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Universidade Federal de Minas Gerais - FAFICH / DCP Disciplina: Estado Moderno e Capitalismo Estudo dirigido - Unidade II Leia com atenção os textos da Unidade II, identifique o(s) objetivo(s) do autor, seus principais argumentos e quais os conceitos e conclusões que apresenta ao leitor. As questões a seguir podem ser úteis na orientação de seus estudos. 1. Como Braudel define: capitalismo, capital, capitalista? Definimos capital como meios objetivos, tangíveis que permitem ser capitalista (dinheiro, bens, propriedades), contudo não designa somente as acumulações de dinheiro, mas os resultados utilizáveis e utilizados de todo o trabalho anteriormente realizado. O Capitalista por sua vez é a pessoa que dispõe dos meios, posse e poder de decisão e por meio desses tem condições de preservar seus privilégios e de reservar os grandes negócios internacionais da época. Por fim, o capitalismo é determinado pelo tipo específico de troca que está inserido no jogo do capital. O capitalismo é impensável sem a cumplicidade da sociedade. 2. Segundo Braudel, o que é economia de mercado, quais as suas formas e as relações entre elas? A economia de mercado é definida por todos os tipos de troca, abrangendo sua forma mais primária no período arcaico (excedentes de produção) até sua forma mais complexa, o capitalismo (acumulação monetária). A mesma organiza as relações de produção e consumo, institui valor de troca, desenvolve redes, além de conectar produtores e consumidores. Entretanto, pode haver a presença de um intermediário, ou seja, aquele indivíduo que compra a preços mais reduzidos as mercadorias dos camponeses e em seguida oferece-as ele próprio aos compradores a um preço mais elevado o que permite a acumulação de capitais. Lembrar da distinção entre as formas públicas e privadas ou individualizadas de economia de mercado. 3. Como Braudel explica a relação ente Capitalismo, Estado e Sociedade? O capitalismo constitui uma forma de dominação ideológica e econômica. Essa visão é evidenciada pela obra de O’Donell na qual o Estado e os donos dos meios de produção instituem uma dominação para a consolidação legítima do capitalismo baseada no consentimento da sociedade. O Estado tem por finalidade garantir a estabilidade social concedendo direitos tanto aos capitalistas quanto aos trabalhadores, ou seja, manter a aparente neutralidade para manutenção da ordem garantindo a configuração de um espaço que permita as inovações e garanta as necessidades da vida material 4. Quais as características da economia-mundo, dos processos de centragem, descentragem e recentragem e das economias situadas no centro e na periferia? A economia-mundo pode ser entendida como um modo de organização da produção e do consumo dentro de um limite (geográfico / territorial e político) que gira em torno de um polo ou centro econômico, que se altera ciclicamente. As principais características que se destacam são: exploração dos recursos ao máximo; expansão para a mundialização buscando novos produtos, novos mercados e novos consumidores, além do estímulo ao consumo; monopólio de toda a linha de produção (há essa tendência); coexistência com a economia de mercado; capacidade de adaptação. O processo de centragem, descentragem e recentragem corresponde às alterações na Cidade-estado ou país que é o polo da economia e usualmente estão ligados a crises prolongadas da economia geral. Aqueles que estão no centro ou perto do centro têm todos os direitos sobre os outros. O centro depende dos abastecimentos provenientes da periferia, esta depende, por sua vez, das necessidades do centro que lhe dita sua lei. A economia-mundo se organiza em zonas sucessivas, onde o núcleo apresenta uma economia forte, zonas intermediárias, com países cuja economia depende e se relaciona com a do centro e as zonas periféricas, que estão a margem da economia mundial 5. Para Braudel, qual a diferença entre capitalismo e economia de mercado? A economia de mercado é caracterizada pelas trocas na qual os excedentes são transformados em mercadorias e comercializados. O Capitalismo, por sua vez, é uma forma de economia de mercado, porém mais complexa. No mesmo há o surgimento da moeda e a padronização que fundamenta as relações comerciais, que permitem a acumulação monetária. O capitalismo emerge da extensão das transações individualizadas, próprias da economia de mercado privada, que permitiram a maximização do lucro, a acumulação e a concentração do capital e que vem a tornar-se uma economia de mercado mundial. 