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Direito de Família - Aula 09

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Aula 09
Direito Civil p/ TRE-PE (Analista Judiciário - Área Judiciária) - Com videoaulas
Professores: Aline Santiago, Marcos Girão, Thiago Farias
 
 
 
 www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 144 
DIREITO CIVIL - TRE-PE - AJAJ 
Teoria e Questões 
Aula 09 ± Profa Aline Santiago / Prof. Jacson Panichi 
 
 
Aula 09 
Direito de Família. 
 
 
Apresentação da Aula 09 .............................................................................................................. 2 
Cronograma da Aula - 09 .............................................................................................................. 3 
Relação dos Assuntos com o Código Civil ...................................................................................... 3 
Direito de Família. ........................................................................................................................ 4 
¾ Entidades Familiares. ................................................................................................................... 4 
¾ Princípios. .................................................................................................................................... 8 
Casamento. .................................................................................................................................. 9 
¾ Invalidade do casamento. .......................................................................................................... 24 
¾ Eficácia do casamento. ............................................................................................................... 30 
¾ Dissolução da sociedade conjugal e do casamento. ..................................................................... 32 
¾ Dissolução da sociedade conjugal. ................................................................................................... 33 
Relações de Parentesco. ............................................................................................................. 40 
¾ Filiação. ..................................................................................................................................... 45 
¾ Reconhecimento de Filhos.......................................................................................................... 51 
¾ Reconhecimento judicial de paternidade. ................................................................................... 53 
¾ Da adoção.................................................................................................................................. 55 
¾ Do Poder Familiar. ..................................................................................................................... 57 
Do Regime de Bens entre os Cônjuges (arts. 1.639 a 1.688). ........................................................ 60 
¾ Disposições Gerais. .................................................................................................................... 61 
¾ Regime de comunhão parcial de bens. ........................................................................................ 65 
¾ Regime de Comunhão Universal de Bens. ................................................................................... 67 
¾ Regime de Participação Final nos Aquestos. ................................................................................ 68 
¾ Regime de Separação de Bens. ................................................................................................... 70 
Do usufruto e da administração dos bens dos filhos menores. .................................................... 71 
Alimentos. ................................................................................................................................. 72 
Bem de família ........................................................................................................................... 79 
¾ Bem de família convencional. ..................................................................................................... 80 
¾ Bem de família legal. .................................................................................................................. 84 
União Estável. ............................................................................................................................ 88 
 
 
 
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DIREITO CIVIL - TRE-PE - AJAJ 
Teoria e Questões 
Aula 09 ± Profa Aline Santiago / Prof. Jacson Panichi 
 
Da Tutela, Da Curatela e Da Tomada de Decisão Apoiada. .......................................................... 91 
¾ Da Tutela. .................................................................................................................................. 92 
¾ Espécies de tutela. ........................................................................................................................... 93 
¾ Incapacidade de exercício e escusa da tutela. ................................................................................. 96 
¾ Exercício da Tutela. .......................................................................................................................... 97 
¾ Extinção da tutela. ......................................................................................................................... 101 
¾ Da Curatela. ............................................................................................................................. 102 
¾ Espécies de curatela. ...................................................................................................................... 102 
¾ Pessoa legitimadas a promover a interdição dos incapazes. ......................................................... 103 
¾ Pessoa que podem ser nomeadas curadoras. ............................................................................... 104 
¾ Exercício da curatela. ..................................................................................................................... 105 
¾ Extinção da curatela. ...................................................................................................................... 105 
¾ Da Tomada de Decisão Apoiada. .............................................................................................. 105 
Considerações Finais ................................................................................................................ 107 
Resumo da Matéria .................................................................................................................. 108 
Questões do CESPE .................................................................................................................. 119 
Questões Comentadas ............................................................................................................. 120 
Lista de Questões ..................................................................................................................... 138 
Gabarito .................................................................................................................................. 144 
 
AULA 09 
DIREITO DE FAMÍLIA. 
Apresentação da Aula 09 
Olá amigos concurseiros! 
 
Nesta aula conversaremos sobre o Direito de Família, assunto que não é 
muito complicado, mas que é cheio de detalhes importantes. Não desamine 
agora! Leia a aula com muita atenção e depois de terminá-la aconselhamos 
uma releitura, para melhor fixação do assunto. 
Só após a leitura e releitura faça os exercícios. ;) 
 
Atenção: esta aula já se encontra atualizada de acordo com a Lei nº 
13.146/15. 
 
Coragem! Estamos juntos, rumo à sua vitória!www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 144 
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Teoria e Questões 
Aula 09 ± Profa Aline Santiago / Prof. Jacson Panichi 
 
Cronograma da Aula - 09 
 
AULA Tópicos abordados DATA 
AULA 09 
Direito de família. Casamento. Relações de 
parentesco. Regime de bens entre os cônjuges. 
Usufruto e administração dos bens de filhos 
menores. Alimentos. Bem de família. União 
estável. Concubinato. Tutela. Curatela. 
03/11/2016 
 
Relação dos Assuntos com o Código Civil 
 
A
U
L
A
 0
9
 
Tópicos que serão abordados neste curso Artigos da Lei 
Direito de família Art. 1.511 ao 1.783-A do CC 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: este curso é protegido por direitos autorais 
(copyright), nos termos da Lei 9.610/98, que altera, atualiza e consolida a 
legislação sobre direitos autorais e dá outras providências. 
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Teoria e Questões 
Aula 09 ± Profa Aline Santiago / Prof. Jacson Panichi 
 
AULA 09 
DIREITO DE FAMÍLIA. 
Direito de Família. 
O direito de família cuida das relações que envolvem o indivíduo 
dentro do núcleo social em que ele nasce, cresce e se desenvolve. 
Deste modo, constitui um complexo de princípios que regulam: a 
celebração do casamento, a sua validade, os seus efeitos, a dissolução; a união 
estável; os vínculos de parentesco; e os institutos complementares da tutela e 
da curatela. 
 
¾ Entidades Familiares. 
Na sociedade atual verifica-se uma tendência de expansão dos conceitos 
de entidade ou unidade familiar. 
No Brasil, atualmente, encontram-se, entre outras, estas unidades de 
convivências1: 
Homem e mulher, com vínculo de casamento, com filhos biológicos; 
 
Homem e mulher, com vínculo de casamento, com filhos biológicos e filhos 
não biológicos, ou somente com filhos não biológicos; 
 
Homem e mulher, sem casamento, com filhos biológicos (união estável); 
 
Homem e mulher, sem casamento, com filhos biológicos e não biológicos ou 
apenas não biológicos (união estável); 
 
Pai ou mãe e filhos biológicos (entidade monoparental); 
 
Pai ou mãe e filhos biológicos e adotivos ou apenas adotivos (entidade 
monoparental); 
 
 
1 De acordo com dados do IBGE (PNAD). Fonte: Paulo Lôbo, Famílias, Saraiva 2011, 4ª ed., 
pág. 78 e 79. 
 
 
 
 
 
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Teoria e Questões 
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União de parentes e pessoas que convivem em interdependência afetiva, sem 
pai ou mãe que a chefie, como no caso de grupos de irmãos, após falecimento 
ou abandono dos pais, ou de avós e netos, ou de tios e sobrinhos; 
 
Pessoas sem laço de parentesco que passam a conviver em caráter 
permanente, com laços de afetividade e de ajuda mútua, sem finalidade sexual 
ou econômica; 
 
Uniões homossexuais, de caráter afetivo e sexual; 
 
Uniões concubinárias, quando houver impedimento para casar de um ou de 
ambos os companheiros, com ou sem filhos; 
 
&RPXQLGDGH� DIHWLYD� IRUPDGD� FRP� ³ILOKRV� GH� FULDomR´�� VHP� ODoRV� GH� ILOLDomR�
natural ou adotiva regular, incluindo, nas famílias recompostas, as relações 
constituídas entre padrastos e madrastas e respectivos enteados, quando se 
realizem os requisitos da posse de estado de filiação2. 
 
Entre as unidades de convivência citadas existem características que as 
identificam como entidades familiares, que são: ¹a afetividade, ²a estabilidade 
e a ³convivência pública e ostensiva. O objetivo primordial de todas é a 
constituição de família ± é esta característica que as diferenciará das demais 
relações (como as de amizade ou de trabalho). 
É sabido que nem todas estas unidades de convivência são tuteladas pela 
ordem jurídica brasileira. Sobre este tema nos fala Paulo Lôbo3��³&DGD�HQWLGDGH�
familiar submete-se a estatuto jurídico próprio, em virtude dos requisitos de 
constituição e efeitos específicos, não estando uma equiparada ou condicionada 
aos requisitos da outra. Quando a legislação infraconstitucional não cuida de 
determinada entidade familiar, ela é regida pelos princípios e regras 
constitucionais, pelas regras e princípios gerais do direito da família aplicáveis e 
pela contemplação de suas especificidades. Não pode haver, portanto, regras 
únicas, segundo modelos únicos ou preferenciais. O que as unifica é a função de 
espaço de afetividade e da tutela da realização da personalidade das pessoas 
que as integram; em outras palavras, o lugar dos afetos, da formação social 
onde se pode nascer, ser, aPDGXUHFHU�H�GHVHQYROYHU�RV�YDORUHV�GD�SHVVRD´� 
O respeitado autor aponta, ainda, três preceitos constitucionais de cuja 
interpretação chega-se à inclusão das entidades familiares não referidas 
explicitamente. 
 
