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DIREITO FAMILIA Apostila Estratégia

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Livro Eletrônico
Aula 08
Direito Civil p/ TJ-SC (Analista Jurídico) Com Videoaulas - FCC
Aline Baptista Santiago, Paulo H M Sousa
07476819969 - Sarah Dutra
 
 
1 
 
 
 DO DIREITO DE FAMÍLIA 
 
SUMÁRIO 
1. DIREITO DE FAMÍLIA ...................................................................................................... 3 
1.1 – APRESENTAÇÃO DA AULA 08 ................................................................................................... 3 
2. CRONOGRAMA DA AULA .............................................................................................. 3 
3. DIREITO DE FAMÍLIA ...................................................................................................... 3 
3.1 – ENTIDADES FAMILIARES ........................................................................................................... 4 
3.2 – PRINCÍPIOS ................................................................................................................................ 7 
4. CASAMENTO .................................................................................................................. 9 
4.1– INVALIDADE DO CASAMENTO ................................................................................................. 23 
4.2 – EFICÁCIA DO CASAMENTO ..................................................................................................... 29 
4.3 – DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE CONJUGAL E DO CASAMENTO ................................................ 31 
4.4 – DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE CONJUGAL ............................................................................... 32 
5. RELAÇÕES DE PARENTESCO .......................................................................................... 39 
5.1 – FILIAÇÃO ................................................................................................................................. 45 
5.2 – RECONHECIMENTO DE FILHOS ............................................................................................... 51 
5.3 – RECONHECIMENTO JUDICIAL DE PATERNIDADE .................................................................... 53 
5.4 – DA ADOÇÃO ............................................................................................................................ 55 
5.5 – DO PODER FAMILIAR .............................................................................................................. 57 
6. DO REGIME DE BENS ENTRE OS CÔNJUGES .................................................................. 61 
6.1 – DISPOSIÇÕES GERAIS .............................................................................................................. 62 
6.2 – REGIME DE COMUNHÃO PARCIAL DE BENS ........................................................................... 66 
6.3 – REGIME DE COMUNHÃO UNIVERSAL DE BENS ...................................................................... 68 
6.4 – REGIME DE PARTICIPAÇÃO FINAL NOS AQUESTOS ................................................................ 69 
6.5 – REGIME DE SEPARAÇÃO DE BENS .......................................................................................... 71 
7. DO USUFRUTO E DA ADMINISTRAÇÃO DOS BENS DOS FILHOS MENORES .................... 72 
8. ALIMENTOS .................................................................................................................. 73 
Aline Baptista Santiago, Paulo H M Sousa
Aula 08
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9. BEM DE FAMÍLIA .......................................................................................................... 80 
9.1 – BEM DE FAMÍLIA CONVENCIONAL ......................................................................................... 81 
9.2 – BEM DE FAMÍLIA LEGAL ......................................................................................................... 85 
10. UNIÃO ESTÁVEL ......................................................................................................... 88 
11. DA TUTELA E DA CURATELA ....................................................................................... 91 
11.1 – DA TUTELA ............................................................................................................................ 92 
11.2 – ESPÉCIES DE TUTELA ............................................................................................................. 93 
11.3 – INCAPACIDADE DE EXERCÍCIO E ESCUSA DA TUTELA ........................................................... 96 
11.4 – EXERCÍCIO DA TUTELA .......................................................................................................... 98 
11.5 – EXTINÇÃO DA TUTELA ........................................................................................................ 102 
11.6 – DA CURATELA ..................................................................................................................... 102 
11.7 – ESPÉCIES DE CURATELA ...................................................................................................... 103 
11.8 – PESSOA QUE PODEM SER NOMEADAS CURADORAS ......................................................... 103 
11.9 – EXERCÍCIO DA CURATELA ................................................................................................... 104 
11.10 – EXTINÇÃO DA CURATELA .................................................................................................. 104 
12. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 105 
13. RESUMO DA MATÉRIA ............................................................................................. 106 
14 – QUESTÕES .............................................................................................................. 118 
14.1 – QUESTÕES COMENTADAS .................................................................................................. 118 
14.2 – LISTA DE QUESTÕES ............................................................................................................ 175 
14.3 – GABARITO ........................................................................................................................... 198 
 
 
 
 
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1. DIREITO DE FAMÍLIA 
1.1 – APRESENTAÇÃO DA AULA 08 
Olá amigos concurseiros! 
Nesta aula conversaremos sobre o Direito de Família, assunto que não é muito complicado, mas que 
é cheio de detalhes importantes. Não desamine agora! Leia a aula com muita atenção e depois de 
terminá-la aconselhamos uma releitura, para melhor fixação do assunto. 
Só após a leitura e releitura faça os exercícios. ;) 
Coragem! Estamos juntos, rumo à sua vitória! 
 
2. CRONOGRAMA DA AULA 
AULAS TÓPICOS ABORDADOS NO EDITAL DATA 
Aula 08 
Do direito de família. Do casamento. Das relações de parentesco. Do regime de 
bens entre os cônjuges. Do usufruto e da administração dos bens de filhos 
menores. Dos alimentos. Do bem de família. Da união estável. Das relações 
homoafetivas e seus efeitos jurídicos. Da tutela e da curatela. 
16/11/2019 
 
AULAS TÓPICOS ABORDADOS NO EDITAL ARTIGOS DA LEI 
Aula 08 Do direito de família. Art. 1.511 - 1.783 Código Civil 
 
3. DIREITO DE FAMÍLIA 
O direito de família cuida das relações que envolvem o indivíduo dentro do núcleo social em que ele 
nasce, cresce e se desenvolve. 
Deste modo, constitui um complexo de princípios que regulam: a celebração do casamento, a sua 
validade, os seus efeitos, a dissolução; a união estável; os vínculos de parentesco; e os institutos 
complementares da tutela e da curatela. 
 
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3.1 – ENTIDADES FAMILIARES 
Na sociedade atual verifica-se uma tendência de expansão dos conceitos de entidade ou unidade 
familiar. 
 
No Brasil, atualmente, encontram-se, entre outras, estas unidades de convivências1: 
✓Homem e mulher, com vínculo de casamento, com filhos biológicos; 
✓Homem e mulher, com vínculo de casamento, com filhos biológicos e filhos não biológicos, ou 
somente com filhos não biológicos; 
✓Homem e mulher, sem casamento, com filhos biológicos (união estável); 
✓Homem e mulher, sem casamento, com filhos biológicos e não biológicos ou apenas não biológicos 
(união estável); 
✓Pai ou mãe e filhos biológicos (entidade monoparental); 
✓Pai ou mãe e filhos biológicos e adotivos ou apenas adotivos (entidade monoparental); 
✓União de parentes e pessoas que convivem em interdependência afetiva, sem pai ou mãe que a 
chefie, como no caso de grupos de irmãos, após falecimento ou abandono dos pais, ou de avós e 
netos, ou de tios e sobrinhos; 
✓Pessoas sem laço de parentesco que passam a conviver em caráter permanente, com laços de 
afetividade e de ajuda mútua, sem finalidade sexual ou econômica; 
✓Uniões homossexuais, de caráter afetivo e sexual; 
✓Uniões concubinárias, quando houver impedimento para casar de um ou de ambos os 
companheiros, com ou sem filhos; 
✓Comunidade afetiva formada com “filhos de criação”, sem laços de filiação natural ou adotiva 
regular, incluindo, nas famílias recompostas, as relações constituídas entre padrastos e madrastas e 
respectivos enteados, quando se realizem os requisitos da posse de estado de filiação2. 
Entre as unidades de convivência citadas existem características que as identificam como entidades 
familiares, que são: ¹a afetividade, ²a estabilidade e a ³convivência pública e ostensiva. O objetivo 
primordial de todas é a constituição de família – é esta característica que as diferenciará das demais 
relações (como as de amizade ou de trabalho). 
 
1 De acordo com dados do IBGE (PNAD). Fonte: Paulo Lôbo, Famílias, Saraiva 2011, 4ª ed., pág. 78 e 79. 
 
2 A posse de estado de filho será analisada levando-se em consideração a questão do carinho, do afeto, do amor e da melhor 
condição de convivência para o menor. 
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É sabido que nem todas estas unidades de convivência são tuteladas pela ordem jurídica brasileira. 
Sobre este tema nos fala Paulo Lôbo3: “Cada entidade familiar submete-se a estatuto jurídico 
próprio, em virtude dos requisitos de constituição e efeitos específicos, não estando uma equiparada 
ou condicionada aos requisitos da outra. Quando a legislação infraconstitucional não cuida de 
determinada entidade familiar, ela é regida pelos princípios e regras constitucionais, pelas regras e 
princípios gerais do direito da família aplicáveis e pela contemplação de suas especificidades. Não 
pode haver, portanto, regras únicas, segundo modelos únicos ou preferenciais. O que as unifica é a 
função de espaço de afetividade e da tutela da realização da personalidade das pessoas que as 
integram; em outras palavras, o lugar dos afetos, da formação social onde se pode nascer, ser, 
amadurecer e desenvolver os valores da pessoa”. 
O respeitado autor aponta, ainda, três preceitos constitucionais de cuja interpretação chega-se à 
inclusão das entidades familiares não referidas explicitamente. 
O primeiro preceito é o art. 226 da Constituição Federal: 
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado (caput). 
Na opinião do renomado doutrinador o caput deste artigo trabalha como uma cláusula geral de 
inclusão, não se admitindo a exclusão de entidade que preencha os requisitos de afetividade, 
estabilidade e ostensibilidade4. 
O segundo preceito encontramos no § 4º do mesmo artigo: 
Art. 226. § 4º. Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer 
dos pais e seus descendentes. 
 
