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Concurso de Pessoas e Crimes

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Aula 04
Direito Penal p/ Polícia Civil de Goiás (Delegado) - Com videoaulas
Professor: Renan Araujo
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AULA 04: CONCURSO DE PESSOAS E CONCURSO DE 
CRIMES 
SUMÁRIO 
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1. CONCURSO DE PESSOAS .............................................................................. 3 
1.1. Conceito, natureza e características ......................................................... 3 
1.2. Requisitos ................................................................................................ 4 
1.3. Modalidades ............................................................................................. 9 
1.3.1. Coautoria ................................................................................................ 9 
1.3.2. Participação ........................................................................................... 12 
1.4. Comunicabilidade das circunstâncias ..................................................... 15 
1.4.1. Espécies de elementares e de circunstâncias .............................................. 16 
1.4.2. Cooperação dolosamente distinta ............................................................. 18 
2. CONCURSO DE CRIMES .............................................................................. 19 
2.1. Conceito e natureza ............................................................................... 19 
2.2. Espécies ................................................................................................. 20 
2.2.1. Concurso material (ou real) de crimes ....................................................... 20 
2.2.2. Concurso formal de crimes ...................................................................... 21 
2.2.3. Aplicação da pena no concurso formal ....................................................... 22 
2.2.4. Crime continuado ................................................................................... 23 
2.2.5. Requisitos para a configuração do crime continuado .................................... 24 
2.2.6. Aplicação da pena no crime continuado ..................................................... 26 
2.2.7. Crime continuado e conflito de leis penais no tempo .................................... 27 
2.2.8. Crime continuado e prescrição ................................................................. 27 
2.2.9. Aplicação da pena de multa no concurso de crimes ..................................... 28 
3. RESUMO .................................................................................................... 28 
4. EXERCÍCIOS DA AULA ............................................................................... 35 
5. EXERCÍCIOS COMENTADOS ....................................................................... 46 
6. GABARITO ................................................................................................. 70 
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Olá, meus amigos! 
Hoje é dia de estudarmos dois institutos que costumam ser bastante 
cobrados em provas de concursos públicos: concurso de pessoas e 
concurso de crimes. 
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Portanto, muita atenção, pois há várias teorias doutrinárias que 
podem cair na prova. Temos muitas questões interessantes! 
Os reflexos destes institutos sobre os crimes em espécie serão 
analisados dentro de cada aula específica. 
 
Bons estudos! 
Prof. Renan Araujo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1.! CONCURSO DE PESSOAS 
 
1.1.! Conceito, natureza e características 
O concurso de pessoas pode ser conceituado como a colaboração 
de dois ou mais agentes para a prática de um delito ou 
contravenção penal. 
O concurso de pessoas é regulado pelos arts. 29 a 31 do CP: 
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a 
este cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída 
de um sexto a um terço. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-
lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na 
hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. (Redação dada pela Lei 
nº 7.209, de 11.7.1984) 
Circunstâncias incomunicáveis 
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter 
pessoal, salvo quando elementares do crime. (Redação dada pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984) 
Casos de impunibilidade 
Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição 
expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a 
ser tentado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
Mas como compreender a natureza jurídico-penal de uma 
conduta criminosa praticada por diversas pessoas? Três teorias 
surgiram: 
•! Pluralista (ou pluralística) - Para esta teoria cada pessoa 
responderia por um crime próprio, existindo tantos crimes 
quantos forem os participantes da conduta delituosa, já que a 
cada um corresponde uma conduta própria, um elemento 
psicológico próprio e um resultado igualmente particular1. 
•! Dualista (ou dualística) – Segundo esta teoria, há um crime 
para os autores, que realizam a conduta típica emoldurada no 
ordenamento positivo, e outro crime para os partícipes, que 
desenvolvem uma atividade secundária. 
•! Monista (ou monística ou unitária) – A codelinquência 
(concurso de agentes) deve ser entendida, para esta teoria, 
como CRIME ÚNICO, devendo todos responderem pelo 
mesmo crime. É a adotada pelo CP. Isso não significa que 
todos que respondem pelo delito terão a mesma pena. A pena 
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
1 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal – Parte Geral. Ed. Saraiva, São Paulo, 2015, 
p. 548 
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de cada um irá corresponder à valoração de cada uma das 
condutas (cada um responde “na medida de sua culpabilidade). 
Em razão desta diferenciação na pena de cada um dos 
infratores, diz-se que o CP adotou uma espécie de teoria 
monista temperada (ou mitigada). 
 
O concurso de pessoas pode ser, basicamente, de duas espécies: 
•! EVENTUAL – Neste caso, o tipo penal não exige que o fato seja 
praticado por mais de uma pessoa. Isso não impede, contudo, 
que eventual ele venha a ser praticado por mais de uma pessoa 
(Ex.: Furto, roubo, homicídio). 
•! NECESSÁRIO – Nesta hipótese o tipo penal exige que a 
conduta seja praticada por mais de uma pessoa. Divide-se em: 
a) condutas paralelas (crimes de conduta unilateral): Aqui os 
agentes praticam condutas dirigidas à obtenção da mesma 
finalidade criminosa (associação criminosa, art. 288 do CPP); 
b) condutas convergentes (crimes de conduta bilateral ou de 
encontro): Nesta modalidade os agentes praticam condutas 
que se encontram e produzem,juntas, o resultado pretendido 
(ex. Bigamia); c) condutas contrapostas: Neste caso os 
agentes praticam condutas uns contra os outros (ex. Crime de 
rixa) 
 
1.2.! Requisitos 
Mas quais são os requisitos para que se possa falar em 
concurso de pessoas? Cinco são os requisitos para que seja caracterizado 
o concurso de pessoas: 
•! Pluralidade de agentes – Para que possamos falar em 
concurso de pessoas, é necessário que tenhamos mais de uma 
pessoa a colaborar para o ato criminoso. É necessário que 
sejam agentes culpáveis? A doutrina se divide, mas 
prevalece o entendimento de que todos os comparsas devem 
ter discernimento, de maneira que a ausência de culpabilidade 
por doença mental, por exemplo, afastaria o concurso de 
agentes, devendo ser reconhecida a autoria mediata. Assim, se 
uma pessoa, perfeitamente mental e maior de 18 anos 
(penalmente imputável) determina a um doente mental (sem 
qualquer discernimento) que realize um homicídio, não há 
concurso de pessoas, mas autoria mediata, pois o autor do 
crime foi o mandante, que se valeu de uma pessoa sem 
vontade como mero instrumento2 para praticar o crime. 
Não há concurso, pois um dos agentes não era culpável. Essa 
regra só se aplica aos crimes unissubjetivos (aqueles em 
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
2 WELZEL, Hans. Derecho Penal, parte general. Ed. Roque Depalma. Buenos Aires, 1956, p. 106 
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que basta um agente para sua caracterização). Nos crimes 
plurissubjetivos (aqueles em que necessariamente deve 
haver mais de um agente, como no crime de associação 
criminosa, por exemplo – art. 288 do CP), se um dos 
colaboradores não é culpável por qualquer razão, mesmo 
assim permanece o crime. Nos crimes eventualmente 
plurissubjetivos (crime de furto, por exemplo, que 
eventualmente pode ser um crime qualificado pelo concurso de 
pessoas, embora seja, em regra, unissubjetivo) também não 
é necessário que todos os agentes sejam culpáveis, 
bastando que apenas um o seja para que reste 
configurado o delito em sua forma qualificada. Nessas 
duas últimas hipóteses, no entanto, não há propriamente 
concurso de pessoas, mas o que a Doutrina chama de 
concurso impróprio, ou concurso aparente de pessoas. 
Contudo, essa ressalva só se aplica ao caso de concurso entre 
culpável e “não culpável que possui discernimento”. Assim, se 
o agente culpável se vale de alguém sem culpabilidade como 
mero instrumento, sem que ele possua qualquer discernimento, 
teremos sempre autoria mediata. No caso do concurso entre 
um agente culpável e um menor de 17 anos, por exemplo (não 
culpável por inimputabilidade), pode ser reconhecido o 
concurso de pessoas (concurso aparente), já que o menor 
possuía vontade e esta vontade convergia com a do imputável, 
não tendo sido utilizado como mero instrumento. 
•! Relevância causal da colaboração – A participação do 
agente deve ser relevante para a produção do resultado, de 
forma que a colaboração que em nada contribui para o 
resultado é um indiferente penal. Além disso, a colaboração 
deve ser prévia ou concomitante à execução, ou seja, 
anterior à consumação do delito. Se a colaboração for posterior 
à consumação do delito, como o fato já ocorreu, não há 
concurso de pessoas, podendo haver, no entanto, outro crime 
(favorecimento real, receptação, etc.). Porém, se a 
colaboração for posterior à consumação, mas combinada 
previamente, há concurso de pessoas. Ex: Imagine que 
Poliana decide matar seus pais, e combina com seu namorado 
para que ele esteja às 20h em ponto na porta de sua casa para 
lhe ajudar na fuga. Assim, a conduta do namorado (auxiliar na 
fuga) é posterior à consumação, mas fora combinada 
anteriormente, havendo, portanto, concurso de pessoas. 
Diversa seria a hipótese, no entanto, se o namorado tivesse ido 
à casa da namorada sem saber que deveria lhe ajudar na fuga. 
Lá chegando, a namorada conta o ocorrido e ele, a partir daí, 
concorda em auxiliá-la na fuga. Nessa hipótese, o namorado 
comete o crime de favorecimento pessoal (nos termos do art. 
348 do CP). Cuidado com isso! 
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•! Vínculo subjetivo (ou liame subjetivo) – Também é 
conhecido como concurso de vontades. Assim, para que haja 
concurso de pessoas, é necessário que a colaboração dos 
agentes tenha sido ajustada entre eles, ou pelo menos tenha 
havido adesão de um à conduta do outro. Deste modo, a 
colaboração meramente causal, sem que tenha havido 
combinação entre os agentes, não caracteriza o concurso de 
pessoas. Trata-se do princípio da convergência. Caso haja 
colaboração dos agentes para a conduta criminosa, mas sem 
vínculo subjetivo entre eles, estaremos diante da autoria 
colateral, e não da coautoria. 
•! Unidade de crime (ou contravenção) para todos os 
agentes (identidade de infração penal) – Nos termos do 
art. 29 do CP: Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o 
crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua 
culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984). Daí 
podemos perceber que se 20 pessoas colaboram para a prática 
de um delito (homicídio, por exemplo), todas elas respondem 
pelo homicídio, independentemente da conduta que tenham 
praticado (um apenas conseguiu a arma, o outro dirigiu o 
veículo da fuga, outro atraiu a vítima, etc.). As condutas dos 
agentes, portanto, devem constituir algo juridicamente 
unitário3. 
•! Existência de fato punível – Trata-se do princípio da 
exterioridade. Assim, é necessário que o fato praticado pelos 
agentes seja punível, o que de um modo geral exige pelo menos 
que este fato represente uma tentativa de crime, ou crime 
tentado. Para a caracterização do crime tentado, é necessário 
que seja dado início à execução do crime. Se o fato ficar 
meramente no plano abstrato, no plano da cogitação, não há 
fato punível, nos termos do art. 14, II do CP. O art. 31 do CP 
determina, ainda, de modo específico para a hipótese de 
concurso de pessoas, que a colaboração só é punível se o 
crime for, ao menos, tentado: Art. 31 - O ajuste, a determinação 
ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são 
puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado. (Redação dada 
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984). 
 
