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UNIDADE I – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO COMERCIAL E EMPRESARIAL E REVISÃO DE CONCEITOS DE OUTRAS MATÉRIAS JURÍDICAS PERTINENTES

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A sabedoria é a única arma invencível de um povo 
1 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ 
FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA E CONTABILIDADE 
DEPARTAMENTO DE CONTABILIDADE 
DISCIPLINA: LEGISLAÇÃO SOCIETÁRIA E COMERCIAL 
PROFESSOR: ALBERTO SOARES 
 
UNIDADE I – 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO COMERCIAL E EMPRESARIAL 
E REVISÃO DE CONCEITOS DE OUTRAS MATÉRIAS JURÍDICAS PERTINENTES 
 
SUMÁRIO 
1 DIREITO COMERCIAL - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
 1.1 Conceito e objeto do direito comercial - - - - - - - - - - - - - 
 1.1.1 Conceito - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
 1.1.2 Objeto - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
 1.2 Características e autonomia do direito comercial - - - 
 1.2.1 Características do direito comercial - - - - - - - - - - - - - - - 
 1.2.1.1 Cosmopolitismo - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
 1.2.1.2 Individualismo - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
 1.2.1.3 Onerosidade - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
 1.2.1.4 Informalismo - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
 1.2.1.5 Fragmentarismo - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
 1.2.1.6 Elasticidade - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
 1.2.2 Autonomia do direito comercial - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
 1.3 Fontes do direito comercial - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -- 
 1.3.1 Fonte primária - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
 1.3.2 Fontes secundárias - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
 1.3.2.1 Usos e costumes comerciais - - - - - - - - - - - - - 
 Uso de fato - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
 Uso de direito - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
 Uso de concorrência leal - - - - - - - - - - - - - - - - 
 1.3.2.2 Analogia - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
 1.3.2.3 Jurisprudência - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
 1.3.2.4 Princípios gerais do direito - - - - - - - - - - - - - - - 
 1.4 Divisão e períodos do direito comercial - - - - - - - - - - - - 
 1.4.1 Ramos do direito comercial - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
 1.4.2 Períodos do direito comercial - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
 1.4.2.1 Período subjetivo - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
 1.4.2.2 Período objetivo - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
 1.4.2.3 Período subjetivo moderno - - - - - - - - - - - - - - - 
 1.4.3 Fases do direito comercial brasileiro - - - - - - - - - - - - - - 
 1.5 Comerciante e atos de comércio - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
 1.5.1 Conceito de comerciante - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
 1.5.2 Mercância e atos de comércio - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
 1.5.3 Divisão dos atos de comércio - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
 1.5.3.1 Atos de comércio por natureza - - - - - - - - - - - - 
 1.5.3.2 Atos de comércio objetivos - - - - - - - - - - - - - - 
 
 
A Sabedoria é a única arma invencível de um povo 
2 
 
 1.5.3.3 Atos de comércio por conexão - - - - - - - - - - - - 
 1.5.4 A forma como critério de comercialidade - - - - - - - - - - - 
 1.6 Conceito econômico e jurídico de comércio - - - - - - - - - 
 1.6.1 Comércio: conceito econômico - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
 1.6.2 Comércio: conceito jurídico - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
2 DIREITO EMPRESARIAL - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
 2.1 Conceito de direito empresarial - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
 2.2 Objeto do direito empresarial - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
 2.3 Consequências advindas com o direito empresarial - - 
 EXERCÍCIOS - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
 REFERÊNCIAS - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Sabedoria é a única arma invencível de um povo 
3 
1 DIREITO COMERCIAL 
A produção e a circulação de bens e serviços remontam tempos que vão desde a Idade Antiga até 
os tempos modernos e passaram por diversas fases durante o processo de desenvolvimento 
humano. As práticas mercantis se iniciaram na antiguidade com as relações de troca direta, 
denominada escambo. Dessa forma, os povos antigos como troianos, egípcios, cretenses, sírios, 
cartagineses, babilônios e muitos outros promoviam a circulação de seus bens e serviços. 
 
Nessa fase antiga, surgiram códigos, leis e ordenações que muito contribuíram para a 
sistematização da prática mercantil. Arrolam-se os seguintes ordenamentos: 
 o Código de Hamurabi – com disposições expressas sobre empréstimos e juros; 
 a Lex Rhodia de Jactu – com disposições sobre alijamento e outros prejuízos; 
 o Nauticum Foenus – com disposições sobre mútuo e seguro marítimo. 
 
Ainda, nessa época, ingressaram no comércio, os termos freguês, frete, armazéns e avarias, 
todos advindos dos povos árabes. 
 
Observando-se o estudo da evolução do processo de desenvolvimento humano, a Idade Média 
sempre é percebida como marco ou ponto de referência ente a cultura antiga e a moderna. Pois 
foi nessa fase da história que diversos campos das ciências sociais tiveram suas bases 
alicerçadas. Nessa idade, as práticas mercantis iniciaram o seu processo de sistematização 
através de um número maior e relevante de compilações estatutárias pertinentes à atividade de 
comércio. Entre elas, destacaram-se: 
 as Consuetudines de Gênova; 
 o Constitutum Usus de Pisa; 
 o Líber Consuetudinum de Milão; 
 os Jugements de Oléron; 
 a Tabula Amalfitana; 
 o Guidon de la Mer de Barcelona. 
 
O final da Idade Média foi recheado de eventos socioeconômicos e políticos que muito 
contribuíram para o desenvolvimento da atividade mercantil. Destacam-se aqui: 
 as cruzadas; 
 o surgimento da burguesia; 
 as corporações, as feiras e os mercados; 
 o mercantilismo: conjunto de ideias e práticas econômicas que floresceram na Europa entre 
1450 e 1750, baseado, principalmente, no metalismo, ou seja, que a prosperidade dos países 
parece estar na razão direta da quantidade de metais preciosos que possuam. 
 
Com a formação e o fortalecimento dos estados nacionais, surgiram realmente, as primeiras leis 
ou normas do direito comercial. Tem-se, por exemplo: 
 a Navigation Act – na Inglaterra; 
 a Ordennance sur le Commerce de Terre – na França; 
 a Ordennance sur le Commerce de Mer – também na França; 
 o Código Comercial Napoleônico. 
 
Uma síntese da evolução do direito comercial desde a Idade Antiga até então, seria sequenciar 
sua evolução nos seguintes períodos: corporativismo, mercantilismo, liberalismo e 
intervencionismo estatal – a partir da primeira grande guerra mundial. 
 
O direito comercial, propriamente dito, surgiu na Idade Média, juntamente com a ideia de atividade 
do comércio como ato de intermediação praticado pelo comerciante. Inicialmente, o direito 
comercial baseou-se nos costumes difundidos pelas corporações de ofício1; e, posteriormente, 
passou a ser fundamentado nos atos de comércio, como seu principal suporte de sistematização. 
 
