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Direito Civil - TRE-PE - AJAJ Teoria e Questões

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Aula 08
Direito Civil p/ TRE-PE (Analista Judiciário - Área Judiciária) - Com videoaulas
Professores: Aline Santiago, Marcos Girão, Thiago Farias
 
 
 
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DIREITO CIVIL - TRE-PE - AJAJ 
Teoria e Questões 
Aula 08 ± Profa Aline Santiago / Prof. Jacson Panichi 
 
 
 
 
Aula 08 
Direitos reais. Disposições 
gerais. Propriedade. 
Superfície. Servidões. 
Usufruto. Uso. Habitação. 
Direito do promitente 
comprador. 
 
Apresentação da Aula 08 .............................................................................................................. 2 
Cronograma da Aula - 08 .............................................................................................................. 3 
Relação dos Assuntos com o Código Civil ...................................................................................... 3 
Teoria Geral dos Direitos Reais ..................................................................................................... 4 
1. Da Posse. ................................................................................................................................. 7 
1.1 Classificação da Posse. ............................................................................................................ 9 
¾ Quanto ao desdobramento da posse. ............................................................................................... 9 
¾ Quanto à presença de vícios objetivos. ........................................................................................... 10 
¾ Quanto à boa-fé subjetiva ou intencional........................................................................................ 12 
¾ Quanto à presença de título. ........................................................................................................... 13 
¾ Quanto ao tempo da posse. ............................................................................................................. 13 
1.2 Aquisição, transmissão e perda da posse .............................................................................. 13 
1.3 Efeitos da Posse (arts. 1.210 a 1.222). ................................................................................... 16 
2. Da Propriedade. ..................................................................................................................... 25 
¾ Disposições Preliminares. ........................................................................................................... 25 
¾ Da Aquisição da Propriedade. ..................................................................................................... 31 
¾ Da aquisição da Propriedade Imóvel. .............................................................................................. 31 
¾ Da aquisição pelo registro do título (arts. 1.245 a 1.247). ............................................................... 35 
¾ Da aquisição por acessão (arts. 1.248 a 1.259). ............................................................................... 41 
¾ Das Ilhas. .......................................................................................................................................... 42 
¾ Da Aluvião. ....................................................................................................................................... 42 
¾ Da Avulsão. ....................................................................................................................................... 43 
¾ Do Álveo Abandonado. .................................................................................................................... 43 
¾ Das Construções e Plantações. ........................................................................................................ 43 
¾ Da Aquisição da Propriedade Móvel. ............................................................................................... 45 
¾ Da Perda da Propriedade. .......................................................................................................... 48 
3. Direitos Reais Sobre Coisas Alheias ......................................................................................... 49 
3.1 Direitos reais sobre coisas alheias -Direitos de gozo. ............................................................. 50 
 
 
 
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Teoria e Questões 
Aula 08 ± Profa Aline Santiago / Prof. Jacson Panichi 
 
¾ Da superfície. ................................................................................................................................... 50 
¾ Das Servidões. .................................................................................................................................. 52 
¾ Do Usufruto. ..................................................................................................................................... 55 
¾ Do Uso. ............................................................................................................................................. 59 
¾ Da Habitação. ................................................................................................................................... 60 
¾ Das concessões especiais para uso e moradia. ................................................................................ 60 
¾ Do direito do Promitente Comprador. ............................................................................................. 61 
Considerações Finais .................................................................................................................. 62 
Resumo da Matéria .................................................................................................................... 63 
Questões do CESPE .................................................................................................................... 73 
Questões com comentários ........................................................................................................ 73 
Lista de Questões ....................................................................................................................... 91 
Gabarito .................................................................................................................................... 97 
 
 
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'2�3520,7(17(�&2035$'25� 
Apresentação da Aula 08 
Olá, queridos alunos! 
 Estamos quase no final do nosso curso. - 
 
Nesta aula veremos o Direito das Coisas, e, assim como na aula passada, 
esta, está bastante carregada de conceitos. 
 
 Assim, reiteramos nosso conselho de que leia a aula com calma e atenção, 
se precisar, leia em partes. Ou descanse entre os assuntos.- 
 
 Como sempre: coragem! 
 
 
 
 
 
 
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Teoria e Questões 
Aula 08 ± Profa Aline Santiago / Prof. Jacson Panichi 
 
Cronograma da Aula - 08 
 
AULA Tópicos abordados DATA 
AULA 08 
Direitos reais. Disposições gerais. Propriedade. 
Superfície. Servidões. Usufruto. Uso. Habitação. 
Direito do promitente comprador. 
(27/10/2016) 
 
Relação dos Assuntos com o Código Civil 
 
A
U
L
A
 
0
8
 Tópicos que serão abordados neste curso Artigos da Lei 
Do Direito das Coisas Art. 1.196 ao 1.510 do CC 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2%6(59$d­2� ,03257$17(�� HVWH� FXUVR� p� SURWHJLGR� SRU� GLUHLWRV� DXWRUDLV�
�FRS\ULJKW���QRV� WHUPRV� GD� /HL� ���������� TXH� DOWHUD�� DWXDOL]D� H� FRQVROLGD� D�
OHJLVODomR�VREUH�GLUHLWRV�DXWRUDLV�H�Gi�RXWUDV�SURYLGrQFLDV� 
*UXSRV� GH� UDWHLR� H� SLUDWDULD� VmR� FODQGHVWLQRV�� YLRODP� D� OHL� H� SUHMXGLFDP� RV�
SURIHVVRUHV� TXH� HODERUDP�RV� FXUVRV�� 9DORUL]H�R� WUDEDOKR�GH�QRVVD�HTXLSH�
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Teoria e Questões 
Aula 08 ± Profa Aline Santiago / Prof. Jacson Panichi 
 
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'2�3520,7(17(�&2035$'25� 
Teoria Geral dos Direitos Reais 
Da leitura do índice do CC/2002 podemos perceber que os direitos 
patrimoniais são classificados em direitos pessoais e em direitos reais. 
Encontramos os direitos pessoais nos mais variados livros e 
capítulos do CC/2002, tais como, no Direito das Obrigações, Direito Contratual, 
Direito de Família, Direitos das Sucessões. 
Já os direitos patrimoniais que possuem natureza real estão dispostos 
no Livro III denominado Do Direito das Coisas. 
Neste ponto é importante que façamos uma diferenciação entre os 
conceitos de Direitos Reais e de Direitos das Coisas, para tanto, vamos utilizar as 
palavras de Flávio Tartuce1: ³Os direitos reais formam o conteúdo principal 
do Direito das Coisas, mas não exclusivamente, eis que existem institutos 
TXH�FRPS}H�D�PDWpULD�H�TXH�QmR�VmR�'LUHLWRV�5HDLV´��(grifos nossos) 
 
Os direitos reais são os descritos no art. 1.225 (falaremos dele logo mais 
adiante), quanto ao direito das coisas assim fala o respeitado autor: ³e�R�UDPR�
do Direito Civil que têm como conteúdo relações jurídicas estabelecidas entre 
pessoas e coisas determinadas ou determináveis. No âmbito do Direito das 
Coisas há uma relação de domínio exercida pela pessoa (sujeito ativo) sobre a 
coisa. Não há sujeito passivo dHWHUPLQDGR�� VHQGR� HVVH� WRGD� D� FROHWLYLGDGH´� 
(grifos nossos) 
 
A utilização destes dois termos ± Direitos Reais e Direito das Coisas, vem 
dividindo a doutrina, assim, em suas obras, alguns civilistas utilizam Direitos 
Reais e outros Direito das Coisas. 
Sabemos que a GHVLJQDomR� ³'LUHLWRV� 5eais´ vem se difundindo desde 
Savigny, uma vez que a taxonomia clássica de "direito das coisas" foi consagrada 
 
1 Manual de Direito Civil, Ed. Método, 2ª ed. Pg. 792. 
 
 
 
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Teoria e Questões 
Aula 08 ± Profa Aline Santiago / Prof. Jacson Panichi 
 
pelo Código Civil Brasileiro de 1916, conforme prevalecera no BGB de 1896, e 
mantida pelo CC de 2002. 
 
 
Em nosVD� DXOD� DR� XWLOL]DUPRV� D� H[SUHVVmR� ³GLUHLWR� GDV� FRLVDV´�
estaremos falando em sentido mais amplo, quando utilizarmos a 
H[SUHVVmR� ³GLUHLWRV� UHDLV´�� HVWDUHPRV� IDODQGR�� SULQFLSDOPHQWH��
daqueles direitos elencados no art. 1.225. 
 
Deste modo, o Direito das coisas dispõe sobre as relações 
jurídicas entre as pessoas e as coisas que podem ser apropriadas pelo 
homem. 
 