CUIDADO! Na autoria mediata, não basta que o executor seja um 
inimputável, ele deve ser um verdadeiro INSTRUMENTO do 
mandante, ou seja, ele não deve ter qualquer discernimento no caso 
concreto. 
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
3 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit.___, p. 553 
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Ex.: José e Pedro (este menor de idade, com 17 anos) combinam de 
matar Maria. José arma o plano e entrega a arma a Pedro, que a executa. 
Neste caso, Pedro é inimputável por ser menor de 18 anos, mas possui 
discernimento, não se pode dizer que foi um mero “instrumento” de José. 
Assim, aqui não teremos autoria mediata, mas concurso aparente 
de pessoas. 
Ex.2: José, maior e capaz, entrega a Mauro (um doente mental sem 
nenhum discernimento) uma arma e diz para ele atirar em Maria, que 
vem a óbito. Neste caso há autoria mediata, pois Mauro (o 
inimputável) foi mero instrumento nasmãos de José. 
Mas esta é a única hipótese de autoria mediata? A resposta é 
negativa. A melhor Doutrina divide a autoria mediata em três hipóteses, 
basicamente4: 
1 – Autoria mediata por erro do executor – Neste caso, aquele que 
pratica a conduta foi induzido a erro pelo mandante (erro de tipo ou erro 
de proibição). Ex.: Médico que entrega à enfermeira uma injeção 
contendo determinada substância tóxica, e determina que esta aplique 
no paciente, alegando que se trata de morfina, para aliviar a dor5. A 
enfermeira, aqui, não atua dolosamente (do ponto de vista “finalístico”), 
pois apesar de dar causa à morte do paciente (causalidade física, pois foi 
ela quem injetou a substância), não dirigiu sua conduta a este resultado. 
O domínio do fato pertencia ao médico, o real infrator. 
2 – Autoria mediata por coação do executor – Aqui o infrator coage 
uma terceira pessoa a praticar um delito. Em se tratando de coação 
MORAL irresistível, teremos um agente não culpável (a coação moral 
irresistível afasta a culpabilidade). Desta forma, aquele que executa o faz 
em situação de não culpabilidade. A culpabilidade recai apenas sobre o 
coator, não sobre o coagido. Ex.: Médico que determina à enfermeira que 
aplique sobre o paciente uma dose cavalar de veneno. O médico, porém, 
não esconde da enfermeira que se trata de veneno, ao contrário deixa 
isso bem claro. Porém, diz à enfermeira que se ela não fizer o que foi 
determinado, irá matar sua filha. Vejam que, neste caso, a enfermeira 
sabe que está injetando o veneno, de forma que age dolosamente, mas 
ainda assim sem culpabilidade, por inexigibilidade de conduta diversa. 
3 – Autoria mediata por inimputabilidade do agente – Nesta 
hipótese o infrator se vale de uma pessoa inimputável para a prática do 
delito. A inimputabilidade, aqui, pressupõe que o executor (inimputável) 
não tenha discernimento necessário6. Caso o executor, mesmo 
inimputável, possua discernimento, não haverá autoria mediata. Ex.: 
José, 20 anos, organiza um plano para furtar uma loja de eletrônicos, e 
combina com Marcelo, de 17, a execução do plano. Neste caso, não há 
autoria mediata, pois Marcelo, a despeito de sua inimputabilidade legal, 
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
4 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit.___, p. 560 
5 O exemplo é de Hans Welzel. (cf. WELZEL, Hans. Op. Cit.___, p. 106) 
6 WELZEL, Hans. Op. Cit.___, p. 107-108 
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tem discernimento para não ser considerado como “objeto”. Por outro 
lado, no mesmo exemplo, imaginemos que Marcelo tenha 30 anos, mas 
seja absolutamente incapaz de entender o que se passa (doente mental 
completo). Neste caso, a inimputabilidade de Marcelo afasta o 
reconhecimento do concurso de pessoas com José, que responderá como 
autor mediato do crime. 
 
É cabível autoria mediata nos crimes próprios e de mão 
própria? Em relação aos crimes próprios se admite a autoria mediata, 
desde que o autor MEDIATO reúna as condições especiais exigidas 
pelo tipo penal. 
EXEMPLO: Paulo, servidor público, coage moralmente Maria (coação 
irresistível), obrigando-a a subtrair 10 notebooks da repartição em que 
ele, Paulo, exerce suas funções. Paulo, para a execução do delito, se 
valeu de sua função para facilitar a subtração. Neste caso, Paulo poderá 
responder por peculato-furto na qualidade de autor mediato. 
 
Mas, e se Maria é quem fosse a servidora e Paulo fosse um 
particular? Poderia haver autoria mediata? Não, neste caso não 
poderíamos falar em autoria mediata. 
Contudo, se não há autoria mediata e não há concurso de 
pessoas (pois não há concurso de pessoas entre coator e coagido), 
Paulo ficará impune? Não, a Doutrina desenvolveu, para tais casos, a 
figura da AUTORIA POR DETERMINAÇÃO. Consiste, basicamente, em 
punir aquele que, embora não sendo autor nem partícipe, exerce sobre a 
conduta domínio EQUIPARADO à figura da autoria.7 
Não se pode considerar o agente como autor por não reunir os 
elementos necessários para tanto. Também não se pode considera-lo como 
partícipe, eis que a participação pressupõe o crime praticado por outro 
autor (e não há). Ele será punido, portanto, por ser o autor da 
determinação para a conduta (ter sido o responsável por sua 
ocorrência). 
 
