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BERNO, Marcus Vinicius. Caderno de Direito Constitucional. 2015.1

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CADERNO OAB 2015.1 – CONSTITUCIONAL – MARCUS VINICIUS B. N. DE OLIVEIRA
1.	ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA DO ESTADO
	O Brasil é uma federação. Essa federação pode se constituir por agregação ou segregação. A nossa federação é constituída por segregação, porque houve uma descentralização política do poder entre a União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
	Mas nem sempre foi assim. Na primeira sua Constituição, o Brasil era um estado unitário. O Uruguai hoje é um estado unitário. Nós não, e já há mais de um século somos uma federação. 
	A forma federativa é uma cláusula pétrea expressa na nossa Constituição. Por isso, ela não pode ser objeto de nenhuma emenda constitucional que vise abolir a federação. Ela é prevista no art. 1º e no art. 60, §4º, I, da CRFB. Vale ressaltar que o art. 1º não fala na União. A União só foi prevista no art. 18 e seguintes, que complementam o art. 1º.
	As unidades federativas são unidas por um vínculo indissolúvel. E esse vínculo é indissolúvel por conta da forma federativa. Não pode ser rompido. Se fosse uma confederação, esse vínculo seria dissolúvel. Mas é federação, e por isso o vínculo é indissolúvel. Se esse pacto for ameaçado, há abalo na integridade nacional, o que pode autorizar uma intervenção federal (art. 34, I, da CRFB).
A federação é sinônimo de República Federativa do Brasil. República é a forma de governo e federação é a forma de estado. Tanto a república quanto a forma federativa foram inseridas pela Constituição de 1897. A república é uma clausula pétrea implícita no nosso ordenamento, e é também um princípio constitucional sensível. Princípio constitucional sensível é aquele de observância obrigatória pelos Estados e pelo DF, sob pena de gerar intervenção federal. Se os Estados e o DF não obedecerem aos princípios sensíveis, poderão sofrer intervenção federal (art. 34, VII, “a”).
Recapitulando, feriu o vínculo indissolúvel (federativo), sofrerá a intervenção federal espontânea. Por outro lado, se ferir um princípio constitucional sensível, sofrerá a intervenção federal provocada por requisição.
A União, os Estados, o DF e os Municípios são autônomos (art. 18). Então não há soberania da União. São todos autônomos. Todos tem autonomia, mas nenhum deles tem soberania. A autonomia se reparte em autonomia política, autonomia administrativa e autonomia financeira.
Autonomia política
Autonomia administrativa
Autonomia financeira
A autonomia política se subdivide em quatro subespécies: auto-organização, auto legislação, autogoverno e autoadministração. Pergunta: essa autonomia é absoluta ou relativa? Resposta: é relativa, pois pode ser afastada temporária e excepcionalmente por meio de intervenção federal e intervenção estadual. Se a autonomia for afastada por intervenção federal, nesse período não caberá emenda à Constituição (art. 60, §1º).
A autoorganização significa que as entidades da federação (União, Estados, DF e Municípios) podem se autoorganizar. Os Estados vão se autoorganizar pelas constituições estatuais. O DF vai se autorganizar pela sua Lei Orgânica, e os Municípios também vão se autorganizar pelas respectivas leis orgânicas.
Autolegislação significa a possibilidade de crias as próprias leis. Leis federais, estaduais, distritais ou municipais. Vale lembrar que, de acordo como art. 32 da CRFB, o DF não pode se dividir em municípios. Por isso, o DF acumula duas funções, que são as funções estaduais e municipais. Com isso, o DF pode criar leis de competência dos Estados e leis de competência dos Municípios. Por exemplo, o DF pode cobrar por meio de lei o IPVA e o ICMS, que são impostos estaduais, bem como o IPTU e o ISS, que são municipais.
Autogoverno significa que todos os entes federativos possuem seus próprios poderes executivo, legislativo e judiciário. A exceção são os Municípios, que não possuem judiciário local. Esses três poderes são independentes e harmônicos entre si (art. 2º da CRFB). Essa independência induz a separação dos poderes, que é cláusula pétrea expressa no art. 60, §4º, III. Embora a separação dos poderes não possa ser abolida do nosso ordenamento por ser cláusula pétrea, a separação em si é flexível. E é flexível por causa de um sistema norteamericano chamado de freios e contrapesos. Um poder pode frear o outro de uma forma legítima e constitucional. Os poderes se limitam entre si. A independência dos poderes se deve ao sistema de governo atual, que se chama Presidencialismo. Se fosse parlamentarismo, os poderes seriam interdependentes, e não independentes. O art. 84 da Constituição trata desse assunto. O Presidencialismo foi confirmado em 21/04/1993, com o plebiscito antecipado do art. 2º do ADCT. Esse plebiscito confirmou, também, a forma republicana de governo. Os poderes são harmônicos entre si, e não há prevalência de um sobre o outro, como acontecia na ditadura militar. Por conta dessa harmonia, cada um dos poderes exerce funções típicas e atípica.
Autoadministração significa que cada ente pode se autoadministrar dentro de um limite legal, dentro do limite de suas próprias leis.
	
	1.1	PODER LEGISLATIVO
	A sua função típica é legislar, normatizar, criar normas gerais, criar normas abstratas, criar normas genéricas. Outra função típica do legislativo é fiscalizar. O legislativo atua de forma preponderante na fiscalização com auxílio dos tribunais de contas. Os tribunais de contas são órgãos auxiliares do legislativo e existem por decorrência da forma republicana de governo. Numa monarquia não há prestação de contas. Já na república tem que prestar contas. Por isso foram criados os TCs.
	O art. 70, parágrafo único, da CRFB diz que toda pessoa jurídica de direito publico ou privado que mexa com o dinheiro público tem que prestar contas. E vai prestar contas ao legislativo, com auxílio do TC, por decorrência da forma republicana. Tanto a administração pública direta, quanto a administração publica indireta está obrigada a prestar contas. O art. 34, VII, “d”, diz que o ato de prestar contas é um princípio constitucional sensível. Se não houver prestação de contas, haverá intervenção federal. E intervenção federal provocada, conforme já estudamos.
	As funções atípicas do legislativo são as funções administrativas e julgadoras. Exemplos de funções administrativas são as concessões de licenças, férias aos servidores, provimento de cargos vagos etc. Já a função julgadora do legislativo tem como exemplo o julgamento do Presidente da República por crime de responsabilidade, no processo de impeachment. O impeachment é processado no Senado Federal (art. 52, I, da CRFB). A competência é privativa do Senado. Porém, o Senado só pode julgar o Presidente se a Câmara autorizar. O processo de impeachment começa na Câmara, por denúncia de qualquer cidadão. Essa denúncia é uma denúncia popular. Somente o cidadão pode fazer essa denúncia. E cidadão não é qualquer pessoa. Cidadão é aquele indivíduo que possui pleno gozo dos direitos políticos. A Câmara tem que julgar admissível a denúncia popular por quórum qualificado de 2/3 dos seus membros (art. 51, I, e art. 86 da CRFB). Se a Câmara julgar admissível a denúncia, o Senado é obrigado a instaurar o processo de impeachment. A presidência do julgamento no Senado é de competência do presidente do STF (cargo privativo de brasileiro nato), e não do presidente do Senado (art. 52, parágrafo único). Os senadores vão julgar o Presidente por quórum de 2/3 dos seus membros. Uma vez condenado o Presidente, quais são as penas? Resposta: não cabe nenhuma pena de prisão, pois não é crime comum. As penas são as arroladas no art. 52, parágrafo único: perda do cargo e inabilitação para ocupar qualquer cargo público por 08 anos.
Observação: instaurado o processo por crime de responsabilidade, o Presidente será suspenso por 180 dias (art. 86). Se o processo não terminar nesse prazo, o Presidente tem que voltar ao poder.
	O poder legislativo federal é exercido pelo Congresso Nacional (art. 44). O Congresso Nacional é bicameral, pois tem a Câmara dos Deputadose o Senado Federal. A Câmara possui 513 deputados federais e o Senado possui 81 senadores. No total, são 594 congressistas.
