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MÓDULO 1

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MÓDULO 1. 
 
DIREITO REAIS. 
Características e classificação dos direitos reais. 
Siglas utilizadas: 
CC – Código Civil. 
CPC – Código de Processo Civil. 
CF – Constituição Federal. 
Ex.: - Exemplo. 
 
Conceito – 
É possível definir o Direito das Coisas quanto a dois aspectos. Se tomarmos o termo 
direito como lei, o Direito das Coisas é o conjunto de normas reguladoras das relações 
jurídicas ou conflitos entre os homens, tendo em vista os bens corpóreos capazes de 
satisfazer as suas necessidades e suscetíveis de apropriação, que se encontram sob seu 
domínio. 
Sabemos que os bens, classificados no Livro II da Parte Geral do Código Civil, são 
vitais às pessoas, com as características de utilidade e raridade, de modo que o homem 
tende a se apropriar desses bens[1], para com eles garantir a sua subsistência, seu 
trabalho, incluídos os alimentos, a moradia, os instrumentos para o exercício de 
qualquer ofício, livros, aparelhos de hospitais etc[2]. 
Se tomarmos o vocábulo direito no sentido de faculdade, o direito real é o direito sobre 
a coisa (res), que não envolve sujeito passivo[3], nem prestação, é oponível erga omnes 
e confere ao seu titular o direito de sequela, exercido através da ação real, a ação 
reivindicatória. 
A diferença entre direito real e direito obrigacional é que o direito obrigacional envolve 
sujeito passivo certo e determinado, ou determinável, bem como prestação de dar, fazer 
ou não fazer. Ex.: João deve a Pedro R$1.000,00. Já o direito real (ex.: João é 
proprietário de uma casa) não tem, como dito, sujeito passivo, nem prestação, sendo por 
isso defensável contra qualquer pessoa (oponibilidade erga omnes). 
O homem se apropria de bens (coisas “úteis” e “raras”) da natureza para satisfazer às 
suas necessidades (coisas abundantes, como o ar e a água do mar, não são, em geral, 
objeto de apropriação). 
http://adm.online.unip.br/frmAlteraConteudo.aspx#_ftn1
http://adm.online.unip.br/frmAlteraConteudo.aspx#_ftn2
http://adm.online.unip.br/frmAlteraConteudo.aspx#_ftn3
Com a apropriação, estabelece-se o domínio, que é o vínculo jurídico entre o homem e o 
bem. 
O direito de propriedade é considerado o cerne do Direito das Coisas. 
O Código Civil regula o Direito das Coisas no Livro III, do Código Civil de 2002, em 
sua Parte Especial. 
Título básico do Livro: “Propriedade” (Título III do Livro III da Parte Especial do 
Código Civil de 2002). 
Ocorre que o domínio pode não ser pleno, por faltarem algumas das prerrogativas ao 
proprietário. Neste caso, da limitação surgem direitos de terceiros, de gozo ou de 
garantia sobre a propriedade alheia. 
A partir do Título IV, do Direito das Coisas, estão disciplinados os direitos reais sobre 
coisa alheia. A posse está disciplinada no mesmo Livro III (Título I). 
Discute-se se a posse é direito real ou fato (a doutrina diverge). A posse é uma 
exteriorização do domínio e como a lei protege o domínio, protege o possuidor e 
garante a posse. A pose será tratada na aula seguinte. 
Voltemos então ao conceito de direito real, no sentido de faculdade, prerrogativa: 
DIREITO REAL - Conceito: é o direito que se prende à coisa, prevalecendo sobre 
todos, independendo da colaboração de outrem para o seu exercício e conferindo ao seu 
titular a possibilidade de buscar a coisa onde quer que se encontre, e sobre ela exercer o 
seu direito. 
Do conceito (supra) extraímos as características do Direito Real: 
1- Vínculo entre pessoa e coisa. 
Aqueles que sustentam que há sujeito passivo, composto por todos os indivíduos que 
devem respeito ao direito real, sofre a seguinte crítica: o direito pessoal também envolve 
obrigatoriedade de respeito por todos os indivíduos da sociedade; a diferença é que 
apresenta um sujeito passivo específico, como devedor, o que não há no direito real. 
Direito real é relação entre pessoa e coisa. Seu exercício não depende de colaboração de 
terceiros. Ao contrário do direito pessoal, que só pode ser gozado com a colaboração 
forçada ou espontânea do devedor. 
2- Oponibilidade erga omnes. 
Vale erga omnes, pois representa prerrogativa do seu titular, que deverá ser respeitada 
por todos. 
Os direitos reais sobre imóveis só se constituem com a inscrição no Registro Imobiliário 
dos títulos respectivos (art. 1.227, CC), sendo que a publicidade cientifica qualquer 
interessado da existência do direito real, impedindo a alegação de ignorância. 
3- Sequela. 
Existe para dar eficácia ao direito. É a prerrogativa concedida ao titular de seguir a coisa 
nas mãos de quem quer que a detenha, e apreendê-la para exercer sobre a coisa o seu 
direito real. Ex.: proprietário oferta imóvel em garantia hipotecária e o aliena. O credor 
hipotecário pode apreender a coisa nas mãos do adquirente, penhorá-la, levá-la à praça e 
com o produto da arrematação receber o seu pagamento. 
4- Ação real. 
Chamada de ação reivindicatória, é conferida ao titular do direito real, incidindo 
diretamente sobre o bem corpóreo. A ação pode ser endereçada a qualquer pessoa que 
detenha o objeto do direito real. 
Afirma Roberto Senise Lisboa: 
A ação real possui por finalidade a ‘reintegração do direto real violado’, e pode ser 
proposta em face de qualquer sujeito que transgredir o dever jurídico de respeito ao 
direito cuja defesa se pretende fazer[4]. 
5- Exclusividade. 
Não se pode conceber dois direitos reais, de igual conteúdo, sobre a mesma coisa. Se 
sobre a mesma coisa recaírem dois direitos reais, não serão da mesma espécie, ou, não 
serão integrais. 
Ex.: nu-proprietário: tem a substância da coisa, enquanto o usufrutuário tem direito aos 
frutos (ex.: alugueres). 
Ex.: condomínio geral em relação a coisa indivisível (copropriedade de coisa 
indivisível): os coproprietários não são donos integrais da coisa, pois o direito real de 
domínio que sobre ela incide é um só – este se divide entre os vários comunheiros. Dois 
irmãos que herdam uma casa, por exemplo, são coproprietários da mesma, sendo que 
cada um deles tem 50% da casa (uma parte ideal). 
6- Direitos reais são apenas os enumerados pela lei (art. 1225, CC): 
O art. 1225 do CC enumera os direitos reais de modo taxativo, ou seja, em razão da 
força de cada um desses direitos, de sua intensidade, com oponibilidade contra todos, 
então apenas a lei pode criar novos direitos reais – não é possível estabelecer por 
contrato, por exemplo, que certo direito é direito real. 
Trata-se portanto de rol fechado, esse do art. 1225. Até porque o registro deve ser feito, 
como já dito e conforme detalharemos ao longo das aulas, e não há como registrar 
direito real não previsto na lei. 
Para a constituição de direitos reais sobre imóveis é necessária a inscrição no Registro 
Imobiliário – art. 1227, CC, sendo que os registros públicos estão disciplinados por lei 
especial[5], que cuida dos atos suscetíveis de inscrição e da maneira como esta se faz. E 
se as partes criarem novo direito real, o agente não encontrará na lei permissão para 
http://adm.online.unip.br/frmAlteraConteudo.aspx#_ftn4
http://adm.online.unip.br/frmAlteraConteudo.aspx#_ftn5
fazer tal registro – problema burocrático. Dessa forma, levantará “dúvida” ao juiz, 
quanto à possibilidade de inscrição, e a “dúvida” será julgada procedente, 
impossibilitando a inscrição, por falta de interesse social. 