Em relação aos crimes de mão própria, contudo, não se admite a 
figura da autoria mediata, eis que o crime não pode ser realizado por 
interposta pessoa (Ex.: A testemunha, no crime de falso testemunho, não 
pode coagir alguém a depor em seu lugar, prestando testemunho falso). 
Neste caso, porém, exemplificativamente, se a testemunha for coagida 
por terceira pessoa, esta terceira pessoa poderá ser considerada AUTOR 
por determinação, conforme explicado anteriormente. 
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
7 PIERANGELI, José Henrique. ZAFFARONI, Eugenio Raúl. Manual de Direito Penal Brasileiro. Ed. RT. 
São Paulo, 2008, p. 580/581 
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1.3.! Modalidades 
 
1.3.1.! Coautoria 
Para entendermos o fenômeno da coautoria, devemos, 
primeiramente, estudar o que seria a autoria do delito. 
Várias teorias, ao longo do tempo, procuraram definir o conceito 
de AUTOR. 
O conceito extensivo de autor não diferencia autor e partícipe, 
considerando que todos aqueles que concorrem para o crime são autores 
do delito. Esse conceito é baseado numa premissa “causal-naturalista” de 
que todo aquele que dá causa ao delito (por qualquer forma), deve ser 
considerado autor do crime. 
Contudo, como pelo conceito extensivo de autor não era possível 
definir quem era autor e quem era partícipe, surgiu a teoria subjetiva da 
participação, que considerava como autor aquele que pratica o fato como 
próprio, que quer o crime “como próprio”, como seu, e partícipe aquele que 
quer o fato como alheio, pratica uma conduta acessória ao “crime de outra 
pessoa”.8 Isso era fundamental para a fixação da pena de cada um, já que 
aos autores deveriam ser aplicadas penas, em tese, mais severas. 
Como o conceito extensivo apresentou mais problemas que soluções, 
surgiu o conceito restritivo de autor9. Para esta teoria restritiva10, autor 
e partícipe não se confundem. Autor será aquele que praticar a conduta 
descrita no núcleo do tipo penal (subtrair, matar, roubar, etc.). Todos os 
demais, que de alguma forma prestarem colaboração (material ou moral), 
serão considerados partícipes. Esta foi a teoria adotada pelo CP. 
Agora que já sabemos que o CP diferencia autor e partícipe, 
precisamos saber qual é o critério para se diferenciar um do outro. 
Três teorias surgiram. 
A primeira teoria, a teoria objetivo-formal, estabelece que autor é 
quem realiza a conduta prevista no núcleo do tipo, sendo partícipes todos 
os outros que colaboraram para isso, mas não realizaram a conduta 
descrita no núcleo do tipo. Para esta teoria, por exemplo, no crime de 
homicídio, somente seria autor aquele que efetivamente praticasse a 
conduta de “matar” alguém. Todos os outros colaboradores seriam 
partícipes. O grande problema desta teoria é considerar o autor intelectual 
(mandante) como partícipe, e não como autor. Mais que isso: Essa teoria 
não explica o fenômeno da autoria mediata (quando alguém se vale de um 
inimputável para cometer um crime). 
A segunda teoria, a teoria objetivo-material, entende que autor é 
quem colabora com participação de maior importância para o crime, e 
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!8 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit.___, p. 555 
9 PIERANGELI, José Henrique. ZAFFARONI, Eugenio Raúl. Manual de Direito Penal Brasileiro. Ed. RT. 
São Paulo, 2008, p. 572. 
10 Também chamada por alguns de teoria dualista ou objetiva. 
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partícipe é quem colabora com participação reduzida, independentemente 
de quem pratica o núcleo do tipo (verbo que descreve a conduta criminosa 
– matar, subtrair, etc.). 
A terceira e última teoria, a teoria do domínio do fato, criada pelo 
pai do finalismo, Hans Welzel11, e posteriormente desenvolvida por Claus 
Roxin, defende que autor é todo aquele que possui o domínio da 
conduta criminosa, seja ele o executor (quem pratica a conduta prevista 
no núcleo do tipo) ou não12. Para esta teoria, o autor seria aquele que 
decide o trâmite do crime, sua prática ou não, etc. Essa teoria explica, 
satisfatoriamente, o caso do mandante, por exemplo, que mesmo sem 
praticar o núcleo do tipo (“matar alguém”), possui o domínio do fato, pois 
tem o poder de decidir sobre o rumo da prática delituosa. 
Para esta teoria, o partícipe existe, e é aquele que contribui para a 
prática do delito13, embora não tenha poder de direção sobre a conduta 
delituosa. O partícipe só controla a própria vontade, mas a não a conduta 
criminosa em si, pois esta não lhe pertence. 
 
A teoria do domínio do fato tem por finalidade estabelecer uma 
diferenciação entre autor e partícipe a partir da noção de “controle da 
situação”. Aquele que, mesmo não executando a conduta descrita no 
núcleo do tipo, possui todo o controle da situação, inclusive com a 
possibilidade de intervir a qualquer momento para fazer cessar a conduta, 
deve ser considerado autor, e não partícipe. 
O controle (ou domínio) da situação pode se dar mediante14: 
1 - Domínio da ação - O agente realiza diretamente a conduta 
prevista no tipo penal 
2 - Domínio da vontade - O agente não realiza a conduta 
diretamente, mas é o "senhor do crime", controlando a vontade do 
executor, que é um mero instrumento do delito (hipótese de autoria 
mediata). 
3 - Domínio funcional do fato - O agente desempenha uma 
função essencial e indispensável ao sucesso da empreitada criminosa, 
que é dividida entre os comparsas, cabendo a cada um uma parcela 
significativa, essencial e imprescindível. 
Em todos estes casos, o agente será considerado autor do delito. 
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
11 WELZEL, Hans. Op. Cit.___, p. 105 
12 MUÑOZ CONDE, Francisco. Teoría general del delito. Ed. Temis Editorial. Bogotá, 1999, p. 155-
156 
13 WELZEL, Hans. Op. Cit.___, p.117-119 
14 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit.___, p. 557-558 
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A teoria do domínio do fato, porém, não se aplica aos crimes 
culposos, pois neste não há domínio final do fato, pois o fato final 
(resultado) não é buscado pelos agentes, que pretendiam outro 
resultado15. 
A teoria adotada pelo CP é a teoria objetivo-formal, 
considerando autor aquele que realiza a conduta descrita no núcleo do tipo, 
já que denota sua “vontade de autor” (animus auctoris), em contraposição 
à “vontade de colaboração” do partícipe (animus socii). Entretanto, 
considera-se adotada a teoria do domínio do fato para os crimes em 
que há autoria mediata, autoria intelectual, etc., de forma a 
complementar a teoria adotada. 
Esta é, portanto, a posição doutrinária a respeito da posição do CP 
sobre a diferença entre autor e partícipe. 
Desta maneira, após entendermos quem seria considerado autor do 
delito para o CP, podemos definir a coautoria como a espécie de concurso 
de pessoas na qual duas ou mais pessoas praticam a conduta descrita no 
núcleo do tipo penal. Assim, no crime de roubo, se duas ou mais pessoas 
entram num banco, portando armas, e anunciam um assalto, todas elas 
praticaram a conduta descrita no núcleo do tipo do art. 157, § 2°, I e II do 
CP (subtrair para si ou para outrem, mediante violência ou grave 
ameaça...). Logo, todas são coautoras do delito. 
No mesmo exemplo, o motorista que fica do lado de fora (o “piloto 
de fuga”) é considerado partícipe, pois embora concorra para a prática do 
delito, não pratica a conduta descrita no núcleo do tipo penal. Contudo, 
para a teoria do domínio do fato o motorista é autor, pois detém o controle 
funcional do fato (divisão de tarefas). 
Por outro lado, José, que apenas emprestou o carro para o roubo, 
não podendo influenciar, de alguma forma, no desfecho posterior do delito 
(uma vez esgotada sua participação), é considerado partícipe. 
A coautoria pode ser funcional (ou parcial), que é aquela na qual 
a conduta dos agentes são diversas e se somam, de forma a produzir o 
resultado. Assim, se Ricardo segura a vítima para que Poliana a espanque, 
ambos são coautores do crime de lesão corporal, mediante coautoria 
funcional. 
Porém, a coautoria pode ser, ainda, material (direta), que é a 
hipótese em que ambos os coautores realizam a mesma conduta. Assim, 
no exemplo acima, se Ricardo e Poliana espancassem a vítima, ambos 
seriam coautores mediante coautoria material. 
No quadro abaixo vou mostrar para vocês algumas hipóteses 
polêmicas de aplicação do instituto da coautoria: 
 
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15 Idem, p. 558 
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!! Admite-se a coautoria nos crimes próprios, desde que ambos 
os agentes possuam a qualidade exigida pela lei, ou que, aqueles 
que não a possuem, ao menos tenham ciência de que o outro 
agente age nessa qualidade. 
!! Não se admite a coautoria nos crimes de mão-própria, pois 
são considerados de conduta infungível, só podendo ser praticados 
pelo sujeito especificamente descrito pela lei. 
!! A Doutrina se divide quanto à possibilidade de coautoria em 
crimes omissivos, da seguinte forma: 
1 – Parte entende que NÃO HÁ POSSIBILIDADE DE 
COAUTORIA OU PARTICIPAÇÃO (Concurso de agentes), 
pois TODAS AS PESSOAS PRATICAM O NÚCLEO DO TIPO, 
DE MANEIRA AUTÔNOMA; 
2 – Outra parte da Doutrina entende poderia haver 
concurso de pessoas, na modalidade de coautoria, mas 
é minoritário; 
3 – A Doutrina ligeiramente majoritária entende que é 
possível PARTICIPAÇÃO, mas NÃO COAUTORIA. 
 