Segundo Sílvio de Salvo Venosa2: ³$�LGHLD�EiVLFD�p�TXH�R�direito pessoal 
une dois ou mais sujeitos, enquanto os direitos reais traduzem relação 
jurídica entre uma coisa, ou conjunto de coisas, e um ou mais sujeitos, 
pessoas QDWXUDLV�RX�MXUtGLFDV´� (grifos nossos) 
 
Ainda, o mesmo autor, ao diferenciar direitos pessoais e direitos reais, 
nos traz como exemplo do primeiro uma obrigação e como exemplo do segundo 
a propriedade. 
 
Regra geral a situação é esta. E como o objetivo deste curso não é debater 
o direito, mas sim que você possa resolver uma questão de prova, tenha em 
mente a seguinte representação: 
 
 
2Sílvio de Salvo Venosa, Direito Civil V, Direitos Reais, ed. Atlas, 12ª ed. 
 
 
 
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Teoria e Questões 
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Os direitos reais são constituídos por lei e, de acordo com o nosso 
código civil, temos o seguinte: 
Art. 1.225. São direitos reais: 
I - a propriedade; 
II - a superfície; 
III - as servidões; 
IV - o usufruto; 
V - o uso; 
VI - a habitação; 
VII - o direito do promitente comprador do imóvel; 
VIII - o penhor; 
IX - a hipoteca; 
X - a anticrese. 
XI - a concessão de uso especial para fins de moradia; 
XII - a concessão de direito real de uso. 
 
Veja, então, que o código civil não traz em seu texto a posse como 
um direito real. 
 
Separação entre direitos reais e 
direitos pessoais
Direitos Pessoais
O objeto é uma relação juridica entre 
sujeitos de direito
Direitos Reais
Recaem sobre uma coisa
(permite o gozo e a fruição de bens)
 
 
 
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Além disso, é importante você compreender que uma das mais importantes 
classificações dos direitos reais é justamente aquela que os separa em direitos 
reais sobre coisas próprias e direitos reais sobre coisas alheias. 
 
Os direitos reais sobre coisas alheias abrangem basicamente duas categorias: de 
gozo (ou de fruição) e de garantia3. 
 
 
Começaremos propriamente o nosso estudo do direito das coisas pela 
posse! 
 
1. Da Posse. 
A conceituação de posse gera na doutrina controvérsias. Muitos autores, 
caso do saudoso Orlando Gomes, consideram a posse como sendo um direito de 
natureza especial, já outros, como é o caso de Maria Helena Diniz, filiam-se a 
corrente de que a posse constitui um direito real propriamente dito. 
 Independentemente desta controvérsia doutrinária, existem, para justificar 
a posse como categoria jurídica, duas correntes, quais sejam: 
 
3 A garantia (acessório) mantém estrita relação com uma obrigação, que será o direito principal. 
São direitos reais de garantia: o penhor; a hipoteca; e a anticrese. 
Direitos Reais
direitos reais sobre 
coisas próprias
direitos reais sobre 
coisas alheias
direitos de gozo 
(ou de fruição)
direitos de garantia
Posse
 
 
 
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 A ¹Teoria subjetiva ou subjetivista - que teve por principal idealizador 
Savigny, onde a posse necessitaria de dois elementos para caracterizar-se, um 
de natureza física (corpus) e outro fundado na intenção de quem possuía o bem 
(animus) ± esta teoria não foi adotada pelo CC/2002; e 
A ²Teoria objetiva ou objetivista ± que teve por principal idealizador 
Ihering, onde o importante era o elemento físico (corpus), uma vez que a 
intenção (animus) estaria de certa forma contida no próprio corpus. Portanto, 
esta última teoria diz que para que a posse seja constituída basta que a pessoa 
disponha fisicamente da coisa ou tenha a possibilidade de exercer esse 
contato físico. 
O CC/2002, como você perceberá já no primeiro artigo referente à matéria, 
adotou parcialmente esta última teoria: 
Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou 
não, de algum dos poderes inerentes à propriedade. 
 
 Segundo Silvio Salvo Venosa4: ³A posse é o fato que permitee possibilita 
o direito de propriedade" 
 
E, nas lições de Barros Monteiro5: ³���D�posse constitui o sinal exterior da 
propriedade, é o jus possidendi, o direito de possuir, e pelo qual o proprietário, 
de modo geral, afirma o seu poder sobre aquilo que lhe pertence´� 
 
Quanto às pessoas que podem exercer a posse, temos que não só as 
pessoas naturais ou jurídicas podem exercê-la, mas também o podem os entes 
despersonalizados (recorde-se destes entes explicados na aula de pessoas 
jurídicas), como é o caso do espólio, da massa falida, da sociedade de fato e do 
condomínio. Neste sentido temos o Enunciado 236 da III Jornada de Direito 
Civil: ³&RQVLGHUD-se possuidor, para todos os efeitos legais, também a 
coletividade desprovida de personalidade jurídica´� 
 
Outro enunciado traz a ideia de função social da posse (A propriedade já 
tem a sua função social reconhecida no nosso texto Constitucional, o que, 
indiretamente, atinge a posse). Enunciado 492 da V Jornada de Direito Civil: 
³$� posse constitui direito autônomo em relação à propriedade e deve 
expressar o aproveitamento dos bens para o alcance de interesses existenciais, 
HFRQ{PLFRV�H�VRFLDLV�PHUHFHGRUHV�GH�WXWHOD´� 
 
4 Sílvio de Salvo Venosa, Direito Civil V, Direitos Reais, ed. Atlas, 12 ed. pág. 163. 
5 Washington de Barros Monteiro, Carlos Alberto Dabus Maluf, Direito Civil 3, Direito das coisas, 
ed. Saraiva, 41ª ed., pág. 31. 
 
 
 
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Dentre as diferenciações que serão feitas durante esta aula, a primeira 
relevante é aquela que ocorre entre posse e detenção. 
 
Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de 
dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento 
de ordens ou instruções suas. 
Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve este 
artigo, em relação ao bem e à outra pessoa, presume-se detentor, até que prove o 
contrário. 
 
 O detentor6 está em uma situação de dependência econômica ou, então, 
possui um vínculo de subordinação com a outra pessoa e somente por este motivo 
detém a coisa. Deste modo, o detentor exerce a posse não em seu nome, mas 
em nome de outro. Como exemplo, podemos citar o motorista particular em 
relação ao carro do patrão, ou o caseiro que cuida de um sítio (em ambos os 
casos estamos diante de detenção). 
Cabe ressaltar que é admitida juridicamente a conversão da detenção 
em posse, conforme vemos no Enunciado 301 da IV Jornada de Direito 
Civil: ³É possível à conversão da detenção em posse, desde que rompida 
à subordinação, na hipótese de exercício em nome próprio dos atos 
SRVVHVVyULRV´� 
Os atos possessórios serão vistos ainda nesta aula, por hora preocupe-se 
em fixar que detenção não é posse, porque a detenção pressupõe um vínculo 
de subordinação, o que não existe na posse. 
 
1.1 Classificação da Posse7. 
A posse pode ser classificada: 
¾ Quanto ao desdobramento da posse. 
Posse direta ou imediata, que é aquela em que a pessoa possui a coisa 
materialmente, há poder físico imediato, como por exemplo, o locatário (aquele 
que está no imóvel); 
Posse indireta ou mediata, aquela exercida através de outra pessoa, 
utilizando o exemplo acima, é o locador. Assim, o locador (quem coloca a coisa 
 
6 Também chamado de fâmulo de posse, gestor da posse, detentor dependente ou servidor da 
posse. 
7 Optamos por citar a classificação adotada por Flávio Tartuce do livro, Manual de Direito Civil, 
Ed. Método, 2ª ed. 
 
 
 
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Teoria e Questões 
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para ser alugada) exerce posse indireta, enquanto que o locatário (que aluga a 
coisa) exerce a posse direta, visto ser quem está fisicamente com a coisa. 
 
Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, 
em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, 
podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto. 
 
Neste ponto cabe fazermos algumas observações: tendo em vista o artigo 
1.197, tanto o possuidor direto quanto o indireto podem invocar a proteção 
possessória, seja um contra o outro ou, ainda, contra terceiros. Este é o 
conteúdo do Enunciado 76 da I Jornada de Direito Civil: ³2�SRVVXLGRU�GLUHWR�
tem direito de defender a sua posse contra o indireto, e este contra aquele 
(art. 1.197, in fine��GR�QRYR�&yGLJR�&LYLO�´� 
 
Veja como assunto foi cobrado em prova: 
2016/ SEGEP-MA/Auditor Fiscal da Receita Estadual. 
Foi considerado INCORRETO o seguinte enunciado: Não pode o possuidor direto 
defender a posse contra o dono da coisa. 
Comentário: 
De acordo com o art. 1.197 do CC: 
Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude 
de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o 
possuidor direto defender a sua posse contra o indireto. 
 
