Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Universidade de Rio Verde 4º Período – Medicina Disciplina: Patologia Professora: Dra. Eliane Acadêmicos: Bárbara Carol, Beatriz Ribeiro, Isabella Oliveira, Jéssica Duarte, Katiúscia Pereira, Luciana Aparecida, Mariana Lopes, Mariana Tavares, Michélle Lemes, Nathália Ramos, Ravla Faria, Roberta Geralda, Roberta Faria, Thatyane Pereira, Yumi Kudo. Patologia Ambiental Introdução O termo patologia ambiental tem sido utilizado para indicar o estudo das doenças causadas por contaminantes ou poluentes do ambiente. É, portanto, o estudo de doenças ou lesões produzidas por agentes químicos, já que o ambiente é poluído essencialmente tem a maior parte de suas causas no meio ambiente. Mecanismos gerais das lesões produzidas por agentes químicos As lesões por agente químicos tem mecanismos semelhantes quer o agente tenha entrado no organismo como um medicamento, um tóxico ou um poluente contaminando alimentos ou o ar. Os efeitos dos agentes químicos dependem de propriedades da substancia e de fatores ligados ao organismo, os quais devem ser interpretados em conjunto. Esses fatores interferem nos processos de absorção, transporte, distribuição, armazenamento, biotransformação e excreção dos agentes químicos. Absorção As substâncias químicas chegam ao organismo pelas vias cutânea, mucosa (digestiva, respiratória ou urogenital) ou parenteral (intradermica, subcutânea, intramuscular ou intravenosa). A absorção se faz através da membrana de células por difusão simples, por transporte facilitado ou por transporte ativo. A difusão simples é mais rápida quando a substancia é lipossolúvel, moléculas pequenas, atravessam facilmente a membrana dissolvidas na água. Bases e ácidos fracos difundem-se através das membranas de acordo com o pH dos meios extra e intracelular, pois a dissociação de ácidos ou bases é influenciada. Quanto maior a concentração da forma não dissociada do acido ou da base, maior é a absorção. O transporte facilitado e o transporte ativo tem os mesmos mecanismos para as substâncias endógenas e são importantes para a absorção de agentes químicos na intimidade dos tecidos. A absorção de uma substancia é influenciada, portanto, por sua natureza e pelas condições do local em contato com o organismo. Substancias gasosa e voláteis são facilmente absorvidas pela via respiratória, tanto na mucosa brônquica como no epitélio alveolar. A eficiência da via de absorção varia de substancia para substancia, embora seja muito rápida pela via respiratória e na mucosa sublingual. Já a pele absorve bem substancias lipossolúvel, mas é pouco eficaz na absorção de compostos hidrossolúveis Transporte distribuição Uma vez absorvido, o agente químico cai no interstício e daí alcança a circulação sanguínea, diretamente ou passando antes pela circulação linfática. No sangue, a substância se dissolve no plasma ou se conjuga com proteínas plasmáticas. A distribuição do agente químico aos tecidos depende do fluxo sanguíneo; por terem maior perfusão, encéfalo, coração, fígado e rins recebem maior quantidade das substancias. A saída do composto da circulação para o interstício se faz geralmente pelos poros interendoteliais possuem junções intimas a bainha dos prolongamentos gliais envolve a membrana basal. A passagem de substancias através da célula endotelial, inclusive por pinocitose, ocorre em proporção ainda não conhecida. A partir do interstício, o agente químico chega às células do órgão e é absorvido através de suas membranas. A difusão do sangue-interstício-células pode se fazer no sentido inverso, quando as concentrações do agente se equilibram nos espaços vascular, intersticial e celular. Armazenamento Agentes químicos podem ficar armazenados por períodos diferentes após se depositarem nos tecidos. O depósito se faz quando o tecido tem solvente para a substância, ou por precipitação ou por substituição e ligação às moléculas do tecido. Biotransformação Os agentes químicos são metabolizados antes de serem excretados. O metabolismo pode inativar a substância ou gerar metabólitos. Os sistemas de biotransformação evoluíram como mecanismo capaz de eliminar organismos de produtos naturalmente tóxicos, como alguns na alimentação. Os sistemas de biotransformação estão no fígado (retículo endoplasmático liso), enterócitos, epitélio brônquico e células renais. O REL realiza a reação de fase I (converte substâncias químicas apolares em metabólitos polares por meio da oxidação, redução ou hidrólise) e a reação de fase II (conjuga substâncias e metabólitos com produto endógeno formando um complexo solúvel em água - conjugação com ácido glicurônico, acetato, sulfato e aminoácidos). A reação de fase I se faz por monooxigenase (família P450, localizado no REL) e exige NADPH e oxigênio. Outras oxidases que podem participar da biotransformação são hemeperoxidases, xantina-oxidase, álcool, aldeído-desidrogenase. A capacidade de biotransformação depende de: - Fatores genéticos; - Isoenzimas do sistema P450 podem ser induzidas, ou seja, a síntese é aumentada na presença de um indutor – exemplo de indutor é o fenobarbital, que age no sistema P450. Em feto e RN, o sistema de biotransformação é imaturo e alcança a maturidade no primeiro ano de vida. Já nos idosos, há poucos estudos sobre este processo. Biotransformação e efeito lesivo O agente químico pode ter atividade reduzida ou aumentada. Muitas substâncias carcinogênicas adquirem efeito carcinogênico após a biotransformação. Alguns medicamentos exercem efeito terapêutico devido os metabólitos produzidos. Pessoas que consomem fenobarbital metabolizam etanol mais rápido e apresenta altos graus de intoxicação com o paration (metabólito paraxona - tóxico). O sistema de biotransformação do REL pode ser induzido, ação de um agente químico pode ser modificada pela ação de outro simultaneamente. Excreção Os agentes químicos podem ser excretados na sua forma nativa ou após biotransformação. A excreção se faz pelos rins (por meio da urina), pelo tubo digestivo e sistema biliar (fezes), por via respiratória e através da pele. Muitas substâncias se depositam nos locais em que são eliminadas: o mercúrio e a prata nas membranas basais do rim e do tubo digestivo, nitrocompostos (anilinas) na bexiga, produzindo neoplasia etc. Fatores individuais e ação lesiva dos agentes químicos A constituição genética e o estado funcional do organismo também influenciam nos efeitos lesivos dos agentes químicos no organismo. A constituição genética é importante porque condiciona o padrão de enzimas do indivíduo, influenciando decisivamente os mecanismos de biotransformação. Deficiência