2 A posse de estado de filho será analisada levando-se em consideração a questão do carinho, 
do afeto, do amor e da melhor condição de convivência para o menor. 
3 Paulo Lôbo, Famílias, Saraiva 2011, 4ª ed., pág. 82. 
 
 
 
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Teoria e Questões 
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O primeiro preceito é o art. 226 da Constituição Federal: 
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado (caput). 
 
Na opinião do renomado doutrinador o caput deste artigo trabalha como 
uma cláusula geral de inclusão, não se admitindo a exclusão de entidade que 
preencha os requisitos de afetividade, estabilidade e ostensibilidade4. 
O segundo preceito encontramos no § 4º do mesmo artigo: 
Art. 226. § 4º. Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada 
por qualquer dos pais e seus descendentes. 
 
O terceiro preceito também é retirado do art. 226, mas agora em seu § 
8º: 
Art. 226. § 8º. O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos 
que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas 
relações. 
 
Outro artigo constitucional também trabalha para proteger as entidades 
familiares na medida em que dispõe sobre as pessoas que a integram. 
 
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao 
adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à 
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao 
respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo 
de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e 
opressão. 
 
Assim, o que é objeto de proteção constitucional é a pessoa e não a 
instituição do casamento em si. Tomando este raciocínio resta-nos entender 
que uma vez obedecidos os requisitos para a constituição de entidade familiar, 
pouco importará estar ela disposta de forma literal na lei. Vamos utilizar 
novamente as palavras de Paulo Lôbo 5 : ³6RE� R� SRQWR� GH� YLVWD� GR� PHOKRU�
interesse da pessoa, não podem ser protegidas algumas entidades familiares e 
desprotegidas outras, pois a exclusão refletiria nas pessoas que as integram por 
opção ou por circunstância da vida, comprometendo a realização do princípio da 
GLJQLGDGH�GD�SHVVRD�KXPDQD´�Cabe-nos fazer uma última observação com relação às entidades 
familiares recompostas ± que são as compostas por cônjuge ou companheiro, e 
 
4 Paulo Lôbo, Famílias, Saraiva 2011, 4ª ed., pág. 83. 
5 Paulo Lôbo, Famílias, Saraiva 2011, 4ª ed., pág. 84. 
 
 
 
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Teoria e Questões 
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filho vindo de relacionamento anterior. Este tipo familiar vem crescendo muito 
atualmente tendo em vista, dentre outros motivos, o divórcio. 
Apesar de ainda não termos os papéis definidos da madrasta/padrasto 
dentro desta nova dinâmica familiar, temos um artigo do CC que é muito 
importante para definir o tipo de parentesco. 
 
Art. 1.595. Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo vínculo 
da afinidade. 
 
Veja como esse assunto foi cobrado em prova: 
2015/DPE-PE/Estagiário de Direito. 
Foi considero INCORRETO o seguinte enunciado: O parentesco por afinidade 
limita-se aos ascendentes e aos descendentes do cônjuge ou companheiro 
Comentário: 
De acordo com o CC: 
Art. 1.595. Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo vínculo 
da afinidade. 
§ 1º O parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, aos descendentes e aos 
irmãos do cônjuge ou companheiro. 
 
2015/DPE-PE/Estagiário de Direito. 
Foi considero correto o seguinte enunciado: Na linha reta, a afinidade não se 
extingue com a dissolução do casamento ou da união estável. 
 
2015/DPE-PA/Defensor Público Substituto. 
Foi considero correto o seguinte enunciado: O sistema do Código Civil em vigor 
limita o vínculo de parentesco por afinidade, na linha colateral, aos irmãos do 
cônjuge ou companheiro. 
 
As constantes mudanças da sociedade e das famílias empurram e 
obrigam os pensadores do direito a permanecerem sempre buscando novas 
soluções para as novas demandas que surgem. 
 
 
 
 
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Teoria e Questões 
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¾ Princípios. 
Os princípios jurídicos aplicáveis ao direito de família e a todas as entidades 
familiares são: 
¹Princípios fundamentais: dignidade da pessoa humana e solidariedade. 
²Princípios gerais: igualdade, liberdade, afetividade, convivência familiar e 
melhor interesse da criança. 
 
Dignidade da pessoa humana: como vimos acima, o que busca 
efetivamente a constituição é a proteção da pessoa, assim, no que diz respeito 
à família, este princípio vem fundamentar as normas que cristalizaram a 
emancipação de seus membros. ³$� IDPtOLD�� WXWHODGa pela constituição, está 
funcionalizada ao desenvolvimento da dignidade das pessoas humanas que a 
integram. A entidade familiar não é tutelada para si, senão como instrumento 
GH�UHDOL]DomR�H[LVWHQFLDO�GH�VHXV�PHPEURV´6. 
 
Solidariedade: no âmbito do direito de família este princípio se revela no 
dever imposto à sociedade, ao Estado e à família de proteção ao grupo familiar 
à criança e ao adolescente e às pessoas idosas. 
 
Igualdade: este princípio está expresso na constituição nos preceitos que 
tratam da igualdade entre os cônjuges, entre os filhos e entre as entidades 
familiares. No entanto ele não é de aplicabilidade absoluta, admite limitações 
desde que não violem seu núcleo essencial7. É dirigido ao legislador vedando a 
edição de normas que o contrariem, ao administrador público para que 
implemente políticas públicas que reduzam as desigualdades de gênero, e as 
pessoas para que a observem em seu dia-a-dia. 
 
Liberdade: ³2�SULQFtSLR�GD�OLEHUGDGH�GL]�UHVSHLWR�DR�OLYUH�SRGHU�GH�HVFROKD�
ou autonomia de constituição, realização e extinção de entidade familiar, sem 
imposição ou restrições externas de parentes, da sociedade ou do legislador; à 
livre aquisição e administração do patrimônio familiar; ao livre planejamento 
familiar; à livre definição dos modelos educacionais, dos valores culturais e 
religiosos; à livre formação dos filhos, desde que respeitadas sua dignidade 
como pessoas humanas; à liberdade de agir, assentada no respeito à 
LQWHJULGDGH�ItVLFD��PHQWDO�H�PRUDO´8. 
 
 
6 Paulo Lôbo, Famílias, Saraiva 2011, 4ª ed., pág. 62. 
7 Do princípio, que é a igualdade entre os cônjuges, entre os filhos e entre as entidades 
familiares. 
8 Paulo Lôbo, Famílias, Saraiva 2011, 4ª ed., pág. 69. 
 
 
 
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Teoria e Questões 
Aula 09 ± Profa Aline Santiago / Prof. Jacson Panichi 
 
Afetividade: este é o princípio que justifica no direito de família a primazia 
da estabilidade das relações socioafetivas e na comunhão de vida em 
detrimento das considerações de caráter patrimonial ou biológico. 
 
Convivência familiar: ³$�FRQYLYrQFLD�IDPLOLDU�p�D�UHODomR�DIHWLYD�GLXWXUQD�H 
duradoura entretecida pelas pessoas que compõem o grupo familiar, em virtude 
de laços de parentesco ou não, no ambiente comum. Supõe o espaço físico, a 
casa, o lar, a moradia, mas não necessariamente, pois as atuais condições de 
vida e o mundo do trabalho provocam separações dos membros da família no 
espaço físico, mas sem perda da referência ao ambiente comum, tido como 
pertença de todos. É o ninho no qual as pessoas se sentem recíprocas e 
solidariamente acolhidas e protegidas, especialmente as crianças´9. 
 
Melhor interesse da criança: este princípio encontra seu fundamento no 
art. 227 da CF/88 ± já citado acima. O princípio do melhor interesse da criança 
é tratado como verdadeira diretriz que determinará e guiará as relações da 
criança e do adolescente com seus pais, sua família, com a sociedade e com o 
Estado. Assim, as crianças e os adolescentes deverão ter seus direitos tratados 
com prioridade pela família, sociedade e pelo Estado. 
 
Casamento. 
Começaremos a tratar mais especificamente do conteúdo do edital. 
De acordo com Maria Helena Diniz10: ³2� FDVDPHQWR�p� R� YtQFXOR� MXUtGLFR�
entre o homem e a mulher, livres, que se unem, segundo as formalidades 
legais, para obter o auxílio mútuo e espiritual, de modo que haja uma 
integração fisiopsíquica, e a constituLomR�GH�XPD�IDPtOLD´� 
E ainda de acordo com Flávio Tartuce 11 : ³2� FDVDPHQWR� SRGH� VHU�
conceituado como a união de duas pessoas, reconhecida e regulamentada pelo 
Estado, formada com o objetivo de constituição de uma família e baseado em 
XP�YtQFXOR�GH�DIHWR´� 
Perceba que na conceituação de Flávio Tartuce já temos a 
H[SUHVVmR�³GXDV�SHVVRDV´��QR�OXJDU�GH�³KRPHP�H�PXOKHU´��HVWD�p�D�WHQGrQFLD��
tendo em vista o reconhecimento do casamento homossexual. 
 
