmente prevista.
GISELE LEITE - 20
JUIZADOS ESPECIAIS
Ademais é essencial a proximidade entre o jurisdicionado e o 
órgão jurisdicional.
O princípio da economia processual consiste em se extrair do 
processo o máximo de proveito mediante mínimo de dispêndio 
de tempo e de energias.
A conversão da audiência de conciliação em AIJ, a colheita de 
prova pericial simplificada, a oitiva de perito em audiência, a 
possibilidade de inspeção judicial em audiência, são todos 
bons exemplos da aplicação do princípio da economia 
processual.
Tal enumeração é meramente exemplificativa.
Há vários institutos inspirados na economia processual e 
curiosamente proibidos em Juizados Especiais, como é o caso 
da reconvenção, sendo permitido com tal índole somente 
pedido contraposto.
É o que se dá, por exemplo, com a intervenção de terceiros 
também terminantemente proibida pois inviabilizaria a adoção 
de simplicidade e celeridade nos Juizados Especiais.
Por outro lado, esclarece Alexandre Freitas Câmara, nas 
modalidades de intervenção de terceiro cuja proibição não se 
justifica é o caso do recurso de terceiro, da nomeação à 
autoria (acertamento de legitimidade) e o chamamento ao 
processo (principalmente nos casos do artigo 101, II do CDC).
Todavia é justíssima a vedação da denunciação da lide pois 
esta causaria mais inconvenientes do que vantagens.
O quarto vetor do microssistema dos Juizados Especiais é o 
da celeridade processual pois que existe um razoável tempo 
do processo que deve ser o mínimo possível.
GISELE LEITE - 21
JUIZADOS ESPECIAIS
O grande drama do processo é justamente equilibrar dois 
valores igualmente relevantes: a celeridade e a justiça.
É herdeiro desse princípio a possibilidade de convolação da 
audiência conciliatória em AIJ, a diminuição dos prazos 
processuais (menor prazo para interposição de recurso contra 
sentença).
Também a tutela antecipada perfeitamente cabível nos 
Juizados Especiais.
Mas o exagero na celeridade processual não pode impedir a 
prática de atos processuais extremamente relevantes 
produzindo o insanável cerceamento de defesa que inquina 
todo o processo de nulidade fatal.
É uma característica a mais como a busca da autocomposição 
que não se exaure na audiência de conciliação.
A busca de soluções consensuais característica da chamada 
justiça coexistencial traz a pacificação social que é um notável 
objetivo do Estado Democrático de Direito.
A autocomposição tem sido prestigiada até mesmo pelas 
recentes reformas sofridas pelo CPC, o que fez surgir a 
audiência preliminar (art. 331) e, ainda somou poderes ao juiz 
(art. 125) o de convocar as partes, a qualquer tempo, para 
tentar a autocomposição.
Também na execução de sentença, oferecidos os embargos 
do executado, deverá haver a audiência de conciliação.
Mesmo na execução com base em título extrajudicial, uma vez 
efetivada penhora, só as partes podem ser chamadas para 
audiência conciliatória.
A competência dos Juizados Especiais possui caráter 
GISELE LEITE - 22
JUIZADOS ESPECIAIS
opcional, e decorre propriamente da opção do autor.
Principalmente porque se sustentarmos o caráter obrigatório 
incorreríamos em inconstitucionalidade.
Observe-se que em tais processos não cabe recurso especial 
e suas decisões, não se submetem ao controle do STJ.
Assim, se a decisão proferida por turma recursal violar lei 
federal, não fica sujeita ao controle do STJ. E também não se 
sujeitam a ação rescisória.
Outro aspecto é que nesses processos cada parte só pode 
arrolar três testemunhas, o que poderá significar que a 
demanda implique em sucumbência.
Deste modo, seria preciso que o demandante fosse antes do 
Juizado Especial, mesmo sabendo que não galgaria êxito, 
para que só depois fosse ao juízo comum.
O sistema processual dos Juizados Especiais Cíveis se 
destina a permitir a concessão de tutela jurisdicional 
diferenciada, um modelo diferente do procedimento comum.
É diferenciada, portanto, a tutela jurisdicional que seobtém 
através de modelos processuais que se afastem do standard.
Tal diferenciação decorre das peculiaridades do direito 
material deduzindo em juízo, é o que ocorre, por exemplo, 
com os procedimentos especiais.
Porém há casos em que não há peculiaridade no direito 
material a justificar a criação de procedimento diferenciado, 
são as razões de política legislativa que determinam os 
modelos diferenciados, é o caso do procedimento monitório ou 
no mandado de segurança.
No caso dos Juizados Especiais todas as causas podem 
GISELE LEITE - 23
JUIZADOS ESPECIAIS
também ser levadas a juízo pelas vias ordinárias e só 
depende da opção do demandante.
Os Juizados Especiais outrora chamados de Juizados de 
Pequenas Causas são órgãos competentes para julgar causas 
de pequeno valor econômico e causas de menor 
complexidade (o que nem sempre está ligado ao seu valor).
Revogou-se a Lei 7.244/84 e criou-se um só órgão 
denominado de Juizado Especial Cível, que é regido pela Lei 
9.099/95.
Há de se perceber a nítida distinção entre Juizado de 
Pequenas Causas e Juizados Especiais Cíveis pois há causas 
de pequeno valor e, ainda as de menor complexidade.
O art. 3º da Lei 9.099/95 preceitua que o demandante que 
busca tutela para direito substancial cujo valor ultrapasse aos 
40 salários mínimos, está com sua opção renunciando ao que 
exceder ao valor de alçada.
Percebe-se que tal dispositivo refere-se somente às pequenas 
causas, mas não as causas de menor complexidade. 
Pequenas causas são aquelas arroladas nos incisos I ou IV do 
artigo 3º da Lei 9.099/95 e, cujo valor, não exceda a 40 
salários mínimos vigentes, e ainda, as demandas 
possessórias cujos imóveis não ultrapassem esse mesmo 
valor.
No entanto, há causas que não tem conteúdo patrimonial 
determinável e, deva se atribuir qualquer valor, podendo o 
autor fixá-lo livremente.
É o que ocorre com a ação declaratória de autenticidade do 
documento.
GISELE LEITE - 24
JUIZADOS ESPECIAIS
Portanto, ter-se-á pequena causa por vontade do 
demandante.
Não há conceito uniforme para o que chamamos de pequena 
causa. As leis 9.099/95 e 10.259/01 fixam diferentes alçadas 
(uma a de 40 salários mínimos e, outra de 60 salários 
mínimos).