!! Na autoria mediata não há concurso de pessoas entre autor 
mediato autor imediato, respondendo apenas o autor mediato, que 
se valeu de alguém sem culpabilidade para a execução do delito. 
!! Entretanto, é possível coautoria e também participação na autoria 
mediata, desde que haja colaboração entre os agentes 
mediatos. NUNCA HAVERÁ CONCURSO DE PESSOAS ENTRE 
AUTOR MEDIATO E AUTOR IMEDIATO. 
!! CUIDADO! Na coação física irresistível, não há autoria mediata, 
mas autoria direta, pois o agente que realiza a ação não possui 
conduta, já que não há vontade. Nesse caso, aquele que pratica a 
coação física irresistível é autor direto, não mediato; 
!! Admite-se a autoria mediata nos crimes próprios, mas não nos 
crimes de mão própria (há alguns doutrinadores que entendem ser 
possível). 
 
1.3.2.! Participação 
Conforme estudamos, no Brasil adotou-se o conceito restritivo 
de autor, distinguindo-se autor e partícipe. Adotou-se, ainda, a teoriaobjetivo-formal, de forma que podemos definir a participação como a 
modalidade de concurso de pessoas na qual o agente colabora para a 
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prática delituosa, mas não pratica a conduta descrita no núcleo do tipo 
penal. 
A participação pode ser: 
•! Moral – É aquela na qual o agente não ajuda materialmente na 
prática do crime, mas instiga ou induz alguém a praticar o 
crime. A instigação ocorre quando o partícipe age no psicológico 
do autor do crime, reforçando a ideia criminosa, que já existe 
na mente deste. O induzimento, por sua vez, ocorre quando o 
partícipe faz surgir a vontade criminosa na mente do autor, que 
não tinha pensado no delito; 
•! Material – A participação material é aquela na qual o partícipe 
presta auxílio ao autor, seja fornecendo objeto para a prática 
do crime, seja fornecendo auxílio para a fuga, etc. É também 
chamada de cumplicidade. Este auxílio não pode ser 
prestado após a consumação, salvo se o auxílio foi previamente 
ajustado. 
 
Já que o partícipe não pratica a conduta descrita no núcleo do 
tipo penal, como puni-lo? 
A punibilidade do partícipe não pode ser realizada diretamente pela 
descrição do fato típico. De fato, aquele que empresta uma arma para que 
alguém mate outra pessoa, não poderia responder por homicídio, pois o 
art. 121 do CP diz: “matar alguém”. Aquele que empresta a arma não está 
“matando”, por isso se diz que não há, aqui, adequação típica imediata. 
Contudo, a punibilidade do partícipe é possível porque há normas de 
extensão da adequação típica (no caso, o art. 29 do CP), que permitem a 
extensão do raio de aplicação do tipo penal para aqueles que, de alguma 
forma, tenham contribuído para o delito. Trata-se da chamada adequação 
típica mediata. 
Como a conduta do partícipe é considerada acessória em relação à 
conduta do autor (que é principal), o partícipe é punido em razão da teoria 
da acessoriedade16. Porém, existem quatro teorias da acessoriedade: 
•! Teoria da acessoriedade mínima – Entende que a conduta 
principal deva ser um fato típico, não importando se é ou não 
um fato ilícito. EXEMPLO: Imagine que Marcio e João 
combinam de matar Paulo. Na data combinada para a 
execução, Marcio guia o carro até o local e fica esperando do 
lado de fora. João se dirige até Paulo e, após uma discussão, 
Paulo começa a agredir João, que na verdade mata Paulo em 
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
16 A teoria da acessoriedade deriva de uma das teorias dos FUNDAMENTOS da punibilidade do 
partícipe, que é a TEORIA DO FAVORECIMENTO (ou da CAUSAÇÃO), que diz que o partícipe deve 
ser punido por ter coloborado para que o delito fosse realizado. Em contraposição a esta, havia a 
teoria da participação na culpabilidade, que defendia que o partícipe deveria ser punido apenas por 
exercer “influência negativa” sobre o autor. Esta última foi abandonada pela Doutrina há algumas 
décadas. 
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legítima defesa. João matou Paulo em legítima defesa e não 
em razão do ajuste com Marcio (não tendo praticado fato ilícito, 
mas apenas típico), mas por esta teoria, mesmo assim Marcio 
responderia como partícipe do crime. Veja que João, de fato, 
matou Paulo. Contudo, o fato não é ilícito, pois João agiu em 
legítima defesa. Porém, para esta teoria, ainda que a conduta 
de João seja considerada apenas típica, mas não ilícita, Marcio 
deveria ser punido. O pior de tudo é que, neste caso, Márcio, 
que não praticou a conduta seria punido, mas João seria 
absolvido pela legítima defesa. 
•! Teoria da acessoriedade limitada – Exige que o fato 
praticado (conduta principal) seja pelo menos uma conduta 
típica e ilícita. Assim, no exemplo dado acima, a conduta do 
partícipe Marcio não é punível, pois a conduta principal, apesar 
de típica, não é ilícita. Veja que, para esta corrente 
Doutrinária, se o fato praticado pelo autor NÃO FOR 
ILÍCITO (Ainda que seja um fato típico), em razão de 
legítima defesa, etc., o partícipe não deve ser punido; 
•! Teoria da acessoriedade máxima – Para esta teoria, o 
partícipe só será punido se o fato for típico, ilícito e praticado 
por agente culpável. Essa teoria faz exigência irrazoável, pois 
a culpabilidade é uma questão pessoal do agente, não 
guardando relação com o fato. Assim, imagine que Carlos, 
maior de idade, seja partícipe de um roubo praticado por Lucas, 
menor de idade. Para esta corrente, Carlos não poderia 
responder pelo roubo praticado (na qualidade de 
partícipe), pois Lucas (o autor principal) é inimputável 
(não tem culpabilidade), sendo o fato apenas típico e 
ilícito, sem o complemento da culpabilidade. 
•! Teoria da hiperacessoriedade – Exige que, além de o fato 
ser típico e ilícito e o agente culpável, o autor tenha sido 
efetivamente punido para que o partícipe responda pelo crime. 
É ainda mais irrazoável que a última. Imagine que José seja 
partícipe de um roubo praticado por Marcelo. No decorrer do 
processo, Marcelo vem a falecer (o que gera a extinção da 
punibilidade de Marcelo, nos termos do CP). Para esta 
corrente, como houve extinção da punibilidade em 
relação a Marcelo (o autor do delito), o partícipe (José) 
não poderá mais ser punido. 
 
O Nosso CP não adotou expressamente nenhuma das quatro 
teorias, mas com certeza não adotou a teoria da acessoriedade mínima 
nem a teoria da hiperacessoriedade (as extremas). 
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A Doutrina entende que a teoria que mais se amolda ao nosso 
sistema é a teoria da acessoriedade limitada17, exigindo que o fato 
seja somente típico e ilícito para que o partícipe responda pelo crime. 
Questões interessantes acerca da participação: 
 
!! A lei admite a redução da pena de 1/6 a 1/3 se a participação é de 
menor importância (art. 29, § 1° do CP). Isto não se aplica às 
hipóteses de coautoria, mas apenas à participação; 
!! A Doutrina admite a participação nos crimes comissivos por 
omissão, quando o partícipe devia e podia evitar o resultado (art. 
13, § 2° do CP). 
!! A participação inócua não se pune. Assim, se A empresta uma 
faca a B, de forma a auxiliá-lo a matar C, e B mata C usando seu 
revólver, a participação de A foi absolutamente inócua, pois em 
nada auxiliou no resultado. Da mesma forma, se A instiga B a matar 
C, e B realiza a conduta porque já estava determinado a isso, a 
instigação promovida por A não teve qualquer eficácia, pois B já 
mataria C de qualquer forma. 
!! Participação em cadeia é possível: Assim, se A empresta uma 
arma a B, para que este a empreste a C, a fim de que este último 
mate D, tanto A quanto B são partícipes do crime, por prestarem 
auxílio material em cadeia. 
!! A participação em ação alheia ocorre quando o partícipe, sem 
qualquer liame subjetivo com o autor, contribui de maneira culposa 
para a prática do delito. Assim, o funcionário público que não tranca 
a porta da repartição ao final do expediente, e esta vem a ser 
furtada por um particular na madrugada, responde por peculato 
culposo (art. 312, § 2° do CP), enquanto o particular responde por 
furto. Não há concurso de pessoas pois falta o liame subjetivo entre 
ambos (coerência de vontades). 
 
