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TGP II GQ COMPETENCIAS UBIRATAN TEORIA GERAL DO PROCESSO UNICAP

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ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO 
UNICAP – UBIRATAN (TGP) 2016.2 
76 
 
FUNÇÕES JURISDICIONAIS 
(Competência de cada órgão judicial) 
 
Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário: 
I - o Supremo Tribunal Federal; 
I-A o Conselho Nacional de Justiça; 
II - o Superior Tribunal de Justiça; 
II-A - o Tribunal Superior do Trabalho; 
III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; 
IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho; 
V - os Tribunais e Juízes Eleitorais; 
VI - os Tribunais e Juízes Militares; 
VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios. 
§ 1º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de Justiça e os Tribunais Superiores 
têm sede na Capital Federal. 
§ 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têm jurisdição em todo o território 
nacional. 
 
OBS: Embora o CNJ esteja predisposto no inciso I-A, não é órgão jurisdicional. 
É do judiciário, mas exerce função Administrativa que compete fiscalizar o 
exercício da Magistratura. 
 
OBSERVAÇÃO GERAL: 
 
Originária é a competência do juízo que conhece e julga pela primeira 
vez uma causa. Em regra, é do juiz singular, mas há várias exceções 
em que o Tribunal possui competência originária (ex.: competência 
para julgar a ação rescisória). 
Derivada (ou recursal) é a competência para julgar a causa em grau 
de recurso. Em geral, compete aos Tribunais. Há poucas exceções 
em que um juiz singular possui competência derivada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO 
UNICAP – UBIRATAN (TGP) 2016.2 
77 
 
STF 
 
COMPETÊNCIA: todo órgão jurisdicional possui jurisdição. Essa jurisdição é 
delimitada para julgar alguns conflitos. Essa delimitação chama-se “competên-
cia”. 
 
Obs: Primeira função precípua do STF: Guarda da Constituição Federal. Ape-
sar de não ser a função exclusiva, é a função principal. O STF também tem a 
função do Controle de Constitucionalidade. 
 
No art. 102, e somente nele, estão tratadas as competências do Supremo Tri-
bunal Federal. Vamos entender: 
 
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda 
da Constituição, cabendo-lhe: 
 
Inciso I: processar e julgar, originariamente: significa que a ação se inicia lá; 
não passou por lugar nenhum antes. 
 
Inciso II: julgar em recurso ordinário. Quantas instâncias existem? Primeira 
instância e segunda instância. O que elas analisam? Tudo, inclusive fatos e 
provas. O Supremo Tribunal Federal terá alguma competência dessas? Sim. 
Está no inciso II. É uma competência “excepcional”. São circunstâncias em que 
ele atuará como uma segunda instância, em que ele analisará fatos e provas. 
Se ele atua como segunda instância, quer dizer que tal matéria já foi trata-
da/julgada por um outro órgão anteriormente. É quando o STF funciona como 
um revisor. 
 
Inciso III: recurso extraordinário. É a competência natural dele enquanto Tri-
bunal Supremo, superior a todos. 
 
Então prestem atenção no tipo de competência. Quando estamos tratando da 
competência originária, fala-se daquela que se inicia no referido tribunal. Ao 
se falar em competência originária, fala-se em instância única. Isso, como já 
ouvimos, é muito claro no Supremo Tribunal Federal: uma ação que começa no 
STF vai depois para onde? Para lugar nenhum. Então a competência originária 
fica clara nesse ponto. Mas esse mesmo raciocínio é para ser feito com relação 
à competência originária de qualquer tribunal. Exceto em alguns casos, como 
nos dos remédios constitucionais, a competência originária de tribunal não tem 
recurso ordinariamente previsto. 
Recurso ordinário é o que revê a causa como um todo: alguém julgou, outro 
reverá, e reverá tudo: fatos, provas, e matéria de direito. Revê e dá outra deci-
ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO 
UNICAP – UBIRATAN (TGP) 2016.2 
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são. Isso é ordinário. E nas competências originárias dos tribunais não 
existe recurso ordinariamente previsto, que possa rever a causa. 
Exemplos: 
 
Prefeitos: A Constituição diz que eles são julgados por crimes comuns no Tri-
bunal de Justiça do estado. Digamos que o TJ o julgou e o condenou a 20 anos 
de pena privativa de liberdade. Existe possibilidade de ele apelar? Não, pois 
essa é a competência originária, e não existe recurso ordinário previsto. Os 
Recursos Especiais e Recursos Extraordinários não caberão aqui porque não 
são ordinariamente previstos. Se couberem, eles caberão para analisar se a 
decisão violou lei, ou se violou a Constituição, respectivamente. Só caberão 
nas hipóteses que a Constituição prevê nos incisos III dos artigos 105 e 102. 
 
Governadores: segue o mesmíssimo raciocínio. Se o governador pratica um 
crime e o Superior Tribunal de Justiça, que é o tribunal competente para pro-
cessá-lo e julgá-lo, o condena, ele poderá apelar para o Supremo Tribunal Fe-
deral? Não, porque não há recurso ordinário. Será que cabe Recurso Extraor-
dinário? Difícil. Olhe as hipóteses do art. 102, inciso III. Se a decisão não cair 
num dos problemas ali relacionados, já era para o governador. Temos que ter 
essa visão: é mais comum que a decisão de tribunal seja correta ou incorreta? 
Veja bem: para ir ao STJ, o magistrado deve ter pelo menos 10 anos de expe-
riência. Então, é freqüente ele contrariar a Constituição? Certamente não. Esta-
tisticamente, o que é mais comum é obviamente não contrariar. Então, os re-
cursos ali, em sua maioria, são incabíveis. 
 
Essa idéia de recurso ordinário e extraordinário tem que estar em nossas ca-
beças. Se é competência originária, a instância é única, porque não cabe ne-
nhum recurso ordinário. 
 
- - - - - - - - - - 
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Consti-
tuição, cabendo-lhe: 
 
I - Processar e julgar, originariamente: 
 
Da alínea “a” até a “r” são ações que terão início e fim no Supremo Tri-
bunal Federal. 
 
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou es-
tadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo fe-
deral; 
 
Competência do Supremo Tribunal Federal para exercer a função de Tri-
bunal Constitucional nos moldes chamados europeus. É a competência 
para julgar a ação direta de inconstitucionalidade, fazendo o controle de 
ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO 
UNICAP – UBIRATAN (TGP) 2016.2 
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constitucionalidade concentrado. Vamos ver, no controle de constitucio-
nalidade, que existem basicamente, numa análise bem simplificadora, 
dois modelos: o americano e o europeu. Qual o Brasil adotou? Os dois 
modelos. Na alínea a temos o controle concentrado, que é o modelo eu-
ropeu. Ação direta, pois é ajuizada diretamente no Supremo. Ainda no 
controle concentrado, temos no § 1º do art. 102 tem uma norma criada 
por Gilmar Mendes: a argüição de descumprimento de preceito funda-
mental. Foi a Lei 9882/99, 11 anos depois de promulgada a Constituição. 
Esta é a primeira competência originária do Supremo, que é julgar origi-
nariamente as ADINs, ADCs e ADPFs. 
 
EM SUMA: ADIN FEDERAL OU ESTADUAL E ADC FEDERAL. 
 
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-
Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o 
Procurador-Geral da República; 
 
É o chamado foro especial por prerrogativa de função (o termo foro pri-
vilegiado é inapropriado). É quando esses agentes estatais forem acusa-
dos de ilícito penal comum (se for eleitoral, vai para a justiça eleitoral). O 
processo já começa no STF por prerrogativa de função por causa do car-
go que esses agentes numerados acima exercem. Sendo assim, diz respei-
to a quando o agente está no exercício de sua função. Não é uma atribui-
ção pessoal. 
 
Ex: se um Senador ou Deputado Federal não se reeleger e perder o man-
dato, sendo que corre um processoem fase avançada pelo STF, deixa de 
ter foro por prerrogativa e o STF remete para o juiz do local em que ele 
cometeu o crime. Da mesma maneira ocorre quando o agente é processa-
do pelo juiz de direito da comarca e só depois é eleito Deputado ou Se-
nador (por exemplo): o juiz remeterá o processo para o Supremo Tribunal 
Federal. 
 
c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Mi-
nistros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, 
ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os 
do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter 
permanente; 
 
Também foro especial por prerrogativa de função. Note a menção ao art. 
52, sobre o Poder Legislativo. 
 
Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal: 
I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de 
responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do 
Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles; 
ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO 
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d) o habeas corpus, sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alí-
neas anteriores; o mandado de segurança e o habeas data contra atos do 
Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado 
Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e 
do próprio Supremo Tribunal Federal; 
 
Aqui, trata-se da competência originária, ou seja, dos Habeas Corpus que 
já iniciam no STF (não quer dizer que todo Habeas Corpus no Brasil ini-
cia-se no STF, obviamente). Fala-se do Habeas Corpus, aqui, quando o 
agente é qualquer das pessoas referidas nas alíneas “b” e “c”. Assim, 
quando o HC visar soltar o Presidente da República, o Vice-Presidente, 
os membros do Congresso Nacional, os Ministros do Congresso, o Pro-
curador-Geral da República, os Ministros de Estado, os Comandantes da 
Marinha, do Exército e da Aeronáutica, os membros dos Tribunais Supe-
riores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplo-
mática de caráter permanente, os processos serão originários do STF. 
 
