Buscar

CCJ0015-WL-D-AMMA-02-Posse

Prévia do material em texto

DIREITO CIVIL IV - DIREITO DAS COISAS
Aula 2- POSSE
DIREITO CIVIL IV - DIREITO DAS COISAS
Aula 2- POSSE
Conteúdo Programático desta aula
 Introduzir o aluno no estudo da posse;
 Conceituar posse e situá-la no contexto 
da função social;
 Classificar a posse conforme os critérios 
do Código Civil.
DIREITO CIVIL IV - DIREITO DAS COISAS
Aula 2- POSSE
Evolução histórica da Posse
A origem da posse é justificada 
no poder físico sobre as coisas e a 
necessidade do homem de se 
apropriar de bens. 
DIREITO CIVIL IV - DIREITO DAS COISAS
Aula 2- POSSE
Principais Teorias Sobre a Posse
Teoria Subjetiva (FREDERICH KARL 
VON SAVIGNY - 1803) 
Segundo o autor, a posse resultaria da 
conjunção de dois elementos: o corpus 
e o animus. 
DIREITO CIVIL IV - DIREITO DAS COISAS
Aula 2- POSSE
Posse para tal teoria seria o poder de dispor 
fisicamente da coisa, com ânimo de tê-la 
como sua e defendê-la contra terceiro.
Elementos da Teoria de Savigny:
Subjetivo: Vontade de ser dono (“animus 
domini”).
Objetivo: Relação física com a coisa (“corpus”)..
DIREITO CIVIL IV - DIREITO DAS COISAS
Aula 2- POSSE
OBS: DETENÇÃO
Ao exigir o elemento subjetivo (animus domini) 
como requisito fundamental para a 
caracterização da posse, a doutrina subjetiva 
considera simples detentores o locatário, o 
comodatário, o depositário, o mandatário e 
outros que possuiriam apenas o poder físico 
sobre a coisa. Não é admitido o desdobramento 
da relação possessória, pois não se admite a 
posse por outrem.
DIREITO CIVIL IV - DIREITO DAS COISAS
Aula 2- POSSE
Principais Teorias Sobre a Posse
Teoria Objetiva da Posse (RUDOLF VON 
IHERING 1818-1892) 
A posse é a exteriorização da 
propriedade e, por isso, para 
caracterizar a posse basta o exercício 
em nome próprio do poder de fato 
sobre a coisa
DIREITO CIVIL IV - DIREITO DAS COISAS
Aula 2- POSSE
Elementos da teoria objetiva: 
Objetivo: Conduta de dono (“corpus”). É 
possuidor aquele que se comporta como dono 
em relação à coisa, isto é, aquele que exerce 
algum dos poderes inerentes à propriedade.
Subjetivo: (vontade de ser possuidor: “animus 
tenendi”) esta embutido no “corpus”, isto é, na 
maneira como a pessoa se comporta com a 
coisa.
DIREITO CIVIL IV - DIREITO DAS COISAS
Aula 2- POSSE
O Código Civil de 2002
Art. 1.196. Considera-se possuidor 
todo aquele que tem de fato o 
exercício, pleno ou não, de 
algum dos poderes inerentes à 
propriedade. 
DIREITO CIVIL IV - DIREITO DAS COISAS
Aula 2- POSSE
OBS: 
Enunciado n° 236, III Jornada de Direito Civil: 
Considera-se possuidor, para todos os efeitos 
legais, também a coletividade desprovida de 
personalidade jurídica.
DIREITO CIVIL IV - DIREITO DAS COISAS
Aula 2- POSSE
Distinção Entre Posse e Detenção
Posse: exercício do poder de fato em nome próprio, exteriorizando a 
propriedade e fazendo uso econômico da coisa.
Detenção: exercício do poder de fato sobre a coisa em nome alheio. 
Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de 
dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em 
cumprimento de ordens ou instruções suas.
Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do modo como 
prescreve este artigo, em relação ao bem e à outra pessoa, presume-se 
detentor, até que prove o contrário.
DIREITO CIVIL IV - DIREITO DAS COISAS
Aula 2- POSSE
Obs: aquele que adquire a posse de modo 
contrário ao direito também é considerado 
detentor.
Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão 
ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição 
os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de 
cessar a violência ou a clandestinidade. 
Enunciado n° 301, Jornada de Direito Civil, STJ: É possível 
a conversão da detenção em posse, desde que rompida 
a subordinação, na hipótese de exercício em nome 
próprio dos atos possessórios.
