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TEORIA GERAL DO PROCESSO Prof. Roberto de Araujo Vieira Universidade Federal Fluminense - UFF 2013 AULA 03 Teorias processuais e Trilogia estrutural do Direito Processo – 1)Jurisdição Conceitos Direito Processual x Direito Material O Direito Material, também chamado substantivo ou substancial é aquele consubstanciado na lei em si (CP, CC, CLT, etc.). Ou ainda como conceitua Araujo Cintra: é o corpo de normas que disciplinam as relações jurídicas referentes a bens e utilidades da vida. O Direito Processual é o direito que estabele a forma de se chegar à concretização do direito material, contendo as normas, prazos e atos inerentes à realização do direito material (CPC, CPP, itens da CLT, Processual Eleitoral, etc.) Outros conceitos doutrinários de Direito Processual Hernando Devis Echandia: ✗ Direito Processual é o ramo do Direito que estuda o conjunto de normas e princípios que regulam a função jurisdicional do Estado em todos os seus aspectos e que, portanto, fixam o procedimento que se há de seguir para obter a atuação do direito positivo nos casos concretos, e que determinam as pessoas que devem submeter-se à jurisdição do Estado e os funcionários encarregados de exercê-la. Alexandre Freitas Câmara: ✗ Direito Processual é o ramo da ciência jurídica que estuda e regulamenta o exercício, pelo Estado, da função jurisdicional. Outros conceitos doutrinários de Direito Processual Jose Becerra Bautista: ✗ Direito Processual é o conjunto de normas que têm por objetivo e fim a realização do direito objetivo através da tutela do direito subjetivo, mediante o exercício da função jurisdicional. Enrico Tullio Liebman: ✗ O Direito Processual é um ramo do Direito destinado precisamente à tarefa de garantir a eficácia prática e efetiva do ordenamento juridico, instituindo órgãos públicos com a incumbência de atuar essa garantia e disciplinando as modalidades e formas da sua atividade. Outros conceitos doutrinários de Direito Processual Moacyr Amaral Santos: ✗ Direito Processual é o sistema de princípios e leis que disciplinam o processo. Antonio Carlos Araújo Cintra, Ada Pellegrini Grinover e Candido Rangel Dinamarco: ✗ O Direito Processual é o complexo de normas e princípios que regem o exercício conjunto da jurisdição pelo Estado-Juiz, da ação pelo demandante e da defesa pelo demandado. Divisão dos poderes Poder Executivo – executa; poder político Poder Legislativo – legisla; poder político Poder Judiciário – julga poder isento poder jurisdicional – finalidade pacificadora Divisão do Direito Direito privado x Direito público (supremacia) Direito processual uno (art. 22, I e 24, XI CFB), divididos em ramos Teorias acerca do Direito Processual Teoria Imanentista O direito processual não era autônomo, sendo mero apêndice do direito material O direito processual (não era sequer considerado a parte) era uma mera sequencia de atos e formalidades. Teorias acerca do Direito Processual Teoria Autonomista O direito processual tem autonomia em relação ao direito material, onde estão previstos os ritos, prazos, formas e procedimentos inerentes à busca do direito O Direito processual passa a integrar-se ao Direito Público. São desta fase os maiores processualistas de todos os tempos: Carnelutti, Chiovenda, Liebman, entre outros. No Brasil, Alfredo Buzaid, Lopes da Costa, Moacyr Amaral Santos, etc. Teorias acerca do Direito Processual Teoria Instrumentalista Além da autonomia, o direito processual busca instrumentalizar a justiça de forma a torná-la mais ágil, segura e de mais fácil atingimento, melhorando o exercício da prestação jurisdicional. Trilogia Estrutural do Direito Processual No Brasil, por influência italiana de Enrico Tullio Liebman, é de grande aceitação a trilogia estrutural de conceitos básicos de instituições de direito processual, a qual se erige sob três elementos fundamentais, quais sejam, jurisdição, ação e processo. Sobre eles é que está edificada, e deles deriva, toda a teoria processualística, traduzindo-se na base metodológica e científica do estudo do direito processual. Trilogia Estrutural do Direito Processual Jurisdição: quando o Estado (através de um juiz de direito) apreciasse uma pretensão, objetivando resolver um conflito jurídico de interesses, com o caráter de substitutividade, a atividade seria jurisdicional. (Bellinetti). Ação: é o instituto