	A Câmara dos Deputados é composta por representantes do povo. Por isso é conhecida como “A Casa do Povo”. São representantes dos 26 Estados e do DF, além dos representantes dos territórios federais, se houver (art. 45, §1º). Os deputados são eleitos em número proporcional ao povo. Quanto maior a população de um Estado, maior no número de deputados. O número máximo de deputados de um Estado é 70 (São Paulo, por exemplo), e o mínimo é 08 (exemplo: DF), conforme art. 45, §1º. Já para os territórios, eles não são eleitos em número proporcional ao povo, mas sim em número fixo de 04 deputados (art. 45, §2º). Os deputados federais exerce mandato de 04 anos, que corresponde a uma legislatura (art. 44, parágrafo único). O deputado federal, por ser cargo eleito, deve atender a uma condição de elegibilidade que é a idade mínima de 21 anos (art. 14, §3º). O Presidente da Câmara é cargo privativo de brasileiro nato (art. 12, §3º).
	Já o Senado é composto de representantes dos 26 Estados e do DF. Os territórios federais não possuem representantes no Senado. Os senadores não são representantes do povo, mas sim dos próprios entes federativos. São eleitos em número de 03 por Estado e DF. Cada senador é eleito com 02 suplementes. O mandato de senador é de 08 anos (duas legislaturas). Para senador, a condição de elegibilidade é de 35 anos. O Presidente do Senado é, também, o Presidente do Congresso e é cargo privativo de brasileiro nato.
Art. 46. O Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o princípio majoritário.
§ 1º - Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Senadores, com mandato de oito anos.
§ 2º - A representação de cada Estado e do Distrito Federal será renovada de quatro em quatro anos, alternadamente, por um e dois terços.
§ 3º - Cada Senador será eleito com dois suplentes.
2.	PROCESSO LEGISLATIVO
O processo legislativo é regulado pelo art. 59 e seguintes.
Não há hierarquia entre leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos e resoluções. Isso significa que nenhuma delas pode revogar a outra. Resolução não revoga decreto legislativo, assim como medida provisória não revoga resolução e lei complementar não revoga lei ordinária.
Só há hierarquia em relação às emendas constitucionais. As ECs estão em nível superior, pois quando aprovadas elas passam a ser normas constitucionais (princípio da supremacia da Constituição).
Todos os incisos do art. 59 representam espécies normativas primárias. Por isso, elas são passíveis de controle de constitucionalidade, e não de legalidade. As espécies secundárias são passíveis de controle de legalidade, pois decorrem das espécies normativas primárias.
2.1	LEIS COMPLEMENTARES E LEIS ORDINÁRIAS
Essas duas espécies normativas são primárias, por isso passíveis de controle de constitucionalidade. Iniciam-se por meio de projeto de lei (PL) e não por meio de proposta, que vale para as emendas constitucionais (PEC).
Esse projeto tem que ter iniciativa, que está prevista no art. 61 da CRFB. Esse artigo diz quem tem competência para iniciar um projeto de lei. Em regra, essa iniciativa cabe a qualquer membro da Câmara, Senado, Congresso, suas respectivas comissões, Presidente, PGR, STF, tribunais superiores e cidadãos.
O cidadão pode apresentar esse projeto de lei por meio da iniciativa popular (§2º do art. 61). A iniciativa popular tem seus requisitos: apresentação na Câmara, no mínimo por 05 Estados etc. Essa iniciativa popular também é prevista no art. 14, e compreende a soberania popular, pela qual todo o poder emana do povo.
Iniciado o projeto, ele será discutido e votado. Essa é a segunda fase do projeto: discussão e votação. O local em que essa fase ocorrerá depende de onde o projeto se iniciou. Se o projeto foi de iniciativa de senador ou comissão do Senado, vai discutir e votar no próprio Senado. Se a iniciativa for dos demais, a casa iniciadora é a Câmara (competência legislativa residual). Se a casa iniciadora for a Câmara, a casa revisora será o Senado. Se a iniciativa partiu no Senado, a revisão será na Câmara. O quórum de votação vai depender da espécie normativa que está sendo votada. Se for lei ordinária, o quórum para aprovação é de maioria simples (art. 47). Se for projeto de lei complementar, o quórum é de maioria absoluta (art. 69). A votação ocorrerá em turno único em cada casa (art. 65).
Uma vez aprovado o projeto, ele segue para sanção do Presidente da República. Sai da mão do Legislativo e vai para a mão do Executivo. É o sistema de feios e contrapesos ocorrendo dentro do processo legislativo, ou seja, um poder limitando o outro. É a oportunidade de o Executivo frear o Legislativo, que aprovou o projeto de lei. Uma vez no executivo, há um prazo de 15 dias úteis para o Presidente sancionar ou vetar o projeto de lei, contados do protocolo do projeto em gabinete. Uma vez sancionado, não se admite retratação. A sanção é irretratável. A sanção incide sobre o projeto e não sobre a lei, pois o projeto só vira lei depois da sanção. Da mesma forma, o veto também não admite retratação. O veto também incide sobre o projeto, e nunca sobre a lei. Na verdade, se o Presidente vetar, nem vai virar lei. Se o Presidente se mantém inerte durante os 15 dias úteis haverá a sanção tácita, ou seja, dá-se o projeto por sancionado. A partir da sanção, o projeto vira lei. É a sanção que converte o projeto em lei.
Havendo a sanção presidencial, o projeto converte-se em lei. Essa lei agora deverá ser promulgada e publicada. Se a sanção for expressa, a promulgação caberá ao Presidente da República, no mesmo ato da sanção. Quando o Presidente sanciona expressamente o projeto, ele já faz a promulgação da lei. Se a sanção for tácita, caberá também ao Presidente da República promulgar a lei em 48 horas. Se não o fizer, caberá ao Presidente do Senado a promulgação, no mesmo prazo. Se ele não promulgar, sobra para o Vice-Presidente do Senado promulgar a lei, também no prazo de 48 horas. Nesse caso, se o Vice do Senado não promulgar no prazo, ele comete crime de responsabilidade e será julgado pelo próprio Senado Federal. Para os outros não há sanção, só para o Vice-Presidente do Senado. Ele é o único que não tem escolha. Ou ele promulga a lei ou comete crime.
Após a promulgação, a lei se torna existente. Ela existe após a promulgação. A promulgação dá autenticidade à lei. Só que ainda falta a sua publicação para que ela se torne obrigatória. Aquela autoridade que promulgar a lei deverá manda-la para publicação. A publicação não tem prazo fixado na CF. O prazo é meramente regimental. Publicada a lei, ela se torna obrigatória. A partir da publicação a lei está pronta e acabada, passando a ter eficácia. Om a publicação surge o fenômeno da eficácia, que é condição para a aplicabilidade da lei. Publicada a lei, ela se torna obrigatória, não cabendo a nós alegar ignorância ou desconhecimento de seu texto. Quando ela se torna obrigatória, a lei é presumidamente constitucional (princípio da presunção de constitucionalidade da lei). Isso porque ela passou por todo um processo legislativo sem contestação de sua constitucionalidade. Por isso ela é presumidamente constitucional. Porém, essa presunção meramente relativa, pois admite prova em contrário. A presunção re3lativa se derruba por meio de uma ação direta de inconstitucionalidade (ADI). Por outro lado, a ação declaratória de constitucionalidade (ADC) torna a presunção de constitucionalidade absoluta. Se for ajuizada uma ADC e julgada procedente, não cabe mais questionamento sobre a constitucionalidade de uma lei. No entanto, a ADC só cabe contra lei ou ato normativo federal (art. 102, I, “a”).
2.2	VETO PRESIDENCIAL
O veto tem prazo de 15 dias úteis. Se não vetar nesse prazo, ocorre a sanção tácita. O veto é irretratável. Uma vez vetado o projeto, não cabe voltar atrás. O veto incide sempresobre o projeto de lei. Não existe veto de lei. O veto pode ser total ou parcial, mas não pode haver veto de uma única palavra, termo ou expressão. Não há veto parcelado. Tem que vetar o artigo, parágrafo, inciso ou alínea inteira. 
O veto é sempre um ato motivado. Só há dois motivos: motivo politico o motivo jurídico. O motivo político ocorre quando o Presidente entende que o projeto fere o interesse público. Por outro lado, no veto jurídico o Presidente entende que o projeto é inconstitucional. Por isso o veto jurídico é o mais importante, pois nesse caso há um controle de constitucionalidade preventivo feito pelo Poder Executivo. É preventivo porque incide sobre o projeto de lei. A motivação do veto tem prazo de 48 horas. O prazo da motivação não se confunde com o prazo do veto. Se o Presidente veta o projeto no 15 dia útil, terá mais 48 horas para motivar.
