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Processo Civil II Glória Corrêa PETIÇÃO INICIAL FORMAÇÃO DO PROCESSO O processo nasce com a propositura da demanda. Processo = série de atos e um feixe de relações jurídicas. A demanda considera-se proposta na data em que a petição inicial foi protocolada. “Art. 312. Considera-se proposta a ação quando a petição inicial for protocolada, todavia, a propositura da ação só produz quanto ao réu os efeitos mencionados no art. 240 depois que for validamente citado.” A partir desta data surge a litispendência. O processo existe e, para o autor, todos os efeitos decorrentes se produzem. No entanto, para o réu, a litispendência só produz efeitos a partir da sua citação. PETIÇÃO INICIAL E DEMANDA Demanda = conteúdo. Ato jurídico. Função: bitolar a atividade jurisdicional, que não pode extrapolar seus limites. Petição inicial = forma; instrumento da demanda. É um projeto de sentença: contém aquilo que o demandante almeja ser o conteúdo da decisão que vier a acolher seu pedido. - Forma: A postulação deve ser escrita, datada e assinada. Admite-se postulação oral (é sempre reduzida a termo) nos Juizados Especiais Cíveis. “Art. 14. O processo instaurar-se-á com a apresentação do pedido, escrito ou oral, à Secretaria do Juizado. ” REQUISITOS DA INICIAL - Assinatura de quem possua capacidade postulatória Normalmente o Advogado, defensor público ou membro do MP. Há algumas hipóteses em que o leigo tem capacidade postulatória: a) ação de alimentos; b) habeas corpus; c) juizados especiais cíveis, em 1ª instância, em causas cujo valor não exceda a 20 salários-mínimos; d) pedido de concessão de medidas protetivas de urgência em favor da mulher que se afirma vítima de violência doméstica ou familiar. Indicação do endereço, inclusive o eletrônico, do advogado e deve vir acompanhada de procuração. “Art. 287. A petição inicial deve vir acompanhada de procuração, que conterá os endereços do advogado, eletrônico e não eletrônico. Parágrafo único. Dispensa-se a juntada da procuração: Processo Civil II Glória Corrêa I - no caso previsto no art. 104; II - se a parte estiver representada pela Defensoria Pública; III - se a representação decorrer diretamente de norma prevista na Constituição Federal ou em lei.” - Indicação do juízo a que é dirigida a demanda O autor tem de indicar o juízo (singular ou colegiado) perante o qual formula a sua pretensão, observadas as regras de competência. “Art. 319. A petição inicial indicará: I - o juízo a que é dirigida;” O endereçamento far-se-á no cabeçalho da P.I. Comarca = unidade territorial da justiça estadual. Seção judiciária = Justiça Federal (capital) Subseção Judiciária = Justiça Federal (interior). Exmo. Sr. Juiz de Direito da Vara de Família da Comarca de Salvador, Estado Federado da Bahia. - Qualificação das partes O demandante apresentará qualificação das partes (dele e réu). Deve constar: a) nome; b) prenomes; c) estado civil; d) a existência de união estável; e) profissão; f) CPF ou CNPJ; g) endereço eletrônico; h) domicílio; i) residência do autor e do réu. “Art. 319. A petição inicial indicará: [...] II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu;” Pretende-se evitar que o processamento de pessoas incertas, bem como verificar a incidência de algumas normas que têm por suporte fática algum desses qualificativos (litisconsórcio necessário de pessoas casadas, art. 73, §1º, CPC). A análise sobre a concessão dos benefícios da justiça gratuita pauta-se, muitas vezes, nos dados que qualificam o litigante, como sua profissão ou atividade desenvolvida, ou, em relação a pessoa jurídica, as entidades filantrópicas – entendimento jurisprudencial -. COLOCAR A PARTE DIGITADA ATÉ PÁGINA 562 - O pedido Toda inicial deve conter, ao menos, um pedido, com as suas especificações. Processo Civil II Glória Corrêa “Art. 319. A petição inicial indicará: [...] IV - o pedido com as suas especificações;” Petição sem pedido = INEPTA, ensejando o seu indeferimento. - Atribuição de valor da causa “Art. 319. A petição inicial indicará: [...] V - o valor da causa;” Toda petição inicial deve constar o valor da causa. Fixação conforme os artigos 291-293, CPC. “Art. 291. A toda causa será atribuído valor certo, ainda que não tenha conteúdo econômico imediatamente aferível. Art. 292. O valor da causa constará da petição inicial ou da reconvenção e será: I - na ação de cobrança de dívida, a soma