Buscar

Peca 5 PS V HC

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

PRÁTICA SIMULADA V - CCJ0049
Semana Aula: 5
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA CRIMINAL DA COMARCA DA CAPITAL...
FULANO DE TAL, advogado regularmente inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional de ____, sob o n. ____, com endereço profissional n rua..., bairro..., cidade..., estado..., vem à presença de Vossa Excelência, com fundamento no artigo 5º, LXVIII, da Constituição Federal, e 647 e seguintes do Código de Processo Penal, impetrar 
HABEAS CORPUS
em favor de TÍCIA, nacionalidade, estado civil, profissão, portadora da cédula de identidade n. ____, inscrita no CPF/MF n. ____, residente e domiciliada na rua..., bairro...,cidade..., estado..., contra ato ilegal praticado pelo Delegado de Polícia Titular da Delegacia de Polícia da Capital, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas:
DOS FATOS
No último dia..., o Sr. ..., Delegado de Polícia, ora autoridade coatora, em entrevista à rádio local, determinou, aos seus agentes, a prisão de todas as meretrizes que circularem na Capital, pois os “bons costumes” deveriam ser “restabelecidos”.
Após ouvir a notícia, a paciente, que garante o seu sustento na qualidade de acompanhante, suspendeu o exercício da prática, pois passou a temer a ação da polícia, que vem, de fato, cumprindo a determinação da autoridade policial.
DOS FUNDAMENTOS
Resta nitidamente cabível a impetração do remédio constitucional de Habeas Corpus, no caso em tela, diante do artigo 5º, LXVIII, da CRFB/88 que afirma que conceder-se-á “habeas-corpus” sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder. 
O habeas corpus pode ser considerado como remédio constitucional ou ação constitucional, pois sua gênese está no texto da Constituição Federal de 1988, conforme artigo 5º, inciso LXVIII, como um direito e garantia fundamental. É encarado como cláusula pétria e não pode ser suprimido do bojo da Constituição, nem mesmo por emenda constitucional (artigo 60, § 4º, da CRFB/88).
Se considerarmos somente a redação do dispositivo constitucional para a análise da possibilidade de uso do HC, o cabimento poderá ficar limitado apenas às hipóteses de prisão de fato, o que não é correto, conforme os exemplos a seguir, que comportam a impetração do remédio: a) decisão que recebe a denúncia ou queixa, cujo fato descrito não constitua crime; b) sentença condenatória transitada em julgado decorrente de processo manifestamente nulo (deve ser pedida a anulação desde o ato viciado); c) instauração de inquérito policial para apurar fato atípico etc. 
Os exemplos anteriores podem ser nitidamente identificados no rol de hipóteses trazido pelo artigo 648 do CPP, que delimita, com maior clareza, as possibilidades de impetração de HC:
 A coação considerar-se-á ilegal:
quando não houver justa causa; 
quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei;
 quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo;
 quando houver cessado o motivo que autorizou a coação; 
quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza; 
 quando o processo for manifestamente nulo; 
 quando extinta a punibilidade.
Considerando os fatos acima narrados é possível verificar que a ordem emanada do ilustre Delegado de Polícia constitui ato ilegal, pois impõe à paciente restrição indevida em sua liberdade de locomoção, haja vista que, como é sabido, a prostituição não constitui fato típico.
Neste sentido segue a jurisprudência do STF:
"HABEAS CORPUS" PREVENTIVO. "TROTTOIR". PROSTITUTAS AMEACADAS DE PRISÃO PELA POLICIA PAULISTA. FATO NOTORIO. RECURSO PROVIDO, PARA DEFERIR SALVO-CONDUTO, A FIM DE QUE AS PACIENTES NÃO SEJAM PRESAS FORA DAS HIPÓTESES E NA FORMA PREVISTA NO ART. 153, PARÁGRAFO 12, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. (STF - RHC: 58974 SP, Relator: SOARES MUNOZ, Data de Julgamento: 29/09/1981, PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: DJ 06-11-1981 PP-11110 EMENT VOL-01233-01 PP-00156 RTJ VOL-00100-03 PP-00581).
No Brasil, a prática da prostituição não constitui um fato penalmente punível. Assim, a atividade exercida configura uma conduta lícita, por mais que seja malvista pela sociedade. Age ilicitamente quem incita ou se favorece da prostituição alheia, caso do rufianismo, mas não quem presta diretamente os serviços de ordem sexual. Em outras palavras: crime é explorar as pessoas que se prostituem, mas não a prostituição em si. Trata-se, inclusive, de uma profissão descrita na Classificação Brasileira de Ocupações, no Ministério do Trabalho. 
A Constituição Federal e os tratados internacionais ratificados pelo Brasil garantem o direito fundamental à liberdade de profissão, de modo que “é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer” (art. 5º, inc. XIII, da CF/88).
Permita-nos trazer a colação entendimento doutrinário sobre o Principio da Dignidade da Pessoa Humana:
“Os princípios constitucionais tornaram-se a base de todo o sistema legal de modo a viabilizar o alcance da dignidade humana em todas as relações jurídicas.” (Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 3ª ed. RT, 2006).
Nesse sentido a ameaça perpetrada pelo ato ilegal da autoridade coatora “fere de morte” o principio da Dignidade da Pessoa Humana, previsto no artigo 1º, III, da CRFB/88, sendo este principio constitucional base do estado Democrático de Direito. 
A liberdade de locomoção é um direito fundamental de primeira geração que se goza em defesa da arbitrariedade do Estado no direito de ingressar, sair, permanecer e se locomover no território brasileiro. Este direito encontra-se acolhido no art. 5º, XV, CF onde prevê que é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens.
A liberdade de locomoção é um desdobramento do direito de liberdade e não pode ser restringido de forma arbitrária pelo Estado, de forma que deve-se respeitar o devido processo legal para que haja esta privação. O devido processo legal é um princípio explicito na Constituição Federal cujo objetivo é criar procedimentos para as relações jurídicas oferecendo aos governados uma segurança jurídica quanto aos seus direitos Art. 5º, LIV. 
Ademais, a privação desta liberdade deve se dar, estritamente, por ordem escrita e fundamentada, nos termos do Art. 93, IX, CF.
DO PEDIDO
Diante do exposto, requer, após as informações prestadas pela autoridade apontada como coatora, seja concedida a ordem de habeas corpus, determinando-se a expedição de salvo-conduto em favor da paciente, como medida de justiça.
VALOR DA CAUSA
Dá-se à causa o valor de R$... (para fins fiscais)
Nesses termos, pede deferimento.
Local, data
Advogado
OAB/UF

Outros materiais