 
1
 Corporações de ofício eram associações que surgiram na Idade Média, a partir do século XII, em virtude 
da necessidade dos comerciantes de se defenderem contra os abusos dos poderosos, e eram 
organizadas segundo os vários ramos do comércio. (VIVANTE,2003, p.13). Elas caracterizavam-se por 
criar suas próprias normas, possuir jurisdição particular, eleger o juiz que dirimia as contendas e, este se 
guiava pelos usos e costumes adotados pelos comerciantes. Entende-se por corporação de ofício as 
guildas (associações) de pessoas qualificadas para trabalhar numa determinada função, que se uniam 
em corporações, a fim de se defenderem e de negociarem de forma mais eficiente 
 
 
 
A Sabedoria é a única arma invencível de um povo 
4 
Claro que a atividade comercial é praticada desde a antiguidade e, naquela época, deveria ser 
desenvolvida com obediência a regulamentações rudimentares a cerca do comércio, que era 
praticado mediante a troca de mercadorias por mercadorias (escambo). 
 
De acordo com Martins (2007, p. 02-04), “A ideia de atividade de comércio como ato de 
intermediação que consistia no fato de adquirir determinada quantidade de mercadorias, de 
diversas qualidades, quer poderiam ser utilizadas pelos vários grupos sociais, a fim de serem 
trocadas posteriormente por quem delas necessitava surge somente na Idade Média.” E, assim, 
nasceu a figura do comerciante e, consequentemente, o direito comercial como um conjunto de 
normas voltadas para a regulamentação das atividades comerciais. 
 
1.1 Conceito e objeto de direito comercial 
1.1.1 Conceito direito comercial 
De acordo com Carvalho de Mendonça (apud BERTOLDI e RIBEIRO, 2014), direito comercial é a 
disciplina jurídica reguladora dos atos de comércio e, ao mesmo tempo, dos direitos e obrigações 
das pessoas que os exercem profissionalmente e dos seus auxiliares. 
 
Direito comercial é o complexo de normas jurídicas que regulam as relações derivadas das 
indústrias e atividades que a lei considera mercantis, assim como os direitos e obrigações das 
pessoas, que profissionalmente as exercem. 
 
O direito comercial compreende um conjunto de regras jurídicas que regulam as atividades das 
empresas e dos empresários comerciais, bem como os atos considerados comerciais, mesmo que 
esses atos não se relacionem com as atividades das empresas. 
 
Ressalta-se o fato de que a teoria dos atos de comércio foi extinta com o advento do Código Civil 
de 2002. Por essa razão, o próprio conceito de “direito comercial” tecnicamente não representa a 
matéria jurídica atual, a qual mais precisamente tem a designação de “direito empresarial”. 
 
1.1.2 Objeto do direito comercial 
São critérios determinantes do cerne do direito comercial: 
 as relações jurídicas mercantis ou relações de mercado definidas pela qualidade do sujeito (o 
direito comercial como direito de uma corporação profissional, a dos comerciantes); 
 a relação jurídica mercantil definida pela natureza do objeto (o direito comercial como direito 
dos atos de comércio, verificado nas atividades de transformação e circulação de bens móveis 
ou semoventes, corpóreos ou incorpóreos, inclusive aquelas atividades que a lei determinou 
como comerciais, por exemplo, transporte, crédito, seguros entre outras); 
 o direito comercial como direito das relações decorrentes da atividade empresarial. 
 
O direito comercial possui objeto vasto e se caracteriza pelos títulos de crédito, marcas e patentes, 
comércio marítimo, contratos empresariais, atividades financeiras, câmbio e seguros, valores 
mobiliários, falência e recuperação, matérias estas que permanecem fora do novo Código Civil, 
apesar de para os títulos de crédito, existir previsão específica no Código Civil, mas que não se 
esgota, haja vista que leis extravagantes também regulam a matéria. 
 
Lei extravagante também conhecida como lei especial, é uma lei que se encontra fora do código que 
regula certo setor da vida social a que se destina. 
 
Com o novo Código Civil, amplia-se o domínio do direito comercial através da teoria da empresa, 
que inclui o empresário civil, uma vez que este pelo antigo sistema, não estava inserido no 
regime jurídico mercantil; não podia, portanto, pedir recuperação, falência etc. O direito comercial 
foi então, ampliado, dado que o risco da atividade econômica, que era restrita ao comerciante, 
começou também a recair sobre o prestador civil de serviços. 
 
Observando-se os elementos acima, constata-se que ficam fora do campo de aplicação do direito 
comercial: agricultura, pecuária, silvicultura, mineração, a caça, a pesca, e a maioria dos serviços, 
considerados como atividade civil, sobretudo, aqueles decorrentes de atividade intelectual criativa, 
como, por exemplo, os serviços profissionais liberais. 
 
Resumindo, o objeto do direito comercial é a empresa como unidade serviçal do mercado, cuja 
existência está amarrada ao intuito de lucro. 
 
 
 
A Sabedoria é a única arma invencível de um povo 
5 
1.2. Características e autonomia do direito comercial 
O direito comercial é o complexo normativo positivo que focaliza as relações jurídicas derivadas 
do exercício da atividade empresarial. 
 
1.2.1 Características direito comercial 
Pela sua natureza e estrutura de direito privado, o direito comercial caracteriza-se e diferencia-se 
dos outros ramos do direito, sobretudo do direito civil, pelos seguintes traços peculiares: 
cosmopolitismo, individualismo, onerosidade, informalismo, fragmentarismo e solidariedade 
presumida, rapidez e elasticidade. 
 
1.2.1.1 Cosmopolitismo 
Essa característica é também denominada de internacionalidade. Diversas convenções 
internacionais regulam muitas leis de comércio marítimo e aéreo, e, atualmente, leis uniformes 
regem a letra de câmbio, a nota promissória e o cheque. Os governos, pelos seus diplomatas, e 
os comercialistas pesquisam um tipo de sociedade anônima multinacional, ou de tipo europeu, 
segundo os estudos dos países componentes do Mercado Comum Europeu. A Organização das 
Nações Unidas (ONU) patrocina estudos para a elaboração de um código de comércio 
internacional. 
 
Significa “aquele que recebe influência cultural de grandes centros urbanos”, ou, sob ótica 
estritamente jurídica, a possibilidade de aplicação de leis e convenções internacionais ao direito 
comercial, por exemplo, a Lei Uniforme de Genebra, que dispõe sobre letras de câmbio, notas 
promissórias e cheque. 
 
Em síntese, diz-se que enquanto o Direito Civil tem âmbito nacional, o Direito Comercial tem 
âmbito internacional. 
 
1.2.1.2 Individualismo 
As regras de direito comercial inspiram-se em acentuado individualismo, verificado no fato de que 
o lucro está diretamente vinculado ao interesse individual, ou seja, é a preocupação imediata do 
indivíduo. Esse tradicional individualismo, temos de reconhecer, está temperado nos tempos 
modernos pela atuação do Estado, limitando a liberdade do contrato, que era um dos apanágios 
do individualismo. A liberdade do contrato, todavia, constitui ainda regra preponderante nas 
relações mercantis. 
 
