Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DIREITO CIVIL: OBRIGAÇÕES Aula 13 – 03/09/2015 8.TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES Noções Gerais: A relação obrigacional ADMITE alterações na composição de seus elementos essenciais: conteúdo ou objeto e sujeitos ativo e passivo. ANTIGAMENTE, a obrigação era entendida como vínculo de natureza pessoal, NÃO podia ser esta transferida de um sujeito a outro SEM que se considerasse modificado o vínculo jurídico. A mudança no polo ativo ou passivo ocorria unicamente em virtude da sucessão hereditária. 8.1 CONCEITO: é a transferência negocial, a título oneroso ou gratuito, de uma posição na relação jurídica obrigacional, tendo como objeto um direito ou um dever, com todas as características previstas antes da transmissão. *** Na cessão, o adquirente, denominado cessionário, exerça posição jurídica idêntica à do antecessor, que figura como cedente. 8.2. ESPÉCIES DE TRANSMISSÃO: Resumo: a) Cessão de Crédito: pela qual o credor transfere a outrem seus direitos na relação obrigacional; b) Cessão de Débito: que constitui negócio jurídico pelo qual o devedor transfere a outrem a sua posição na relação jurídica, sem novar, ou seja, sem acarretar a criação de obrigação nova e a extinção da anterior; c) Cessão de Contrato: em que se procede à transmissão, ao cessionário, da inteira posição contratual do cedente, como sucede na transferência a terceiro, feita pelo promitente comprador, por exemplo, de sua posição no compromisso de compra e venda de imóvel loteado, sem anuência do credor. 8.2.1. CESSÃO DE CRÉDITO (art. 286 e 287 do CC/02) 8.2.1.1. Conceito: é negócio jurídico bilateral, gratuito ou oneroso, pelo qual o credor transfere a outrem SEUS DIREITOS na relação obrigacional. Participam da cessão de crédito: Cedente: é o credor, aquele que transfere seus direitos. Cessionário: é o terceiro da relação, a quem são transmitidos. Cedido: é o devedor, que não participa necessariamente da cessão, que pode ser realizada sem a sua anuência. Apenas DEVE ser comunicado, para que possa solver a obrigação ao legítimo detentor do crédito. 8.2.1.2. Eficácia da Cessão de Crédito A cessão contratual é consensual e não solene. A cessão é válida entre cedente e cessionário independente de qualquer formalidade. • Contudo, para ser eficaz perante terceiros o art. 288 do CC exige que a cessão seja celebrada mediante instrumento público ou, se por instrumento particular, deverá conter as indicações do §1º do art. 654 (indicação do lugar, qualificação do cedente, do cessionário e do cedido, a data e etc.) 8.2.1.3. Requisitos da Cessão de Crédito A) Objeto: Em regra, todos os créditos podem ser objeto de cessão, constem de título ou não, vencidos ou por vencer, salvo se a isso se opuser “a natureza da obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor” (CC, art. 286). EXCEÇÕES (incedibilidade): Natureza: Há créditos que em virtude de sua natureza não podem ser cedidos, são créditos que tem caráter estritamente pessoal. (Ex.: crédito de alimentos, ou os créditos por salários). ... Lei: em virtude do exposto na lei. (Ex.: direito de preempção ou preferência (CC, art. 520), ou benefício da justiça gratuita (Lei n. 1.060/50, art. 10). Convenção: quando estabelecida entre as partes a incessibilidade do crédito. Obs.: De acordo com o art. 287, a cessão de crédito abrange a cessão de seus acessórios, salvo disposição em contrário. B) Capacidade: Ao cedente é necessário que seja titular do crédito, para dele poder dispor. Também o cessionário deve ser pessoa no gozo da capacidade plena, que reúna condições de tomar o lugar do cedente. C) Legitimação: Mesmo sendo dotadas de capacidade, algumas pessoas carecem de legitimação para adquirir certos créditos. O tutor e o curador, por exemplo, NÃO podem constituir-se cessionários de créditos contra, respectivamente, o pupilo e o curatelado. Outro exemplo, são nos casos de hipoteca, necessário será o consentimento do outro cônjuge. 