6. Quais as fases históricas do capitalismo, segundo Bresser Pereira, e o que as caracteriza? São três as fases ou estágios do capitalismo: o capitalismo mercantil, o clássico e o tecnoburocrático ou profissional. O capitalismo mercantil começa por volta do século XIV, com o surgimento da burguesia que se utiliza do comércio para obter o lucro (revolução comercial). Nesse contexto, as grandes navegações foram o maior meio de acúmulo de capitais e caracterizou a época. A revolução industrial e a formação dos Estados-nação caracterizaram o capitalismo clássico (também chamado de capitalismo concorrencial). Com a produção em massa e a mecanização da produção, o objetivo principal do capitalismo - o lucro - agora é alcançado em grande escala. Já o capitalismo tecnoburocrático ou profissional, do século XX, surge com a segunda revolução industrial que agora tem como característica a linha de produção, o motor, e da produção em linha de montagem, o consumo de massa. A partir de então, a organização não tem a família na linha de frente como unidade de produção e a figura do administrador se desliga de quem detém o capital, ou seja, a burguesia passa a compartilhar poder e privilégios com a classe média. Nesse estágio, o conhecimento passa a ser fator estratégico de produção. 7. O que é a revolução capitalista e quais as características de seus ciclos ou fases? A revolução capitalista é um processo de passagem do pré-capitalismo para o capitalismo. Ocorrem quatro em dois ciclos: o comercial (do Séc. XII ao XVI) e o industrial (Séc. XIX), o primeiro que é o genovês, seguido pelo holandês, depois o inglês e por último o americano. Acontece após o surgimento da agricultura e da passagem das sociedades nômades para as sedentárias, é É marcada pela ocorrência de processos sucessivos de transformação fundamental da história humana. No plano econômico, deu origem ao capital e às demais instituições econômicas fundamentais do sistema (mercado, trabalho assalariado, lucro ...). No plano científico e tecnológico ocorre a passagem de uma sociedade agrícola para industrial. No plano social surgem duas novas classes: a trabalhadora e a burguesa. No plano político deu origem às nações e ao Estado moderno (Estado- nação). 8. O que Bresser Pereira chama de “capitalismo profissional”? Quais suas características? O capitalismo profissional è a fase do capitalismo mais próxima da atualidade (no sentido de recente). Se caracteriza pela organização/empresa como unidade básica de produção (e não mais a família) e a valorização do conhecimento, que passa a ser um bem tão importante como o capital e a propriedade. O desenvolvimento do conhecimento aliado ao avanço da tecnologia (um acaba sendo consequenciaconsequência do outro) foi de grande valia, pois pôde-sese pôde produzir em larga escala em um momento que houve o aumento exponencial da população e houve a necessidade de suprir a demanda do consumo em massa causado pela população do contexto em questão. Dada tal importância, o conhecimento passa a ser visto, pelas empresas, como investimento. Sendo que trará lucros para elas quando decisões acertadas são tomadas. Surge então um profissional de relevância significativa responsável por administrar as organizações, o que, na maioria das vezes,acontece juntamente com o detentor do capital, dono da empresa. Bresser nos chama a atenção para o fato do surgimento de um personagem da classe dominada, detentor do conhecimento, que possui grandes chances de vir a se posicionar como dominador, já que, poderá acumular capital e se tornar detentor dos meios de produção. 9. Como Bresser Pereira define “nação”? E como ele explica a relação ente Estado e Nação? Para Bresser Pereira a nação é uma sociedade politicamente orientada que compartilha uma história e um destino comum e é formada por empresários, políticos, classe profissional pública e privada e trabalhadores. A relação entre Estado e nação é o que propiciou o crescimento do capitalismo e a passagem dos trabalhadores para as indústrias. Segundo ele quando as nações se juntam com os dotam de Estados formamndo os Estados-nação, unidade política e territorial dominante, e é então que o crescimento econômico se viabiliza. 