9 Paulo Lôbo, Famílias, Saraiva 2011, 4ª ed., pág. 74. 
10 Maria Helena Diniz, Manual de Direito Civil, Saraiva 2011, pág. 425. 
11 Flávio Tartuce, Manual de Direito Civil, ed. Método, 2ª ed., pág. 1047. 
 
 
 
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Teoria e Questões 
Aula 09 ± Profa Aline Santiago / Prof. Jacson Panichi 
 
Quanto à natureza do casamento, existem três correntes: 
Corrente clássica, individualista ou de concepção contratualista ± o 
casamento é visto como um contrato. 
Corrente institucional ou de concepção institucionalista ± o casamento é 
uma instituição social. 
Corrente Eclética ou mista ± o casamento é um contrato e uma instituição. 
 
Pela dificuldade de se definir a natureza jurídica do casamento é que eleé 
tratado como um ato complexo, pois possui elementos volitivos ± característicos 
dos contratos, e também possui elementos institucionais, relacionados as 
formalidades estatais. 
Atente para as palavras de Paulo Lôbo 12 : ³2� TXH� SHFXOLDUL]D� R�
casamento é o fato de depender sua constituição de ato jurídico complexo, ou 
seja, de manifestações e declarações de vontade sucessivas (consensus facit 
matrimonium), além da oficialidade de que é revestido, pois sua eficácia 
depende de atos estatais (habilitação, celebração, registros público). As demais 
entidades familiares são constituídas livremente, como fatos sociais aos quais o 
direito empresta consequências jurídicas. Por isso que a prova destas, 
diferentemente do casamento, localiza-se nos fatos e não em atos´� (Grifos 
nossos) 
São princípios do casamento: princípio da monogamia ± 
uma vez que as pessoas casadas não podem casar novamente; princípio da 
liberdade de escolha ± as pessoas podem escolher livremente seu cônjuge 
manifestando sua liberdade individual (salvo os casos de impedimento 
matrimoniais que serão vistos mais adiante); princípio da comunhão plena 
de vida ± que é disposto pelo art. 1.511: 
Art. 1.511. O casamento estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade 
de direitos e deveres dos cônjuges. 
Atenção: Como o casamento (segundo sua natureza jurídica) é 
WDPEpP�XP�³QHJyFLR´�p�SRVVtYHO�TXH�VH�DSOLTXHP�DV�UHJUDV�JHUDLV�GR�QHJyFLR�
 
12 Paulo Lôbo, Famílias, Saraiva 2011, 4ª ed., pág. 100. 
 
 
 
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Teoria e Questões 
Aula 09 ± Profa Aline Santiago / Prof. Jacson Panichi 
 
jurídico previstas na parte geral do CC/2002. Isso ocorrerá na falta de regras 
específicas da Parte Especial do Código. 
O casamento é considerado um direito fundamental de qualquer cidadão 
ou de estrangeiro que viva no Brasil. Assim, a celebração do casamento é 
gratuita, conforme art. 1.512: 
Art. 1.512. O casamento é civil e gratuita a sua celebração. 
Parágrafo único. A habilitação para o casamento, o registro e a primeira certidão serão 
isentos de selos, emolumentos e custas, para as pessoas cuja pobreza for 
declarada, sob as penas da lei. 
 
Portanto, o CC/2002 limitou a gratuidade dos demais atos que compõe o 
casamento ± habilitação, registro e primeira certidão, somente para as pessoas 
que tiverem pobreza declarada. Assim, somente a celebração será gratuita para 
todos. 
Para que um casamento seja considerado válido há dois requisitos: ¹a 
manifestação de vontade do homem e da mulher no sentido de querer o vínculo 
conjugal e a ²declaração de um juiz de que estão casados. 
 
Art. 1.514. O casamento se realiza no momento em que o homem e a mulher 
manifestam, perante o juiz, a sua vontade de estabelecer vínculo conjugal, e o juiz os 
declara casados. 
 
A validade do casamento está ligada a própria validade dos requisitos. 
Deste modo, para que o juiz possa declarar que os nubentes estão casados, 
estes devem ter 18 anos ou possuir uma autorização de seus pais se contarem 
com 16 anos ± chamada de idade núbil (que é a idade LEGAL mínima para que 
a pessoa esteja apta para o casamento ± este assunto será abordado com mais 
detalhes no decorrer da aula). 
 
Art. 1.517. O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-se 
autorização de ambos os pais, ou de seus representantes legais, enquanto não 
atingida a maioridade civil. 
Parágrafo único. Se houver divergência entre os pais, aplica-se o disposto no 
parágrafo único do art. 1.631. 
 
Art. 1.631. Durante o casamento e a união estável, compete o poder familiar aos pais; 
na falta ou impedimento de um deles, o outro o exercerá com exclusividade. 
Parágrafo único. Divergindo os pais quanto ao exercício do poder familiar, é 
assegurado a qualquer deles recorrer ao juiz para solução do desacordo. 
 
 
 
 
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Portanto, quanto a autorização para o casamento de homem e mulher 
FRP�GH]HVVHLV�DQRV��D�GLYHUJrQFLD�GRV�SDLV�SRGHUi�VHU�³UHVROYLGD´�SHOR�MXL]� 
 
Para o casamento ter validade, a declaração dos noivos deverá ser feita 
perante um juiz que seja competente para fazer a celebração. 
Após a celebração, a certidão de casamento deverá ser registrado no 
registro público. 
 
Se o casamento for realizado em cerimônia religiosa este deverá obedecer 
ao prazo do art. 1.515 para seu registro, sob pena de não se constituir 
plenamente e ter que ser feita uma nova habilitação13. 
 
Art. 1.515. O casamento religioso, que atender às exigências da lei para a 
validade do casamento civil, equipara-se a este, desde que registrado no 
registro próprio, produzindo efeitos a partir da data de sua celebração. 
 
Art. 1.516. O registro do casamento religioso submete-se aos mesmos requisitos 
exigidos para o casamento civil. 
§ 1º. O registro civil do casamento religioso deverá ser promovido dentro de 
noventa dias de sua realização, mediante comunicação do celebrante ao ofício 
competente, ou por iniciativa de qualquer interessado, desde que haja sido 
homologada previamente a habilitação regulada neste Código. Após o referido prazo, o 
registro dependerá de nova habilitação. 
§ 2º. O casamento religioso, celebrado sem as formalidades exigidas neste 
Código, terá efeitos civis se, a requerimento do casal, for registrado, a qualquer 
tempo, no registro civil, mediante prévia habilitação perante a autoridade 
competente e observado o prazo do art. 1.532. 
§ 3º. Será nulo o registro civil do casamento religioso se, antes dele, qualquer dos 
consorciados houver contraído com outrem casamento civil. 
 
Assim, tendo em vista o artigo visto acima, a habilitação para o 
casamento e o registro ainda são civis. O que o CC/2002 fez foi dar efeitos civis 
ao casamento religioso. Vamos às lições de Paulo Lôbo 14 : ³$� FHOHEUDomR�
religiosa do casamento depende de prévia habilitação promovida perante o 
oficial de registro público. Porém, o Código Civil de 2002 ampliou o alcance do 
casamento religioso, admitindo, pela primeira vez no direito brasileiro 
republicano, efeitos à celebração religiosa do casamento, sem ter sido 
antecedida de habilitação civil, devidamente homologada. Nesta hipótese, o 
 
13 A habilitação será explicada de forma detalhada mais adiante. 
14 Paulo Lôbo, Famílias, Saraiva 2011, 4ª ed., pág. 103. 
 
 
 
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casal requer à autoridade competente que seu casamento religioso seja 
registrado, fazendo prova da celebração. Todavia, a habilitação não é 
dispensada; apenas deixa de ser prévia. Com o pedido de registro, o casal 
juntará a documentação e fará as declarações necessárias para a habilitação, 
VHP�D�TXDO�R�UHJLVWUR�FLYLO�QmR�VHUi�FRQFHGLGR´� 
Em relação à união estável, não há necessidade de prévia habilitação, 
basta que os companheiros peçam para o juiz, de acordo com o art. 1.726: 
Art. 1.726. A união estável poderá converter-se em casamento, mediante 
¹pedido dos companheiros ao juiz e ²assento no Registro Civil. 
 
De acordo com o art. 1.543 o casamento será provado pela certidão do 
registro ± que foi expedida pelo juiz e que deverá ser registrada no registro 
público, como vimos acima: 
Art. 1.543. O casamento celebrado no Brasil prova-se pela certidão do registro.Parágrafo único. Justificada a falta ou perda do registro civil, é admissível qualquer 
outra espécie de prova. 
 