Os doutrinadores que pensam ser exemplificativo o rol seguem a jurisprudência 
francesa, e dizem que as partes são livres para atribuírem realidade a direito por 
convenção, porque a ordem legal não veda, desde que não contravenham à ordem 
pública e aos bons costumes. 
Obs.: o legislador pode criar outros direitos reais, ampliando o rol. Isso já ocorreu. Ex.: 
Decreto-Lei 58, de 10/12/1937, com modificações trazidas pela lei nº 649, de 
11/03/1949, e posteriormente pela lei nº 6.014, de 27/12/1973 - inclui entre os direitos 
reais aquele resultante do compromisso de venda e compra, inscrito no Registro 
Imobiliário esem cláusulas de arrependimento. O novo Código Civil arrolou como 
direito real (art. 1225, VII). 
Ex.: O Dec.-Lei nº 271, de 28/2/1967, sobre loteamento urbano, atribuiu à concessão de 
uso de terrenos públicos ou particulares a qualidade de direito real (art. 7º e §5 deste 
diploma). O rol do art. 1225, atualizado pela Lei nº 11.481, de 31.5.2007, traz em seu 
inciso XI o direito real de concessão de uso especial para fins de moradia, e no inciso 
XII o direito real de concessão de direito real de uso. 
A Lei nº 13.465, de 11 de julho de 2017, estabelece o DIREITO REAL DE LAJE, 
acrescentando inciso XIII ao art. 1225 do CC de 2002. 
O Código Civil de 2002 criou título sobre o direito do promitente comprador e o inseriu 
– art. 1.417 e 1.418 – entre os direitos reais de gozo sobre a coisa alheia e direitos reais 
de garantia. 
Também o CC/2002 disciplinou o condomínio em edificações sob o nome de 
condomínio edilício (1.331 a 1.358), após o condomínio geral (1.314 a 1.330) – não 
houve então modificação estrutural. 
O Código Civil de 2002 não trata da matéria “propriedade literária, científica e 
artística” – o Código Civil /1916 o fazia (erradamente, pois é assunto de lei especial). 
________________________//___________________ 
Da classificação dos Direitos Reais. 
Os direitos reais quanto ao bem sobre o qual incidem são: 
1. Direitos reais sobre coisa própria: neste caso a única espécie é a propriedade, em 
que o titular do direito pode concentrar em suas mãos as prerrogativas de uso, gozo e 
disposição, além do direito de reivindicação do bem. 
2. Direitos reais sobre coisas alheias: todos os direitos reais arrolados no art. 1.225 do 
CC, com exceção do direito real de propriedade, recaem sobre coisa alheia, 
evidenciando um desmembramento da propriedade. 
Assim, o direito do usufrutuário recai sobre coisa do nu-proprietário; o direito do credor 
hipotecário recai sobre coisa do devedor; o direito do superficiário recai sobre bem do 
senhorio direto; etc. 
Os direitos reais sobre coisa alheia limitam o direito de propriedade ao constituírem 
prerrogativas sobre bem de terceiro. 
Os direitos reais sobre coisas alheias, veremos adiante, ainda são sub-classificados 
em direitos reais de gozo e direitos reais de garantia. 
Os direitos reais de gozo conferem a possibilidade a seu titular de usar ou fruir de bem 
alheio. Já o direito real de garantia tem a finalidade de servir como acessório para 
ampliar as chances de adimplemento de certa obrigação. O titular de um direito real de 
garantia não pode usar ou fruir da coisa alheia, mas tem sobre esta o poder de se servir 
com preferência (no penhor e na hipoteca) ou de se servir com os frutos do bem imóvel 
(caso da anticrese) para resgatar o seu crédito. 
Obs.: o direito real do compromissário comprador não é nem direito real (sobre 
coisa alheia) de gozo, e nem direito real (sobre coisa alheia) de garantia. Trata-se 
de direito real de aquisição, que possibilita a transferência definitiva da coisa ao 
patrimônio do interessado, em face da irrevogabilidade e da irretratabilidade do 
negócio celebrado. 
_______________________//_______________________ 
DA POSSE: 
Conceito de posse 
O direito protege a posse, situação de fato, porque presumivelmente o possuidor é 
também o proprietário. Além disso, o possuidor atribui ao bem uma finalidade social, o 
que é de interesse público. 
Em larga escala, a não utilização dos bens é prejudicial a toda a sociedade. Assim, o 
proprietário desapossado violentamente, por esbulho, tem direito ao restabelecimento da 
situação anterior. Da mesma forma, se alguém adquire prédio de outrem, que não seu 
dono, e nele se instala, tem assegurada a posse, até que o verdadeiro proprietário, 
através das vias judiciais, demonstre o seu melhor direito. 
O ordenamento jurídico mantém a situação de fato, repelindo a violência, quer tal 
situação se estribe ou não em direito anterior. E isso para assegurar a harmonia e a paz 
social. 
A situação de fato é protegida enquanto não for demonstrado que outro tem o direito, 
porque (a situação de fato) aparenta ser uma situação de direito. 
Obs.: posse é situação de fato protegida pelo legislador, porque aparenta ser uma 
situação de direito, e para evitar que prevaleça a violência. 
“JUS POSSIDENDI” 
Relação material entre o homem e a coisa, consequente de um ato jurídico. 
Quem transcreve o seu título aquisitivo torna-se proprietário. A situação de fato que se 
estabelece entre a pessoa e a coisa se justifica num direito preexistente. Sua posse 
decorre do “jus possidendi” - é o direito de possuir por ser proprietário. 
“JUS POSSESSIONIS” 
Se a relação de fato (posse) não decorre de direito anterior (propriedade), e dura por 
mais de ano e dia, surge o “jus possessionis”, resguardado pelo ordenamento jurídico – 
o direito protege a posse contra ameaça ou agressão, para garantir a harmonia. 
Posse é situação de fato protegida pelo legislador pelos motivos acima elencados. 
POSSE E PROPRIEDADE 
PROPRIEDADE 
Relação entre a pessoa e a coisa, que assenta na vontade objetiva da lei, implicando um 
poder jurídico e criando relação de direito. 
POSSE 
Relação entre pessoa e coisa fundada na vontade do possuidor, criando mera relação de 
fato. Mesmo sem direito, a posse é protegida transitoriamente (seria direito sem título), 
até que se prove melhor direito. 
A posse é protegida porque pode encobrir situação de direito. 
Obs.: presume-se que o possuidor seja o proprietário. Presume-se que a proteção seja 
ao proprietário. Se não for, é o preço que se paga para facilitar ao proprietário a 
defesa de seu interesse. 
O possuidor tem mais direito sobre a coisa que o estranho. A proteção resguarda 
interesse do possuidor e a paz social. 
Efeitos principais da posse 
1- Proteção possessória 
Art. 1.210, §1º, Código Civil – desforço direto. 
Ação de reintegração de posse (em caso de esbulho) 
Ação de manutenção da posse (em caso de turbação) 
Interdito proibitório (em caso de ameaça à posse). 
Nos três últimos casos a proteção visa preservar a situação de fato, e evitar violência 
(visa o bem comum). 
Enquanto ação reivindicatória é proposta na ofensiva, a ação possessória é proposta 
na defensiva. 
2- Usucapião 
A posse mansa e pacífica por tempo fixado em lei defere, ao possuidor, a prerrogativa 
de obter o domínio por sentença. A situação de fato pode se consolidar em situação de 
direito (a posse pode levar ao título – direito de propriedade) 
Isso para alcançar a harmonia social. 
* estudaremos adiante outros efeitos, como o direito aos frutos, o reembolso das 
benfeitorias, a responsabilidade do possuidor etc. 
Teorias dos autores modernos sobre a posse 
Os romanos disciplinaram a defesa da posse, mas não a sua natureza jurídica e nem as 
suas regras. 