DIREITO CIVIL IV - DIREITO DAS COISAS
Aula 2- POSSE
Para facilitar a caracterização da simples 
detenção, é interessante utilizarmos os 
critérios do Código Civil Português, Art. 1.253:
São havidos como detentores ou possuidores 
precários:
a) os que exercem o poder de fato sem intenção 
de agir como beneficiários do direito;
b) os que simplesmente se aproveitam da 
tolerância do titular do direito;
c) os representantes ou mandatários do possuidor 
e, de um modo geral, todos os que possuem 
DIREITO CIVIL IV - DIREITO DAS COISAS
Aula 2- POSSE
A Natureza Jurídica da Posse
Os autores divergem quanto à 
definição da natureza jurídica da 
posse:
Clóvis Beviláqua: a posse é um 
estado de fato.
Caio Mário da Silva Pereira: a 
posse é um direito real
DIREITO CIVIL IV - DIREITO DAS COISAS
Aula 2- POSSE
Classificação da Posse e Suas Características 
A) Quanto ao Desdobramento da Relação Possessória
Posse direta (imediata): exercício direto e imediato do 
poder sobre a coisa (corpus), decorrente de contrato. O 
possuidor direto pode defender sua posse contra o 
possuidor indireto.
Posse indireta (mediata): apenas o animus (entendido 
esse como a vontade de utilizar a coisa como faria o 
proprietário). O possuidor indireto pode defender sua 
posse perante terceiros
DIREITO CIVIL IV - DIREITO DAS COISAS
Aula 2- POSSE
Desdobramento da Posse
Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a 
coisa em seu poder, temporariamente, em 
virtude de direito pessoal, ou real, não anula a 
indireta, de quem aquela foi havida, podendo o 
possuidor direto defender a sua posse contra o 
indireto.
DIREITO CIVIL IV - DIREITO DAS COISAS
Aula 2- POSSE
B) Quanto aos Vícios 
Posse Justa: posse desprovida dos vícios 
específicos do art. 1.200, CC. A posse justa é 
mansa, pacífica, pública e adquirida sem 
violência.
Posse Injusta: posse maculada por pelo menos um 
dos vícios da posse (violência, clandestinidade 
ou precariedade).
DIREITO CIVIL IV - DIREITO DAS COISAS
Aula 2- POSSE
Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, 
clandestina ou precária.
� Posse violenta: adquirida através do emprego 
de violência contra a pessoa.
� Posse clandestina: adquirida às escondidas.
� Posse precária: decorrente da violação de uma 
obrigação de restituir (abuso de confiança).
OBS:A posse injusta não deve ser considerada 
posse jurídica, não produzindo efeitos contra o 
legítimo possuidor, muito embora o possuidor 
injusto possa fazer manejo dos interditos 
possessórios contra atos de terceiros.
DIREITO CIVIL IV - DIREITO DAS COISAS
Aula 2- POSSE
Continuidade do Caráter da Posse
Art. 1.203. Salvo prova em contrário, entende-
se manter a posse o mesmo caráter com que 
foi adquirida.
Enunciado 237, da III Jornada de Direito Civil: 
Art. 1.203: É cabível a modificação do título da 
posse – interversio possessionis – na hipótese 
em que o até então possuidor direto 
demonstrar ato exterior e inequívoco de 
oposição ao antigo possuidor indireto, tendo 
por efeito a caracterização do animus domini.
DIREITO CIVIL IV - DIREITO DAS COISAS
Aula 2- POSSE
C) Quanto à Subjetividade
Posse de boa-fé: é aquela cujo possuidor está convicto de 
que o exercício de sua posse encontra fundamento na 
ordem jurídica. 
Posse de má-fé: o possuidor tem conhecimento do vício 
que macula a posse. Assim como na posse injusta, a 
posse de má-fé não pode ser considerada posse jurídica 
e não goza de proteção contra o legítimo possuidor, 
para quem o possuidor de má-fé não passa de fâmulo 
da posse.
DIREITO CIVIL IV - DIREITO DAS COISAS
Aula 2- POSSE
Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor 
ignora o vício, ou o obstáculo que impede a 
aquisição da coisa.
Parágrafo único. O possuidor com justotítulo tem 
por si a presunção de boa-fé, salvo prova em 
contrário, ou quando a lei expressamente não 
admite esta presunção.
DIREITO CIVIL IV - DIREITO DAS COISAS
Aula 2- POSSE
Via de regra, a posse de boa-fé decorre de justo 
título. Por este motivo, a posse fundada em 
justo título gera presunção relativa (juris 
tantum) de boa-fé.
Justo título: diz-se justo o título hábil, em tese, 
para transferir a propriedade Justo título seria 
todo ato formalmente adequado a transferir o 
domínio ou o direito real de que trata, mas que 
deixa de produzir tal efeito em virtude de não 
ser o transmitente senhor da coisa ou do 
direito, ou de faltar-lhe o poder de alienar.