Pergunta: o veto é delegável? Resposta: o veto é ato político, e não ato administrativo. Por isso, ele não admite delegação. O veto é indelegável, conforme art. 84, V, parágrafo único, da CRFB. No artigo está escrito que compete privativamente ao Presidente, mas a doutrina diz que essa competência é exclusiva, visto que a sua maioria é indelegável.
2.3	PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO
Até aqui estudamos o projeto de lei. Acontece que o projeto de lei é diferente da proposta de emenda – PEC (art. 60). O art. 61 trata do projeto de lei, mas não da PEC. A iniciativa da PEC é diferente da iniciativa do PL. Conforme art. 60, pode iniciar uma PEC: um terço dos membros da Câmara ou Senado (27 senadores), Presidente da República e mais da metade das Assembleias Legislativas/Câmara do DF por maioria simples.
Iniciada a PEC, ela será discutida e votada. Porém, essa fase também é diferente do PL (§2º do art. 60). Nesse caso, a votação será em dois turnos, com quórum de 3/5 dos membros de cada casa. Por isso a nossa Constituição é rígida, porque não é fácil aprovar uma PEC. É o §2º da CRFB que justifica a nossa rigidez constitucional, pois constituição rígida é aquela que tem procedimento de aprovação da emenda mais dificultoso do que o das leis infraconstitucionais.
Após a aprovação, a PEC segue direto para a promulgação. Não há sanção e nem veto de PEC. A promulgação da PEC cabe às mesas diretoras da Câmara e do Senado conjuntamente, respeitado o número de ordem. Até aqui estamos na EC 81/2014. A próxima emenda será a 82, e assim sucessivamente. Após a promulgação, a emenda segue para a publicação.
3.	CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
Já vimos que uma lei ou uma emenda constitucional publicada, pronta e acabada, é presumidamente constitucional. E já vimos que essa presunção poderá ser derrubada por uma ação direta de inconstitucionalidade.
Agora vamos a outra questão: a nossa Constituição é flexível, semirrígida ou rígida? Resposta: rígida. Quanto à sua estabilidade ou mutabilidade, a nossa Constituição é rígida. Porém, a nossa Constituição é pouco estável, inclusive já tivemos 81 emendas. A nossa Constituição é pouco estável porque ela é dogmática, e não histórica. E ela evolui de acordo com a evolução da sociedade. Se a sociedade evolui, há uma necessidade de reforma do texto. E ela tem evoluído muito, como é o caso da marcha da maconha, união estável homoafetiva etc.
A nossa Constituição é rígida por conta do disposto no art. 60, §2º, que estabelece a rigidez constitucional. Decorrente dessa rigidez há o princípio da supremacia formal da Constituição Federal. Segundo esse princípio, a Constituição está no ápice do ordenamento jurídico (pirâmide), devendo as outras normas jurídicas do país obediência formal e material a ela. Assim, as normas que estão abaixo da Constituição devem a ela uma compatibilidade vertical. Então, o controle de constitucionalidade é o estudo dessa compatibilidade vertical entre as normas infraconstitucionais e a Constituição. As normas infraconstitucionais (ou primárias), que estão logo abaixo da Constituição, são aquelas previstas no art. 59, (II a VII) da CRFB.
São as normas infraconstitucionais que são passíveis de controle de constitucionalidade. Abaixo delas, se situam as espécies infra legais, como as portarias, circulares e decretos de execução. Elas estão abaixo da lei. O decreto autônomo (art. 84, VI) não se confunde com o decreto de execução, pois é espécie primária e passível de controle de constitucionalidade.
Observação: o decreto autônomo não se confunde com a medida provisória (art. 62). A MP só se aplica para casos de urgência e relevância. Já o decreto não pode ser usado nessas hipóteses. O decreto tem requisitos bem próprios, que não se confundem com a emenda. A MP tem força de lei, e o decreto autônomo não.
3.1	ESPÉCIES DE CONTROLE
O controle de constitucionalidade pode ser repressivo ou preventivo. O controle preventivo incide sobre o projeto de lei ou sobre a proposta de emenda. Já o controle repressivo incide sobre a lei ou emenda pronta e acaba.
Quem pode realizar o controle preventivo? Resposta: todos os três poderes. O Legislativo realiza o controle preventivo por meio das CCJs (Comissão de Constituição e Justiça) de cada casa e do Congresso Nacional. Antes de ir a plenário para votação, o PL passa por essa comissão, que analisa a constitucionalidade dele. O parecer da CCJ é terminativo, ou seja, se ela disser que inconstitucional o projeto morre e não vai ao plenário. O Executivo realiza o controle por meio do veto jurídico (art. 66). O Judiciário realiza o controle preventivo de forma excepcional, por meio do mandado de segurança. A legitimidade para impetrar esse mandado de segurança é exclusiva do parlamentar federal (deputado federal ou senador), a depender de qual casa está tramitando a PEC ou PL. Por exemplo, se uma PEC que tramita na Câmara vem abolir uma cláusula pétrea, qualquer deputado federal poderá impetrar um mandado de segurança perante o STF. 
Por sua vez, quem pode realizar o controle repressivo? Resposta: os três também. A regra é o Judiciário, mas por exceção os outros também podem. Conforme art. 49, V, o Legislativo faz controle repressivo excepcional ao sustar os atos do Executivo que ultrapasse o seu poder regulamentador ou os limites da delegação legislativa. E tem mais uma hipótese de repressivo pelo Legislativo, que está no art. 62 (medida provisória). A MP tem força de lei e será enviada de imediato para o Congresso Nacional analisar dois requisitos constitucionais: urgência e relevância. Se o Congresso entender que a MP não atende a esses requisitos, haverá um controle de constitucionalidade. O Executivo também realiza controle repressivo, pois pode deixar de aplicar uma lei que entender ser inconstitucional. Ele não declara a lei inconstitucional, mas pode deixar de aplica-la, o que também é uma forma de controle. O Judiciário realiza o controle repressivo por meio de todos os seus órgãos (art. 92).
3.2	CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE REPRESSIVO PELO JUDICIÁRIO
O poder judiciário possui vários órgãos, federais e estaduais/distritais. Esse controle repressivo pode se dar por dois critérios: o critério difuso (ou concreto, ou americano) e o controle concentrado (ou abstrato, ou austríaco).
CONTROLE DIFUSO
O controle difuso é poderá ser realizado por qualquer juiz ou tribunal (TJs, TRFs, STJ, STF etc.). Todos os órgãos arrolados pelo art. 92 fazem controle difuso de constitucionalidade. Até mesmo os Tribunais de Contas fazem esse controle difuso, principalmente o TCU. O STJD (justiça desportiva) não se enquadra nos órgãos do controle difuso, porque ele é um tribunal meramente administrativo (art. 217, §1º).
O controle difuso é feito dentro do caso concreto entregue às mãos do poder judiciário. Para que tenhamos um caso concreto, alguém provocou o judiciário por meio de uma ação, qualquer que seja ela (ação civil, criminal, trabalhista, previdenciária, mandado de segurança, habeas corpus etc.). Em qualquer tipo de ação ou processo (processo de conhecimento, cautelar ou de execução), poderá haver o controle difuso de constitucionalidade.Quem é que pode arguir a constitucionalidade de uma lei dentro do processo? Resposta: as partes, terceiros interveniente, MP e o próprio juiz ou tribunal. As partes poderão apoiar os seus pedidos na declaração de inconstitucionalidade de uma lei. Se as partes não perceberem, os terceiros intervenientes (assistente, denunciado, chamado etc.) poderão arguí-la. O MP também poderá arguir inconstitucionalidade de lei, mesmo nos casos em que atua como fiscal da lei (custos legis). Por fim, o órgão jurisdicional poderá declarar de ofício a inconstitucionalidade da lei no caso concreto.
A declaração de inconstitucionalidade no caso concreto é analisada em prejudicial do mérito. O controle é um pedido incidental dentro do processo, porque o pedido principal é o bem da vida pleiteado pelo autor. Assim, antes de analisar o pedido principal o juiz vai analisar o pedido incidental.
Se o juiz declarar na sentença a inconstitucionalidade da lei, essa declaração produzirá efeitos inter partes (somente para as partes envolvidas no processo), qualquer que seja o grau de jurisdição. Mesmo que o controle difuso seja feito pelo STF, o seu efeito é apenas entre as partes.