O CPC prevê o procedimento sumário para causas cujo valor 
não ultrapasse 60 salários mínimos. Na execução provisória, 
dispensa-se caução a fim de se levar o bem penhorado a 
leilão ou praça, cujo crédito não seja superior a sessenta 
salários mínimos.
E, por fim, não há reexame necessário das sentenças 
contrárias a Fazenda Pública quando a condenação não for 
superior a sessenta salários mínimos.
Então, podemos concluir que pequena causa é aquela cujo 
valor não seja superior a sessenta salários mínimos.
Foi dissonante a esse conceito a Lei 9.099/95 que mantém o 
limite de quarenta salários mínimos, nos casos ratione valores.
Pode ocorrer que embora as causas sejam de pequeno valor, 
sejam também de grande complexidade jurídica ou fática e, 
que estão excluídas da competência dos Juizados Especiais.
Enumera tais causas o § 2º do artigo 3º da Lei 9.099/95, são 
as de natureza alimentar, falimentar, fiscal e de interesse da 
Fazenda Pública, as relativas aos acidentes de trabalho, aos 
resíduos e ao estado e capacidade das pessoas, bem como, 
as de interesse da Fazenda Pública, ainda que de caráter 
patrimonial.
É certo que desde 2001 com a criação dos Juizados Especiais 
Federais pela Lei 10.259/01, as causas de interesse da 
GISELE LEITE - 25
JUIZADOS ESPECIAIS
Fazenda Pública passaram a ser deduzidas perante estes 
órgãos jurisdicionais, limitada à órbita federal, não incluindo o 
plano estadual.
Com a Lei 10.259/01 entenderam alguns doutrinadores que se 
revogou a proibição quanto às demandas que envolviam a 
pessoa jurídica de direito público estadual, distrital ou 
municipal, principalmente quando tratasse de causas cíveis de 
menor complexidade.
Também são de grande complexidade as demandas coletivas 
sejam para tutela de interesses difusos, coletivos ou 
individuais homogêneos.
Incluem-se também nesse rol as causas que exigem o uso do 
procedimento especial.
Não poderão tramitar perante os Juizados Especiais, causas 
como despejo por falta de pagamento, condenatória em 
pagamento, prestação de contas, procedimentos monitórios e 
mandados de segurança.
Só é admissível nos Juizados Especiais um único 
procedimento que é sumariíssimo.
A opção por esse procedimento importa em renúncia ao 
crédito excedente à alçada estabelecida, exceto no caso de 
conciliação.
Assim, permite que uma grande causa (de expressivo valor 
econômico) torne-se uma pequena causa.
Não se aplica o disposto no artigo 3º, § 3º da Lei dos Juizados 
Especiais Estaduais às causas cíveis de menor complexidade 
nos casos de competência ratione materiae, onde se poderá 
demandar sem que isso acarrete implícita renúncia ao valo 
excedente a quarenta salários mínimos.
GISELE LEITE - 26
JUIZADOS ESPECIAIS
Convém ainda lembrar do artigo 3º da referida lei que aponta a 
ineficácia da sentença do que exceder a alçada.
Pois nesse caso, haveria sentença ultra petita, pois o 
demandante renunciou ao valor excedente.
Frise-se que não há renúncia ao excedente no caso de 
conciliação, essa renúncia ocorre precisamente quando o 
demandante manifesta-se no sentido de prosseguir o feito em 
face da frustrada conciliação.
Deve o juiz que preside a audiência informar ante a negativa 
de conciliação alertar ao demandante que prosseguir no feito 
significa renunciar ao valor que exceder a alçada aplicando-se 
o valor de artigo 21.
Confirmando-se que quer o prosseguimento do feito, haverá 
ocorrido a renúncia ao que exceder a alçada dos Juizados 
Especiais.
Poderá obviamente o autor desistir da ação, o que, não 
dependerá da concordância do réu e, assim, não terá havido 
renúncia, extinguindo-se o processo sem resolução do mérito.
Novamente poderá o autor recorrer ao juízo comum.
As causas cíveis de menor complexidade em razão da matéria 
são enumeradas no artigo 3º, II e III da Lei 9.099/95 e são as 
referidas no artigo 275, II do CPC e a ação de despejo para 
uso próprio.
Arrola o artigo 275, II do CPC as causas em que será 
observado o procedimento sumário qualquer que seja seu 
valor.
Causas que versam sobre arrendamento rural e parceria rural, 
cobrança de taxas condominiais, ressarcimento de danos em 
GISELE LEITE - 27
JUIZADOS ESPECIAIS
prédio rústico ou urbano, por acidente de trânsito por veículo 
terrestre, cobrança de seguro, danos oriundos de acidente de 
veículo, cobrança de honorários dos profissionais liberais 
ressalvando a legislação especial e outros casos como ação 
revisional de aluguel e ação de adjudicação compulsória.
Nota-se que a Lei 8245/91 que trata de locações somente há 
quatro anos anteriores à Lei 9.099/95 já antevendo a criação 
do microssistema especial dos Juizados Especiais fixou em 
seu artigo 80 que, todas as ações de despejos podem ser 
consideradas causas cíveis de menor complexidade.
Curioso é notar que a hipótese permitida que é a de despejo 
para uso próprio, ou por analogia, para retomada do imóvel 
para ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro, não 
é de fato de pouca complexidade, pois impende analisar a 
sinceridade do pedido. E pode acarretar instrução probatória 
laboriosa.
Porém a chamada denúncia vazia ou imotivada não está 
incluída na Lei 9.099/95.
A competência dos Juizados Especiais Cíveis para execução 
conforme prevê o artigo 3º, I da Lei 9.099/95.
Há duas diferentes situações para analisar: a execução das 
própriasdecisões dos juizados e, a execução de títulos 
executivos extrajudiciais.
No primeiro caso, a execução se processa de forma autônoma 
em relação a fase cognitiva.
Desmoralizada a clássica dicotomia cognição/execução fixou 
a Lei dos juizados pelo critério funcional, optando pela 
competência do juízo do processo de conhecimento.
A execução da sentença contemporaneamente é fase 
GISELE LEITE - 28
JUIZADOS ESPECIAIS
complementar do processo que produziu sentença 
condenatória. A execução como segunda fase do processo 
vem caracterizar processo misto ou sincrético.
As Leis 10.444/02 e 11.232/05 reforçam tal entendimento.
Mesmo com a mudança de modelo processual o CPC achou 
necessário dispositivo que se refere a competência para 
execução da sentença ( artigo 475-P).