O terceiro preceito também é retirado do art. 226, mas agora em seu § 8º: 
Art. 226. § 8º. O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, 
criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações. 
 
Outro artigo constitucional também trabalha para proteger as entidades familiares na medida em 
que dispõe sobre as pessoas que a integram. 
 
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, 
com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à 
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e 
comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, 
violência, crueldade e opressão. 
 
 
3 Paulo Lôbo, Famílias, Saraiva 2011, 4ª ed., pág. 82. 
4 Paulo Lôbo, Famílias, Saraiva 2011, 4ª ed., pág. 83. 
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Assim, o que é objeto de proteção constitucional é a pessoa e não a instituição do casamento em si. 
Tomando este raciocínio resta-nos entender que uma vez obedecidos os requisitos para a 
constituição de entidade familiar, pouco importará estar ela disposta de forma literal na lei. Vamos 
utilizar novamente as palavras de Paulo Lôbo5: “Sob o ponto de vista do melhor interesse da pessoa, 
não podem ser protegidas algumas entidades familiares e desprotegidas outras, pois a exclusão 
refletiria nas pessoas que as integram por opção ou por circunstância da vida, comprometendo a 
realização do princípio da dignidade da pessoa humana”. 
Cabe-nos fazer uma última observação com relação às entidades familiares recompostas – que são 
as compostas por cônjuge ou companheiro, e filho vindo de relacionamento anterior. Este tipo 
familiar vem crescendo muito atualmente tendo em vista, dentre outros motivos, o divórcio. 
Apesar de ainda não termos os papéis definidos da madrasta/padrasto dentro desta nova dinâmica 
familiar, temos um artigo do CC que é muito importante para definir o tipo de parentesco. 
 
Art. 1.595. Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo vínculo da afinidade. 
 
(DPE-PE / DPE-PE –2015) 
O parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes e aos descendentes do cônjuge ou 
companheiro. 
Comentários: 
De acordo com o CC: 
Art. 1.595. Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo vínculo da 
afinidade. 
§ 1º O parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, aos descendentes e aos irmãos do 
cônjuge ou companheiro. 
Gabarito: Errado. 
 
(DPE-PE / DPE-PE –2015) 
Na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou da união estável. 
Comentários: 
Art. 1.595. Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo vínculo da 
afinidade. 
 
5 Paulo Lôbo, Famílias, Saraiva 2011, 4ª ed., pág. 84. 
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§ 2º Na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou da união 
estável. 
Gabarito: Correto. 
 
(FMP / DPE-PA –2015) 
O sistema do Código Civil em vigor limita o vínculo de parentesco por afinidade, na linha 
colateral, aos irmãos do cônjuge ou companheiro. 
Comentários: 
Art. 1.595. Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo vínculo da 
afinidade. 
§1º O parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, aos descendentes e aos irmãos do 
cônjuge ou companheiro.Gabarito: Correto. 
 
As constantes mudanças da sociedade e das famílias empurram e obrigam os pensadores do direito 
a permanecerem sempre buscando novas soluções para as novas demandas que surgem. 
 
3.2 – PRINCÍPIOS 
Os princípios jurídicos aplicáveis ao direito de família e a todas as entidades familiares são: 
¹Princípios fundamentais: dignidade da pessoa humana e solidariedade. 
²Princípios gerais: igualdade, liberdade, afetividade, convivência familiar e melhor interesse da 
criança. 
 
✓Dignidade da pessoa humana: como vimos acima, o que busca efetivamente a constituição é a 
proteção da pessoa, assim, no que diz respeito à família, este princípio vem fundamentar as normas 
que cristalizaram a emancipação de seus membros. “A família, tutelada pela constituição, está 
funcionalizada ao desenvolvimento da dignidade das pessoas humanas que a integram. A entidade 
familiar não é tutelada para si, senão como instrumento de realização existencial de seus membros”6. 
 
 
6 Paulo Lôbo, Famílias, Saraiva 2011, 4ª ed., pág. 62. 
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✓Solidariedade: no âmbito do direito de família este princípio se revela no dever imposto à 
sociedade, ao Estado e à família de proteção ao grupo familiar à criança e ao adolescente e às 
pessoas idosas. 
 
✓Igualdade: este princípio está expresso na constituição nos preceitos que tratam da igualdade 
entre os cônjuges, entre os filhos e entre as entidades familiares. No entanto ele não é de 
aplicabilidade absoluta, admite limitações desde que não violem seu núcleo essencial7. É dirigido ao 
legislador vedando a edição de normas que o contrariem, ao administrador público para que 
implemente políticas públicas que reduzam as desigualdades de gênero, e as pessoas para que a 
observem em seu dia-a-dia. 
 
✓Liberdade: “O princípio da liberdade diz respeito ao livre poder de escolha ou autonomia de 
constituição, realização e extinção de entidade familiar, sem imposição ou restrições externas de 
parentes, da sociedade ou do legislador; à livre aquisição e administração do patrimônio familiar; ao 
livre planejamento familiar; à livre definição dos modelos educacionais, dos valores culturais e 
religiosos; à livre formação dos filhos, desde que respeitadas sua dignidade como pessoas humanas; 
à liberdade de agir, assentada no respeito à integridade física, mental e moral”8. 
 
✓Afetividade: este é o princípio que justifica no direito de família a primazia da estabilidade das 
relações socioafetivas e na comunhão de vida em detrimento das considerações de caráter 
patrimonial ou biológico. 
 
✓Convivência familiar: “A convivência familiar é a relação afetiva diuturna e duradoura entretecida 
pelas pessoas que compõem o grupo familiar, em virtude de laços de parentesco ou não, no ambiente 
comum. Supõe o espaço físico, a casa, o lar, a moradia, mas não necessariamente, pois as atuais 
condições de vida e o mundo do trabalho provocam separações dos membros da família no espaço 
físico, mas sem perda da referência ao ambiente comum, tido como pertença de todos. É o ninho no 
qual as pessoas se sentem recíprocas e solidariamente acolhidas e protegidas, especialmente as 
crianças”9. 
 
✓Melhor interesse da criança: este princípio encontra seu fundamento no art. 227 da CF/88 – já 
citado acima. O princípio do melhor interesse da criança é tratado como verdadeira diretriz que 
determinará e guiará as relações da criança e do adolescente com seus pais, sua família, com a 
sociedade e com o Estado. Assim, as crianças e os adolescentes deverão ter seus direitos tratados 
com prioridade pela família, sociedade e pelo Estado. 
 
7 Do princípio, que é a igualdade entre os cônjuges, entre os filhos e entre as entidades familiares. 
8 Paulo Lôbo, Famílias, Saraiva 2011, 4ª ed., pág. 69. 
9 Paulo Lôbo, Famílias, Saraiva 2011, 4ª ed., pág. 74. 
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4. CASAMENTO 
Começaremos a tratar mais especificamente do conteúdo do edital. 
De acordo com Maria Helena Diniz10: “O casamento é o vínculo jurídico entre o homem e a mulher, 
livres, que se unem, segundo as formalidades legais, para obter o auxílio mútuo e espiritual, de modo 
que haja uma integração fisiopsíquica, e a constituição de uma família”. 
E ainda de acordo com Flávio Tartuce11: “O casamento pode ser conceituado como a união de duas 
pessoas, reconhecida e regulamentada pelo Estado, formada com o objetivo de constituição de uma 
família e baseado em um vínculo de afeto”. 
Perceba que na conceituação de Flávio Tartuce já temos a expressão “duas pessoas”, no lugar de 
“homem e mulher”, esta é a tendência, tendo em vista o reconhecimento do casamento 
homossexual. 
 
Quanto à natureza do casamento, existem três correntes: 
✓Corrente clássica, individualista ou de concepção contratualista – o casamento é visto como um 
contrato. 
✓Corrente institucional ou de concepção institucionalista – o casamento é uma instituição social. 
✓Corrente Eclética ou mista – o casamento é um contrato e uma instituição. 
 
Pela dificuldade de se definir a natureza jurídica do casamento é que ele é tratado como um ato 
complexo, pois possui elementos volitivos – característicos dos contratos, e também possui 
elementos institucionais, relacionados as formalidades estatais. 
 
Atente para as palavras de Paulo Lôbo12: “O que peculiariza o casamento é o fato de depender sua 
constituição de ato jurídico complexo, ou seja, de manifestações e declarações de vontade 
sucessivas (consensus facit matrimonium), além da oficialidade de que é revestido, pois sua eficácia 
depende de atos estatais (habilitação, celebração, registros público). As demais entidades familiares 
são constituídas livremente, como fatos sociais aos quais o direito empresta consequências jurídicas. 
 