10. O que é diferencia o desenvolvimento do desenvolvimento econômico? O crescimento do Estado assegurou o desenvolvimento econômico que legitimava a industrialização que acontecia no momento. Desenvolvimento econômico – processo em que ocorre elevação dos padrões de vida, aumento de bem-estar material, decorrente da cumulação de capital. É autossustentado, mas não reduz desigualdades nem reduz danos ambientais. Desenvolvimento – alcance de melhorias na segurança, bem-estar, liberdade, igualdade, proteção ambiental. Não é autossustentado, dependendo da ação humana. 11. Como Bendix explica a relação entre Estado-nação e cidadania? O Estado-Nação é delimitado por um território, no qual o povo possui uma mesma nacionalidade, um mesmo padrão civilizatório e um destino comum. Todo indivíduo possui deveres e direitos que são garantidos por lei e que os tornam todos iguais perante a nação. Essa garantia, a cidadania, faz com que os indivíduos se sintam parte de uma nação, com idéias de liberdade, união e igualdade. Aspectos importantes: Há uma relação direta entre todos os indivíduos e a autoridade soberana (superação dos estamentos medievais). Há uma codificação de direitos que são garantidos pelo estado e a codificação da cidadania é traduzida por um conjunto de direitos – civis, políticos e sociais – que visam a manter as desigualdades e as inseguranças em níveis toleráveis. Cada Estado-nação apresenta um processo próprio de constituição da cidadania. 12. Como Bendix associa direitos políticos e desenvolvimento do capitalismo? O desenvolvimento do capitalismo gerou transformação na estrutura social, política e econômica da sociedade. A classe operária se organizou em sindicatos e partidos de massa, e dessa forma se reconheceu e foi reconhecida como classe que necessitava de direitos e ascensão política. Outra forma do fomento das garantias do direito foi a mobilidade social proporcionada pelo capitalismo, tornando a possibilidade de ascensão econômica e política como possibilidade para cada individuo. As principais características da associação são: tendência de igualdade entre os indivíduos; extensão crescente do sufrágio; direito à associação e à representação das classes trabalhadoras. 13. A partir da leitura de Carvalho, relacione os direitos de cidadania, a idéia central que os orienta e as instituições que os asseguram. A cidadania se desdobra em 3 principais direitos que são: Direito Civil, Direito Político e Direito Social. Os direitos civis são os fundamentais à vida, à liberdade, à propriedade e à igualdade perante a lei. Garantem direitos ao cidadão como de ir e vir, de organizar-se, de expressar-se, de escolher o trabalho, entre outros. Ele é essencial para assegurar a liberdade individual (ideia central). A garantia desses direitos exige uma justiça independente, eficiente e acessível. A instituição que o assegura é o poder judiciário. O Direito político se refere a participação do cidadão no governo da sociedade. Sua essência (ideia central) é o autogoverno em que todos podem participar, através da possibilidade de votar e ser votado. Tem como instituição principal os partidos e parlamentos representativos e livres. Os direitos sociais garantem a participação na riqueza coletiva, deve haver uma igualdade em partilhar uma riqueza que é socialmente produzida, a ideia central é a igualdade social, ou seja, justiça social. Alguns direitos sociais são: educação, saúde, trabalho e aposentadoria. Esses direitos, quando bem desenvolvidos, permitem a sociedade reduzir os excessos de desigualdades produzidas pelo capitalismo. A garantia de sua vigência é dada pelo poder executivo. 