1.2.1.3 Onerosidade 
As relações comerciais envolvem a atividade econômica, sendo assim, a onerosidade sempre 
estará presente, porque o objetivo do empresário é a obtenção de lucro, não se concebe na 
atividade comercial a gratuidade. A onerosidade é a regra, e ela se presume. No direito civil, a 
gratuidade é a constante, em muitos contratos, a começar pelo mandato. O mutum, no direito 
romano, era contrato entre amigos, passando a ser oneroso com o desenvolvimento do comércio. 
 
1.2.1.4 Informalismo 
É a característica também denominada de simplicidade. 
Em face da técnica própria do direito comercial, e de seu objetivo de regular operações em 
massa, em que a rapidez da contratação é elemento substancial, forçou-se a supressão do 
formalismo. Em compensação, a boa-fé impera nos contratos comerciais, impondo-se meios de 
provas mais simples e numerosos do que no direito civil. 
 
Observa-se que o Estado impõe, para segurança de terceiros, como na emissão dos títulos de 
créditoou na constituição de sociedades por ações, regras solenes e extremamente formalistas. 
Entretanto, cumprida a formalidade inicial, a negociabilidade torna-se extremamente simplificada, 
ou seja, aqui não há formalidades como no direito civil, por exemplo, a circulação de títulos de 
crédito no mercado, mediante o endosso do papel. 
 
1.2.1.5 Fragmentarismo 
O direito comercial é extremamente fragmentário. Não forma um sistema jurídico completo, mas 
um complexo de normas, que deixa muitas lacunas. Na verdade, muitos estudiosos entendem que 
 
 
A Sabedoria é a única arma invencível de um povo 
6 
o direito comercial é um conjunto de normas extraordinariamente fragmentário. Isso ocorre pelo 
fato de o direito comercial apresentar-se subdividido em diversos ramos, com características 
peculiares e, na maioria das vezes, independentes umas em relação às outras. Sua existência 
depende da harmonia com o conjunto de regras de outros diplomas legislativos. 
 
1.2.1.6 Elasticidade 
O direito empresarial, por transcender os limites do território nacional, precisa estar muito mais 
atento aos costumes empresariais do que aos ditames legais. Permanece em constante processo 
de mudanças, adaptando-se à evolução das relações de comércio. Exemplo: contratos de leasing 
e franchising. 
 
1.2.1 Autonomia do direito comercial 
Vive-se, atualmente, um momento de transição com a unificação do Direito Civil e do Direito 
Comercial, dada pelo novo Código Civil, que revogou do artigo 1º ao artigo 456 do Código 
Comercial de 1850. 
 
Isso implica ou representa a perda da autonomia do direito comercial? Muitos deparam com esse 
questionamento. E você, já se perguntou sobre isso? 
 
Nas palavras de Reale (2001, p.6), está a seguinte afirmação: “[...] a unificação (que é parcial) do 
direito civil e do direito comercial, no campo das obrigações, é de alcance legislativo, e não 
doutrinário, sem afetar a autonomia daquelas disciplinas”. 
 
Sempre que se estuda um novo ramo do direito, importa saber se possui autonomia, que deve ser 
didática, científica e legislativa. 
 
Didaticamente, o direito comercial continua integrando os currículos universitários como disciplina 
própria, igualmente contando com linhas de pesquisas no ensino de pós-graduação. Do ponto de 
vista científico, o direito comercial apresenta características próprias, já elencadas e deve ser 
investigado de acordo com o método indutivo que parte do dado particular para obter 
generalizações, assumindo a função e a estrutura dos institutos, importância fundamental na 
interpretação. Sob o enfoque da autonomia legislativa, a Constituição Federal estatui que compete 
à União legislar sobre direito comercial. 
 
Vale registrar, que atualmente, tramita no Congresso Nacional o Projeto de Lei nº 1572/11 que 
visa a instituir o novo Código Comercial, como documento autônomo do Código Civil de 2002. 
 
1.3 Fontes do direito comercial 
Fonte do direito é o meio técnico de realização do direito objetivo. As fontes são, pois, as 
matrizes geradoras da ordem jurídica, como as respostas instrumentais que a concretizam. 
 
Por fontes do direito comercial, entende-se o modo pelo qual surgem as normas jurídicas de 
natureza comercial. Essas normas jurídicas comerciais constituem um direito especial, que 
determina o que seja a matéria comercial e a ela se aplica exclusivamente. Ao lado dessas regras, 
como cenário, permanecem as regras do direito comum. 
 
As fontes são tanto as matrizes geradoras da ordem jurídica como as respostas instrumentais que 
a concretizam. Por isso não estão dispostas no mesmo nível. Guardam um escalonamento de 
preferência, que lhes oferece denominações diferentes, conforme os critérios adotados, dividindo-
se em fonte primária e secundária. 
 
1.3.1 Fonte primária 
Também denominada de fonte direta ou imediata. Têm-se as leis comerciais como principal 
fonte do direito comercial, pois a preponderância da lei é natural e compulsória como fonte 
principal, ou seja, como expressão genérica da ordem jurídica. 
 
No Brasil, o Código Comercial surgiu pela Lei nº 556, de 25 de junho de 1850. Constitui um 
monumento da cultura jurídica. Foi seguido, após a sua promulgação, pelo Regulamento nº 737, 
que estabeleceu as regras do processo comercial. 
 
 
 
A Sabedoria é a única arma invencível de um povo 
7 
Além do Código Comercial, o direito comercial brasileiro é constituído de centenas de leis 
esparsas, que o modificaram ou o acresceram ao longo do tempo. 
 
Em síntese, a fonte primária do direito comercial brasileiro é expressa como segue: 
 o Código Comercial, a parte não revogada; 
 o Código Civil de 2002; 
 as normas pertinentes ao direito comercial previstas em diplomas de outros ramos da ordem 
jurídica; 
 a norma regulamentar derivada do estado; e 
 os tratados e convenções internacionais. 
 
1.3.2 Fontes secundárias 
Também denominadas de fontes mediatas ou indiretas, são aquelas representadas, 
principalmente pelos usos e costumes (que não sejam contra a lei), a analogia, os princípios 
gerais do direito, a doutrina (fonte intelectiva) e jurisprudência. 
 
É verdade que nem sempre a lei oferece todas as respostas, mas também é verdade que sua 
eventual omissão não pode ensejar lacunas no sistema jurídico. Em outras palavras, o órgão 
judiciário não pode eximir-se de entregar a prestação jurisdicional a pretexto de falta de previsão 
legal. Nesse caso, a solução é lançar mão do recurso a outros elementos acessórios, 
coadjuvantes de interpretação como alternativa para dirimir litígios, e, assim, realizar-se a 
necessária densificação do direito. 
 
Em síntese, são fontes secundárias ou indiretas do direito comercial: 
 os usos e costumes; 
 a analogia ou jurisprudência; 
 os princípios gerais de direito. 
 