4XDQWR� DR� SDUiJUDIR� ~QLFR� D� ³IDOWD� RX� SHUGD� GR� UHJLVWUR� FLYLO´� SRGHUi�
acontecer, por exemplo, em casos de incêndio ou inundação do cartório, e 
nestes casos será admitida uma prova supletória que será feita em duas fases: 
Primeiro se comprova o fato que deu causa a perda ou a falta do registro. 
Se a primeira fase for suficiente serão admitidas outras provas como 
testemunhas, certidão de nascimento dos filhos, registro de passaportes. 
 
Deste modo, o meio hábil para declarar a existência do casamento, se 
perdido ou extraviado o registro do matrimonio, será através de uma ação 
declaratória. 
 
Art. 1.546. Quando a prova da celebração legal do casamento resultar de 
processo judicial, o registro da sentença no livro do Registro Civil produzirá, tanto no 
que toca aos cônjuges como no que respeita aos filhos, todos os efeitos civis desde a 
data do casamento. 
 
Existe ainda uma prova indireta de casamento. Ela é a chamada posse do 
estado de casados, e acontecerá quando duas pessoas viverem como casadas e 
como tal eram conhecidas por todos. Esta situação somente será admitida como 
prova indireta de casamento para beneficiar os filhos em comum do casal. Veja 
o art. 1.545: 
Art. 1.545. O casamento de pessoas que, na posse do estado de casadas, não possam 
manifestar vontade, ou tenham falecido, não se pode contestar em prejuízo da prole 
 
 
 
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comum, salvo mediante certidão do Registro Civil que prove que já era casada alguma 
delas, quando contraiu o casamento impugnado. 
 
Vamos ver o que fala Carlos Alberto Gonçalves15: ³7DO�VLWXDomR�VRPHQWH�
poderá ser alegada pelos filhos e se mortos ambos os cônjuges. É que, se um 
deles está vivo, deve indicar o local onde se realizou o casamento, para que os 
ILOKRV�REWHQKDP�D�FHUWLGmR´� 
Esta prova indireta de posse do estado de casados também poderá ser 
usada quando, com os cônjuges ainda vivos, houver a impugnação do 
casamento. Atente para o art. 1.547: 
Art. 1.547. Na dúvida entre as provas favoráveis e contrárias, julgar-se-á pelo 
casamento, se os cônjuges, cujo casamento se impugna, viverem ou tiverem vivido 
na posse do estado de casados. 
 
Vimos no começo de nosso curso ± na aula 01, que a maioridade 
ocorre aos 18 anos, quando a pessoa estará apta a exercer por si mesma todos 
os atos da vida civil, inclusive o casamento. 
No entanto, a capacidade para casar, é reduzida para 16 anos de idade ± 
e é chamada de idade núbil. O menor, porém, precisa uma autorização dos pais 
para que o casamento seja realizado. 
Os pais poderão negar esta autorização. Mas caso a negativa seja injusta, 
o juiz poderá supri-la. É o que encontramos no art. 1.519: 
Art. 1.519. A denegação do consentimento, quando injusta, pode ser suprida pelo 
juiz. 
 
Além de negar a autorização, os pais podem revogá-la a qualquer tempo 
antes da celebração do casamento. 
 
Art. 1.518. Até a celebração do casamento podem os pais ou tutores revogar a 
autorização. 
Teríamos, ainda, dois casos excepcionais em que a pessoa com 
menos de 16 anos poderia casar: ¹em caso de gravidez 16 e ²para evitar a 
imposição ou cumprimento de pena criminal. 
 
 
15 Carlos Alberto Gonçalves, Sinopses Jurídicas, Direito de Família. Ed. Saraiva, 16ª ed., 2012, 
pg. 39. 
16 Cabe ressaltar que nos dias atuais não se exige mais o casamento pelo motivo gravidez. 
 
 
 
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Art. 1.520. Excepcionalmente, será permitido o casamento de quem ainda não 
alcançou a idade núbil (art. 1517), para evitar imposição ou cumprimento de pena 
criminal ou em caso de gravidez. 
 
³3RU TXH�YRFrV�IDODP�µWHUtDPRV¶"´ 
 
Porque a segunda situação está tacitamente revogada. 
 
A Lei n. 11.106/2005 revogou o inciso VII do art. 107 do Código Penal, então 
quando o crime for de ação penal pública o casamento não terá o efeito de impedir ou 
fazer cessar o cumprimento de pena. (Desta forma, resta tacitamente revogado, em 
parte, o CC 1.520) 
 
Continuando, vamos falar agora dos impedimentos matrimoniais. Eles 
estão positivados nos artigos 1.521 e 1.522. 
Neste ponto é importante você observar o seguinte: Não confunda a 
incapacidade para o casamento com os impedimentos matrimoniais. A 
incapacidade para o casamento é geral, ela impede que a pessoa se case com 
qualquer pessoa, já os impedimentos atingem especificamente determinadas 
pessoas e em algumas situações. 
Mas vamos ver então os IMPEDIMENTOS! 
 
Art. 1.521. Não podem casar: 
I - os ascendentes com os descendentes17, seja o parentesco natural ou civil; 
II - os afins em linha reta; 
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi 
do adotante; 
 
17 As expressões contidas neste artigo serão vistas na aula, mas para que você não fique 
³SHUGLGR´� VDLED� TXH� DVFHQGHQWHV são seus pais avós, bisavós; descendentes são seus filhos, 
seus netos, bisnetos. E esta linha (avó ± pai - filho ± neto) é chamada de linha reta. Irmãos 
bilaterais são os que provém do mesmo pai e da mesma mãe, já os irmãos unilaterais provém 
do mesmo pai OU da mesma mãe. 
 
 
 
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IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro 
grau inclusive; 
V - o adotado com o filho do adotante; 
VI - as pessoas casadas; 
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de 
homicídio contra o seu consorte. 
 
Art. 1.522. Os impedimentos podem ser opostos, até o momento da celebração do 
casamento, por qualquer pessoa capaz. 
Parágrafo único. Se o juiz, ou o oficial de registro, tiver conhecimento da existência de 
algum impedimento, será obrigado a declará-lo. 
 
Visto os dois artigos, vamos fazer alguns comentários: 
Os impedimentos não poderão ser interpretados de forma extensiva, pois 
constituem tipos fechados que estão expressamente previstos na lei, ou seja, 
os únicos impedimentos são os que vimos acima. 
Quanto ao primeiro impedimento ± casamento de ascendente com 
descendente, o parentesco consanguíneo entre eles é em linha reta e infinita. E 
tendo em vista sua importância moral, este impedimento alcança também o 
parentesco de natureza civil ± adoção, de inseminação artificial heteróloga e de 
posse de estado de filiação ± este assunto será visto mais detalhadamente 
nesta aula. 
Quanto ao terceiro impedimento ± parentesco por afinidade em linha reta, 
são impedidos de casar os ascendentes e descendentes do outro cônjuge 
(sogros, sogras, genros, noras e enteados). Este parentesco nunca vai se 
extinguir, mesmo que o casamento acabe por divórcio ou falecimento. 
Alcançará a união estável. 
Quanto ao quarto impedimento, que proíbe o casamento entre irmãos e 
entre parentes colaterais até o 3º grau, alcançará não apenas os irmãos 
consanguíneos unilaterais e bilaterais, mas também os adotivos, de 
inseminação artificial heteróloga e os de posse do estado de filiação. Os tios e 
sobrinhos são colaterais de 3º grau e de acordo com o artigo são impedidos de 
casar, entretanto será autorizadotal casamento, se se submeterem ao exame 
pré-nupcial que será realizado por dois médicos nomeados pelo juiz a ser 
requerido no processo de habilitação para o casamento, e se o resultado for 
favorável ± de acordo com Decreto-Lei n. 3.200/41. Já os primos como são 
parentes colaterais de 4º grau poderão casar-se de acordo com sua vontade. 
Quanto ao sétimo impedimento, este dependerá de trânsito em julgado da 
decisão condenatória, em respeito ao princípio da presunção de inocência. 
 
 
 
 
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Após estudarmos os impedimentos, vamos agora ver as causas de 
suspensão do casamento. 
Nas palavras de Paulo Lôbo 18 : ³6mR� VLWXDo}HV� TXH� QmR� LPSHGHP� D�
celebração do casamento, mas acarretam, como consequência jurídica 
desvantajosa aos cônjuges que não as observam, a imposição do regime 
matrimonial de separação total de bens. Têm finalidade inibitória, não proibitiva 
�R�DUW��������GR�&yGLJR�&LYLO�XWLOL]D�D�H[SUHVVmR�³QmR�GHYHP´��HP�YH]�GH�³QmR�
SRGHP´��TXH�IRL�HPSUHJDGD�SDUD�RV�LPSHGLPHQWRV���1mR�Ki�TXDOTXer sanção de 
LQYDOLGDGH�SRU�VXD�QmR�REVHUYkQFLD��GDt�TXH�QmR�VHULD�FRUUHWR�GL]HU�YLRODomR´� 
 
Art. 1.523. Não devem casar: 
I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer 
inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros; 
II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido 
anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade 
conjugal; 
III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos 
bens do casal. 
IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, 
cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não 
cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas. 
Parágrafo único. É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que não lhes sejam 
aplicadas as causas suspensivas previstas nos incisos I, III e IV deste artigo, 
provando-se a inexistência de prejuízo, respectivamente, para o herdeiro, para o 
ex-cônjuge e para a pessoa tutelada ou curatelada; no caso do inciso II, a nubente 
deverá provar nascimento de filho, ou inexistência de gravidez, na fluência do prazo. 
 