Para os agentes estatais, quando são presos irregularmente, se estiver na 
eminencia de sofrer uma prisão ilegal, eles próprios podem conseguir o 
HC. Se tais personagens forem alvo de cerceio de liberdade, o habeas 
corpus deve ser impetrado diretamente no Supremo. A alínea também fa-
la sobre outros remédios constitucionais. 
 
OBS: O STF também tem a competência de julgar HC em recurso ordi-
nário. Se assim o for, como será visto adiante no próximo inciso, signifi-
ca que quem julgou antes? Um tribunal superior. 
 
Art. 102, II, “a”. Cabe ao STF julgar, em recurso ordinário: o habeas cor-
pus, o mandado de segurança, o habeas data e o mandado de injunção decidi-
dos em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão; 
 
 
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: 
I - processar e julgar, originariamente: 
c) os habeas corpus, quando o coator ou paciente for qualquer das pessoas 
mencionadas na alínea "a", ou quando o coator for tribunal sujeito à sua juris-
dição, Ministro de Estado ou Comandante da Marinha, do Exército ou da Ae-
ronáutica, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; 
 
Sobre habeas corpus, ainda, além da alínea “d” há a alínea “i” do mesmo 
art. 102: 
 
i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator 
ou o paciente for autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos direta-
mente à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime sujeito à 
mesma jurisdição em uma única instância; 
 
ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO 
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Aqui temos condições de enxergar o seguinte: o delegado Protógenes 
Queiroz mandou prender Daniel Dantas. “Delegado mandou prender”. 
O habeas corpus é impetrado onde? Vejamos: Daniel Dantas é autorida-
de? Não. Então, é perante um juiz federal que o habeas corpus deve ser 
proposto. Imagine que o juiz federal denega o habeas corpus. O que pode 
o advogado de Dantas fazer? Raciocinem: o órgão de grau logo acima do 
juiz federal é o Tribunal Regional Federal. O TRF tem sua competência 
bem definida na Constituição, no art. 108. O que no interessa agora é a 
alínea d do inciso I: 
 
Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais: 
I - processar e julgar, originariamente: 
d) os habeas corpus, quando a autoridade coatora for juiz federal; 
 
Este inciso traz competências originárias do TRF. O juiz denegou a or-
dem, nisso, ele passou a ser a autoridade coatora. Então, a primeira hipó-
tese é de que, sendo a autoridade coatora o juiz federal, o que ca-
be? Habeas corpus perante o TRF. É competência originária dele. E qual 
a competência recursal do Tribunal Regional Federal? Está no inciso II: 
 
Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais: 
[...] II - julgar, em grau de recurso, as causas decididas pelos juízes federais e 
pelos juízes estaduais no exercício da competência federal da área de sua juris-
dição. 
 
Opa, note a sutileza: o TRF tem competência originária para conce-
der habeas corpus, desde que a autoridade coatora seja juiz federal, con-
forme a alínea d do inciso I do art. 108. Mas o TRF também tem compe-
tência para julgar, em grau de recurso, as decisões proferidas pelos juízes 
federais. Isso significa que o advogado de Dantas terá duas opções: ou 
ajuizar uma apelação, para mover a competência recursal do TRF, ou 
propor um novo habeas corpus. Não haveria diferença no resultado, mas 
o habeas corpus costuma sair mais rapidamente do que qualquer tipo de 
apelação. Então o advogado diligente optará pela competência originária, 
e impetrará novo habeas corpus perante o TRF. 
 
Mas e se, nesta etapa, a decisão do tribunal de segunda instância (o TRF), 
de conceder o habeas corpus também for denegatória? Aí cairemos na 
previsão da alínea “a” do inciso II do art. 105, portanto agora a cau-
sa sobe para o STJ. No caso de o advogado ter optado pelo novo habeas 
corpus, foi uma decisão baseada numa competência originária que o 
TRF tinha, portanto ela será dita “de instância única”. Mas, o que mais 
pode ser feito? 
 
ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO 
UNICAP – UBIRATAN (TGP) 2016.2 
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Quando o TRF denegou, ele passou a ser a autoridade coatora. Ao mes-
mo tempo, o TRF está sujeito à jurisdição do STJ. Então, tanto fará um 
RHC (recurso em habeas corpus) quanto um HC novo. Tanto pelo inciso 
I alínea i quanto pelo inciso II, alínea a: quando o coator for um Tribunal 
Superior. 
 
e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e a União, o Es-
tado, o Distrito Federal ou o Território; 
 
Exemplo: De um lado a ONU, e do outro o Estado de Minas Gerais. Não 
pode começar com o juiz de direito da comarca, pois tem repercussão in-
ternacional. 
 
Mas há algo parecido com as competências do STJ. O que é essa coisa e 
qual a diferença? Está nas partes, em um lado delas. Qual é a primeira 
hipótese de competência quando envolve Estado estrangeiro ou organis-
mo internacional? É aquele em que do outro lado está um município ou 
outra pessoa natural. Quando essa for a causa, a competência para julgar 
é do juiz federal. A competência para rever é do STJ, em recurso ordiná-
rio. É como apelação, e o STJ figura como a segunda instância. Agora a 
causa é diferente: não é município ou pessoa natural do outro lado: é 
União, ou estado-membro, Distrito Federal ou território. A competência 
não mais é de juiz federal para julgar. Agora, como a competência é ori-
ginária do Supremo Tribunal Federal, não caberá recurso. 
 
f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito Fe-
deral, ou entre uns e outros, inclusive as respectivasentidades da administra-
ção indireta; 
 
Exemplo: briga da União x Estado do Acre, ou Estado do Rio de Janeiro 
x Estado de São Paulo. Nenhum tribunal de justiça desses Estados poderá 
julgar. Tem que começar no STF. 
 
Essa competência do Supremo Tribunal Federal é a que ele exerce a fun-
ção de tribunal da Federação. Aqui, ele julga conflitos entre os estados de 
Minas Gerais e Bahia, Tocantins e a União, INSS e Rio Grande do Sul, 
etc.; são conflitos federativos, que envolvam algum conteúdo de ameaça 
ao pacto federativo. Ou seja, suponhamos que MG está concedendo isen-
ções fiscais ao ICMS para trazer mais empresas para seu território e ter 
desenvolvimento. Com isso, todas as empresas estão indo para lá, e os 
outros estados estão deixando de ter indústrias, portanto geração de em-
pregos. É o que chamamos de guerra fiscal. Os Estados têm que fazer um 
convênio para que não haja esse tipo de conflito. Então, suponhamos que 
um dos estados viole o convênio e estabeleça uma alíquota baixíssima. 
ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO 
UNICAP – UBIRATAN (TGP) 2016.2 
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Existe uma disputa que tem a ver com o pacto federativo? Sim, porque os 
estados membros da Federação são tratados de maneira igual, e eles têm 
que ter essa igualdade. Todas as desigualdades praticadas legalmente o 
são visando a uma igualdade posterior. Como criar instrumentos de de-
senvolvimento econômico ou social, como a Zona Franca de Manaus. O 
objetivo é visar à igualdade. Mas a guerra fiscal não; quem decide confli-
tos entre estados da Federação? O Supremo Tribunal Federal, que é o tri-
bunal da federação. Essa é informação é fundamental para a próxima ma-
téria, que é organização da Federação. 
 
g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro; 
 
É frequente, devido ao conteúdo politico da consequência da extradição. 
Quando o país estrangeiro pede a extradição, pede ao STF e ele examina 
a regularidade do pedido e se atém às regras do direito internacional. Se 
estiver tudo certo, o Procurador da Republica decide discricionariamente, 
politicamente, se extradita ou não. O STF faz o exame da juridicidade e 
decide se o pedido atende às regras do direito internacional ou brasileiro. 
 
Extradição: entrega de uma pessoa para outro Estado, mediante requeri-
mento. Entrega sem requerimento é expulsão. Existem três medidas 
compulsórias de saída de um estrangeiro de um território nacional. Estão 
na Lei 6815/80. A primeira delas é a deportação, a segunda é a expulsão 
e a terceira é a extradição. 
 
Imagine que um estrangeiro vem para o Brasil com visto de turista, que 
tem validade de 30 a 60 dias, mas amou o país e resolveu morar aqui. Já 
está aqui há dois anos, portanto irregular, e a polícia descobre isso. O que 
ela faz? Deportá-lo-á. A deportação é a retirada, a saída do estrangeiro do 
território nacional em razão de sua entrada ou estada irregular. Pode ser 
também na hipótese de ter entrado com documentos falsos, irregulares ou 
então mesmo entrou regularmente e o visto expirou. A deportação permi-
te que o estrangeiro retorne depois. Ele volta para seu país, e se conseguir 
novo visto, poderá voltar. 
 
Se ele veio para o Brasil e aqui está regularmente, com documentação em 
ordem, resolve se engajar em movimentos políticos no Brasil, e se trans-
forma em ativista violento? A lei 6815 diz que o estrangeiro não pode se 
envolver em atos políticos no Brasil, tanto que o estrangeiro no Brasil 
não tem direitos políticos aqui. Portanto se o estrangeiro se tornou incon-
veniente para o Brasil, ele é expulso. E não volta mais, a não ser que seja 
permitido. O Ministro da Justiça ou o Presidente da República assina o 
ato de expulsão. 
 
ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO 
UNICAP – UBIRATAN (TGP) 2016.2 
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A Extradição é o único ato que o Judiciário se envolve. O Executivo 
entrega o sujeito, mas apenas com a chancela do Judiciário. Então, há 
processo judicial. Por que isso? Porque tanto na deportação quanto na 
expulsão a pessoa que sairá daqui sairá livre, não importa para onde vai. 
Na extradição não, pois esta é uma medida que visa evitar impunidade de 
estrangeiro que cometeu crime em algum outro país que quer se refugiar 
aqui. Já aconteceu na Argentina, que foi o local escolhido por Adolf Ei-
chmann, nazista peça chave no holocausto, para ser seu porto seguro; ele 
foi abduzido pelo Mossad de Israel em 1960, vindo a ser enforcado em 
maio de 1962. Somente bem depois que a Argentina ficou sabendo da 
operação, o que causou um desagradável choque diplomático entre os 
dois países. 
 
Então, quem analisa o pedido de extradição? O Executivo. O Supremo 
Tribunal Federal depois analisa, para ver se todos os requisitos para a ex-
tradição, como ser crime nos dois países. O crime não pode ter prescrito 
em nenhum dos dois países. Crime praticado por brasileiro nato não per-
mite extradição. Uma vez autorizada pelo Supremo Tribunal Federal, o 
Presidente da República entrega o sujeito nas mãos das autoridades que 
estão requerendo. Por isso deve haver o devido processo legal. 
 
i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator 
ou o paciente for autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos direta-
mente à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime sujeito à 
mesma jurisdição em uma única instância; 
 
Tribunal Superior: TSE, STJ, TST, STM. Primeiramente fala-se em Coa-
tor, apenas, e depois em Coator ou Paciente. 
 
Do processo de habeas corpus participam as seguintes pessoas: 
 
1. O Impetrante – é aquele que requer ou impetra a ordem de habeas 
corpus a favor do paciente; 
2. O Paciente – é o individuo que sofre a coação, a ameaça, ou a vio-
lência consumada. Pode ela mesma impetrar a ordem, ou pode outra 
pessoa impetrá-la em seu favor. No primeiro caso o paciente e o im-
petrante se confundem na mesma pessoa. 
3. O Coator – é quem pratica ou ordena a prática do ato coativo ou da 
violência, ou seja, é a pessoa que de qualquer modo, causa ou ameaça 
causar ao paciente um constrangimento ilegal. Normalmente é a auto-
ridade, policial ou judiciária, a responsável pela coação, mas isto não 
exclui a possibilidade de o particular também exercê-la, caben-
do habeas corpus para remediá-la. 
 
ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO 
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j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados; 
 
A revisão criminal e ação rescisória são ações para rever o que já transi-
tou em julgado. No geral, tais ações não cabem mais revisão, exceto nas 
hipóteses em que a lei permite. Quando que ela permite, no âmbito cível? 
Até dois anos depois do trânsito em julgado, em raras hipóteses. 
 
No caso da revisão criminal, suponha que a decisão do Supremo Tribunal 
Federal transitou e, depois, descobre-se uma prova à qual não se tinha 
acesso à época do julgamento, que inocentaria o sujeito. No âmbito pe-
nal, não há limitação de prazo para revisão. Somente no âmbito do cível, 
por motivos óbvios: o bem jurídico envolvido. 
 
Uma das características do ato jurisdicional é a sua definitividade. Só há 
quando a sentença se torna imodificável, com status de coisa julgada; O 
acrescimo é que os processos não penais, isto é, os julgados cíveis depois 
da certidão do transito em julgado, se consolida, mas são modificáveis. 
 
Ex: Decisão absolutória, em que decide-se que fulano não foi culpado e 
amanha aparece a prova que era culpado. Não cabe mais revisão crimi-
nal, porque fulano já sofreu o processo penal que tinha que sofrer e os 
órgãos públicos foram ineficientes. A pessoa não será submetida de novo 
a todo o julgamento. 
 
Ex: O processo começa com o juiz de direito da comarca, teve o recurso 
para o TJ e STJ e terminou no STF com o controle incidental de constitu-
cionalidade. Percebe-se que o juiz de direito da comarca antesfoi promo-
tor de justiça da causa. Cabe uma ação rescisória no STF, alegando-se a 
contaminação desde a origem: tem que anuar tudo e o STF tem que voltar 
com tudo. Nos processos penais a medida equivalente chama-se revisão 
criminal e nos processos civis é chamado de ação rescisória, sendo nesse 
último tanto sentença de mérito procedente ou improcedente. No proces-
so penaç é mais restrito: só é cabível a revisão criminal de julgados con-
denatórios (desfavoráveis ao acusado). 
 
l) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autori-
dade de suas decisões; 
 
Se alguém descumpre uma decisão do Supremo Tribunal Federal ou jul-
ga uma causa que era de competência dele, o instrumento adequado cha-
ma-se reclamação. Tem que reclamar no órgão que teve a sua competên-
cia usurpada. 
 
ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO 
UNICAP – UBIRATAN (TGP) 2016.2 
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m) a execução de sentença nas causas de sua competência originária, faculta-
da a delegação de atribuições para a prática de atos processuais; 
 
Para todas essas causas que vimos, como entre União x Estados, o Su-
premo Tribunal Federal pode ter dito que “o Estado deve pagar tantos 
milhões para a União”. Essa é a decisão para uma ação cível originaria 
com base na alínea f. Isso é a decisão. A outra coisa é a execução dessa 
decisão. Quem determinará essa execução, como a competência é origi-
nária, é o próprio STF. Exemplo: Raposa Serra do Sol: foi julgada com 
base na alínea f. Conflito entre União, com terras ocupadas por índios, ou 
do estado de Roraima. A decisão nesse caso é do tribunal da federação, 
que é o Supremo Tribunal Federal. 
 
Ex: O STF emite um mandado de segurança em favor de alguém (proces-
so penal cognitivo condenatório) em que o coator foi o Presidente da Re-
pública. A execução do pagamento sera feito pelo próprio STF, execu-
tando a sua própria decisão. 
 
n) a ação em que todos os membros da magistratura sejam direta ou indireta-
mente interessados, e aquela em que mais da metade dos membros do tribunal 
de origem estejam impedidos ou sejam direta ou indiretamente interessados; 
 
Quando acontece uma causa em que haja interesse da magistratura em 
geral, com todos os juízes com interesse em determinado sentido, o único 
tribunal imparcial será o Supremo Tribunal Federal. 
 
o) os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de Justiça e quaisquer 
tribunais, entre Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer outro tribunal; 
 
É aquela lógica do conflito de competência. O tribunal que estiver acima 
dos envolvidos é que será o tribunal competente para decidir o conflito. 
No caso da competência do Supremo Tribunal Federal, se estiver envol-
vido um tribunal superior, o STF decidirá independente de quem esteja 
no outro pólo. 
 
Ocorre um conflito quando dois órgãos jurisdicionais se dão por incom-
petência ou por competencia um manda para o outro. Ex: Manda para o 
STJ e este diz que não é competente, então manda-se para o TST e este 
também diz que não é competente. O processo fica no ultimo órgão que o 
recebeu e se suscita o conflito. Faz-se um oficio para o STF e ele decide 
quem vai julgar: se é o TST ou STJ. É mais comum conflito negativo do 
que conflito positivo. 
 
p) o pedido de medida cautelar das ações diretas de inconstitucionalidade; 
 
ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO 
UNICAP – UBIRATAN (TGP) 2016.2 
87 
 
Ajuizada a ADI, o relator para quem for distrbuido o processo já pode 
apreciar a Medida Cautelar para a inconstitucionalidade. Ainda não é o 
julgamento do mérito do controle concentrado, é o juízo cautelar precá-
rio, provisório. 
 
As vezes o ministro defere ou indefere a MC e passa muito tempo para o 
mérito ser apreciado, mas a MC é uma medida do curso do processo cog-
nitivo de tutela coletiva de interesses difusos chamado ADI. A eficária 
subjetiva da ADI e a MC nela deferida é UNIVERSAL. 
 
Lógico, pois se o Supremo Tribunal Federal é o único competente para 
julgar ações diretas, é ele que deverá ter esta competência. 
 
q) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for 
atribuição do Presidente da República, do Congresso Nacional, da Câmara dos 
Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, 
do Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio 
Supremo Tribunal Federal; 
 
O mandado de injunção, previsto no artigo 5º, inciso LXXI 
da Constituição do Brasil de 1988, é um dos remédios-garantias constitu-
cionais, sendo, segundo o STF, uma ação constitucional usada em um ca-
so concreto, individualmente ou coletivamente, com a finalidade de 
o Poder Judiciário dar ciência ao Poder Legislativo sobre a ausência de 
norma regulamentadora, o que torna inviável o exercício dos direitos e 
garantias constitucionais e das prerrogativas inerentes 
à nacionalidade, soberania e cidadania. 
 
Como saberemos de quem será a competência para julgar o mandado de 
injunção, em geral? Temos que saber quem é o competente para elaborar 
a norma regulamentadora. Se for um desses aí da alínea, será o Supremo 
Tribunal Federal o competente. 
 