da enzima glicose-6-fosfato desidrogenase (G6OD), por exemplo, torna o indivíduo muito suscetível à intoxicação com a fava do Mediterrâneo (que tem inibidores da enzima) ou com drogas antimaláricas, como a quinacrina e primaquina. Há ainda, indivíduos com menor capacidade de acetilar (fenótipos acetiladores lentos), o que os torna mais suscetíveis à ação tóxica de muitos agentes químicos, como a isoniazida. Além disso, indivíduos geneticamente predispostos a desenvolver alergia possuem maior suscetibilidade a manifestações alérgicas aos agentes químicos, ocorrendo mais facilmente, reações anafiláticas. Quanto à idade, indivíduos mais jovens são mais suscetíveis por conterem mais água corporal em relação ao peso, o que aumenta a quantidade do agente químico nos tecidos. Os idosos possuem atividades funcionais das células reduzidas, em consequência, são mais sensíveis a qualquer tipo de ação. Em fetos em embriões, a ação destes agentes interfere nos mecanismos de proliferação e diferenciaçãocelular. O sexo também influencia. Nas mulheres em período reprodutivo, o estrógeno interfere nos hepatócitos (em sua atividade funcional e processos de biotransformação). Além disso, também possuem maior quantidade de água corporal em relação ao peso. Os efeitos tóxicos nelas são mais graves e mais rápidos nos danos ao fígado do que nos homens. Na gravidez, com maior concentração de progestágenos e maior retenção de água, a toxicidade se altera. Em casos de ação simultânea de agentes, uma substância pode interferir na biotransformação da outra. Por exemplo: induzindo enzimas do REL, o fenobarbital aumenta o metabolismo de outras substâncias, aumentando ou diminuindo suas toxicidades. A isoniazida, se associada com a rifampicina, tem riscos de efeitos tóxicos aumentados. Doenças preexistentes também influenciam na toxicidade, como por exemplo as doenças hepáticas que reduzem a capacidade de biotransformação, ou as renais que dificultam a excreção dos agentes. Poluentes ambientais, aspectos gerais sobre seus efeitos lesivos A poluição do ambiente dá-se pela contaminação ambiental com substâncias químicas. Ela tem sido importante causa de doenças na atualidade, por conta dos processos de industrialização e urbanização e ainda por defensivos na agropecuária. Os contaminantes ambientais têm natureza química diversa e efeitos biológicos variáveis e, às vezes, pouco conhecidos. Poluentes do ar Os poluentes do ar exercem efeitos nocivos especialmente sobre o sistema respiratório. - Mecanismos de retenção dos poluentes: 1º fibrissas: retém partículas grosseiras; 2º cornetos nasais: delineiam uma fenda muito estreita de modo que a maioria das partículas em suspensão colidem com a mucosa, ficando retidas na camada do muco; 3º cílios: movimentam em direção ao meio externo favorecendo a remoção do material retido; . A mucosa respiratória possui: células ciliadas, células caliciformes e células basais; . Os principais responsáveis pela secreção do muco são: as glândulas submucosas, túbulo-acinosas e seromucosas; . O muco é formado por água, mucina, e outras glicoproteínas (em condições normais o homem produz 10ml de muco por dia, podendo chegar a 300ml na bronquite crônica); . Toda a atividade do chamado aparelho mucociliaré controlada pelo sistema nervoso autónomo e por mediadores liberados nos tecidos; . Os poluentes do ar em geral agridem o aparelho mucociliar, que tenta se adaptar: -Na fase inicial da agressão, a irritação produzida por gases e partículas induz aumento na secreção de muco e na velocidade dos batimentos ciliares. -Em seguida, aumenta a proliferação das células basais e surge estímulo para diferenciação das células mucosas, que passam a ocupar o lugar das células ciliadas no revestimento epitelial. prejudicando a eliminação do muco e das partículas nele retidas. -Os efeitos lesivos dos poluentes acabam afetando a diferenciação das células da camada basal, que passam a originar células ciliadas com defeitos na maturação dos cílios, tornando-os pouco eficientes na sua atividade motora. Essas alterações progressivas reduzem a capacidade de eliminação dos contaminantes do ar, favorecendo infecções respiratórias, que são as doenças mais frequentes em decorrência da exposição prolongada ao ar poluído. Poluentes do ar em ambientes abertos A poluição do ar atmosférico em ambientes abertos é feita principalmente pela emissão de gases e poeiras originados da queima de combustíveis fósseis (petróleo e carvão de pedra) nos veículos com motor a explosão (58%), na indústria (18%), nas usinas termoelétricas (15%), nos sistemas de aquecimento doméstico (6%) e na queima de lixo (3%). No Brasil, a poluição do ar das grandes cidades é originada principalmente dos veículos automotores e da atividade industrial. Cinco são os principais poluentes originados da queima de combustíveis fósseis: monóxido de carbono (52%), óxido de enxofre (18%), hidrocarbonetos e aldeídos deles originados (12%), material particulado (10%) e óxido de nitrogênio (8%). - fumaça + dióxido de enxofre + umidade elevada e baixas temperaturas= poluição escura, de tipo redutor - fumaça rica em hidrocarbonetos e óxido de nitrogênio + áreas de iluminação solar > sofre oxidação fotoquímica = poluição clara ou oxidante – produzem a inversões térmicas. A poluição redutora associa-se a doenças agudas, especialmente no sistema respiratório. A poluição oxidante é responsável pelo aumento de internações hospitalares por doenças respiratórias crônicas (bronquite crônica, rinite, crises asmáticas), conjuntivite, etc. O monóxido de carbono (CO) existe na atmosfera na concentração de 1ppm mas pode atingir 100 ppm nas garagens subterrâneas e nos túneis. Sua eliminação da atmosfera ocorre pela reação com radicais hidroxil do ambiente, originando dióxido de carbono. O CO não é irritante, mas sua toxidade está relacionada à alta afinidade que tem pela hemoglobina, com a qual se combina formando carboxiemoglobina, que se torna incapaz de transportar oxigênio e é inibidora da dissociação da oxiemoglobina nos tecidos. A consequência é hipóxia tecidual sistêmica. A exposição crônica a baixas concentrações de CO lesa predominantemente o coração. O dióxido de enxofre (SO2) age sobre as vias respiratórias e produz broncoconstrição, reduzindo a função respiratória (5 ppm durante 10 minutos provocam aumento da resistência ao fluxo de ar, facilmente perceptível). Na atmosfera, parte do SO2 é convertida em ácido sulfúrico e sulfatos, os quais são também irritantes para a mucosa respiratória e produzem broncoconstrição. Os sulfatos formam partículas pequenas (<1mm) e, em