No microssistema dos Juizados Especiais, a execução jamais 
fora processo autônomo, e, sim somente fase executiva (artigo 
52 da Lei 9.099/95).
A execução dos títulos extrajudiciais essa está restrita ao 
limite de quarenta salários-mínimos.
Não havendo conciliação, o executado poderá oferecer seus 
embargos. Antes deverá o juiz, ou o conciliador, advertir que 
decidindo prosseguir na execução isso importará renúncia ao 
que exceder de quarenta salários mínimos.
E, nada impede que ocorra execução perante juízo comum 
para pleitear a integralidade da obrigação.
Novamente observe que a competência para execução de 
título extrajudicial trata-se de opcional.
 2.2 A competência territorial dos Juizados Especiais 
Cíveis conforme o artigo 4º da Lei 9.099/95.
O foro competente pela regra geral é a sede do demandado. 
Podendo este ter várias residências, ou vários domicílios 
quando poderá ser demandado em qualquer deles (artigo 71 
do CPC).
GISELE LEITE - 29
JUIZADOS ESPECIAIS
Com relação às atividades profissionais mais será domicílio 
aonde tais atividades são exercidas (artigo 72 do CPC).
Já se o demandado for pessoa jurídica de direito privado seu 
domicílio será o lugar de sua sede ou o fixado em seu ato 
constitutivo social.
É competente também o foro do lugar onde a obrigação deve 
ser cumprida (art. 327 do CC), salvo se as partes 
convencionarem diversamente.
Em regra normalmente as obrigações são quesíveis onde o 
lugar de pagamento é o domicílio do devedor.
Mas poderá haver convenção das partes, e tornar-se 
obrigação portável aonde o lugar de pagamento for o domicílio 
do credor.
O inciso III do artigo 4º da Lei 9.099/95 fixa a competência dos 
Juizados Especiais o foro do domicílio do autor ou do local do 
ato ou fato no caso de ação de reparação de dano de 
qualquer natureza.
Afasta-se então do sistema comum do CPC, isso, pois o artigo 
100, V do CPC atribui competência territorial ao foro do lugar 
do ato ou fato.
É prestigiado o foro do demandante no microssistema dos 
Juizados Especiais Cíveis principalmente nas demandas de 
reparação de dano de qualquer natureza, o que evidencia uma 
competência mais ampla do que o sistema comum do CPC.
Poderá o demandante livremente escolher o foro do domicílio 
do demandado, do lugar do cumprimento da obrigação ou, 
sendo reparação de dano, também o foro do seu domicílio ou 
do lugar do ato ou fato.
GISELE LEITE - 30
JUIZADOS ESPECIAIS
Registre-se que o critério territorial é um critério relativo, fixada 
na forma do artigo 4º da Lei 9.099/95 e visa atender 
imediatamente aos interesses das partes.
O descumprimento dessa regra gera somente a 
incompetência relativa que não pode ser decretada de ofício. 
Conforme, aliás, o verbete cumulado pelo STJ nº 33.
Alexandre Freitas Câmara faz destacar que muitos Juizados 
têm reconhecido de ofício a incompetência relativa (artigo 51, 
III da Lei 9.099/95) o que acarreta a extinção do feito sem 
resolução do mérito.
É falsa a idéia de que toda causa de extinção do processo 
sem resolução do mérito é matéria de ordem pública, podendo 
ser reconhecida de ofício.
Nada impede que possa ser invocada pela parte interessada, 
é o que se dá no caso de convenção de arbitragem, e o 
mesmo se dá com a incompetência relativa dos Juizados 
Especiais Cíveis.
Não tem aplicação nos Juizados Especiais Cíveis o parágrafo 
único do artigo 112 do CPC que permite a declaração ex 
officio da nulidade da cláusula de eleição de foro incluída em 
contrato de adesão.
A declaração de incompetência produz a remessa dos autos 
ao juízo competente.
A incompetência absoluta pode e deve ser reconhecida de 
ofício pelo juiz e torna nulos todos os atos decisórios 
praticados pelo juízo incompetente.
Já na incompetência relativa não há invalidação de qualquer 
ato, nem mesmo os decisórios.
GISELE LEITE - 31
JUIZADOS ESPECIAIS
Tanto no sistema comum como no sistema dos Juizados 
Especiais Cíveis a incompetência absoluta deve ser 
reconhecida de ofício enquanto a incompetência relativa só 
pode ser reconhecida mediante provocação do demandado.
Mas diferem quanto aos efeitos da declaração de 
incompetência, pois uma vez reconhecida a incompetência o 
processo será extinto sem resolução do mérito (artigo 51, II e 
III da Lei 9.099/95).
E a diferença dos efeitos é justificável pois não poderia 
determinar a remessa dos autos ao juízo competente, 
simplesmente porque nesse caso não há autuação (artigo 16 
da Lei 9.099/95), em razão de sua simplicidade.
Deveria o processo ser reduzido em ficha impressa onde 
consta o termo da resposta e o da sentença.
Na prática, porém, os processos de Juizados Especiais Cíveis 
têm sido autuados, exatamente do mesmo modo como se dá 
nos processos dos juízos comuns, o que torna injustificável os 
efeitos da declaração da incompetência.
 3 Unidade 3: Sujeitos do processo nos Juizados 
Especiais Cíveis
 3.1 Sujeitos do processo nos Juizados Especiais Cíveis
Intrinsecamente o processo se revela em uma relação jurídica, 
uma relação entre pessoas.
A relação jurídica processual se forma entre o Estado-Juiz e 
GISELE LEITE - 32
JUIZADOS ESPECIAIS
as partes, é de configuração mínima (Estado-Juiz, o 
demandante e o demandado).
Mas pode ocorrer pluralidade de partes cujas principais 
manifestações são o litisconsórcio e a intervenção de 
terceiros.
O Estado como sujeito do processo não se confunde com a 
pessoa natural do juiz, mero agente público.
Nesse sujeito do processo não só se inclui o juiz, mas também 
seus auxiliares, como o juiz leigo e o conciliador.
Os demais auxiliares da justiça tais como o escrivão e o oficial 
de justiça aplicam-se as regras comuns do CPC, salvo quando 
houver incompatibilidade com o microssistema dos Juizados 
Especiais.
Dedica a Lei 9.099/95 os seus artigos 5º e 6º para tratar da 
proeminência do juiz impondo-lhe a direção e condição do 
processo, a fim de determinar as provas a serem produzidos, 
apreciá-las e valorá-las conforme as regras de experiência 
comum.
