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Prof. Fortunato Dislipidemias DISLIPIDEMIAS ou hiperlipedemias Dislipidemias, também chamadas de hiperlipidemias, referem-se ao aumento dos lipídios (gordura) no sangue, principalmente do colesterol e dos triglicerídeos. COLESTEROL E TRIGLICERÍDEOS LDL-C ( low density lipoprotein ou LDL-colesterol , também chamado de "colesterol ruim") HDL-C ( high density lipoprotein ou HDL-colesterol , também chamado de "colesterol bom" ) VLDL-C ( very low density lipoprotein ou VLDL-colesterol ) Triglicerídeos (união do glicerol à ácidos graxos) Colesterol e triglicerídeos Ligam-se a determinadas proteínas para deslocarem-se no sangue: Lipoproteínas O colesterol é uma substância semelhante à gordura com função importante em muitos processos bioquímicos do organismo. Importante constituinte das membranas das células, precursor dos ácidos biliares e de hormônios e da vitamina D. Sem uma quantidade adequada de colesterol no sangue a vida não seria possível. Seu excesso no sangue é um dos principais fatores de risco da aterosclerose. Colesterol e triglicerídeos Os triglicerídeos são um dos componentes gordurosos do sangue e sua elevação está relacionada, também, com doenças cardiovasculares (angina, infarto), cerebrovasculares (derrame) e doenças digestivas (pancreatite). É desejável níveis abaixo de 150 mg/dl Precursor VLDL-C / LDL-C COLESTEROL 70% produzido pelo fígado 30% provém da dieta (Principalmente gorduras saturadas e trans) 2 tipos de LDL Pequeno e altamente aterogênico (contribui para a formação da placa de gordura) Grande e menos aterogênico. O LDL pequeno penetra mais facilmente na parede da artéria e também se oxida mais facilmente, o que contribui para a formação da placa de ateroma. O tamanho das partículas de LDL se relaciona com alterações na concentração de triglicerídeos. Quanto mais alto os níveis de triglicerídeos maior será o predomínio das partículas pequenas de LDL. 01_sanduiches[1].pdf 02_acompanhamentos[1].pdf 06_sobremesas[1].pdf Cálculo da concentração do Colesterol VLDL e LDL A concentração do Colesterol VLDL e LDL pode ser calculada utilizando a equação de Friedewald, que é exata para amostras cujas concentrações de triglicérides não ultrapassem 400 mg/dL. Equação de Friedewald: Colesterol VLDL = Triglicérides / 5 Colesterol LDL = Colesterol Total - (HDL + VLDL) Valores desejáveis ou recomendados mg/dL Desejável Risco moderado Alto risco Colesterol LDL 130 130 – 159 160 Colesterol total 200 200 – 239 240 Colesterol HDL (m) 55 35 - 55 35 Colesterol HDL (f) 65 45 - 65 < 45 Valores usados apenas como orientação. Valores de referência e são determinados a partir de dados epidemiológicos, calculados estatisticamente, que relacionam os níveis do Colesterol com a prevalência de doença coronariana isquêmica (DCI). Colesterol Total / HDL COLESTREOL LDL / HDL Índice de risco coronariano: Risco = Colesterol total (mg/dL) / HDL-C (mg/dL) Risco Homens Mulheres Metade da Média 3,43 3,27 Média 4,97 4,44 2 x média 9,55 7,05 3 x média 23,39 11,04 Índice de risco coronariano: Risco = Colesterol LDL (mg/dL) / HDL (mg/dL) Risco Homens Mulheres Metade da Média 1 1,47 Média 3,55 3,22 2 x média 6,25 5,03 3 x média 7,99 6,14 RELAÇÃO: Prof. Fortunato Aterosclerose características Uma da principais causas de morte em todo o mundo Evolução lenta Os sintomas aparecem geralmente apenas quando ocorre importante obstrução do vaso A abordagem consiste na identificação e correção dos fatores de risco O tratamento invasivo é feito apenas quando a obstrução é severa, pois ele não impede a progressão da doença Relação: Colesterol x Mortalidade Fumo Doença Arterial Coronariana Fatores de Risco Coronariano Clássicos LDL elevado Hipertensão Diabetes (RI) Fatores Trombogênicos Aterosclerose DAC TG elevados Obesidade HDL baixo Evento Coronariano Hist. Familiar Idade Dieta gordurosa Novos Fatores e Marcadores de Risco Homocisteína / Lp(a) Fibrinogênio / PCR(as) Placa de Ateroma O colesterol.wmv