1.3.2.1 Usos e costumes comerciais 
Usos e costumes são fontes importantes do direito comercial e significam a prática efetiva e 
repetida de uma determinada conduta. É a observância uniforme e constante de certas práticas e 
regras pelos empresários em seus negócios. 
 
Por ter sido inicialmente um direito consuetudinário, fundado nos estilos dos comerciantes 
medievais, o direito comercial mantém tradicionalmente o prestígio dos usos e costumes como 
regra subsidiária de suas normas. 
 
As codificações, surgidas no século passado, sintetizaram os usos e costumes já incorporados 
nos repositórios organizados pelas corporações. O legislador das codificações não podia, 
portanto, desconhecer ou desprezar a inteligência inventiva e a engenhosa capacidade técnica 
dos comerciantes de criarem normas práticas, para assegurar o desenvolvimento de seus 
negócios, com instrumentos novos e descerrando novos horizontes. 
 
Na linguagem corrente, não se faz distinção entre as expressões usos e costumes. Alguns 
autores, todavia, procuram distinguir esses termos, vendo nos costumes uma regra mais 
imperativa do que os usos, os quais seriam simplesmente convencionais. 
 
Os usos comerciais surgem espontaneamente. Um comerciante, em seus hábitos, fixa 
determinada norma, que vai sendo adotada por outros. De individual, o uso torna-se geral. A 
princípio, em determinada praça, que são os usos locais, expandindo-se depois para outras, 
formando os usos regionais ou nacionais. No comércio exterior, são os usos internacionais. 
 
O uso deve ser mantido de modo uniforme por certo tempo, e é observado como se fosse uma 
regra do direito e, portanto, com a convicção de que não se pode violá-lo impunemente. Assim, a 
exigência de sua formação consiste em prática uniforme, constante e por certo tempo. São 
exercidos de boa-fé e conforme as máximas comerciais, não podendo se contrapor à lei, quando 
esta for imperativa. 
 
 
 
A Sabedoria é a única arma invencível de um povo 
8 
Jean Bodin,filósofo francês (1530-1569), costumava fazer as seguintes observações sobre as 
relações entre os costumes e as leis: "um rei faz leis, súditos produzem costumes”. Na verdade, 
existe uma diferença entre ambos: 
 um costume estabelece-se gradualmente no decorrer de anos, enquanto as leis são 
instantâneas; 
 costume não necessita ser imposto, leis devem ser impostas; 
 costume não exige castigo, leis necessitam de penalidades; 
 mas enquanto uma lei pode quebrar costumes, costumes não podem derrogar leis. 
 
Os usos e costumes integram-se nos contratos como cláusulas implícitas ou tácitas, e de tal forma 
ingressam nos negócios, de sorte que seu uso constante os tornam implícitos, sendo 
desnecessário enunciá-los expressamente. Recebem eficácia da simples vontade das partes. 
 
Os usos não podem ser opostos à norma legal. Não podem ser contra a lei. A assertiva deve ser 
tomada, todavia, em termos, pois na lei comercial há que distinguir as normas de ordem pública 
das normas simplesmente supletivas da vontade das partes. É óbvio que, não sendo a regra legal 
imperativa, de ordem pública, pode ser substituída por um uso a que as partes deem 
intencionalmente preferência. 
 
Em resumo são requisitos de aplicabilidade dos usos e costumes comerciais: 
 continuidade – a prática deve ser continuada por longo período de tempo; 
 uniformidade – a prática deve ser uniforme; 
 conformidade legal a prática não deve ser contrária ao princípio da boa-fé, nem às tradições 
comerciais; não deve ser contrária à lei, à ordem pública e aos costumes comerciais. 
 assentamento na Junta Comercial. 
 
Os usos são assentados na Junta Comercial, com respaldo no art. 32, inciso II, letra “e”, da Lei nº 
8.934/94. Podem os usos ser classificados como usos propriamente ditos; conhecidos como usos 
de direito, e usos interpretativos, chamados também de usos de fato ou usos convencionais. 
 
Usos de fato 
São práticas comerciais cuja constante cria uma regra não escrita tão comum em determinados 
contratos, que mesmo não sendo escrita é subentendida. Por exemplo, as regras sobre avarias de 
produto. 
 
Usos de direito 
São imperativos que têm força de lei. Os usos interpretativos ou convencionais são os que 
decorrem da prática espontânea dos comerciantes em suas relações comerciais. São aqueles 
que derrogam a lei. Por exemplo, a lei civil veda a cobrança de juros sobre juros. Como essa 
afirmação não estar pacificada na doutrina, verifica-se a cobrança de juros sobre juros em certos 
tipos contratos. 
 
Usos de concorrência leal 
São aqueles que se destinam a evitar prejuízos dos comerciantes, vítimas de atos de 
concorrência desleal, porém não expressamente mencionados em lei. 
 
1.3.2.2 Analogia 
Analogia é definida como o "ponto de semelhança, entre coisas diferentes" (FERREIRA, 2005, p. 
12). A analogia, conforme afirma Nader (2008, p. 194), "é um recurso técnico que consiste em se 
aplicar, a uma hipótese não prevista pelo legislador, a solução por ele apresentada para outra 
hipótese fundamentalmente semelhante à não prevista". 
 
Secco (2007, p. 291) explica que a analogia "implica existir uma semelhança entre a hipótese 
tomada como padrão (aquela que está disciplinada por lei) e a hipótese a ser resolvida (sem que 
haja norma disciplinadora a respeito). A lei existente para uma situação é „arrastada‟ para suprir a 
falta de lei na outra". Esse autor vai além, ao dividir a analogia em "analogia legis" e "analogia 
juris". A primeira é resultado da utilização de determinada lei aplicável à hipótese semelhante em 
um caso que não esteja disciplinado em lei específica. A segunda, por sua vez, é a que resulta da 
aplicação de princípios jurídicos em casos similares. 
 
 
 
A Sabedoria é a única arma invencível de um povo 
9 
Como exemplo clássico e tradicionalmente didático, citados por Secco (2007, p.292), têm-se: 
a) “se a lei diz que o indivíduo que causa prejuízo a outrem deve reparar o dano, o mesmo 
princípio deve estender-se, por analogia, às pessoas jurídicas; 
b) [...]; 
c) se a lei admite influência do dolo como causa de nulidade dos contratos, analogicamente, 
aplicará a mesma regra aos negócios jurídicos”. 
 
Para Ferraz Jr. (2001, p.126), "a analogia é forma típica de raciocínio jurídico pelo qual se estende 
a facti species de uma norma a situações semelhantes para as quais, em principio não havia sido 
estabelecida". Sendo assim, a analogia pode ser entendida como uma forma de análise mais 
acurada de casos complexos, tratando-se, portanto de um processo de raciocínio lógico pelo qual 
o juiz estende um preceito legal a casos não diretamente compreendidos na descrição legal. 
 