monetariamente corrigida do principal, dos juros de mora vencidos e de outras penalidades, se houver, até a data de propositura da ação; II - na ação que tiver por objeto a existência, a validade, o cumprimento, a modificação, a resolução, a resilição ou a rescisão de ato jurídico, o valor do ato ou o de sua parte controvertida; III - na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) prestações mensais pedidas pelo autor; IV - na ação de divisão, de demarcação e de reivindicação, o valor de avaliação da área ou do bem objeto do pedido; V - na ação indenizatória, inclusive a fundada em dano moral, o valor pretendido; VI - na ação em que há cumulação de pedidos, a quantia correspondente à soma dos valores de todos eles; VII - na ação em que os pedidos são alternativos, o de maior valor; VIII - na ação em que houver pedido subsidiário, o valor do pedido principal. § 1o Quando se pedirem prestações vencidas e vincendas, considerar-se-á o valor de umas e outras. § 2o O valor das prestações vincendas será igual a uma prestação anual, se a obrigação for por tempo indeterminado ou por tempo superior a 1 (um) ano, e, se por tempo inferior, será igual à soma das prestações. § 3o O juiz corrigirá, de ofício e por arbitramento, o valor da causa quando verificar que não corresponde ao conteúdo patrimonial em discussão ou ao proveito econômico perseguido pelo autor, caso em que se procederá ao recolhimento das custas correspondentes. Processo Civil II Glória Corrêa Art. 293. O réu poderá impugnar, em preliminar da contestação, o valor atribuído à causa pelo autor, sob pena de preclusão, e o juiz decidirá a respeito, impondo, se for o caso, a complementação das custas.”. NÃO há causa SEM VALOR, assim como não há causa de valor inestimável ou mínimo. O valor da causa deve ser certo e fixado em moeda corrente nacional. SÚMULA Nº 261, TRF “No litisconsórcio ativo voluntário, determina-se o valor da causa, para efeito de alçada recursal, dividindo-se o valor global pelo número de litisconsortes.” Importância do valor da causa: a) Base de cálculo das custas judiciais; b) Definição da competência do órgão jurisdicional; c) Cabimento de recursos d) Base de cálculo de multas processuais. Não é fim meramente fiscal. Se a causa não se encaixe em nenhuma das hipóteses do art. 292, CPC, cabe ao autor atribuir o valor à causa, segundo seu critério. Controlando-o a partir do princípio da boa-fé (art. 5º, CPC), que veda abuso de direitos, e a partir dospostulados da razoabilidade e da proporcionalidade (art. 8º, CPC). O juiz pode controlar ex ofício o valor atribuído à causa. Pode o reú impugnar a atribuição de um valor à causa; essa impugnação deve ser feita através da contestação, sob pena de preclusão. A decisão interlocutória sobre correção ou não da atribuição do valor à causa poderá ser impugnada por apelação e não por agravo de instrumento. Art. 1.009. Da sentença cabe apelação. § 1o As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não comportar agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões. - A indicação dos meios de prova O autor deve indicar os meios de prova de que se irá valer para comprovar as suas alegações. Processo Civil II Glória Corrêa No entanto, essa exigência tem pouca aplicabilidade prática, pois o órgão julgador pode determinar ex officio a produção de provas e há momento próprio – fase de saneamento do processo – em que há intimação das partes para apresentação dos meios de prova dos quais se valerão. Art. 319. A petição inicial indicará: [...] VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; Art. 370. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as provas necessárias ao julgamento do mérito. - Opção da audiência de conciliação e mediação O autor deve manifestar a sua opção pela realização ou não de audiência preliminar de conciliação ou mediação. “Art. 319. A petição inicial indicará: VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação.” A audiência preliminar ocorrerá antes de o réu apresentar a sua resposta. Se o réu e o autor manifestarem vontade de não resolver o litígio por autocomposição, a audiência não ocorrerá; Art. 334. Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for o caso de improcedência liminar do pedido, o juiz designará audiência de conciliação ou de mediação com antecedência mínima de 30 (trinta) dias, devendo ser citado o réu com pelo menos 20 (vinte) dias de antecedência. § 4o A audiência não será realizada: I - se ambas as partes manifestarem, expressamente, desinteresse na composição consensual; [...] § 5o O autor deverá indicar, na petição inicial, seu desinteresse na autocomposição, e o réu deverá fazê-lo, por petição, apresentada com 10 (dez) dias de antecedência, contados da data da audiência. A manifestação do autor, nesse sentido, deve ser realizada na inicial. Além dessa opção, a manifestação bilateral de desinteresse pode ser celebrada antes do início do processo, em que as partes previamente dispensam a realização do ato; neste caso, cabe ao autor anexar esse documento à inicial. O silencio importa anuência, ou seja, indicativo de vontade. - Documentos Indispensáveis à propositura da demanda Processo Civil II Glória Corrêa A petição inicial deve vir acompanhada dos documentos indispensáveis à propositura da causa. Art. 320. A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação. Deve-se produzir a prova documental no momento da postulação. Art. 434. Incumbe à parte instruir a petição inicial ou a contestação com os documentos destinados a provar suas alegações. Documentos substanciais: documentos que a lei expressamente exige para que a demanda seja proposta. Exemplos: titulo executivo, na execução; prova escrita, na ação monitória; procuração, em qualquer caso. Documentos fundamentais: que se tornam indispensáveis porque o autor a eles se referiu na petição inicial, como fundamento do seu pedido. É possível a produção ulterior de prova documental. É possível o autor requerer ao juiz diligências necessárias à obtenção de documento (aplicação analógica do art. 319, §1º). Pode o autor se valer de documento que esteja em poder do réu ou de terceiros. Art. 435. É lícito às partes, em qualquer tempo, juntar aos autos documentos novos, quando destinados a fazer prova de fatos ocorridos depois dos articulados ou para contrapô-los aos que foram produzidos nos autos. Parágrafo único. Admite-se também a juntada posterior de documentos formados após a petição inicial ou a contestação, bem como dos que se tornaram conhecidos, acessíveis ou disponíveis após esses atos, cabendo à parte que os produzir comprovar o motivo que a impediu de juntá-los anteriormente e incumbindo ao juiz, em qualquer caso, avaliar a conduta da parte de acordo com o art. 5o. EMENDA DA INICIAL Se a inicial estiver irregular, pela ausência de algum requisito, e esta irregularidade seja sanável, deve o magistrado intimar o autor para corrigi-la, no prazo de 15 dias, emendando-a ou complementando-a, indicando com precisão o que deve ser corrigido/completado. Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado. Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial. Processo Civil II Glória Corrêa JURISPRUDÊNCIA STJ Esse prazo do juiz, é prorrogável, ao seu critério. Se o autor não cumprir a diligência, a petição será indeferida, sem resolução de mérito. Sempre que o defeito for sanável, é recomendado que o magistrado determine emendar. Não lhe permitido o indeferimento sem dar a oportunidade de o autor corrigir o erro. É possível a emenda da inicial MESMO APÓS a CONTESTAÇÃO, desde de que não enseje a modificação do pedido ou da causa de pedir sem o consentimento do réu. Trata-se de aplicação das regras do aproveitamento dos atos processuais e da instrumentalidade das formas. Essas regras são decorrentes do princípio da cooperação. Art. 6o Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva. JURISPRUDÊNCIA STJ Ofende ao art. 284, CPC, o acórdão que declara extinto o processo, por deficiência da inicial, sem dar ao autor oportunidade para suprir a falha. (STJ, 1º, Resp. 114.092- SP). INDEFERIMENTO DA PETIÇÃO INICIAL É decisão judicial que obsta liminarmente o prosseguimento da causa, pois não se admite o processamento da demanda. Ocorre somente no início do processo: só há indeferimento liminar antes da ouvida do réu. Após a citação, o juiz não poderá mais indeferir a petição inicial, pois, neste caso, ela já foi admitida. É indeferimento por falta de um pressuposto processual. Sendo liminar a sentença, não se condenará o autor ao pagamento de honorários advocatícios em favor do réu ainda não citado. Não se admite o indeferimento indiscriminado. A petição inicial somente será indeferida se não houver possibilidade de correção do vício ou, se houver, tiver sido conferida a oportunidade para que o autor a emende e este não o faça satisfatoriamente. O