concentrações de 0,25mg/m 3 , causam broncoconstrição. O ozônio é irritante das vias aéreas, podendo causar edema pulmonar grave em camundongos. A exposição aguda em humanos a concentrações entre 0,25 a 0,75 ppm produz taquipnéia, tosse, secura na garganta e sensação de opressão torácica. Isso ocorre devido à sua capacidade de gerar radicais livres, especialmente por ser combinar com lipídeos insaturados das membranas e com grupos SH das proteínas. O óxido nitroso (NO2) tem efeitos semelhantes aos do ozônio. É irritante e pode produzir edema pulmonar quando inalado em grandes concentrações. Hidrocarbonetos e aldeídos originados por ação oxidante da luz solar são irritantes potentes existentes em baixa concentração no ar poluído. O formaldeído e a acroleína são os mais abundantes e altamente irritantes e responsáveis pelo odor da poluição fotoquímica e pela irritação ocular. O aldeído fórmico na concentração de 3 ppm produz tosse, cefaleia e irritação dos olhos e das mucosas bucal e respiratória e em casos de exposição ocupacional pode causar asma e bronquite crônica. As poeiras que contaminam o ar são de natureza mineral ou orgânica; quando inaladas, podem produzir lesões pulmonares denominadas pneumoconioses, que é mais comum em ambientes de trabalho. O aparecimento de lesão pulmonar por essas poeiras depende da quantidade de pó retido nas vias respiratórias e nos alvéolos; tamanho, densidade e forma das partículas de poeira e efeito concomitante de outros poluentes do ar. A quantidade de partículas que chegam aos alvéolos e às vias aéreas terminais depende da concentração das partículas no ar, da duração da exposição e da eficiência do aparelho mucociliar em eliminá-las. Partículas de poeira com mais de 10µm são retidas nas fossas nasais e nasofaringe; entre 5 e 10 µm ficam retidas na superfície do epitélio da traqueia e dos brônquios; só partículas entre 1 e 5 µm chegam aos alvéolos e neles podem ficar retidas. As partículas aderidas ao epitélio bronquíolo-alveolar sãofagocitadas pelos macrófagos alveolares. Estes podem digerir ou não as partículas fagocitadas. Partículas leves, pouco densas, ficam no centro da corrente de ar inspirado e alcançam facilmente os alvéolos, escapando de ficar aderidas ao muco das vias aéreas (ex: fibras de asbesto); partículas pequenas e solúveis podem produzir lesões irritativas agudas, enquanto partículas maiores e insolúveis tendem a provocar lesões crônicas. Poeiras inorgânicas e pneumoconiose As poeiras que contaminam o ar são de natureza mineral ou orgânica. Quando inaladas, podem produzir lesões pulmonares que são denominadas de pneumoconioses. Geralmente a inalação dessas poeiras são mais comuns em determinados ambientes de trabalho, em pessoas que habitam áreas urbanas situadas próximas de indústrias. O aparecimento de lesão pulmonar por inalação dessas poeiras depende de vários fatores, como: quantidade do pó retido nas vias respiratórias e alvéolos; tamanho, densidade e forma das partículas de poeira que foram inaladas e efeito concomitante de outros poluentes do ar. Trabalhadores de minas de carvão e os expostos a sílica estão sujeitos a desenvolver doença grave que se caracteriza por fibrose pulmonar acentuada e difusa, capaz de levar a insuficiência crônica e ao cor pulmonale crônico. Nessas duas doenças citadas, a doença só se instala após longo tempos de exposição a alta concentração de partículas, influencia genética para aparecimento e evolução das lesões. A fibrose pulmonar e a silicose, doença comum em mineiros de carvão, acompanham artrite reumatoide, constituindo a síndrome de Caplan que se caracteriza por nódulos fibróticos no pulmão, fator reumatoide, anticorpos antinucleares e outros. Essa associação sugere mecanismos imunitários na patogênese da fibrose, onde os macrófagos produzem citocinas que atraem e estimulam linfócitos T e fagocitam as partículas de carvão ou sílica vão liberar enzimas lisossômicas que vão lesar o interstício, estimulando a fibrose. A associação frequente dessas duas pneumoconioses com a tuberculose é explicada pela reduzida função microbicida dos macrófagos. O aparecimento de lesões pleurais e nos linfonodos do hilo pulmonar se explica pela migração de macrófagos que fagocitam partículas para os vasos linfáticos e alcançam os linfonodos ou a pleura. A beriliose é uma doença menos frequente, na qual o berílio age como hapteno e induz uma reação imunitária nos pulmões formando inflamação granulomatosa com células epitelióides e células gigantes multinucleadas, mas sem presença de necrose caseosa. A asbestose é decorrente da inalação de asbesto que induz a fibrose pulmonar como também derrames e aderências pleurais, mesoteliomas e carcinoma broncopulmonar. Essa fibrose, associada com a reação inflamatória escassa, se desenvolve possivelmente por mecanismos semelhantes aos da silicose por liberação de fatores de crescimento por macrófagos ativados após a inalação das fibras. Geralmente a asbestose se associa frequentemente com neoplasias malignas de pulmão como o carcinoma broncopulmonar e mesotelioma maligno. Poeiras orgânicas A inalação dessas poeiras produzm lesões pulmonares agudas, do tipo crises asmatiformes ou alveolites alérgicas extrínsecas e raramente pneumopatias crônicas fibrosantes. Poeiras que contem fibras de algodão, cânhamo ou linho produzem manifestações respiratórias frequentes em trabalhadores de indústria de fiação. Geralmente manifestam-se genericamente como bissinose caracterizada por desconforto respiratório e sensação de opressão torácica. Poeiras orgânicas com material protéico ou polissacarídico podem sensibilizar o indivíduo e induzir alveolites alérgicas extrínsecas, que são caracterizadas por inflamação dos septos alveolares com exsudato de linfócitos, macrófagos, eosinófilos e as vezes células gigantes. Podem apresentar também aumento da secreção de muco, febre e eosinofilia circulante. Essas alveolites são conhecidas como pulmão do profissional por se desenvolverem com mais facilidade em alguns trabalhadores como o fazendo que trabalha com feno e inala a poeira que contem fungos alergênicos, trabalhadores que tratam de passarinho e inalam a poeira das gaiolas. Há também algumas poeiras que contêm alérgenos que induzem crises asmáticas sem alveolite, que é comum em carpinteiros que trabalham com cedro vermelho, cujo pó é alergênico. Poluentes do ar em ambientes de trabalho A toxicologia ocupacional estuda a concentração de substâncias tóxicas, principalmente do ar, e seus efeitos lesivos no local de trabalho, estabelecendo a concentração prejudicial de um contaminante à exposição do trabalhador, que