Quanto à segunda causa de suspensão do casamento, o período disposto 
no artigo, tem por objetivo evitar a confusão de paternidade entre o primeiro e 
o segundo marido. Todavia, se a mulher comprovar que não está grávida, ou 
ainda se o filho já nasceu o juiz poderá desconsiderar esta causa suspensiva. 
 
Art. 1.524. As causas suspensivas da celebração do casamento podem ser arguidas 
pelos parentes em linha reta de um dos nubentes, sejam consanguíneos ou 
afins, e pelos colaterais em segundo grau, sejam também consanguíneos ou 
afins. 
 
Visto a parte geral, os impedimentos e as causas suspensivas, 
vamos às regras para o processo de habilitação para o casamento. 
 
18 Paulo Lôbo, Famílias, Saraiva 2011, 4ª ed., pág. 111. 
 
 
 
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A habilitação constitui a primeira fase do casamento, e será feita perante 
o oficial de registro civil da residência dos noivos, ou de um deles. Além do 
noivo e da noiva poderá fazer o requerimento junto ao oficial de registro um 
procurador que responda pelos dois ou somente por um deles. 
A habilitação compreende o requerimento, a juntada de documentos, a 
publicidade, o parecer do ministério público e por fim o certificado de aptidão 
para a celebração do casamento. 
Para fazer o requerimento os noivos terão que juntar os documentos 
especificados no art. 1.525: 
Art. 1.525. O requerimento de habilitação para o casamento será firmado por ambos 
os nubentes, de próprio punho, ou, a seu pedido, por procurador, e deve ser 
instruído com os seguintes documentos: 
I - certidão de nascimento ou documento equivalente; 
II - autorização por escrito das pessoas sob cuja dependência legal estiverem, 
ou ato judicial que a supra; 
III - declaração de duas testemunhas maiores, parentes ou não, que atestem 
conhecê-los e afirmem não existir impedimento que os iniba de casar; 
IV - declaração do estado civil, do domicílio e da residência atual dos 
contraentes e de seus pais, se forem conhecidos; 
V - certidão de óbito do cônjuge falecido, de sentença declaratória de nulidade 
ou de anulação de casamento, transitada em julgado, ou do registro da sentença de 
divórcio. 
 
Após a entrega de toda a documentação caberá ao oficial do registro 
verificar sua regularidade. 
 
Art. 1.526. A habilitação será feita pessoalmente perante o oficial do Registro Civil, 
com a audiência do Ministério Público. 
Parágrafo único. Caso haja impugnação do oficial, do Ministério Público ou de terceiro, 
a habilitação será submetida ao juiz. 
 
Art. 1.527. Estando em ordem a documentação, o oficial extrairá o edital, que se 
afixará durante quinze dias nas circunscrições do Registro Civil de ambos os 
nubentes, e, obrigatoriamente, se publicará na imprensa local, se houver. 
Parágrafo único. A autoridade competente, havendo urgência, poderá dispensar a 
publicação. 
 
O objetivo de se fixar o edital e de se publicar na imprensa local será para 
dar publicidade ao ato, de tornar pública a intenção dos noivos de se casarem, 
e para que se alguém souber de algum impedimento ou de alguma causa de 
suspensão indique para o oficial. 
 
 
 
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A dispensa de publicação de que fala o parágrafo único do artigo 1.527, 
poderá ser concedida pelo juiz se os noivos o convencerem da urgência e da 
inexistência de impedimentos para o casamento. 
 
Art. 1.528. É dever do oficial do registro esclarecer os nubentes a respeito dos fatos 
que podem ocasionar a invalidade do casamento, bem como sobre os diversos regimes 
de bens. 
 
Art. 1.529. Tanto os impedimentos quanto as causas suspensivas serão opostos 
em declaração escrita e assinada, instruída com as provas do fato alegado, ou 
com a indicação do lugar onde possam ser obtidas. 
 
Art. 1.530. O oficial do registro dará aos nubentes ou a seus representantes nota da 
oposição, indicando os fundamentos, as provas e o nome de quem a ofereceu. 
Parágrafo único. Podem os nubentes requerer prazo razoável para fazer prova 
contrária aos fatos alegados, e promover as ações civis e criminais contra o oponente 
de má-fé. 
 
Art. 1.531. Cumpridas as formalidades dos arts. 1.526 e 1.527 e verificada a 
inexistência de fato obstativo, o oficial do registro extrairá o certificado de 
habilitação. 
 
Art. 1.532. A eficácia da habilitação será de noventa dias, a contar da data em 
que foi extraído o certificado. 
 
Este certificado de habilitação será indispensável para que haja a 
celebração tanto do casamento religioso como do civil. 
 
A celebração do casamento deverá ser requerida pelos noivos ± que já 
estão com sua certidão de habilitação, à autoridade que presidirá o ato, 
requerendo também, neste ato, a determinação do dia, hora e local da 
celebração, de acordo com o art. 1.533: 
Art. 1.533. Celebrar-se-á o casamento, no dia, hora e lugar previamente designados 
pela autoridade que houver de presidir o ato, mediante petição dos contraentes, que semostrem habilitados com a certidão do art. 1.531. 
 
A celebração será realizada na sede do cartório onde se processou a 
habilitação, mas poderá ser também realizada em outro lugar, público ou 
privado, de acordo com o art. 1.534: 
 
 
 
 
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Art. 1.534. A solenidade realizar-se-á na sede do cartório, com toda publicidade, 
a portas abertas, presentes pelo menos duas testemunhas, parentes ou não dos 
contraentes, ou, querendo as partes e consentindo a autoridade celebrante, noutro 
edifício público ou particular. 
§ 1º. Quando o casamento for em edifício particular, ficará este de portas 
abertas durante o ato. 
§ 2º. Serão quatro as testemunhas na hipótese do parágrafo anterior e se algum 
dos contraentes não souber ou não puder escrever. 
 
Portanto, tanto no cartório quanto em outro lugar público ou 
privado as portas e janelas ficarão abertas durante a celebração para cumprir 
com a exigência de publicidade e também para que qualquer impedimento 
possa ser oposto. 
Neste ato devem estar presentes ambos os noivos ± presença simultânea. 
Porém existem casos especiais em que devido a determinadas situações o 
casamento poderá ser realizado mediante procuração. Nas palavras de Paulo 
Lôbo19: ³3DUD�D�FHOHEUDomR�SRGHUi�RFRUUHU�TXH�XP�GRV�QXEHQWHV��RX�DWp�PHVPR�
ambos) não esteja presente, mas representado por procurador, com poderes 
bastantes para tal, inclusive para declarar a vontade do mandante de se casar 
com o outro nubente. O procurador pode ser de qualquer sexo, pois não é ele 
que está a casar, mas seu mandante. Em virtude de a lei determinar que um 
QXEHQWH� ³UHFHED´� R� RXWUR� FRPR� PDULGR� RX� PXOKHU�� HQWHQGHPRV� TXH� RV�
QXEHQWHV�QmR�SRGHP�HVWDU�UHSUHVHQWDGRV�SHOR�PHVPR�H�~QLFR�SURFXUDGRU´� 
 
Art. 1.542. O casamento pode celebrar-se mediante procuração, por instrumento 
público, com poderes especiais. 
§ 1º. A revogação do mandato não necessita chegar ao conhecimento do mandatário; 
mas, celebrado o casamento sem que o mandatário ou o outro contraente tivessem 
ciência da revogação, responderá o mandante por perdas e danos. 
§ 2º. O nubente que não estiver em iminente risco de vida poderá fazer-se representar 
no casamento nuncupativo. 
§ 3º. A eficácia do mandato não ultrapassará noventa dias. 
§ 4º. Só por instrumento público se poderá revogar o mandato. 
 
Como afirmamos anteriormente, para que o casamento seja 
considerado válido é preciso que sejam cumpridas as formalidades elencadas no 
CC/2002, uma destas formalidades está ligada ao momento da manifestação de 
vontade dos noivos. Quanto a esta formalidade temos o art. 1.535: 
 
19 Paulo Lôbo, Famílias, Saraiva 2011, 4ª ed., pág. 115. 
 
 
 
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Art. 1.535. Presentes os contraentes, em pessoa ou por procurador especial, 
juntamente com as testemunhas e o oficial do registro, o presidente do ato, ouvida aos 
nubentes a afirmação de que pretendem casar por livre e espontânea vontade, 
declarará efetuado o casamento, nestes termos: "De acordo com a vontade que ambos 
acabais de afirmar perante mim, de vos receberdes por marido e mulher, eu, em nome 
GD�OHL��YRV�GHFODUR�FDVDGRV´� 
 
Tenha muita atenção a este artigo! Pois somente depois de cumpridas 
estas formalidades é que os noivos serão considerados casados. 
 