Em suma, ocorre quando não tem regra implementadora na CF. É impe-
trado já no STF, a depender de quem está na omissão de editar a norma 
regulamentadora. A disciplina so vai atingir o impetrante que está preci-
sando da medida. 
 
r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra o Conselho Nacio-
nal do Ministério Público; 
 
Esses dois órgãos, de controle do poder Judiciário e do Ministério Públi-
co, controlarão o Poder Judiciário na prática dos atos em geral. Mas 
quem controla o Conselho Nacional de Justiça? A ação terá que ser pro-
posta contra o Conselho Nacional de Justiça perante o Supremo Tribunal 
ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO 
UNICAP – UBIRATAN (TGP) 2016.2 
88 
 
Federal. Por quê? Inciso XXXV, princípio da indeclinabilidade. do art. 
5º. O competente para apreciar essa ação é o próprio Supremo Tribunal 
Federal. O presidente do CNJ é presidente do STF e o presidente do Mi-
nistéio Público é o Procurador Geral da República. 
 
II - Julgar, em recurso ordinário: 
 
a) o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data e o mandado 
de injunção decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se de-
negatória a decisão; 
 
Já começa e um Tribunal Superior em única instância e só vai para o STF 
se a decisão for denegatória, ou seja, tem que ser negativa a quem pediu, 
caso contrário não caberá tal recurso. 
 
Só remédios constitucionais. Todos esses decididos onde? Somente aque-
les decididos nos tribunais superiores, em única instância. Ou seja, na-
quela competência originária do STJ para julgar HC, que estava no 
art. 105, inciso I, alínea c: os habeas corpus contra aquelas autoridades 
poderão ensejar recurso ordinário no Supremo Tribunal Federal. 
 
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: 
I - processar e julgar, originariamente: 
c) os habeas corpus, quando o coator ou paciente for qualquer das pessoas 
mencionadas na alínea "a", ou quando o coator for tribunal sujeito à sua juris-
dição, Ministro de Estado ou Comandante da Marinha, do Exército ou da Ae-
ronáutica, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; 
 
Como a concessão de habeas corpus é competência originária do STJ, 
caberá recurso ordinário em habeas corpus para o STF, e todos os demais 
remédios constitucionais. 
 
b) o crime político; 
 
Crime político é aquela prática de tipo penal por qualquer motivação po-
lítica. Uma coisa é uma extorsão mediante sequestro, outra é fazer isso 
com finalidade política. 
 
Cabe ao Supremo julgar em recurso ordinário, ou seja, uma apelação, em 
caso de crime político. Se o Supremo Tribunal Federal é a segunda ins-
tância, quem foi a primeira? 
 
Método pararesponder a pergunta acima: “É da justiça especializada?” 
Não. Então, deve-se ler o art. 108 e depois o 109. Se não estiver nesses 
artigos, será de competência da justiça estadual. Mas felizmente encon-
tramos no art. 109, inciso IV: 
ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO 
UNICAP – UBIRATAN (TGP) 2016.2 
89 
 
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: 
 
[...] 
 
IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços 
ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas 
as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral; 
 
Visto isso, quem julga os crimes políticos, portanto, é o juiz federal. En-
tão, contra decisão de juiz federal que julgou crime político caberá recur-
so para o Supremo Tribunal Federal. O recurso vai direto para o STF. 
Se não for crime político, vai do juiz federal → TJ → STJ → STF. 
 
III - Julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última 
instância, quando a decisão recorrida: 
 
É para exercer o controle de constitucionalidade difuso (inter partes); via 
de defesa de exceção. Quando fala-se na hipótese de “última instância” 
refere-se aos casos em que começou com um juiz de direito → TJ → 
STJ. Antes do STF, portanto, nesses casos, quem agiu foi o STJ (“última 
instância”). 
 
O STF é o guardião da Constituição. É ele que tem a última palavra para 
dizer se a Constituição foi ou não violada. Como dar essa última palavra? 
Por meio do Recurso Extraordinário (RE). Ou seja, cabe RE contra deci-
sões proferidas em única ou última instância quando essa decisão incor-
rer num dos problemas que o inciso enumera (a seguir). 
 
Para o STF e o STJ, esse inciso III (respectivamente dos artigos 102 e 
105) contém aquela atribuição que é como se fosse o que há de natu-
ral para eles: o RE (Recurso Extraordinário) e o RESP (Recurso Especi-
al), respectivamente. Ambos são competências extraordinárias, mas ape-
nas o RE tem o nome de extraordinário. 
 
É nesse inciso III que o STF vai exercer o controle difuso de constitucio-
nalidade para a maior parte das vezes. Se é difuso, então a competência 
para realizá-lo encontra-se disseminada. Isso significa que todos os juízes 
e tribunais farão esse controle de constitucionalidade. Nesse controle, ca-
berá ao Supremo dar a última palavra por meio do Recurso Extraordiná-
rio. 
 
Nas alíneas a seguir está subjacente a matéria constitucional. Já foi deci-
dido o conflito antes e o STF dirá se a decisão recorrida agride ou não a 
Constituição. O recurso extraoridinário que interpõe é somente com base 
no Direito Constitucional. Não é “para pedir justiça” mas sim para con-
trole de constitucionalidade. Tem que ser uma agressão direta ou indireta 
ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO 
UNICAP – UBIRATAN (TGP) 2016.2 
90 
 
à norma constitucional. A norma é tão abrangente que fala “instância” e 
não “tribunal”. 
 
a) contrariar dispositivo desta Constituição; 
 
É excepcional esse tipo de coisa? Se não for excepcional, teríamos que 
cassar todos esses juízes! Tem que ser excepcional uma decisão que vá 
contrariar uma norma constitucional. Pode acontecer sim, se for o caso, 
caberá Recurso Extraordinário. 
 
b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; 
 
Uma decisão que declarar a inconstitucionalidade de determinada lei fe-
deral ou tratado. O Supremo é, precipuamente, o guardião da Constitui-
ção, mas não apenas ele. No Brasil, todos os juízes e tribunais estão auto-
rizados a exercer a jurisdição constitucional; todos têm que aplicá-la. Por 
isso o recurso é dito extraordinário, porque os julgadores estão sob essa 
obrigação de observar a Constituição. Nisso, eles poderão identificar que 
determinada lei é inconstitucional e assim a declaram. Quando um juiz 
ou tribunal fizer isso, caberá RE. Por quê? Quem pode falar por último se 
algo é mesmo inconstitucional ou não é o Supremo. Pela existência desse 
poder de falar por último, caberá o Recurso Extraordinário. A ele compe-
te a interpretação final do que é ou não conforme a Constituição, não po-
dendo ficar, assim, mantida a decisão a respeito da constitucionalidade de 
determinada lei ou tratado de um tribunal ou juiz, a menos que a parte in-
teressada perca o prazo para ajuizar seu RE. 
 
c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Consti-
tuição. 
 
Mesma hipótese em relação ao STJ, mas desta vez com relação à Consti-
tuição. Se existe um ato de governo local ou lei local, feita pela Assem-
bléia Legislativa do Estado, que é contestada em face da Constituição, 
quem dirá por último se o ato de governo ou ato legislativo local é váli-
do? Supremo, por meio do RE. 
 
d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal. 
 
Essa parece, à primeira vista, ser uma competência do STJ. Os estados, 
os municípios e a união têm seus Legislativos, certo? Sobre o que que 
cada um dos Legislativos (municipal, estadual e federal) legislarão? 
Quem diz a quem cabe o quê? A Constituição. Então, se uma lei estadual 
viola uma lei federal, o problema será do Supremo Tribunal Federal, a re-
ferida lei violou a Constituição antes de tudo, quando esta atribuiu as 
competências. Aquilo que contradiz a Constituição é inconstitucional, e 
ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO 
UNICAP – UBIRATAN (TGP) 2016.2 
91 
 
não ilegal. A norma estadual pode ter invadido o espaço da municipal, 
mas nisso a ofensa foi à Constituição. Então, por causa da redação desta 
alínea, ficava parecendo mesmo que era uma competência do STJ, mas 
toda vez que esta regra era invocada, um RE era impetrado junto ao Su-
premo, sempre. Por isso moveram de lugar essa alínea. 
 
 § 1.º A argüição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente desta Cons-
tituição, será apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei. 
 
§ 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, nas 
ações diretas de inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de constitucionalida-
de produzirão eficácia contra todos e efeito vinculante, relativamente aos demais ór-
gãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas fede-
ral, estadual e municipal. 
 