14. Descreva a especificidade dos direitos de cidadania no Brasil. A cidadania é um fenômeno histórico, como tal, cada país seguiu seu próprio caminho em relação a essa e tem suas especificidades. Isso ocorre no Brasil, que tem peculiaridades no desenvolvimento dos direitos de cidadania. A construção da cidadania condiciona-se à formação do Estado-nação, à maneira como as pessoas se relacionam com ele e à identidade compartilhada de pessoas de um mesmo território, a chamada identidade nacional. A identidade nacional brasileira não foi construída pelos cidadãos, houve uma imposição da identidade nacional e da idéia da nação pelos colonizadores portuguesese pelas elites que governaram o país . Desse modo, a cidadania brasileira se torna diferente de outras, como a de vários países europeus em que essas idéias foram construídas ao longo do tempo pelos indivíduos do próprio país. As pessoas se tornam cidadãs à medida que passam a se sentir parte de uma nação e de um Estado. No caso do Brasil, os primeiros habitantes eram degredados políticos que tinham problemas com o estado e com Leis, logo refutavam a importância do Estado, uma das principais idéias para a existência de uma cidadania. Logo depois, no início da colonização, vieram os capitães donatários,que tinham total poder em suas terras, por tal motivo também não acreditavam na importância da existência de um Estado, já que se consideravam superiores a esse e não se submeteriam a um ente maior, com normas e poder próprio que podiam divergir de seus interesses. Outro problema brasileiro foi a adoção da escravidão desde os primórdios da colonização. O escravo não possuía o principal direito de um cidadão, a liberdade, e como também não eram considerados gente, e sim objeto, não poderiam ser considerados cidadãos, o que gera uma hierarquia na cidadania, que não é cabível, onde alguns tem o direito de serem cidadãos e outros não. Como o Brasil teve um pensamento conservador desde seus primórdios, um pensamento não liberal, que não considerava todos os indivíduos iguais, a nação é excludente e a cidadania foi construída em cima de preconceitos. Desse modo, as pessoas não se sentiam parte de uma nação na qual tinham a mesma identidade e os mesmos direitos, logo, a cidadania brasileira é peculiar, os direitos de cidadania tem suas especificidades. Como vimos, o direito civil, demorou a ser construído e teve uma construção peculiar. E juntos com esse, os demais direitos, que são os de cidadania, só passaram a ser de interesse do país e passaram a ser realmente defendidos como públicos, ou seja, de igual direito para todos, em 1930, com o governo de Getúlio Vargas, bem tardiamente. Ainda assim eles se diferenciaram na sua relevância, sendo dada maior ênfase aos direitos sociais dos que aos demais, como é possível constara nos períodos ditatoriais. 15. Qual o conceito de “mercado” apresentado por Reis? Segundo Reis, mercado é uma comunidade de pessoas que vivem algumas experiências em comum. A principal dessas experiências é a de relação de troca, que possibilita a interação. Ela é permanente e constante, porém, não necessariamente com os mesmos contatados, por isso uma interação efêmera.. A maioria delas são relaçõesentre indivíduos – jurídicos ou físicos – e pressupõe a liberdade de escolha. Todo cidadão é potencialmente vendedor e comprador; todos têm os mesmos direitos; possibilita a socialização entre estranhos. 16. Como Reis relaciona o mercado com a sociedade moderna, a democracia e o Estado? Mercado e sociedade moderna se relacionam a partir da característica de impessoalidade política e capitalista dessa sociedade e da tendência de hierarquização da mesma, que potencializa a desigualdade. Além disso, a possibilidade de que essa hierarquia seja fluida, dada a possibilidade de mobilidade social. Como essa hierarquia não é aceita naturalmente pelos indivíduos, o Estado precisa agir como regulador das leis e garantidor dos direitos civis, políticos e sociais. Ele é o fiador das trocas, garantindo a reciprocidade na troca, seja por ações coercitivas, seja pela socialização. A democracia, por sua vez, surge para tornar legal a competição política proveniente dessas relações interpessoais bem como assegurar que mobilidades na hierarquia não restrinjam a participação política dos indivídos. 