Tem o juiz o poder de determinar quais provas que serão 
produzidas, o que implica, evidentemente, o poder de indeferir 
aquelas que sejam inúteis meramente protelatórias.
Tais dispositivos são compatíveis com a visão moderna do 
processo civil que reconhece o interesse público no 
conhecimento da verdade e na solução dos casos concretos 
conforme o direito.
Mesmo no juízo comum possuem os juízes poderes 
instrutórios.
A rigor quanto às provas produzidas pelas partes devem 
GISELE LEITE - 33
JUIZADOS ESPECIAIS
atender a celeridade processual que se desenvolve através de 
um procedimento de audiências, devendo ser proferida finda a 
AIJ, sendo esta o primeiro e único momento em que o juiz tem 
contato com a causa.
É possível que o juiz determine de ofício, o depoimentopessoal das partes em audiência de instrução e julgamento, já 
que ambas estão presentes.
Terá ainda o juiz a liberdade na apreciação da prova em 
equivalência harmônica com o artigo 131 do CPC.
O sistema de valoração segue o mesmo critério do sistema 
comum do CPC que é o da persuasão racional ou livre 
convencimento do magistrado.
Contrabalançando a liberdade de apreciar a prova, tem o juiz 
o dever de fundamentar sua decisão apontando os fatores 
formadores de seu convencimento.
É certo que tal critério em certas e expressas situações cede a 
vez para o critério d prova legal que apesar de arcaico é ainda 
usado.
Como por exemplo, quando se trata de provar a veracidade da 
alegação de que foi celebrado negócio jurídico cujo valor 
ultrapasse o décuplo de salário-mínimo.
Onde a prova exclusivamente testemunhal não tem valor, não 
podendo o juiz valorá-la livremente (artigo 227 do CC).
Assim, o artigo 5º da referida Lei declina que o juiz dará valor 
às normas de experiência comum ou técnica em equiparação 
ao que prevê o 335 do CPC.
Não traz o artigo 5º a relevante ressalva nos casos em que 
seja necessária prova pericial.
GISELE LEITE - 34
JUIZADOS ESPECIAIS
O juiz pode e deve aplicar as regras de experiência comum ou 
técnica independentemente de existir ou não norma jurídica 
aplicável ao caso.
Regras de experiência são aquelas que, conforme estabelece 
o artigo 335 do CPC, decorrem da observação ordinária que 
acontece, id quod plerumque accidit.
E além da regra de experiência técnica que qualquer pessoa 
pode ter, e que independe de maior aprofundamento técnico.
O artigo 6º aduz que escolherá o juiz a decisão que reputar 
mais justa e equânime atendendo aos fins sociais da lei e às 
experiências do bem comum.
Há certa equivalência com o artigo 5º da LICC onde 
expressamente aduz que o juiz atenderá aos fins sociais a que 
ela se dirige e às exigências do bem comum.
Impõe o artigo 6º da Lei 9.099/95 interpretação teleológica, 
mas o busilis está que a Lei dos Juizados impõe que se dê 
uma solução justa e equânime, o que não significa decidir por 
equidade.
A regra geral no direito processual civil brasileiro é a jurisdição 
de direito onde decisão é preconizada a luz do direito objetivo 
vigente.
E só em casos excepcionais há a expressa disposição legal 
na forma do artigo 127 do CPC autorizando o juiz decidir por 
equidade, livrando-se então dos estritos limites e ditames da 
legalidade positivada.
É o que ocorre, por exemplo, nos processos de jurisdição 
voluntária por força do artigo 1.109 do CPC.
Exerce-se nos Juizados não a jurisdição de equidade, mas de 
GISELE LEITE - 35
JUIZADOS ESPECIAIS
direito a que é também reforçado por Cândido Rangel 
Dinamarco.
Equânime revela equanimidade, etimologicamente descende 
do latim aequanimis, ou aequanimus, o que tem espírito 
moderado, benevolente, calmo.
Oriunda da locução aequo animo = com ânimo igual, de boa 
mente, resignadamente.
Portanto, equânimo é justo, imparcial, moderado, ponderado.
Repisa, então o artigo 6º ao impor que o juiz decida com 
imparcialidade.
Mas a solução do conflito pode advir do árbitro (artigo 25 da 
Lei 9.099/95).
Espera-se do juiz atuante no microssistema dos Juizados 
Especiais uma postura moderna, principalmente no sentido de 
promover a autocomposição do conflito, e só em sendo 
inexitosa a conciliação dos interesses, buscar a solução 
heterocompositiva sintetizada pela sentença.
Convém salientar que quando a Lei 9.099/95 refere-se a juiz 
muitas vezes, o adjetiva chamando-o de “juiz togado” o que 
não significa que literalmente deva o julgador envergar a toga 
pois de todo incompatível com os princípios da informalidade e 
simplicidade.
A expressão quer indicar o magistrado concursado e titular 
das garantias constitucionais de vitaliciedade, irredutibilidade 
de vencimentos.
O artigo 7º da Lei 9.099/95 refere-se ao juiz leigo e ao 
conciliador que são auxiliares da justiça recrutados 
preferencialmente entre os bacharéis em Direito e os 
GISELE LEITE - 36
JUIZADOS ESPECIAIS
advogados com mais de cinco anos de tarimba profissional.
O juiz leigo não tem ainda existência efetiva ao menos na 
maioria dos Estados da Federação Brasileira.
No julgamento de causas de pequeno valor ou de menor 
complexidade a atuação do juiz leigo pode ser utilíssima além 
de aproximar a justiça do comum do povo.
Sendo advogados tarimbados jamais poderiam ser chamados 
de “leigos” pois se o vocábulo nos remete ao comum do povo, 
dotado de senso comum de justiça.
É importante frisar que o advogado atuante como juiz leigo 
fica impedido de exercer a advocacia perante o mesmo 
Juizado aonde atua.
Por outro lado, o conciliador é presença constante e atuam no 
sentido de promover autocomposição participando ativamente 
das negociações entre as partes.
A formação do conciliar deve ser adequada para mediar 
conflitos e, não necessariamente formação jurídica, o que 
demonstra um pecado infeliz da lei.
Vejam que o advérbio “preferencialmente” permite que os 
conciliadores não tenham formação jurídica, sendo muitas 
vezes, estudantes de Direito.
Além do Estado-Juiz, temos as partes. E há dois distintos 
conceitos sobre partes.
O conceito de partes da demanda (o demandante ou autor e o 
demandado ou réu). Aquele que atua em nome próprio e em 
face daquele de quem a tutela jurisdicional é pleiteada.