10 Maria Helena Diniz, Manual de Direito Civil, Saraiva 2011, pág. 425. 
11 Flávio Tartuce, Manual de Direito Civil, ed. Método, 2ª ed., pág. 1047. 
12 Paulo Lôbo, Famílias, Saraiva 2011, 4ª ed., pág. 100. 
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Por isso que a prova destas, diferentemente do casamento, localiza-se nos fatos e não em atos”. 
(Grifos nossos) 
São princípios do casamento: princípio da monogamia – uma vez que as pessoas casadas 
não podem casar novamente; princípio da liberdade de escolha – as pessoas podem escolher 
livremente seu cônjuge manifestando sua liberdade individual (salvo os casos de impedimento 
matrimoniais que serão vistos mais adiante); princípio da comunhão plena de vida – que é disposto 
pelo art. 1.511: 
Art. 1.511. O casamento estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e 
deveres dos cônjuges. 
 
Como o casamento (segundo sua natureza jurídica) é também um “negócio” é possível que se 
apliquem as regras gerais do negócio jurídico previstas na parte geral do CC/2002. Isso ocorrerá na 
falta de regras específicas da Parte Especial do Código. 
 
O casamento é considerado um direito fundamental de qualquer cidadão ou de estrangeiro que viva 
no Brasil. Assim, a celebração do casamento é gratuita, conforme art. 1.512: 
Art. 1.512. O casamento é civil e gratuita a sua celebração. 
Parágrafo único. A habilitação para o casamento, o registro e a primeira certidão serão isentos de 
selos, emolumentos e custas, para as pessoas cuja pobreza for declarada, sob as penas da lei. 
 
Portanto, o CC/2002 limitou a gratuidade dos demais atos que compõe o casamento – habilitação, 
registro e primeira certidão, somente para as pessoas quetiverem pobreza declarada. Assim, 
somente a celebração será gratuita para todos. 
Para que um casamento seja considerado válido há dois requisitos: ¹a manifestação de vontade do 
homem e da mulher no sentido de querer o vínculo conjugal e a ²declaração de um juiz de que estão 
casados. 
 
Art. 1.514. O casamento se realiza no momento em que o homem e a mulher manifestam, perante o 
juiz, a sua vontade de estabelecer vínculo conjugal, e o juiz os declara casados. 
 
A validade do casamento está ligada a própria validade dos requisitos. Deste modo, para que o juiz 
possa declarar que os nubentes estão casados, estes devem ter 18 anos ou possuir uma autorização 
de seus pais se contarem com 16 anos – chamada de idade núbil (que é a idade LEGAL mínima para 
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que a pessoa esteja apta para o casamento – este assunto será abordado com mais detalhes no 
decorrer da aula). 
 
Art. 1.517. O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-se autorização de ambos 
os pais, ou de seus representantes legais, enquanto não atingida a maioridade civil. 
Parágrafo único. Se houver divergência entre os pais, aplica-se o disposto no parágrafo único do 
art. 1.631. 
 
Art. 1.631. Durante o casamento e a união estável, compete o poder familiar aos pais; na falta ou 
impedimento de um deles, o outro o exercerá com exclusividade. 
Parágrafo único. Divergindo os pais quanto ao exercício do poder familiar, é assegurado a qualquer 
deles recorrer ao juiz para solução do desacordo. 
 
Portanto, quanto a autorização para o casamento de homem e mulher com dezesseis anos, a 
divergência dos pais poderá ser “resolvida” pelo juiz. 
 
Para o casamento ter validade, a declaração dos noivos deverá ser feita perante um juiz que seja 
competente para fazer a celebração. 
Após a celebração, a certidão de casamento deverá ser registrado no registro público. 
 
Se o casamento for realizado em cerimônia religiosa este deverá obedecer ao prazo do art. 1.515 
para seu registro, sob pena de não se constituir plenamente e ter que ser feita uma nova 
habilitação13. 
 
Art. 1.515. O casamento religioso, que atender às exigências da lei para a validade do casamento 
civil, equipara-se a este, desde que registrado no registro próprio, produzindo efeitos a partir da 
data de sua celebração. 
 
Art. 1.516. O registro do casamento religioso submete-se aos mesmos requisitos exigidos para o 
casamento civil. 
§ 1º. O registro civil do casamento religioso deverá ser promovido dentro de noventa dias de sua 
realização, mediante comunicação do celebrante ao ofício competente, ou por iniciativa de qualquer 
interessado, desde que haja sido homologada previamente a habilitação regulada neste Código. 
Após o referido prazo, o registro dependerá de nova habilitação. 
 
13 A habilitação será explicada de forma detalhada mais adiante. 
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§ 2º. O casamento religioso, celebrado sem as formalidades exigidas neste Código, terá efeitos civis 
se, a requerimento do casal, for registrado, a qualquer tempo, no registro civil, mediante prévia 
habilitação perante a autoridade competente e observado o prazo do art. 1.532. 
§ 3º. Será nulo o registro civil do casamento religioso se, antes dele, qualquer dos consorciados 
houver contraído com outrem casamento civil. 
 
Assim, tendo em vista o artigo visto acima, a habilitação para o casamento e o registro ainda são 
civis. O que o CC/2002 fez foi dar efeitos civis ao casamento religioso. Vamos às lições de Paulo 
Lôbo14: “A celebração religiosa do casamento depende de prévia habilitação promovida perante o 
oficial de registro público. Porém, o Código Civil de 2002 ampliou o alcance do casamento religioso, 
admitindo, pela primeira vez no direito brasileiro republicano, efeitos à celebração religiosa do 
casamento, sem ter sido antecedida de habilitação civil, devidamente homologada. Nesta hipótese, 
o casal requer à autoridade competente que seu casamento religioso seja registrado, fazendo prova 
da celebração. Todavia, a habilitação não é dispensada; apenas deixa de ser prévia. Com o pedido 
de registro, o casal juntará a documentação e fará as declarações necessárias para a habilitação, 
sem a qual o registro civil não será concedido”. 
 
Em relação à união estável, não há necessidade de prévia habilitação, basta que os companheiros 
peçam para o juiz, de acordo com o art. 1.726: 
Art. 1.726. A união estável poderá converter-se em casamento, mediante ¹pedido dos companheiros 
ao juiz e ²assento no Registro Civil. 
De acordo com o art. 1.543 o casamento será provado pela certidão do registro – que foi expedida 
pelo juiz e que deverá ser registrada no registro público, como vimos acima: 
Art. 1.543. O casamento celebrado no Brasil prova-se pela certidão do registro. 
Parágrafo único. Justificada a falta ou perda do registro civil, é admissível qualquer outra espécie de 
prova. 
 
Quanto ao parágrafo único a “falta ou perda do registro civil” poderá acontecer, por exemplo, em 
casos de incêndio ou inundação do cartório, e nestes casos será admitida uma prova supletória que 
será feita em duas fases: 
✓Primeiro se comprova o fato que deu causa a perda ou a falta do registro. 
✓Se a primeira fase for suficiente serão admitidas outras provas como testemunhas, certidão de 
nascimento dos filhos, registro de passaportes. 
Deste modo, o meio hábil para declarar a existência do casamento, se perdido ou extraviado o 
registro do matrimonio, será através de uma ação declaratória. 
 
14 Paulo Lôbo, Famílias, Saraiva 2011, 4ª ed., pág. 103. 
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Art. 1.546. Quando a prova da celebração legal do casamento resultar de processo judicial, o 
registro da sentença no livro do Registro Civil produzirá, tanto no que toca aos cônjuges como no que 
respeita aos filhos, todos os efeitos civis desde a data do casamento. 
 
Existe ainda uma prova indireta de casamento. Ela é a chamada posse do estado de casados, e 
acontecerá quando duas pessoas viverem como casadas e como tal eram conhecidas por todos. Esta 
situação somente será admitida como prova indireta de casamento para beneficiar os filhos em 
comum do casal. Veja o art. 1.545: 
Art. 1.545. O casamento de pessoas que, na posse do estado de casadas, não possam manifestar 
vontade, ou tenham falecido, não se pode contestar em prejuízo da prole comum, salvo mediante 
certidão do Registro Civil que prove que já era casada alguma delas, quando contraiu o casamento 
impugnado. 
 
Vamos ver o que fala Carlos Alberto Gonçalves15: “Tal situação somente poderá ser alegada pelos 
filhos e se mortos ambos os cônjuges. É que, se um deles está vivo, deve indicar o local onde se 
realizou o casamento, para que os filhos obtenham a certidão”. 
Esta prova indireta de posse do estado de casados também poderá ser usada quando, com os 
cônjuges ainda vivos, houver a impugnação do casamento. Atente para o art. 1.547: 
Art. 1.547. Na dúvida entre as provas favoráveis e contrárias, julgar-se-á pelo casamento, se os 
cônjuges, cujo casamento se impugna, viverem ou tiverem vivido na posse do estado de casados. 
Vimos no começo de nosso curso – na aula 01, que a maioridade ocorre aos 18 anos, quando a 
pessoa estará apta a exercer por si mesma todos os atos da vida civil, inclusive o casamento. 
No entanto, a capacidade para casar, é reduzida para 16 anos de idade – e é chamada de idade núbil. 
O menor, porém, precisa uma autorização dospais para que o casamento seja realizado. 
 