17. Quais as duas formas de interpretação apresentadas por Reis que justificariam a responsabilidade do Estado com a efetivação dos direitos sociais? Uma das interpretações de Reis diz respeito ao papel que o Estado assume de fiador entre sociedade e mercado. Ao garantir os direitos sociais e possibilitar uma melhor qualidade de vida aos indivíduos, ele proporciona ao mercado forças de trabalho mais qualificadas e dispostas e assegura, assim, que sua arrecadação será satisfatória. A outra idéia de Reis diz respeito à relação de crescente interdependência existente entre os indivíduos. De acordo com o autor, a ação de uma pessoa interfere na vida de terceiros, da coletividade. Diante de tal conjuntura, o Estado passa a assumir a função de controlador dessas ações bem como promotor dos direitos sociais a fim de propiciar, a essa sociedade, a ordem social. 18. Segundo Fiori, o que é o Estado de Bem-Estar Social e quais os fatores que propiciaram o seu surgimento? O Estado do Bem-Estar Social é um tipo de Estado, próprio da modernidade, que surgiu da adaptação do Estado Moderno às novas conjunturas (quais?). Por essa concepção, o Estado passa a ser responsável pela proteção social pública, assegurando os direitos sociais do cidadão. Cada país criou seu próprio sistema de proteção social, respeitando seu histórico. Já existente na Inglaterra e na Alemanha, de forma primitiva e restrita para determinada classe ou tipo de cidadão, o EBES surgiu de forma plena, tornando a idéia de proteção social presentes nesses dois países universal. As condições política, econômica e social pós-Segunda Guerra propiciaram a ampliação deste Estado. O acordo entre as classes econômicas e o Estado, , como uma tentativa de conter as idéias comunistas (período que se inicia a Guerra Fria); desenvolvimento econômico crescente propicia aumento na arrecadação de impostos (contribuição) decorrente da situação de pleno emprego e de intervenção do estado na economia; sociedade se sente co-responsável para com seu semelhante, preocupada com o destino comum e a solidariedade social, respectivamente. No campo político, o avanço das democracias de massa e reconhecimento da legitimidade política das organizações dos trabalhadores. 19. Explique as características dos três modelos de Welfare State apresentados por Sping- Andersen, no texto de Fiori. EBES Liberal: Existentes na Inglaterra, EUA e Australia, restringe a uma classe de pessoas assistidas (os pobres). A limitação dos benefícios tem um efeito estigmatizador, sendo essas pessoas consideradas sub-cidadãs, desqualificadas. Planos modestos e poucas transferências universais EBES Conservador e corporativistas: Presentes na Alemanha e Itália, assiste apenas a classe trabalhadora, em função de seu status (não necessariamente pobre, que as vezes até excluído do sistema - jogado à caridade). Apenas o indivíduo trabalhador recebe o benefício, e quando contribui para o Estado e a manutenção dessa política de proteção, o que gera pouco impacto redistributivo. EBES Social Democrata: Surge na década de 1950, nos países nórdicos. Sistema de proteção social para todos, não tendo distinção, é desmercantilizado, isto é, não tem nada a ver com o mercado; não depende de ser trabalhador para ser protegido, nem ser excluído da sociedade para ser beneficiado. Para sustentação do sistema, os impostos são altíssimos. Entretanto, a população não paga por nada que o sistema oferece. Só foi possível com o surgimento do Partido Social Democrata, que trouxe uma mudança política que ocasionou uma mudança na estrutura do Estado. 20. Como caracterizar a proteção social no Brasil? No Brasil, nunca tivemos nenhum dos três modelos específicos, o que houve foi uma mesclagem deles. Em 1930, a proteção social aos cidadãos estava vinculada ao emprego; ao ficar desempregado, o trabalhador (e sua família) perdiam a assistência. Eram também assistidos pobres classificados como viúvas, mulheres com muitos filhos, órfãos, deficientes - os pobres em geral eram assistidos pelas Igrejas. A partir de 1988, a Constituição Federal determina a obrigatoriedade dos direitos sociais. Hoje temos políticas de assistência social - como Bolsa Família, Bolsa Escola, Seguro Desemprego. Pode-se dizer que o sistema brasileiro ainda é seletivo no plano dos beneficiários, heterogêneo no plano dos benefícios e fragmentado no plano institucional e financeiro. 