jurídico por meio do qual é conferido à parte o direito subjetivo de submeter uma pretensão resistida à tutela jurisdicional do Estado. Processo: é uma operação (série de atos coordenados) por meio da qual se pretende a composição do litígio. Jurisdição - conceitos Jurisdição é a função, o poder e a atividade do Estado de se substituir aos titulares de interesses em conflito para decidir com imparcialidade e gerar a pacificação social. É uma regra inerte: só atua mediante provocação (regra geral) e iniciativa das partes. É una e indivisível. Jurisdição - caracteristicas Escopo de atuação da vontade da lei: a lei precisa ser cumprida. Como não há uma espontaneidade, muitas vezes, no seu cumprimento, o estado precisa restabelecer a ordem, impondo o seu cumprimento. A jurisdição existe para concretizar a lei. Jurisdição - caracteristicas Caráter substitutivo de sua atuação: ela é exercida pelo Estado, em substituição às partes, com exclusividade. Definitividade de seu provimento de mérito: caracteriza-se pela sua natureza definitiva, imutável. Decidida a questão, se transforma em coisa julgada. Jurisdição - caracteristicas Inércia inicial (demanda): art. 2o do CPC, 24 CPP. Julgador imparcial. Nemo iudex sine actore e ne procedat iudex ex officio. Exceções: habeas corpus de ofício, proteção na infância e adolescência, etc. Declaratória: Não cria direitos, só reconhece os direitos preexistentes. Lide a resolver: pretensões resistidas a serem satisfeitas. Princípios da Jurisdição 1. Investidura: somente juízes investidos legalmente podem exercer a jurisdição – 132 CPC; 2. Princípio da aderência ao território ou territorialidade: a jurisdição não pode ser exercida de forma plena e ilimitada. Ela deve obedecer os limites territoriais do Estado; 3. Princípio da indelegabilidade: não pode ser delegado; 4. Princípio da inevitabilidade ou indeclinabilidade: o juiz não pode se eximir de julgar; 5. Princípio da Inafastabilidade: (art.5o, XXXV) CFB. Todos os atos devem ser comandados pelo Judiciário. Exceções: Juri, Justiça desportiva,etc. Há uma tendência de mitigação deste princípio. Ex.: Crimes tributários. Princípios da Jurisdição 6. Princípio do Juiz natural: é aquele que, em cada caso concreto, as normas de organização judiciária e de competência indicam às partes. Previamente designado pela Lei. 7. Princípio da improrrogabilidade: vedação de alterar (prorrogar) uma competência fixada em lei, de um para outro órgão judicial, salvo expressa determinação legal. 8. Princípio da proximidade razoável: fixação de competência internacional da autoridade judiciária brasileira. 9. Princípio da periodicidade do exercício da jurisdição eleitoral: prazo certo. 10. Princípio da hierarquia e da disciplina: tipicamente militar. Jurisdição - espécies Quanto à pretenção a ser examinada: penal ou civil. Quanto à origem: Nacional ou internacional (Haia – crimes contra à Humanidade). Quanto ao órgão que a exerce: Comum ou Especial. A comum se subdivide em ComumFederal (109 CFB) e Estadual Quanto ao grau hierárquico: Superior (Tribunais Superiores e inferiores) ou inferior (Varas e Juízes). Alguns autores, como Negreiros Lima ainda chamam ainda os Tribunais acima dos de 2o grau de Tribunais de superposição. Quanto à fonte que o fundamenta: jurisdição de direito (regra geral) ou de equidade (Excepcional: juizados (art.6o lei juizados), relações de consumo (art. 7o CDC). Jurisdição - espécies Quanto a natureza do objeto: Jurisdição voluntária (ou graciosa): é a administração pública de interesses privados. Não há necessariamente conflito entre as partes, mas o estado prevê a necessidade de ir a juízo porque os interesses envolvidos são relevantes. Jurisdição contenciosa (ou litigiosa): solução de situações de incerteza ou conflitos de interesses estabelecidos entre seus pretensos titulares. O Estado definirá quem tem razão e lhe atribuirá o bem da vida disputado. Jurisdição voluntária É jurisdição? Teoria Clássica (Frederico Marques, Chiovenda, etc): Não é jurisdição, mas sim mera administração Pública dos direitos privados. É constitutiva e não declaratória. Teoria Revisionista (Dinamarco, Greco Filho, Sérgio Bermudes, Echandia, etc.): É jurisdição sim. Pode haver processo sem lide, mas não sem pretensão. Substitutivos da Jurisdição Arbitragem; Autocomposição Autotutela (residual)
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