Por outro lado, há o conceito de partes do processo que 
corresponde a todos aqueles que participam, em contraditório, 
GISELE LEITE - 37
JUIZADOS ESPECIAIS
da relação processual.
Adquire-se essa qualidade pela demanda (é o caso do 
demandante), pela citação (o demandado e terceiros 
intervenientes) no de demanda forçada como a que se dá no 
chamamento ao processo, pela intervenção voluntária (como 
na pela intervenção voluntária como na assistência) ou pela 
sucessão processual seja mortis causa ou por ato inter vivos. 
Partes da demanda nos Juizados Especiais Cíveis sofrem 
série de importantes disposições da Lei 9.099/95, 
expressando quem não pode ser parte em qualquer dos polos 
da demanda e quem pode ser demandante (artigo 8º).
Não podem ser partes perante os Juizados Especiais o 
incapaz, o preso, as pessoas jurídicas de direito público, as 
empresas públicas da União, a massa falida e o insolvente 
civil.
É por diversas razões que se ligam aos princípios formadores 
da Lei dos Juizados especiais.
O incapaz não pode fazer concessão de seus direitos, posto 
que são indisponíveis, inviabilizando de plano a 
autocomposição.
Todavia os relativamente incapazes com faixa etária de 18 a 
21 anos podem atuar como demandantes embora tal previsão 
seja inócuo devido ao vigente ordenamento jurídico pátrio pois 
a maioridade pelo CC de 2002 é atingida aos dezoito anos 
completos.
Alexandre Freitas Câmara antes da vigência do CC de 2002 
acusou o art. 8º do referido diploma legal de inconstitucional 
por violar o princípio da isonomia.
Tal dispositivo dava tratamento desigual a pessoas 
GISELE LEITE - 38
JUIZADOS ESPECIAIS
juridicamente iguais.
Sendo assim, incapazes, sejam de forma absoluta ou relativa, 
não podem figurar como partes perante os juizados.
Também os presos e pouco importa a razão ou a natureza da 
prisão posto que impossibilitado de comparecer pessoalmente 
perante os juizados.
Frise-se que a presença pessoal da parte é obrigatória nas 
audiências, ademais sendo uma das partes presa seria 
necessária a criação de segurança que não justifica em 
função de ser seara de causas de pequeno valor e de 
reduzida complexidade.
Também são vedadas pessoas jurídicas de direitopúblico, 
posto que sua presença impeça por vezes (como no caso da 
União e das autarquias federais) que o órgão jurisdicional 
estadual conheça da causa, devendo o mesmo se 
desenvolver perante a Justiça Federal (art. 109, I CF/88).
Por outro lado, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e 
suas respectivas autarquias ficam impedidos de atuar como 
partes nas demandas dos Juizados Especiais Cíveis 
Estaduais.
Apenas causas envolvendo interesses privados podiam ser 
deduzidas, mas com a aprovação da Lei 10.259/2001 que 
regulou os Juizados Federais passou a ser possível a 
presença da União e das autarquias federais no pólo passivo 
das demandas ajuizadas.
Tal restrição, portanto, torna-se injustificável e significa um 
obstáculo ao acesso à justiça além de violar o princípio da 
isonomia.
Exemplifica Alexandre de Freitas Câmara que na hipótese de 
GISELE LEITE - 39
JUIZADOS ESPECIAIS
um acidente de trânsito provocado por culpa do motorista de 
um Ministério da Saúde, poderá a vítima pleitear a reparação 
de dano sofrido se o valor não ultrapassar a 60 salários 
mínimos em um dos Juizados Federais.
Mas, se o motorista culpado do acidente fosse da Secretaria 
Estadual de Saúde, não se poderia levar a causa para os 
Juizados Especiais Cíveis Estaduais.
Por isso, entende-se que em vigor a Lei 10.259/01 revogou-se 
a proibição quanto à presença de pessoas jurídicas de direito 
público das esferas estadual, distrital e municipal no polo 
passivo das demandas a serem ajuizadas nos Juizados 
Especiais.
Permanecendo, porém a vedação de origem constitucional 
quanto à presença das pessoas jurídicas de direito público na 
órbita federal.
Também não ser parte a empresa pública da União apesar de 
sua natureza da pessoa jurídica de direito privado, pois que 
acarretam a competências da Justiça Federal (art. 109, I da 
CF/88).
No entanto, as empresas públicas estaduais e municipais 
podem perfeitamente participar de tais demandas bem como 
as sociedades de economia mista (inclusive a federal).
Não podem ser partes ainda a massa falida e o insolvente 
civil, pois são administrados pelo síndico e administrador e 
estes não podem celebrar livremente acordos, senão com a 
participação de todos os credores da massa ou da concordata 
civil.
O que dificulta bastante a autocomposição.
A lei aponta que somente as pessoas naturais capazes podem 
GISELE LEITE - 40
JUIZADOS ESPECIAIS
ser demandantes perante os Juizados Especiais Estaduais.
Não podem demandar também os cessionários de pessoas 
jurídicas o que serve para evitar a cessão de direitos com 
único intuito de ter acesso aos Juizados Especiais.
Não é verdade absoluta que somente as pessoas naturais 
podem demandar perante os Juizados Especiais, isto porque 
os microssistemas e empresas de pequeno porte também 
poderão fazê-lo, é o que decorre do art. 74 da Lei 
Complementar 123/2006.
Também a Lei 10.259/01 tornou possível a participação das 
empresas de pequeno porte.
Em resumo podem as pessoas naturais, as microempresas e 
as empresas de pequeno porte demandar perante s Juizados 
Especiais Cíveis, e acredita-se que se deve repensar a 
vedação quanto aos cessionários de direitos das pessoas 
jurídicas. 
Polêmica há quanto à possibilidade da demanda ser ajuizada 
por condomínios edilícios, muitos têm admitido seja na 
doutrina, seja na jurisprudência, usando por base no art. 3º, II 
da Lei 9.099/95 combinado com o artigo 275, II b do CPC.
Outros, no entanto, lembram a natureza jurídica dos 
condomínios edilícios que são entes despersonalizados.
Alexandre Freitas Câmara aponta enfaticamente que não 
podem, e expõe as razões:
Primeiro, a lei expressamente cogita que somente as pessoas 
naturais capazes podem demandar e as únicas exceções são 
as microempresas e as empresas de pequeno porte.
E evidentemente, condomínios não são pessoas naturais.