pode provocar possíveis danos a sua saúde. Também determinam os limites máximos de exposição para cada um dos possíveis contaminantes, mesmo com o uso de proteção adequada. A partir esses estudos, são elaboradas normas legais de proteção dos trabalhadores quanto à exposição tóxicas no ambiente de trabalho, determinando os limites máximos permitidos. Também são avaliadas juntamente com as concentrações tóxicas, as manifestações clínicas. Fumaça do cigarro (tabaco) A fumaça inalada do cigarro, tanto pelos fumantes quanto por não-fumantes, está entre as mais importantes causas evitáveis de doenças. O tabagismo aumenta o risco para o carcinoma broncopulmonar e para os cânceres da laringe, faringe, esôfago, boca e em menor intensidade, da bexiga e do pâncreas. Também é considerado a principal causa de doença pulmonar obstrutiva crónica e um dos mais importantes fatores de risco da aterosclerose e da cardiopatia isquêmica. Na gravidez, está relacionado a aumento do risco de aborto e de nascimento de crianças de baixo peso. A intensidade e a duração do hábito de fumar têm grandes influências na etiologia dessas doenças. A cessação do hábito de fumar se acompanha de diminuição do risco para as doenças citadas, a redução do risco é tanto maior quanto mais prolongado é o período de tempo após o abandono do hábito. A composição da fumaça do cigarro é composta por centenas de substâncias, CO, nicotina, acroleína, nitrosamidas e vários hidrocarbonetos policíclicos aromáticos considerados carcinogênicos. Sendo o calor da fumaça, a acroleína e a nicotina, os maiores agressores para o aparelho mucociliar no fumante, já que os dois primeiros são irritantes e a nicotina inibe os movimentos ciliares. Aumentando assim, a secreção de muco e seu espessamento, diminuindo também sua eliminação. A fumaça do cigarro também diminui a atividade microbicida e fagocitária dos macrófagos septais, aumentando o riso de infecções pulmonares e a piora das doenças pulmonares crônicas. Solventes industriais Os solventes orgânicos são empregados na indústria para a fabricação de colas, vernizes e tintas, sendo utilizados ainda como removedores em vários tipos de limpeza industrial ou doméstica. Os hidrocarbonetos alifáticos, como o n-hexano c 2- hexanona, são utilizados na fabricação de algumas colas. A intoxicação aguda produz confusão mental e incoordenação motora, enquanto exposição crônica resulta em neuropatia periférica. Esses compostos são metabolizados no REL do fígado, e seus metabólito, 2,5- hexadiona, é responsável por lesões neuronais e dos nervos periféricos. Gasolina e querosene contêm uma mistura de hidrocarbonetos alifáticos e aromáticos. As manifestações clínicas da intoxicação aguda incluem: incoordenação motora, excitação, confusão mental, ataxia, delírio e coma, podendo levar à morte. Quando ingeridos, podem causar pneumonite aspirativa. Indivíduos intoxicados com gasolina ou querosene são hipersensíveis aos efeitos da adrenalina,que pode produzir arritmia ventricular grave. A contaminação da água com gasolina representa certo risco para a população, pois o benzeno presente pode provocar leucemia. Hidrocarbonetos halogenados são utilizados como solventes e removedores. Alguns são produzidos espontaneamente durante tratamento da água para uso doméstico, como o cloroformio, e alguns são carcinogênicos, aumentando o risco para câncer de cólon, reto e mama em populações que usam água hiperclorada, sendo os filtros de carvão eficientes para sua remoção. O mais utilizado como solvente é o tetracloreto de carbono, que pode ser absorvido facilmente por via respiratória ou digestiva. As manifestações sistémicas de intoxicação aguda se iniciam com náuseas, vômitos, sensação de cabeça pesada e cefaleia; nos casos graves, pode haver torpor e coma. Os sinais de agressão hepática demoram de 8 a 48 horas para aparecer e estão relacionados com hepatite tóxica, intoxicação crônica pode levar à cirrose hepática. Dos hidrocarbonetos aromáticos, o benzeno e o tolueno são os mais importantes. Na intoxicação aguda pelo benzeno, as manifestações são fraqueza, cefaleia, náuseas, vômitos e sensação de peso no tórax; nos casos mais graves, turvação da visão, tremores, salivação, taquipnéia, arritmias cardíacas, paralisias e perda de consciência. Na intoxicação crônica, a medula óssea é o órgão mais atingido, levando a pancitopenia. Exposição prolongada está relacionada a aumento de risco para leucemia. O tolueno, utilizado como um dos solventes da cola de sapateiro, é mais tóxico para o sistema nervoso central, produzindo euforia antes de induzir depressão, sendo usado como psicotrópico. Ao contrário do benzeno, não lesa a medula óssea. Os álcoois são também utilizados como solventes, mas é nas bebidas alcoólicas que têm maior importância. O etanol pode produzir dependência e lesões em vários órgãos. Por serem lipossolúveis, os álcoois se dissolvem facilmente nas membranas dos neurônios, sendo as manifestações neurológicas precoces e intensas na intoxicação aguda. O metanol é utilizado como combustível e pode acidentalmente contaminar bebidas alcoólicas. É metabolizado pelas mesmas enzimas que metabolizam o etanol, gerando ácido fórmico, que é o metabólito responsável pelas lesões mais graves. As manifestações da intoxicação incluem cefaléia, vertigens, vómitos, dor no epigástrio (necrose pancreática), fraqueza muscular nas extremidades e perda progressiva da visão decorrente de lesão das células ganglionares da retina. Há ainda acidose grave. Quando o metanol é ingerido juntamente com o etanol, seus efeitos lesivos são menores, já que o etanol compete no metabolismo, reduzindo a transformação do metanol em ácido fórmico. O isopropanol ou álcool isopropílico, também usado como solvente, pode provocar manifestações sistêmicas semelhantes às produzidas pelo etanol; no entanto, a gastrite é muito mais grave e as manifestações são mais duradouras porque ele é metabolizado mais lentamente. Os glicóis, etilenoglicol e propileno glicol, são usados como anticongelantes em líquidos de radiadores de automóveis. Intoxicação aguda produz narcose, coma e morte. São também nefro tóxicos Poluentes da água e do solo Metais pesados Atingem o ambiente através de efluentes industriais, podendo contaminar água e alimentos, assim expondo humanos e outros animais a intoxicação crônica; são contaminantes comuns em ambientes industriais e de trabalho de alguns profissionais especializados, e tem grande importância em saúde ocupacional. Os mais importantes são o chumbo, mercúrio, arsênio e cádmio. Chumbo Contaminante ambiental de distribuição universal, encontrado