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Teoria do crime - Resumo

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1
Antecedentes da moderna teoria do delito
O conceito clássico de delito
Síntese da evolução da teoria moderna do delito: o conceito clássico, o conceito 
neoclássico e o conceito finalista de delito. 
O delito atualmente tem uma concepção quadripartida e é resultado de uma constru-
ção recente, do final do século XIX. O delito é concebido como ação, típica, antijurídica 
e culpável. Essa concepção pode ser definida também como tripartida (tipicidade, 
antijuridicidade e culpabilidade).
Von Liszt e Beling: elaboraram o conceito clássico de delito; representado por um 
movimento corporal, ou seja, uma ação, que produz uma modificação no mundo 
exterior, que é o resultado; fundamentado em um conceito de ação que vinculava a 
conduta ao resultado por meio do nexo de causalidade.
Se divide em aspecto objetivo (tipicidade e antijuridicidade) e aspecto subjetivo (cul-
pabilidade).
Resultado do pensamento jurídico característico do positivismo científico, que não le-
vava em consideração valorações filosóficas, psicológicas e sociológicas.
Pretendia resolver os problemas jurídicos dentro dos limites só do Direito positivo e da 
interpretação do direito. Por isso, o tratamento dado ao comportamento delituoso era 
bastante formal. 
Elementos estruturais do delito
Ação: conceito puramente descritivo, naturalista e causal, valorativamente neutro 
e objetivo, ainda que estruturado a partir da vontade do agente. O conteúdo dessa 
vontade não importava, o que importava era o aspecto objetivo que causou o resul-
tado externo.
Tipicidade e tipo: caráter externo da ação; aspectos objetivos do fato que estava descri-
to na lei.
Antijuridicidade: elemento objetivo, valorativo e formal; constatar a antijuridicidade 
implica um juízo de desvalor, ou seja, uma valoração negativa da ação.
Culpabilidade: aspecto subjetivo do crime; caráter puramente descritivo, já que se li-
mitava a comprovar a existência de um vínculo subjetivo entre o autor e o fato. 
Teoria do crime
Direito Penal I
2
O conceito neoclássico de delito
O conceito de delito no finalismo
O conceito clássico sofreu uma mudança significativa, mas não abandonou comple-
tamente os seus princípios fundamentais. Por isso esse novo conceito é chamado 
de neoclássico. 
Grande influência da filosofia neokantista. 
Conceito voltado para os fins pretendidos pelo Direito Penal e pelas perspectivas va-
lorativas que servem de base pra ele.
Os elementos do conceito clássico de crime passaram por um processo de transformação. 
O conceito de ação, era o ponto mais frágil do conceito clássico, principalmente em 
relação aos crimes omissivos, nos crimes culposos e na tentativa. 
A tipicidade sofreu mudanças a partir do descobrimento dos elementos normati-
vos que trazem um conteúdo de valor, e também a partir do reconhecimento dos 
elementos subjetivos do tipo. O tipo, que antes descrevia um processo exterior, se 
converteu em tipo de injusto, e passou a conter em determinados casos elementos 
normativos e subjetivos. 
A antijuridicidade, que antes era simplesmente uma contradição formal a uma nor-
ma jurídica, passou a ser concebida a partir de um aspecto material, já que passou 
a ser exigida a ocorrência de um dano social. Isso permitiu que o injusto pudesses 
ser graduado de acordo com a gravidade da lesão que foi produzida. Assim, um 
fato que não lesiona nenhum interesse, não pode ser qualificado como antijurídico. 
A culpabilidade se aproxima de uma ideia de reprovabilidade, a partir da formação 
da vontade contrária ao dever, o que facilitou o encontro de soluções que a teoria 
psicológica da culpabilidade não era capaz de resolver. 
Welzel: procurou colocar a ação humana como conceito central da teoria do delito, a 
partir de um ponto de vista ontológico; deixa de lado o pensamento lógico e abstrato 
dos conceitos anteriores, tentando corrigir as falhas e as contradições. 
O sistema finalista surge na mesma época da origem da teoria social da ação, e no 
auge do direito penal do autor. Ele se opõe ao conceito causal de ação e, principal-
mente, à separação entre a vontade e o conteúdo da vontade.