1- Teoria de Savigny (ou teoria subjetiva) 
Posse é o poder de dispor da coisa fisicamente, com o ânimo de considerá-la sua e 
defendê-la contra intervenção de outrem. 
Há, portanto, dois requisitos para que exista a posse: 
a) Material: poder físico sobre a coisa, ou “corpus”. 
b) Intelectual: propósito de ter a coisa como sua, ou “animus”. 
Sem o elemento material, não haveria relação de fato entre pessoa e coisa. E sem o 
elemento intelectual não existiria posse, mas mera detenção. 
2- Teoria de Ihering (ou teoria objetiva) 
Posse é condição do exercício da propriedade, pois propriedade sem posse é “cofre sem 
chave”. 
Para Ihering, “corpus” e “animus” não precisam ser distinguidos, pois a noção de 
“animus” já se encontra na de “corpus”, sendo a maneira como o proprietário age em 
face da coisa de que é possuidor. 
Posse não é só a detenção da coisa, pois mesmo sem a detenção, (a posse) pode existir. 
Ex.: lavrador que deixa a sua colheita no campo não a tem fisicamente, mas a conserva 
em sua posse. 
Obs.: se o lavrador deixa no campo uma joia, desistiu da posse porque não é assim que 
se trata um objeto destanatureza. 
Para saber se há posse ou não, é preciso bom senso (e não detenção física, que pode não 
ocorrer na posse). 
Ex.: material de construção, em frente a uma obra, é de posse do dono da obra, embora 
não haja detenção física. 
POSSUIDOR 
Conceito – É o que age em face da coisa corpórea como se fosse o proprietário, pois a 
posse é exteriorização de propriedade. 
Obs.: 
-Posse é condição de fato da utilização econômica da propriedade. 
-Direito de possuir faz parte do conteúdo do direito de propriedade. 
-A posse é meio de defesa da propriedade. 
-Posse é rota que leva à propriedade. 
O Código Civil adotou a Teoria de Ihering: 
Art. 1.196, Código Civil (Art. 485, Código Civil/1916): Possuidor é quem tem de fato o 
exercício – pleno ou não – de alguns dos poderes inerentes ao domínio ou à 
propriedade. 
Possuidor é aquele que atua em relação à coisa como se fosse proprietário, pois exerce 
algum dos poderes inerentes ao domínio. A posse é, então, exteriorização da 
propriedade. 
Só em raras exceções, que veremos, o legislador volta à teoria de Savigny e à ideia de 
apreensão material da coisa. 
Natureza Jurídica da Posse 
Direito (real ou pessoal) ou fato? 
Para Savigny, é fato e direito – por causa da possibilidade de ações e usucapião. 
Para Ihering, é direito, porque direito subjetivo é o interesse juridicamente protegido. 
Na posse, o direito só existe enquanto existir a situação de fato. 
Ocorre que defendemos, acompanhados da melhor doutrina (Sílvio Rodrigues e 
Bevilácqua) que posse não é direito, é mero estado de fato, que a lei protege com 
atenção à propriedade, de que ela é a manifestação exterior. 
Ainda, posse não pode ser direito real, porque a lei é taxativa em relação aos direitos 
reais – art. 1.225, Código Civil. 
Há autores que pensam que o rol de direitos reais, do art. 1.225, é exemplificativo. 
Entendemos que é taxativo, porque as partes não podem criar por si direito real, com 
possibilidade de sequela mais oposição “erga omnes”. 
_____________________//____________________ 
POSSE – ESPÉCIES E QUALIFICAÇÕES. 
Capítulo inicial do Livro III, da Parte especial do Código Civil – da posse e sua 
classificação. 
Da classificação da posse: 
Posse Direta e Indireta 
A posse é exclusiva por natureza (princípio do Direito Romano - não comporta a 
pluralidade de titulares), não pode haver mais de uma posse sobre a mesma coisa. Mas 
a posse (por lei) pode se desdobrar, em relação ao exercício. 
Quanto ao campo do exercício, a posse é direta ou indireta; e quanto à simultaneidade 
do exercício, a lei permite a composse. 
Mais de um possuidor não pode ter a mesma posse, na mesma proporção, qualidade e 
quantidade sobre uma mesma coisa. Mas é possível a composse, onde cada possuidor 
tem o seu direito proporcional à quantidade partilhada entre eles; e as posses direta e 
indireta, ou a distinção entre posse e detenção, onde mais de um detentor, 
subordinados, situam-se em plano vertical, com hierarquia. 
Posse Indireta: o titular afasta a detenção da coisa de si, por sua própria vontade, e 
continua exercendo a posse de forma mediata, enquanto outrem exerce a Posse Direta 
– art. 1.197, Código Civil. 
Ex.: depositário, comodato, usufruto, locatário, têm a posse direta. E as pessoas que 
transferiram a posse para eles têm a posse indireta. 
Posse indireta é chamada também de “posse de direito”. A relação possessória se 
desdobra. 
O proprietário, por seu direito dominial, exerce a posse como corolário do domínio. E 
o depositário, por exemplo, exerce a posse por concessão do depositante. O titular da 
posse direta detém a coisa e se pretender ser proprietário sua posse é imediata. 
A lei reconhece como possuidor tanto quem tem a posse direta quanto quem tem a 
posse indireta; e ambos podem recorrer aos interditos para proteger a sua posição ante 
terceiros. 
Ex.: cada qual pode utilizar seus remédios possessórios contra o outro, para defender 
sua posse, quando se encontrar ameaçado. 
A lei defere (art. 1.197 do CC) ao possuidor direto ação possessória contra o 
proprietário (este titular da posse indireta). 
Ex.: Tribunal de São Paulo concedeu manutenção de posse ao meeiro contra dono da 
fazenda que o perturbava na exploração das terras, antes de vencido o contrato de 
parceria agrícola. 
Há ação de reintegração de posse do sublocatário contra o sublocador, por causa de 
esbulho. 
Ex. de ação possessória do titular da posse indireta contra titular da posse direta: 
interdito possessório do locador sobre parte do imóvel que não fora incluída na 
locação e que o locatário não queria entregar. 
Composse: está para a posse assim como o condomínio está para o domínio. Da mesma 
forma que não pode haver mais de um titular exercendo integralmente o direito e 
propriedade, não pode haver mais de um possuidor desfrutando a posse por inteiro. 
Na composse (art. 1.199, Código Civil), mais de um possuidor exercem a posse 
simultaneamente, mas um consorte não impede o exercício por parte de outro. 
Ex.: cônjuges em comunhão de bens em relação ao patrimônio comum. São 
compossuidores. Qualquer um pode reclamar a proteção possessória, em caso de 
turbação, esbulho ou ameaça em sua posse. A proteção possessória é conferida ao 
compossuidor mesmo contra seu consorte. 
Ex.: se várias pessoas são compossuidoras de propriedade agrícola, e uma delas quer 
cercar certa área, turbando a posse de seus consortes, estes podem impedi-la, através 
do interdito possessório. 
_________________________//_______________ 
Posse Justa e Posse Injusta: sob ângulo objetivo, com o exame dos vícios extrínsecos 
que maculam a posse, esta pode ser justa ou injusta. 
O art. 1.200 do Código Civil define posse justa: é a não violenta, clandestina ou 
precária. Injusta é a posse que tem um desses vícios, conhecidos no Direito Romano 
como defeitos de “vis”, “clam” “et” “precário”. 
Violenta: é a posse conseguida pela força injusta. O esbulhador não pode ter proteção 
possessória porque o direito repudia a violência. Art. 1.208 do Código Civil: atos 
violentos não autorizam a aquisição da posse, senão depois de cessar a violência. 
Então, a tomada violenta de posse não gera efeitos no âmbito do direito. Mesmo que o 
autor da violência seja o proprietário, a última deve ser reintegrada, porque o 