¾ Quanto à presença de vícios objetivos. 
 Posse justa é uma posse limpa, ou seja, aquela que não apresenta vícios de 
YLROrQFLD��FODQGHVWLQLGDGH�RX�SUHFDULHGDGH��FRQIRUPH�DUW���������³É justa a posse 
TXH�QmR�IRU�YLROHQWD��FODQGHVWLQD�RX�SUHFiULD�´; 
 Posse injusta aquela que é adquirida por meio de ato de violência (poderá 
ser física ou moral, onde através dela o antigo possuidor ou proprietário será 
retirado do bem), ato clandestino (pressupõe a ausência do antigo possuidor, e 
sem que este saiba, o imóvel é ocupado por outrem) ou ato precário (na 
precariedade existe a obrigação de restituição e quem tem o dever legal de 
restituição nega-se a cumpri-lo). 
 Posse violenta é a obtida através de esbulho, ou seja, por força física ou 
moral. Um exemplo muito comum na doutrina é o do movimento popular que 
invade propriedades rurais produtivas, violentamente, destruindo cercas e 
plantações. 
 
 
 
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 Posse clandestina é aquela obtida as escondidas, de forma oculta. Utilizando 
o mesmo exemplo acima, caso a ocupação se desse à noite sem violência. 
 Posse precária é aquela que é conseguida com abuso de confiança. Também 
chamada de esbulho pacífico, é parecida com o crime de estelionato ou ao crime 
de apropriação indébita. É exemplo, o locatário de uma coisa móvel que não a 
devolve no final do contrato. 
 
 
Algumas observações importantes: ¹para que a posse seja 
considerada injusta, basta à presença de apenas uma das 
violências citadas logo acima e, além disso, a pessoa que tem 
a posse injusta não poderá adquirir a coisa através de 
usucapião; ²a posse mesmo sendo injusta poderá ser 
defendida contra terceiro; ³a posse injusta ou violenta 
poderá ser convalidada, isto de acordo com o art. 1.208: 
Art. 1.208 Não induzem posse os atos de mera permissão ou 
tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos 
violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a 
violência ou a clandestinidade. 
Atenção para este ponto da matéria, o artigo 1.208 é uma exceção à 
regra do art. 1.203, que consagra o princípio da continuidade do caráter da 
posse: 
Art. 1.203. Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter 
com que foi adquirida. 
 
Sobre este assunto temos o Enunciado237 da III Jornada de 
Direito Civil�� ³e� FDEtYHO� D� PRGLILFDomR� GR� WtWXOR� GD� SRVVH� ± interversio 
possessionis ± na hipótese em que o até então possuidor direto demonstrar ato 
exterior inequívoco de oposição do antigo possuidor indireto, tendo por efeito a 
caracterização do animus domini´�� 
 
Da combinação do art. 1.208 com o art. 924 do CPC, nós temos que a 
posse, passados um ano e um dia da violência ou da clandestinidade, deixará 
de ser injusta, passando a ser justa, se o possuidor indireto (ou o dono da 
coisa) não providenciar as atitudes de defesa de sua posse. 
Independente da problemática, a convalidação ou a cessação da posse 
injusta será analisada caso a caso e tendo em vista a função social da posse; 
ainda, com relação aos efeitos, os frutos não serão influenciados pelos vícios que 
caracterizam a posse injusta, tendo em vista, que para estes o que será levado 
 
 
 
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Teoria e Questões 
Aula 08 ± Profa Aline Santiago / Prof. Jacson Panichi 
 
em consideração é se a posse é de boa-fé ou se é de má-fé (assunto que 
trataremos a seguir). 
 
¾ Quanto à boa-fé subjetiva ou intencional. 
A posse de boa-fé está no art. 1.201: 
Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que 
impede a aquisição da coisa. Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si 
a presunção de boa-fé, salvo prova em contrário, ou quando a lei expressamente não 
admite esta presunção. 
Lembre-se que o termo ignorar está associado ao desconhecimento. 
Portanto, será a posse de boa-fé, quando o possuidor acreditar que a coisa é sua 
e não souber que está prejudicando outra pessoa. 
 
Veja como assunto foi cobrado em prova: 
2016/PC-PA/Delegado de Polícia Civil. 
A posse injusta pode ser de boa-fé. 
 
Perde o caráter de boa-fé, quando o possuidor passa a ter conhecimento 
da posse indevida. Conforme art. 1.202: 
Art. 1.202. A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o momento em 
que as circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui 
indevidamente. 
 
Sobre o justo título temos o Enunciado 303 da III Jornada de 
Direito Civil: ³&RQVLGHUD-se justo título para a presunção relativa da boa-fé do 
possuidor o justo motivo que lhe autoriza a aquisição derivada da posse, esteja 
ou não materializado em instrumento público ou particular. Compreensão na 
perspectLYD�GD�IXQomR�VRFLDO�GD�SRVVH´� 
 
Na posse de má-fé, ao contrário do que acontece na posse de boa-fé, a pessoa 
tem a consciência da ilegitimidade de sua posse. 
 
 
 
 
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Atenção! A posse justa e a posse injusta levam em consideração 
critérios objetivos, enquanto que na posse de boa-fé e na posse de má-fé 
considera-se a subjetividade, a intenção. Também, no que se refere aos efeitos 
a posse justa e a injusta são analisadas quanto às ações possessórias e quanto 
à usucapião, já a posse de boa-fé e a de má-fé são analisadas quanto à 
percepção dos frutos, à retenção de benfeitorias e às responsabilidades 
implicadas para os envolvidos. 
 
¾ Quanto à presença de título. 
Posse com título se dá quando existe um documento, pode ser um contrato, 
por exemplo; 
Posse sem título é aquela em que não há uma causa representativa 
aparente da transmissão do domínio fático. 
 
Estabelecendo uma relação entre esta classificação e a classificação 
passada, chegamos aos conceitos de ius possidendi ± que é o direito a posse 
decorrente da propriedade e o ius possessionis ± que é o direito que 
decorre exclusivamente da posse. Ou seja, no ius possidendi temos uma 
posse com título apoiada na propriedade, enquanto no ius possessionis temos 
uma posse sem título e que existe por si só. 
 
¾ Quanto ao tempo da posse8. 
Posse nova é aquela com até um ano; 
Posse velha é aquela com um ano e um dia ou mais. 
 
1.2 Aquisição, transmissão e perda da posse 
Basta que a pessoa possuidora da coisa esteja usando, fruindo, 
reivindicando ou dispondo da coisa, para que se adquira a posse: 
 
8 Esta classificação é importante tendo em vista a questão processual, no que diz respeito às 
ações possessórias que visam à defesa da posse. 
 
 
 
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Art. 1.204. Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o 
exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade. 
IMPORTANTE! 
O artigo 1.205 nos diz quem poderá adquirir esta posse: 
Art. 1.205. A posse pode ser adquirida: 
I - pela ¹própria pessoa que a pretende ou por seu ²representante; 
II - por ³terceiro sem mandato, dependendo de ratificação. 
 
Veja como assunto foi cobrado em prova: 
2016/TJ-DFT/Juiz. 
A posse pode ser adquirida por terceiro, sem mandato do pretendente, caso em 
que a aquisição depende de ratificação. 
 
Quanto a este tema temos o Enunciado nº 77 da I Jornada de Direito 
Civil ± Art. 1.205: ³A posse das coisas móveis e imóveis também pode ser 
transmitida pelo constituto possessório´. 
 
Art. 1.206. A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os 
mesmos caracteres. 
 
 O art. 1.206 consagra o princípio da continuidade do caráter da posse. 
Princípio que também é encontrado nos arts. 1203 e 1207: 
Art. 1.203. Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter com 
que foi adquirida. 
Art. 1.207. O sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; e ao 
sucessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais. 
 
Sendo universal a sucessão, quem sucede apenas manterá a posse do 
antecessor com as mesmas características e, assim, se a posse for injusta, 
continuará a ser, ou seja, o vício continuará a existir. Já o sucessor singular (por 
exemplo, o adquirente de um bem através de compra e venda) tem a faculdade 
de unir sua posse com a anterior ou optar por não fazê-lo, de acordo com sua 
vontade. 
 
 
 
 
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O princípio da continuidade do caráter da posse não é absoluto, como 
vemos no artigo seguinte: 
Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como 
não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de 
cessar a violência ou a clandestinidade. 
 