GISELE LEITE - 41
JUIZADOS ESPECIAIS
Há quem alegue por ser o condômino não exatamente pessoa 
jurídica corresponde a congregação dos interesses dos 
condôminos, que são pessoas naturais e, por esse 
entendimento, seria preciso demonstrar que todos os 
condôminos são pessoas naturais e capazes, o que 
dificultaria, seria de extrema complexidade.
Ademais o art. 3º da Lei 9.099/95 combinado com o art. 275, II 
do CPC prever a possibilidade de cobrança ao condômino de 
quaisquer quantias devidas ao condomínio o que não implica 
necessariamente que seja perante os Juizados Especiais.
Na lei civil pátria, existem dois tipos de condomínios, o comum 
ou geral e o especial (ou edilício).
O condomínio comum pode incidir tanto sobre bens móveis 
como imóveis, em ambos tipos devem os condôminos 
contribuir para as despesas comuns.
No condomínio edilício a obrigação tem abrigo legal no art. 
1.336, I do CC e, o seu descumprimento gera a demanda a 
fim de cobrar tais quantias devidas e não pagas.
O condomínio edilício por força do art. 12, IX do CPC tem 
capacidade processual sendo, porém pessoa natural, não 
sendo porém pessoa natural capaz, o que o impossibilita de 
demandar perante os Juizados Especiais.
No caso de condomínio comum, este não possui capacidade 
para ser parte, assim deverá a cobrança ser ajuizada por 
algum condômino em face do inadimplente.
E, nesse caso, sendo o condômino pessoa natural e capaz 
poderá demandar perante os Juizados Especiais Cível.
A capacidade postulatória que é exercida por advogado por 
conta de comando constitucional do art. 133 da CF/88 que é 
GISELE LEITE - 42
JUIZADOS ESPECIAIS
essencial ao funcionamento da justiça, o que é reforçado pelo 
art. 36 do CPC.
Cabe também exceção a essa regra que é quando a parte 
postula em causa própria ou quando o processo tramitar onde 
não haja advogado, ou todos que houver, forem impedidos ou 
recusarem a causa.
Essa é a única exceção a regra do sistema processual 
comum.
Lembremos que em sendo a parte advogado, atuando em 
causa própria, não se afasta a incidência da regra geral.
No microssistema dos Juizados Especiais não sendo o valor 
da causa maior de vinte salários mínimos a presença do 
advogado é facultativa (art. 9º da Lei 9.099/95).
Sustenta com razão Alexandre Freitas Câmara que tal 
dispensa é inconstitucional, pois o advogado é indispensável à 
administração da justiça daí não ser possível admitir ser 
facultativa sua presença.
Contudo o STF já se pronunciou em controle direto de 
constitucionalidade que não há qualquer incompatibilidade 
entre o art. 9º da Lei 9.099/95 e o art. 133 da CF/88.
Sendo a causa superior a vinte salários mínimos, a presença 
do advogado é obrigatória e, se faltar, acarretará a falta de 
capacidade postulatória que é pressuposto processual.
Por outro lado faltando ao demandado capacidade 
postulatória, será este revel com suas clássicas 
consequências.
É possível que o juiz em face da miserabilidade do 
demandado recorra ao Defensor Público.
GISELE LEITE - 43
JUIZADOS ESPECIAIS
De qualquer maneira só no primeiro grau de jurisdição é que 
temos nas causas abaixo de 20 salários mínimos a dispensa 
do advogado, pois em grau de recurso, qualquer que seja o 
valor da causa, este será obrigatório.
Indo o demandante a juízo sem ser assistido por advogado e, 
por outro lado, estando o demandado devidamente 
aparelhado por profissional habilitado, seja pessoa jurídica ou 
empresário individual.
Poderá o demandante se quiser obter assistência judiciária 
por órgão instituído junto ao Juizado Especial Cível (art. 9º, § 
1º da Lei 9.099/95).
Deve essa norma ser interpretada extensivamente e, é 
importante frisarque dependerá da vontade da parte.
Não existe no microssistema dos Juizados a figura do 
advogado dativo, que é aquele nomeado pelo juiz para 
patrocinar os interesses da parte que não se fez representar 
por advogado.
Deverá o juiz alertar a parte que esta tem direito a um 
advogado e que este lhe prestará gratuitamente seus serviços.
Não se trata de assistência judiciária gratuita ao 
hipossuficiente econômico e, sim, ao hipossuficiente jurídico.
Relevante aduzir que sendo a causa de pequeno valor a 
exigência de advogado remunerado implica em obstrução do 
acesso à justiça.
O acesso à justiça é garantia fundamental instituída pela 
CF/88, é dever do Estado assegurá-lo, desta forma, é 
igualmente dever prover advogado ou defensor público para 
atuar.
GISELE LEITE - 44
JUIZADOS ESPECIAIS
Se ambas as partes (pessoas naturais) estão sem 
representação de advogado e verificando o juiz que a causa 
exibe certa complexidade, o que vem a exigir advogado.
Deverá o julgador advertir as partes sobre a conveniência do 
patrocínio de advogado e, se as partes quiserem, serão 
representadas por advogado custeado pelo Estado em 
atuação em órgão instituído por Juizados Especiais Cíveis 
(art. 9º, § 2º da Lei 9.099/95).
O conceito de pequena causa é definido pelo valor que não 
ultrapasse a quarenta salários mínimos.
Já o conceito de causa de menor complexidade não se 
confunde com o conceito de pequena causa.
Também é curial alertar que nem toda causa de valor 
necessariamente de menor complexidade.
É a matéria posta em debate no juízo que traduzido a 
complexidade da causa e da pretensão exigida pela exordial.
Permite a lei que haja o mandato verbal ao advogado (art. 9, § 
3º), dispensando-se a procuração escrita quando se limitar a 
conferir poderes gerais para o foro (cláusula ad judicia).
Todavia se a parte pretende outorgar poderes especiais ao 
advogado, terá que o fazer por procuração formal (escrita).
 4 Unidade 4: Pluralidade subjetiva no processo dos 
Juizados Especiais.
 4.1 Pluralidade subjetiva no processo dos Juizados 
Especiais.
GISELE LEITE - 45
JUIZADOS ESPECIAIS
É sabido que a configuração ordinária da relação jurídica 
processual é tríplice formada por três sujeitos a saber: Estado-
Juiz, o demandante e o demandado.
Mas é possível surgir outros sujeitos que vem a incorporar-se 
a essa relação e pode vir acontecer por meio de intervenção 
de terceiros e a intervenção do MP, e litisconsórcios.
O litisconsórcio pode ser ativo (vários demandantes) ou 
passivo (vários demandados) e, ainda misto (vários 
demandantes e vários demandados).