esbulhador não pode fazer justiça com as próprias mãos (pode se defender com as 
próprias mãos, mas não agredir). 
Cessando a violência, a posse antes viciada ganha juridicidade. Se o esbulhado, após a 
violência, se conforma e deixa de reagir durante ano e dia, enquanto o esbulhador 
exerce posse pacífica, a situação de fato se consolida e sua posse passa a ser protegida. 
O esbulhador adquire a condição de possuidor, pela cessação da violência. 
Posse Clandestina: é a que se constitui às escondidas. Alguém ocupa coisa de outrem 
sem que ninguém perceba, tomando cautela para não ser visto, ocultando seu 
comportamento. 
Nem se trata de posse, porque posse é exteriorização do domínio, e na clandestinidade 
não há qualquer exteriorização. O antônimo de clandestinidade é a publicidade. Para 
que haja posse, deve haver publicidade. Se a detenção da coisa se faz às escondidas, o 
verdadeiro dono nem pode reagir, pois mesmo sendo diligente, ignorará o ocorrido. 
Art. 1.208 do Código Civil: os atos clandestinos não autorizam a aquisição da posse, 
senão depois de cessada a clandestinidade. A posse pode então convalescer do vício da 
clandestinidade. Se a posse nasce clandestina e se torna pública, através de atos 
ostensivos do possuidor, que além de ocupar a terra alheia ali constrói, planta e vive; e 
se após cessar a clandestinidade o proprietário se acomoda e deixa de reagir por mais 
de ano e dia, a posse ganha juridicidade, e seu titular pode invocar a proteção 
possessória. 
Posse Precária: ocorre quando o possuidor recebe a coisa para depois devolvê-la e no 
prazo certo não a restitui. 
Ex.: locatário,usufrutuário, comodatário, depositário etc. 
Se ocorre retenção indevida, quando a posse lhe é reclamada, passa a existir posse 
precária. O possuidor recebe a coisa das mãos do proprietário, por um título que o 
obriga a restituí-lo e recusa injustamente a devolução, passando a possuir a coisa em 
seu próprio nome. 
O vício da precariedade macula a posse, não permitindo que gere ela efeitos jurídicos. 
Conforme art. 1.208 do Código Civil, atos de mera permissão ou tolerância (que 
abrangem a posse precária) não induzem posse. 
E a posse (embora possa convalescer dos vícios de violência e clandestinidade) não 
pode se convalescer da precariedade. O art. 1.208 do Código Civil é silente quanto a 
tal possibilidade. Isto porque a precariedade é vista como pior, posto que envolve 
quebra de confiança. E também porque a precariedade não cessa nunca – o dever de 
devolução da coisa não se extingue – e a retenção indevida não ganha juridicidade, 
não dá origem à posse jurídica. 
__________________________//_____________ 
Posse Injusta: violenta, clandestina ou precária. 
Posse Violenta e Clandestina; podem convalescer e serem protegidas, se cessarem a 
violência e a clandestinidade por ano e dia. 
Posse Precária: não convalesce jamais, continuando sempre viciosa. 
__________________________//____________________________________ 
Convalescimento da posse: 
Existe aparente contradição entre os artigos 1.208 e 1.203 do Código Civil: o art. 
1.208 permite que posse violenta e clandestina, caso se torne pacífica e pública por ano 
e dia, fique sanada (são purgados os seus defeitos); e o art. 1.203 diz que se presume 
que a posse mantenha o mesmo caráter com que foi adquirida. 
Para conciliar as duas regras, entende-se que a presunção é “juris tantum”, relativa – 
o caráter da posse a acompanha nas mãos dos sucessores do adquirente, até que se 
prove o contrário. Se o adquirente provar que cessou há mais de ano e dia a violência 
ou a clandestinidade, sua situação de possuidor é reconhecida. 
__________________________//____________ 
Posse de Boa-Fé e Posse de Má-Fé: aqui a distinção se faz no campo subjetivo, 
examinando a posição psicológica do possuidor, em face da relação jurídica (e não os 
vícios extrínsecos da posse – ângulo objetivo, utilizado para distinguir a posse em justa 
ou injusta). 
Posse de boa-fé: o possuidor ignora o vício, ou obstáculo que lhe impede a aquisição 
da coisa (art. 1.201, CC). 
Posse de má-fé: o possuidor exerce a posse mesmo ciente de sua clandestinidade (da 
posse), precariedade, violência, ou de que a posse encontra qualquer obstáculo jurídico 
à sua legitimidade. 
O que distingue uma posse de outra é a posição psicológica do possuidor. Se sabe da 
existência do vício, a sua posse é de má-fé. Se não souber, a sua posse é de boa-fé. 
Se a pessoa desconhece o vício por erro inescusável ou ignorância grosseira, a sua 
posse é de má-fé. 
Ex.: o possuidor adquiriu a posse de menor impúbere e de aparência infantil (Ex.: 
criança de oito anos) – não pode alegar ignorância da nulidade do título. Outro 
exemplo: comprou sem examinar o documento comprobatório do domínio do alienante. 
O legislador presume de boa-fé a posse quando o possuidor tem justo título. 
Justo título: é o título hábil para conferir ou transmitir direito à posse, se proviesse do 
verdadeiro possuidor ou proprietário. 
Então se o adquirente da posse a houve de forma legal, embora de quem não tivesse 
legitimação para transferi-la, a lei o presume de boa-fé, pois o título de que é portador 
é justo. Mas tal presunção é relativa – admite prova em sentido contrário. Ocorre que, 
como toda presunção desta natureza, inverte o ônus da prova: o possuidor exibe justo 
título e a parte contrária é que deve provar que a posse não é justa. 
Na posse de boa-fé (derivada), há sempre um título translatório ligando o possuidor 
atual a seu antecessor, de forma que a aquisição não aparente lesão a direito alheio. 
É importante distinguir posse de boa-fé e de má-fé, pois os efeitos são diversos, no que 
se refere aos frutos, benfeitorias, prazo de prescrição aquisitiva, responsabilidade pelas 
deteriorações etc. 
Também é relevante o momento em que cessa a boa-fé. Por exemplo: o possuidor de 
boa-fé tem direito aos frutos percebidos (art. 1.214, CC) e deve restituir os pendentes 
no momento em que cessa a boa-fé. 
Já o possuidor de má-fé deve restituir os frutos colhidos e percebidos, bem como os 
percipiendos – art. 1.216, CC. 
No Código Civil brasileiro a posse de boa-fé se transforma em posse de má-fé quando o 
possuidor toma conhecimento do vício que infirma a sua posse. 
Quem argui o conhecimento do vício deve provar tal conhecimento, demonstrando as 
circunstâncias externas capazes de revelar que o possuidor tomou ciência de que a 
posse que exercia era viciosa – art. 1.202, CC. 
Ex.: o litigante prova que o possuidor tinha ciência da falsidade da procuração quando 
a posse foi adquirida de um procurador. 
A maior parte da doutrina e da jurisprudência entende que o estabelecimento de uma 
relação controvertida serve para infirmar, no espírito do possuidor, a condição de 
legitimidade de sua posse. Então, se a sentença acolhe a reivindicação de quem alega e 
prova a má-fé do possuidor, seus efeitos retroagem à data da citação e, desde esse 
momento, o possuidor é considerado de má-fé. 
A questão é importante, pois a partir de então o possuidor: 
- deve devolver os frutos percebidos; 
- perde direito às benfeitorias úteis e voluptuárias; 
- não tem direito de retenção para compelir o devedor ao reembolso das benfeitorias 
necessárias; 
-passa a responder pelas perdas e deterioração (ainda que não as tenha causado). 
_____________________________________//___________________ 
Posse “ad interdicta” e posse “ad usucapionem”: 