Veja como assunto foi cobrado em prova: 
2016/ SEGEP-MA/Auditor Fiscal da Receita Estadual. 
Foi considerado INCORRETO o seguinte enunciado: Não autorizam a aquisição da 
posse os atos de violência, mesmo depois de cessada a violência. 
Comentário: 
De acordo com o art. 1.208 do CC: 
Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não 
autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a 
violência ou a clandestinidade. 
 
Art. 1.209. A posse do imóvel faz presumir, até prova contrária, a das coisas móveis que 
nele estiverem. 
 
Em regra, uma vez transferida à posse de um imóvel, também o será 
a posse dos imóveis que o guarnecem, de acordo com o princípio da gravitação 
jurídica, segundoo qual o acessório segue o principal. 
 
Veja como assunto foi cobrado em prova: 
2016/ SEGEP-MA/Auditor Fiscal da Receita Estadual. 
Foi considerado correto o seguinte enunciado: A posse do imóvel faz presumir, 
até prova contrária, a das coisas móveis que nele estiverem. 
 
Quanto à perda da posse temos dois artigos: 
Art. 1.223. Perde-se a posse quando cessa, embora contra a vontade do possuidor, 
o poder sobre o bem, ao qual se refere o art. 1.1969. 
 
9 Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de 
algum dos poderes inerentes à propriedade. 
 
 
 
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Art. 1.224. Só se considera perdida a posse para quem não presenciou o esbulho, 
quando, tendo notícia dele, se abstém de retornar a coisa, ou, tentando recuperá-la, 
é violentamente repelido. 
Assim, a posse somente será considerada perdida se o possuidor, 
não tendo presenciado o esbulho, não tomar as medidas protetórias cabíveis 
quando tomar conhecimento. Ou, sofrendo violência, não tomar outras medidas 
assecuratórias. Apesar de a lei presumir a perda da posse, caberá prova em 
contrário neste sentido. 
 
Temos, ainda, uma última situação, a chamada composse, que é abordada 
no art. 1.199 do CC: 
Art. 1.199. Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma 
exercer sobre ela atos possessórios, contanto que não excluam os dos outros 
compossuidores. 
 
 Assim, a composse ou compossessão acontece quando duas ou mais 
pessoas exercem ao mesmo tempo a posse sobre a mesma coisa. Esta situação 
poderá acontecer por atos inter vivos ± como no caso de doação a duas pessoas, 
ou por causa mortis ± como no caso de ser deixado em testamento um bem para 
duas ou mais pessoas. 
 A composse poderá ser classificada da seguinte forma: 
Composse pro indiviso ± quando as pessoas possuem uma fração ideal da 
coisa, sem se conseguir determinar exatamente qual parte pertence a cada um. 
Composse pro diviso ± quando há uma fração real da coisa, ou seja, é 
possível determinar exatamente a parte de cada um dos compossuidores. 
Deste modo, de acordo com o art. 1.199, desde que não excluam direito 
alheio, qualquer dos compossuidores poderá se utilizar das ações possessórias, 
no caso de atentado praticado por terceiro, como também poderá utilizar o direito 
previsto no art. 1.210, § 1º do CC ± casos de autodefesa da posse. 
 
1.3 Efeitos da Posse (arts. 1.210 a 1.222). 
Efeitos são as consequências de algo. No que diz respeito à posse, estes 
efeitos estão relacionados à sua aquisição, à sua manutenção e à sua perda. Os 
principais efeitos da posse, encontrados no código civil (arts. 1210 a 1222), 
são: 
 
 
 
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O direito de defesa da posse (interditos possessórios ± que são as ações 
possessórias, e pelo desforço incontinenti ± que é a autodefesa, a defesa imediata 
da posse); 
O direito de perceber os frutos; e 
O direito de retenção sobre benfeitorias ações possessórias. 
 
Interditos Possessórios (defesa da posse). 
Este é talvez um dos principais efeitos10 da posse, é o direito ou a faculdade 
de propor ações com a finalidade de proteger a posse. 
 
Os interditos possessórios são as ações possessórias diretas, que poderão 
ser propostas em três hipóteses: 
Em caso de ameaça, será proposta a ação de interdito proibitório. 
Em caso de turbação, será proposta a ação de manutenção de posse. 
Em caso de esbulho, será proposta ação de reintegração de posse. 
 
A ameaça é o risco iminente, quando o possuidor sabe que existe a possibilidade 
concreta de que seu bem seja perdido; 
A turbação são os ataques constantes, que impedem o livre exercício do direito à 
posse; 
O esbulho é a efetiva perda do bem, por isso a necessidade de reintegração de posse. 
 
As ações estão autorizadas pelo art. 1.210, que diz: 
Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, 
restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de 
ser molestado. 
 
Do que vimos acima, complementamos agora com as lições de Flávio 
Tartuce11: ³&RPR�VH�SRGH�SHUFHEHU��QR�FDVR�GH�DPHDoD��D�ação de interdito 
proibitório visa à proteção do possuidor de perigo iminente. No caso de 
turbação, a ação de manutenção de posse visa a sua preservação. Por fim, 
no caso de esbulho, a ação de reintegração de posse almeja a sua 
GHYROXomR´� (grifos nossos) 
 
 
10 De certa forma, também é uma característica. 
11 Flávio Tartuce, Manual de Direito Civil, ed. Método, 2ª ed. pág. 823. 
 
 
 
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Veja como assunto foi cobrado em prova: 
2016/ Prefeitura de Teresina ± PI/Auditor Fiscal da Receita 
Municipal. 
Foi considerado correto o seguinte enunciado: o possuidor de má-fé tem o direito 
de invocar jurisdicionalmente a tutela possessória contra terceiros. 
 
Art. 1210. § 1º. O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-
se por sua própria força, ¹contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de 
desforço, ²não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da 
posse. 
 
É aquele caso em que a pessoa se utilizará de sua própria força, ou seja, 
se defenderá independente de ação judicial contra o terceiro que lhe ameace. 
Mas para que esta medida seja considerada lícita, devem ser respeitados alguns 
requisitos: ¹a defesa há de ser imediata, conforme Enunciado nº 495 da V 
Jornada de Direito Civil: ³1R�GHVIRUoR�SRVVHVVyULR��D�H[SUHVVmR�³FRQWDQWR�TXH�R�
IDoD�ORJR´�GHYH�VHU�HQWHQGLGD�UHVWULWLYDPHQWH��DSHQDV�FRPR�D�UHDomR�LPHGLDWD�
ao fato do esbulho ou da turbação, cabendo ao possuidor recorrer à via 
jurisdicional nas demais hipóteses´��²a pessoa que defender sua posse através 
de seus próprios meios deverá fazê-lo na medida do necessário para 
recuperar sua posse, seguindo os parâmetros do art. 187 do CC12. A pessoa 
está autorizada a receber e utilizar a ajuda de terceiros, tais como, empregados 
e prepostos, porém a sua responsabilidade será objetiva, indireta ou por atos de 
outrem. 
 
Art. 1210. § 2º. Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de 
propriedade, ou de outro direito sobre a coisa. 
 
Atenção: a ação possessória tem objeto distinto da petitória, uma 
vez que nesta prevalece a discussão acerca do título de propriedade, e na ação 
possessória discute-se questão exclusivamente fática, que envolve a posse em si 
mesmo. Sobre este assunto temos dois Enunciados da I Jornada de Direito Civil: 
Enunciado nº 78: ³7HQGR�HP�YLVWD�D�QmR-recepção pelo novo Código Civil 
da exceptio proprietatis (art. 1.210, § 2º) em caso de ausência de prova 
suficiente para embasar decisão liminar ou sentença final ancorada 
 
12 Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente 
os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. 
 
 
 
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exclusivamente no ius possessionis, deverá o pedido ser indeferido e julgado 
improcedente, não obstante eventual alegação e demonstração de direito real 
VREUH�R�EHP�OLWLJLRVR´� 
Enunciado nº. 79: ³$�H[FHSWLR�SURSULHWDWLV��FRPR�GHIHVD�RSRQtYHO�jV�Do}HV�
possessórias típicas, foi abolida pelo Código Civil de 2002, que estabeleceu a 
DEVROXWD�VHSDUDomR�HQWUH�RV�MXt]RV�SRVVHVVyULR�H�SHWLWyULR´� 
 
Sabemos que a melhor posse é aquela onde se tem contato direto com a 
coisa. Assim, caso mais de uma pessoa se diga possuidora da mesma coisa temos 
o art. 1.211: 
Art. 1.211. Quando mais de uma pessoa se disser possuidora, manter-se-á 
provisoriamente a que tiver a coisa, se não estiver manifesto que a obteve de 
alguma das outras por modo vicioso. 
 
 Este artigo se refere ao possuidor aparente, que manterá a coisa enquanto 
se discute em sede de ação possessória ou petitória quem é o verdadeiro 
possuidor ou proprietário de acordo com a lei. 
 