Essa declaração produzirá efeitos ex tunc (retroativos) e não vinculativos. Nenhum outro órgão jurisdicional é obrigado a respeitar a declaração de inconstitucionalidade feita em controle difuso, mesmo que for pelo STF. Se o STF julgou inconstitucional uma lei dentro do caso concreto, o juiz de primeira instância não está vinculado a esse julgamento. Essa é a regra geral.
Agora há um detalhe importante. Se a decisão no controle difuso chegar no STF (só vale para o STF), seja por recurso extraordinário ou por competência originária, o STF terá que comunicar ao Senado a sua decisão (art. 52, X), para que ele suspenda a execução no todo ou em parte dessa lei julgada inconstitucional. O Senado não é obrigado a se manifestar, mas se o fizer, ele vai suspender a eficácia da lei por meio de uma resolução (tudo que for competência privativa do Senado – art. 52 – é por resolução). Se o Senado suspender a eficácia dessa lei, a eficácia passará a ser ex nunc e erga omnes (não retroage e atinge a todos).
Observação: existe alguma maneira de mudar esse efeito ex tunc do controle difuso? Resposta: sim. Existe a possibilidade de modulação temporal dos efeitos pelo STF. Por voto de 2/3 dos ministros, o STF poderá modular os efeitos, transformando de ex tunc para ex nunc, podendo inclusive estabelecer uma data para que a decisão de inconstitucionalidade comece a produzir efeitos.
* Ressalvada a hipótese de Modulação temporal dos efeitos
CONTROLE ABSTRATO
Por ser abstrato, ele não se dá frente a um caso concreto. Ele é exercido em tese, e não de forma concreta. Também não é qualquer juiz ou tribunal que poderá fazer esse controle. Somente o STF ou os TJs que possuem legitimidade para atuar em controle abstrato.
Como ele não é feito no caso concreto, não é por qualquer tipo de ação ou processo que é possível exercer o controle. Será feito apenas por meio de cinco ações: ADI (ação direta de inconstitucionalidade), ADC (ação declaratória de constitucionalidade), ADO (ação direta de inconstitucionalidade por omissão), ADPF (arguição de descumprimento de prefeito fundamental) e a ADI interventiva (que se relaciona com a intervenção federal).
No controle abstrato não se admite a intervenção de terceiros do CPC (assistência, denunciação da lide, chamamento ao processo, oposição etc.), mas admite alguns terceiros no processo (amicus curiae ou amigo da corte).
As decisões são, em regra, irrecorríveis (mas admite embargos de declaração), e não cabe ação rescisória.
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE (art. 102 da CRFB)
Pela Constituição, compete ao STF julgar originariamente a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual (ou distrital). Assim, o objetivo da ADI e a lei ou ato normativo federal, estadual ou distrital (com status de estadual). A ADI não serve para impugnar lei municipal. Se a questão da prova citar a lei municipal contrária a Constituição Estadual, cabe ação de inconstitucionalidade que será julgada pelo respectivo TJ. Não vai para o STF (art. 125, §2º).
A ADI não tem prazo prescricional e nem decadencial.
Ajuizada a ADI, será designado o ministro relator que vai conhecer ou não da ação. Cabe ao relator analisar as condições da ação ou elementos da ação (pedido, causa de pedir e legitimidade). A legitimidade para ajuizar ADI está no art. 103da CRFB. Somente os partidos políticos, as confederações sindicais e as entidades de classe não possuem capacidade postulatória própria, isto é, terão que ser representadas por advogado.
O relator da ADI vai pedir informações ao órgão que editou a lei, com prazo de 30 dias para resposta. Por exemplo, se a inciativa da lei impugnada era de competência do Presidente, ele vai prestar as informações. Se a é de iniciativa do Congresso, ele vai prestar as informações no prazo de 30 dias.
Prestadas as informações, procede-se a citação do AGU para defender a lei ou ato impugnado (art. 103, §3º). O AGU obrigatoriamente deverá se manifestar na ADI. O defensor da lei impugnada é o AGU. O AGU não precisa defender a lei até as últimas consequências, sobretudo se já há decisões reiteradas do STF sobre a inconstitucionalidade da lei. Ele não tem a obrigação de defender sempre (jurisprudência???). O AGU é o chefe da Advocacia-Geral da União. Ele é nomeado pelo Presidente da República e tem status de Ministro de Estado. Portanto, ele tem foro privilegiado. O AGU não precisa ser da carreira da advocacia pública e tem idade mínima de 35 anos.
Após a apresentação do parecer do AGU, será intimado o PGR para defender a Constituição. O AGU vai defender a lei e o PGR vai defender a Constituição (art. 103, §1º), visando formar o contraditório, a paridade de armas no processo. O PGR vai apresentar o seu parecer sobre o processo. O PGR será obrigado a se manifestar até mesmo quando ele for o autor da ação, pois ele pode se retratar (admite retratação). Somente se o PGR ajuizar uma ADO, ele não vai precisar se manifestar depois (jurisprudência de 2009????).
Até a fase de instrução, o STF poderá admitir o amigo da corte (amicus curiae). O relator poderá admiti-lo por despacho irrecorrível. Ou seja, se o relator deferir o ingresso do amicus curiae, o despacho é irrecorrível. Por outro lado, se indeferir o pedido, caberá recurso de agravo regimental. O amicus curiae não pode ser ninguém legitimado para entrar com a ADI (nenhuma das pessoas arroladas no art. 103). Também não pode ser pessoa física. Só pode ser um órgão ou entidade não arrolado no art. 103.
Após o julgamento, o efeito da decisão em ADI está descrito no art. 102, §2º da CRFB. Essa decisão produz eficácia erga omnes, com efeito retroativo (ex tunc) e vinculante. Só não vincula o próprio STF e o Poder Legislativo. Também não está vinculado o Presidente da República em sua atividade legislativa (editar medida provisória), pois a MP tem força de lei.
AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE
A diferença mais simples da ADI para a ADC é o seu objeto. O objeto da ADC é só a lei federal (art 102, I, “a”).
Outra diferença é que a ADC não é do texto originário da Constituição, pois ela é fruto da EC03/93. Quando ela foi instituída, só tinha quatro legitimados: o Presidente, as mesas da Câmara e do Senado e o PGR. Após a EC45/04, todas as autoridades do art. 103 passaram a ser legitimadas para ajuizar a ADC.
Na ADC não é citado o AGU para se manifestar, pois não há impugnação de lei. Na ADC não é impugnada lei alguma. O que se quer é dar estabilidade à constitucionalidade.
Apesar de não ser citado o AGU, é intimado a se manifestar o PGR.
Não se admite intervenção de terceiros na ADC, mas é possível o amicus curiae. Não cabe ação rescisória e os efeitos da decisão final são os mesmos da ADI.
ADI POR OMISSÃO (ADO)
A ADI por omissão foi introduzida pela CF/88, juntamente com o mandado de injunção. O MI é um remédioconstitucional (controle concreto), que pode ser ajuizado por qualquer pessoa física ou jurídica. Já a ADO é uma ação do controle concentrado de constitucionalidade, e só poderá ser ajuizada por um dos legitimados do art. 103.
Tanto a ADO quanto o MI foram instituídos para combater uma inércia legislativa relativa a uma norma constitucional de eficácia limitada. As duas ações lembram norma constitucional de eficácia limitada. A NC de eficácia limitada é aquela que deve ser regulamentada em lei para produzir efeitos. Porém, por conta da inércia do Legislativo, a regulamentação não é feita.
Na ADO, o objeto da ação é a omissão do Legislativo, e não uma lei específica. Como não há lei impugnada, não precisa da citação do AGU. Mas ele pode ser chamado a se manifestar se o relator da ADO entender cabível.
O PGR deverá ser ouvido, salvo se ele for o próprio autor da ação.
Pergunta: quando que um dos legitimados do art. 103 não poderá entrar com a ADO? Resposta: Quando a omissão partir deles mesmos. Por exemplo, se a lei omissa for de iniciativa do Presidente da República, ele não poderá entrar com uma ADO.
4.	DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
A Constituição Federal está dividida em nove títulos. O título II, que trata dos direitos fundamentais, é dividido em seis capítulos. Daí já vem a primeira pergunta: Qual desses é cláusula pétrea? Resposta: os direitos e garantias individuais (art. 60, §4º). O primeiro capítulo é “Dos direitos e deveres individuais e coletivos”.