21. Quais os fatores que determinaram as mudanças que ocorreram no Estado de Bem- Estar Social a partir da década de 1970 e quais foram as alterações? A crise econômica decorrente da crise do petróleo (1973-1979) veio acompanhada de novas ideias liberais. Os neoliberais tinham uma visão de Estado e de proteção do cidadão e da propriedade, traduzido no Estado Mínimo. O Neoliberalismo faz uma releitura das idéias liberais de forma mais radical, tanto nas academias quanto no ramo político (com as eleições de Reagan, nos EUA e de Tatcher, na Inglaterra). Descobriu-se que as ideias neoliberais não resolvem o problema das crises cíclicas do capitalismo, tendo o Estado que intervir fortemente, mudando regras para estimular consumo e produção, implantando mais dinheiro em certos setor etc. 22. Como as mudanças mundiais interferiram na proteção social brasileira? Os efeitos da crise do petróleo (1973-1979) foram observados no Brasil a partir da eleição de Collor e FHC que seguiram os ideais neoliberais, não cumprindo com a Constituição de 88 no tangente aos direitos sociais, privatizando escolas, empresas públicas. Durante esse período, os serviços antes prestados pelo Estado foram tercerizados 23. Segundo Offe, o Estado de Bem-estar Social sustenta-se em dois fatores. Quais são? De acordo com o autor, o estado de Bem Estar Social é resultado, inicialmente de um movimento partindo do Estado no sentido de oferecer garantias sociais (proteção social) às camadas desvalidas. Esse posicionamento encontrou eco nas reivindicações feitas pelos sindicatos, que nessa época já eram considerados representantes legítimos das classes trabalhadoras (força política). Havia a necessidade de reconstrução da sociedade no período após a Guerra. A economia estava aquecida, paradoxalmente, por essa mesma necessidade. A partir , então, da união dos fatores sociais, políticos e econômicos favoráveis foi viabilizado o pacto entre o Estado e as classes capitalista e trabalhadora, o que viabilizou a existência do EBES. 24. Na década de 1970, conservadores e socialistas criticavam o estado de Bem-Estar Social. Quais as principais críticas dos dois grupos? Em que aspectos, segundo Offe, ambos os grupos concordavam? A década se 1970 foi marcada pelo inicio de uma grave crise econômica. Os Conservadorescriticavam a cobrança de elevadas taxas e de impostos, necessários para a manutenção do modelo de proteção social , de desestimular o investimento em desenvolvimento da produção. Alegavam também que o sistema de proteção legal ao trabalho desestimulava a produtividade dos trabalhadores, que por não estarem submetidos ás regras livres de mercado, não mais se preocupavam com a produtividade no desempenho de suas funções. Já a ala socialista, por sua vez alegava que o EBES não trabalhou para diminuir os antagonismos entre as classes, pois não alterou a distribuição de renda. Acusavam-no tbm de promover uma patrulha social (controle social), sendo que para conceder determinado beneficio, era necessário invadir a esfera privada do individuo para comprovar o real enquadramento deste ao grupo dos necessitados- o que tbm inibia a mobilidade social. Houve tbm a cisão entre as esferas social e política, entre as esferas da produção e da reprodução social ( ? não entendi muito bem ). O autor traça, entretanto, um paralelo entre as criticas, uma vez que, segundo ele , ambos os grupos consideram que o EBES não foi uma resposta promissora e permanente para os problemas de organização político-social, nenhum deles estava disposto a abolir o estado Social e nenhum dos dois grupos foi capaz de construir um modelo que fosse alternativo ao EBES . 25. Segundo Offe, Quais os modelos alternativos que surgiram ao Estado de Bem-estar Social e quais suas características? A primeira alternativa foi a abolição do Estado Social para permitir o revigoramento da sociedade de mercado livre> Outro modelo sugere a transferência das funções do estado social para comunidades “libertárias igualitárias e em grande parte auto-suficientes” 26. Quais as arenas de conflito que Offe identifica como os locais de disputa para as alternativas ao Estado de Bem-estar Social e como o autor as caracteriza? São três arenas: - Nível do Estado onde ocorrem os processos políticos. - Nível das forças sociais, onde se determina a agenda política (Matriz do poder social). - Nível interior á própria matriz, onde ocorrem alterações de “peso” relativo.
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