Art. 1.212. O possuidor pode intentar a ação de esbulho, ou a de indenização, contra o 
terceiro, que recebeu a coisa esbulhada sabendo que o era. 
 
 Portanto, ao possuidor cabe escolher se proporá uma ação de esbulho ou 
pleiteará uma indenização contra terceiro que agiu de má-fé recebendo uma coisa 
que sabia ser esbulhada. Com relação a este artigo 1.212 temos o Enunciado 
80: ³e�LQDGPLVVtYHO�R�GLUHFLRQDPHQWR�GH�GHPDQGD�SRVVHVVyULD�RX�UHVVDUFLWyULD�
contra terceiro possuidor de boa-fé, por ser parte passiva ilegítima diante do 
disposto no art. 1.212 do novo Código Civil. Contra o terceiro de boa-fé, cabe 
tão-VRPHQWH�D�SURSRVLWXUD�GH�GHPDQGD�GH�QDWXUH]D�UHDO´�� 
 
Deste modo, contra terceiro que recebeu a coisa esbulhada de boa-fé não 
caberá ação possessória, mas somente ação petitória em que se discutirá a 
propriedade. 
 
Direito de percepção de frutos. 
Art. 1.215. Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos, logo 
que são separados; os civis reputam-se percebidos dia por dia. 
 
Existe uma semelhança entre os frutos industriais e os naturais, uma 
vez que estes se consideram percebidos a partir de sua separação do bem 
 
 
 
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± seja de uma árvore ou de uma máquina. Os frutos civis (juros e aluguéis, por 
exemplo) são considerados aptos a ensejar a percepção diariamente. 
Em relação à percepção de frutos, é importante saber se a posse é de boa-
fé ou de má-fé. 
 
Possuidor de boa-fé. 
Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos 
percebidos. 
Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser 
restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser 
também restituídos os frutos colhidos com antecipação. 
 
Exemplo: Sou possuidor de boa-fé de uma casa que possui um quintal nos 
fundos com uma laranjeira. Enquanto estiver na posse de boa-fé, posso colher e 
consumir as laranjas (frutos percebidos). A partir do momento que cessar a boa-
fé, não posso mais colher as laranjas que ainda estão verdes, se as colher, terei 
que devolvê-las para ao verdadeiro proprietário. Devem ser devolvidos os frutos 
pendentes e os colhidos por antecipação. 
 
Possuidor de má-fé. 
Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, 
bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se 
constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio. 
 
Assim, ao possuidor de má-fé só caberá indenização no caso de ter feito 
despesas para custear a produção. E responderá por todos os frutos que colher, 
e ainda por todos que estragarem sem terem sido colhidos. 
 
Resumindo quanto aos frutos: 
 
 
 
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Direito de indenização e retenção de benfeitorias. 
Quanto às benfeitorias ± que são bens acessórios introduzidos em um 
bem móvel ou imóvel, tendo em vista sua conservação ou melhora de sua 
utilidade, temos os artigos seguintes: 
 
Possuidor de boa-fé. 
Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias 
necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a 
levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de 
retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis. 
Assim, o possuidor tem direito de ser indenizado por benfeitorias 
necessárias e úteis. Se não for indenizado tem direito de reter estas benfeitorias. 
Quanto às voluptuárias, tem o direito de levantá-las se estas não forem pagas, 
mas ao removê-las não pode prejudicar a coisa. No que diz respeito a este tema, 
veja o Enunciado 81 da I Jornada de Direito Civil: ³2�direito de retenção 
previsto no art. 1.219 do CC, decorrente da realização de benfeitorias necessárias 
e úteis, também se aplica às acessões (construções e plantações) nas mesmas 
FLUFXQVWkQFLDV´� 
 
 
 
 
Possuidor de 
Boa-fé
Enquanto durar a boa- fé, tem direito 
aos frutos percebidos
Cessando a boa-fé
DEVEM SER RESTITUIDOS
1. frutos pendentes - deduzidas 
despesas da produção e custeio.
2. frutos colhidos por antecipação
Possuidor de 
Má-fé
Responde por todos os frutos colhidos 
e percebidos
Bem como pelos que, por culpa sua, 
deixou de perceber
TEM direito às despesas de produção e 
custeio
 
 
 
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Veja como assunto foi cobrado em prova: 
2016/Prefeitura de Porto Alegre ± RS/Procurador. 
8P�WHUUHQR�XUEDQR�EDOGLR��³7HUUHQR�$´��IRL�YHQGLGR�DR�6U��-RmR�TXH��DR�LQJUHVVDU�
no imóveO�� WRPRX�� VHP� SHUFHEHU�� SRVVH� GR� LPyYHO� OLQGHLUR� �³7HUUHQR� ³%´��� 2�
Terreno B possuía 220 metros quadrados e era de propriedade do Município já 
na época da aquisição do Terreno A pelo Sr. João. O Sr. João cercou o Terreno 
B, limpou-o, plantou algumas árvores frutíferas e fez construir uma cerca, 
evitando possíveis invasões, comuns naquela região. Somente sete anos depois 
da utilização ininterrupta, a administração municipal se apercebeu do fato e, ato 
contínuo, notificou o Sr. João. Na notificação, o Município comprovou a sua 
propriedade sobre a área e deu um prazo de seis meses para que o Sr. João 
devolvesse o Terreno B ao Município. Passados esses seis meses, o Sr. João não 
devolveu o Terreno B, alegando que tem direitos sobre a área. Com base nesses 
fatos: O Sr. João não tem direito a obter a propriedade pela usucapião e nem a 
ser ressarcido pelas benfeitorias realizadas no Terreno B. 
 
Possuidor de má-fé. 
Art. 1.220. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias 
necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o 
de levantar as voluptuárias. 
 
Art. 1.222. O reivindicante, obrigado a indenizar as benfeitorias ao possuidor de má-
fé, tem o direito de optar entre o seu valor atual e o seu custo; ao possuidor de boa-
fé indenizará pelo valor atual. 
 
Resumindo quanto à indenização pelo reivindicante: 
 
 
 
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Responsabilizaçãopor deterioração da coisa. 
Quanto à posse e a responsabilidade do possuidor temos os seguintes 
artigos: 
Art. 1.217. O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, a 
que não der causa. 
 
 Assim, a responsabilidade do possuidor de boa-fé é subjetiva, pois 
depende de comprovação da culpa em sentido amplo. O possuidor tem que ter 
dado causa à perda ou deterioração da coisa. 
 
Art. 1.218. O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa, ainda 
que acidentais, salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na 
posse do reivindicante. 
 
 Já a responsabilidade do possuidor de má-fé, de acordo com o artigo 
1.218, é objetiva uma vez que independe de culpa, mas não é absoluta, pois 
poderá o possuidor provar que a perda ou deterioração da coisa também ocorreria 
estando ela em poder do reivindicante. 
Possuidor de 
Boa-fé
INDENIZAÇÃO
benfeitorias necessárias e úteis 
ALÉM DISSO poderá, se for o 
caso, levantar as voluptuárias
tem DIREITO DE RETENÇÃO pelo 
valor das benfeitorias 
necessárias e úteis
o REIVINDICANTE será obrigado 
a indenizar pelo VALOR ATUAL
Possuidor de 
Má-fé
INDENIZAÇÃO
somente as benfeitorias 
necessárias
E não pode levantar as 
voluptuárias
NÃO TEM direito de retenção
o reivindicante PODERÁ OPTAR 
entre o valor atual e o custo 
 
 
 
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É importante você perceber que este artigo também prevê a 
responsabilidade do possuidor de má-fé mesmo em caso fortuito e no caso de 
força maior (perda, ou deterioração da coisa, ainda que acidentais).
 
Art. 1.221. As benfeitorias compensam-se com os danos, e só obrigam ao 
ressarcimento se ao tempo da evicção ainda existirem. 
 
 Temos neste caso do art. 1.221, uma hipótese de compensação 
legal, onde a indenização a que teria direito o possuidor de má-fé pelas 
benfeitorias necessárias será usada para compensar os danos sofridos pelo 
reivindicante. 
 
 
Passemos agora ao estudo da propriedade! 
 