Art. 1.514. O casamento se realiza no momento em que o homem e a mulher 
manifestam, perante o juiz, a sua vontade de estabelecer vínculo conjugal, e o 
juiz os declara casados. 
 
O silêncio neste caso não será interpretado como aceitação, as partes 
devem manifestar sua vontade em voz alta de forma a não deixar dúvidas da 
sua vontade em contrair o matrimônio. Também não serão admitidas 
brincadeiras, de acordo com o art. 1.538: 
Art. 1.538. A celebração do casamento será imediatamente suspensa se algum 
dos contraentes: 
I - recusar a solene afirmação da sua vontade; 
II - declarar que esta não é livre e espontânea; 
III - manifestar-se arrependido. 
Parágrafo único. O nubente que, por algum dos fatos mencionados neste artigo, der 
causa à suspensão do ato, não será admitido a retratar-se no mesmo dia. 
 
Assim, se algum dos noivos fizer uma brincadeira e declarar que não 
aceita se casar, o casamento não poderá ser realizado naquele dia, pois de 
acordo com o parágrafo único do art. 1.538, não será admitido retratar-se 
naquele mesmo dia. 
Após a celebração do casamento, será lavrado assento no livro de 
registro, com os elementos determinados no art. 1.536: 
Art. 1.536. Do casamento, logo depois de celebrado, lavrar-se-á o assento no 
livro de registro. No assento, assinado pelo presidente do ato, pelos cônjuges, as 
testemunhas, e o oficial do registro, serão exarados: 
I - os prenomes, sobrenomes, datas de nascimento, profissão, domicílio e residência 
atual dos cônjuges; 
II - os prenomes, sobrenomes, datas de nascimento ou de morte, domicílio e 
residência atual dos pais; 
III - o prenome e sobrenome do cônjuge precedente e a data da dissolução do 
casamento anterior; 
IV - a data da publicação dos proclamas e da celebração do casamento; 
 
 
 
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V - a relação dos documentos apresentados ao oficial do registro; 
VI - o prenome, sobrenome, profissão, domicílio e residência atual das testemunhas; 
VII - o regime do casamento, com a declaração da data e do cartório em cujas notas 
foi lavrada a escritura antenupcial, quando o regime não for o da comunhão parcial, ou 
o obrigatoriamente estabelecido. 
 
No entanto, existem algumas situações especiais que não permitem a 
obediência do modelo legal para a celebração do casamento. 
De acordo com a lei, são duas as situações: ¹um dos noivos está 
impedido em razão de moléstia grave e ²o chamado casamento nuncupativo. 
No primeiro caso, um dos noivos está impedido de se deslocar até o local 
de realização do casamento em razão de estar gravemente doente. 
Regulamentando esta situação temos o art. 1.539: 
Art. 1.539. No caso de moléstia grave de um dos nubentes, o presidente do ato irá 
celebrá-lo onde se encontrar o impedido, sendo urgente, ainda que à noite, 
perante duas testemunhas que saibam ler e escrever. 
§ 1º. A falta ou impedimento da autoridade competente para presidir o casamento 
suprir-se-á por qualquer dos seus substitutos legais, e a do oficial do Registro Civil por 
outro ad hoc, nomeado pelo presidente do ato. 
§ 2º. O termo avulso, lavrado pelo oficial ad hoc, será registrado no respectivo registro 
dentro em cinco dias, perante duas testemunhas, ficando arquivado. 
 
Sobre o casamento nuncupativo fala Paulo Lôbo 20 : ³2� WHUPR� MXUtGLFR�
nuncupativo diz respeito ao ato não escrito, ao que é só oral ou de nome, 
quando circunstâncias excepcionais admitem que seja afastada a forma escrita 
ou solene exigida em lei. Também é denominada in articulo mortis. O 
casamento nuncupativo, pois, é o que se realiza sem as formalidades legais da 
habilitação e da presença e declaração do celebrante quando um dos nubentes 
está em iminente perigo de vida. São hipóteses dessa espécie de casamento as 
situações de guerra, de conflitos armados, de calamidades naturais, quando 
não se pode contar com a presença daautoridade competente. A celebração 
será feita diretamente pelos nubentes que manifestarão sua vontade em se 
casar, perante seis testemunhas. Essas testemunhas não poderão ter relação 
de parentesco com os nubentes, em linha reta ou até o segundo grau 
�LUPmRV�´� 
 
Art. 1.540. Quando algum dos contraentes estiver em iminente risco de vida, não 
obtendo a presença da autoridade à qual incumba presidir o ato, nem a de seu 
substituto, poderá o casamento ser celebrado na presença de seis testemunhas, que 
com os nubentes não tenham parentesco em linha reta, ou, na colateral, até segundo 
grau. 
 
20 Paulo Lôbo, Famílias, Saraiva 2011, 4ª ed., pág. 118. 
 
 
 
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Art. 1.541. Realizado o casamento, devem as testemunhas comparecer perante a 
autoridade judicial mais próxima, dentro em dez dias, pedindo que lhes tome por 
termo a declaração de: 
I - que foram convocadas por parte do enfermo; 
II - que este parecia em perigo de vida, mas em seu juízo; 
III - que, em sua presença, declararam os contraentes, livre e espontaneamente, 
receber-se por marido e mulher. 
§ 1º. Autuado o pedido e tomadas as declarações, o juiz procederá às diligências 
necessárias para verificar se os contraentes podiam ter-se habilitado, na forma 
ordinária, ouvidos os interessados que o requererem, dentro em quinze dias. 
§ 2º. Verificada a idoneidade dos cônjuges para o casamento, assim o decidirá a 
autoridade competente, com recurso voluntário às partes. 
§ 3º. Se da decisão não se tiver recorrido, ou se ela passar em julgado, apesar dos 
recursos interpostos, o juiz mandará registrá-la no livro do Registro dos Casamentos. 
§ 4º. O assento assim lavrado retrotrairá os efeitos do casamento, quanto ao estado 
dos cônjuges, à data da celebração. 
§ 5º. Serão dispensadas as formalidades deste e do artigo antecedente, se o 
enfermo convalescer e puder ratificar o casamento na presença da autoridade 
competente e do oficial do registro. 
 
Pode, ainda, o casamento ter sido realizado no exterior. Quanto a este 
tipo de casamento temos 4 hipóteses: ¹casal brasileiro que se casa em país e 
perante autoridade estrangeira, segundo as leis estrangeiras; ²casal brasileiro 
que se casa no estrangeiro, perante cônsul brasileiro, seguindo as leis 
brasileiras; ³brasileira(o) que se casa 4com estrangeiro(a) perante autoridade e 
leis estrangeiras; brasileira(o) que se casa com estrangeiro(a) perante 
autoridade e leis brasileiras. 
Independente de qual hipótese for realizada o casamento, se seus atos 
forem válidos, seu registro deverá ser efetivado em 180 dias de acordo com o 
art. 1.544: 
Art. 1.544. O casamento de brasileiro, celebrado no estrangeiro, perante as 
respectivas autoridades ou os cônsules brasileiros, deverá ser registrado em 
cento e oitenta dias, a contar da volta de um ou de ambos os cônjuges ao 
Brasil, no cartório do respectivo domicílio, ou, em sua falta, no 1o Ofício da Capital do 
Estado em que passarem a residir. 
 
Lembre-se que vimos na aula 00 que a lei de domicílio da pessoa é 
que determina as regras sobre o casamento. Assim, nas hipóteses 1 e 3, o 
casamento, no que se refere ao plano da existência, validade e eficácia, será 
regulado pela lei estrangeira. O termo do respectivo casamento deverá ser 
autenticado em Consulado brasileiro e, em momento posterior traduzido para 
que possa ser registrado no Brasil. 
 