na água, alimentos e em diversos locais de trabalho. Pintores, operários de fábricas de tintas e indivíduos que trabalham na fabricação e no reparo de baterias, na manipulação de solda e de ligas metálicas são os mais expostos à contaminação. No ambiente doméstico também há contaminação – através de alimentos (enlatados, devido à solda das latas), e água como também da poeira de pinturas, em habitações mais antigas. O ar das grandes cidades é contaminado com o chumbo eliminado na descarga de automóveis, especialmente em países em que se usa gasolina aditivada com chumbo tetraetila. O chumbo é absorvido pelas vias digestiva e respiratória; cai na circulação e distribui-se pelos tecidos moles, sendo posteriormente levado aos ossos (85%), onde se deposita e de onde volta lentamente à circulação e aos tecidos moles. O mecanismo patogenéticos das lesões provocadas pelo chumbo relaciona-se com sua capacidade de se combinar com proteínas, alterando-lhes a estrutura terciária, e portanto, sua função. As principais lesões e manifestações de intoxicação pelo chumbo, denominadas saturnismo, são: a) No sangue, animai com discreta hemólise e inclusões basófilas nos nos eritrócitos; o chumbo interfere na ação de enzimas que atuam na sínteses de porfirinas, havendo inibição da incorporação de ferro ao heme; b) No SNC, encefalopatia saturnínica, mais comum em crianças. Apresentam retardamento mental variável, cegueira, paresias, psicose, convulsões e, coma e morte. c) No tubo gastrointestinal, a manifestação mais importante é cólica abdominal intensa, com enrijecimento da parede abdominal, simulando quadro de abdome agudo; d) Nos rins, pode haver nefropatia tubular com proteinúria, hematúria e cilindrúria, ou lesão intersticial crônica. Inclusões nucleares formadas por complexos de chumbo com proteínas, encontradas inclusive em células do sedimento urinário. Mercúrio Largo emprego na fabricação de defensivos agrícolas. A contaminação ambiental se dá a partir do uso de defensivos mercuriais e de efluentes industriais, especialmente de indústrias de álcalis e de equipamentos básicos para eletrônica. Mineradores de ouro usam mercúrio metálico no processo de separação do metal em areia de aluvião, contaminando as bacias hídricas. O mercúrio metálico (vapores), os sais de mercúrio (mono ou bivalentes) e o mercúrio orgânico (metilmercúrio) podem causar lesão no organismo. Sua absorção pode se dar por via digestiva (10% do ingerido no caso de sais e 90% no caso de mercúrio orgânico) ou respiratória; cai na circulação, acumula-se em hemácias e distribui-se para os tecidos. A excreção se faz pelas vias digestivas e renal. Produz lesões especialmente por se ligar a grupos SH de proteínas, formando mercaptídeos. Vapores de mercúrio (metálico) podem causar intoxicação aguda por fraqueza, gosto metálico na boca, náuseas, vômitos, diarreia, dispneia e tosse. Exposição crônica causa síndrome neurastência com bócio, gengivite e salivação excessiva. Lesões na boca e no tubo digestivo na intoxicação com sais de mercúrio. Na intoxicação crônica pode ocorrer a síndrome da acrodinia (eritema de extremidades, tórax e face, fotofobia, anorexia, taquicardia, diarreia). Arsênio Encontrado em forma de sais inorgânicos (arsenato, pentavalente, arsenito, trivalente) ou de arsina (AsH3), esta última mais tóxica, seguida de sais trivalentes. O ambiente pode ser contaminado a partir de minerações de mercúrio, cobre, zinco e estanho (em cujos minérios o arsênio é encontrado em concentrações variáveis) ou de indústrias de pesticidas e de equipamentos eletrônicos (usam sais de arsênio). O mecanismo de ação lesivo se relaciona à capacidade do arsênio de se combinar a grupos SH de proteínas e de desacoplar a fosforilação oxidativa. É absorvido pela via digestiva e tende-se a localizar no fígado, coração e pulmões; acumula-se na ceratina (proteína) depositando-se em pelos, hunas e epiderme; deposita- se também emossos e dentes e pode atravessar a barreira placentária. Principais lesões e manifestações: a) no sistema circulatório: vasodilatação e aumento da permeabilidade vascular moderados, produzindo edema discreto, mas persistente. O edema é mais acentuado no coração, e produz alterações eletrocardiográficas típicas; b) no tubo digestivo, há hiperemia e edema das mucosas, com formação de bolhas subepiteliais, que, ao se romperem, induzem transudação de líquidos para a luz com diarreia líquida e hemorragia; c) no fígado, produz esteatose e necrose na região centrolobular, podendo levar a cirrose. As vezes, são observados cilindros em pequenos canais biliares e pericolangite; d) nos rins, alterações na permeabilidade glomerular, com proteinúria intensa; e) na pele, vasodilatação , hiperceratose palmar e plantar, e as vezes, formação de vesículas. f) SNC – produz focos de necrose e de hemorragia; neuropatia periférica que compromete extremidades; g) indivíduos cronicamente expostos: carcinomas da pele, pulmão e fígado. Cádmio Encontrado na natureza associado ao zinco e ao chumbo, utilizado na indústria de plásticos, tintas, baterias (níquel-cadmio) e ligas metálicas e em processos de galvanização. Também na fumaça resultante da queima do carvão e na fumaça do cigarro, É absorvido pelas vias digestiva (10%) e respiratório (40%); cai na circulação e liga-se a proteínas no plasma e aos eritrócitos, depositando-se no fígado e nos rins, onde permanece por 20 a 30 anos. A intoxicação aguda se dá por inalação de fumaças ou de pó contendo o metal. Sues principais efeitos são irritação das vias respiratórias, podendo ocorrer edema pulmonar grave. Na exposição crônica, é comum fibrose peribrônquica e enfisema pulmonar. Pesticidas Os pesticidas são substâncias fabricadas com a finalidade de serem tóxicas para as pragas, buscando a toxicidade seletiva, porém são também tóxicas para os seres humanos. Os pesticidas incluem os inseticidas, herbicidas, raticidas, fumigantes e fungicidas. Inseticidas Os inseticidas mais utilizados são os organoclorados (DDT e metoxiclor, os ciclodienos clorados do tipo aldrin, dieldrin, heptaclor e clordano), os organofosforados (malation e paration), os carbamatos (carbaril) e os piretróides. - DDT (clorofenoetano): o inseticida mais usado nos últimos anos, tendo sido proibido em vários países. É lentamente degradado no ambiente, por isso tende-se a acumular no ecossistema, especialmente através das cadeias alimentares. É lipossolúvel e facilmente absorvido pela via digestiva. Da circulação, se distribui pelo organismo, tendendo a se acumular no tecido adiposo, de onde é lentamente eliminado. Manifestações de intoxicação aguda: parestesias, irritabilidade, tonteiras, tremores e convulsões. A exposição crônica ao DDT aumenta o risco de leucemias, cânceres de pulmão e de fígado. - Metoxiclor: usado como substituto do DDT, é menos tóxico e parece não ter efeito carcinogênico. - Ciclodienos clorados: são estimulantes do SNC e produzem manifestações semelhantes às causadas pelo DDT, mas seus efeitos convulsionantes são mais precoces. São absorvidos pela via cutânea e digestiva. Também são lipossolúveis e acumulam no tecido adiposo. Experimentalmente, produzem câncer hepatocelular em camundongos. - Organofosforados (paration e malation): são absorvidos pelas vias digestiva e cutânea. As manifestações clínicas da intoxicação estão relacionadas aos efeitos muscarínicos e nicotínicos da acetilcolina. Na exposição a vapores e a aerossóis, tem-se miose, dor ocular, congestão da conjuntiva, espasmo ciliar, congestão das vias aéreas superiores, broncoconstrição e aumento da secreção brônquica. Se ocorre a ingestão dessas substancias, tem-se anorexia, náuseas, vômitos e diarreia. Por absorção cutânea, sudorese localizada. Outros efeitos independentes da via de absorção: salivação intensa, incontinência urinária e fecal, sudorese, bradicardia e hipotensão arterial. - Carbamatos (carbaril): são inibidores da colinesterase e seus efeitos de intoxicação são semelhantes às dos organofosforados. - Piretróides: são inseticidas de origem vegetal, e seu mecanismo de ação sobre as membranas dos neurônios é semelhante a do DDT (inibição de canais iônicos). Apresentem baixa toxicidade em mamíferos, devido a sua rápida inativação após biotransformação no REL. Dermatite de contato e alergias respiratórias são comuns. Fumigantes São pesticidas utilizados na forma gasosa devido à facilidade de penetração em frestas inacessíveis a outros inseticidas. Os mais utilizados são o cianeto, o brometo de metila, dibromocloropropano, dibromoetileno e a fosfina. - Cianeto: um dos tóxicos de ação mais rápida que tem conhecimento. É inibidor da cadeia respiratória, levando a bloqueio da síntese de ATP em todas as células, provocando a morte em poucos minutos. - Brometo de metila: é toxico para o SNC, produzindo cefaleia, mal-estar, perturbações visuais, náuseas, vômitos e convulsões. - Dibromocloropropano e dibromoetileno: são depressores do SNC, podendo causar desconforto gastrointestinal e edema pulmonar após a ingestão. Em ratos e camundongos induzem o câncer gástrico. Esterilidade e oligoespermia têm sido observados em homens cronicamente expostos. - Fosfina: é um gás liberado lentamente a partir de tabletes de fosfito de alumínio na presença de umidade do ar. Irritação brônquica grave e edema pulmonar são as manifestações mais importantes após inalação. Raticidas Os mais usados são o warfarin, fluoroacetato de sódio, a estricnina, o fósforo branco e amarelo, o fosfito de zinco e o tálio. Todos são tóxicos para os humanos. - Warfarin: tem efeitos anticoagulantes e, se ingerido, pode causar manifestações hemorrágicas. - Fluoroacetato de sódio: inibidor do ciclo do ácido cítrico, interrompendo a progressão do ciclo de Krebs. Os efeitos são mais drásticos no SNC e no coração, onde as manifestações aparecem mais precocemente. - Estricnina: atua no SNC bloqueando os circuitos inibidores, favorecendo a excitação. Por essa razão é um poderoso agente convulsionante. Intoxicação em humanos manifesta-se inicialmente por rigidez dos músculos da face e do pescoço, hipereflexia e convulsões. - Fósforo branco ou amarelo: quando ingerido produz irritação gastrintestinal acentuada, geralmente com sangramento grave. A fração absorvida produz necrose hepática extensa, periportal, podendo levar à necrose maciça do fígado. - Fosfito de zinco: quando ingerido, libera no estômago, na presença de HCl e água, a fosfina, que é forte irritante para o trato gastrointestinal. - Sulfato de tálio: na intoxicação aguda causa irritação gastrintestinal grave, paralisia motora e morte por depressão respiratória. Por exposição crônica, induz alopecia. Aparecem também manifestações neurológicas como parestesias, paralisias e tremores, podendo haver aparecimento de psicose. Herbicidas A produção e uso de herbicidas tem aumentado muito nos últimos anos, e, embora grande parte seja de baixa toxicidade, alguns são substâncias muito perigosas para humanos. Clorofenoxiderivados incluem 2,4-D e 2,4,5-T. O agente laranja, muito usado na Guerra do Vietnã, é uma mistura de 2,4-D, 2,4,5-T e tetraclorodibenzodioxina (TCDD). Acidentes de intoxicação humana são raros, mas dermatite de contato (pela TDD) é frequentemente relatada em manipuladores do tóxico. Enquanto 2,4-D e 2,4,5-T são pouco metabolizados, sendo excretados in natura, TCDD é transformada no REL, onde é forte indutora de aril-hidroxilases. Em animais de laboratório, TCDD é teratogênica e carcinogênica. Vários derivados de dinitrofenóissão usados como herbicidas. O dinitro- ortocresol (DNOC) é responsável por intoxicação humana. É um desaclopador da fosforilação oxidativa em mitocôndrias, produzindo quadro agudo de hipermetabolismo e hipertermia (sudorese intensa, respiração rápida, taquicardia), que evolui rapidamente para a morte (geralmente nas primeiras 24h após a ingestão). Paraquat (derivado do bipiridil) é o principal representante e um dos mais importantes herbicidas do ponto de vista toxiciológico. A ingestão acidental ou suicida de paraquat é seguida de manifestações respiratórias, hepáticas e renais. O paraquat sofre oxirredução que forma um ânion superóxido, o qual gera oxigênio simples responsável pela peroxidação de lipídeos em membranas celulares. Um dos órgãos mais atingidos é o pulmão, o qual apresenta lesões no epitélio alveolar e proliferação fibroblástica intersticial acentuada. Fungicidas Entre os fungicidas estão os derivados do ditiocarbamato, o pentaclorofenol e os formados por sais mercuriais. Os ditiocarbamatos recebem nomes de acordo com o metal que possuem na molécula: ziram (zinco), ferban (ferro), maneg (manganês) e naban (sódio). Não são muito tóxicos por via sistêmica, mas com frequência provocam dermatite de contato. Experimentalmente, tem efeito carcinogênico e teratogênico. O pentaclorofenol é utilizado como fungicida e como herbicida; tal como os clorofenólicos, produz desacoplamento da fosforilação oxidativa, resultando em síndrome de hipermetabolismo e hipertermia. Contaminantes alimentares naturais Sobretudo em países tropicais, os alimentos estão sujeitos a contaminação por diversos tipos de fungos durante o processo de armazenamento, alguns dos quais liberam toxinas capazes de produzir lesões no organismo. Várias