Os pais poderão negar esta autorização. Mas caso a negativa seja injusta, o juiz poderá supri-la. É o 
que encontramos no art. 1.519: 
Art. 1.519. A denegação do consentimento, quando injusta, pode ser suprida pelo juiz. 
 
Além de negar a autorização, os pais podem revogá-la a qualquer tempo antes da celebração do 
casamento. 
 
 
15 Carlos Alberto Gonçalves, Sinopses Jurídicas, Direito de Família. Ed. Saraiva, 16ª ed., 2012, pg. 39. 
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Art. 1.518. Até a celebração do casamento podem os pais ou tutores revogar a autorização. (Redação 
dada pela Lei nº 13.146, de 2015) 
 
Foi publicada a Lei 13.811 de 12 de março de 2019, que altera o Código Civil para proibir o casamento 
de menores de 16 anos. 
A Lei nº 13.811/19, confere nova redação ao art. 1.520 do CC/2002, para suprimir as exceções legais 
permissivas do casamento infantil. Passando a vigorar com a seguinte redação: 
“Art. 1.520. Não será permitido, em qualquer caso, o casamento de quem não atingiu a idade núbil, 
observado o disposto no art. 1.517 deste Código.” 
 
Art. 1.520. Excepcionalmente, será permitido o casamento de quem ainda não alcançou a idade núbil 
(art. 1517), para evitar imposição ou cumprimento de pena criminal ou em caso de gravidez. 
 
Continuando, vamos falar agora dos impedimentos matrimoniais. Eles estão positivados nos artigos 
1.521 e 1.522. 
 
Neste ponto é importante você observar o seguinte: Não confunda a incapacidade para o casamento 
com os impedimentos matrimoniais. A incapacidade para o casamento é geral, ela impede que a 
pessoa se case com qualquer pessoa, já os impedimentos atingem especificamente determinadas 
pessoas e em algumas situações. 
 
Mas vamos ver então os IMPEDIMENTOS! 
 
Art. 1.521. Não podem casar: 
I - os ascendentes com os descendentes16, seja o parentesco natural ou civil; 
 
16 As expressões contidas neste artigo serão vistas na aula, mas para que você não fique “perdido” saiba que ascendentes são seus 
pais avós, bisavós; descendentes são seus filhos, seus netos, bisnetos. E esta linha (avó – pai - filho – neto) é chamada de linha 
reta. Irmãos bilaterais são os que provém do mesmo pai e da mesma mãe, já os irmãos unilaterais provém do mesmo pai OU da 
mesma mãe. 
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II - os afins em linha reta; 
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante; 
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive; 
V - o adotado com o filho do adotante; 
VI - as pessoas casadas; 
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o 
seu consorte. 
 
Art. 1.522. Os impedimentos podem ser opostos, até o momento da celebração do casamento, por 
qualquer pessoa capaz. 
Parágrafo único. Se o juiz, ou o oficial de registro, tiver conhecimento da existência de algum 
impedimento, será obrigado a declará-lo. 
 
Visto os dois artigos, vamos fazer alguns comentários: 
✓Os impedimentos não poderão ser interpretados de forma extensiva, pois constituem tipos 
fechados que estão expressamente previstos na lei, ou seja, os únicos impedimentos são os que 
vimos acima. 
✓Quanto ao primeiro impedimento – casamento de ascendente com descendente, o parentesco 
consanguíneo entre eles é em linha reta e infinita. E tendo em vista sua importância moral, este 
impedimento alcança também o parentesco de natureza civil – adoção, de inseminação artificial 
heteróloga e de posse de estado de filiação – este assunto será visto mais detalhadamente nesta 
aula. 
✓Quanto ao terceiro impedimento – parentesco por afinidade em linha reta, são impedidos de casar 
os ascendentes e descendentes do outro cônjuge (sogros, sogras, genros, noras e enteados). Este 
parentesco nunca vai se extinguir, mesmo que o casamento acabe por divórcio ou falecimento. 
Alcançará a união estável. 
✓Quanto ao quarto impedimento, que proíbe o casamento entre irmãos e entre parentes colaterais 
até o 3º grau, alcançará não apenas os irmãos consanguíneos unilaterais e bilaterais, mas também 
os adotivos, de inseminação artificial heteróloga e os de posse do estado de filiação. Os tios e 
sobrinhos são colaterais de 3º grau e de acordo com o artigo são impedidos de casar, entretanto 
será autorizado tal casamento, se se submeterem ao exame pré-nupcial que será realizado por dois 
médicos nomeados pelo juiz a ser requerido no processo de habilitação para o casamento, e se o 
resultado for favorável – de acordo com Decreto-Lei n. 3.200/41. Já os primos como são parentes 
colaterais de 4º grau poderão casar-se de acordo com sua vontade. 
✓Quanto ao sétimo impedimento, este dependerá de trânsito em julgado da decisão condenatória, 
em respeito ao princípio da presunção de inocência. 
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Após estudarmos os impedimentos, vamos agora ver as causas de suspensão do casamento. 
 
Nas palavras de Paulo Lôbo17: “São situações que não impedem a celebração do casamento, mas 
acarretam, como consequência jurídica desvantajosa aos cônjuges que não as observam, a 
imposição do regime matrimonial de separação total de bens. Têm finalidade inibitória, não 
proibitiva (o art. 1.523 do Código Civil utiliza a expressão “não devem”, em vez de “não podem”, que 
foi empregada para os impedimentos). Não há qualquer sanção de invalidade por sua não 
observância, daí que não seria correto dizer violação”. 
 
Art. 1.523. Não devem casar: 
I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos bens do 
casal e der partilha aos herdeiros; 
II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses 
depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal; 
III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal. 
IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com 
a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas 
as respectivas contas. 
Parágrafo único. É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que não lhes sejam aplicadas as causas 
suspensivas previstas nos incisos I, III e IV deste artigo, provando-se a inexistência de prejuízo, 
respectivamente, para o herdeiro, para o ex-cônjuge e para a pessoa tutelada ou curatelada; no caso 
do inciso II, a nubente deverá provar nascimento de filho, ou inexistência de gravidez, na fluência do 
prazo. 
 
Quanto à segunda causa de suspensão do casamento, o período disposto no artigo, tem por objetivo 
evitar a confusão de paternidade entre o primeiro e o segundo marido. Todavia, se a mulher 
comprovar que não está grávida, ou ainda se o filho já nasceu o juiz poderá desconsiderar esta causa 
suspensiva. 
 
 
17 Paulo Lôbo, Famílias, Saraiva 2011, 4ª ed., pág. 111. 
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Art. 1.524. As causas suspensivas da celebração do casamento podem ser arguidas pelos parentes 
em linha reta de um dos nubentes, sejam consanguíneos ou afins, e pelos colaterais em segundo 
grau, sejam também consanguíneos ou afins. 
 
Visto a parte geral, os impedimentos e as causas suspensivas, vamos às regras para o processo de 
habilitaçãopara o casamento. 
 
A habilitação constitui a primeira fase do casamento, e será feita perante o oficial de registro civil da 
residência dos noivos, ou de um deles. Além do noivo e da noiva poderá fazer o requerimento junto 
ao oficial de registro um procurador que responda pelos dois ou somente por um deles. 
A habilitação compreende o requerimento, a juntada de documentos, a publicidade, o parecer do 
ministério público e por fim o certificado de aptidão para a celebração do casamento. 
Para fazer o requerimento os noivos terão que juntar os documentos especificados no art. 1.525: 
Art. 1.525. O requerimento de habilitação para o casamento será firmado por ambos os nubentes, 
de próprio punho, ou, a seu pedido, por procurador, e deve ser instruído com os seguintes 
documentos: 
I - certidão de nascimento ou documento equivalente; 
II - autorização por escrito das pessoas sob cuja dependência legal estiverem, ou ato judicial que a 
supra; 
III - declaração de duas testemunhas maiores, parentes ou não, que atestem conhecê-los e afirmem 
não existir impedimento que os iniba de casar; 
IV - declaração do estado civil, do domicílio e da residência atual dos contraentes e de seus pais, 
se forem conhecidos; 
V - certidão de óbito do cônjuge falecido, de sentença declaratória de nulidade ou de anulação de 
casamento, transitada em julgado, ou do registro da sentença de divórcio. 
Após a entrega de toda a documentação caberá ao oficial do registro verificar sua regularidade. 
 
Art. 1.526. A habilitação será feita pessoalmente perante o oficial do Registro Civil, com a audiência 
do Ministério Público. 
Parágrafo único. Caso haja impugnação do oficial, do Ministério Público ou de terceiro, a habilitação 
será submetida ao juiz. 
 