 
 
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¾ Invalidade do casamento. 
O capítulo VIII do CC/2002 que trata da invalidade do casamento prevê em 
seus dispositivos a nulidade e a anulabilidade. No entanto a doutrina fala dos 
casamentos inexistentes, que também serão incluídos no rol do gênero da 
inexistência. 
Deste modo vão existir três espécies de casamento inválido: o casamento 
inexistente, o casamento nulo e o casamento anulável. 
Casamento inexistente: é aquele que não possui os requisitos essenciais 
do casamento que são: diferença de sexo, consentimento e celebração na 
forma da lei. Tenha atenção. Estes são os requisitos para a existência do 
casamento, para a validade outros serão exigidos. 
O reconhecimento da inexistência poderá ocorrer a qualquer tempo, uma 
vez que não está sujeito a prazos de prescrição ou decadência. 
1HVWH� PRPHQWR� YDPRV� ³DEULU� XP� SDUrQWHVH´� SDUD� H[SOLFDUPRV� R�
casamento putativo, que por vezes poderá ser confundido com casamento 
inexistente. 
Casamento putativo é aquele que embora possa vir a ser nulo ou 
anulável foi contraído de boa-fé ± ou seja, sem que se soubesse da existência 
de impedimentos para a realização do casamento, por um ou ambos os 
cônjuges. Assim o casamento putativo poderá decorrer de erro que tanto 
poderá ser de fato (p. ex. pai e filha que se casam por ignorarem este 
parentesco), como de direito (p. ex. tio e sobrinha que ignoram que tenham 
que fazer um exame pré-nupcial). 
O casamento putativo está previsto no art. 1.561: 
Art. 1.561. Embora anulável ou mesmo nulo, se contraído de boa-fé por ambos os 
cônjuges, o casamento, em relação a estes como aos filhos, produz todos os efeitos 
até o dia da sentença anulatória. 
§ 1º. Se um dos cônjuges estava de boa-fé ao celebrar o casamento, os seus 
efeitos civis só a ele e aos filhos aproveitarão. 
§ 2º. Se ambos os cônjuges estavam de má-fé ao celebrar o casamento, os seus 
efeitos civis só aos filhos aproveitarão. 
 
O casamento putativo produzirá os seguintes efeitos: quanto aos filhos ± 
de acordo com o artigo que vimos acima, mais especificamente ao § 2º, mesmo 
que os dois cônjuges estejam de má-fé, com relação aos filhos manterá seus 
efeitos civis; quanto aos alimentos ± existe divergências a respeito de serem 
devidos até a sentença de invalidação, ou se mesmo após esta sentença ter 
sido proferida e eles não serem mais casados, ainda persiste a obrigação de 
prestar alimentos; quanto aos cônjuges ± em relação ao que estava de boa-fé 
são os mesmos de um casamento válido e perfeito. No entanto, se encerram na 
data do trânsito em julgado da sentença que lhe determine o fim. 
 
 
 
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Deste modo, tenha cuidado para não confundir o casamento putativo ± que 
foi constituído com infringência aos impedimentos matrimoniais, com o 
casamento inexistente ± que é aquele em que não são preenchidos os 
requisitos básicos para a existência21. 
 Voltando ao casamento inexistente, no que diz respeito ao requisito da 
celebração temos o art. 1.554: 
Art. 1.554. Subsiste o casamento celebrado por aquele que, sem possuir a 
competência exigida na lei, exercer publicamente as funções de juiz de casamentos e, 
nessa qualidade, tiver registrado o ato no Registro Civil. 
 
Trata-se da aplicação do princípio geral de direito in dubio pro 
matrimonio e do que protege a boa-fé. 
 
Vimos que o casamento inválido poderá ser considerado nulo ou vir 
a ser anulado dependendo do grau do defeito. Vamos estudar cada um de 
forma individual. 
 
Casamento nulo: de acordo com o CC/2002, alterado pela Lei nº 
13.146/15, há somente um caso que anulará o casamento. 
 
Art. 1.548. É nulo o casamento contraído: 
I - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) 
II - por infringência de impedimento.Assim, o inciso II trata dos impedimentos previstos no art. 1.521 que 
vimos quando tratamos dos impedimentos matrimoniais. 
A nulidade será declarada mediante uma ação ordinária, de acordo com o 
art. 1.549: 
Art. 1.549. A decretação de nulidade de casamento, pelos motivos previstos no artigo 
antecedente, pode ser promovida mediante ação direta, por qualquer interessado, 
ou pelo Ministério Público. 
 
 
21 Não são todos os autores que consideram a falta de consentimento como causa de 
inexistência, mas sim causa de invalidade. Para estes autores as causas seriam duas: a 
inobservância da diversidade de sexos e a ausência de celebração regular. 
 
 
 
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Deste modo, possuem legitimidade para propor a ação declaratória de 
nulidade somente quem tenha legítimo interesse econômico (como os herdeiros 
sucessíveis, os credores dos cônjuges) ou moral (os próprios cônjuges, os 
filhos, os pais, e até o primeiro cônjuge do bígamo) e ao Ministério Público. 
Uma vez declarado nulo o casamento por sentença esta retroagirá a data 
da celebração do matrimonio de acordo com o art. 1.563: 
Art. 1.563. A sentença que decretar a nulidade do casamento retroagirá à data da sua 
celebração, sem prejudicar a aquisição de direitos, a título oneroso, por terceiros 
de boa-fé, nem a resultante de sentença transitada em julgado. 
 
Mesmo que nulo o casamento os efeitos quanto aos filhos permanecerão, 
isso é o que assegura o art. 1.561: 
Art. 1.561. Embora anulável ou mesmo nulo, se contraído de boa-fé por ambos os 
cônjuges, o casamento, em relação a estes como aos filhos, produz todos os efeitos 
até o dia da sentença anulatória. 
§ 1º. Se um dos cônjuges estava de boa-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos 
civis só a ele e aos filhos aproveitarão. 
§ 2º. Se ambos os cônjuges estavam de má-fé ao celebrar o casamento, os seus 
efeitos civis só aos filhos aproveitarão. 
 
Sobre este assunto atente para as palavras de Carlos Roberto Gonçalves22: 
³2� FDVDPHQWR� QXOR�� HQWUHWDQWR� DSURYHLWD� DRV� ILOKRV� �&&�� DUW�� �������� H� D�
paternidade é certa. Se reconhecida a boa-fé de um ou de ambos os cônjuges, 
ele será putativo e produzirá efeitos de casamento válido ao cônjuge de boa-fé 
DWp�D�GDWD�GD�VHQWHQoD´� 
 
Casamento anulável ± os casos em que o casamento será anulado estão 
elencados no art. 1.550: 
Art. 1.550. É anulável o casamento: 
I - de quem não completou a idade mínima para casar; 
II - do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante 
legal; 
III - por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558; 
IV - do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o 
consentimento; 
V - realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da 
revogação do mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges; 
VI - por incompetência da autoridade celebrante. 
 
22 Carlos Alberto Gonçalves, Sinopses Jurídicas, Direito de Família. Ed. Saraiva, 16ª ed., 2012, 
pg. 53. 
 
 
 
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§ 1º. Equipara-se à revogação a invalidade do mandato judicialmente decretada. 
§ 2º. A pessoa com deficiência mental ou intelectual em idade núbia poderá contrair 
matrimônio, expressando sua vontade diretamente ou por meio de seu responsável 
ou curador. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) 
 
Veja como esse assunto foi cobrado em prova: 
2016/DPE-ES/Defensor Público. 
Foi considerado correto o seguinte enunciado: Podem casaras pessoas com 
deficiência intelectual ou mental em idade núbil, expressando sua vontade por 
meio de curador. 
 
A legitimidade para a propositura da ação anulatória cabe exclusivamente 
às pessoas diretamente interessadas. 
Quanto ao inciso I dos casos de anulabilidade ± defeito de idade, o art. 
1.552: 
Art. 1.552. A anulação do casamento dos menores de dezesseis anos será requerida: 
I - pelo próprio cônjuge menor; 
II - por seus representantes legais; 
III - por seus ascendentes. 
 
Em relação ao prazo para os legitimados intentarem a ação temos o §1º do 
art. 1.560: 
Art. 1.560. § 1º. Extingue-se, em cento e oitenta dias, o direito de anular o 
casamento dos menores de dezesseis anos, contado o prazo para o menor do dia 
em que perfez essa idade; e da data do casamento, para seus representantes legais ou 
ascendentes. 
 
 No entanto o menor poderá validar seu casamento de acordo com o art. 
1.553. 
 
Art. 1.553. O menor que não atingiu a idade núbil poderá, depois de completá-la, 
confirmar seu casamento, com a autorização de seus representantes legais, se 
necessária, ou com suprimento judicial. 
 
Art. 1.551. Não se anulará, por motivo de idade, o casamento de que resultou 
gravidez. 
 
 
 
 
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Ainda que esta gravidez aconteça depois de ajuizada à ação. 
 
Quanto ao inciso II do art. 1.550 ± falta de autorização do representante 
legal, temos o art. 1.555. 
 
Art. 1.555. O casamento do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu 
representante legal, só poderá ser anulado se a ação for proposta em cento e 
oitenta dias, por iniciativa do incapaz, ao deixar de sê-lo, de seus 
representantes legais ou de seus herdeiros necessários. 
§ 1º. O prazo estabelecido neste artigo será contado do dia em que cessou a 
incapacidade, no primeiro caso; a partir do casamento, no segundo; e, no 
terceiro, da morte do incapaz. 
§ 2º. Não se anulará o casamento quando à sua celebração houverem assistido os 
representantes legais do incapaz, ou tiverem, por qualquer modo, manifestado sua 
aprovação. 
 