doenças e lesões têm sido associadas à ação de micotoxinas, especialmente aflatoxinas, ocratoxinas, tricotecenos, zearalenonas e ergolinas. A contaminação de alimentos por fungos é facilitada por condições especiais de umidade e de temperatura, que influenciam também a produção de toxinas. Aflatoxinas São derivados bis-furano cumarínicos produzidos por fungos do gênero Aspergillus (A. flavus e A. parasiticus), dos quais são encontradas quatro variantes que contaminam alimentos: aflatoxinas B1 e B2 (fluorescência azul) e aflatoxinas G1 e G2 (fluorescência verde). Em vacas alimentadas com ração contaminada com aflatoxinas B1 e B2, aparecem no leite os metabólitos conhecidos como aflatoxinas M1 e M2 (M de milk). Os alimentos mais contaminados são cereais e sementes de leguminosas, sobretudo amendoim. Aflatoxinas são encontradas nos alimentos ricos in natura e em seus derivados como fubá, pasta de amendoim, farinha de soja e de semente de algodão. Rações para animais, se não forem armazenadas adequadamente, contaminam-se com facilidade. Tratamento com calor pode inativar grande parte das aflatoxinas, bem como alcalinização que se faz na farinha de milho para a produção de tortilhas. Aflatoxinas são bem absorvidas pela via digestiva e distribuem-se nos tecidos, tendendo-se a acumular-se especialmente no fígado, e em menor escala, nos rins. São metabolizadas no REL e produzem vários metabólitos, inclusive epoxiderivados, que têm grande afinidade por DNA, estando possivelmente relacionados com sua carcinogenicidade. A excreção se faz pelos rins e pelas fezes (bile). Em humanos, os efeitos de aflatoxinas tem sido estudados com base em observações clínicas e epidemiológicas. A incidência de carcinoma hepatocelular (CHC) é maior em populações africanas que ingerem grande quantidade de aflatoxinas com alimentos, havendo relação direta entre ingestão e incidência do tumor. Nessas populações, a infecção pelo vírus B é endêmico mas os indivíduos não estão expostos a altos níveis de aflatoxinas. Nessas regiões, a dosagem de aflatoxinas em fragmentos de fígado demonstrou a toxina em concentrações variáveis, maiores nos portadores de CHC. Ocratoxinas As ocratoxinas são micotoxinas classificadas quimicamente como policétidos. São produzidas por vários fungos dos géneros Aspergillus (grupo Ochraceus) e Penicillium (grupos Monoveriicilliara. Asymmetrica lanara,Asymmetrica fasciculara e Biverticiliata symmetrica) e encontradas em cevada, trigo e outros produtos. São absorvidas por via digestiva, caem na circulação, ligam-se à albumina e passam aos tecidos, onde se armazenam principalmente nos rins, fígado e músculos. São metabolizadas no REL e excretadas na urina e fezes (bile). Somente as ocratoxinas do grupo A e, em menor frequência, as do grupo B tem sido encontradas contaminando alimentos. Em alguns animais, principalmente porcos e aves, demonstrou-se que as ocratoxinas são responsáveis por nefropatia crônica caracterizada por degeneração e atrofia do epitélio tubular renal; fibrose intersticial no córtex e hialinização de glomérulos. Outros estudos apontam efeitos teratogênicos em ratos,camundongos e hamsters. Efeitos mutagênicos não foram detectados pelo teste de Ames, mas existem evidências de efeitos carcinogenicos em camundongos (tumores renais). Em humanos, ocratoxinas têm sido associadas à nefropatia crónicados Bálcãs (observada em zonas rurais da Roménia, Bulgária e antiga lugoslávia), que apresenta as mesmas características da nefropatia encontrada experimentalmente após intoxicação com ocratoxinas. É mais comum em mulheres e tem distribuição regional.Está frequentemente associada ao desenvolvimento de carcinomas da pelve renal e do ureter. Tricotecenos São sesquiterpenóides produzidos por fungos do gênero Fusarium (F. tricintum,F. sporotrichoides, F. graminearum e F.poc), que produzem os tricotecenos A e B, e dos gêneros Mycotheciiune Siachybotris,que sintetizam os tricotecenos dos grupos C e D .Esses fungos são também contaminantes de cereais e capazes de produzir sintomas respiratórios, como angústia respiratória ou hemorragias. Os tricotecenos são absorvidos por via digestiva, mas não se acumulam de modo especial em nenhum órgão. São metabolizados no REL e excretados pelas fezes (bile) e urina. São poderosos inibidores da síntese proteica e dos ácidos nucléicos e alteram as propriedades de transporte da membrana plasmática. Animais intoxicados com rações contaminadas apresentam quadros variáveis variando de intensidade de acordo com a espécie: - necrose do epitélio do esôfago e do estômago; - lesões hemorrágicas disseminadas e necrose focal no fígado; - Inibição da resposta imunitária (produçãode anticorpos, rejeição de enxertos. reações de hipersensibilidade retardada, resposta blastogênica de linfócitos a lectinas) - aumento da suscctibilidadc a infecções têm sido observados em animais tratados com tricotecenos. Efeitos carcinogênicos ainda estão em pesquisa mas há relatos de grande numero de casos de carcinoma de esôfago na África, relacionados com o consumo de milho contaminado pelo fundo Fusarium. Dois surtos de intoxicação por tricotecenos foram relatados na China e India, quando induvíduos se alimentaram de produtos mofados. Apresentaram a seguinte sintomatologia : náuseas, vómitos, dor abdominal, diarreia, tonteiras e cefaléia. Não houve casos fatais. A doença descrita anos atrás na Europa com o nome de aleucia tóxica alimentar é devida à ação de tricotecenos. Foi encontradaem pessoas que ingeriram pão mofado contaminado com Fusarium graminearum. Outra doença descrita no Japão como toxicose por grãos crostosos, caracterizada por dor abdominal, náuseas e vómitos, foi devida à ingestão de alimentos contaminados com fungos Fusariumprodutores de tricotecenos. Ao lado disso, estudos em voluntários humanos mostraram que ingestão do tricoteceno A (T,) produz inibição da agregaçãoplaquetária. A tentativa do uso de tricotecenos A e B (tipo DAS) como quimioterápico mostrou efeitos colaterais como náuseas. vómitos, diarréia e manifestações neurológicas. Zearalenonas São lactonas do ácido fenólico (Fig. 1 1.8D) produzidas também por fungos do género Fusarium (F. graminearum, F. moniliforme, F. tricintum) e contamina cereais. As zearalenonas têm efeito estrogênico( síndrome estrogênica), bem evidente em porcas, que quando intoxicadas, apresentam hipertrofia da vulva e das mamas, congestão e edema do corpo uterino. Não existem informações sobre efeitos das zearalenonas na espécie humana. Ergot Ergot é palavra francesa que significa esporão do galo, usada para indicar a estrutura formada por fungos do gênero