 
Possuidor de 
Boa-fé
SE NÃO DER CAUSA, NÃO 
RESPONDE pela perda ou 
deteriorioração da coisa
Responsabilidade 
Subjetiva
Possuidor de 
Má-fé
RESPONDE pela perda ou 
deterioração da coisa, AINDA 
QUE ACIDENDAIS, salvo se 
provar que o mesmo ocorreria 
se a coisa estivesse com o 
reivindicante.
Responsabilidade 
Objetiva
 
 
 
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2. Da Propriedade. 
A propriedade é apontada como o direito real por excelência, traduzindo 
um dos direitos fundamentais da pessoa humana, na medida em que é 
considerada como um reflexo do direito à liberdade. Na realidade ³R�GLUHLWo de 
SURSULHGDGH�p�R�GLUHLWR�PDLV�DPSOR�GD�SHVVRD�HP�UHODomR�j�FRLVD´.13 
 Este direito à propriedade (que já foi considerado como absoluto) 
atualmente não constitui mais um direito ilimitado. Hoje, busca-se a justiça 
social, permitindo o acesso à condição de proprietário, sem a abolição da 
propriedade privada, mas entendendo que a propriedade deverá sempre atender 
a uma função social. 
O Código Civil de 2002 não traz explicito em um artigo quais seriam as 
formas de aquisição da propriedade. Este assunto é tratado no código na forma 
de capítulos: 
No Capítulo I temos Da propriedade em Geral, que se subdivide em duas 
seções: disposições preliminares e da descoberta. 
A seguir temos o Capítulo II, que trata da aquisição da propriedade 
imóvel, que por sua vez se divide em três seções. A primeira seção trata da 
usucapião, a segunda seção trata da aquisição pelo registro público e a 
terceira seção trata da aquisição por acessão que, por sua vez, se subdivide 
em cinco subseções: das ilhas; da aluvião; da avulsão; do álveo abandonado e 
das construções e plantações. 
No Capítulo III temos da aquisição da propriedade móvel, que é dividida 
em seis seções: da usucapião; da ocupação; do achado de tesouro; da 
tradição; da especificação; da confusão, da comissão e da adjunção. 
E, por último, temos o Capítulo IV que trata da perda da propriedade. 
 
Seguindo a temática adotada pelo Código Civil, temos que a propriedade 
imóvel se adquire através da usucapião, do registro público e por acessão. Já a 
propriedade móvel é adquirida através da usucapião, da ocupação, do achado 
de tesouro, da tradição, da especificação, da confusão, comissão e adjunção. 
 
¾ Disposições Preliminares. 
Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de ¹usar, ²gozar e dispor da coisa, e o 
³direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha. 
 
 Neste primeiro artigo não temos uma conceituação do que seja 
propriedade, mas apenas uma descrição de seu conteúdo, elencando as 
 
13 Sílvio de Salvo Venosa, Direito Civil V, Direitos Reais, ed. Atlas, 12 ed. pág. 168. 
 
 
 
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faculdades inerentes ao domínio: o uso (faculdade de utilizar a coisa); o 
gozo (faculdade de retirar da coisa seus frutos, sejam eles naturais, industriais 
ou civis); a disposição (como exemplo de disposição temos a compra e venda 
± que é inter vivos, e o testamento ± que é causa mortis) e o direito de reaver 
(faculdade de recuperar a coisa de quem injustamente a possua, que no caso da 
propriedade será feita através de uma ação petitória). 
 Acrescente-se que uma vez presentes todos estes atributos da propriedade 
teremos a propriedade plena. Se tiver pelo menos um destes atributos estaremos 
diante da posse. 
Outra particularidade do artigo em questão está em sua parte final, quando 
autoriza o proprietário a reaver a coisa de quem a possua ou detenha (tendo em 
vista a posse e a detenção serem institutos jurídicos distintos). 
 
Art. 1228. § 1º. O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as 
suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de 
conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, 
o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição 
do ar e das águas. 
 
 Neste parágrafo encontramos o dispositivo legal que ampara a função 
social da propriedade, bem como a função ambiental da propriedade. Em 
relação ao patrimônio histórico e artístico, podemos frisar que o meio ambiente 
não se resume ao meio ambiente natural, vez que abrange também o meio 
ambiente artificial e o meio ambiente cultural. 
 
Art. 1228. § 2º. São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer 
comodidade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem. 
 
Este parágrafo está amparado pelos arts. 186 e 187 do CC, em que atos 
ilícitos e abusos de direitos são considerados ilegais e geram responsabilidade. 
Desta forma, não poderá o proprietário praticar atos que prejudiquem terceiros 
e que não tenham um fundamento na comodidade ou utilidade. 
 
Conforme leciona Sílvio de Salvo Venosa14: ³7RGD�SURSULHGDGH��DLQGD�TXH�
resguardado o direito do proprietário, deve cumprir uma função sociaO´� 
 
Art. 1228, § 3º. O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de 
¹desapropriação, por 1.1necessidade ou 1.2utilidade pública ou 1.3interesse social, 
bem como no de ²requisição, em caso de 2.1perigo público iminente.14 Sílvio de Salvo Venosa, Direito Civil V, Direitos Reais, ed. Atlas, 12 ed. pág. 163. 
 
 
 
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Neste parágrafo, encontramos a autorização dispositiva para que o Estado 
intervenha na propriedade particular, isto na busca de um equilíbrio entre os 
interesses do indivíduo e os interesses da coletividade. Deste modo, com respaldo 
na supremacia do interesse público sobre o privado, é possível privar o 
proprietário de seu direito de propriedade. 
 
 
 
 
Art. 1228. § 4º. O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel 
reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais 
de cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem 
realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de 
interesse social e econômico relevante. 
Art. 1228. § 5º. No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização 
devida ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do 
imóvel em nome dos possuidores. 
 
 Os § 4º e § 5º do art. 1228 são motivo de controvérsias sobre a definição 
do instituto descrito. Se este seria um tipo especial de desapropriação ou se seria 
uma usucapião coletivo de pessoas de baixa renda. Assim, nas palavras de Flávio 
Tartuce15: ³1mR� Ki� G~YLGDV� GH� TXH� R� LQVWLWXWR� DTXL� HVWXGDGR� FRQVWLWXL� XPD�
modalidade de desapropriação e não de usucapião, como pretende parte da 
doutrina. Isso porque o §5º do art. 1.228 do CC consagra o pagamento de uma 
justa indenização, não admitindo o nosso sistema MXUtGLFR�D�XVXFDSLmR�RQHURVD´�� 
Esta forma de desapropriação é privada, uma vez que se dá no interesse 
direto e particular de considerável número de pessoas que ocupam extensa área. 
 
15 Flávio Tartuce, Manual de Direito Civil, Método 2012, 2ª ed. Págs. 851 e 852. 
O proprietário 
pode ser privado 
da coisa
Desapropriação
Necessidade 
pública
Utilidade pública
Interesse social
Requisição
Perigo público 
iminente
 
 
 
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Quanto a estes §§ 4º e 5º temos também os enunciados nº 82, nº 83 e nº 84 da 
I Jornada de Direito Civil16: 
Enunciado 82: ³e� FRQVWLWXFLRQDO� D� PRGDOLGDGH� DTXLVLWLYD� GH� SURSULHGDGH�
imóvel prevista nos §§ 4º e 5º dR�DUW��������GR�QRYR�&yGLJR�&LYLO´� 
Enunciado 83: ³1DV�Do}HV�UHLYLQGLFDWyULDV�SURSRVWDV�SHOR�3RGHU�3~EOLFR��QmR�
são aplicáveis as disposições constantes dos §§ 4º e 5º do art. 1.228 do novo 
&yGLJR�&LYLO´� 
Enunciado 84: ³$� GHIHVD� IXQGDGD� QR� GLUHLWR� GH� DTXisição com base no 
interesse social (art. 1.228, §§ 4º e 5º, do novo Código Civil) deve ser arguida 
pelos réus da ação reivindicatória, eles próprios responsáveis pelo pagamento da 
LQGHQL]DomR´� 
 
Veja como assunto foi cobrado em prova: 
2016/DPE-BA/Defensor Público. 
Foi considerado correto o seguinte enunciado: A posse-trabalho pode gerar ao 
proprietário a privação da coisa reivindicada, se for exercida em extensa área por 
prazo ininterrupto de cinco anos, mas o proprietário tem direito à fixação de justa 
indenização. 
Os artigos seguintes são muito importantes pensando em provas: 
Art. 1.229. A propriedade do solo abrange a do espaço aéreo e subsolo 
correspondentes, em altura e profundidade úteis ao seu exercício, não podendo o 
proprietário opor-se a atividades que sejam realizadas, por terceiros, a uma altura ou 
profundidade tais, que não tenha ele interesse legítimo em impedi-las. 
 
Veja como assunto foi cobrado em prova: 
2016/ SEGEP-MA/Auditor Fiscal da Receita Estadual. 
Foi considerado INCORRETO o seguinte enunciado: A propriedade do solo 
abrange a do subsolo, podendo o proprietário opor-se a quaisquer atividades 
realizadas por terceiros no imóvel, independentemente da profundidade em que 
se dê. 
 