O conceito finalista, ou teoria final da ação, como ficou conhecida a teoria do Welzel, 
acabou com a separação dos aspectos objetivos e subjetivos da ação e do injusto. O 
injusto deixou de ser naturalístico para ser pessoal.
3
Nascimento de uma concepção puramente normativa:o dolo e a culpa são desloca-
dos da culpabilidade para o injusto, a culpabilidade passou a concentrar só as cir-
cunstâncias relacionadas à reprovabilidade da conduta e a conduta humana = essa 
mudança permitiu que os crimes dolosos fossem diferenciados dos crimes culposos, 
e fez com que o dolo e a culpa não fossem mais considerados elementos ou espécies 
de culpabilidade.
O crime só estaria completo com a presença da culpabilidade. Assim, para o finalis-
mo, o crime continua sendo uma ação típica, antijurídica e culpável.
O conceito analítico de crime
A definição legal de crime no Brasil
O crime tem um conceito formal e um conceito material, mas só esses dois conceitos 
não são suficientes para falar de crime, nem para que sejam analisados os elementos 
estruturais do conceito de crime. É preciso adotar um conceito analítico de crime.
Início da elaboração do conceito analítico: a ação delituosa seria composta pelo con-
curso de duas forças, uma força física e uma força moral. A força física seria a ação 
que provoca o dano material do delito. A força moral, estaria localizada na culpabi-
lidade e no dano moral da infração penal. Essa construção deu origem ao sistema 
bipartido do conceito clássico de crime, dividido em aspectos objetivos e subjetivos, 
que durou até o surgimento do sistema clássico do Liszt e do Beling. O conceito ana-
lítico passou a definir o crime como ação típica, antijurídica e culpável.
O conceito analítico de crime é defendido na Europa até hoje tanto por finalistas 
quanto por não finalistas. Assim, uma ação ou uma omissão típica e antijurídica pre-
cisa ser culpável pra ser considerada crime. Só uma conduta humana pode ser censu-
rável, ou seja, pode ser objeto do juízo de censura. O objeto da valoração é a conduta 
humana, que é censurável. E a valoração do objeto é o juízo de censura que se faz 
sobre essa ação. Assim, a gente não pode confundir o objeto de valoração com a va-
loração do objeto.
De acordo com a Lei de Introdução ao CP, um crime é a infração penal a que a lei 
comina pena de reclusão ou detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumu-
lativamente com a pena de multa. A mesma lei diz que contravenção é a infração a 
que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, alter-
nativa ou cumulativamente. 
A lei não se preocupou em definir o crime e a contravenção de acordo com a doutri-
na. O objetivo foi diferenciar crime de contravenção, a partir das características de 
cada conceito, a partir da natureza da pena privativa de liberdade (prisão simples, 
reclusão ou detenção) aplicada a cada caso. 
A punibilidade não vai ser incluída no conceito de crime, porque o nosso entendimen-
to aqui é que a punibilidade é uma consequência do crime.
4
Classificação tripartida e bipartida
Crimes doloso, culposo e preterdoloso
Crimes comissivo, omissivo e comissivo-omissivo
Alguns países como a Alemanha, a França e a Rússia, utilizam a divisão tripartida na 
classificação das infrações penais. Elas são divididas em crimes, delitos e contraven-
ções, de acordo com a gravidade que elas apresentam. 
A divisão mais adotada, que é inclusive adotada pelo Brasil, é a bipartida ou dicotô-
mica. De acordo com a classificação bipartida, as infrações se dividem em crimes ou 
delitos (que são a mesma coisa) e as contravenções. A distinção entre as duas classi-
ficações, como a gente disse agora há pouco, tem a ver com a sanção aplicada a cada 
uma delas. 
Assim, no Brasil, a gente aplica para os crimes, a pena de prisão, seja de reclusão ou 
de detenção, e a prisão simples, para as contravenções.A classificação em crimes dolosos, culposos e preterdolosos tem a ver com o elemen-
to volitivo da infração, ou seja, a vontade, a intenção do agente. 
Assim, no crime doloso, o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzir o 
resultado. No crime culposo, o agente provocou o resultado por imprudência, por 
negligência ou por imperícia. Já o crime preterdoloso ou preterintencional é o crime 
que tem um resultado total mais grave do que aquele que o agente pretendia. Nesse 
caso, existe um dolo inicial e uma culpa final.