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Art. 1.527. Estando em ordem a documentação, o oficial extrairá o edital, que se afixará durante 
quinze dias nas circunscrições do Registro Civil de ambos os nubentes, e, obrigatoriamente, se 
publicará na imprensa local, se houver. 
Parágrafo único. A autoridade competente, havendo urgência, poderá dispensar a publicação. 
 
O objetivo de se fixar o edital e de se publicar na imprensa local será para dar publicidade ao ato, de 
tornar pública a intenção dos noivos de se casarem, e para que se alguém souber de algum 
impedimento ou de alguma causa de suspensão indique para o oficial. 
A dispensa de publicação de que fala o parágrafo único do artigo 1.527, poderá ser concedida pelo 
juiz se os noivos o convencerem da urgência e da inexistência de impedimentos para o casamento. 
 
Art. 1.528. É dever do oficial do registro esclarecer os nubentes a respeito dos fatos que podem 
ocasionar a invalidade do casamento, bem como sobre os diversos regimes de bens. 
 
Art. 1.529. Tanto os impedimentos quanto as causas suspensivas serão opostos em declaração 
escrita e assinada, instruída com as provas do fato alegado, ou com a indicação do lugar onde 
possam ser obtidas. 
 
Art. 1.530. O oficial do registro dará aos nubentes ou a seus representantes nota da oposição, 
indicando os fundamentos, as provas e o nome de quem a ofereceu. 
Parágrafo único. Podem os nubentes requerer prazo razoável para fazer prova contrária aos fatos 
alegados, e promover as ações civis e criminais contra o oponente de má-fé. 
 
Art. 1.531. Cumpridas as formalidades dos arts. 1.526 e 1.527 e verificada a inexistência de fato 
obstativo, o oficial do registro extrairá o certificado de habilitação. 
 
Art. 1.532. A eficácia da habilitação será de noventa dias, a contar da data em que foi extraído o 
certificado. 
 
Este certificado de habilitação será indispensável para que haja a celebração tanto do casamento 
religioso como do civil. 
 
A celebração do casamento deverá ser requerida pelos noivos – que já estão com sua certidão de 
habilitação, à autoridade que presidirá o ato, requerendo também, neste ato, a determinação do 
dia, hora e local da celebração, de acordo com o art. 1.533: 
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Art. 1.533. Celebrar-se-á o casamento, no dia, hora e lugar previamente designados pela autoridade 
que houver de presidir o ato, mediante petição dos contraentes, que se mostrem habilitados com a 
certidão do art. 1.531. 
 
A celebração será realizada na sede do cartório onde se processou a habilitação, mas poderá ser 
também realizada em outro lugar, público ou privado, de acordo com o art. 1.534: 
Art. 1.534. A solenidade realizar-se-á na sede do cartório, com toda publicidade, a portas abertas, 
presentes pelo menos duas testemunhas, parentes ou não dos contraentes, ou, querendo as partes 
e consentindo a autoridade celebrante, noutro edifício público ou particular. 
§ 1º. Quando o casamento for em edifício particular, ficará este de portas abertas durante o ato. 
§ 2º. Serão quatro as testemunhas na hipótese do parágrafo anterior e se algum dos contraentes 
não souber ou não puder escrever. 
 
Portanto, tanto no cartório quanto em outro lugar público ou privado as portas e janelas ficarão 
abertas durante a celebração para cumprir com a exigência de publicidade e também para que 
qualquer impedimento possa ser oposto. 
Neste ato devem estar presentes ambos os noivos – presença simultânea. 
Porém existem casos especiais em que devido a determinadas situações o casamento poderá ser 
realizado mediante procuração. Nas palavras de Paulo Lôbo18: “Para a celebração poderá ocorrer 
que um dos nubentes (ou até mesmo ambos) não esteja presente, mas representado por procurador, 
com poderes bastantes para tal, inclusive para declarar a vontade do mandante de se casar com o 
outro nubente. O procurador pode ser de qualquer sexo, pois não é ele que está a casar, mas seu 
mandante. Em virtude de a lei determinar que um nubente “receba” o outro como marido ou mulher, 
entendemos que os nubentes não podem estar representados pelo mesmo e único procurador”. 
 
Art. 1.542. O casamento pode celebrar-se mediante procuração, por instrumento público, com 
poderes especiais. 
§ 1º. A revogação do mandato não necessita chegar ao conhecimento do mandatário; mas, 
celebrado o casamento sem que o mandatário ou o outro contraente tivessem ciência da revogação, 
responderá o mandante por perdas e danos. 
§ 2º. O nubente que não estiver em iminente risco de vida poderá fazer-se representar no casamento 
nuncupativo. 
§ 3º. A eficácia do mandato não ultrapassará noventa dias. 
§ 4º. Só por instrumento público se poderá revogar o mandato. 
 
 
18 Paulo Lôbo, Famílias, Saraiva 2011, 4ª ed., pág. 115. 
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Como afirmamos anteriormente, para que o casamento seja considerado válido é preciso que sejam 
cumpridas as formalidades elencadas no CC/2002, uma destas formalidades está ligada ao momento 
da manifestação de vontade dos noivos. Quanto a esta formalidade temos o art. 1.535: 
Art. 1.535. Presentes os contraentes, em pessoa ou por procurador especial, juntamente com as 
testemunhas e o oficial do registro, o presidente do ato, ouvida aos nubentes a afirmação de que 
pretendem casar por livre e espontânea vontade, declarará efetuado o casamento, nestes termos: 
"De acordo com a vontade que ambos acabais de afirmar perante mim, de vos receberdes por marido 
e mulher, eu, em nome da lei, vos declaro casados”. 
 
Tenha muita atenção a este artigo! Pois somente depois de cumpridas estas formalidades é que os 
noivos serão considerados casados. 
 
Art. 1.514. O casamento se realiza nomomento em que o homem e a mulher manifestam, perante 
o juiz, a sua vontade de estabelecer vínculo conjugal, e o juiz os declara casados. 
 
O silêncio neste caso não será interpretado como aceitação, as partes devem manifestar sua vontade 
em voz alta de forma a não deixar dúvidas da sua vontade em contrair o matrimônio. Também não 
serão admitidas brincadeiras, de acordo com o art. 1.538: 
Art. 1.538. A celebração do casamento será imediatamente suspensa se algum dos contraentes: 
I - recusar a solene afirmação da sua vontade; 
II - declarar que esta não é livre e espontânea; 
III - manifestar-se arrependido. 
Parágrafo único. O nubente que, por algum dos fatos mencionados neste artigo, der causa à 
suspensão do ato, não será admitido a retratar-se no mesmo dia. 
 
Assim, se algum dos noivos fizer uma brincadeira e declarar que não aceita se casar, o casamento 
não poderá ser realizado naquele dia, pois de acordo com o parágrafo único do art. 1.538, não será 
admitido retratar-se naquele mesmo dia. 
Após a celebração do casamento, será lavrado assento no livro de registro, com os elementos 
determinados no art. 1.536: 
Art. 1.536. Do casamento, logo depois de celebrado, lavrar-se-á o assento no livro de registro. No 
assento, assinado pelo presidente do ato, pelos cônjuges, as testemunhas, e o oficial do registro, 
serão exarados: 
I - os prenomes, sobrenomes, datas de nascimento, profissão, domicílio e residência atual dos 
cônjuges; 
II - os prenomes, sobrenomes, datas de nascimento ou de morte, domicílio e residência atual dos 
pais; 
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III - o prenome e sobrenome do cônjuge precedente e a data da dissolução do casamento anterior; 
IV - a data da publicação dos proclamas e da celebração do casamento; 
V - a relação dos documentos apresentados ao oficial do registro; 
VI - o prenome, sobrenome, profissão, domicílio e residência atual das testemunhas; 
VII - o regime do casamento, com a declaração da data e do cartório em cujas notas foi lavrada a 
escritura antenupcial, quando o regime não for o da comunhão parcial, ou o obrigatoriamente 
estabelecido. 
 
No entanto, existem algumas situações especiais que não permitem a obediência do modelo legal 
para a celebração do casamento. 
De acordo com a lei, são duas as situações: ¹um dos noivos está impedido em razão de moléstia 
grave e ²o chamado casamento nuncupativo. 
No primeiro caso, um dos noivos está impedido de se deslocar até o local de realização do casamento 
em razão de estar gravemente doente. Regulamentando esta situação temos o art. 1.539: 
Art. 1.539. No caso de moléstia grave de um dos nubentes, o presidente do ato irá celebrá-lo onde 
se encontrar o impedido, sendo urgente, ainda que à noite, perante duas testemunhas que saibam 
ler e escrever. 
§ 1º. A falta ou impedimento da autoridade competente para presidir o casamento suprir-se-á por 
qualquer dos seus substitutos legais, e a do oficial do Registro Civil por outro ad hoc, nomeado pelo 
presidente do ato. 
§ 2º. O termo avulso, lavrado pelo oficial ad hoc, será registrado no respectivo registro dentro em 
cinco dias, perante duas testemunhas, ficando arquivado. 
Sobre o casamento nuncupativo fala Paulo Lôbo19: “O termo jurídico nuncupativo diz respeito ao ato 
não escrito, ao que é só oral ou de nome, quando circunstâncias excepcionais admitem que seja 
afastada a forma escrita ou solene exigida em lei. Também é denominada in articulo mortis. O 
casamento nuncupativo, pois, é o que se realiza sem as formalidades legais da habilitação e da 
presença e declaração do celebrante quando um dos nubentes está em iminente perigo de vida. São 
hipóteses dessa espécie de casamento as situações de guerra, de conflitos armados, de calamidades 
naturais, quando não se pode contar com a presença da autoridade competente. A celebração será 
feita diretamente pelos nubentes que manifestarão sua vontade em se casar, perante seis 
testemunhas. Essas testemunhas não poderão ter relação de parentesco com os nubentes, em linha 
reta ou até o segundo grau (irmãos)”. 
 