Outra pergunta: qual a diferença entre direitos e garantias? Todo direito é um bem em si mesmo. A vida é um direito e um bem em si mesmo. Da mesma forma, a honra, a propriedade, dignidade, intimidade, privacidade etc. Todos são direitos e são bens jurídicos. Já as garantias são instrumentos de proteção. As garantias são instrumentos assecuratórios, que garantem ou protegem. Os remédios constitucionais (habeas corpus, mandado de segurança, mandado de injunção e habeas data) são espécies de garantias fundamentais, pois são escudos protetivos dos direitos fundamentais. A todo direito corresponde uma garantia que o tutela.
O art. 85, III, trata do Poder Executivo. Nesse artigo dispõe que se o Presidente da República pratica algum ato atentatório aos direitos individuais, sociais ou políticos ele comete crime de responsabilidade, cabendo um processo de impeachment perante o Senado Federal. Ainda sobre o Poder Executivo, o art. 62, §1º, veda a edição de medidas provisórias sobre direitos nacionais e sobre direitos políticos, ambos espécies de direitos fundamentais. Por outro lado, os direitos individuais e os direitos tributários podem ser objetivo de medida provisória. O art. 68, §1º, também veda a edição de lei delegada sobre direitos nacionais, direitos individuais e direitos políticos. Reparem que agora a Constituição incluiu os direitos individuais na vedação.
4.1	CARÁTER RELATIVO DOS DIREITOS
Em regra, os direitos e garantias fundamentais são relativos. Para fins de prova, entende-se que não há direitos e garantias fundamentais absolutas. Todos os direitos são relativizados, como por exemplo, o direito a vida. O direito a vida não é absoluto, pois o Brasil admite a pena de morte no caso de guerra declarada e admite o aborto no caso de risco de morte para a mãe gestante e vítima de estupro. Da mesma forma a propriedade é relativizada, e também é o direito à dignidade, como por exemplo, no crime de injúria.
A única que é absoluta é a dignidade da pessoa humana, que é fundamento da República, conforme art. 1º, III. É diferente de ser um direito fundamental. A dignidade é um fundamento da República, é a base do Estado e, por isso é absoluta.
4.2	DESTINATÁRIOS
Os destinatários dos direitos fundamentais são: a pessoa física, a pessoa jurídica e o próprio Estado. A pessoa física destinatária é o brasileiro nato ou naturalizado e os estrangeiros residentes ou não no país. Como Estado se entende a União, os Estados, o DF e Municípios, bem como suas autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações públicas. A pessoa jurídica pode ser de direito público ou privado, nacional ou estrangeira.
4.3	ORIGEM
Os direitos e garantias fundamentais foram criados na Carta Magna de 1215 como o objetivo de limitar o poder do Estado. Exigia-se do estado uma abstenção, omissão, um não fazer do Estado. A partir do século XX, passou-se a exigir uma atitude comissiva, um fazer concreto do Estado, como é o caso dos direitos sociais, culturais e econômicos. Não basta mais ao Estado conceder liberdades ao indivíduo. Agora, é preciso que ele faça mais, que ele concretize determinados direitos estampados na Constituição, como é o caso da moradia, educação, saúde, alimentação, cultura, lazer etc.
4.4	RELAÇÃO VERTICAL E HORIZONTAL
Os direitos e garantias fundamentais se aplicam em duas relações. A primeira é a relação vertical, que é aquela entre o Estado e o particular, entre o interesse público e o interesse privado. Ainda que prevaleça o interesse público (supremacia do interesse público), deverá o Estado respeitar os direitos e garantias fundamentais.
A outra relação é a relação horizontal, que é a relação entre os particulares. São as relações estritamente privadas, particulares. Os direitos fundamentais hoje se aplicam a todas as relações privadas. O direito de um termina quando o do outro começa. Um exemplo clássico é o direito do trabalho. São inválidas as clausulas que vedam direito de greve de trabalhadores, ou mesmo que retirem o tempo mínimo de intervalo entre as jornadas. Os direitos fundamentais limitam a autonomia privada das relações estritamente privadas. Mesmo que as partes queiram, não é possível limitar de forma tão drástica esses direitos.
No nosso sistema é possível que ocorra uma colisão ou confronto de direitos e garantias fundamentais. Isso ocorre quando, por exemplo, um jornalista (direito de liberdade de imprensa, informação e opinião) divulga uma reportagem de alguém sem que ele queira (direito a privacidade, intimidade, imagem). Somente o Poder Judiciário poderá resolver esse conflito, mediante provocação dos interessados por meio do ajuizamento de uma ação. A partir da provocação do judiciário, dentro do caso concreto, o Juiz vai decidir qual desses direitos irá prevalecer por meio do princípio da proporcionalidade, da ponderação de direitos fundamentais.
5.	DIREITOS INDIVIDUAIS E COLETIVOS
O título referente aos direitos fundamentais engloba os artigos 5º a 17. De forma mais recorrente, o que cai em prova é o art. 5º. Mas devem-se ler todos os artigos.
O art. 5º, caput, já começa nos apresentado os cinco direitos individuais básicos, aplicáveis a todos os brasileiros (natos ou naturalizados) e a todos os estrangeiros (residentes ou não). São eles: direito a vida, liberdade, igualdade, segurança e propriedade.
Esses direitos fundamentais básicos possuem vários desdobramentos, que estão arrolados nos 78 incisos do art. 5º. É importantíssimo ler todo o artigo, mas vamos destacar alguns deles.
5.1	DIREITO A VIDA
	
Sobre o direito a vida, a Constituição veda a pena de morte, somente autorizada em caso de guerra declarada. A pena de morte é morte por fuzilamento (Código penal militar). 
Também é vedada a eutanásia, que é a abreviação da vida do enfermo para evitar o seu sofrimento. Aquele que pratica a eutanásia está sujeito ao crime de homicídio privilegiado.
É vedada, ainda, a tortura, que fere a integridade física e moral e pode levar o sujeito ao óbito.
A prisão perpétua também pode levar o preso ao óbito, por isso é um desdobramento do direito a vida. Também não deixa de ser um desdobramento do direito a liberdade, pois limita de forma perpétua o direito de ir e vir. De toda forma, não há vida sem liberdade, ainda que mínima.
5.2	DIREITO A LIBERDADE
Como desdobramento do direito a liberdade temos a liberdade de locomoção (ir e vir), liberdade de crença, liberdade de associação e liberdade de reunião.
5.3	direito a propriedade
A propriedade pode ser de bem móvelou imóvel, de bem corpóreo, de bem incorpóreo. Pode ser, ainda, propriedade de pessoa física, jurídica ou do próprio Estado.
5.4	PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. Esse princípio se aplica ao particular, e não ao servidor público. O particular pode fazer tudo que a lei não proíbe. Já o servidor público só pode fazer aquilo que a lei autoriza. O princípio da legalidade na administração pública está previsto no art. 37 da CRFB.
5.5	LIBERDADE DE EXPRESSÃO
Pensar é livre, mas a partir da sua exteriorização, a Constituição veda o anonimato. Isso porque ao exteriorizar o pensamento, a pessoa pode cometer quatro crimes: calúnia, injúria, difamação e racismo. Por isso, se alguém resolve se expressar, ele tem que se identificar, para permitir a punição em caso de excesso.
5.6	LIBERDADE RELIGIOSA (art. 5º, VIII)
Trata das famosas escusas (imperativo ou objeção) de consciência religiosa, filosófica ou política. O serviço militar é obrigatório para homens, exceto padres, em tempo de paz. Em tempo de guerra, é obrigatório para homens e mulheres, padres ou não (art. 143, §2º).
Se alguém, em tempo de paz, apresenta uma escusa de consciência. Como por exemplo, o testemunha de Jeová, que não pode pegar em armas. Se ele apresenta essa escusa, ele está isento de servir o Exército, mas terá de cumprir outra prestação alternativa, fixada em lei (é uma lei de 91????). Se ele também se recusa ao cumprimento da prestação alternativa, ele poderá sofrer a perda ou suspensão dos seus direitos políticos (art. 15, IV).
5.7	LIBERDADE DE REUNIÃO (art. 5, XVI)
O direito de reunião tem que ser de forma pacífica. O direito de reunião não constitui pessoa jurídica, não precisa registrar em cartório. O direito de reunião é temporário, eventual e ocasional. É diferente do direito de associação, que é permanente e duradouro.