§ 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral 
das questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tri-
bunal examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação 
de dois terços de seus membros. 
- - - - - - - - - - 
 
STJ 
 
a) Originária: O STJ também pode funcionar como instância de origem, ou se-
ja, há demandas que já começam no STJ. 
b) Recursal: 
• Ordinária 
• Especial 
Ressalte-se: quando um tribunal exerce competência originária, ele está exer-
cendo sua competência de forma única. Não existe duplo grau de jurisdição 
quando a competência é originária. Nos tribunais, já é um colegiado de no 
mínimo três que julga, a colegialidade contrapõe o duplo grau de jurisdi-
ção. O duplo grau de jurisdição não é um direito constitucionalmente previsto, 
mas em lei infraconstitucional. Então, a própria Constituição excepciona a pos-
sibilidade de duplo grau de jurisdição quando prevê competências originárias. 
Quando um tribunal julga em competência originária, ele está julgando de for-
ma única. Significa que não há recurso ordinariamente previsto. Pode até haver 
o recurso extraordinário, mas não tem nenhum recurso cabível que permita 
que se possam analisar novamente fatos e provas. Releiamos, portanto, ao 
art. 105, inciso I. O que é isso? Quando o STJ está julgando nessa competên-
cia originária, ele funciona como o foro especial por prerrogativa de função. Ou 
seja, a competência originária do Tribunal é sero foro especial dessas autori-
ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO 
UNICAP – UBIRATAN (TGP) 2016.2 
92 
 
dades. Quando um governador de estado comete um crime, a denúncia deve 
ser oferecida diretamente no STJ, que funcionará como se fosse um juiz de 
direito; realizará audiências, ouvirá testemunhas, fará uma análise ordinária 
mesmo, e dará uma decisão. Dessa decisão cabe recurso? Não. 
Essa impossibilidade de recorrer fica bem clara quando vemos a competência 
originária do STF. Se ele emite uma decisão, para quem se recorreria? Não há 
quem. Mas o mesmíssimo raciocínio funciona para todos os tribunais. Entretan-
to, “para todos os tribunais”, há a possibilidade, se e somente se acontecer 
uma das hipóteses da Constituição, de ser cabível um recurso extraordinário (a 
essa altura, já está claro que “recurso extraordinário” aqui está empregado em 
sentido amplo, pois todos os tribunais têm sua competência extraordinária; en-
tretanto é apenas no Supremo que essa competência se dará pelo instrumento 
chamado recurso extraordinário, o famoso RE. Não esqueça que, no caso do 
STJ, o RESP, apesar de ter o nome de “recurso especial”, é um recurso extra-
ordinário também). Mas recurso extraordinário, como o próprio nome diz, é 
muito ocasional, e não podemos pensar nele como um recurso ordinário; a ca-
da dia está mais difícil a admissão de um. 
 
- - - - - - - - - - 
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: 
 
I - Processar e julgar, originariamente: 
 
a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, 
nestes e nos de responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais de 
Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais de Contas 
dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais Federais, dos 
Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou 
Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério Público da União que 
oficiem perante tribunais; 
 
Nessa alínea está a competência do STJ para julgar crime de tais autori-
dades, mas não qualquer tipo de infração. Fala-se em “crimes comuns”, 
logo, afasta-se as hipóteses de crime eleitoral e militar. Trata-se da prer-
rogativa de foro comentada anteriormente. 
 
Se quem cometer o crime de responsabilidade for: 
• Governador do Estado: julgado pela Assembleia Legislativa. 
• Presidente da República: julgado pelo Senado Federal. 
• Prefeito do município: julgado pela Câmara de Vereadores. 
• Deputado Federal: julgado pela Câmara dos Deputados. 
• Deputado Estadual: julgado pela Assembleia Legislativa. 
 
Resumindo: o STJ não trata dos crimes de responsabilidade praticados 
por Governadores dos Estados e do Distrito Federal. Se quem cometer o 
crime comum for o Presidente da República, será julgado pelo STF. 
ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO 
UNICAP – UBIRATAN (TGP) 2016.2 
93 
 
b) os mandados de segurança e os habeas data contra ato de Ministro de 
Estado, dos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou do 
próprio Tribunal; 
 
Atenção às exceções. Mandados de segurança e HD quando o ato ilícito 
for praticado por ministro de Estado, comandante da Marinha, Exército 
ou Aeronáutica. Diga-se, então, que um indivíduo teve seu direito líquido 
e certo violado por uma de tais autoridades. Então, ele ajuizará o manda-
do de segurança diretamente perante o STJ. 
Tabela desbugadora de mentes: 
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipu-
amente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: 
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: 
I - Processar e julgar, originariamente: I - Processar e julgar, originariamente: 
d) o MANDADO DE SEGURANÇA e o HABEAS DATA 
contra atos do Presidente da República, das Mesas da 
Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal 
de Contas da União, do Procurador-Geral da República e 
do próprio Supremo Tribunal Federal; 
b) o MANDADO DE SEGURANÇA e o HABEAS DATA contra ato 
de Ministro de Estado, dos Comandantes da Marinha, do Exército 
e da Aeronáutica ou do próprio Tribunal; 
 
c) os habeas corpus, quando o coator ou paciente for qualquer das pessoas 
mencionadas na alínea "a", ou quando o coator for tribunal sujeito à sua jurisdi-
ção, Ministro de Estado ou Comandante da Marinha, do Exército ou da Aero-
náutica, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; 
 
Por que há a ressalva a competência da justiça eleitoral? Porque ela é es-
pecializada, então tudo que for eleitoral irá para a justiça eleitoral mes-
ma.Não há como os tribunais julgarem coisas eleitorais. Agora preste 
atenção no Habeas corpus. O que ele é? Outro remédio constitucional. 
Ele é o remédio constitucional que protege o bem jurídico mais importan-
te, fora a vida: a liberdade. A Constituição, por isso, criou um esquema, 
para o habeas corpus, que permite uma exceção a algo que já frisamos 
muito. Aqui sim, excepcionalmente, e muito excepcionalmente, é possí-
vel haver terceira e quarta instância. Quando o habeas corpus for impe-
trado contra essas autoridades, ou quando elas forem pacientes, a compe-
tência é originária do STJ. 
Tabela para desbugadora de mentes: 
 
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipua-
mente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: 
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: 
I - Processar e julgar, originariamente: I - Processar e julgar, originariamente: 
d) os HABEAS CORPUS, sendo paciente qualquer das pes-
soas referidas nas alíneas anteriores (o Presidente da Repú-
blica, o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, 
seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República, os 
Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exérci-
to e da Aeronáutica, os membros dos Tribunais Superiores, os 
do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplo-
mática de caráter permanente); 
i) os HABEAS CORPUS, quando o coator for Tribunal Superi-
or ou quando o coator ou o paciente for autoridade ou funcio-
nário cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do 
Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime sujeito à 
mesma jurisdição em uma única instância; 
 
c) os HABEAS CORPUS, quando o coator ou paciente for 
qualquer das pessoas mencionadas na alínea "a" (os Gover-
nadores dos Estados e do Distrito Federal, os desembargado-
res dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, 
os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distri-
to Federal, os dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais 
Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conse-
lhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério 
Público da União que oficiem perante tribunais), ou quando o 
coator for tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de Estado 
ou Comandante da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, 
ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; 
ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO 
UNICAP – UBIRATAN (TGP) 2016.2 
94 
 
COMPARATIVO DO HABEAS CORPUS 
 
 
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL 
 
 
PACIENTE 
 
• Presidente da República 
 
• Vice-Presidente 
 
• Membros do Congresso Nacional 
 
• Ministros do STF 
 
• Procurador-Geral da República; 
 
• Ministros de Estado 
 
• Membros do Tribunal de Contas da União 
 
• Comandantes da Marinha, do Exército e 
da Aeronáutica 
 
• Membros dos Tribunais Superiores 
 
• Chefes de missão diplomática de caráter 
permanente 
 
• Autoridade ou funcionário cujos atos este-
jam sujeitos diretamente à jurisdição do 
Supremo Tribunal Federal 
 
COATOR 
 
• Tribunal Superior 
 
• Autoridade ou funcionário cujos atos este-
jam sujeitos diretamente à jurisdição do 
Supremo Tribunal Federal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA 
 
 
PACIENTE 
 
• Governadores dos Estados e do Distrito 
Federal;• Desembargadores dos Tribunais de Justi-
ça dos Estados e do Distrito Federal; 
 
• Membros dos Tribunais de Contas dos 
Estados e do Distrito Federal 
 
• Membros dos Tribunais Regionais Fede-
rais, Eleitorais e do Trabalho 
 
• Membros dos Conselhos ou Tribunais de 
Contas dos Municípios e os do Ministério 
Público da União que oficiem perante tri-
bunais 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
COATOR 
 
• Governadores dos Estados e do Distrito 
Federal 
 
• Desembargadores dos Tribunais de Justi-
ça dos Estados e do Distrito Federal 
 
• Membros dos Tribunais de Contas dos 
Estados e do Distrito Federal 
 
• Membros dos Tribunais Regionais Fede-
rais, Eleitorais e do Trabalho 
 
• Membros dos Conselhos ou Tribunais de 
Contas dos Municípios e os do Ministério 
Público da União que oficiem perante tri-
bunais 
 
• Tribunal sujeito à sua jurisdição 
 
• Ministro de Estado ou Comandante da 
Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, 
ressalvada a competência da Justiça Elei-
toral 
ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO 
UNICAP – UBIRATAN (TGP) 2016.2 
95 
 
COMPARATIVO DO MANDADO DE SEGURANÇA E DO HABEAS DATA 
 
 
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL 
 
CONTRA ATOS: 
 
• Do Presidente da República 
 
• Das Mesas da Câmara dos Deputados e 
do Senado Federal 
 
• Do Tribunal de Contas da União 
 
• Do Procurador-Geral da República 
 
• Do próprio Supremo Tribunal Federal; 
 
 
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA 
 
CONTRA ATOS: 
 
• De Ministro de Estado 
 
• Dos Comandantes da Marinha, do Exérci-
to e da Aeronáutica 
 
• Do próprio Tribunal; 
 
 
 
 
- - - - - - - - - - - - - - - - 
 
d) os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvado o dis-
posto no art. 102, I, "o", bem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados 
e entre juízes vinculados a tribunais diversos; 
 
Conflito de competências é uma ação proposta no juízo competente para 
solucionar a disputa ou a repulsa entre juízes que se entendem, exclusi-
vamente, como os competentes para julgar determinada causa, ou que 
negam a competência para emitir tal juízo. O conflito de competências 
pode ser, assim, positivo ou negativo. Num caso de magistrados dispu-
tando positiva ou negativamente a competência, o órgão que resolverá se-
rá o imediatamente acima. Se dois juízes de direito repelem a competên-
cia para a apreciação de uma ação, é o Tribunal de Justiça do estado que 
solucionará esse conflito. O STJ, por sua vez, é quem resolverá qual-
quer conflito de competência envolvendo qualquer tribunal a ele 
submetido. O STJ é um tribunal de justiça comum, como se sabe. Os tri-
bunais que estão submetidos a ele são os TJs e TRFs. O primeiro grau de 
jurisdição da justiça comum são os Juizos de Direito, enquanto o primei-
ro grau de jurisdição da justiça especializada são os Juizos Federais. Os 
recursos que chegam ao STJ são das decisões proferidas por esses tribu-
nais, mas não por questão de matéria constitucional pois, nesse caso, irá 
direto para o STF como visto. 
 