Art. 1.540. Quando algum dos contraentes estiver em iminente risco de vida, não obtendo a presença 
da autoridade à qual incumba presidir o ato, nem a de seu substituto, poderá o casamento ser 
 
19 Paulo Lôbo, Famílias, Saraiva 2011, 4ª ed., pág. 118. 
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celebrado na presença de seis testemunhas, que com os nubentes não tenham parentesco em linha 
reta, ou, na colateral, até segundo grau. 
Art. 1.541. Realizado o casamento, devem as testemunhas comparecer perante a autoridade judicial 
mais próxima, dentro em dez dias, pedindo que lhes tome por termo a declaração de: 
I - que foram convocadas por parte do enfermo; 
II - que este parecia em perigo de vida, mas em seu juízo; 
III - que, em sua presença, declararam os contraentes, livre e espontaneamente, receber-se por 
marido e mulher. 
§ 1º. Autuado o pedido e tomadas as declarações, o juiz procederá às diligências necessárias para 
verificar se os contraentes podiam ter-se habilitado, na forma ordinária, ouvidos os interessados que 
o requererem, dentro em quinze dias. 
§ 2º. Verificada a idoneidade dos cônjuges para o casamento, assim o decidirá a autoridade 
competente, com recurso voluntário às partes. 
§ 3º. Se da decisão não se tiver recorrido, ou se ela passar em julgado, apesar dos recursos 
interpostos, o juiz mandará registrá-la no livro do Registro dos Casamentos. 
§ 4º. O assento assim lavrado retrotrairá os efeitos do casamento, quanto ao estado dos cônjuges, à 
data da celebração. 
§ 5º. Serão dispensadas as formalidades deste e do artigo antecedente, se o enfermo convalescer 
e puder ratificar o casamento na presença da autoridade competente e do oficial do registro. 
 
Pode, ainda, o casamento ter sido realizado no exterior. Quanto a este tipo de casamento temos 4 
hipóteses: ¹casal brasileiro que se casa em país e perante autoridade estrangeira, segundo as leis 
estrangeiras; ²casal brasileiro que se casa no estrangeiro, perante cônsul brasileiro, seguindo as leis 
brasileiras; ³brasileira(o) que se casa 4com estrangeiro(a) perante autoridade e leis estrangeiras; 
brasileira(o) que se casa com estrangeiro(a) perante autoridade e leis brasileiras. 
Independente de qual hipótese for realizada o casamento, se seus atos forem válidos, seu registro 
deverá ser efetivado em 180 dias de acordo com o art. 1.544: 
Art. 1.544. O casamento de brasileiro, celebrado no estrangeiro, perante as respectivas autoridades 
ou os cônsules brasileiros, deverá ser registrado em cento e oitenta dias, a contar da volta de um 
ou de ambos os cônjuges ao Brasil, no cartório do respectivo domicílio, ou, em sua falta, no 1o Ofício 
da Capital do Estado em que passarem a residir. 
 
Lembre-se que vimos na aula 00 que a lei de domicílio da pessoa é que determina as regras sobre o 
casamento. Assim, nas hipóteses 1 e 3, o casamento, no que se refere ao plano da existência, 
validade e eficácia, será regulado pela lei estrangeira. O termo do respectivo casamento deverá ser 
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autenticado em Consulado brasileiro e, em momento posterior traduzido para que possa ser 
registrado no Brasil. 
 
4.1– INVALIDADE DO CASAMENTO 
O capítulo VIII do CC/2002 que trata da invalidade do casamento prevê em seus dispositivos a 
nulidade e a anulabilidade. No entanto a doutrina fala dos casamentos inexistentes, que também 
serão incluídos no rol do gêneroda inexistência. 
Deste modo vão existir três espécies de casamento inválido: o casamento inexistente, o casamento 
nulo e o casamento anulável. 
 
✓Casamento inexistente: é aquele que não possui os requisitos essenciais do casamento que são: 
consentimento e celebração na forma da lei. Tenha atenção. Estes são os requisitos para a existência 
do casamento, para a validade outros serão exigidos. 
O reconhecimento da inexistência poderá ocorrer a qualquer tempo, uma vez que não está sujeito 
a prazos de prescrição ou decadência. 
Neste momento vamos “abrir um parêntese” para explicarmos o casamento putativo, que por vezes 
poderá ser confundido com casamento inexistente. 
 
Casamento putativo é aquele que embora possa vir a ser nulo ou anulável foi contraído de boa-fé – 
ou seja, sem que se soubesse da existência de impedimentos para a realização do casamento, por 
um ou ambos os cônjuges. Assim o casamento putativo poderá decorrer de erro que tanto poderá 
ser de fato (p. ex. pai e filha que se casam por ignorarem este parentesco), como de direito (p. ex. 
tio e sobrinha que ignoram que tenham que fazer um exame pré-nupcial). 
 
O casamento putativo está previsto no art. 1.561: 
Art. 1.561. Embora anulável ou mesmo nulo, se contraído de boa-fé por ambos os cônjuges, o 
casamento, em relação a estes como aos filhos, produz todos os efeitos até o dia da sentença 
anulatória. 
§ 1º. Se um dos cônjuges estava de boa-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só a ele e 
aos filhos aproveitarão. 
§ 2º. Se ambos os cônjuges estavam de má-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só aos 
filhos aproveitarão. 
 
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O casamento putativo produzirá os seguintes efeitos: quanto aos filhos – de acordo com o artigo 
que vimos acima, mais especificamente ao § 2º, mesmo que os dois cônjuges estejam de má-fé, com 
relação aos filhos manterá seus efeitos civis; quanto aos alimentos – existe divergências a respeito 
de serem devidos até a sentença de invalidação, ou se mesmo após esta sentença ter sido proferida 
e eles não serem mais casados, ainda persiste a obrigação de prestar alimentos; quanto aos cônjuges 
– em relação ao que estava de boa-fé são os mesmos de um casamento válido e perfeito. No entanto, 
se encerram na data do trânsito em julgado da sentença que lhe determine o fim. 
Deste modo, tenha cuidado para não confundir o casamento putativo – que foi constituído com 
infringência aos impedimentos matrimoniais, com o casamento inexistente – que é aquele em que 
não são preenchidos os requisitos básicos para a existência20. 
Voltando ao casamento inexistente, no que diz respeito ao requisito da celebração temos o art. 
1.554: 
Art. 1.554. Subsiste o casamento celebrado por aquele que, sem possuir a competência exigida na 
lei, exercer publicamente as funções de juiz de casamentos e, nessa qualidade, tiver registrado o ato 
no Registro Civil. 
 
Trata-se da aplicação do princípio geral de direito in dubio pro matrimonio e do que protege a boa-
fé. 
 
Vimos que o casamento inválido poderá ser considerado nulo ou vir a ser anulado dependendo do 
grau do defeito. Vamos estudar cada um de forma individual. 
✓Casamento nulo: de acordo com o CC/2002, alterado pela Lei nº 13.146/15, há somente um caso 
que anulará o casamento. 
 
Art. 1.548. É nulo o casamento contraído: 
I - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) 
II - por infringência de impedimento. 
Assim, o inciso II trata dos impedimentos previstos no art. 1.521 que vimos quando tratamos dos 
impedimentos matrimoniais. 
 
20 Não são todos os autores que consideram a falta de consentimento como causa de inexistência, mas sim causa de invalidade. 
Para estes autores as causas seriam duas: a inobservância da diversidade de sexos e a ausência de celebração regular. 
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A nulidade será declarada mediante uma ação ordinária, de acordo com o art. 1.549: 
Art. 1.549. A decretação de nulidade de casamento, pelos motivos previstos no artigo antecedente, 
pode ser promovida mediante ação direta, por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público. 
 
Deste modo, possuem legitimidade para propor a ação declaratória de nulidade somente quem 
tenha legítimo interesse econômico (como os herdeiros sucessíveis, os credores dos cônjuges) ou 
moral (os próprios cônjuges, os filhos, os pais, e até o primeiro cônjuge do bígamo) e ao Ministério 
Público. 
 