8.2.1.4. Espécies de Cessão de Crédito: a) Convencional: é aquela que resulta da declaração de vontade do cedente e do cessionário. b) Legal: Opera-se não por convenção entre as partes, como na cessão, mas por força de lei. Ex.: é o caso sub-rogação legal, no contrato de seguro, em favor da companhia seguradora, que paga a indenização do dano decorrente de ato ilícito causado por terceiro (CC, art. 786). c) Judicial: Quando a transmissão do crédito é determinada pelo juiz. Ex.: na prolação de sentença destinada a suprir declaração de cessão por parte de quem era obrigado a fazê-la. 8.2.1.5. Notificação do devedor (art. 290) A notificação confere a eficácia da cessão em relação ao devedor, sendo MEDIDA DESTINADA a preservá- lo do cumprimento indevido da obrigação, evitando-se os prejuízos que causaria. Obs.: Tanto cedente, quanto o cessionário tem qualidade para efetuar a notificação, que pode ser judicial ou extrajudicial. Expressa: espécie quando o cedente toma a iniciativa de comunicar ao devedor que cedeu o crédito a determinada pessoa. Presumida: que resulta da espontânea declaração de ciência do devedor, em escrito público ou particular. (segunda parte do art. 290) Consequências da Não Notificação (Art. 292): O devedor ficará desobrigado se, antes de ter conhecimento da cessão, pagar ao credor primitivo. Obs.: Se o devedor, notificado da cessão, não opõe, nesse momento, as exceções pessoais que tiver contra o cedente, não poderá mais arguir contra o cessionário as exceções que eram cabíveis contra o primeiro (CC, art. 294). 8.2.1.5. Responsabilidade do Cedente A cessão de crédito pode ser ainda pro soluto e pro solvendo. a) Pro soluto (art. 295 e 296, CC): a responsabilidade imposta pela lei ao cedente não se refere à solvência do devedor, o cedente apenas garante a existência do crédito, ou seja, ele deve assegurar a titularidade e a validade ou consistência do direito adquirido. b) Pro Solvendo(art. 297, CC): ocorre quando o cedente obriga-se a pagar se o devedor cedido for insolvente. Portanto, o cedente ASSUME o RISCO da insolvência do devedor, todavia não responde por mais do que daquele recebeu, com os respectivos juros e o ressarcimento das despesas da cessão e as que o cessionário houver feito com a cobrança. Ex.: Se o crédito era de R$ 20.000,00 e foi cedido por R$ 16.000,00, o cessionário (o banco, p. ex., no caso de título descontado) só terá direito a esta última importância, com os referidos acréscimos, e não ao valor do crédito. ****Em geral aquele que adquire um crédito paga menos que o seu valor nominal, visando lucro, mas assumindo o risco do negócio. 8.2.2. ASSUNÇÃO DA DÍVIDA (art. 299 a 303, CC) 8.2.2.1. CONCEITO: Trata-se de negócio jurídico, oneroso ou gratuito, pelo qual o devedor, com anuência expressa do credor, transfere a um terceiro os encargos obrigacionais. Desse modo, este assume sua posição na relação obrigacional, responsabilizando-se pela dívida, que subsiste com os seus acessórios (art. 299). Ex.: Na cessão de financiamento para aquisição da casa própria. 