Em síntese, tem-se que diante de uma hipótese não contemplada pela lei, pode-se aplicar a 
norma pertinente a um caso semelhante, aqui denominado de analogia. Isso significa dizer que 
fatos de igual natureza devem observar disciplina idêntica. Deduz-se, então, que o uso da 
analogia se dará quando houver à necessidade de uma interpretação mais complexa, para se 
preencher as lacunas da lei. 
 
1.3.2.3 Jurisprudência 
Jurisprudência é o conjunto de decisões tomadas pelos tribunais de determinada jurisdição, 
decorrentes de interpretações de leis, que devem ser aplicadas a casos concretos. 
 
Jurisprudência é a coletânea das decisões proferidas pelos Tribunais, resultantes da manifestação 
do pensamento coletivo, a que se chega através do voto individual de cada integrante da Turma 
Julgadora, convergente e no mesmo sentido dos votos dos demais membros (SECCO, 2007). 
 
É, também, "a interpretação dada à lei pelos julgadores, estabelecendo, de certa forma, o 
parâmetro pelo qual deverão ser julgados todos os casos idênticos" (SECCO, 2007, p. 306). 
Outrossim, designa, segundo orientação dada por Coelho (2004, p. 264), "o conjunto de princípios 
e doutrinas contidos nas decisões dos juízos e tribunais". 
 
Por outro lado, a jurisprudência é classificada por Secco (2007) em: a) secundum legem; e, b) 
praeter legem. A primeira é a interpretação dada à lei pelos juízes, com harmonia entre o texto 
legal e o sentido atribuído a ele. A segunda preenche as lacunas deixadas pela lei, é a 
considerada, efetivamente, fonte subsidiária do Direito. 
 
1.3.2.4 Princípios gerais de direito 
Também são fontes subsidiárias. Estão no sistema jurídico e são descobertos pela analogia júris. 
Não geram normas; apenas revelam normação implícita, mediante invocação das ideias 
superiores, reitoras do ordenamento. 
 
A definição ideal de princípios gerais de direito é feita por Miguel Reale (apud SECCO, 2007, p. 
300): 
A nosso ver, princípios gerais de direito são enunciações normativas de valor 
genético, que condicionam e orientam a compreensão do ordenamento jurídico, 
quer para a sua aplicação e integração, quer para a elaboração de novas normas. 
Cobrem, desse modo, tanto o campo da pesquisa pura do Direito quanto o de sua 
atualização prática. 
[...] A maioria dos princípios gerais de direito, porém, não constam de textos 
legais, mas representam contextos doutrinários ou dogmáticos fundamentais. 
 
Os princípios gerais do direito contêm múltipla natureza: 
a) são decorrentes das normas do ordenamento jurídico, ou seja, dos subsistemas normativos; 
princípios e normas não funcionam separadamente; ambos têm caráter prescritivo; atuam os 
princípios como fundamento de integração do sistema normativo e como limite da atividade 
jurisdicional; 
b) são derivados das ideias políticas e sociais vigentes, ou seja, devem corresponder ao 
subconjunto axiológico e ao fático, que norteiam o sistema jurídico, sendo, assim, um ponto 
de união entre consenso social, valores predominantes, aspirações de uma sociedade com o 
sistema de direito; 
 
 
A Sabedoria é a única arma invencível de um povo 
10 
 
Conforme Venosa(2003), "os princípios gerais de direito são regras oriundas da abstração lógica 
do que constitui o substrato comum do Direito", sendo, portanto, de grande importância para o 
legislador, "como fonte inspiradora da atividade legislativa e administrativa do Estado". 
 
1.4 Divisão e períodos do direito comercial 
1.4.1 Ramos do direito comercial 
O direito comercial pode ser segmentado da seguinte forma: 
 teoria geral do direito comercial – compreende a parte da teoria, do conteúdo, a sua 
conceituação, seus objetivos etc.; 
 direito das empresas e das sociedades – compreende o estudo do empresário, das 
sociedades; 
 direito industrial – compreende o estudo da indústria manufatureira; 
 direito cambiário ou cartular – compreende o estudo dos títulos de crédito; 
 direito das obrigações mercantis – compreende o estudo das operações e contratos mercantis, 
destacando-se: 
o direito bolsístico; 
o direito bancário; 
o direito securitário; 
o direito dos transportes; 
 direito falimentar ou concursal – compreende o estudo das falências, recuperação de 
empresas e liquidação extrajudicial; 
 direito da navegação 
o transporte por água – (comércio marítimo); 
o transporte pelo ar – (navegação aérea). 
 
1.4.2 Períodos do direito comercial 
1.4.2.1 Período subjetivo 
Sabe-se que tudo na vida, seja pessoas, organizações, seja países, o conhecimento, passa por 
distintos períodos, nem sempre lineares e constantes; às vezes, marcados por marchas e 
contramarchas. Com o direito comercial não foi diferente e teve alguns períodos até chegar ao 
atual, que é chamado de período subjetivo moderno. 
 
Em seus primórdios, o direito comercial era corporativista – corporações de ofícios, associações, 
burguesia. Assim, diz-se que transcorreu um período inicial onde o direito comercial era um 
direito corporativo, classista, só aplicado a uma classe, uma categoria específica. Isso aconteceu 
com o esfacelamento do Império Romano e a pulverização em vários estados ou nações; vários 
feudos, em que cada qual tinha seu critério organizador, regras e autoridades próprias. Cada 
feudo com seu domínio, poder, cada qual com seu suserano e vassalos e recursos diferentes. Os 
próprios comerciantes criaram então regras para se relacionarem com outros comerciantes, a fim 
de garantir a fluidez da circulação econômica. 
 
Através de suas corporações passaram a criar condições para que eles mesmos, à margem do 
estado, pudessem organizar suas atividades. Esse é o chamado período subjetivo. Com o passar 
dos tempos, percebeu-se que pessoas não comerciantes passaram a praticar atos que eram 
considerados comerciais, como o uso de títulos de crédito, entre eles a letra de câmbio. A partir 
daí, iniciou-se o processo paulatino de estender a proteção do regime jurídico mercantil àqueles 
que não eram comerciantes, mas que exerciam a sua profissão com a organização dos diversos 
fatores de produção. 
 
1.4.2.2 Período objetivo 
O estado incorporou o direito comercial, constituído até então basicamente de regras 
consuetudinárias, fruto de costumes e convenções. Veio o Código Comercial Napoleônico, de 
1807, que adotou a teoria dos atos de comércio. Estabeleceu que eram mercantis determinados 
atos apresentados numa lista e quem fizesse da prática desses atos, profissão habitual, tornava-
se comerciante. Este era o período objetivo. Objetivo porque se o ato estivesse arrolado na lista, 
era reputado mercantil. 
 