16 Colocamos estes Enunciados, mas existem outros, como, por exemplo: Enunciado nº 240 
CJF/STJ; Enunciado 241 da III Jornada; Enunciado nº 305 CJF/STJ da IV Jornada de Direito Civil; 
Enunciado nº 306 CJF/STJ; Enunciado nº 307 CJF/STJ; Enunciado nº 310 da IV Jornada; 
Enunciado nº 311 CJF/STJ; Enunciado nº 496 da V Jornada de Direito Civil. 
 
 
 
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Comentário: 
De acordo com o art. 1.229 do CC: 
Art. 1.229. A propriedade do solo abrange a do espaço aéreo e subsolo correspondentes, em 
altura e profundidade úteis ao seu exercício, não podendo o proprietário opor-se a 
atividades que sejam realizadas, por terceiros, a uma altura ou profundidade tais, 
que não tenha ele interesse legítimo em impedi-las. 
 
Art. 1.230. A propriedade do solo não abrange as jazidas, minas e demais recursos 
minerais, os potenciais de energia hidráulica, os monumentos arqueológicos e outros 
bens referidos por leis especiais. 
Parágrafo único. O proprietário do solo tem o direito de explorar os recursos 
minerais de emprego imediato na construção civil, desde que não submetidos a 
transformação industrial, obedecido o disposto em lei especial. 
 
Art. 1.231. A propriedade presume-se plena e exclusiva, até prova em contrário. 
 
 Desde modo entendemos que o direito de propriedade é pleno quando 
todos os direitos que o constituem encontrarem-se reunidos na pessoa do 
proprietário, que poderá, por sua vez, usar, fruir, dispor e reivindicar o bem do 
qual é titular. 
 
Art. 1.232. Os frutos e mais produtos da coisa pertencem, ainda quando separados, 
ao seu proprietário, salvo se, por preceito jurídico especial, couberem a outrem. 
 
Seguindo a ordem do Código Civil temos, em seguida, a descoberta, que 
nada mais é do que achar uma coisa que estava perdida. Ao contrário das coisas 
abandonas e das coisas sem dono, as coisas perdidas tem um dono que apenas 
está privado de sua posse. 
 
Ninguém está obrigado a pegar coisa que está perdida, mas se assim 
proceder, ficará sujeito a certas responsabilidades com relação à coisa 
descoberta. 
Art. 1.233. Quem quer que ache coisa alheia perdida há de restituí-la ao dono ou 
legítimo possuidor. 
Parágrafo único. Não o conhecendo, o descobridor fará por encontrá-lo, e, se não o 
encontrar, entregará a coisa achada à autoridade competente. 
 
 Deste modo, podemos perceber que a descoberta não é um meio de 
aquisição de propriedade, pois existe o dever de restituir a coisa achada. O 
que poderá acontecer com quem encontrar uma coisa perdida e proceder de 
 
 
 
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acordo com a lei ± ou seja, restituí-la ao seu dono, será a possibilidade de receber 
uma recompensa por seu ato. 
Mas, se proceder de forma contrária, ou seja, não restituir a coisa a seu 
dono, esta posse sempre será considerada precária. 
 
Art. 1.234. Aquele que restituir a coisa achada, nos termos do artigo antecedente, 
terá direito a uma recompensa não inferior a cinco por cento do seu valor, e à 
indenização pelas despesas que houver feito com a conservação e transporte da 
coisa, se o dono não preferir abandoná-la. 
Parágrafoúnico. Na determinação do montante da recompensa, considerar-se-á o 
esforço desenvolvido pelo descobridor para encontrar o dono, ou o legítimo possuidor, 
as possibilidades que teria este de encontrar a coisa e a situação econômica de ambos. 
Art. 1.235. O descobridor responde pelos prejuízos causados ao proprietário ou 
possuidor legítimo, quando tiver procedido com dolo. 
 
 O dolo, a intenção de prejudicar alguém, neste artigo se manifesta na 
intenção de auferir alguma vantagem iludindo o proprietário ou o possuidor para 
receber a recompensa, como por exemplo, alguém que furta algum objeto de 
estimação para em momento posterior exigir recompensa pela devolução do 
objeto. 
 
Art. 1.236. A autoridade competente dará conhecimento da descoberta através 
da imprensa e outros meios de informação, somente expedindo editais se o seu 
valor os comportar. 
Art. 1.237. Decorridos sessenta dias da divulgação da notícia pela imprensa, ou do 
edital, não se apresentando quem comprove a propriedade sobre a coisa, será esta 
vendida em hasta pública e, deduzidas do preço as despesas, mais a recompensa do 
descobridor, pertencerá o remanescente ao Município em cuja circunscrição se deparou 
o objeto perdido. 
Parágrafo único. Sendo de diminuto valor, poderá o Município abandonar a coisa 
em favor de quem a achou. 
 
 Observem que, de forma excepcional, poderá a descoberta gerar 
uma forma de aquisição da propriedade. Porém, entenda que esta aquisição da 
propriedade não terá origem na descoberta, mas no próprio abandono do bem 
pelo Município. 
 
 
 
 
 
 
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¾ Da Aquisição da Propriedade. 
 Para que se dê a aquisição da propriedade temos duas formas: 
1. Aquisição originária. 
2. Aquisição derivada. 
 
 Na forma ¹originária de aquisição da propriedade, a pessoa entra em 
contato direto com a coisa, sem a interferência de terceiros. A propriedade 
começará nova, sem as características do antigo dono. Já na forma de aquisição 
²derivada existe um intermediário entre o proprietário e a coisa, há um sentido 
de continuidade da propriedade, como o que acontece na compra e venda, por 
exemplo, onde a coisa já pertence a uma pessoa, trazendo assim, as 
características que possuía com o antigo dono. 
 
 No CC a aquisição está dividida em bens móveis e em bens imóveis. Vamos 
seguir esta divisão, informando quais são formas originárias e quais são 
derivadas. 
 
¾ Da aquisição da Propriedade Imóvel. 
 A aquisição da propriedade imóvel se dá através da usucapião (forma de 
aquisição originária), pelo registro (forma de aquisição derivada) e pelas acessões 
(forma de aquisição originária). 
 
Da Usucapião17 
Este termo jurídico é usado para designar a aquisição pelo uso prolongado 
(no sentido de posse prolongada). 
 
Artigo 1.238 é a regra - 15 anos: 
 
Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como 
seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; 
podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título 
para o registro no Cartório de Registro de Imóveis. 
 
17 Além dos tipos de usucapião que veremos nesta aula, existem também: a usucapião especial 
urbana coletiva (art. 10 da Lei 10.257/2001); usucapião especial indígena (art. 33 da Lei 
6.001/1973) e usucapião imobiliária e direito intertemporal nos arts. 2.028 a 2.046 do CC. 
 
 
 
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Este artigo trata da usucapião extraordinária regular ou comum, que 
dispensa o justo título e a boa-fé, assim como dispensa, também, uma metragem 
determinada, na qual, o adquirente, passados 15 anos de posse ininterrupta e 
sem oposição adquirirá a sua propriedade. 
 
Veja como assunto foi cobrado em prova: 
2016/SEGEP-MA/Procurador do Estado. 
Foi considerado correto o seguinte enunciado: Marcelo possuiu, como seu, imóvel 
no qual estabeleceu sua moradia habitual, por onze anos, sem interrupção nem 
oposição, e não ostentando justo título. No imóvel, foram descobertas jazidas e 
recursos minerais. Em ação de usucapião, Marcelo requereu fosse declarada 
aquisição do imóvel e das jazidas e recursos minerais, pelo transcurso do tempo. 
A pretensão procede em parte, porque a usucapião extraordinária independe de 
justo título e seu prazo é reduzido de quinze para dez anos quando o possuidor 
estabelece no imóvel sua moradia habitual, porém, a usucapião não alcançará as 
jazidas e recursos minerais, porque a propriedade do solo não as abrange. 
 
2016/ELETROBRAS-ELETROSUL/Direito. 
Foi considerado correto o seguinte enunciado: José é casado com Maria com 
quem tem dois filhos. José e Maria não são proprietários de qualquer imóvel 
urbano e rural, mas são possuidores de um imóvel urbano com 300 m2 de área 
total na periferia de uma determinada cidade e nele estabelecem a moradia 
habitual de sua família, construindo uma casa e diversas benfeitorias. Neste caso, 
à luz do Código Civil considerando que a posse se deu sem qualquer interrupção 
e nem oposição, José e Maria poderão adquirir a propriedade imóvel pela 
usucapião após o decurso do prazo mínimo ininterrupto de 10 anos. 
 
O art. 1238, §único traz a usucapião extraordinária por posse trabalho em 
que há uma redução do prazo de 15 para 10 anos: ¹Se o imóvel for moradia 
habitual do possuidor ou ²se o possuidor nele realizou obras e serviços de caráter 
produtivo. 
 