O direito de reunião é exercido em local aberto ao público, de forma pacífica e sem armas. Engloba arma de fogo e sua munição, bem como as armas brancas.
O direito de reunião não depende de autorização do Estado, mas precisa de aviso à autoridade competente. Cada caso tem a sua autoridade competente.
Porém, esse direito de reunião não é absoluto, pois tem que ser pacífico, para discutir objeto lícito, sem armas e pode ser restringido num estado de exceção, como no caso de Estado de Sítio. Se houver Estado de Sítio não cabe nem emenda à Constituição.
Dentro dessa liberdade de reunião está a marcha da maconha, a marcha das vadias, a parada gay, as procissões etc.
5.8	LIBERDADE DE ASSOCIAÇÃO (art. 5, XVII)
Segundo o novo CC/02, a associação é uma pessoa jurídica de direito privado. É vedada a associação de caráter paramilitar. A associação é feita com duas ou mais pessoas. Porém essas duas pessoas não podem se associar para praticar tráfico, pois só cabe associação para fins lícitos.
A associação não depende de autorização do Estado, mas depende de registro em cartório de pessoa jurídica. Esse registro é apenas para fins de regularidade. Lembre-se que a associação é duradoura e permanente.
A associação pode ser suspensa ou dissolvida contra vontade dos associados, desde que por decisão judicial. Não pode ser dissolvida por decisão administrativa. A suspensão não precisa de trânsito em julgado, mas para a dissolução é necessário o trânsito em julgado (art. 5º, XIX).
Ninguém é obrigado a se associar, ou a permanecer associado (art. 5º, XX), até mesmo por uma decorrência do princípio da dignidade da pessoa humana.
As associações, se autorizadas expressamente, podem representar os seus associados em juízo ou fora dele. Isso é uma mera representação processual, e não substituição processual, pois depende do instrumento do mandato (a autorização/procuração). Logo, nesse caso a associação defende direito de terceiro e em nome do terceiro.
A associação que foi constituída e está em funcionamento há pelo menos um ano pode impetrar mandado de segurança coletivo. Nesse caso não precisa de autorização/procuração dos associados. Nesse caso há uma substituição processual, pois a associação vai defender em nome próprio o direito de terceiros.
5.9	DIREITO DE PROPRIEDADE (art. 5º, XXII e XXIII)
O direito de propriedade está na Constituição e também na lei, no CC/02. O direito de propriedade é usar, gozar, usufruir e dispor do bem. Também engloba o direito de perseguir o bem e reavê-lo de quem esteja em sua posse injustamente.
Usar é utilizar do modo que lhe convém, inclusive impedindo que terceiros a utilizem. Gozar/usufruir é perceber os frutos naturais e civis que o bem lhe proporciona, como é o caso dos aluguéis (frutos civis). Dispor é vender ou trocar a propriedade, e reaver se alguém a detém de modo injusto.
A propriedade não é um direito absoluto, pois ela tem que atender à sua função social, ou seja, tem que atender aos anseios da coletividade, e não só do proprietário.
A primeira Constituição que tratou da função social da propriedade foi a própria CF/88. E ela traz as situações em que a propriedade cumpre a sua função social, com é o caso do art. 182, §2º, e art. 186, I a IV. Se não cumprir a sua função social, a propriedade estará sujeita a desapropriação. Para a propriedade rural, aplica-se a desapropriação para reforma agrária (art. 185). A desapropriação é uma forma originária de aquisição da propriedade, e ao mesmo tempo ela é uma forma de perda do domínio. O desapropriado perde de forma involuntária a sua propriedade.
O art. 170 fala da ordem econômica, e diz que a propriedade e sua função social são princípios da ordem econômica.
O inciso XXII do art. 5º é uma norma de eficácia contida, que pode ser regulamentada em lei ou na própria constituição. A regulamentação é facultativa. Se ela vier, ela vai restringir o direito, conforme consta no inciso XXIV. Nesse caso, a propriedade pode estar cumprindo a sua função social, que ainda assim estará sujeita a desapropriação. Da mesma forma, também há restrição à propriedade no inciso XXV, que regula a requisição administrativa. A requisição administrativa não é desapropriação e só vai indenizar se houver dano, ao final da requisição. Pode ser requisição civil ou militar. Na desapropriação há transferência da propriedade pra o domínio público. Na requisição não há perda da propriedade. Na desapropriação a indenização é prévia, já na requisição ela é posterior se houver dano.
A propriedade pode ser de bens corpóreos ou incorpóreos, material o imaterial. Por exemplo, o direito da propriedade intelectual, como é o caso das marcas e patentes. O inciso XXVII regulamenta essa situação, dizendo que os autores tem direito exclusivo de utilização de suas obras, sendo que esse direito se transmite aos herdeiros por um tempo específico fixado em lei (há uma lei de 1998???). Os herdeiros não tem direito perpétuo sobre a obra, mas sim temporário. Após esse prazo, a obra cai em domínio público.
5.10	REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS ADMINISTRATIVOS (art. 5º, XXXIV)
Há dois remédios constitucionais administrativos: o direito de petição e o direito de certidão. Esses remédios independem do pagamento de taxa. Taxa é tributo, e não há exercício do poder de polícia (art. 145, II) para que possa ser cobrada a taxa. Também não há tarifa ou preço público.
Esses direitos são remédios constitucionais administrativos, e não judiciais, pois não há processo judicial nesses casos.
O direito de petição pode ser, por exemplo, um abaixo assinado. Ele pode ser exercido por qualquer pessoa física ou jurídica, nacional ou estrangeira, independentemente do auxílio de advogado, e não há prazo. O direito de petição pode ser exercido em favor de terceiros, com em favor de moradores de um bairro, por exemplo. Esse direito de petição deve ser exercido perante uma autoridade competente. Caso a autoridade que receba o pedido não seja a competente, caberá a ela remetê-lo à competente.
Já o direito de certidão pode ser exercido por qualquer pessoa física ou jurídica, nacional ou estrangeira,sem advogado. Porem, o direito de certidão não pode ser exercido em favor de terceiros. Somente para esclarecimento de interesse pessoal. Se houver procuração, caberá o exercício do direito de certidão por terceiro.
5.11 REPÚDIO AO RACISMO (art. 5º, XLII e XLIV)
O racismo é crime imprescritível e inafiançável e está sujeito a pena de reclusão. Não é pena de detenção, e sim reclusão. A reclusão é uma pena mais severa do que a detenção. Também é crime imprescritível e inafiançável a ação de grupos armados civis ou militares contra o Estado. Alguns dizem que isso é crime de lesa-pátria, e alguns dizem que é golpe de estado.
O Brasil prega o repúdio ao terrorismo e ao racismo, conforme art. 4º, VIII da CRFB.
5.12	DEVIDO PROCESSO LEGAL (art. 5º, LIV)
É previsto expressamente no texto constitucional. Ninguém pode ser preso sem o devido processo legal, salvo o flagrante delito ou o flagrante ato infracional (ECA). Também não pode haver privação ou constrição de bens sem o devido processo legal.
Esse princípio é o principal principio processual, e dele derivam o contraditório e a ampla defesa (inciso LV). Ambos caminham juntos, mas não são a mesma coisa. O contraditório é contradizer o que o outro disse, dentro de um processo judicial ou administrativo, com exceção do inquérito policial. O inquérito policial é um procedimento administrativo, mas não cabe contraditório, por conta do princípio inquisitorial. Ele é mera peça de investigação, e não de acusação. A exceção é por conta do inquérito policial na Polícia Federal para expulsão de estrangeiro, que tem que ter contraditório.
A ampla defesa é oportunizar todos os meios de prova dentro do processo judicial ou administrativo, desde que seja uma prova lícita, legitima e possível (inciso LVI).
5.13	PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA (LVII)
Também é conhecido com princípio da não culpabilidade. Ninguém pode ser considerado culpado até o trânsito em julgado. Até o trânsito, o réu é presumidamente inocente. Não é inocente, mas presumidamente inocente. Pode ser preso, como é o caso das prisões cautelares (preventiva ou temporária). Por isso que é uma mera presunção, que é relativa. Em caso de periculosidade do réu, não há um juízo de culpabilidade. O preso cautelar é preso perigoso, e não culpado. Só vai ser culpado após o trânsito em julgado.