 
A Sabedoria é a única arma invencível de um povo 
11 
 
1.4.2.2 Período subjetivo moderno 
Chega-se então ao período atual com a contemporânea teoria da empresa. Evoluiu-se do direito 
que regulava a mera prática de atos e seus autores para o direito da atividade econômica 
organizada, que tanto pode abarcar objeto civil quanto mercantil, desde que a atividade seja feita 
de forma estruturada, organizada, articulando os fatores de produção. Passou-se assim, a 
abranger o empresário civil prestador de serviço, pouco importando o objeto de sua atividade, mas 
sim a organização dos distintos fatores de produção (capital, mão-de-obra, tecnologia, matéria-
prima, insumos), visando ao lucro. 
 
O quadro a seguir resume esses períodos: 
 1º período: subjetivo, classista, corporativista; 
 2º período: objetivo – regula atos praticados por comerciantes e não comerciantes, desde que 
reputados pela lei como mercantis – teoria mista; 
 3º período: subjetivo moderno – ideia de empresa e as questões a ela relacionadas. 
 
1.4.3 Fases do direito comercial brasileiro 
 1808 até 1850 – data da promulgação do Código Comercial Brasileiro; 
 1850 até 1930 – data que assinala o fim da Primeira República; 
 1930 até hoje – período de início da intervenção estatal na atividade privada. 
 
Desde a sua promulgação em 1850 até então, diversas leis, decretos e resoluções 
complementaram o Código Comercial. Entretanto a maior modificação ocorrida se deu com o 
Código Civil de 2002, que revogou toda a primeira parte do Código Comercial. 
 
1.5 Comerciante e atos de comércio 
1.5.1 Conceito de comerciante 
É a pessoa física ou jurídica, que realiza em caráter profissional, atos de intermediação, com o 
intuito de lucro. É a pessoa física ou jurídica que de maneira profissional, procura, na qualidade 
de intermediário, fazer circular as riquezas com o intuito de obter lucro. 
 
Comerciante é a pessoa que pratica atos de comércio (mercancia), habitualmente com o intuito de 
lucro. Em se tratando de direito comercial, comerciante é o sujeito mercantil que realiza os atos de 
comercio, e, nesse contexto, o direito comercial deixou de ser o direito dos comerciantes e se 
tornou o direitos dos atos de comércio. 
 
1.5.2 Mercância versus atos de comércio 
Para entender a essência dos atos de comércio, basta compreender o que vem a ser mercância. 
 
De acordo com o art. 19 do Regulamento nº 737 de 1850, considera-se mercância: 
 a compra e venda ou troca de efeitos móveis ou semoventes, para vender por grosso ou 
retalho, na mesma espécie ou manufaturados, ou para alugar o seu uso; 
 as operações de câmbio, banco e corretagem, expedição, consignação e transporte de 
mercadorias, de espetáculos públicos; 
 as empresas de fábricas, de comissões de depósito; 
 os seguros, fretamento, riscos e quaisquer contratos relativos ao comércio marítimo; 
 a armação e expedição de navios. 
 
Atos de comércio são os atos que servem para caracterizar a matéria comercial e, 
consequentemente, o campo de atuação do direito comercial. 
 
São atos praticados pelos comerciantes, necessários ao exercício de sua profissão e os reputados 
pela lei como comerciais. Por exemplo, a letra de câmbio e nota promissória. Qualquer pessoa 
que praticar um desses atos estará praticando atos de comércio. 
 
São atos praticados pelo comerciante em função de sua profissão e aqueles que a lei 
discricionariamente reputa de comerciais. 
 
 
 
 
A Sabedoria é a única arma invencível de um povo 
12 
 
1.5.3 Divisão dos atos de comércio 
A legislação comercial brasileira adotou a teoria dos atos de comércio, com a homologação do 
Regulamento 737, de 25 de novembro de 1850, atualmente revogado, mas que regulamentava a 
ordem judicial no processo comercial. O seu artigo 19 relacionavam os atos de comércio que eram 
reconhecidos pelo direito brasileiro, a saber: 
 
1.5.3.1 Atos de comércio por natureza 
Também chamados de atos subjetivos são aqueles que nascem das atividades dos comerciantes. 
São aqueles que constituem o exercício normal do comércio. 
Exemplo. As operações de compra e venda ou troca, revenda de coisas móveis ou semoventes 
para os vender a grosso ou a retalho, na mesma espécie ou manufaturados, ou para alugar o seu 
uso; as empresas de fábricas, de comissões, de depósito, de expedição, consignação, etransporte de mercadorias. (Art. 19 do Regulamento nº 737 de 1.850). 
 
1.5.3.2 Atos de comércio objetivo 
São atos que não possuem características próprias. A sua existência é subordinada à vontade do 
legislador. São aqueles reputados comerciais por determinação da lei. Por exemplo: 
 as operações com letra de câmbio e nota promissória; 
 as operações de câmbio (art. 19 do Regulamento nº 737 de 1.850); 
 as operações bancárias (art. 19 do Regulamento nº 737 de 1.850); 
 as operações de mediação nos negócios comerciais – corretagem (art. 19 do Regulamento nº 
737 de 1.850); 
 as operações com bilhete de mercadorias; 
 as operações relativas a seguros, fretamento, risco e quaisquer contratos relativos ao 
comércio marítimo (art. 19 do Regulamento nº 737 de 1.850); 
 as operações de armação e expedição de navios (art. 19 do Regulamento nº 737 de 1.850); 
 as operações de espetáculos públicos (art. 19 do Regulamento nº 737 de 1.850); 
 as operações de empresas de construção civil (por força da Lei de nº 4068/62); 
 os atos referentes às sociedades anônimas, por exemplo, operações com imóveis; 
 as operações de seguros; 
 as operações com títulos da dívida pública; 
 as operações relativas à navegação aérea. 
 
1.5.3.3 Atos de comércio por conexão 
Também conhecidos por atos de comércio por dependência ou atos acessórios – são aqueles 
que, em sua essência são civis, mas se transformam em comerciais quando praticados com a 
finalidade de facilitar o exercício da profissão comercial. 
Exemplo: a compra de um balcão, de uma vitrina. 
 
Atenção! Na transação de compra e venda de um par de sapatos, tem-se que: 
 o comerciante – pratica um ato comercial; 
 o freguês – pratica um ato civil. 
 
1.5.4 A forma como critério de comercialidade 
Independentemente do objetivo da atividade e das suas características, a lei determinou que se 
considerassem comerciais quaisquer atividades exercidas através de sociedade anônima. Trata-
se, pois, do critério de comercialidade não pelo objetivo, mas pela forma. 
 
Exemplo. 
Se um produtor rural exerce atividade agrícola, explorando sua fazenda, está fora do direito 
comercial, se, porém, se reúne a mais um, no mínimo, e constitui uma SA – sociedade anônima 
para a exploração da mesma fazenda, passará para o âmbito do direito comercial. Trata-se de 
um ato de comércio por força da lei. 
 
 
 
A Sabedoria é a única arma invencível de um povo 
13 
1.6 Conceito econômico e jurídico de comércio 
1.6.1 Comércio: conceito econômico 
O conceito econômico de comércio trata da produção e geração de riqueza. Sendo assim, 
comércio, do ponto de vista econômico, é o ramo de produção econômica que faz aumentar o 
valor dos produtos pela interposição entre produtores e consumidores a fim de facilitar a troca de 
mercadorias. 
 