Ressalva sobre o STF: se um dos tribunais envolvidos num conflito de 
competências for um tribunal superior, caberá ao Supremo dirimir tal 
conflito, independente de quem esteja do outro lado. É uma lógica fácil 
de entender. 
 
 
 
ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO 
UNICAP – UBIRATAN (TGP) 2016.2 
96 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Primeira hipótese: “entre quaisquer tribunais” 
 
Exemplos: 
 
I. TRT x TJ → vai para o STJ 
II. TJ x TRF → vai para o STJ 
III. TRT x TRE → vai para o STJ. 
 
Nesse caso, nem o TSE nem o TST pode julgar. O conflito 
irá para o STJ, visto que conflitos entre tribunais vai para 
lá, independentemente de ser: 
 
Tribunal de justiça comum x Tribunal de justiça especializado (I) 
Tribunal de justiça comum x Tribunal de justiça comum (II) 
Tribunais de justiça especializado x Tribunal de justiça especializado (III) 
 
Obs: O STF trata de conflitos entre Tribunais Superiores 
ou entre um Tribunal Superior x Tribunal Inferior. Se for 
entre Tribunais intermediários vai para o STJ. 
 
Segunda hipótese: “entre tribunal e juízes a eles não vinculados” 
 
Exemplos: 
 
I. TRT x Juiz de Direito 
II. TRF x Juiz de Direito 
III. TJ x Juiz Federal 
IV. TRE x Juiz do Trabalho 
 
Terceira hipótese: “entre juízes vinculados a tribunais diversos” 
 
Exemplos: 
 
I. Juiz de Direito x Juiz do Trabalho 
II. Juiz Federal x Juiz Eleitoral 
 [...] 
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e) as revisões criminais e as ações rescisórias de seus julgados; 
 
O ordenamento jurídico excepciona a segurança jurídica desde que esteja 
dentro do prazo de dois anos passados da sentença, para se ajuizar ação 
rescisória. Condenação criminal: imagine que o sujeito cumpra integral-
mente a pena por homicídio e a vítima aparece depois de 20 anos. A revi-
são criminal pode ser feita a qualquer tempo. Qual seria o interesse? 
Limpar o histórico do condenado, mesmo que ele tenha cumprido a pena 
toda; o efeito será como que se ele não tivesse sido condenado. 
 
Trata-se de processos que começaram e terminaram no STJ, ou daqueles 
que começaram no juízo de direito → TJ → STJ. A revisão criminal e a 
ação rescisória desses julgados vão desconstituir a coisa julgada para o 
STJ. Em outras palavras: transitou em julgado no STJ, cabe ação rescisó-
ria ou revisão criminal no próprio STJ. 
 
f) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autori-
dade de suas decisões; 
 
Como vemos, o Superior Tribunal de Justiça tem competência originária, 
recursal ordinária e recursal extraordinária. Mas pode ser que um juiz de 
direito ou o TRF, por exemplo, esteja julgando uma causa que seja de 
competência do STJ. E aí? Quando a parte interessada perceber, ela ajui-
zará uma reclamação junto ao STJ, com o teor: “STJ, estão violando a 
sua competência”. 
 
Aqui, um órgão administrativo ou jurisdicional diferente do STJ pratica 
umm ato que é da competência do STJ, isso é, há a usurpação da compe-
tência do STJ. A vitima dessa usurpação irá ao STJ. Essa tal reclamação 
é de conteúdo DESCONSTITUTIVO. Irá pôr abaixo a decisão ou ato 
administrativo correspondente. 
 
g) os conflitos de atribuições entre autoridades administrativas e judiciárias 
da União, ou entre autoridades judiciárias de um Estado e administrativas de 
outro ou do Distrito Federal, ou entre as deste e da União; 
 
Os tribunais também exercem funções administrativas. Se qualquer auto-
ridade administrativa (Ministro de Estado, Oficial de Gabinete, Vice-
Presidente da República) disser que é competente ou incompetente para 
tal atribuição administrativa e chocar com a atribuição de uma autoridade 
judiciária da União (Presidente do TRF, STJ, STM), vai para o STJ. 
 
Exemplo: o STM precisa fazer uma licitação para comprar computadores 
e o Ministro da Fazenda resolve fazer uma licitação para isso. O pessoal 
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do STM alega que não pode, pois aquela competência administrativa é do 
STM e não do Ministro da Fazenda. Há, aqui, um conflito de atribuições 
que será mandado para o STJ decidir. Não julga processo, julga-se fun-
ção administrativa. 
 
Conflito de atribuições ≠ Conflito de competências. Aqui no conflito 
de atribuições há uma autoridade administrativa envolvida. O STJ é 
competente para resolver esse conflito. 
 
h) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora 
for atribuição de órgão, entidade ou autoridade federal, da administração direta 
ou indireta, excetuados os casos de competência do Supremo Tribunal Federal 
e dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da 
Justiça Federal; 
 
 Essasautoridades sublinhadas tratam-se das autoridades de “segundo es-
calão”. As autoridades de “primeiro escalão” são tratadas pelo STF. 
 
STF STJ 
q) o mandado de injunção, quando a elabora-
ção da norma regulamentadora for atribuição do 
 
• Presidente da República 
• Congresso Nacional 
• Câmara dos Deputados 
• Senado Federal 
• Mesas de uma dessas Casas Legislativas 
• Tribunal de Contas da União 
• Um dos Tribunais Superiores 
• Próprio Supremo Tribunal Federal 
 
h) o mandado de injunção, quando a elabora-
ção da norma regulamentadora for atribuição de 
 
• Órgão, entidade ou autoridade federal, da 
administração direta ou indireta, excetuados 
os casos de competência do Supremo Tribu-
nal Federal e dos órgãos da Justiça Militar, 
da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e 
da Justiça Federal. 
 
Então o mandado de injunção é um remédio constitucional usado contra a 
omissão legislativa, como visto quando tratamos das competências do 
STF. Está previsto para dar efetividade às normas constitucionais de efi-
cácia limitada que dependem de uma lei para produzir determinado efei-
to. Então se se tem uma norma constitucional que dá um direito, o man-
dado de injunção é uma solução constitucionalmente prevista para que se 
exerça o direito. 
 
Como sabemos qual o órgão competente para julgar o mandado de injun-
ção? De acordo com quem for competente para elaborar a norma regula-
mentadora. Se a omissão for de uma dessas entidades previstas nessa alí-
nea, o mandado de injunção deverá ser impetrado perante o STJ. 
 
 
 
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i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às 
cartas rogatórias; 
 
Sentença é um ato do Judiciário. O Judiciário é o que? Um órgão do po-
der do Estado, e o poder é só um. O poder só é organizado, mas não 
compartimentados. São hierarquicamente iguais. Tanto que o poder Exe-
cutivo é um poder do estado, bem como o Legislativo e o Judiciário. Um 
ato do Presidente da República vale fora do Brasil? Não. Somente dentro 
do território nacional. Da mesma forma, uma lei promulgada pelo Con-
gresso Nacional. Não obrigará ninguém fora do território nacional a fazer 
ou deixar de fazer algo. Da mesma forma que uma sentença do juiz é um 
ato do estado, e tem valor aqui dentro. E o mesmo, obviamente, vale para 
quem está fora? Lei italiana não terá eficácia aqui. Só que o mundo pres-
supõe a circulação de pessoas, um relacionamento entre elas, e desse re-
lacionamento surgem relações jurídicas, que devem de alguma forma ser 
protegidas pelo Direito. Por isso que existe o que se chama de Direito In-
ternacional Privado. Direito Internacional Público é o Direito que cuidará 
as relações entre países e organizações internacionais. Qual a forma que 
usamos para fazer valer uma relação jurídica que tem um componente do 
estrangeiro? Comece lendo a Lei de Introdução ao Código Civil. Lá está 
a regra da homologação de sentença. Como conseguir a guarda de filho 
lá na França, por exemplo. Para que isso valha alguma coisa, que valha 
como sentença que é, precisa de uma formalidade. É necessária uma for-
malização, um reconhecimento do Estado brasileiro que aquele ato do 
Estado francês é válido. É uma competência do STJ, que é bem formal. O 
interessado ajuíza um pedido de homologação, o STJ pedirá documentos 
e, ao final do processo, ele dirá: “homologo a sentença.” E aí essa sen-
tença será vestida de oficialidade para valer aqui no Brasil. 
 