1.4.! Comunicabilidadedas circunstâncias 
O art. 30 do CP estabelece que: 
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter 
pessoal, salvo quando elementares do crime. (Redação dada pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984) 
 
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17 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit.___, p. 565 
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Antes de estudarmos a comunicabilidade ou não das circunstâncias, 
devemos diferenciar a mera circunstância da circunstância elementar do 
crime. 
A circunstância elementar é aquela que se refere a algo 
indispensável para a caracterização do crime. Assim, a circunstância 
“alguém” no crime de homicídio, é uma elementar, pois se o fato for 
praticado contra um animal, por exemplo, não haverá homicídio. 
Por sua vez, a mera circunstância não é indispensável à 
caracterização do crime, pois apenas agregam um fato que, se presente, 
aumenta ou diminui a pena. Assim, o “motivo torpe” é uma circunstância 
não-elementar, ou mera circunstância, pois caso o fato seja praticado sem 
essa circunstância, continua a existir homicídio, no entanto, sem a 
qualificadora. 
 
1.4.1.! Espécies de elementares e de circunstâncias 
Podem ser subjetivas (de caráter pessoal), quando relativas à 
pessoa do agente. É o caso da condição de funcionário público, que é 
pessoal, pois se refere ao agente. 
Podem ser, ainda, objetivas (ou de caráter real), quando se 
referem ao fato criminoso em si, seu modus operandi, etc. Assim, o 
emprego de violência, no crime de roubo (art. 157 do CP) é uma elementar 
objetiva. 
As condições pessoais não se confundem com as 
circunstâncias ou elementares de caráter pessoal. As primeiras são 
fatores pessoais do agente, que independem da prática da infração penal. 
Assim, o fato de o agente ser menor de 21 anos é uma condição pessoal, 
e não uma circunstância de caráter pessoal, tampouco uma elementar. 
Com base nesses três institutos (elementares, circunstâncias e 
condições pessoais), podemos extrair três regras do CP: 
"! As circunstâncias e condições de caráter pessoal não se 
comunicam – Se A contrata B, para que este mate C, em razão 
deste último ter estuprado sua filha, A comete o crime de 
homicídio privilegiado, em razão do relevante valor moral (art. 
121, § 1° do CP). Entretanto, B não comete o crime de 
homicídio privilegiado, pois a circunstância “relevante valor 
moral” é pessoal, não se estendendo ao coautor; 
"! As circunstâncias de caráter real, ou objetivas, se 
comunicam – Porém, é necessário que a circunstância 
tenha entrado na esfera de conhecimento dos demais 
agentes. Imagine que A contrata B para matar C. B informa a 
A que usará de emboscada (portanto, homicídio qualificado, 
nos termos do art. 121, § 2° do CP), e A concorda com isto. 
Nesse caso, a circunstância objetiva “emboscada” (relativa ao 
meio utilizado), se comunica, pois embora A não tenha usado 
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de emboscada, concordou com esta prática por B. 
Diversamente, se B praticasse o crime mediante emboscada 
sem nada comunicar ao mandante, A, esta circunstância não 
se comunicaria, por não ter entrado na esfera de conhecimento 
de A; 
"! As elementares sempre se comunicam, sejam objetivas 
ou subjetivas – No entanto, mais uma vez se exige que estas 
elementares tenham entrado no âmbito de conhecimento dos 
demais agentes. Imaginem que Júlio, servidor público, convida 
Marcelo a entrar na repartição onde trabalham, valendo-se da 
condição de Júlio, para subtrair alguns computadores. Caso 
Marcelo conheça a condição de funcionário público de Júlio, 
ambos respondem pelo crime de peculato-furto (art. 312, § 1° 
do CP). Caso Marcelo desconheça essa circunstância elementar, 
responde ele apenas pelo crime de furto, pois a ausência dessa 
circunstância faz desaparecer o crime de peculato-furto, mas a 
conduta ainda é punível como furto comum. 
 
 
Não confundam coautoria com autoria colateral. Na coautoria, deve 
haver vínculo subjetivo ligando as condutas de ambos os autores. Na 
autoria colateral, ambos praticam o núcleo do tipo, mas um não 
age em acordo de vontades com o outro. Imaginem que A e B, 
desafetos de C, sem que um saiba da existência do outro, escondem-se 
atrás de árvores esperando a passagem de C, a fim de matá-lo. Quando 
C passa, ambos atiram, e C vem a óbito. Nesse caso, não houve 
coautoria, mas autoria colateral. Entretanto, aí vai mais uma informação: 
Imaginem que o laudo identifique que apenas uma bala atingiu C, direto 
na cabeça, levando-o a óbito. Nesse caso, o laudo não conseguiu apontar 
de qual arma saiu a bala que matou C. Nesse caso, como não se pode 
definir quem efetuou o disparo fatal, ambos respondem pelo crime de 
homicídio TENTADO, pois não se pode atribuir a nenhum deles o 
homicídio consumado, já que o laudo é inconclusivo quanto a isto. Este é 
o fenômeno da autoria incerta. No entanto, se ambos estivessem agindo 
em conluio, com vínculo subjetivo, ou seja, se houvesse concurso de 
pessoas, ambos responderiam por crime de homicídio CONSUMADO, 
pois nesse caso seria irrelevante saber de qual arma partiu a bala que 
levou C a óbito. 
 
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1.4.2.! Cooperação dolosamente distinta 
A cooperação dolosamente distinta, também chamada de 
“participação em crime menos grave” ou “desvio subjetivo de conduta”, 
ocorre quando ambos os agentes decidem praticar determinado crime, mas 
durante a execução, um deles decide praticar outro crime, mais grave. 
Nesse caso, aplica-se o art. 29, § 2° do CP: 
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a 
este cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
(...) 
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-
lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na 
hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. (Redação dada pela Lei 
nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
EXEMPLO: Imaginem que Camila e Herval combinam de realizar um furto 
a uma casa que imaginam estar vazia. Camila espera no carro enquanto 
Herval adentra à residência. Entretanto, ao chegar à residência, Herval se 
depara com dois seguranças, e troca tiros com ambos, levando-os a óbito 
(sinistro esse cara). Após, entra na casa e subtrai diversos bens. Volta ao 
carro e ambos fogem. 
Camila não quis participar de um latrocínio (que foi o que 
efetivamente ocorreu), mas apenas de um furto. Assim, segundo a primeira 
parte do § 2° do art. 29 do CP, responderá somente pelo furto. 
Entretanto, se ficar comprovado que Camila podia prever que o 
latrocínio era provável (se soubesse, por exemplo, que Herval estava 
armado e que havia a possibilidade de ter seguranças na casa), a pena do 
crime de furto (não a do latrocínio!!) será aumentada até a metade. 
A lei diz “até a metade”, logo, o aumento pode não chegar a 
esse patamar. O aumento de pena irá variar conforme o grau de 
previsibilidade do crime mais grave para o qual Camila não se 
predispôs, mas era previsível. 
 
CUIDADO MASTER! Existe uma questão muito controvertida no que se 
refere ao concurso de pessoas. É a possibilidade (ou não) de 
concursode pessoas em crimes CULPOSOS. 
São muitas, MUITAS ideias diferentes. Cada autor inventa alguma coisa 
para vender seu livro, certo? Bom, resumidamente, podemos definir a 
Doutrina majoritária da seguinte forma: 
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COAUTORIA EM CRIMES CULPOSO – É possível, pois é possível que 
duas pessoas, de comum acordo, resolvam praticar uma conduta 
imprudente, por exemplo. Ex.: Dois rapazes resolvem atirar um móvel do 
10º andar de um prédio, sem intenção de atingir ninguém, mas acabam 
lesionando uma pessoa. 
PARTICIPAÇÃO EM CRIME CULPOSO – Depende. Podemos estar 
falando de participação DOLOSA ou participação CULPOSA. 
DOLOSA – Não cabe participação dolosa em crime culposo, pois a 
Doutrina entende que não há “unidade de vontades” entre os agentes 
(um quer o resultado a título de dolo, e o outro, executor, é apenas um 
descuidado). Assim, não há “vínculo subjetivo” entre eles no que tange 
ao resultado. Logo, cada um responde por sua conduta. 
CULPOSA – É possível, pois é possível que alguém, por culpa, induza, 
instigue ou preste auxílio ao executor de uma conduta também culposa, 
e haveria “unidade de vontades”. 
CUIDADO: O STJ entende que NÃO cabe nenhum tipo de 
participação em crime culposo. Parte da Doutrina também segue 
este entendimento. 
 