O crime comissivo é aquele que acontece a partir de uma ação positiva que pretende 
provocar um resultado tipicamente ilícito, ou seja, fazer algo que a lei proíbe. A maio-
ria dos crimes previstos no CP e na legislação extravagante é de crimes comissivos. 
O crime omissivo próprio acontece quando o agente deixa de realizar uma determi-
nada conduta que teria obrigação jurídica de fazer, ou seja, uma pessoa que devia e 
podia realizar a conduta. O crime ocorre independentemente do resultado e por isso 
são considerados crimes de mera conduta, ou seja, basta apenas a omissão para que 
o crime esteja configurado. Nesses casos, o próprio tipo penal descreve a conduta 
omissiva, como nos casos do artigo 244, 135 e 269, do CP. 
O crime omissivo impróprio ou comissivo por omissão é aquele no qual a omissão é o 
meio através do qual o agente produz um resultado. Nesses crimes, o agente respon-
de não pela omissão, mas pelo resultado decorrente da omissão. Esses casos estão 
previstos no artigo 13, §2º do CP. A gente chama de “garantidor” a pessoa que devia 
intervir mas se omite diante do crime.
5
Crimes instantâneo e permanente
Crimes material, formal e de mera conduta
O crime instantâneo é aquele que se esgota com a ocorrência do resultado. Não 
significa que é um crime praticado rapidamente; significa que uma vez que os seus 
elementos são realizados, não há nada que se possa fazer pra impedir que ele acon-
teça. O fato de o agente continuar se beneficiando do crime, como no caso do furto, 
também não muda essa qualidade de crime “instantâneo”. 
O crime permanente é aquele no qual a consumação se entende no tempo, de acor-
do com a atividade do agente. Ou seja, o crime pode cessar quando o agente quiser, 
como os crimes de cárcere privado e sequestro. 
Crime permanente X crime instantâneo de efeitos permanentes (como o homi-
cídio e o furto): no crime instantâneo com efeitos permanentes, a permanência não 
depende da continuidade da ação do agente. No caso do homicídio, a morte acontece 
em um determinado instante, em decorrência de uma conduta do agente. Porém, a 
situação de ausência de vida após a conduta é um efeito permanente e natural da 
morte que não depende de outras ações do agente.
O crime material ou de resultado descreve a conduta cujo resultado integra o pró-
prio tipo penal. Ou seja, pra que o crime se consume, é necessária a produção de um 
resultado separado do comportamento que precedeu esse resultado. O resultado 
material que integra a descrição típica pode ser tanto de dano como de perigo con-
creto para o bem jurídico que está sendo protegido. Se esse resultado não acontece, 
a gente está diante da tentativa. Assim, nos crimes materiais a ação e o resultado são, 
em regra, cronologicamente diferentes. 
O crime formal descreve um resultado, mas que não precisa acontecer pra que o cri-
me se consume. Basta só a ação do agente e a vontade do agente de concretizar essa 
ação, como nos crimes de ameaça e de injúria. No crime formal, então, o legislador 
antecipa a consumação. Ele se satisfaz só com a simples ação do agente.
Crime formal X crime de mera conduta: no crime de mera conduta, o legislador 
descreve só o comportamento do agente, sem se preocupar com o resultado, como 
no caso do crime de desobediência (art. 330, CP) ou de invasão de domicílio (art. 150, 
CP). Então, os crimes de mera conduta não tem resultado, enquanto os crimes for-
mais tem um resultado, mas a consumação não depende dele.
6
O perigo abstrato é presumido e não precisa ser provado, já que a gente já pressu-
põe que aquela conduta é perigosa. Esse entendimento vai de encontro ao princípio 
da ofensividade, e por isso é preciso que a conduta punível seja descrita com muita 
precisão e que os princípios limitadores do poder punitivo do Estado sejam levados 
em consideração.
Exemplo: crime de entrega de direção de veículo automotor a pessoa não habilitada 
(art. 310, do Código de Trânsito Brasileiro). 
Crimes unissubjetivo e plurissubjetivo
Crimes unissubsistente e plurissubsistente
O crime unissubjetivo é aquele que pode ser praticado pelo agente individualmente. 