Poderá ser o litisconsórcio necessário ou facultativo. Será 
necessário quando sua formação é essencial para que o 
processo venha compor a lide. Tal fenômeno está ligado 
diretamente à legitimidade das partes.
E, é correto afirmar que em alguns casos a legitimidade é 
conferida a um conjunto de pessoas, de sorte que só se pode 
preencher essa condição da ação se todos os membros do 
conjunto estiverem presentes no processo.
Pode ainda ser a necessidade dos litisconsórcios ser imposta 
expressa disposição de lei (como acontece por exemplo, na 
ação de usucapião entre aquele e, em cujo nome está 
registrado o imóvel e os proprietários dos imóveis confinantes) 
ou da natureza incindível da relação jurídica material deduzida 
no processo.
De qualquer forma e, seja qual for a causa da necessidade do 
litisconsórcio só é possível no polo passivo, tendo em vista, 
que no polo ativo é inadmissível na sistemática processual 
vigente.
Será facultativo o litisconsórcio quando sua formação 
depender exclusivamente da vontade de quem ajuíza a 
GISELE LEITE - 46
JUIZADOS ESPECIAIS
demanda.
É o caso dos credores solidários que se reúnem em face de 
devedor comum.
Por outro critério poderá o litisconsórcio ser unitário ou simples 
será unitário quando o provimento de mérito tiver que ser 
comum obrigatoriamente a todos os litisconsortes, por causa 
da natureza incindível da relação jurídica de direito material.
Será simples o litisconsórcio quando o resultado do 
provimento de mérito pode variar para cada litisconsorte, e 
independente do resultado em relação aos demais.
O litisconsórcio simples implica existirem as demandas, 
quantos sejam os litisconsortes.
No litisconsórcio unitário será um só resultado para todos os 
litisconsortes, devendo ser tratados no processo como se 
fosse uma só parte.
Já no litisconsórcio simples por serem várias as demandas, 
que merecerá julgado separado, tanto assim que, a sentença 
será proferida em vários capítulos.
Poderá o litisconsórcio ser inicial ou ulterior. Será inicial 
quando existir desde a formação do processo e, será ulterior 
ou superveniente quando se formar no curso do processo, no 
prazo da resposta.
Todas as espécies de litisconsórcio poderão se manifestar nos 
processos que tramitam nos Juizados Especiais Cíveis.
O art. 10 in fine solenemente expressa ser admissível o 
litisconsórcio de qualquer espécie.
Porém o litisconsórcio simples por resultar a cumulação de 
demandas, só será admissível, nos casos em que a 
GISELE LEITE - 47
JUIZADOS ESPECIAIS
competência é fora da em razão do valor, não excedente a 
quarenta salários mínimos.
Não se aplica aos casos em que a competência dos Juizados 
Especiais se determina em razão da matéria pois nesse caso, 
o valor, da causa não tem qualquer relevância para a 
determinação da possibilidade de utilização do microssistema 
processual.
A intervenção de terceiro é ingresso de um terceiro em um 
processo.
Terceiro significa, no plano processual, todo aquele que não é 
parte do processo.
A intervenção de terceiro poderá ser voluntária ou forçada.
Será voluntária quando terceiro intervém por sua própria 
vontade, requerendo seu ingresso no processo.
Já a intervenção voluntária pode ocorrer por três maneiras 
distintas: assistência, oposição e o recurso de terceiro.
Na oposição que a rigor tem natureza de processo incidental 
autônomo onde terceiro ajuíza demanda em face das partes 
da demanda principal a fim de buscar o reconhecimento de 
que é seu o direito sobre o qual as partes litigam.
No recurso de terceiro alguém que não é parte impugna 
através de recurso decisão proferida no processo de que não 
participa, mas que segundo alega, é capaz de produzir efeitos 
diretos sobre sua esfera jurídica.
Na intervenção forçada, o terceiro é trazido ao processo por 
meio da citação, que o torna sujeito do processo do qual 
anteriormente não participava.
Pode ocorrer em três modalidades distintas: nomeação à 
GISELE LEITE - 48
JUIZADOS ESPECIAIS
autoria, denunciação à lide e chamamento ao processo.
Na nomeação à autoria, o demandado indica o terceiro 
imputando-lhe a responsabilidade pelo fato descrito pelo 
demandante como sendo sua causa de pedir.
Aceita a nomeação, cita-se o nomeado que passa a ocupar 
lugar do denominado original.
Na denunciação da lide uma das partes da demanda ajuíza 
em face de terceiro, demanda regressiva condicional, 
alegando uma relação de garantia (própria ou imprópria) que 
geraria para o denunciado o dever jurídico de indenizar o 
denunciante no caso de sucumbência.
Desta forma, essa demanda regressiva só será apreciada se o 
denunciante sucumbir na demanda principal.
Só tem natureza de intervenção de terceiro quando ajuizada 
por demandado.
No chamamento ao processo, o demandado provoca a 
intervenção de terceiro, nos casos em que tenha deduzido no 
processo uma relação obrigacional ou quando exista também 
uma garantiasimples.
Além do devedor principal há o garantidor do credor que tem o 
dever jurídico de pagar em caso de não o fazer o devedor 
principal.
Realizado o chamamento ao processo a sentença poderá 
condenar tanto o demandado original quanto o chamamento 
ao processo.
Sendo o garantidor o pagante da dívida poderá valer-se da 
sentença como título executivo em seu favor para demandar a 
execução em face do outro condenado (devedor).
GISELE LEITE - 49
JUIZADOS ESPECIAIS
A partir do momento que o terceiro intervém, deixa de ser 
terceiro e passa a ser parte do processo, participando do 
contraditório.
O art. 10 da Lei 9.099/95 alega que não se admite modalidade 
de intervenção de terceiro que deve ser interpretada de forma 
ponderada.
Que na verdade só alcança as intervenções stricto sensu e 
alcançam a oposição e denunciação da lide.
Não obstante a vedação há duas modalidades de intervenção 
de terceiro que devem ser admitidas, a nomeação à autoria e 
o recurso de terceiro são hipóteses especialíssimas que 
devem ser aceitas sob pena de corromper o acesso à justiça.
No recurso de terceiro precisa ser admitido pois o recurso é 
interposto por quem deveria ter participado do processo, como 
litisconsórcio necessário.
A não se permitir o recurso de terceiro cria-se um problema 
enorme pois que transitada em julgado a sentença contra esta 
não será possível a ação rescisória.