Quanto ao inciso III do art. 1.550 ± vício da vontade nos casos dos arts. 
1.556 a 1.558. 
 
Art. 1.556. O casamento pode ser anulado por vício da vontade, se houve por 
parte de um dos nubentes, ao consentir, erro essencial quanto à pessoa do outro. 
 
Art. 1.557. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge: 
I - o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro 
tal que o seu conhecimento ulterior torne insuportável a vida em comum ao cônjuge 
enganado; 
II - a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne 
insuportável a vida conjugal; 
III - a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável que não 
caracterize deficiência ou de moléstia grave e transmissível, por contágio ou por 
herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência; 
(Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) 
IV - (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) 
 
Algumas considerações sobre este artigo: 
 
 
 
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Quanto ao erro sobre a identidade da pessoa (inciso I) este poderá ser de 
duas espécies: físico ou civil. O erro físico é raro de acontecer e se dá 
quando a pessoa se casa com pessoa diversa e ignora este fato. 
 
De acordo com Carlos Roberto Gonçalves 23 : ³$� LGHQWLGDGH� FLYLO� p� R�
conjunto deatributos ou qualidades com que a pessoa se apresenta no meio 
social. Honrada é a pessoa digna, que pauta sua vida pelos ditames da 
moral. Boa fama é o conceito e a estima social de que a pessoa goza, por 
SURFHGHU�FRUUHWDPHQWH´� 
 
Para que o erro essencial seja admitido como causa de anulabilidade do 
casamento, dois requisitos deverão ser preenchidos: ¹que este defeito seja 
preexistente, ou seja, que exista antes do casamento; ² que a descoberta 
feita após o casamento torne a vida a dois insuportável. 
 
Quanto à ignorância de crime, não é exigida para a anulação a 
condenação criminal, basta a existência de crime e sua autoria. 
 
Como exemplos de defeito físico irremediável temos a deformação de 
órgãos genitais que impeçam a prática de atos sexuais, e como exemplo de 
moléstia grave nós temos a tuberculose ou a AIDS. 
 
Somente o cônjuge que incidiu em erro poderá opor a ação de anulação, 
e o prazo está disposto no art. 1.560, III: 
Art. 1.560. III - três anos, nos casos dos incisos I a IV do art. 1.557; 
 
Art. 1.558. É anulável o casamento em virtude de coação, quando o consentimento de 
um ou de ambos os cônjuges houver sido captado mediante fundado temor de mal 
considerável e iminente para a vida, a saúde e a honra, sua ou de seus familiares. 
 
Quanto à coação, esta poderá ser tanto a moral como a relativa. Não 
poderá ser a física, porque esta tornaria o casamento inexistente tendo em 
vista que vicia o consentimento. 
 
 
23 Carlos Alberto Gonçalves, Sinopses Jurídicas, Direito de Família. Ed. Saraiva, 16ª ed., 2012, 
pg. 56. 
 
 
 
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A ação também só será promovida pelo próprio cônjuge no prazo de 4 
anos a contar da celebração do casamento, conforme art. 1.560, IV - quatro 
anos, se houver coação. 
 
Art. 1.559. Somente o cônjuge que incidiu em erro, ou sofreu coação, pode demandar 
a anulação do casamento; mas a coabitação, havendo ciência do vício, valida o 
ato, ressalvadas as hipóteses dos incisos III e IV do art. 1.557. 
 
Continuando com o art. 1.550, vamos falar do inciso IV ± 
incapacidade de manifestação do consentimento, neste caso de anulabilidade 
será apenas uma redução da capacidade, casos de pessoas relativamente 
capazes, se a incapacidade for total será caso de anulação. O prazo será de 180 
dias, conforme art. 1.560, I. 
 Quanto ao inciso V ± realização do casamento por mandatário mesmo 
estando revogado o mandato, o prazo para a revogação do casamento será de 
180 dias contados da data em que o mandante tiver conhecimento da 
celebração, conforme art. 1.560, §2º. Neste caso o mandatário age de boa-fé 
uma vez que não sabia que seu mandato estava revogado. 
E por fim temos a hipótese do inciso VI - celebração do casamento por 
autoridade incompetente é anulável no prazo estipulado pelo art. 1.560, II. 
 
Art. 1.560. O prazo para ser intentada a ação de anulação do casamento, a contar da 
data da celebração, é de: II - dois anos, se incompetente a autoridade celebrante; 
 
¾ Eficácia do casamento. 
Vamos começar o estudo dos efeitos pessoais do casamento válido pelo 
primeiro artigo referente ao tema do CC /2002. 
 
Art. 1.565. Pelo casamento, homem e mulher assumem mutuamente a condição 
de consortes, companheiros e responsáveis pelos encargos da família. 
§ 1º. Qualquer dos nubentes, querendo, poderá acrescer ao seu o sobrenome do outro. 
§ 2º. O planejamento familiar é de livre decisão do casal, competindo ao Estado 
propiciar recursos educacionais e financeiros para o exercício desse direito, vedado 
qualquer tipo de coerção por parte de instituições privadas ou públicas. 
 
 
 
 
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Da leitura do artigo 1.565 podemos ver que o primeiro efeito do casamento 
é a constituição da família. O segundo efeito é a assunção por ambos os 
cônjuges a condição de consortes, companheiros e responsáveis pelos encargos 
da família. 
O terceiro efeito nós encontramos no art. 1.566 que impõe os deveres 
matrimoniais dos cônjuges: 
Art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges: 
I - fidelidade recíproca; 
II - vida em comum, no domicílio conjugal; 
III - mútua assistência; 
IV - sustento, guarda e educação dos filhos; 
V - respeito e consideração mútuos. 
 
Vamos vê-los de forma individual. 
 
I. O dever de fidelidade recíproca foi profundamente alterado com a entrada 
em vigor da Emenda do Divórcio (EC 66/2010). Esta emenda alterou o art. 226, 
†��ž�GD�&)�TXH�D�SDUWLU�GHOD�SDVVRX�D� WHU�D�VHJXLQWH�GHILQLomR��³R�FDVDPHQWR�
FLYLO�SRGH�VHU�GLVVROYLGR�SHOR�GLYyUFLR´��(VWD�HPHQGD�FRQVWLWXFLRQDO� VXSULPLX�D�
separação judicial, e criou controvérsia na doutrina com relação à possibilidade 
de discussão quanto à culpa para o fim do casamento. Sem nos aprofundarmos 
em tal discussão cabe apenas lembrar que a culpa ainda será levada em 
consideração em determinados ± como em caso de divórcio onde esta será 
analisada para a atribuição da responsabilidade civil e para afixação dos 
alimentos. 
 
II. O dever de vida em comum no domicílio conjugal vem sendo analisado a 
partir da realidade social, de modo a admitir-se a coabitação fracionada sem 
que esta situação configure a quebra dos deveres matrimoniais. Sobre este 
dever temos ainda outro artigo, qual seja o art. 1.569. 
 
 
Art. 1.569. O domicílio do casal será escolhido por ambos os cônjuges, mas um 
e outro podem ausentar-se do domicílio conjugal para atender a encargos 
públicos, ao exercício de sua profissão, ou a interesses particulares relevantes. 
 
III. O dever de mútua assistência envolve a assistência moral, afetiva, 
patrimonial, sexual e espiritual. Sobre o dever de mútua assistência patrimonial 
temos o art. 1.568. 
 
 
 
 
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Art. 1.568. Os cônjuges são obrigados a concorrer, na proporção de seus bens e 
dos rendimentos do trabalho, para o sustento da família e a educação dos filhos, 
qualquer que seja o regime patrimonial. 
 
IV. Quanto ao dever de sustento, de guarda e de educação dos filhos, temos 
um artigo complementar, que é o art. 1.567. 
 
Art. 1.567. A direção da sociedade conjugal será exercida, em colaboração, pelo 
marido e pela mulher, sempre no interesse do casal e dos filhos. 
Parágrafo único. Havendo divergência, qualquer dos cônjuges poderá recorrer ao juiz, 
que decidirá tendo em consideração aqueles interesses. 
 
V. E, por fim, o dever de respeito e considerações mútuos possui relação 
com o aspecto espiritual do casamento e com o companheirismo que nele deve 
existir. Quanto a este dever vamos usar as bonitas palavras de Paulo Lôbo24: ³$�
comunhão de vida não elimina a personalidade de cada cônjuge. O dever de 
respeito e consideração mútuos abrange a inviolabilidade da vida, da liberdade, 
da integridade física e psíquica, da honra, do nome, da imagem, da privacidade 
do outro cônjuge. Mas não é só um dever de abstenção ou negativo, porque 
impõe prestações positivas de defesa de valores comuns, tais como a honra 
VROLGiULD��R�ERP�QRPH�IDPLOLDU��R�SDWULP{QLR�PRUDO�FRPXP´� 
 
Para encerrarmos este assunto vamos ver o art. 1.570: 
Art. 1.570. Se qualquer dos cônjuges estiver em lugar remoto ou não sabido, 
encarcerado

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