Uma vez declarado nulo o casamento por sentença esta retroagirá a data da celebração do 
matrimonio de acordo com o art. 1.563: 
Art. 1.563. A sentença que decretar a nulidade do casamento retroagirá à data da sua celebração, 
sem prejudicar a aquisição de direitos, a título oneroso, por terceiros de boa-fé, nem a resultante 
de sentença transitada em julgado. 
 
Mesmo que nulo o casamento os efeitos quanto aos filhos permanecerão, isso é o que assegura o 
art. 1.561: 
Art. 1.561. Embora anulável ou mesmo nulo, se contraído de boa-fé por ambos os cônjuges, o 
casamento, em relação a estes como aos filhos, produz todos os efeitos até o dia da sentença 
anulatória. 
§ 1º. Se um dos cônjuges estava de boa-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só a ele e 
aos filhos aproveitarão. 
§ 2º. Se ambos os cônjuges estavam de má-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só aos 
filhos aproveitarão. 
 
Sobre este assunto atente para as palavras de Carlos Roberto Gonçalves21: “O casamento nulo, 
entretanto aproveita aos filhos (CC, art. 1.561), e a paternidade é certa. Se reconhecida a boa-fé de 
um ou de ambos os cônjuges, ele será putativo e produzirá efeitos de casamento válido ao cônjuge 
de boa-fé até a data da sentença”. 
 
✓Casamento anulável – os casos em que o casamento será anulado estão elencados no art. 1.550: 
Art. 1.550. É anulável o casamento: 
I - de quem não completou a idade mínima para casar; 
 
21 Carlos Alberto Gonçalves, Sinopses Jurídicas, Direito de Família. Ed. Saraiva, 16ª ed., 2012, pg. 53. 
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II - do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal; 
III - por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558; 
IV - do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento; 
V - realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogação do 
mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges; 
VI - por incompetência da autoridade celebrante. 
§ 1º. Equipara-se à revogação a invalidade do mandato judicialmente decretada. 
§ 2º. A pessoa com deficiência mental ou intelectual em idade núbia poderá contrair matrimônio, 
expressando sua vontade diretamente ou por meio de seu responsável ou curador. (Incluído pela Lei 
nº 13.146, de 2015) 
 
(FCC/ DPE-ES –2016) 
Podem casar as pessoas com deficiência intelectual ou mental em idade núbil, expressando sua 
vontade por meio de curador. 
Comentários: 
Art. 1.550. É anulável o casamento: 
§ 2º. A pessoa com deficiência mental ou intelectual em idade núbia poderá contrair 
matrimônio, expressando sua vontade diretamente ou por meio de seu responsável ou curador. 
Gabarito: Correto. 
 
A legitimidade para a propositura da ação anulatória cabe exclusivamente às pessoas diretamente 
interessadas. 
Quanto ao inciso I dos casos de anulabilidade – defeito de idade, o art. 1.552: 
Art. 1.552. A anulação do casamento dos menores de dezesseis anos será requerida: 
I - pelo própriocônjuge menor; 
II - por seus representantes legais; 
III - por seus ascendentes. 
 
Em relação ao prazo para os legitimados intentarem a ação temos o §1º do art. 1.560: 
Art. 1.560. § 1º. Extingue-se, em cento e oitenta dias, o direito de anular o casamento dos menores 
de dezesseis anos, contado o prazo para o menor do dia em que perfez essa idade; e da data do 
casamento, para seus representantes legais ou ascendentes. 
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No entanto o menor poderá validar seu casamento de acordo com o art. 1.553: 
Art. 1.553. O menor que não atingiu a idade núbil poderá, depois de completá-la, confirmar seu 
casamento, com a autorização de seus representantes legais, se necessária, ou com suprimento 
judicial. 
Art. 1.551. Não se anulará, por motivo de idade, o casamento de que resultou gravidez. 
 
Ainda que esta gravidez aconteça depois de ajuizada à ação. 
 
Quanto ao inciso II do art. 1.550 – falta de autorização do representante legal, temos o art. 1.555. 
 
Art. 1.555. O casamento do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante 
legal, só poderá ser anulado se a ação for proposta em cento e oitenta dias, por iniciativa do 
incapaz, ao deixar de sê-lo, de seus representantes legais ou de seus herdeiros necessários. 
§ 1º. O prazo estabelecido neste artigo será contado do dia em que cessou a incapacidade, no 
primeiro caso; a partir do casamento, no segundo; e, no terceiro, da morte do incapaz. 
§ 2º. Não se anulará o casamento quando à sua celebração houverem assistido os representantes 
legais do incapaz, ou tiverem, por qualquer modo, manifestado sua aprovação. 
 
Quanto ao inciso III do art. 1.550 – vício da vontade nos casos dos arts. 1.556 a 1.558. 
 
Art. 1.556. O casamento pode ser anulado por vício da vontade, se houve por parte de um dos 
nubentes, ao consentir, erro essencial quanto à pessoa do outro. 
 
Art. 1.557. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge: 
I - o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro tal que o seu 
conhecimento ulterior torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado; 
II - a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne insuportável a vida 
conjugal; 
III - a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável que não caracterize 
deficiência ou de moléstia grave e transmissível, por contágio ou por herança, capaz de pôr em risco 
a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) 
IV - (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) 
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Algumas considerações sobre este artigo: 
✓Quanto ao erro sobre a identidade da pessoa (inciso I) este poderá ser de duas espécies: físico 
ou civil. O erro físico é raro de acontecer e se dá quando a pessoa se casa com pessoa diversa e 
ignora este fato. 
 
✓De acordo com Carlos Roberto Gonçalves22: “A identidade civil é o conjunto de atributos ou 
qualidades com que a pessoa se apresenta no meio social. Honrada é a pessoa digna, que pauta 
sua vida pelos ditames da moral. Boa fama é o conceito e a estima social de que a pessoa goza, 
por proceder corretamente”. 
 
✓Para que o erro essencial seja admitido como causa de anulabilidade do casamento, dois 
requisitos deverão ser preenchidos: ¹que este defeito seja preexistente, ou seja, que exista antes 
do casamento; ² que a descoberta feita após o casamento torne a vida a dois insuportável. 
 
✓Quanto à ignorância de crime, não é exigida para a anulação a condenação criminal, basta a 
existência de crime e sua autoria. 
 
✓Como exemplos de defeito físico irremediável temos a deformação de órgãos genitais que 
impeçam a prática de atos sexuais, e como exemplo de moléstia grave nós temos a tuberculose 
ou a AIDS. 
 
✓Somente o cônjuge que incidiu em erro poderá opor a ação de anulação, e o prazo está disposto 
no art. 1.560, III: 
Art. 1.560. III - três anos, nos casos dos incisos I a IV do art. 1.557; 
 
Art. 1.558. É anulável o casamento em virtude de coação, quando o consentimento de um ou de 
ambos os cônjuges houver sido captado mediante fundado temor de mal considerável e iminente 
para a vida, a saúde e a honra, sua ou de seus familiares. 
 
✓Quanto à coação, esta poderá ser tanto a moral como a relativa. Não poderá ser a física, porque 
esta tornaria o casamento inexistente tendo em vista que vicia o consentimento. 
 
 
22 Carlos Alberto Gonçalves, Sinopses Jurídicas, Direito de Família. Ed. Saraiva, 16ª ed., 2012, pg. 56. 
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✓A ação também só será promovida pelo próprio cônjuge no prazo de 4 anos a contar da 
celebração do casamento, conforme art. 1.560, IV - quatro anos, se houver coação. 
 
Art. 1.559. Somente o cônjuge que incidiu em erro, ou sofreu coação, pode demandar a anulação do 
casamento; mas a coabitação, havendo ciência do vício, valida o ato, ressalvadas as hipóteses dos 
incisos III e IV do art. 1.557. 
 
Continuando com o art. 1.550, vamos falar do inciso IV – incapacidade de manifestação do 
consentimento, neste caso de anulabilidade será apenas uma redução da capacidade, casos de 
pessoas relativamente capazes, se a incapacidade for total será caso de anulação. O prazo será de 
180 dias, conforme art. 1.560, I. 
 
Quanto ao inciso V – realização do casamento por mandatário mesmo estando revogado o mandato, 
o prazo para a revogação do casamento será de 180 dias contados da data em que o mandante tiver 
conhecimento da celebração, conforme art. 1.560, §2º. Neste caso o mandatário age de boa-fé uma 
vez que não sabia que seu mandato estava revogado. 
E por fim temos a hipótese do inciso VI - celebração do casamento por autoridade incompetente é 
anulável no prazo estipulado pelo art. 1.560, II. 
 
Art. 1.560. O prazo para ser intentada a ação de anulação do casamento, a contar da data da 
celebração, é de: II - dois anos, se incompetente a autoridade celebrante; 
 
4.2 – EFICÁCIA DO CASAMENTO 
Vamos começar o estudo dos efeitos pessoais do casamento válido pelo primeiro artigo referente 
ao tema do CC /2002. 
 