Atherosclerotic Plaque Accumulation.wmv 18 Conseqüências da Aterosclerose Doença Arterial Coronária (DAC) Angina de peito Insuficiência Cardíaca Arritmias Infarto agudo do miocárdio (IAM) Acidente Vascular Cerebral (AVC) Doença Vascular Periférica Valores de referência para diagnóstico das Dislipidemias em adultos >20 anos Dislipidemias Classificação Laboratorial Hipercolesterolemia isolada Elevação isolada do CT, geralmente aumento do LDL-C Hipertrigliceridemia isolada Elevação isolada dos TG, por aumento do VLDL e/ou QM Hiperlipidemia Mista Valores aumentados de CT e TG HDL-C Baixo c/ ou s/ aumento de LDL ou TG Classificação Etiológica Dislipidemias primárias Causas genéticas Dislipidemias Secundárias Apresenta causa secundária Dislipidemias Secundárias Dislipidemias Secundárias Dislipidemias Secundárias Determinações Laboratoriais Perfil Lipídico Colesterol Total (CT) Triglicerídeos (TG) HDL-C *LDL-C Lipoproteína(a) – Lp(a) Homocisteína (HCY) Proteína C reativa de alta sensibilidade (PCR-as) Fibrinogênio Determinações Laboratoriais Lipoproteína(a) – Lp(a) Associada à ocorrência de eventos cardiovasculares; Não há provas de que a diminuição dos níveis diminui o risco de aterosclerose Homocisteína (HCY) Aminoácido formado do metabolismo da metionina Elevações associadas à disfunção endotelial, trombose e maior gravidade de aterosclerose Não há evidências de que níveis elevados sejam fator de risco isolado Proteína C reativa de alta sensibilidade (PCR-as) Marcador do processo inflamatório em indivíduos sadios Não se aplica a fumantes, diabéticos, portadores de osteoartrose, mulheres sob TRH, no uso de AINES ou em infecções. Determinações Laboratoriais Determinações da coleta: Estilo de vida habitual nas últimas três semanas Jejum de 12-24hs, imprescindível para valores de TG e HDL-C Evitar exercício três horas antes da coleta Durante a coleta o paciente deve estar sentado e deve-se evitar a estase venosa Esperar até três semanas em caso de doenças leves, mudanças dietéticas recentes Esperar até três meses em caso de doença grave ou procedimento cirúrgico Suspender medicamentos não imprescindíveis Pacientes sob tratamento não devem suspender a medicação nem a dieta; Prevenção Primária Modificação dos fatores de risco para retardar ou evitar o aparecimento da doença aterosclerótica Prevenção secundária Terapêutica para reduzir os eventos e diminuir a mortalidade em pacientes com doença aterosclerótica Controle dos fatores de risco Terapêutica para evitar a ruptura da placa Estratificação do Risco Prevenção Primária (níveis) I - de baixo risco (<10% em 10 anos) II - de médio risco (10-20% em 10 anos) III - de alto risco (>20% em 10 anos) Prevenção secundária Diabéticos Portadores de Aterosclerose Estratificação do Risco Estratificação do Risco I - Baixo Risco Risco absoluto <10% em 10 anos Indivíduos com 1 FR (exceto DM), além de LDL-C >160 mg/dL Não recomendado uso da tabela de risco Recomendações LDL-C <130mg/dL, tolera-se até 160mg/dL CT<200mg/dL; HDL-C>40mg/dL; TG<150mg/dL Estratificação do Risco Estratificação do Risco I - Médio Risco Risco absoluto 10%-20% em 10 anos Indivíduos com 2 FR (exceto DM), além de LDL-C >160 mg/dL Recomendado uso da tabela de risco Recomendações LDL-C <130mg/dL CT<200mg/dL; HDL-C>40mg/dL; TG<150mg/dL Estratificação do Risco Estratificação do Risco Estratificação do Risco Escore de Risco de Framingham Escore de Risco de Framingham Mudança no Estilo de Vida Medicamentos Terapêutica Mudança do Estilo de Vida (MEV) Terapia Nutricional Dieta para Hipercolesterolemia Dieta para Hipertrigliceridemia Exercício Físico Tabagismo Mudança do Estilo de Vida (MEV) Colesterol Alimentar Influencia diretamente os níveis de colesterol Encontrado apenas em alimentos de origem animal Possui menor efeito sobre a colesterolemia, se comparado à gordura saturada Para reduzir, restringir: Consumo de vísceras (fígado, miolos, miúdos) Leite integral e seus derivados Biscoitos amanteigados, croissants, folhados Sorvetes