DIREITO CIVIL IV - DIREITO DAS COISAS
Aula 2- POSSE
Enunciado n° 302, STJ (IV Jornada de Direito 
Civil): Pode ser considerado justo título para a 
posse de boa-fé o ato jurídico capaz de 
transmitir a posse ad usucapionem, observado o 
disposto no art. 113 do Código Civil.
Enunciado n° 303, STJ (IV Jornada de Direito 
Civil): Considera-se justo título para presunção 
relativa da boa-fé do possuidor o justo motivo 
que lhe autoriza a aquisição derivada da posse, 
esteja ou não materializado em instrumento 
público ou particular. Compreensão na 
perspectiva da função social da posse.
DIREITO CIVIL IV - DIREITO DAS COISAS
Aula 2- POSSE
D) Quanto ao Vinculo Entre os 
Possuidores
A Posse Originária: quando não há 
vínculo entre o sucessor e o antecessor 
da posse, de modo que a causa da 
posse não é negocial.
A Posse Derivada: quando há um ato de 
transferência entre o antecessor e o 
sucessor. Na posse derivada haverá 
sempre tradição
DIREITO CIVIL IV - DIREITO DAS COISAS
Aula 2- POSSE
E) Posse ad interdicta e ad 
usucapionem
Ad interdicta: posse que pode ser 
protegida através dos interditos 
possessórios.
Ad usucapionem: posse que pode 
ser pressuposto de usucapião.
DIREITO CIVIL IV - DIREITO DAS COISAS
Aula 2- POSSE
F) Quanto ao Tempo de Posse
Posse Nova: aquela que data de menos de 1 ano e 1 dia
Posse Velha: aquela que tem mais de 1 ano e 1 dia
Art. 924 CPC - Regem o procedimento de manutenção e 
de reintegração de posse as normas da seção seguinte, 
quando intentado dentro de ano e dia da turbação ou 
do esbulho; passado esse prazo, será ordinário, não 
perdendo, contudo, o caráter possessório.
DIREITO CIVIL IV - DIREITO DAS COISAS
Aula 2- POSSE
Composse
Art. 1.199- Se duas ou mais 
pessoas possuírem coisa indivisa, 
poderá cada uma exercer sobre ela 
atos possessórios, contanto que 
não excluam os dos outros 
compossuidores.
DIREITO CIVIL IV - DIREITO DAS COISAS
Aula 2- POSSE
Exercícios Semana 2
Caso concreto 01
Leandro emprestou uma casa para Esmeralda, sem fixar prazo para 
devolução. Durante o tempo em que esteve no imóvel, Esmeralda 
fez todos os reparos necessários, além de ter construído um 
cômodo a mais para um de seus filhos morarem com ela. Após 20 
anos, Leandro solicitou de volta a casa, mas Esmeralda recusou-se 
a devolver, alegando que não teria outro lugar para ir e que, após 
20 anos de utilização mansa, pacífica e sem oposição, já teria 
tempo suficiente para usucapir o bem.
Considerando as informações acima, responda JUSTIFICADA E 
FUNDAMENTADAMENTE:
A) Qual a classificação da posse de Esmeralda, antes de Leandro pedir 
o imóvel de volta? (justa/injusta; boa-fé/má-fé; 
originária/derivada; direta/indireta)
B) A posse de Esmeralda é ad usucapionem?
DIREITO CIVIL IV - DIREITO DAS COISAS
Aula 2- POSSE
Questão Objetiva 1
(TJSP/Magistratura – 170° adaptada) Diz o art. 1.196 do Código Civil 
que “considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o 
exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à 
propriedade”. O Código Civil adotou a teoria de quem? Como se 
define?
(A) De Ihering, com sua teoria objetiva. A posse é a conduta de dono. 
É, então, a exteriorização da propriedade, visibilidade do domínio, 
uso econômico da coisa.
(B) de Ihering, com sua teoria subjetiva. A posse caracteriza-se pela 
conjugação de dois elementos: o corpus e o animus.
(C) De Savigny, com sua teoria objetiva. A posse consiste na detenção 
física da coisa.
(D) De Savigny, com sua teoria subjetiva. A posse consiste na intenção 
de exercer sobre a coisa um poder no interesse próprio.
DIREITO CIVIL IV - DIREITO DAS COISAS
Aula 2- POSSE
Questão Objetiva 2
(TRF 1ª Região/Magistratura – 2001) Pela teoria objetiva 
da posse:
(A) a posse e a detenção são noções equivalentes, pois 
ambas exteriorizam a propriedade.
(B) a posse é um fato e, ao mesmo tempo, um direito.
(C) a posse é uma relação de apropriação econômica.
(D) a detenção é uma posse degradada pela lei.
DIREITO CIVIL IV - DIREITO DAS COISAS
Aula 2- POSSE

Continue navegando