A nomeação à autoria deve ser admitida nas causas a que se 
refere o art. 3º, IV da Lei 9.099/95 (demandas possessórias) 
cujos imóveis não ultrapasse a 40 salários mínimos.
É possível que a demanda possessória seja ajuizada em face 
do detentor em vez de o ser em face do possuidor.
Não se admite a intervenção de terceiro de qualquer 
modalidade.
A intervenção do Ministério Público é prevista no art. 11 da Lei 
9.099/95 que atua como parte da demanda ou como fiscal da 
lei (custos legis).
GISELE LEITE - 50
JUIZADOS ESPECIAIS
É de se excluir do processo dos Juizados Especiais na 
modalidade de parte pois as hipóteses cabíveis são 
incompatíveis com o microssistema.
A legitimidade ativa do MP referente a causas que envolvam 
direitos indisponíveis, como é sua legitimidade ativa 
extraordinária para as ações investigatórias de paternidade.
Por envolver o estado a capacidade das pessoas são causas 
de grande complexidade.
Por outro lado, possui o MP legitimidade para demandar tutela 
coletiva para proteger interesses supraindividuais (difusos, 
coletivos e individuais homogêneos), tais causas igualmente 
excluídas do microssistema, não obstante o silêncio da lei.
Porém revelador foi o art. 3º, § 1º da Lei 10.259/01 que 
expressamente excluiu dos Juizados Federais.
Evidencia-se, portanto que o MP não pode ser demandante 
nos Juizados Especiais Cíveis.
Quanto a atuação como custos legis previsto no art. 82 do 
CPC nas causas onde há interesses de incapazes, mas que 
tratam do estado da pessoa, poder familiar, tutela, curatela, 
interdição, casamento, ausência e testamento.
As primeiras hipóteses do art. 82 do CPC são causas de 
grande complexidade.
Por ser incompatível com a simplicidade, celeridade e 
economia processual típicas do microssistema dos Juizados 
Especiais resta afastada a intervenção do MP, sobrando 
apenas a possibilidade de atuação do MP em razão da 
matéria ou da qualidade da pessoa.
Sustenta Alexandre Freitas Câmara que com a entrada em 
GISELE LEITE - 51
JUIZADOS ESPECIAIS
vigor da Lei 10.259/01, revogou-se a proibição da presença 
das pessoas jurídicas de direito público estaduais, distritais ou 
municipais.
Dificilmente se verá na prática a participação do MP nos 
processos em que tramitam perante os Juizados Especiais 
Cíveis Estaduais.
 5 Unidade 5: Atos processuais
 5.1 Atos processuais
O processo é procedimento que se desenvolve em 
contraditório. E em sendo procedimento é composto por 
sequência de atos, atos processuais que recebem disciplina 
especial pela Lei 9.099/95.
Na sistemática comum prevê o CPC que os atos processuais 
são praticados entre as seis e as vinte horas.
Porém o art. 12 da Lei 9.099/95 prevê que os atos processuais 
podem ser praticados conforme as regras de organização 
judiciária.
Merece destaque a existência de Juizados Especiais Cíveis 
itinerantes que possam ir até o local do acidente permitindo 
que o judiciário possa se aproximar do jurisdicionado.
Quanto ao lugar dos atos processuais aplicam-se 
subsidiariamente as regras previstas no CPC. Mas em regra 
são praticados na sede dos Juizados Especiais Cíveis.
Serão realizados fora dali, a vistoria, a inspeção judicial e a 
colheita das pessoas enumeradas pelo art. 411 do CPC.
GISELE LEITE - 52
JUIZADOS ESPECIAIS
Se precisar citar o demandado em outra Comarca, se valerá 
de carta precatória, mas segundo o art. 12, § 2º da Lei 
9.099/95 tais atos serão requisitados por qualquer meio 
idôneo de comunicação.
A rigor, não se expede carta precatória nos processos dos 
Juizados.
A comunicação poderá ser feita via telefone, correio eletrônico 
e, isso corresponde à aplicação do princípio da informalidade 
e simplicidade do art. 2º da Lei 9.099/95.
E que ficou mais evidente com a Lei 11.419/2006, que tratou 
da informatização do processo judicial.
Os atos processuais são normalmente de forma livre, só 
sendo vinculada quando expressamente previsto na lei (CF 
art. 154, 1ª parte do CPC).
Mesmo havendo a forma vinculada, e não sendo observada, 
ainda assim será válido quando atingir sua finalidade 
essencial conforme o princípio da instrumentalidade das 
formas.
São públicos os atos processuais praticados nos Juizados 
mas há diferença quanto a documentação dos atos 
processuais, pois se o CPC impõe que todos os atos sejam 
documentados seja em mídia expressa ou digital, no 
microssistema vigora o artigo 13, § 3º da Lei 9.099/95 onde 
prevê documentação somente dos atos considerados 
essenciais.
Os demais atos poderão ser gravados em fita magnética ou 
equivalente que será inutilizada após o trânsito em julgado da 
sentença.
Frise-se que o processo dos Juizados não é autuado. Os atos 
GISELE LEITE - 53
JUIZADOS ESPECIAIS
essenciais são: a demanda, a resposta do réu, a sentença que 
devem ser registrados por escrito, valendo-se fichas ou 
formulários.
Nos demais atos podem ser gravados, como por exemplo o 
depoimento das testemunhas.
O art. 36 da referida lei claramente aduz que a prova oral não 
será reduzida por escrito devendo a sentença relatar e 
fundamentar essencialmente sobre o que trouxe 
esclarecimento sobre o processo.
A lei local disporá sobre a conservação das peças 
processuais. E qualquer destruição destas só é legítima 
quando dada a oportunidade das partes obterem cópias das 
mesmas.
É possível a prática de atos processuais por meios eletrônicos 
desde que atendidos os princípios Infra Estrutura de Chaves 
Públicas Brasileira – ICP-Brasil (Lei 11.419/2006).
 6 Unidade 6: A invalidade dos atos processuais
 6.1 A invalidade dos atos processuais.
A invalidade é, pois a consequência de não se praticar o ato 
processual na forma prevista na lei.
É, em outras palavras, o prejuízo decorrente do 
descumprimento do ônus de praticar o ato processual 
conforme o tipo previsto em lei.
Pode-se pois dizer que ato processual inválido é o ato 
processual atípico.
Há três tipos de invalidade processual, primeiramente se 
GISELE LEITE - 54
JUIZADOS ESPECIAIS
violada a norma cogente que se destina a proteger interesse 
público, estar-se-á diante de nulidade absoluta (como se dá, 
por exemplo, quando se profere sentença não fundamentada).

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