5.14	PRISÃO EM FLAGRANTE (art. 5º, LXI)
A constituição só permite dois tipos de prisões: em flagrante ou por ordem judicial. Poderá ser preso em flagrante de crime ou de ato infracional (ECA). A prisão em flagrante poderá ser feita por qualquer pessoa do povo. A ordem de prisão deverá ser escrita e fundamentada, e poderá ocorrer nas hipóteses de prisão preventiva, temporária ou por sentença condenatória. A exceção a essa regra é o caso das transgressões ou crimes militares
5.15	PRISÃO CIVIL (art. 5º, LXVII)
A regra é que não pode haver prisão civil por dívida no Brasil. A exceção é a prisão civil do devedor de alimentos. Não é mais admitida a prisão civil do depositário infiel (Súmula vinculante 25).
A prisão do devedor de alimentos não tem caráter punitivo, mas sim coativo. Pagou, deverá ser solto imediatamente, sob pena de HC em face do juiz da vara de família.
5.16	HABEAS CORPUS (art. 5º, LXVIII)
O HC protege o direito de locomoção, o direito ir e vir. É uma ação autônoma, e não um recurso. Não tem prazo prescricional ou decadencial. Pode ser impetrado por qualquer pessoa do povo, independentemente de advogado (não exige capacidade postulatória). Qualquer pessoa física ou jurídica pode impetrá-lo. No caso da pessoa jurídica, ela pode impetra em favor de pessoa física, e não em seu próprio favor. O HC cabe, inclusive, contra decisão transitada em julgado. Não tem qualquer formalidade, pode ser impetrado em papel de pão etc. Pode ser preventivo (salvo conduto) ou repressivo (alvará de soltura).
5.17	MANDADO DE SEGURANÇA INDIVIDUAL (LXXIX)
Esse inciso traz o mandado de segurança individual. O MS é remédio constitucional que protege um direito liquido e certo contra o abuso de autoridade. Por direito liquido e certo se entende qualquer direito com exceção do direito de locomoção (que já é protegido pelo HC). Protege contra o abuso ou excesso de poder, inclusive contra omissão da autoridade pública, quando ela deveria agir e se omite. O MS não é recurso, mas sim uma ação autônoma. É uma ação de natureza civil, ao contrário do HC que tem natureza criminal. O MS tem prazo de decadência de 120 dias contados da ciência do abuso ou ilegalidade, diferentemente do HC que não tem prazo. O MS é regulamentado pela Lei 12.016/09, que revogou integralmente a Lei 1951 (ab-rogação). A Lei 12.016/09 regulamentou, também, o MS coletivo.
O mandado de segurança individual pode ser impetrado por pessoa física (brasileiro nato ou naturalizado e estrangeiro, residente ou não no país) ou jurídica (nacional ou estrangeira). Porém, necessita de representação por advogado. Não cabe MS contra decisão transitada em julgado.
De acordo com a Lei, o MS não cabe contra particular, mas somente contra autoridade pública. Já o HC cabe contra particular. A autoridade coatora no MS não pode ser um particular, porque particular não tem poder, não há abuso de poder de particular.
Cabe MS contra particular que se encontra no exercício de atividade pública, como no caso de reitor de universidade.
O MS é uma ação residual, pois só cabe MS quando o direito protegido não for amparado por HC ou HD.
O MS pode ser preventivo ou repressivo. O MS repressivo tem prazo de 120 dias, mas o MS preventivo, por óbvio, não tem prazo.
5.18	MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO (LXX)
É regulamentado pela Lei 12016/09. Também tem prazo decadencial de 120 dias, mas não pode ser impetrado por pessoa física. O MS coletivo só pode ser impetrado por algumas pessoas jurídicas: partido politico com representação no Congresso (ao menos um parlamentar), organização sindical, entidade de classe ou associação constituída/funcionando há mais de um ano.
Nesses casos, não há necessidade de procuração dos interessados, pois é um exemplo de legitimação extraordinária ou substituição processual.
5.19	MANDADO DE INJUNÇÃO (LXXI)
É uma medida protetiva que serve para combater a inefetividade das normas constitucionais de eficácia limitada. Visa combater uma omissão.
A norma de eficácia limitada é aquela que deve ser regulamentada em lei para ter eficácia. Se a lei regulamentadora não é editada, impedindo o exercício de direitos, caberá mandado de injunção.
O MI ainda não tem regulamentação própria, tendo algumas disposições reguladas pela Lei 8.038//90. Por essa lei, o prazo para impetrar MI é o mesmo prazo do MS (120 dias), além de ser aplicado os mesmos procedimentos do MS. Porém, já há o entendimento jurisprudencial (qual????) de que não há prazo para impetrar MI, pois o MI se aplica ao caso de omissão. Não há como contar prazo da omissão. O MI depende da representação de advogado.
5.20	HABEAS DATA (LXXII)
O HD é uma ação personalíssima. Não cabe HD em favor de terceiros, salvo se o terceiro já for falecido, caso em que cabe aos herdeiros impetrar o HD.
O HD também não tem prazo para sua interposição. É uma ação gratuita (inciso LXXVII), assim como o HC. 
O HD é uma exceção ao princípio da inafastabilidade da jurisdição e do amplo acesso ao poder judiciário (XXXV). Isso porque, antes de entrar com uma ação no judiciário, o requerente tem que obter uma negativa da autoridade administrativa. Sem a negativa da via administrativa, não pode entrar com HD. A diferença para o HC é que no HD tem que constituir advogado. Além disso, visa proteger o direito a informação, e não o direito à locomoção.
O HD pode ser impetrado apenas contra autoridade pública ou privada no exercício de função pública (exemplo: SERASA e SPC).
5.21	AÃO POPULAR (LXXIII)
Qualquer cidadão é parte legitima para ajuizar ação popular. Não é qualquer pessoa do povo, mas somente o cidadão. Portanto, para ajuizar ação popular, é necessária a idade mínima de 16 anos (capacidadeeleitoral), independentemente de assistência dos representantes legais. É uma ação gratuita, mas necessita de capacidade postulatória (advogado). Cabe ação popular contra a imoralidade administrativa (princípio da moralidade). 
A AP é um exercício da soberania popular (art.14). O exercício da soberania popular é o voto, o plebiscito, o referendo, a iniciativa popular e a ação popular.
A AP pode ser preventiva ou repressiva. No caso de ação repressiva, ela se sujeita a prazo prescricional (e não decadencial, como no caso do MS).
5.22	EFICÁCIA E APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS (§1º)
Pelo §1º do art. 5º, as normas que instituem os direitos e garantias individuais tem aplicabilidade imediata. Porém, existe uma exceção que são as normas de eficácia limitada, cuja aplicação é mediata e não imediata.
Os direitos e garantias individuais não se esgotam na Constituição, podendo ser trazidos por tratados internacionais (§2º).
Uma emenda constitucional pode criar outros direitos fundamentais, mas não pode abolir os direitos fundamentais já existentes. Por isso, os direitos fundamentais tem enumeração aberta, já que outros poderão surgir.
6.	DIREITOS SOCIAIS
Os direitos sociais fazem parte da segunda geração dos direitos fundamentais. Junto com os direitos sociais vêm os direitos econômicos e culturais, instituídos a partir do Século XX. Esses direitos representam uma busca pela igualdade material, princípio já defendido no final do Século XVIII pelos pensadores iluministas da Revolução Francesa.
Essa segunda geração representa um fazer do Estado, um ato comissivo, em prol da pessoa humana. São prestações Estatais e não abstenções. Exigem uma prestação efetiva visando alcançar a igualdade material, ou substancial, que impões tratar os iguais igualmente e os desiguais desigualmente, na medida da sua desigualdade. Um exemplo é a implementação das políticas públicas, visando reduzir as desigualdades sociais, visando igualar o rico e o pobre. Reduzir as desigualdades sociais e regionais é um dos objetivos fundamentais da República, conforme art. 3º e art. 170, VII. Para isso que os direitos sociais foram inseridos na Constituição, para implementar os objetivos da República.
Os direitos sociais estão arrolados no art. 6º da Constituição. A alimentação é um dos direitos sociais, e foi introduzido por último no art. 6º. Vale lembrar que o salário é alimento, e pode ser restringido, conforme art. 7º da CRFB.
O trabalho é um direito social, e é visto como um direito base do qual decorre todos os outros, como a alimentação, moradia, saúde e outros. Está ligado à própria dignidade da pessoa humana, que é princípio fundamental do Estado. O Estado deve proteger e valorizar o trabalho humano. O Estado, na sua ordem econômica valoriza o trabalho humano, e não o trabalho animal ou das máquinas.