Essa é a regra geral do nosso ordenamento. Ele admite o concurso eventual de pes-
soas, mas isso a gente vai ver mais adiante.
O crime plurissubjetivo é o crime de concurso necessário, ou seja, a sua estrutura 
típica exige o concurso de, no mínimo, duas pessoas. A conduta dos participantes 
pode ser paralela (como no crime de associação criminosa), convergente (como no 
adultério e na bigamia) ou divergente (como acontece na rixa).
O crime unissubsistente corresponde a um ato único, ou seja, ele não admite um fra-
cionamento e coincide temporalmente com a consumação. Por isso, ele não admite 
tentativa, como no caso da injúria verbal, por exemplo. Em regra, os crimes formais e 
de mera conduta são unissubsistentes.
Crimes de dano e de perigo
O crime de dano é aquele que se consuma quando tem lesão do bem jurídico. Não 
havendo a lesão do bem jurídico, a gente pode estar diante de uma tentativa ou de 
um indiferente penal, ou seja, quando o dano é irrelevante. 
O crime de perigo é aquele que se consuma com a mera criação do perigo real para 
o bem jurídico protegido, sem que haja nenhum dano efetivo. Nesses crimes, o ele-
mento subjetivo é o dolo de perigo, ou seja, a vontade do agente se limita a criar a 
situação de perigo e não o dano, nem mesmo eventualmente. 
Nesses casos, o perigo pode ser concreto ou abstrato. 
O perigo concreto é aquele que precisa ser comprovado, ou seja, a situação de risco 
ao bem jurídico precisa ser demonstrado no caso concreto. A avaliação do perigo é 
feita com base na probabilidade de dano do bem jurídico que é colocado em situação 
de risco naquele caso concreto. 
Exemplo: crime de gestão temerária (art. 4º, parágrafo único, da Lei nº 7.492/1986). 
7
Crimes comum, próprio e de mão própria
Crimes de ação única, de ação múltipla e de dupla subjetividade
O crime comum é aquele que pode ser praticado por qualquer pessoa, como a lesão 
corporal, o furto e o estelionato. 
O crime próprio ou crime especial é aquele que exige uma determinada qualidade ou 
condição pessoal do agente. É o caso do autoaborto ou aborto consentido (CP, art. 
124), que só pode ser praticado pela gestante, ou do peculato (CP, art. 312), que só 
pode ser praticado por funcionário público (CP, art. 327). Nesses crimes é admitida a 
participação de um terceiro, que não tenha essa qualidade ou condição especial.
O crime de mão própria é aquele que só pode ser praticado pelo agente pessoalmen-
te, como no caso do falso testemunho, do adultério e da prevaricação. Esses crimes 
só admitem a participação, sendo impossível a coautoria. 
A diferença entre o crime próprio e o crime de mão própria é que nos crimes pró-
prios, o sujeito ativo pode determinar a outra pessoa a sua execução (autor), embora 
possam ser cometidos apenas por um número limitado de pessoas; nos crimes de 
mão própria, embora possam ser praticados por qualquer pessoa, ninguém os come-
te por intermédio de outrem.
O crime de ação única é aquele que contém só uma modalidade de conduta, que está 
expressa no verbo núcleo do tipo (matar, subtrair, etc.)
O crime de ação múltipla ou de conteúdo variado é aquele que o tipo penal tem vá-
rias modalidades de condutas. Nesse caso, ainda que só uma delas seja praticada, 
só vai haver um único crime (art. 122, 180 e 234, CP; art. 33 e 34 da Lei 11.343/2006).
Os crimes de dupla subjetividadepassiva é aquele no qual existe mais de uma vítima 
ao mesmo tempo, como no caso de violação de correspondência, no qual tanto o 
remetente quanto o destinatário são sujeitos passivos do crime.
Exemplo: crimes contra a honra cometidos oralmente diante da vítima = “Fulano, você 
é safado” = essa ofensa é ato único, não há como fracioná-la.
No crime plurissubistente, a execução pode se desdobrar em vários atos sucessivos, 
de modo que a ação e o resultado típico se separam espacialmente. Os crimes mate-
riais, em regra, são crimes plurissubsistentes.
Exemplo: no homicídio em que o agente dispara vários tiros contra a vítima. Cada tiro 
é um ato que visa a morte.

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