A posse tem efeito de interditos e de usucapião. 
Para que a posse tenha a proteção dos interditos, basta ser justa – não ter vícios de 
violência, precariedade e clandestinidade. Assim, o titular de uma posse justa pose 
requerer proteção possessória contra quem quer que o esbulhe, perturbe ou ameace em 
sua posse. Mesmo que o autor do esbulho, turbação ou ameaça seja o próprio 
proprietário da coisa. Então, para que se configure a posse “ad interdicta”, basta que 
seja justa. 
A posse viciada só pode ser protegida contra terceiros, e não contra o proprietário, 
vítima do vício, e quem tem o melhor título. 
Posse “ad usucapionem” é aquela capaz de deferir ao seu titular a usucapião da coisa, 
se supridos os requisitos legais. 
Usucapião é um dos modos de adquirir o domínio pela posse mansa e pacífica sobre a 
coisa de outrem, por um período de tempo definido na lei (1.238 e seguintes do Código 
Civil). 
* Ordinariamente, a aquisição por usucapião implica posse com justo título e boa-fé. 
Mas a lei presume a boa-fé e o justo título se a posse dura 15 anos (art. 1.238 do CC). 
É irrelevante nestes casos a violência ou a clandestinidade que gerou a posse. Isto 
porque, se após a cessação de tais vícios transcorreram 15 anos, o possuidor adquire o 
domínio da coisa, independentemente de título e boa-fé, que a lei dispensa (ou presume 
“juris et de jure”) neste caso. 
A posse “ad usucapionem” é aquela capaz de gerar o domínio (1.238 e seguintes do 
CC). 
_____________________//____________________ 
Idade da Posse. 
Importância da distinção entre Posse Nova e Posse Velha. 
Posse nova: não tem ano e dia. 
Posse velha: tem ano e dia ou mais. 
O legislador faz tal distinção porque o período de ano e dia é necessário para 
consolidar a situação de fato, purgando a posse dos defeitos de violência e 
clandestinidade, como visto. E ainda: se a posse tiver ano e dia, o possuidor será nela 
mantido, até que seja provada a falta de sua legitimidade. 
_____________________//_____________________ 
Aquisição e Perda da Posse 
A aquisição da posse é tratada no Capítulo II, do Título I, do livro III,da Parte Especial 
do Código Civil. 
O momento da aquisição da posse é importante, porque marca o início da usucapião e 
separa a posse nova (menos de ano e dia) da posse velha. Ainda, pode provar 
legitimidade e ausência de vícios. 
Modos de aquisição: 
A aquisição da posse pode decorrer de ato de vontade ou da lei. Apenas a pessoa, física 
ou jurídica, por ter personalidade civil, que é a capacidade de ser titular de direitos e 
obrigações na ordem civil, pode adquirir a posse. 
São exemplos de posse adquirida por força da lei: posse transmitida aos herdeiros no 
exato instante da morte do autor da herança (art. 1.784 do CC); frutos que caem no 
terreno da pessoa provenientes de árvore de terreno vizinho (art. 1.284 do CC). 
Já a posse decorrente da vontade ocorre pela tradição, a entrega da coisa, por exemplo; 
ou, conforme visão mais ampla, pelo exercício de qualquer das prerrogativas inerentes 
ao domínio, como o uso, a fruição ou a disposição. 
Conforme Sílvio de Salvo Venosa, a aquisição da posse é o ato de ciência ou 
consciência do sujeito criador do estado de aparência que, circunstancialmente, surge 
aos olhos da sociedade como relação de posse. A segurança da posse repousa (...) na 
proteção que o ordenamento concede a esse estado de fato[6]. 
Lembremos que, de acordo com a teoria de Ihering, o elemento material, o aspecto 
físico da posse, não é essencial, bastando o animus para que esta se considere adquirida. 
É o que estabelece a lei: 
Art. 1.204, Código Civil: adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível 
o exercício, em nome próprio, de quaisquer dos poderes inerentes à propriedade. 
Assim, a pessoa que não está na posse física de um imóvel, por exemplo, mas o 
administra, colhe seus frutos, contrata mão de obra para a sua exploração, é claramente 
um possuidor. 
Segundo o art. 1.205 do Código Civil, a posse pode ser adquirida: pela pessoa que a 
pretende, ou seu representante, ou por terceiro sem mandato, dependendo de 
ratificação. 
O CC/1916 estabelecia, em seu art. 493, que a posse poderia ser adquirida: 
I- Pela apreensão da coisa ou pelo exercício do direito; 
II- Pelo fato de se dispor da coisa ou do direito; 
III- Por quaisquer dos modos de aquisição em geral. 
O art. 493, III do Diploma anterior tornava inúteis os incisos I e II, porque os abrangia. 
________________________________//______________________ 
http://adm.online.unip.br/frmAlteraConteudo.aspx#_ftn6
Da classificação dos modos de aquisição da posse: 
1. Tendo em vista a manifestação de vontade do agente, a posse pode ser adquirida por 
ato unilateral – apreensão, por exemplo, ou por ato bilateral – ex.: tradição. 
Obs.: aquisição de posse por terceiro sem representação é gestão de negócios. 
1.1. Por ato unilateral: 
Apreensão: pode recair sobre coisas sem dono, quer por serem abandonadas (“res 
derelicta”), quer por não serem de ninguém (“res nullius”); e pode recair sobre coisas 
de outrem, mesmo sem a anuência do proprietário (Ex.: posses violentas ou 
clandestinas, que duram mais de ano e dia sem violência ou com publicidade: os vícios 
se sanam, ganham proteção da ordem jurídica). 
A apreensão se dá: 
- pela ocupação nos bens imóveis; 
- pela deslocação dos bens móveis, pelo possuidor, à órbita de influência. 
A aquisição unilateral pode ser também (além da apreensão) por força do exercício do 
direito. 
Ex.: alguém constrói aqueduto em terreno alheio e o utiliza ostensivamente sem 
oposição do proprietário. Trata-se de exercício de posse de uma servidão. Transcorrido 
o prazo legal, adquire-se a referida posse, pelo exercício do direito, podendo invocar 
interdito possessório, em defesa de sua situação. 
Também se adquire a posse de modo unilateral pelo fato de se dispor da coisa ou do 
direito. 
Ex.: se alguém dá em comodato ou oferece para a locação coisa de outrem, tal fato 
revela que esta pessoa se encontra no exercício de um dos poderes inerentes ao domínio. 
Portanto, pode-se inferir que adquiriu a posse da coisa, posto que a desfrutava. 
1.2. Por ato bilateral: 
Tradição: transferência de posse de um possuidor a outro. É modo bilateral de aquisição 
– pressupõe acordo de vontades entre quem tradita e o adquirente, anterior ao ato de 
tradição. 
Em geral, a tradição é precedida de negócio jurídico de alienação, quer a título gratuito 
(doação), quer a título oneroso (compra e venda, permuta, dação em pagamento). 
Dos meios de tradição: 
Tradição é modo derivado de apossamento da coisa, significando entrega. 
Pode ser: 
a) efetiva ou material, como no caso de o alienante transferir ao alienatário o “animus” e 
o “corpus”. 
Ex.: o vendedor entrega ao comprador o objeto móvel vendido. 
· Também é efetiva a traditio longa manus, quando o transmitente da posse mostra ao 
adquirente a coisa, apontando a área do imóvel e seus limites, por exemplo (indica a 
coisa, suas pertenças e extensão). O objeto é mostrado ao adquirente e colocado à sua 
disposição. 
b) simbólica ou ficta. 
Decorre de atitudes, gestos que mostram a intenção de transferir a posse. 
Ex.: vendedor entrega as chaves do apartamento vendido. O apartamento não foi 
materialmente entregue, mas a tradição das chaves possibilita o ingresso do imóvel na 
órbita de influência do comprador, revelando que o mesmo adquiriu a posse. 