A ordem social (art. 193) também estabelece que o trabalho está em grau de primazia, sendo o principal dos direitos social. A ordem social está baseada no trabalho humano, e só a partir dele é que podemos alcançar o bem estar e a justiça social, que são objetivos da ordem social. A justiça social significa conceder mais ao menos favorecidos e conceder menos aos mais favorecidos.
Na pratica, falta a implementação de políticas pública. Compete ao poder Legislativo, criando leis, e ao Executivo, implementando a letra da lei, efetivar esses objetivos. Porém, quando o Legislativo e o Executivo se omitem, o Judiciário é chamado a atuar, quando provocado pelo ajuizamento de uma ação. É o fenômeno da judicialização das políticas públicas. O Poder Judiciário se torna um mal necessário, pois não compete a ele implementar políticas publicas, mas na inércia dos outros dois, ele é obrigado a atuar no caso concreto. O ativismo judicial significa que o Judiciário age de forma mais ativa na matéria de políticas públicas.
O art. 7º trata de vários direitos trabalhistas, e a Constituição igualou esses direitos entre os trabalhadores urbanos e rurais, bem como entre os avulsos (inciso XXXIV). O parágrafo único trata dos domésticos, que também tiveram vários direitos igualados aos outros trabalhadores.
O art. 9 º trata do direito de greve na iniciativa privada. É uma norma de eficácia contida, e foi regulamentado pela Lei de Greve de 1989. Não pode haver abuso no exercício do direito de greve. Assim, compete ao Ministério Público do Trabalho (art. 128) conter esses abusos no exercício do direito de greve (art. 114), por meio de dissídio coletivo julgado na Justiça do Trabalho. Muitas vezes ocorrem abusos no direito de greve exercido pelos prestadores de serviço essencial, como é o caso da greve dos bancários ou dos motoristas de ônibus.
Os interesses sociais são defendidos pelo Ministério Público em geral (art. 127), como uma de suas funções principais, além da titularidade da ação penal.
7.	DIREITOS NACIONAIS
Na própria Constituição há diversos direitos nacionais e prerrogativas inerentes à nacionalidade. Se eu não puder exercer essa prerrogativa por conta da falta de uma norma regulamentadora, o que caberá? Resposta: Mandado de Injunção (art. 5º, LXXI).
É o direito interno do país que estabelece quem são os nossos nacionais e, por exclusão, quem são os estrangeiros. Os estrangeiros são todos aqueles que não são nacionais. Que direito interno é esse? Resposta: a própria Constituição. E a Constituição diz que nacional é o brasileiro nato ou naturalizado, conforme disposto no art. 12.
São brasileiros natos todos os nascidos no Brasil, mesmo que de pais turistas estrangeiros, salvo se estes estiverem a serviço do seu país de origem. Mesmo se o turista está de passagem pelo Brasil, se não estiver a serviço do seu país, seus filhos serão brasileiros natos. O Brasil adotou aqui o critério jus solis, também chamado de critério da territorialidade. Por esse critério, determina-se a nacionalidade de um indivíduo pelo local do seu nascimento, não importando a origem dos ascendentes. Só importa o local onde nasceu. A regra no Brasil é o critério jus solis. Porém, há exceção a esse critério, que vemos a seguir.
Também são natos os filhos de brasileiros (pai ou mãe ou ambos) nascidos no estrangeiro, desde que estejam a serviço do Brasil. Nesse caso, o Brasil adotou excepcionalmente o critério jus sanguinis, também chamado de consanguinidade. Por esse critério, determina-se a nacionalidade do indivíduo pela origem dos seus ascendentes, não importando o local do nascimento. O que importa é a origem dos pais e avós. O Brasil adota esse critério por exceção. A maioria dos países europeus adota esse critério como regra. Uma vez que o Brasil adota ambos, significa que o Brasil adota o critério misto de nacionalidade.
Mesmo que os pais não estejam a serviço do Brasil, também é possível que o filho nascido no estrangeiro seja considerado brasileiro nato. É o caso da alínea “c” do inciso I do art. 12. Nesse caso, mesmo nascido no estrangeiro, se o filho for registrado no consulado brasileiro, será brasileiro nato. E ainda que não seja registrado no consulado, também será brasileiro nato se ele vier residir no Brasil e optar, a qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira. Essa opção é um direito personalíssimo, e deve ser feita pela via judicial (art. 109, X). Essa é outra exceção ao critério jus solis, aplicando-se o critério da consanguinidade.
A aquisição de nacionalidade pelo nascimento é uma aquisição originária. A aquisição originária é involuntária, pois não há escolha pelo local do nascimento. Já a naturalização é uma aquisição de nacionalidade derivada e voluntária, feita após o nascimento do indivíduo (art. 12, II). 
A naturalização de estrangeiros originários de países de língua portuguesa é facilitada, e tem como requisitos os seguintes: pedido expresso da parte interessada, residência ininterrupta por um ano e idoneidade moral. É chamada de naturalização ordinária. Por mais que o estrangeiro preencha todos os requisitos, ele não tem direito liquido e certo à naturalização, podendo ser negada pelo Presidente da República,em ato discricionário (conveniência e oportunidade), por questão de soberania nacional.
Por outro lado, a naturalização de estrangeiros de outros países (que não de língua portuguesa) possui outros requisitos: requerimento expresso do interessado, residência há mais 15 anos ininterruptos e sem condenação penal transitada em julgado. É a naturalização extraordinária ou quinzenária. Nesse caso, preenchidos os requisitos, o estrangeiro passa a ter direito liquido e certo a naturalização, cabendo inclusive MS caso seja negada a naturalização.
Observação: Reciprocidade: aos portugueses com residência fixa no Brasil, havendo reciprocidade com os brasileiros em Portugal, serão atribuídos os direitos dos brasileiros naturalizados, sem que seja necessário o processo de naturalização. Ele vai poder exercer todos os direitos que um brasileiro naturalizado exerce.
Todos os brasileiros, natos ou naturalizados, podem vir a perder a sua nacionalidade, conforme art. 12, §4º. Os brasileiros naturalizados poderão perder a sua nacionalidade por sentença judicial, o que não é possível aos brasileiros natos.
8	DIREITOS POLÍTICOS
Pertencem à primeira geração dos direitos fundamentais. Representam uma abstenção, um não fazer do estado.
Todo poder emana do povo. Esse é o conceito de soberania popular, do art. 14. A soberania popular é exercida pelo sufrágio universal. Universal significa que o voto é direto, secreto e com valor igual para todos. A soberania popular também é exercida pelo plebiscito, referendo e pela iniciativa popular.
Plebiscito, referendo e iniciativa popular são formas de democracia direta. Cabe ao Congresso Nacional convocar o plebiscito e autorizar o referendo. É uma competência exclusiva do Congresso (art. 49, XV). O plebiscito é sempre uma consulta popular anterior e o referendo é uma consulta posterior.
A iniciativa popular foi praticada em pouquíssimas vezes. São exemplos, a Lei Maria da Penha, a Lei da Ficha Limpa e a Lei que alterou os crimes hediondos, incluindo o homicídio qualificado (Lei Daniella Perez). Os seus requisitos são tratados no art. 61, §2º, complementado pelo art. 27, §4º, da CRFB, que trata da iniciativa popular no plano estadual.
Os direitos políticos são exercidos no Brasil pelo cidadão. A pessoa se torna cidadã pelo alistamento eleitoral, com idade mínima de 16 anos. Todo cidadão é eleitor, mas nem todo cidadão é elegível. Os analfabetos, por exemplo, podem se alistar como eleitores, mas não são elegíveis para os cargos políticos.
O voto é obrigatório para os maiores de 18 anos e é facultativo para os maiores de 70 anos, os menores de 18 e os analfabetos.
Uma vez alistado, para concorres aos cargos públicos, o cidadão deverá cumprir as condições de elegibilidade, que estão arroladas no §3º do art. 14.
Os partidos políticos, pelo CC/02, são pessoas jurídicas de direito privado. Se tiver representação no Congresso Nacional (ao menos um parlamentar), o partido político terá legitimidade para ajuizar mandado de segurança coletivo, ADI e ADC (art. 103). Os partidos políticos tem que ser registrados no cartório das pessoas jurídicas, e uma vez feito esse registro, terá que registrar seu estatuto no TSE (art. 17).
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