indeferimento da petição inicial é um dos casos de invalidade, má-formação, inépcia, defeito da petição inicial. Extingue-se o processo sem resoluçãode mérito. Processo Civil II Glória Corrêa Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: I - indeferir a petição inicial; O indeferimento da P.I pode ocorrer em juízo singular e em tribunal. No segundo caso, o indeferimento tanto pode ser decisão do relator, como pode ser por acórdão. O indeferimento pode ser total ou parcial. Será parcial quando o juiz apenas rejeitar parte da demanda (em casos de cumulação de pedidos, o indeferimento de um deles). Contra decisão de juiz que indeferir parcialmente a inicial, caberá agravo de instrumento. Art. 354. Ocorrendo qualquer das hipóteses previstas nos arts. 485 e 487, incisos II e III, o juiz proferirá sentença. Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput pode dizer respeito a apenas parcela do processo, caso em que será impugnável por agravo de instrumento. Na cumulação de pedidos, se o juízo é incompetente para conhecer e julgar um deles, o juiz indefere a cumulação, mas julgará o pedido de sua competência. Art. 45. Tramitando o processo perante outro juízo, os autos serão remetidos ao juízo federal competente se nele intervier a União, suas empresas públicas, entidades autárquicas e fundações, ou conselho de fiscalização de atividade profissional, na qualidade de parte ou de terceiro interveniente, exceto as ações: [...] § 1o Os autos não serão remetidos se houver pedido cuja apreciação seja de competência do juízo perante o qual foi proposta a ação. § 2o Na hipótese do § 1o, o juiz, ao não admitir a cumulação de pedidos em razão da incompetência para apreciar qualquer deles, não examinará o mérito daquele em que exista interesse da União, de suas entidades autárquicas ou de suas empresas públicas. SÚMULA Nº 170, STJ Compete ao juízo onde for intentada a ação de acumulação de pedidos, trabalhistas e estatutário, decidi-la nos limites da sua jurisdição, sem prejuízo do ajuizamento de nova causa, com pedido remanescente, no juízo próprio. Se o indeferimento for parcial, não haverá extinção do processo, por isso, não há que se falar em sentença; se ocorreu em juízo singular, será uma DECISÃO INTERLOCUTÓRIA (recurso cabível: agravo de instrumento); se ocorreu em tribunal, será uma DECISÃO UNIPESSOAL, se proferida por relator, ou um ACÓRDÃO, se decisão colegiada. Se o indeferimento for TOTAL e feito por juiz singular: sentença. Cujo recurso é APELAÇÃO. SE o indeferimento for (total ou parcial) feito por decisão de RELATOR: AGRAVO INTERNO. Processo Civil II Glória Corrêa Se o indeferimento – total ou parcial – for feito por acórdão, caberão recurso ordinário constitucional, recurso especial ou recurso extraordinário. - Retratação Havendo apelação contra sentença que indefere a petição inicial, poderá o juiz, no prazo de 5 dias, rever a sua decisão e modificá-la, em juízo de retratação. Se não houver retratação, o juiz determinará a citação do réu para responder o recurso. Se a apelação for provida, o prazo para a contestação começará a correr da intimação do retorno dos autos. Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da sentença. Art. 331. Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, facultado ao juiz, no prazo de 5 (cinco) dias, retratar-se. § 1o Se não houver retratação, o juiz mandará citar o réu para responder ao recurso. § 2o Sendo a sentença reformada pelo tribunal, o prazo para a contestação começará a correr da intimação do retorno dos autos, observado o disposto no art. 334. § 3o Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da sentença. É uma regra especial, então, excepciona-se o art. 494. Art. 494. Publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la: I - para corrigir-lhe, de ofício ou a requerimento da parte, inexatidões materiais ou erros de cálculo; II - por meio de embargos de declaração. Se a apelação é intempestiva, o juiz não pode se retratar, sendo obrigado a encaminhá-la ao tribunal. - Hipóteses de indeferimento INÉPCIA OU inaptidão é a petição que contem defeitos vinculados à CAUSA DE PEDIR e ao PEDIDO (identificação e formulação dos elementos objetivos da demanda). Impedem o julgamento do mérito da causa. Leva ao INDEFERIMENTO da inicial, mas nem todo indeferimento tem a inépcia como fundamento. Art. 330. A petição inicial será indeferida quando: I - for inepta; Processo Civil II