Art. 1.565. Pelo casamento, homem e mulher assumem mutuamente a condição de consortes, 
companheiros e responsáveis pelos encargos da família. 
§ 1º. Qualquer dos nubentes, querendo, poderá acrescer ao seu o sobrenome do outro. 
§ 2º. O planejamento familiar é de livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos 
educacionais e financeiros para o exercício desse direito, vedado qualquer tipo de coerção por parte 
de instituições privadas ou públicas. 
Da leitura do artigo 1.565 podemos ver que o primeiro efeito do casamento é a constituição da 
família. O segundo efeito é a assunção por ambos os cônjuges a condição de consortes, 
companheiros e responsáveis pelos encargos da família. 
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O terceiro efeito nós encontramos no art. 1.566 que impõe os deveres matrimoniais dos cônjuges: 
Art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges: 
I - fidelidade recíproca; 
II - vida em comum, no domicílio conjugal; 
III - mútua assistência; 
IV - sustento, guarda e educação dos filhos; 
V - respeito e consideração mútuos. 
 
Vamos vê-los de forma individual. 
 
I. O dever de fidelidade recíproca foi profundamentealterado com a entrada em vigor da Emenda 
do Divórcio (EC 66/2010). Esta emenda alterou o art. 226, § 6º da CF que a partir dela passou a ter a 
seguinte definição: “o casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio”. Esta emenda constitucional 
suprimiu a separação judicial, e criou controvérsia na doutrina com relação à possibilidade de 
discussão quanto à culpa para o fim do casamento. Sem nos aprofundarmos em tal discussão cabe 
apenas lembrar que a culpa ainda será levada em consideração em determinados – como em caso 
de divórcio onde esta será analisada para a atribuição da responsabilidade civil e para afixação dos 
alimentos. 
II. O dever de vida em comum no domicílio conjugal vem sendo analisado a partir da realidade social, 
de modo a admitir-se a coabitação fracionada sem que esta situação configure a quebra dos deveres 
matrimoniais. Sobre este dever temos ainda outro artigo, qual seja o art. 1.569: 
Art. 1.569. O domicílio do casal será escolhido por ambos os cônjuges, mas um e outro podem 
ausentar-se do domicílio conjugal para atender a encargos públicos, ao exercício de sua profissão, 
ou a interesses particulares relevantes. 
 
III. O dever de mútua assistência envolve a assistência moral, afetiva, patrimonial, sexual e espiritual. 
Sobre o dever de mútua assistência patrimonial temos o art. 1.568. 
Art. 1.568. Os cônjuges são obrigados a concorrer, na proporção de seus bens e dos rendimentos do 
trabalho, para o sustento da família e a educação dos filhos, qualquer que seja o regime 
patrimonial. 
 
IV. Quanto ao dever de sustento, de guarda e de educação dos filhos, temos um artigo 
complementar, que é o art. 1.567: 
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Art. 1.567. A direção da sociedade conjugal será exercida, em colaboração, pelo marido e pela 
mulher, sempre no interesse do casal e dos filhos. 
Parágrafo único. Havendo divergência, qualquer dos cônjuges poderá recorrer ao juiz, que decidirá 
tendo em consideração aqueles interesses. 
 
V. E, por fim, o dever de respeito e considerações mútuos possui relação com o aspecto espiritual 
do casamento e com o companheirismo que nele deve existir. Quanto a este dever vamos usar as 
bonitas palavras de Paulo Lôbo23: “A comunhão de vida não elimina a personalidade de cada cônjuge. 
O dever de respeito e consideração mútuos abrange a inviolabilidade da vida, da liberdade, da 
integridade física e psíquica, da honra, do nome, da imagem, da privacidade do outro cônjuge. Mas 
não é só um dever de abstenção ou negativo, porque impõe prestações positivas de defesa de valores 
comuns, tais como a honra solidária, o bom nome familiar, o patrimônio moral comum”. 
 
Para encerrarmos este assunto vamos ver o art. 1.570: 
Art. 1.570. Se qualquer dos cônjuges estiver em lugar remoto ou não sabido, encarcerado por mais 
de cento e oitenta dias, interditado judicialmente ou privado, episodicamente, de consciência, em 
virtude de enfermidade ou de acidente, o outro exercerá com exclusividade a direção da família, 
cabendo-lhe a administração dos bens. 
4.3 – DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE CONJUGAL E DO CASAMENTO 
Aluno, esta parte da matéria está particularmente complicada. É sabido que a Emenda 
Constitucional n. 66/2010 alterou o art. 266, § 6º da Constituição Federal. 
 
A alteração deu-se na parte final do parágrafo, onde foi suprimida a separação judicial, e também o 
lapso temporal para o divórcio. Vamos ver como ficou a redação de tal dispositivo: 
Art. 266, § 6º. O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio. (Redação dada Pela Emenda 
Constitucional nº 66, de 2010). 
 
Vamos às palavras de Carlos Roberto Gonçalves24: “A inovação constitucional leva à conclusão de 
que a separação judicial ou por escritura pública foi eliminada de nosso direito, restando o divórcio 
que, ao mesmo tempo, rompe a sociedade conjugal e extingue o vínculo matrimonial”. 
 
Há, atualmente, na doutrina e na jurisprudência, inúmeras controvérsias em decorrência das 
mudanças do comentado artigo da CF. Existem doutrinadores e até mesmo tribunais que entendem 
 
23 Paulo Lôbo, Famílias, Saraiva 2011, 4ª ed., pág.144. 
24 Carlos Alberto Gonçalves, Sinopses Jurídicas, Direito de Família. Ed. Saraiva, 16ª ed., 2012, pg. 71. 
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que a modificação da EC 66/2010 não alterou a legislação infraconstitucional, e, deste modo, a 
separação judicial continua válida. Tanto é que na V Jornada de Direito Civil (que tem por objetivo 
demonstrar o pensamento civilista nacional) foram aprovados vários Enunciados relativos ao tema. 
Vamos transcrevê-los: 
Enunciado n. 514. “A Emenda Constitucional nº 66/2010 não extinguiu o instituto da separação 
judicial e extrajudicial”. 
Enunciado n. 515. “Pela interpretação teleológica da Emenda Constitucional nº 66/2010, não há 
prazo mínimo de casamento para a separação consensual”. 
Enunciado n. 516. “Na separação judicial por mútuo consentimento, o juiz só poderá intervir no limite 
da preservação do interesse dos incapazes ou de um dos cônjuges, permitida a cindibilidade dos 
pedidos com a concordância das partes, aplicando-se esse entendimento também ao divórcio”. 
Enunciado n. 517. “A Emenda Constitucional nº 66/2010 extinguiu os prazos previstos no art. 1.580 
do Código Civil, mantido o divórcio por conversão”. 
 
Apesar dos Enunciados, muitos doutrinadores e tribunais entendem que a separação de fato foi 
abolida de nosso ordenamento, tendo em vista a CF, que é nossa lei maior. 
Como não cabe em nosso curso estas discussões doutrinárias e tendo em vista que ainda não há 
jurisprudência consolidada sobre a matéria em questão, optamos por colocar o assunto dissolução 
da sociedade conjugal e do casamento, porém de uma forma prática e de fácil assimilação. 
 
4.4 – DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE CONJUGAL 
A sociedade conjugal é o conjunto de direitos e obrigações que formam a vida em comum dos 
cônjuges e que englobam os deveres de coabitação, fidelidade recíproca e o regime de bens. 
O art. 1.571 traz as causas que determinam a dissolução desta sociedade: 
Art. 1.571. A sociedade conjugal termina: 
I - pela morte de um dos cônjuges; 
II - pela nulidade ou anulação do casamento; 
III - pela separação judicial; 
IV - pelo divórcio. 
§ 1º. O casamento válido só se dissolve pela morte de um dos cônjuges ou pelo divórcio, aplicando-
se a presunção estabelecida neste Código quanto ao ausente. 
Aline Baptista Santiago, Paulo H M Sousa
Aula 08
Direito Civil p/ TJ-SC (Analista Jurídico) Com Videoaulas - FCC
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07476819969 - Sarah Dutra
 
 
 
 
 
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§ 2º. Dissolvido o casamento pelo divórcio direto ou por conversão, o cônjuge poderá manter o nome 
de casado; salvo, no segundo caso, dispondo em contrário a sentença de separação judicial. 
 
A separação judicial poderá ser de duas espécies: 
✓separação consensual ou por mútuo consentimento dos cônjuges casados a mais de um ano, 
conforme art. 1.574: 
Art. 1.574. Dar-se-á a separação judicial por mútuo consentimento dos cônjuges se forem casados 
por mais de um ano e o manifestarem perante o juiz, sendo por ele devidamente homologada a 
convenção. 
Parágrafo único. O juiz pode recusar a homologação e não decretar a separação judicial se apurar 
que a convenção não preserva suficientemente os interesses dos filhos ou de um dos cônjuges. 
 
Assim, poderão os cônjuges, depois de completado um ano de casados e munidos de sua certidão 
de casamento, sem especificar os motivos, requerer a separação amigável. Nesta situação, o juiz 
atuará como um administrador de interesses privados, uma vez que não há litígio, pois ambos os 
cônjuges buscam

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