c) consensual: ocorre quando não há tradição real da posse. É o caso do constituto 
possessório e da traditio brevi manu. 
- na traditio brevi manu, quem possuía em nome alheio passa a possuir em nome 
próprio. Ex.: o comodatário que adquire a coisa que possuía direta e imediatamente por 
força do empréstimo. 
- Constituto possessório: ocorre quando alguém aliena bem de sua propriedade mas nele 
remanesce a outro título, como por exemplo, o de locatário ou comodatário. O 
adquirente só adquire a posse indireta, que lhe é transferida sem a entrega material da 
coisa, pela cláusula “constituti”. Há uma variação no “animus” do alienante que, 
entretanto, conserva o “corpus” da coisa possuída. 
____________________________//______________ 
2. Tendo em vista a sua origem, a posse pode ser: 
2.1: Originária – é a aquisição unilateral da posse que não envolve relação de 
causalidade entre a posse atual e a anterior, pois não decorre de anuência do antigo 
possuidor. 
Ex.: esbulho - a posse violenta ou clandestina pode se tornar legítima, se, cessada a 
violência e a clandestinidade, decorrer ano e dia. 
2.2: Derivada - quando há relação de causalidade entre a posse anterior e a atual, pois a 
posse emana da anuência do antigo possuidor. Adquire-se pela tradição e é precedida de 
negócio jurídico. 
Efeitos da distinção entre posse originária e derivada: 
É importante tal distinção porque na aquisição derivada os vícios que macularam a 
posse nas mãos do antecessor a acompanham, enquanto o mesmo não ocorre na posse 
originária. 
Ex.: possuidor de má-fé, que adquiriu a posse de quem não era dono; ao alienar a posse, 
a má-fé a acompanha, e a posse do adquirente continua sendo de má-fé. Ocorre que se a 
posse for de má-fé, mas a nova aquisição se der com o esbulho (aquisição originária), o 
esbulhador não se encontra ligado à posse anterior, não sendo considerado, portanto, de 
má-fé. E se por mais de ano e dia cessar a sua violência, a posse do esbulhador passa a 
ter legitimidade. 
A lei, conforme regra do art. 1.203 do Código Civil, presume manter a posse o mesmo 
caráter com que foi adquirida. E a regra se repete no art. 1.206 do Código Civil – a 
posse se transmite causa mortis com os mesmos caracteres, aos herdeiros e legatários 
do possuidor. 
____________________//____________ 
3. Ainda quanto à origem, a posse pode ser adquirida: 
3.1. A título universal – quando o objeto da transferência é uma universalidade, como 
um patrimônio, ou parte alíquota de uma universalidade. 
Ex.: herdeiro é sucessor a título universal. 
3.2: A título singular – quando o objeto da alienação constituicoisa certa e 
determinada. 
Ex.: legatário é sucessor a título singular. 
Em regra, a sucessão inter vivos se opera a título singular. O comprador em regra é 
sucessor a título singular. 
A distinção é importante porque conforme art. 1.207 do Código Civil o sucessor a título 
universal continua, de direito, a posse de seu antecessor. Então, se a posse do antecessor 
era viciada ou de má-fé, a posse do sucessor também será. 
Obs.: 
Na sucessão a título singular, mas causa mortis (legado), os vícios da posse a 
acompanham – art. 1.206 do Código Civil. 
O sucessor a título universal continua de direito a posse do seu antecessor, e o sucessor 
a título singular pode optar por reunir o tempo de sua posse ao do seu antecessor (1.207, 
Código Civil novo). Então, se a posse adquirida é justa e de boa-fé, o comprador pode 
adicionar o seu tempo ao de seu antecessor, para efeito de usucapião. 
Entretanto, se a posse adquirida era defeituosa, o comprador pode desconsiderá-la, pois 
a lei permite que se encare aquela situação de fato como nova, gerando nova posse a 
partir da data da aquisição. 
_______________________//_________________ 
Quem pode adquirir a posse. 
O art. 1.205 do Código Civil estabelece que a posse pode ser adquirida: 
Inciso I - pela pessoa que a pretende ou seu representante[7]. 
Inciso II – por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação. 
______________________//______________________ 
Perda da posse: 
A disciplina do art. 520 do Código Civil de 1916 era de pouca utilidade, supérflua. Por 
isso o Código Civil de 2002 não a repete e adota regras genéricas – art. 1.223 e 1.224. 
A posse se perde quando o possuidor se vê impedido de exercer poderes inerentes ao 
proprietário (art. 1.223 do Código Civil). Ex.: abandono; tradição; perda; etc. 
É certo que retomamos aqui a teoria de Savigny, pois a perda da posse pode ocorrer pela 
falta do elemento material, o “corpus”, ou pela perda do animus (Ihering), ou ainda pela 
perda de ambos. 
O art. 520 do Código Civil de 1916 tratava do tema, de modo exemplificativo. 
Examinemos: 
Perda do “animus” e do “corpus”: hipóteses de abandono e tradição; 
Abandono: o possuidor afasta de si a coisa possuída, com o propósito de não mais detê-
la ou de sobre ela exercer qualquer ato inerente ao domínio. 
Aqui perde o “corpus”, detenção material da coisa; e o “animus”, deliberação de tê-la 
como sua. 
Tradição: o alienante, por força de negócio anteriormente concluído, transfere a coisa 
possuída ao adquirente - perda do “corpus” e do “animus”. 
Perda do “corpus”: ocorre quando o objeto material, sobre que recaia a posse, se perde 
ou se destrói, ou, ainda, é posto fora do comércio. 
Ex.: o dono do pássaro que fugiu da gaiola, ou o proprietário do terreno invadido pelo 
mar. 
Outra hipótese de perda da posse por perecimento do “corpus” – quando o possuidor é 
afastado da coisa contra a sua vontade, sem obter a reintegração em tempo oportuno. 
Ex.: por violência ou esbulho, o possuidor se vê privado da posse e não requer a 
reintegração de posse no prazo de ano e dia - perde a posse, pois a posse do esbulhador 
http://adm.online.unip.br/frmAlteraConteudo.aspx#_ftn7
se consolida, só podendo ser este convencido no juízo petitório, ou seja, através de ação 
de reivindicação. 
Casos em que há perda do “animus”: hipótese do constituto possessório, em relação ao 
alienante. 
O constituto possessório ocorre quando o alienante de certo bem em vez de entregá-lo 
ao adquirente, conserva-o, com anuência deste, em seu poder, por outro título, como o 
de locatário, depositário ou comodatário. 
O alienante perde a posse indireta da coisa, pois afasta o “animus” e conserva a coisa 
em nome do novo proprietário. 
_________________________________//_____________________ 
Perda da posse para o ausente: 
O Código Civil, em seu art. 1.224, prescreve que só está perdida a posse para aquele 
que não presenciou o esbulho quando, tendo notícia da situação, não retoma a coisa ou, 
tentando recuperá-la, é violentamente repelido. 
A lei protege o possuidor em viagem, ou fora do lugar onde se encontra a coisa 
possuída. 
Para Sílvio Rodrigues[8], a lei é má e individualista, porque protege o possuidor 
negligente, em detrimento do interesse social, que seria no sentido de proteger o 
possuidor que exerce a posse mansa e pacífica, publicamente, por mais de ano e dia. 
O art. 522 do CC/1916, que continha regra semelhante, usava o termo ausente para 
designar aquele que não presenciava o esbulho. Tal erro técnico não foi cometido pelo 
legislador do novo Código Civil, já que o ausente é aquele que se encontra em lugar 
incerto e não sabido, que desaparece de seu domicílio sem que dele se tenha notícia, e 
cuja situação é regulamentada pelos art. 22 e seguintes do CC/2002. 
 