Glória Corrêa I. Ausência de pedido ou de causa de pedir Nesse caso, será impossível ao órgão jurisdicional saber os limites da demanda e, por consequência, os limites da sua atuação. Pedido ou causa de pedir obscuros A clareza na exposição é uma exigência de boa-fé, cooperação e do contraditório. O autor deve apresentar a sua fundamentação de modo analítico, sob pena de inépcia, não sendo suficiente se fazer de meras paráfrases da lei. A regra se estende a qualquer postulação. Trata-se de um corolário do princípio da cooperação. Art. 489. São elementos essenciais da sentença: [...] § 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida; II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso; II. Pedido indeterminado O pedido deve ser determinado, salvo algumas situações excepcionais. Art. 324. O pedido deve ser determinado. § 1o É lícito, porém, formular pedido genérico: I - nas ações universais, se o autor não puder individuar os bens demandados; II - quando não for possível determinar, desde logo, as consequências do ato ou do fato; III - quando a determinação do objeto ou do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu. III. Quando da narração dos fatos não decorrer logicamente o pedido A petição tem que ser coerente. O pedido deve resultar de maneira lógica da causa de pedir, caso contrário, há contradição, que é hipótese de inépcia. Ex. pedir invalidação de negócio em causa de inadimplemento. IV. A cumulação de pedidos incompatíveis entre si Chamada Petição suicida, pois um pedido aniquila o outro. A compatibilidade dos pedidos é requisito para que se os possa cumular. Processo Civil II Glória Corrêa Neste caso o juiz deve determinar que o autor corrija a inicial, escolhendo um dos pedidos ou trocando um deles por outro. Não pode indeferir a inicial sem dar ensejo à emenda. Em caso de revisão de obrigação decorrente de empréstimo, deverá o autor definir na inicial quais as obrigações contratuais ele pretende controverter e quantificar o valor incontroverso do débito. Não discriminando o valor, cabe ao juiz determinar a intimação do autor para que emende a petição inicial; não retificado o defeito, a petição há de ser indeferida por inépcia. A regra do direito material, cabe ao autor-devedor continuar pagando o valor incontroverso – que não é objeto do processo -. Não há regra que discipline como isso será feito: se por depósito judicial, se por boleto emitido pelo réu-credor, se consignação em pagamento. Inadimplida a parcela incontroversa, há mora.Não adimplida a parcela controversa, há mora? Se não houver decisão judicial provisória em sentido contrário (tutela antecipada), há mora. A simples propositura da demanda para a discussão de um negócio jurídico não tem o efeito de suspender a eficácia desse negócio. Art. 330. A petição inicial será indeferida quando: § 2o Sendo a sentença reformada pelo tribunal, o prazo para a contestação começará a correr da intimação do retorno dos autos, observado o disposto no art. 334. § 3o Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da sentença. ILEGITIMIDADE DA PARTE A ilegitimidade da parte leva ao indeferimento da petição inicial. Art. 330. A petição inicial será indeferida quando: II - a parte for manifestamente ilegítima; FALTA DE INTERESSE PROCESSUAL Art. 330. A petição inicial será indeferida quando: III - o autor carecer de interesse processual; NÃO ATENDIMENTO AO DISPOSTO NOS ARTIGOS 106 E 321. Art. 106. Quando postular em causa própria, incumbe ao advogado: I - declarar, na petição inicial ou na contestação, o endereço, seu número de inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil e o nome da sociedade de advogados da qual participa, para o recebimento de intimações; Processo Civil II Glória Corrêa II - comunicar ao juízo qualquer mudança de endereço. § 1o Se o advogado descumprir o disposto no inciso I, o juiz ordenará que se supra a omissão, no prazo de 5 (cinco) dias, antes de determinar a citação do réu, sob pena de indeferimento da petição. § 2o Se o advogado infringir o previsto no inciso II, serão consideradas válidas as intimações enviadas por carta registrada ou meio eletrônico ao endereço constante dos autos. Se não for suprida a omissão no prazo de cinco dias, a petição será indeferida. Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado. Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial.
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