8.2.2.2. Espécies de assunção de dívida a) Expromissão: realizado mediante contrato ENTRE o terceiro e o credor. É o negócio jurídico pelo qual uma pessoa assume espontaneamente a dívida de outra, sem a participação ou anuência do devedor; São partes do contrato: a pessoa que se compromete a pagar, chamada expromitente, e o credor. Ex.: o pai que assume a dívida do filho, independentemente da anuênciadeste. b) Delegação: feito mediante acordo ENTRE o devedor primitivo e o terceiro que assumirá a dívida. O devedor transfere a terceiro, com o consentimento do credor, o débito com este contraído. São partes do contrato: O devedor (delegante) transfere, delega o débito a terceiro (delegado), com o assentimento do credor (delegatário). a) Liberatória: Se houver integral sucessão no débito, pela substituição do devedor na relação obrigacional pelo assuntor, fica exonerado o devedor primitivo. Exceto se o terceiro que assumiu sua dívida era insolvente e o credor desconhecia tal fato (CC, art. 299, segunda parte). b) Cumulativa: ocorre quando o assuntor ingressa na obrigação como novo devedor, ao lado do devedor primitivo, passando a ser devedor solidário, mediante declaração expressa nesse sentido (CC, art. 265). 8.2.2.3. Efeitos da Assunção de Dívida 8.2.2.4. Consequências da Assunção da Dívida Com relação ao novo devedor (assuntor), este: A) Quanto às Garantias Especiais: extinção das garantias especiais originariamente dadas pelo devedor primitivo ao credor, salvo assentimento expresso daquele (CC, art. 300). Ex.: fiança, aval e hipoteca, que não são da essência da dívida, só subsistirão se houver concordância expressa do devedor primitivo e dos referidos terceiros. B) Quanto às Exceções Pessoais: NÃO pode, porém, opor ao credor as exceções pessoais que competiam ao devedor primitivo. (art. 302, CC) 8.2.2.4. Efeitos da anulação da substituição Anulada a avença que estipulou a substituição, renasce a obrigação para o devedor originário, com todas as suas garantias, salvo as prestadas por terceiros (Art. 301, CC). Como a substituição do devedor não altera a relação obrigacional e seus acessórios, a sua invalidação provoca apenas o retorno do primitivo devedor ao polo passivo. 8.2.3. DA CESSÃO DE CONTRATO 8.2.3.1. CONCEITO: a cessão de contrato, ou melhor, a cessão de posições contratuais, consiste na transferência da inteira posição ativa e passiva do conjunto de direitos e obrigações de que é titular uma pessoa, derivados de um contrato bilateral já ultimado, mas de execução ainda não concluída. Ex.: A deve para B e B para C. Na cessão de contrato, B pede autorização para C tomar a posição dele na relação com A. Ex.: nos contratos de cessão de locação, fornecimento, empreitada, financiamento. 8.2.3.2 Requisitos da Cessão de Contrato I. O contrato deve ser bilateral: obrigações correspectivas. II. O contrato for suscetível de ser cedido de maneira global: pois só pode ser transferido depois de sua formação e antes de sua execução. III. Houver transferência não só dos direitos, como também dos deveres. IV. Consentimento do cedido. V. Houver capacidade das partes, objeto lícito e forma legal. VI. Não houver cláusula vedando a cessão. 8.2.3.3 Efeitos da cessão contratual: a) Para o Cedente: acarreta para o cedente a perda dos créditos e das expectativas integrados na posição contratual cedida e, POR OUTRO LADO, a exoneração dos deveres e obrigações em geral compreendidos na mesma posição contratual. Responsabilidade: Cessão por titulo oneroso: o cedente responde pela existência da relação contratual cedida. Cessão por título gratuito: responde se tiver procedido de má-fé, salvo, neste caso, estipulação em contrário, expressa ou tácita, das partes. b) Para o Cedido: não pode o contraente cedido invocar contra o cessionário meios de defesa que não se fundem na relação contratual cedida. c) Para o Cessionário: assume a posição do cedente na relação contratual com o cedido. Ex.: quando o locatário cede a locação a um terceiro, quem passa a ser locatário perante o proprietário é este último. Obs.: Em regra a cessão contratual é “Pro Soluto”, todavia, por cláusula contratual expressa poderá se tornar “Pro Solvenda”. Pro Solvenda: Cedente responde em caso de inadimplemento. Pro Soluto: Cedente não responde em caso de inadimplemento.
Compartilhar