Por fim, o que é “multidão delinquente” ou “multidão 
criminosa”18? São considerados pela doutrina como aqueles atos em que 
inúmeras (incontáveis, uma multidão) pessoas praticam o mesmo delito, 
agindo em concurso de pessoas, muitas vezes sem um acordo prévio, mas 
cada uma aderindo tacitamente à conduta da outra. Ex.: Linchamentos, 
brigas de torcidas organizadas, saques a lojas ou a carretas tombadas, etc. 
A Doutrina sustenta que, mesmo nestes casos, têm-se 
CONCURSO DE PESSOAS, pois há vínculo subjetivo entre estas pessoas, 
ainda que tácito (não explícito). O agente que praticar o delito nestas 
condições, porém, deverá ter sua pena atenuada, nos termos do art. 65, e 
do CP, já que se trata de situação em que há maior vulnerabilidade 
psicológica para que uma pessoa venha a aderir a uma conduta criminosa. 
Por outro lado, os que promoverem, organizarem ou liderarem a conduta 
criminosa terão suas penas agravadas (art. 62, I do CP). 
 
2.! CONCURSO DE CRIMES 
 
2.1.! Conceito e natureza 
Assim como é plenamente possível que duas ou mais pessoas se 
unam para praticar determinado delito, é plenamente possível que de uma 
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
18 O termo “multidão criminosa” é utilizado, dentre outros, por René Ariel Dotti (cf. DOTTI, René 
Ariel. Curso de Direito Penal, Parte Geral. Ed. Revista dos Tribunais. 4º ed. São Paulo. 2012, p. 459) 
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mesma conduta (ou de uma série de condutas interligadas) surjam vários 
crimes. 
O concurso de crimes pode ser de três espécies: concurso formal, 
concurso material e crime continuado. 
A exata caracterização de cada um dos institutos é bastante 
importante, pois isso influenciará na adoção do sistema de aplicação da 
pena. 
Três também são os sistemas de aplicação da pena: 
•! Sistema do cúmulo material – Aqui, ao agente é aplicada a 
pena correspondente ao somatório das penas relativas a cada 
um dos crimes cometidos isoladamente. Foi adotado no que 
tange ao concurso material (art. 69 do CP), no concurso formal 
impróprio ou imperfeito (art. 70, caput, 2° parte) e no concurso 
de penas de multa (art. 72 do CP); 
•! Sistema da exasperação – Aplica-se ao agente somente 
a pena da infração penal mais grave, acrescida de 
determinado percentual. Foi acolhido no que se refere ao 
concurso formal próprio ou perfeito (art. 70, caput, primeira 
parte, do CP) e ao crime continuado (art. 71 do CP); 
•! Sistema da absorção – Aplica-se somente a pena da infração 
penal mais grave, dentre todas as praticadas, sem que haja 
qualquer aumento. Foi adotado (jurisprudencialmente) em 
relação aos crimes falimentares. 
 
2.2.! Espécies 
 
2.2.1.! Concurso material (ou real) de crimes 
Está regulado pelo art. 69 do CP: 
Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica 
dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas 
privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa 
de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela. (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
§ 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena 
privativa de liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os demais será 
incabível a substituição de que trata o art. 44 deste Código. (Redação dada 
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
§ 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado 
cumprirá simultaneamente as que forem compatíveis entre si e sucessivamente 
as demais. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
Nesse fenômeno, o agente pratica duas ou mais condutas e produz 
dois ou mais resultados. Pode ser homogêneo, quando todos os crimes 
praticados são idênticos, ou heterogêneo, quando os crimes são diferentes. 
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Esse cúmulo de penas deve ser aplicado pelo Juiz na hora da 
sentença, se os processos tiverem sido reunidos por conexão, ou pelo Juiz 
da execução, caso tenham sido aplicadas as penas em processos diversos 
(nos termos do art. 66, III, a da LEP). 
Se for imposta pena de reclusão a um dos crimes e de detenção a 
outro, executa-se primeiramente a de reclusão, nos termos do art. 69, 
caput, segunda parte, do CP. 
Só será possível a aplicação de penas restritivas de direitos a um dos 
crimes se em relação aos outros foi aplicada pena também restritiva de 
direitos ou, em caso de ter sido aplicada pena privativa de liberdade, esta 
foi suspensa (é o chamado sursis), nos termos do art. 69, § 1° do CP. 
As penas restritivas de direitos podem ser cumpridas 
simultaneamente, desde que compatíveis. Assim, a pena de limitação de 
final de semana não pode ser cumprida simultaneamente com outra 
restritiva de direitos idêntica (limitação de final de semana), pois nesse 
caso o agente estaria cumprindo apenas uma das penas (e pagando as 
duas o malandro!). Entretanto, é plenamente possível o cumprimento 
simultâneo de pena restritiva de direitos consistente em prestação de 
serviços à comunidade e outra consistente em prestação pecuniária ($$), 
pois isso não importa em prejuízo a ninguém (nem ao Estado nem ao 
infrator). 
Só é possível a suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei 
9.099/95) se o somatório das penas mínimas previstas para todos os 
crimes for inferior a um ano. Assim, se o acusado praticou dois crimes em 
concurso material, sendo a pena mínima de ambos estipulada em 03 meses 
de detenção, é possível a suspensão condicional do processo. 
 
2.2.2.! Concurso formal de crimes 
No concurso formal, ou ideal, o agente, mediante uma única conduta, 
pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não. Nos termos do art. 70 do CP: 
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou 
mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis 
ou, se iguais, somente uma delas,mas aumentada, em qualquer caso, de um 
sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a 
ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios 
autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.(Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do 
art. 69 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
Primeiramente, deve ser esclarecido a vocês que deve haver 
unidade de conduta e pluralidade de resultados. No entanto, a 
unidade de conduta não significa unidade de atos, pois existem condutas 
que podem ser fracionadas em diversos atos, como no caso de alguém que 
mata outra pessoa com diversas pauladas na cabeça. Embora neste caso 
haja diversos atos, há unidade de conduta. 
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O concurso formal será homogêneo se todos os crimes cometidos 
mediante a conduta única forem idênticos, e será heterogêneo se os 
crimes praticados forem diversos. 
O concurso formal pode ser, ainda, perfeito ou imperfeito: 
•! Concurso formal perfeito (próprio) – Aqui o agente 
pratica uma única conduta e acaba por produzir dois 
resultados, embora não pretendesse realizar ambos, ou 
seja, não há desígnios autônomos (intenção de, com uma única 
conduta, praticar dolosamente mais de um crime). Esse tipo de 
concurso só pode ocorrer, portanto, entre crimes culposos, ou 
entre um crime doloso e um ou vários crimes culposos. 
Exemplo: Imaginem que Camila, dirigindo seu Bugatti pelas 
ruas de São Paulo, em altíssima velocidade, atropela, sem 
querer, um pedestre, que vem a óbito, e causa lesões graves 
em outro pedestre. Nesse caso, Camila responde pelos crimes 
de homicídio culposo e lesão corporal culposa em concurso 
formal, aplicando-se a ela a pena do homicídio culposo (mais 
grave) acrescida de 1/6 até a metade; 
•! Concurso formal imperfeito (impróprio) – Aqui o agente 
se vale de uma única conduta para, dolosamente, 
produzir mais de um crime. Imaginem que, no exemplo 
anterior, Camila desejasse matar o pedestre, antigo desafeto, 
bem como lesionar o outro pedestre (sua ex-sogra). Assim, 
com sua única conduta, Camila objetivou praticar ambos os 
crimes, respondendo por ambos em concurso formal 
imperfeito, e lhe será aplica a pena de ambos cumulativamente 
(sistema do cúmulo material), pois esse concurso formal é 
formal apenas no nome, já que deriva de intenções (desígnios) 
autônomas, nos termos do art. 70, segunda parte, do CP. 
 