Comércio é a atividade humana, de caráter especulativo, que consiste em pôr em circulação a 
riqueza produzida, tornando disponíveis bens e serviços. Como fato social e econômico, o 
comércio é uma atividade humana que põe em circulação a riqueza produzida, aumentando-lhe a 
utilidade. Mais do que troca o comércio é aproximação. 
 
A economia de troca (economia de escambo) evoluiu para a economia de mercado (economia 
monetária). O produtor já não mais produz para a troca, visando ao imediato transpasse de sua 
mercadoria em contraposição com a aquisição da de outro, com quem opera. Passa a produzir 
para vender, adquirindo moeda, para aplicá-la como capital em novo ciclo de produção. Pode, 
assim, o produtor especializar-se numa só linha de produção, para a qual se considera mais hábil 
ou que melhor proveito lhe proporciona. 
 
Aparelha-se, dessa forma, o comércio para desempenhar a sua função econômica e social, 
unindo indivíduos e aproximando os povos, tornando-se elemento de paz e solidariedade, numa 
intensa ação civilizadora. Em seus fundamentos, portanto, encontra-se arraigada a ideia de troca. 
É o tráfico mercantil, expressão comum para designar a atividade comercial. Mas para vender a 
riqueza produzida é necessário transportá-la para lugares onde, não existindo ou sendo escassa, 
adquira maior utilidade, ou desejabilidade, como falam os economistas atuais. 
 
A noção econômica apresentada por Rocco (apud BERTOLDI e RIBEIRO, 2014, p.29) é a de que: 
"o comércio é aquele ramo de produção econômica que faz aumentar o valor dos produtos pela 
interposição entre produtores e consumidores, a fim de facilitar a troca das mercadorias". 
 
Em síntese, diz-se que o conceito econômico de comércio, refere-se à atividade humana de 
caráter especulativo, que consiste em pôr em circulação a riqueza produzida, tornando disponíveis 
bens e serviços. 
 
1.6.2 Comércio: conceito jurídico 
Do o ponto de vista jurídico, comércio é o complexo de atos de intromissão/troca entre produtor e 
o consumidor, que, habitualmente, com fins de lucros, realizam, promovem, ou facilitam a 
circulação dos produtos da natureza e da indústria, para tornar mais fácil e pronta a oferta. 
 
Desse conceito, extraem-se os seguintes elementos integrantes do comércio, essenciais para a 
sua caracterização jurídica e a do comerciante: mediação ou troca, fim lucrativo e 
profissionalidade (habitualidade ou continuidade). 
 
Na mediação ou troca se concretizam os atos de intromissão ou mediação entre produtor e 
consumidor; os fins lucrativos materializam a especulação como remuneração dos fatores de 
capital utilizados no bem ou serviço; de sorte que os atos de intromissão ou mediação existentes 
entre produtor e consumidor ocorrem de forma habitual e não eventual. 
 
Juridicamente, comércio é o complexo de operações efetuadas entre produtor e consumidor, 
exercidas de forma habitual, visando ao lucro, com o propósito de realizar, promover ou facilitar a 
circulação de produtos da natureza e da indústria, na forma da lei. 
 
Quando o direito se preocupa com as atividades do comércio, para tutelá-lo com regras jurídicas, 
amplia por demais o seu conceito. Daí o conceito econômico não se ajustar nem coincidir com o 
seu conceito jurídico. 
 
Muitas atividades, relacionadas com a circulação da riqueza - como as empresas agrícolas e 
artesanais, mineração, os negócios imobiliários - escapam ao conceito jurídico de comércio, 
embora se compreendam em seu conceito econômico. E, no entanto, muitas atividades, que 
escapam ao conceito econômico, integram-se no seu conceito jurídico, por exemplo, as letras de 
câmbio e as notas promissórias, que podem ser sacadas ou emitidas por pessoas não 
comerciantes para fins civis. 
 
Um paralelo entre o conceito econômico e o jurídico de comércio se evidencia no seguinte quadro: 
 
 
A Sabedoria é a única arma invencível de um povo 
14 
 
Conceito econômico Conceito jurídico 
 mediação/troca  mediação/troca 
 ramo de produção econômica  fins lucrativos 
 aumento do valor dos produtos 
(geração de riqueza) 
 habitualidade (não eventualidade, 
implicando profissionalidade) 
 
2 DIREITO EMPRESARIAL 
Com a promulgação do Código Civil de 2002, foi inserido no ordenamento jurídico brasileiro o 
direito empresarial, revogando-se o direito comercial, juntamente com a primeira parte do 
Código Comercial. Perdeu valia aquele direito comercial, que era sustentado e regulado pela 
teoria dos atos de comércio, dependendo assim, da descrição legal dos atos comerciais para 
determinar quais atividades eram tuteladas. Quantas atividades ficavam de fora da tutela 
daquele direito! 
 
Como forma de resolver o problema de inúmeras atividades econômicas não contempladas à luz 
dos atos de comércio, adveio o direito empresarial, fundamentado na teoria da atividade da 
empresa, sendo esta a atividade economicamente organizada com o fim de lucro. 
 
Ressalta-se o fato de a substituição do direitocomercial pelo direito empresarial ou a substituição 
do termo comerciante pelo termo empresário, vai além do que se imagina. Observa-se, pois, a 
modificação de toda uma base teórica por outra de maior extensão e, consequentemente, mais 
compatível com a realidade do País. 
 
O atual direito empresarial regula a atividade economicamente organizada, com o fim de lucro, e 
desenvolveu-se a partir do direito comercial. A compreensão dessa afirmação remonta todo o 
processo de historicidade do direito comercial, destacadamente, os atos de comércio, que tão 
pobremente constituía o objeto de estudo daquela disciplina. 
 
Observa-se que somente as atividades elencadas na seção (1.5) desse estudo constituem 
atividades dos comerciantes, e, sendo assim, vários grupos de atividades econômicas eram 
excluídos, haja vista a prestação de serviços, as atividades: de extrativismo, agropecuária, 
mineração, compra e venda de imóvel, transporte de pessoas, entre outras. Assim, as 
pessoas que exploravam de forma organizada essas atividades não podiam aproveitar ou se 
beneficiar do instituto da recuperação empresarial, falência, de linha de créditos especiais para 
comerciantes. Essas atividades, apesar de lucrativas e de açambarcarem boa fatia da economia, 
deixavam a pessoa que as praticava excluídas das disposições comerciais e sob a 
regulamentação do direito civil. 
 