cremosos, embutidos, frios, pele de aves, Frutos do mar, gema de ovo (225mg/unidade). Mudança do Estilo de Vida (MEV) Ácidos Graxos Saturados Elevam a colesterolemia por reduzirem receptores celulares B-E, inibindo a remoção do LDL-C pelo fígado Permite, ainda, maior entrada de colesterol nas partículas LDL Principal causa alimentar de elevação do colesterol plasmático Para reduzir, restringir: Gordura animal (Carnes gordurosas, leites e derivados) Polpa de coco, óleo de dendê e coco no preparo de alimentos Mudança do Estilo de Vida (MEV) Ácidos Graxos Insaturados Ômega-6 (linoléico e araquidônico); ômega-9 (oléico) e ômega-3 (-linoléico, eicosapentaenóico-EPA, docohexaenóico-DHA) Substituição dos ácidos graxos saturados por ácidos graxos poliinsaturados reduz o CT e o LDL-C: Menor produção e maior remoção de LDL Diminuição da proporção de colesterol no LDL-C Possuem o inconveniente de baixarem o HDL-C e induzir maior oxidação lipídica Ômega-3 diminui o TG por diminuir a secreção hepática do VLDL; Fontes: Óleos vegetais, oliva, canola, azeitona, abacate, castanhas, nozes, amêndoas, peixes de água fria Mudança do Estilo de Vida (MEV) Ácidos graxos trans Sintetizados durante a hidrogenação dos óleos vegetais na produção das margarinas Pela semelhança estrutural com ácidos saturados, provoca elevação da colesterolemia com aumento do LDL-C e redução do HDL-C Quanto mais dura a margarina, maior concentração de gordura trans Outras fontes: óleos e gorduras hidrogenadas, shortenings (gorduras industriais presentes em sorvetes, chocolates, pães recheados, molhos para salada, maionese, cremes para sobremesa e óleos para fritura industrial) Mudança do Estilo de Vida (MEV) Fibras Carboidratos complexos, não absorvidos pelo intestino, com ação reguladora da função gastro-intestinal Podem ser solúveis ou insolúveis (em água) As fibras solúveis reduzem o tempo de transito intestinal e ajudam na remoção do colesterol, a saber: Pectina (frutas), gomas (aveia, cevada, feijão, grão de bico, lentilha, ervilhas). As insolúveis não atuam sobre a colesterolemia mas produzem saciedade (trigo, grãos, hortaliças). Recomendação: 20 a 30 g/dia, sendo 25% (6g) de fibra solúvel Mudança do Estilo de Vida (MEV) Antioxidantes Flavonóides, vitaminas C e E e carotenóides; Recomendação: Não há evidências de que vitaminas antioxidantes previnam manifestações clínicas da aterosclerose, portanto essas não são recomendadas Uma alimentação rica em frutas e vegetais certamente fornecerá doses apropriadas dessas substâncias o que contribuirá para a manutenção da saúde Mudança do Estilo de Vida (MEV) Mudança do Estilo de Vida (MEV) Álcool Não se recomenda o consumo de álcool para prevenção da aterosclerose Mudança do Estilo de Vida (MEV) Dieta para Hipertrigliceridemia Pacientes com níveis muito elevados de TG e quilomicronemia devem reduzir a ingestão de gordura total da dieta Na Hipertrigliceridemia secundária ao diabetes ou obesidade recomenda-se redução da ingesta calórica, restrição de carboidratos e compensação do diabetes Recomenda-se restrição total de álcool Mudança do Estilo de Vida (MEV) Exercício Físico Recomendação: sessões de em média 40min de atividade física aeróbica, 3 a 6 vezes por semana Atividades de aquecimento, alongamento e desaquecimento Incluir componente que aprimore força e flexibilidade Mudança do Estilo de Vida (MEV) Tabagismo Fator de risco independente para aterosclerose Recomenda-se abordagem cognitivo-comportamental: Detecção de situações de risco de recaídas Desenvolvimento de estratégias de enfrentamento Farmacoterapia pode ser um apoio Adesivos de nicotina, goma de mascar; Bupropriona Nortriptilina Tratamento Farmacológico Estatinas Fibratos Resinas de Troca Iônica Ezetimiba Ácido nicotínico Ômega-3 Orlistat Tratamento Farmacológico Vastatinas Medicamentos de escolha para se reduzir o LDL-C em adultos. Deve-se usar a dose necessária ao alcance da meta terapêutica, respeitando-se a ocorrência de efeitos indesejáveis Fibratos Indicados no