Além disso, compete ao STJ conceder cartas rogatórias. O que são? 
Imagine que um juiz do DF está processando alguém que cometeu um 
crime bem na fronteira com o estado de Minas Gerais. A competência é 
do juiz do DF. Mas há testemunhas que moram em Unaí e presenciaram 
o crime, então o juiz do DF não tem jurisdição para intimar as testemu-
nhas de lá. Ele expede uma carta precatória para que aquele juiz, colega 
dele, que tem jurisdição sobre aquela região, intime a(s) testemunha(s). 
Parece burocracia, mas, na formalidade, tem-se garantia de direitos, or-
ganização, registros. Se a coisa pudesse ser feita de qualquer forma, po-
deríamos perder registros várias vezes, além de violar o direito. Com essa 
carta, o juiz brasiliense que o colega mineiro ouça a testemunha, colete o 
depoimento e remeta os autos aqui para Brasília. 
 
Agora suponha que, se a testemunha, inglesa, mora aqui e a Inglaterra 
quer seu testemunho, o Estado inglês não expedirá uma carta precatória. 
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O nome, agora, tem relação com o tipo de relacionamento que Estados 
estrangeiros têm entre si, que é de igualdade, independentemente da tra-
dição ou condição sócio-econômica de um dos países. A Inglaterra, en-
tão, expede uma carta rogatória, nome esse relacionado a pedido. Há 
igualdade jurídica entre os estados, e a carta tem que passar pelos canais 
diplomáticos legais. Pressupõe cortesia e pedido com todo o cuidado pos-
sível. Por isso rogatória. A carta é escrita pelo juiz inglês, que a encami-
nha para o Ministério das Relações Exteriores inglês analisar aquilo. Este 
emite um ofício para a embaixada da Inglaterra no Brasil, que daí vem 
para o MRE brasileiro, e manda para o ministro da justiça e depois para o 
STJ. Este dirá: “execute-se”. Mas não é o STJ que pessoalmente ouvirá 
a testemunha, ele apenas concede a autorização para a execução. 
Vamos ver se há alguma norma na Constituição dizendo quem é que terá 
competência para escutar a testemunha. Sem norma escrita na Consti-
tuição, qual é a regra? O juiz estadual. Não é trabalhista, nem eleitoral, 
nem militar, portanto excluímos a justiça especializada, então de quem 
será? Só nos resta dois artigos para procurar e responder esta pergunta. É 
o art. 109, inciso X. 
 
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: 
 
X - Os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta 
rogatória, após o "exequatur", e de sentença estrangeira, após a homologação, as cau-
sas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização; 
 
Portanto, se estiver escrito, não há regra subsidiária. É a norma expressa. 
Mas a competência na justiça federal, por estar expressa, é tão somente o 
que está aqui. Se não está aqui, é do juiz estadual. 
 
Em outras palavras, uma sentença estrangeira transitada em julgado para 
ser executada no Brasil precisa passar pelo crivo do STJ, que vai exami-
nar se tal sentença não agride os valores do direito brasileiro e a ordem 
publica. Se o STJ disser que não agride, homologará a sentença. A homo-
logação é um juízo de nacionalização, pois nacionaliza a sentença como 
se fosse qualquer tribunal brasileiro e qualquer juiz brasileiro. É muito 
comum, em matéria de família, para pagar alimentos, casos de divorcio 
no exterior, sendo que o casamento ocorreu no Brasil. É preciso anotar, 
portanto, no Registo Público do Brasil que o casamento foi desfeito. Tra-
ta-se de sentença do divórcio desconstitutiva estrangeira. Será homologa-
da no STJ. Homologada, a pessoa vai, com base na decisão homologada, 
executar a sentença no Brasil, na Justiça Federal. 
 
Quanto a concessão de exequatur às cartas rogatórias, assim que o STJ o 
concede, manda para a Justiça Federal correspondente daquela cidade e o 
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juiz da cidade irá escutar, devolver para o STJ, que devolve para o Itama-
ratí e esse manda para o tribunal de fora. 
 
Terminamos a competência originária do STJ. Todas essas alíneas são 
sobre ações que deverão ser propostas diretamente no STJ. É o STJ a ins-
tância chamada de única. É ele que julga sozinho. Tem recurso ordinari-
amente previsto? Não porque a instância é única, em regra. Há exceçãopara dois remédios constitucionais: habeas corpus e mandado de segu-
rança. Se a decisão do STJ couber recurso ordinário, vai para o STF. Se a 
decisão ferir a Constituição, cabe recurso extraordinário para o STF, 
igualmente. 
 
II - Julgar, em recurso ordinário: 
 
São as situações em que o STJ irá julgar o recurso, ou seja, rever as deci-
sões de instâncias anteriores a ele (que estão a ele subordinadas). Aqui 
contam as situações em que o STJ funciona como um tribunal de justiça 
comum. Trata-se de uma competência excepcional, ou seja, aqui o STJ 
exercerá uma função como um tribunal de segunda instância: analisando 
fatos e provas. A vocação primordial e “natural” do STJ é mesmo anali-
sar matéria de direito, através do RESP, na instância extraordinária. 
 
Como se verá, a competência recursal ordinária do STJ tem três alíneas. 
Duas são para remédios constitucionais: HC e mandado de segurança. A 
terceira é uma competência bem diferente e rara: causas em que esteja 
um Estado estrangeiro ou organismo internacional de um lado e municí-
pio ou pessoa domiciliada no Brasil de outro. Pela lógica, isso não é co-
mum, então o volume de ações desse tipo não é grande. Então se o STJ é 
a competência recursal ordinária neste caso, ou seja, ele julgará 
a apelação, quem foi que julgou e deu a sentença? O STJ aqui foi o se-
gundo grau. Raciocine: se foi no STJ, a justiça especializada já está fora 
da jogada. Então, só temos dois artigos para procurar. Compete a quem 
julgar em primeira instância? Art. 109, inciso II. 
 
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: 
II - As causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município 
ou pessoa domiciliada ou residente no País; 
 
Compete, portanto, ao juiz federal. Exemplo: o Iraque processa um parti-
cular aqui do Brasil, e tem sucesso ante o juiz federal que apreciou o ca-
so. Se o indivíduo não ficou satisfeito com a decisão, para quem ele re-
correrá? Diretamente para o STJ. É a competência dele para julgar em re-
curso ordinário. 
 
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a) os habeas corpus decididos em única ou última instância pelos Tribunais 
Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Terri-
tórios, quando a decisão for denegatória; 
 
Como saber se o recurso é ordinário para o STJ? Temos que ver primeiro 
a solução do HC: foi positiva ou negativa? Se positiva, esqueça qualquer 
recurso. Só cabe recurso se for denegatório. O constituinte quis prote-
ger dando a maior quantidade de recursos para proteger a liberdade de 
locomoção. Portanto, é aqui o único lugar em que veremos terceira e 
quarta instância. 
 
Percebam que cabe recurso ordinário para o STJ quando o recurso para 
o Tribunal de Justiça ou o Tribunal Regional Federal for denegató-
rio. Então, quando o TJ ou o TRF estiverem julgando tanto em única 
quanto em última instância um habeas corpus e o negarem (o que signifi-
ca que o habeas corpus poderá ser sido impetrado originalmente lá, ou 
ter subido para lá em grau de recurso), caberá ao STJ, em recurso ordiná-
rio, julgar o pedido. 
 
Veja então a manifestação da “terceira instância”: um sujeito que teve 
sua liberdade de locomoção restringida ajuizou habeas corpus perante o 
juiz de direito (primeira instância), que negou; ele, então recorre para o 
TJ, que é a segunda instância, que também negou. Neste caso, caberá 
o habeas corpus no STJ, que analisará, em grau de recurso em relação à 
última decisão tomada (do TJ, no caso), esse pedido. É, portanto, excep-
cionalissimamente que haverá terceira instância. Ainda assim não deve-
mos falar em terceira instância, para não viciarmos, porque ela é incorre-
ta. É apenas para entendermos didaticamente como funciona. 
 
E o que acontece se o habeas corpus for concessório? Se agredir a Cons-
tituição, caberá recurso extraordinário para o STF. 
 
b) os mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais 
Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Terri-
tórios, quando denegatória a decisão; 
 
Vimos que, para o HC, o constituinte possibilitou recurso para o STJ tan-
to se a decisão denegatória tiver sido em única ou última instância. Mas o 
mandado de segurança não protege a liberdade de locomoção. Ou seja, 
para mandado de segurança, não tem a menção à última instância. Então, 
para caber recurso ordinário para mandado de segurança no STJ, a com-
petência para julgá-lo terá sido originária, ou instância única. 
 
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Ou seja, para mandado de segurança, não tem a menção à última instân-
cia. Então, para caber recurso ordinário para mandado de segurança 
no STJ, a competência para julgá-lo terá sido originária, ou instância 
única. 
 
c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo internacio-
nal, de um lado, e, do outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no 
País; 
 
Exemplo: Estágio na OEA ou ONU. Quando termina o estágio, a pessoa 
volta para o Brasil, onde estuda Direito. Quando a pessoa fez as contas, 
viu que a ONU faltou pagar uma parte do salário. Move-se uma demanda 
contra ONU, não precisando sair do Brasil. A pessoa vai na Justiça Fede-
ral (art. 109, II) e ajuíza uma ação de cobrança. Quem perdeu, indepen-
dentemente de quem seja, poderá recorrer e o recurso não irá ao TRF, vai 
direto para o STJ. Aqui, o STJ é o segundo grau de jurisdição dessa si-
tuação. 
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: 
II - As causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município 
ou pessoa domiciliada ou residente no País; 
 
III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, 
pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal 
e Territórios, quando a decisão recorrida: 
 
Relembrar que o STJ é um tribunal de justiça comum: julga tudo que não 
é agressão ao direito constitucional, matéria eleitorial, trabalhista e mili-
tar. Antes, o STF tinha todas as suas atribuições + todas as atribuições 
que hoje são do STJ. 
 