2.1 Conceito de direito empresarial 
Conforme já foi dito a teoria dos atos de comércio foi substituída pela teoria da empresa, cuja 
essência se sedimenta na ampla noção da atividade empresarial, como aquela que é exercida de 
forma organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços, com o intuito de lucro, 
sendo, portanto, denominada de atividade econômica. Com base nessa premissa, pode-se afirmar 
que o “direito empresarial é definido como um complexo de regras que disciplina a 
atividade econômica organizada, dirigida à satisfação das necessidades do mercado, e 
todos os atos nos quais essa atividade se concretiza.” (TOMAZETTE, 2016, p.15, grifo nosso) 
 
Esse ramo do direito está regulado no Livro II do Código Civil de 2002, apontando a empresa 
como elemento do núcleo central, apesar de a legislação não conceituar o termo empresa. O que 
se tem realmente é o conceito de empresário expresso no art. 966, cuja dissecação remete à 
atividade economicamente organizada para a produção ou circulação de bens e serviços. 
 
2.2 Objeto do direito empresarial 
Conforme as abordagens até aqui, comentadas, entende-se que o empresário, a despeito de ser 
o sujeito do direito empresarial, não é a sua peça motriz, pois, esse ramo do direito tem a 
empresa, ou a atividade empresarial, como seu objeto. É a teoria da empresa com destaque na 
atividade econômica que faz a base do direito empresarial. 
 
 
 
A Sabedoria é a única arma invencível de um povo 
15 
Ainda sobre a afirmação acima, tem-se que, com a vigência do Código Civil de 2002, o conceito 
de empresa sob o prisma da teoria da atividade empresária, não é o conceito jurídico expresso na 
seção (1.6.2), mas sim, o econômico, que se vincula à ideia central da organização dos fatores da 
produção: terra ou natureza, trabalho, capital, tecnologia e capacidade administrativa, 
indispensáveis à realização da atividade econômica. 
 
Neste sentido Coelho (2002, p.18) afirma que é a atividade, cuja marca essencial é a obtenção de 
lucro com o oferecimento ao mercado de bens ou serviços, gerados estes mediante a organização 
dos fatores de produção – força de trabalho, matéria-prima, capital e tecnologia. 
 
Se se retomar o conceito de empresário com base no art. 966 do CC/02, que diz ser empresário 
quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou circulação de 
bens ou serviços, deduz-se, concomitantemente, que a empresa, implícita nesse conceito, passa 
a representar a atividade exercida pelo empresário. Isso permite concluir que a empresa não é um 
sujeito de direito, mas sim, objeto. 
 
2.3 Consequências advindas com o direito empresarial 
A vigência do Código Civil de 2002, provocou a substituição da teoria dos atos de comércio pela 
teoria da empresa e o direito comercial passa a ser baseado e delimitado na atividade econômica 
organizada para a produção ou circulação de bens ou de serviços, libertando-se da arbitrária divisão 
das atividades econômicas segundo o seu gênero, como previa a teoria dos atos de comércio. 
 
Com a teoria da empresa, o direito comercial, agora, direito empresarial, passa a ser baseado e 
delimitado na atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou de 
serviços, libertando-se da arbitrária divisão das atividades econômicas segundo o seu gênero, 
como previa a teoria dos atos de comércio. 
 
A teoria dos atos de comércio fundamentava-se no elemento nuclear da troca, sobretudo para as 
atividades integrantes daqueles atos. Essa teoria foi afastada ou suplantada pela teoria da 
empresa, caracterizada pela atividade econômica organizada para a produção ou circulação de 
bens ou de serviços. Essa mudança possibilitou que atividades antes não tuteladas pelo direito 
comercial, tais como as decorrentes da prestação de serviço, o extrativismo, a agricultura e a 
pecuária, a mineração, dali em diante puderam ser inseridas e contempladas pelos institutos antes 
proibidos, por exemplo, a falência. 
 
Com a teoria da atividade empresarial, a empresa passou a ser o centro do direito empresarial, 
com conceituação econômica: toda atividade organizada, com o fim de lucro, gerando também o 
conceito de empresário como todo aquele que exerce a atividade empresarial é considerado o 
sujeito de direito de direito, enquanto a empresa é objeto de direito. (VENOSA. 2008). Com essa 
mudança, o direito que antes regulamentava os atos de comércio e o comerciante, agora passou a se 
preocupar, sobretudo, com a atividade economicamente organizada. 
 
De acordo com Martins (2007, p. 15, grifo nosso), 
 
O direito empresarial não se trata de um direito novo, mas de novas formas 
empregadas pelo direito comercial, para melhor amparar o desenvolvimento do 
comércio. Constituindo a empresa em um organismo subordinado ao empresário, 
apesar de este dela fazer parte, como objeto de direito não poderá ter regras próprias 
a regulá-la independentemente. O chamado direito das empresas, quando se refere 
às empresas comerciais, é o mesmo direito comercial; se, entretanto, uma regra 
jurídica se referir a uma empresa não comercial, teremos uma regra a regular fatos 
simplesmente econômicos, mas não-comerciais. 
 
Muitos doutrinadores entendem que o direito empresarial não trouxe nenhuma novidade 
substancial para o direito comercial, apenas houve uma subdivisão do segundo para permitir que 
atividades antes reguladas pelo direito civil, fossem tuteladas por esse. Esse pensamento reflete 
no conceito de empresário e de comerciante. 
 
Em síntese, a mudança de teoria que fundamenta o direito empresarial apresenta as seguintes 
consequências: 
a) a substituição do elemento nuclear da troca para a atividade empresarial, o que possibilitou 
que as atividades não protegidas, agora o fossem; 
 
 
A Sabedoria é a única arma invencível de um povo 
16 
b) a retirada dos atos de comércio, sem vinculação entre si e que dependia de descrição legal 
para a sua configuração, e a inserção da empresa como a atividade economicamente 
organizada, com o fim de lucro; 
c) a passagem da pessoalidade do Direito Comercial, com a figura do comerciante, para a 
impessoalidade do Direito Empresarial, que é organizado a partir da empresa. 
 
EXERCÍCIOS 
01) Qual o conceito econômico de comércio? 
02) Qual o conceito jurídico de comércio? 
03) Quais os elementos essenciais que caracterizam o comércio, conforme sua conceituação 
clássica? 
04) Qual o papel do Estado frenteà atividade comercial? 
05) Qual o conceito de direito comercial? 
06) Quais as características do direito comercial? 
07) Quais são as fontes do direito comercial? 
08) O que são usos e costumes comerciais? 
09) De que espécies podem ser os usos e costumes comerciais? 
10) Quais os requisitos básicos para que determinada prática seja considerada uso comercial? 
11) Como se provam os usos e costumes comerciais? 
12) Qual o principal diploma legal que disciplina o direito comercial no Brasil? 
13) As normas do direito comercial são simplesmente desvinculadas do direito civil? 
14) Qual o campo de aplicação do direito comercial? 
15) O que é mercância? 
16) Como se divide o direito comercial? 
17) Como se compreende o período subjetivo do direito comercial? 
18) A transação de produto agrícola corresponde a um ato de comércio? 
19) O que estuda o direito cambiário? 
20) Em se tratando das relações de direito, como você interpreta a compra de um par de sapatos 
feita por você? 
 
REFERÊNCIAS 
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