2.2.3.! Aplicação da pena no concurso formal 
Via de regra, no concurso formal o sistema utilizado é o da 
exasperação, utilizando-se como base a pena do crime mais grave, 
aumentada (exasperada) de 1/6 até a metade (art. 70, primeira parte, do 
CP). 
O quantum do aumento (entre 1/6 e metade da pena usada como 
base) será definido mediante a análise da quantidade de crimes praticados. 
Se praticados poucos crimes, aplica-se o aumento mínimo; se praticados 
diversos crimes mediante a única conduta, aplica-se o aumento em seu 
montante máximo. 
Trata-se, portanto, de uma fórmula de aplicação da pena que visa a 
beneficiar o réu, em razão do menor desvalor de sua conduta. 
Entretanto, se estivermos diante de concurso formal imperfeito 
(impróprio), aplica-se a regra estabelecida pelo art. 70, segunda 
parte, do CP, ou seja, o sistema do cúmulo material, pois o agente se 
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valeu de uma única conduta para praticar diversos crimes de maneira 
dolosa, agindo com intenções autônomas (desígnios autônomos). 
Há, ainda, a figura que se denominou de concurso material 
benéfico, que ocorre quando o sistema da exasperação se mostra 
prejudicial ao réu em relação ao sistema da cumulação. 
EXPLICO: Imaginem que o agente tenha cometido homicídio doloso 
simples (pena de 06 a 20 anos) e tenha, culposamente, mediante a mesma 
conduta, lesionado levemente uma terceira pessoa, cometendo o crime de 
lesões corporais culposas em concurso formal com o homicídio (art. 129, § 
6° do CP, pena de 02 meses a um ano de detenção). 
Nesse exemplo acima, o sistema da exasperação é muito prejudicial 
ao réu. Imaginem que o infrator tenha sido condenado pelo crime de 
homicídio a 10 anos de reclusão (crime mais grave). Nesse caso, pelo 
sistema da exasperação, por ter havido concurso formal, essa pena deve 
ser aumentada de 1/6 até a metade. Logo, a pena dele variará de 11 anos 
e 08 meses a 15 anos de reclusão (pena base + 1/6 e pena base + metade). 
Pelo sistema do cúmulo material, como a pena de lesões culposas é bem 
pequena, a pena do agente variaria de 10 anos e dois meses a 11 anos de 
reclusão. Nesse caso, percebam, o sistema da exasperação é prejudicial ao 
réu. Assim, a lei estabelece que, nesse caso, ELE NÃO SE APLICA, 
aplicando-se o sistema do cúmulo material, pois o sistema da exasperação 
foi criado para beneficiar o réu e não pode ser aplicado quando resultar em 
prejuízo a ele. Nos termos do § único do art. 70 do CP: 
Art. 70 (...) 
Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do 
art. 69 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
2.2.4.! Crime continuado 
Também conhecido como continuidade delitiva, é a espécie de 
concurso de crimes na qual o agente pratica diversas condutas, praticando 
dois ou mais crimes, que por determinadas condições são considerados pela 
Lei (por uma ficção jurídica) como crime único. Nos termos do art. 71 do 
CP: 
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica 
dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, 
maneira de execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser 
havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos 
crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer 
caso, de um sexto a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com 
violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a 
culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, 
bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos 
crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as 
regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código.(Redação dada 
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
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Duas teorias buscam explicar este instituto: 
•! Teoria da ficção jurídica – Para esta teoria, a continuidade 
delitiva é uma ficção, pois, na verdade, existem diversos 
crimes, tendo a Lei considerado os diversos atos como apenas 
um crime, para fins de aplicação da pena. Esta teoria foi 
desenvolvida por Francesco Carrara; 
•! Teoria da realidade, ou da unidade real – Para esta teoria, o 
crime continuado é, por sua própria natureza, um único delito, 
não havendo que se falar em ficção jurídica. 
 
O nosso CP adotou a teoria da ficção jurídica, pois a 
consideração dos diversos delitos como um único crime se dá apenas para 
fins de aplicação da pena, tanto que, no que tange à prescrição, eles 
são considerados crimes autônomos,nos termos do art. 119 do CP: 
Art. 119 - No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá 
sobre a pena de cada um, isoladamente. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
 
2.2.5.! Requisitos para a configuração do crime continuado 
A Doutrina entende serem três os requisitos do crime continuado: a) 
pluralidade de condutas; b) pluralidade de crimes da mesma 
espécie; e c) condições semelhantes de tempo, lugar, modo de 
execução e outras semelhanças. 
Há divergência doutrinária quanto à necessidade de haver ou não 
unidade de desígnio. 
A pluralidade de conduta decorre da redação do art. 71, que fala 
em “mediante mais de uma ação ou omissão”. 
A pluralidade de crimes causa polêmica. O que seriam crimes da 
mesma espécie? A Doutrina e a Jurisprudência não são pacíficas. Parte 
minoritária entende que crimes da mesma espécie são aqueles que tutelam 
o mesmo bem jurídico. Assim, para essa corrente, furto, estelionato, 
apropriação indébita, etc., seriam todos crimes da mesma espécie, pois 
seriam todos “crimes contra o patrimônio”. 
No entanto, a corrente que prevalece, inclusive no STJ, é a de 
que crimes da mesma espécie são aqueles tipificados pelo mesmo 
dispositivo legal, na forma simples, privilegiada ou qualificada, 
consumados ou tentados. Assim, seriam crimes da mesma espécie roubo 
e roubo qualificado. 
Vejamos: 
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(...) Não há continuidade delitiva porque os crimes de falsificação de 
documento público e falsidade ideológica não são da mesma espécie. 
(...) 
(AgRg no AREsp 311.775/SC, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 
27/05/2014, DJe 03/06/2014) 
 
Entretanto, essa corrente entende que, além de serem tratados no 
mesmo dispositivo legal, devem tutelar o mesmo bem jurídico. 
Assim, roubo simples (art. 157) e latrocínio (art. 157, § 3° do CP) não 
seriam crimes da mesma espécie, pois o latrocínio tutela, ainda, o direito à 
vida, e não somente o patrimônio. 
O STJ já solidificou este entendimento: 
 
(...) 
1. Os crimes de roubo e latrocínio, apesar de serem do mesmo gênero, não são 
da mesma espécie. No crime de roubo, a conduta do agente ofende o 
patrimônio. No delito de latrocínio, ocorre lesão ao patrimônio e à vida da 
vítima, não havendo homogeneidade de execução na prática dos dois delitos, 
razão pela qual tem aplicabilidade a regra do concurso material. 
(...) 
(HC 186.575/SP, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 27/08/2013, 
DJe 04/09/2013) 
 
Por fim, a semelhança entre os delitos deve obedecer à conexão 
de quatro gêneros: temporal, espacial, modal e ocasional. 
A conexão temporal exige que os crimes tenham sido cometidos na 
mesma época. Mesma época não implica mesmo momento. A 
jurisprudência tem entendido que os crimes não podem ter sido cometidos 
em um lapso temporal superior a 30 dias. No entanto, no que se refere aos 
crimes contra a ordem tributária, o STF já entendeu que pode haver 
continuidade delitiva desde que os delitos tenham sido cometidos em lapso 
temporal não superior a 03 anos. 
A conexão espacial indica que, para que seja considerada 
continuidade delitiva, os crimes devem ser cometidos no mesmo local. A 
Jurisprudência entende que a conexão espacial só estará presente se os 
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crimes forem cometidos na mesma cidade, ou, no máximo, na mesma 
região metropolitana. 
A conexão modal se verifica quando o agente pratica o crime 
sempre da mesma maneira, seja pelo modo de execução, pela utilização 
de comparsas, etc. 
A conexão ocasional não possui previsão expressa na Lei, mas 
parte da Doutrina a entende como a necessidade de que os primeiros 
crimes tenham proporcionado uma ocasião que gerou a prática dos crimes 
subsequentes. 
 
Com relação à unidade de desígnios, ou seja, a necessidade de que 
todos os crimes praticados na verdade tenham sido partes de um único 
projeto criminoso, a Doutrina é dividida, mas a maioria da Doutrina, 
bem como a Jurisprudência, entendem ser necessária essa unidade 
de desígnios, de forma que a mera reunião dos demais requisitos não 
configura a continuidade delitiva se os crimes foram praticados de 
maneira isolada, sem nenhum vínculo entre eles. Isso significa que a 
maioria da Doutrina e a Jurisprudência adotam a teoria objetivo-
subjetiva, desprezando a teoria objetiva pura, que não prevê a 
necessidade de unidade de desígnios. 
 
2.2.6.! Aplicação da pena no crime continuado 
Existem três espécies de crime continuado: simples, qualificado e 
específico. Entretanto, em todos os casos se aplica o sistema da 
exasperação. 
No crime continuado simples, as penas dos delitos parcelares são as 
mesmas. Exemplo: 10 furtos simples praticados em continuidade delitiva. 
Nesse caso, aplica-se a pena de apenas um deles, acrescida de 1/6 a 2/3 
(varia conforme a quantidade de delitos). 
No crime continuado qualificado, as penas dos delitos praticados são 
diferentes, de modo que se aplica a pena do mais grave deles, aumentada 
de 1/6 a 2/3. 
Por fim, o crime continuado específico está previsto no § único do art. 
71 do CP: 
Art. 71 (...) 
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com 
violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a 
culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, 
bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos 
crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as 
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regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código.(Redação dada 
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
Assim, nos crimes dolosos cometidos com violência ou grave ameaça 
à pessoa, sendo as vítimas diferentes, poderá o Juiz aplicar a pena de um 
deles (ou a mais grave, se diversas), aumentada até o triplo. Vejam que se 
adotou o mesmo sistema da exasperação, entretanto, o § único previu um 
quantum maior a ser acrescido à pena-base. A lei não estabelece a 
quantidade mínima nesse caso, mas a Jurisprudência, inclusive o 
STF, entende que o mínimo aqui também é de 1/6. 
Aqui também se aplica a regra do “concurso material benéfico”, ou 
seja, se o sistema da exasperação se mostrar mais gravoso, deverá ser 
aplicado o sistema do cúmulo material. 
 