tratamento da hipertrigliceridemia endógena quando houver falha das MEV ou quando esta for muito elevada (>500mg/dL). Tratamento Farmacológico Vastatinas – Mecanismo de Ação Tratamento Farmacológico lovastatina e sinvastatina são pró-fármacos lactônicos inativos sendo hidrolisados no trato gastrintestinal aos derivados beta-hidroxila ativos pravastatina possui um anel de lactona aberto e ativo atorvastatina, fluvastatina e a rosuvastatina são congêneres que contém flúor e são ativos quando administrados Tratamento Farmacológico Tratamento Farmacológico Estatinas Tratamento Farmacológico Fibratos Aumentam a atividade da lipase lipoprotéica, diminuindo os níveis de TG e VLDL, ao aumentar sua eliminação Tratamento Farmacológico Fibratos Tratamento Farmacológico Fibratos Tratamento Farmacológico Resinas de troca iônica Capturam o colesterol na luz intestinal diminuindo sua absorção e interrompendo a circulação entero-hepática Não reduzem a absorção dos triglicerídeos podendo, inclusive aumenta-la, sobretudo em pacientes com hipertrigliceridemia Reduzem o LDL-C de forma dose-dependente Colestiramina (Questran Light®) Colestipol Tratamento Farmacológico Tratamento Farmacológico Resinas de troca iônica Tratamento Farmacológico Resinas de troca iônica Tratamento Farmacológico Ácido Nicotínico Reduz nos hepatócitos a mobilização celular de ácidos graxos, reduzindo a síntese e acoplamento dos TG às apo B-100; Aumenta a degradação celular hepática de VLDL e LDL, reduzindo a concentração plasmática de VLDL-C e LDL-C Diminui o LDL-C de 5-25%, aumenta o HDL em 15-35% e diminui os TG em 20-50%. Dose: 2 a 6 g/dia conforme o efeito ou tolerância; Tratamento Farmacológico Ácido Nicotínico Efeitos adversos: Rubor facial, hiperglicemia, hiperuricemia e alterações no trânsito intestinal Interações: potencializa a hipotensão ortostática causada por antihipertensivos, diminui a efetividade de hipoglicemiantes Alternativa aos fibratos e estatinas ou em associação com esses fármacos em portadores de hipercolesterolemia, hipertrigliceridemia ou dislipidemia mista; Tratamento Farmacológico Ômega-3 Diminuem a produção de VLDL no fígado Tem atividade antitrombótica e, por isso, interage com anticoagulantes aumentando o risco de hemorragias; Dose mínima de 4g/dia Podem ser usados como adjuvantes aos fibratos nas hipertrigliceridemias ou como alternativa em pacientes intolerantes; Composição: Cada cáps.: ácido eicosapentaenóico (EPA) 180mg, ácido docosaexaenóico (DHA) 120mg, tocoferol 2mg por 1.000mg. Tratamento Farmacológico Orlistat Inibidor das lipases intestinais. Atua ligando-se covalentemente aos sítios catalíticos das lipases gástrica e pancreática. Diminui a absorção de triglicerídeos ingeridos em 30% Dose recomendada de 360 mg/dia Não se conhece definitivamente o papel do seu uso na prevenção da aterosclerose Tratamento Farmacológico Ácido Acetil Salicílico Nas doses de >100mg/dia deve ser prescrito para indivíduos que se encontrem sob alto risco de eventos cardiovasculares (prevenção secundária, diabéticos ou risco absoluto >20% em 10 anos) Inibidores da ECA Devem ser prescritos para indivíduos em prevenção secundária, principalmente os que apresentam disfunção ventricular esquerda ou para diabéticos que apresentem algum FR associado ou nefropatia Beta-bloqueadores Diminuem o risco de reinfarto e mortalidade em indivíduos que sofreram infarte. Devem ser prescritos para indivíduos que sofreram IAM. Dislipidemias em grupos especiais Idosos (>70 anos) Atenção especial às dislipidemias secundárias Estatinas mostram alta eficácia nessa faixa etária Prevenção primária, dados ainda não disponíveis Dislipidemias em grupos especiais Mulheres pós-menopausa Não há indicação de TRH com objetivo de prevenir eventos clínicos relacionados à aterosclerose Em mulheres sob TRH por indicação ginecológica não indicação cardiológica de suspensão do uso As estatinas são o tratamento de escolha em mulheres sob risco
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