[1] O direito de propriedade é direito fundamental, previsto no art. 5º, XXII da 
Constituição Federal. E como direito fundamental a sua proteção é essencial para o 
alcance da dignidade da pessoa humana. Célia Rosenthal Zisman. O princípio da 
dignidade da pessoa humana. Ed. IOB-Thomson, p. 25. 
[2] Vale lembrar a distinção entre coisa e bem, já que coisa é tudo o que existe 
objetivamente, enquanto bem é apenas espécie de coisa, que deve ter as características 
de utilidade e raridade. Assim, o sol, a lua, a água do mar, o ar que respiramos são 
coisas, mas não são bens. Se coisa é gênero do qual bem é apenas espécie, todo bem é 
coisa, mas a recíproca não é verdadeira, porque nem toda coisa é bem. 
[3] Parte da doutrina entende que o sujeito passivo é toda a sociedade, que tem a 
prestação negativa de não interferir no direito real de qualquer pessoa. 
http://adm.online.unip.br/frmAlteraConteudo.aspx#_ftn8
http://adm.online.unip.br/frmAlteraConteudo.aspx#_ftnref1
http://adm.online.unip.br/frmAlteraConteudo.aspx#_ftnref2
http://adm.online.unip.br/frmAlteraConteudo.aspx#_ftnref3
[4] Roberto Senise Lisboa. Manual elementar de Direito Civil. Editora Revista dos 
Tribunais.Vol. 4, p. 35. 
[5] LRP – Lei de Registros Públicos, nº 6.015/73. 
[6] Direito Civil – Direitos Reais. P. 83. 
[7] O representante pode ser convencional, inclusive com procuração, que é o 
instrumento do contrato de mandato; e pode ser legal, como os pais, tutor ou curador. 
[8] Direito Civil – Direito das Coisas. P. 49. 
 