2.2.7.! Crime continuado e conflito de leis penais no tempo 
Se durante a execução do crime continuado sobrevir lei nova, mais 
gravosa ao réu, esta última é aplicada, pois se considera que o crime 
continuado está sendo praticado enquanto não cessa a continuidade 
delitiva. Assim, sendo o tempo do crime o momento em que cessa a 
continuidade, a lei nova chegou a vigorar antes de sua consumação, 
aplicando-se a este, por ser a lei vigente ao tempo do crime. 
Este entendimento está, inclusive, sumulado pelo STF: 
;<=>?≅!ΑΒ!211 
A LEI PENAL MAIS GRAVE APLICA-SE AO CRIME CONTINUADO OU AO CRIME 
PERMANENTE, SE A SUA VIGÊNCIA É ANTERIOR À CESSAÇÃO DA 
CONTINUIDADE OU DA PERMANÊNCIA. 
 
2.2.8.! Crime continuado e prescrição 
Nos crimes continuados, por haver mera ficção jurídica de crime 
único, apenas para fins de aplicação da pena, a prescriçãoé calculada 
em relação a cada crime isoladamente. 
Entretanto, para o cálculo da prescrição RETROATIVA (a que leva 
em consideração a pena “em concreto”), leva-se em conta a pena mínima 
estabelecida para a pena-base, desprezando-se o acréscimo que seria 
aplicado em decorrência da continuidade delitiva. 
EXEMPLO: Se há dois furtos qualificados praticados em continuidade 
delitiva (penas mínimas de dois anos), tendo a sentença aplicado a pena 
mínima, por exemplo (02 anos), acrescida de determinado percentual 
decorrente da continuidade delitiva (1/4), a prescrição é calculada tendo 
por base a pena aplicada, mas sem computar o acréscimo decorrente da 
continuidade delitiva (apenas 02 anos, e não 02 anos + ¼, que seria 02 
anos e 06 meses). 
Para termos uma ideia de como isso influencia a prescrição, se 
utilizássemos os “dois anos e seis meses” como base para o cálculo da 
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prescrição retroativa, ela ocorreria em 08 anos, por força do art. 109, IV 
do CP. 
Como devemos considerar a pena aplicada, sem o acréscimo (02 anos), 
a prescrição retroativa terá o prazo de 04 anos, por força do art. 109, V 
do CP. 
 
Esta previsão consta do verbete n° 497 da súmula do STF: 
;<=>?≅!ΑΒ!592 
QUANDO SE TRATAR DE CRIME CONTINUADO, A PRESCRIÇÃO REGULA-SE 
PELA PENA IMPOSTA NA SENTENÇA, NÃO SE COMPUTANDO O ACRÉSCIMO 
DECORRENTE DA CONTINUAÇÃO. 
 
2.2.9.! Aplicação da pena de multa no concurso de crimes 
Assim prevê o art. 72 do CP: 
Art. 72 - No concurso de crimes, as penas de multa são aplicadas distinta e 
integralmente. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
Assim, o art. 72 do CP prevê a aplicação do sistema do cúmulo 
material no que tange às penas de multa. Essa aplicação é 
inquestionável no concurso material e no concurso formal. 
No entanto, no que se refere ao crime continuado, há forte 
divergência. 
A primeira corrente (amplamente majoritária na Doutrina) entende 
que esta regra também se aplica ao crime continuado, por não ter a Lei 
feito qualquer distinção. 
A segunda corrente (majoritária na Jurisprudência, inclusive 
no STJ), entende que, nesse caso, não se aplica a regra do art. 72, 
por ter a lei entendido que se trata de crime único, mediante ficção 
jurídica. 
 
3.! RESUMO 
 
CONCURSO DE PESSOAS 
Conceito - Colaboração de dois ou mais agentes para a prática de uma 
infração penal. 
Teoria adotada pelo CP – Teoria monista temperada (ou mitigada): 
todos aqueles que participam da conduta delituosa respondem pelo mesmo 
crime, mas cada um na medida de sua culpabilidade. Há exceções à 
teoria monista (Ex.: aborto praticado por terceiro, com consentimento da 
gestante. A gestante responde pelo crime do art. 126 e o terceiro pelo crime 
do art. 124). 
Espécies: 
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#! EVENTUAL – O tipo penal não exige que o fato seja praticado por 
mais de uma pessoa. 
#! NECESSÁRIO – O tipo penal exige que a conduta seja praticada por 
mais de uma pessoa. Divide-se em: a) condutas paralelas (crimes 
de conduta unilateral): Aqui os agentes praticam condutas dirigidas 
à obtenção da mesma finalidade criminosa (associação criminosa, 
art. 288 do CPP); b) condutas convergentes (crimes de conduta 
bilateral ou de encontro): Nesta modalidade os agentes praticam 
condutas que se encontram e produzem, juntas, o resultado 
pretendido (ex. Bigamia); c) condutas contrapostas: Neste caso 
os agentes praticam condutas uns contra os outros (ex. Crime de 
rixa) 
Requisitos 
#! Pluralidade de agentes - É necessário que tenhamos mais de uma 
pessoa a colaborar para o ato criminoso. 
#! Relevância causal da colaboração – A participação do agente 
deve ser relevante para a produção do resultado, de forma que a 
colaboração que em nada contribui para o resultado é um indiferente 
penal. 
#! Vínculo subjetivo (ou liame subjetivo) – É necessário que a 
colaboração dos agentes tenha sido ajustada entre eles, ou pelo 
menos tenha havido adesão de um à conduta do outro. Trata-se 
do princípio da convergência. 
#! Unidade de crime (ou contravenção) para todos os agentes 
(identidade de infração penal) – As condutas dos agentes, 
portanto, devem constituir algo juridicamente unitário. 
#! Existência de fato punível – Trata-se do princípio da 
exterioridade. Assim, é necessário que o fato praticado pelos 
agentes seja punível, o que de um modo geral exige pelo menos que 
este fato represente uma tentativa de crime, ou crime tentado. 
 
Modalidades 
Coautoria – Adoção do conceito restritivo de autor (teoria restritiva), 
por meio da teoria objetivo-formal: autor é aquele que pratica a 
conduta descrita no núcleo do tipo penal. Todos os demais são partícipes. 
OBS.: Autoria mediata: situação na qual alguém (autor mediato) se vale 
de outra pessoa como instrumento (autor imediato) para a prática de um 
delito. Pode ocorrer quando: 
#! O autor imediato age sem dolo (erro provocado por terceiro) 
#! O autor imediato age sem culpabilidade (Ex.: coação moral 
irresistível) 
 
Tópicos importantes: 
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#! Pode haver autoria mediata nos crimes próprios - Desde que o 
autor MEDIATO reúna as condições especiais exigidas pelo tipo 
penal. 
#! Não há possibilidade de autoria mediata nos crimes de mão 
própria – Impossibilidade de se executar o delito por interposta 
pessoa 
#! AUTORIA POR DETERMINAÇÃO – Pune-se aquele que, embora 
não sendo autor nem partícipe, exerce sobre a conduta domínio 
EQUIPARADO à figura da autoria. 
 
Teoria do domínio do fato – Deve ser aplicada para as hipóteses de 
autoria mediata. Para esta teoria, o autor seria aquele que tem poder de 
decisão sobre a empreitada criminosa. Pode se dar por: 
#! Domínio da ação - O agente realiza diretamente a conduta 
prevista no tipo penal 
#! Domínio da vontade - O agente não realiza a conduta 
diretamente, mas é o "senhor do crime", controlando a vontade 
do executor, que é um mero instrumento do delito (hipótese de 
autoria mediata). 
#! Domínio funcional do fato - O agente desempenha uma 
função essencial e indispensável ao sucesso da empreitada 
criminosa, que é dividida entre os comparsas, cabendo a cada 
um uma parcela significativa, essencial e imprescindível. 
 
Tópicos importantes 
#! Não se admite coautoria nos crimes de mão própria 
#! Doutrina ligeiramente majoritária entende não ser cabível coautoria 
em crimes culposos 
#! Não existe coautoria entre autor mediato e autor imediato 
#! Há possibilidade de coautoria entre dois autores mediatos 
 
PARTICIPAÇÃO 
Espécies 
•! Moral – O agente não ajuda materialmente na prática do 
crime, mas instiga ou induz alguém a praticar o crime. 
•! Material – A participação material é aquela na qual o partícipe 
presta auxílio ao autor, seja fornecendo objeto para a prática 
do crime, seja fornecendo auxílio para a fuga, etc. 
 
Punibilidade do partícipe – Adoção da teoria da acessoriedade: Como a 
conduta do partícipe é considerada acessória em relação à conduta do autor 
(que é principal), o partícipe deve responder pela conduta principal (na 
medida de sua culpabilidade). 
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