Art. 1238. Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos 
se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado 
obras ou serviços de caráter produtivo. 
 
Art. 1.239. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como 
sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural não 
 
 
 
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superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua 
família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade. 
 
 Neste caso temos a usucapião constitucional ou especial rural, onde uma 
vez cumpridos os requisitos, elencados no artigo, a pessoa adquirirá a 
propriedade. É uma forma de valorização da posse trabalho. 
 
Requisitos da usucapião constitucional: área não superior a 50 hectares localizada 
na zona rural; posse por 5 (cinco) anos ininterruptos sem oposição e com ânimo de 
dono; o imóvel deve estar sendo utilizado para subsistência ou trabalho, ou seja, a 
pessoa ou sua família estejam com seu trabalho tornando a terra produtiva; não ser 
proprietário de outro imóvel rural ou urbano. 
 
Art. 1.240. Aquele que possuir, como sua, área urbana de até duzentos e cinquenta 
metros quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a 
para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja 
proprietário de outro imóvel urbano ou rural. 
 
 Este é a usucapião constitucional ou especial urbana e tem os 
seguintes requisitos: 
Ser a área urbana e não superior a 250 m²; posse por 5 anos ininterruptos sem 
oposição e com ânimo de dono; o imóvel deve estar sendo utilizado para a moradia 
da pessoa e de sua família; e não pode possuir outro imóvelurbano ou rural. 
 
Atenção: a usucapião constitucional ou especial não poderá ser 
concedida mais de uma vez. 
 
§ 1º. O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à 
mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil. 
§ 2º. O direito previsto no parágrafo antecedente não será reconhecido ao mesmo 
possuidor mais de uma vez. 
 
Art. 1.240-A. Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem 
oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m² (duzentos 
 
 
 
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e cinquenta metros quadrados) cuja propriedade divida com ex-cônjuge ou ex-
companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, 
adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja proprietário de outro imóvel 
urbano ou rural. (Incluído pela Lei nº 12.424, de 2011). 
§ 1º. O direito previsto no caput não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de 
uma vez. 
 
 Este tipo de usucapião incluído pela lei nº 12.424 é chamado de 
usucapião especial urbana por abandono do lar. 
 
Enunciados da V Jornada de Direito Civil: 
Enunciado 499 ± ³A aquisição da propriedade na modalidade de usucapião 
prevista no art. 1.240- A do Código Civil só pode ocorrer em virtude de 
implemento de seus pressupostos anteriormente ao divórcio. O requisito 
³DEDQGRQR� GR� ODU´� GHYH� VHU� LQWHUSUHWDGR� GH� PDQHLUD� FDXWHORVD�� PHGLDQWH� D�
verificação de que o afastamento do lar conjugal representa descumprimento 
simultâneo de outros deveres conjugais, tais como assistência material e sustento 
do lar, onerando desigualmente aquele que se manteve na residência familiar e 
que se responsabiliza unilateralmente pelas despesas oriundas da manutenção 
da família e do próprio imóvel, o que justifica a perda da propriedade e a alteração 
do regime de bens quDQWR�DR�LPyYHO�REMHWR�GH�XVXFDSLmR´� 
Enunciado 500 ± ³$�PRGDOLGDGH�GH�XVXFDSLmR�SUHYLVWD�QR�DUW�������-A do 
Código Civil pressupõe a propriedade comum do casal e compreende todas as 
IRUPDV�GH�IDPtOLD�RX�HQWLGDGHV�IDPLOLDUHV��LQFOXVLYH�KRPRDIHWLYDV´� 
 
 A intenção da usucapião é a de transformar a posse em propriedade pelo 
decurso de tempo e de outros requisitos específicos para cada tipo de usucapião, 
proporcionando às pessoas a segurança jurídica da propriedade. Assim, não é 
cabível que este direito seja usado mais de uma vez, de acordo com o § visto 
acima. 
 
Art. 1.241. Poderá o possuidor requerer ao juiz seja declarada adquirida, mediante 
usucapião, a propriedade imóvel. 
Parágrafo único. A declaração obtida na forma deste artigo constituirá título hábil para o 
registro no Cartório de Registro de Imóveis. 
 
Art. 1.242. Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e 
incontestadamente, com justo título e boa-fé, o possuir por dez anos. 
Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o imóvel houver 
sido adquirido, onerosamente, com base no registro constante do respectivo cartório, 
 
 
 
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cancelada posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem estabelecido a sua 
moradia, ou realizado investimentos de interesse social e econômico. 
 
 O justo título nada mais é do que um título hábil para a transmissão do 
direito de propriedade, sem necessidade de registro no Cartório de Registro de 
Imóveis, tendo em vista que a usucapião tem por finalidade justamente 
consolidar a aquisição em razão da passagem do tempo. 
 
Art. 1.243. O possuidor pode, para o fim de contar o tempo exigido pelos artigos 
antecedentes, acrescentar à sua posse a dos seus antecessores (art. 1.207), 
contanto que todas sejam contínuas, pacíficas e, nos casos do art. 1.242, com justo 
título e de boa-fé. 
Art. 1.244. Estende-se ao possuidor o disposto quanto ao devedor acerca das causas 
que obstam, suspendem ou interrompem a prescrição, as quais também se 
aplicam à usucapião. 
 Este artigo dá fundamento a corrente da doutrina que considera a 
usucapião como prescrição aquisitiva. 
 
Veja como assunto foi cobrado em prova: 
2016/ PGE-M/Procurador do Estado. 
Foi considerado correto o seguinte enunciado: José, embora sem justo título nem 
boa-fé, exerceu, por dez anos, sem interrupção, nem oposição, a posse de imóvel 
registrado em nome de Caio, menor impúbere, nele estabelecendo sua moradia 
habitual. De acordo com o Código Civil, não ocorreu usucapião, porque se aplicam 
à usucapião as causas que obstam, suspendem ou interrompem a prescrição. 
 
¾ Da aquisição pelo registro do título (arts. 1.245 a 1.247). 
 O registro do título é a forma usual de aquisição da propriedade 
imóvel, e que ocorre tal como determina o art. 1.227 do CC: 
Art. 1.227. Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos por atos entre 
vivos, só se adquirem com o registro no Cartório de Registro de Imóveis dos referidos 
títulos (arts. 1.245 a 1.247), salvo os casos expressos neste Código. 
 
Assim, para a aquisição da propriedade imóvel não basta simples acordo 
de vontades entre adquirente e transmitente. O contrato de compra e venda ± 
que veremos mais adiante, por exemplo, não basta, por si só, para transferir o 
domínio. Esta transferência somente se opera com o registro do título no cartório 
de registro de imóveis. 
 
 
 
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O Código Civil apenas traça lineamentos gerais do registro imobiliário (arts. 
1.245 a 1.247), e a matéria é regulada pela Lei nº 6.015/73 ± Lei dos 
Registros Públicos. 
 O registro obedece (dentre outros) os princípios da publicidade - visto que 
qualquer interessado tem acesso a seus assentos; da conservação ± os arquivos 
com o histórico imobiliário dos bens são permanentes; e da responsabilidade 
± pelo qual os oficiais respondem por prejuízos causados por culpa ou dolo, 
pessoalmente ou por seus prepostos. 
 A presunção de veracidade do registro é relativa, com exceção do 
Registro Torrens, regulamentado pela Lei de Registros Públicos (Lei n. 
6.015/73). 
 Aqui vamos abrir um parêntese para conhecermos melhor este tipo de 
registro. 
 O Registro Torrens, que é facultado pelo ordenamento aos imóveis rurais, 
visa conferir presunção absoluta de propriedade a quem tiver seu certificado. 
 O procedimento para que se consiga tal certificado está regulado pelos arts. 
277 a 288 da Lei dos Registro Públicos. 
 Esta modalidade de registro não se difundiu no Brasil por ser muito 
dificultosa e ter um custo muito alto. 
 
 Agora vamos ver os artigos 1.245 a 1.247 de uma forma detalhada: 
Art. 1.245. Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título 
translativo no Registro de Imóveis. 
 
 A transferência inter vivos somente será reconhecida após o respectivo 
registro no Cartório de Registro de Imóveis do título translativo. Este título 
translativo é um documento - que poderá ser um instrumento particular ou uma 
escritura pública, por exemplo - que será hábil para transferir a propriedade uma 
vez registrado. 
 Complementando, temos o Enunciado nº. 87 da I Jornada de 
Direito Civil: ³&RQVLGHUD-se também título translativo, para fins do art. 1.245 do 
novo Código Civil, a promessa de compra e venda devidamente quitada (arts. 
������H�������GR�&&�H�†��ž�GR�DUW�����GD�/HL������������´�

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