Exercício 1: 
Considere as proposições seguintes e assinale a alternativa correta: 
I. O direito protege a posse, situação de fato, porque presumivelmente o possuidor é 
também o proprietário. 
II. O possuidor atribui ao bem uma finalidade social, o que é de interesse público. 
III. Em larga escala, a não utilização dos bens é prejudicial a toda a sociedade. 
IV. O possuidor não tem ação contra o proprietário do bem. 
São corretas somente as proposições: 
 
A) 
I e IV. 
 
B) 
II e III. 
 
C) 
I, II e III. 
 
D) 
I, III e IV. 
http://adm.online.unip.br/frmAlteraConteudo.aspx#_ftnref4
http://adm.online.unip.br/frmAlteraConteudo.aspx#_ftnref5
http://adm.online.unip.br/frmAlteraConteudo.aspx#_ftnref6
http://adm.online.unip.br/frmAlteraConteudo.aspx#_ftnref7
http://adm.online.unip.br/frmAlteraConteudo.aspx#_ftnref8
 
E) 
II e IV. 
 
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Exercício 2: 
Possuidor é aquele que atua em relação à coisa como se fosse proprietário, pois exerce 
algum dos poderes inerentes ao domínio. A posse é, então, exteriorização da 
propriedade. 
Desse modo, é certo afirmar que: 
 
A) 
A posse depende sempre da apreensão material da coisa. 
 
B) 
A posse é sinônimo de detenção. 
 
C) 
Apenas o proprietário é possuidor. 
 
D) 
A posse é direito real, para os doutrinadores em unanimidade. 
 
E) 
É possível que o possuidor indireto proteja a sua posse. 
 
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Exercício 3: 
Analise as proposições que seguem e assinale a alternativa correta: 
O constituto possessórioocorre quando o alienante de certo bem em vez de entregá-
lo ao adquirente, conserva-o, com anuência deste, em seu poder, por outro título, 
como o de locatário, depositário ou comodatário. O alienante perde a posse 
indireta da coisa, pois afasta o “animus” e conserva a coisa em nome do novo 
proprietário. 
PORQUE 
Não há posse sem o elemento material, sem o corpus, em hipótese alguma. 
Pode-se afirmar que: 
 
A) 
As duas proposições são corretas e a segunda justifica a primeira. 
 
B) 
As duas proposições são corretas, mas a segunda não justifica a primeira. 
 
C) 
Apenas a primeira proposição é correta. 
 
D) 
Apenas a segunda proposição é correta. 
 
E) 
As duas proposições são falsas. 
 
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Exercício 4: 
A posse pode ser adquirida: 
 
A) 
Pela pessoa que a pretende, ou seu representante, ou por terceiro sem mandato, 
dependendo de ratificação. 
 
B) 
Somente pela pessoa que a pretende. 
 
C) 
Pela pessoa que a pretende ou por representante, desde que este tenha procuração. 
 
D) 
Apenas pela pessoa que a pretende ou por seu representante legal. 
 
E) 
Por qualquer pessoa, desde que haja mandato. 
 
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Exercício 5: 
Analise as afirmativas abaixo e assinale a alternativa correta: 
I. Direito real é o direito que se prende à coisa, prevalecendo sobre todos, independendo 
da colaboração de outrem para o seu exercício e conferindo ao seu titular a possibilidade 
de buscar a coisa onde quer que se encontre, e sobre ela exercer o seu direito. 
II. Direito real é relação entre pessoa e coisa: seu exercício não depende de colaboração 
de terceiros. 
III. O direito pessoal somente pode ser usufruído com a colaboração forçada ou 
espontânea do devedor. 
 
A) 
Somente I e II são corretas. 
 
B) 
Somente I e III são corretas. 
 
C) 
Somente II e III são corretas. 
 
D) 
Todas são corretas. 
 
E) 
Todas são incorretas. 
 
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Exercício 6: 
Assinale a alternativa correta: 
 
A) 
O direito real vale erga omnes, pois representa prerrogativa do seu titular, que 
deverá ser respeitada por todos. 
 
B) 
O direito real tem como único exemplo o direito de propriedade. 
 
C) 
A posse é uma das espécies do rol de direitos reais no Código Civil. 
 
D) 
 O direito real sobre imóvel não depende de registro, pois gera ao seu titular a 
prerrogativa da sequela. 
 
E) 
 A posse e a propriedade são direitos reais que recaem sempre sobre coisas imóveis. 
 
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