Quando a Constituição usou a expressão “quando a decisão recorrida”, 
ela está agora estabelecendo os requisitos para o cabimento do RESP. 
Não é qualquer decisão que ensejará o RESP. São somente as decisões 
dos Tribunais de Justiça e dos Tribunais Regionais Federais que incidi-
rem numa dessas hipóteses. Claro que nem todas incidem, como não de-
vem incidir mesmo, pois são hipóteses de contrariedade à legislação, por-
tanto não é todo dia que um juiz decidirá de maneira contrária à lei fede-
ral. 
 
Sendo excepcional, não significa que os advogados não tenta-
rão demonstrar a existência desses recursos, que não necessariamente se-
rão cabíveis, mas apenas para a se verifiquem os pressupostos de admis-
sibilidade já demanda tempo, e o Tribunal fica abarrotado. Quais são, en-
tão, os problemas que têm que ser constatados numa decisão para que ve-
jamos que é possível chegar ao STJ com o RESP? 
 
ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO 
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a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência; 
 
Trata-se de normas infraconstitucionais. Uma decisão problemática. Co-
mo fazer o conserto? RESP. Mas, para alegar, e para o STJ decidir se a 
decisão do TRF ou do TJ contrariou um tratado ou lei federal, ou negou 
vigência a um deles, será que é preciso que o STJ vá lá verificar o de-
poimento de cada testemunha, ou de revirar a pericia? Não, basta ver se a 
decisão violou a lei ou o tratado, coisa que só depende de uma argumen-
tação jurídica, puramente de direito. Aqui não se analisam fatos nem 
provas. Se for necessário que se volte à análise dos fatos e das provas, o 
STJ dirá, simplesmente:“nego seguimento ao recurso”. É o que diz a 
Súmula 7: “A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso 
especial”. O recurso retorna para onde estava. 
 
b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal; 
 
Preste atenção no tipo de instrumento normativo ou na proteção específi-
ca que o STJ busca dar. Para que tipo de ato? Então, primeiro tivemos 
um RESP contra uma decisão que tenha negado vigência a lei federal ou 
a tratado. A segunda hipótese é uma decisão que deu validade a um 
ato do governo local, sendo que esse ato é considerado invalido em 
relação a uma lei do Congresso Nacional, ou seja, a uma lei federal. 
Se um ato do governador do estado de Tocantins é considerado válido 
pelo TJTO, mas existe uma divergência, uma controvérsia a respeito da 
validade desse ato no que toca a lei elaborada pelo Congresso, ou seja, o 
ato considerado válido viola uma lei federal, caberá RESP para se discu-
tir isso no STJ. 
 
c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tri-
bunal. 
 
Então a decisão do Tribunal de Justiça do estado de Sergipe sobre uma 
causa que envolvia a interpretação do art. 38 do Código Civil teve deter-
minado sentido. O advogado da causa, que é muito atualizado e diligente, 
notou que o TJ do Mato Grosso interpretou também aquele artigo do Có-
digo Civil em outro sentido. Ou seja, dois tribunais do país, interpre-
tando o mesmo artigo de uma lei federal (o Código Civil é uma), che-
garam a interpretações diversas. Pela análise dessas três alíneas que 
demonstram a necessidade de do Recurso Especial, qual é a conclusão 
que chegamos em relação à vocação do STJ? Ele é guardião da lei fede-
ral. Lei infraconstitucional federal. 
 
Essa alínea representa mais de 80% do trabalho do STJ. Em suma: o STF 
tem a função de guardar a Constituição Federal e o STJ tem o dever de 
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zelar pela interpretação do direito infraconstitucional não especializado 
editado pela União. 
 
Parágrafo único. Funcionarão junto ao Superior Tribunal de Justiça: 
 
I - A Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados, cabendo-lhe, 
dentre outras funções, regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na 
carreira; 
 
II - O Conselho da Justiça Federal, cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão 
administrativa e orçamentária da Justiça Federal de primeiro e segundo graus, como 
órgão central do sistema e com poderes correicionais, cujas decisões terão caráter 
vinculante. 
- - - - - - - - - - 
 
TRF 
 
a) Originária (inciso I e art. 29, X) 
b) Recursal (inciso II e § 4º do art. 109) 
• Ordinária 
• Especial 
 
Os TRFs representam a 2ª Instância da Justiça Federal, sendo responsáveis 
pelo processo e julgamentos dos recursos contra as decisões da 1ª Instância. 
A fim de diminuir a crescente atividade do Supremo Tribunal Federal, tanto no 
Brasil, como em outros países que admitem o sistema, surgiu a idéia de criar 
órgãos intermediários, inferiores à Suprema Corte e superiores à primeira ins-
tância. 
 
- - - - - - - - - - 
Art. 106. São órgãos da Justiça Federal: 
I - os Tribunais Regionais Federais; 
II - os Juízes Federais. 
- - - - - - - - - - 
Art. 107. Os Tribunais Regionais Federais compõem-se de, no mínimo, sete juízes, 
recrutados, quando possível, na respectiva região e nomeados pelo Presidente da 
República dentre brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos, 
sendo: 
 
I - Um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional 
e membros do Ministério Público Federal com mais de dez anos de carreira; 
 
II - Os demais, mediante promoção de juízes federais com mais de cinco anos de 
exercício, por antigüidade e merecimento, alternadamente. 
 
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§ 1º A lei disciplinará a remoção ou a permuta de juízes dos Tribunais Regionais Fede-
rais e determinará sua jurisdição e sede. 
 
§ 2º Os Tribunais Regionais Federais instalarão a justiça itinerante, com a realização 
de audiências e demais funções da atividade jurisdicional, nos limites territoriais da 
respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários. 
§ 3º Os Tribunais Regionais Federais poderão funcionar descentralizadamente, consti-
tuindo Câmaras regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justi-
ça em todas as fases do processo. 
- - - - - - - - - - 
 
Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais: 
 
I - Processar e julgar, originariamente: 
 
a) os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e 
da Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, e os mem-
bros do Ministério Público da União, ressalvada a competência da Justiça 
Eleitoral; 
 
A justiça Federal é uma justiça comum, e a eleitoral é especializada. En-
tão, se é crime eleitoral, não pode ir ao TRF. A alínea em questão vincula 
esses magistrados com vinculo com a União, nos casos de crimes comuns 
e de responsabilidade, ao seu julgamento. 
 
Vale-se, aqui, fazer um comparativo entre essa alínea e o art. 103, I, “a”, 
que trata da competência do STJ quanto aos membros do Ministério Pú-
blico. 
 
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: 
I - Processar e julgar, originariamente: 
a) nos crimes comuns e nos de responsabilidade os membros do Ministério 
Público da União que oficiem perante tribunais. 
 
Ambos os artigos tratam dos membros do Ministério Público da União. 
Deve-se perceber, porém, o complemento “que oficiem perante tribu-
nais” do art. 105. Portanto, por exclusão, conclui-se que irá ao TRF os 
membros do Ministério Público da União que não oficiam perante os 
tribunais, mas os que oficiam perante o primeiro grau de jurisdição, 
perante as Varas. 
 
Exemplo: Se a Procuradora da República que atua perante a Justiça Fede-
ral da primeira instância for acusada de um crime de lesão corporal vai 
ser julgada pelo TRF. Se for um membro do Ministério Público que atue 
perante o TRF, como um Procurador Regional da República, será julgado 
pelo STJ pois, nessa segunda hipótese, o membro atua perante um tribu-
nal, então vai ser julgado por uma instância mediatamente superior. 
ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO 
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OBS: O Procurador Geral da República, membro do Ministério Público 
da União que atua perante tribunais, não será julgado perante o STJ nos 
crimes comuns e de responsabilidade. Se for crime comum, a competên-
cia é do STF; se for crime de responsabilidade, será do Senado. 
 
Exemplo: o Juiz do Trabalho, por exemplo, se for processado por crime 
de lesão corporal, vai ser julgado pelo TRF, por se tratar de crime co-
mum. Se o Juiz do Trabalho cometer um crime eleitoral, vai ser julgado 
pelo TRE. Em lógica, se não tiver prerrogativa de função, o indivíduo irá 
para um Juiz de Direito da comarca. 
 
Em suma: Juizes do Trabalho, em casos de crime comum ou de respon-
sabilidade, não são julgados pelo TRT, mas pelo TRF. O mesmo aconte-
ce para Juizes Auditores da Justiça Militar da União, que não serão jul-
gados para o STM. 
 
b) as revisões criminais e as ações rescisórias de julgados seus ou dos juí-
zes federais da região; 
 
Como já visto, todo tribunal tem competência para a ação rescisória e re-
visão criminal dos seus julgados. Diferentemente do previsto para o STJ 
e STF, aqui fala-se dos “juízes federais da região”. 
 
Obs: O julgado de um TRF é chamado de Acórdão. Uma revisão crimi-
nal ou ação rescisória dos julgados do TRF será feita pelo próprio TRF. 
Isso é óbvio. A diferença desse artigo é que permite a revisão criminal e 
ação rescisória

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