Claviceps no centeio (esporão do centeio). O fungo biossintetiza uma classe de metabolitos secundários alcaloides derivados da ergolina, e dependendo de suas estruturas químicas, exercem actividade no sistema nervoso central e/ou vasoconstrição. As toxinas produzidas são alcalóides denominados ergolinas,que são potentes vasoconstritoras. Os sintomas de ergotismo se caracterizam por depressão e confusão mental, hipertensão, bradicardia, vasoespasmos (com perda de consciência e cefaleia), cianose periférica (mãos e pés pálidos) com claudicação, podendo ainda levar ao coma e morte. A intoxicação com o ergot é conhecida desde o século XIX (ergolismo) e se manifesta como doença gangrenosa ou convulsivante.Os últimos episódios de ergolismo na Europa aconteceram no período de 1926-28; outros foram relatados mais recentemente na Etiópia e na índia. Aditivos alimentares O armazenamento de alimentos impõe a necessidade do uso de conservantes de natureza variada. Além disso, o processamento industrial inclui o tratamento com diversos compostos químicos que deixam resíduos no produto final. Portanto, é necessário que se conheçam bem os produtos utilizados, seu potencial tóxico e especialmente, as doses máximas permitidas de ingestão diária, para que se possa prevenir danos à saúde dos consumidores. A Organização Mundial da Saúde (OMS) reúne periodicamente especialistas em química, toxicologia, nutrição e medicina, com a finalidade de analisar os aditivos alimentares e de elaborar as recomendações do seu uso com segurança. Nesses textos, estão listadas as substâncias utilizadas como conservantes, edulcorante,. corantes, espessantes, aromatizantes, solventes e extratores, com informações sobre a ingestão diária máxima permitida (IDA) e os riscos potenciais de cada uma delas. O JECFA é o comitê científico internacional de especialistas em aditivos alimentares administrado pela FAO e pela OMS. O JECFA se reúne desde 1956 e realiza a avaliação do risco associado ao consumo de aditivos alimentares, contaminantes, toxinas de ocorrência natural e resíduos de medicamentos veterinários em alimentos. Com base em estudos toxicológicos, o JECFA estabelece, quando possível, a Ingestão Diária Aceitável (IDA) dos aditivos. A IDA é quantidade estimada do aditivo alimentar, expressa em miligrama por quilo de peso corpóreo (mg/kg p.c.), que pode ser ingerida diariamente, durante toda a vida, sem oferecer risco apreciável à saúde, à luz dos conhecimentos científicos disponíveis na época da avaliação. A IDA pode ser: -IDA não especificada ou não limitada - Atribuída a um aditivo quando o estabelecimento de um valor numérico para a IDA é considerado desnecessário face às informações disponíveis sobre o mesmo e ao seu emprego de acordo com as Boas Práticas de Fabricação, ou seja, a substância não representa risco à saúde nas quantidades necessárias para obter o efeito tecnológico desejado. -IDA não alocada - Atribuída a um aditivo quando os dados toxicológicos disponíveis não são suficientes para se estabelecer a segurança de uso do mesmo. -IDA temporária - Atribuída a um aditivo quando os dados são suficientes apenas para concluir que o uso da substância é seguro por um período limitado de tempo, até que os estudos toxicológicos sejam concluídos e avaliados. Caso as informações adicionais solicitadas não sejam apresentadas no prazo estipulado a IDA temporária é retirada. -IDA aceitável - Atribuída a um aditivo quando: seu uso é aceitável para certos propósitos, seu emprego não representa preocupação toxicológica ou quando a ingestão é autolimitante por razões tecnológicas ou organolépticas. Nesses casos, o aditivo em questão deve ser somente autorizado de acordo com as condições especificadas. IDA de algumas substâncias químicas Aditivo/substância Função IDA (mg/kg) Ácido sórbico Conservante 0-25 Ácido ascórbico Antioxidante, melhorador de farinha Não especificada Lecitinas Emulsificante, antioxidante, estabilizante Não limitada EDTA Antioxidante, sequestrante, conservante 0-2,5 Vaselina líquida, parafina líquida, óleo mineral Glaceante 0-20 Aspartame Edulcorante, realçador de aroma 0-40 Drogas de uso abusivo que podem provocar dependência No contexto das agressões por substâncias químicas, o uso abusivo de drogas de efeito psicotrópico. ao lado dos efeitos dos poluentes ambientais, é o que mais tem preocupado asautoridades de saúde nos últimos anos. Abuso de drogas pode produzir lesões relacionadas diretamente ao efeito farmacológico da droga, aos efeitos de contaminantes utilizados como diluentes ou à introdução de agentes infecciosos, especialmente vírus de transmissão parenteral (vírus das hepatites B. C e D, HIV, HTLV.entre outros). Abuso de drogas é a expressão que indica o uso, por auto-administração. de substâncias fora de seu emprego médico e dos padrões socioculturais da sociedade. Vício é a condição na qual o uso da droga é compulsivo: é um estado de dependência, não necessariamente física, podendo significar apenas dependência psicológica. Tolerância a uma substância significa que, após uso repetido, doses maiores são necessárias para se atingirem os efeitos da dose original; está relacionada com a adaptação ao metabolismo da droga. Dependência a uma droga se refere a uma síndrome na qual o uso da substância é colocado como prioritário em relação a comportamentos que já foram de alto valor para o indivíduo. Dependência física é a expressão utilizada para indicar alterações fisiológicas que resultam em manifestações clínicas (síndrome da retirada) quando há suspensão do uso da droga . Os mecanismos da dependência física não são bemconhecidos. No caso dos opióides, está relacionada a aumento do número de receptores e/ou a alteração na capacidade de geração dos mensageiros secundários: a morfina inibe a proteína Gi, aumentando a atividade da adenilato ciclase e a síntese de AMPc. que é responsável por parte das manifestações da síndrome de retirada. A dependência a uma droga é definida pela Sociedade Americana de Psiquiatria pela presença de três ou mais dos seguintes critérios: (1) uso da substância cm número de vezes maior do que o pretendido; (2) insucesso nas tentativas de reduzir ou retirar o consumo da substância; (3) grande gasto de tempo na aquisição e no uso da droga c na recuperação dos seus efeitos; (4) sintomas frequentes de intoxicação; (5) abandono dc atividades sociais c do trabalho em decorrência do uso da droga; (6) uso continuado, apesar dos efeitos físicos e psíquicos adversos;(7) desenvolvimento de tolerância à droga; (8) uso frequente de medicamentos que impedem as manifestações da droga de uso abusivo. Etanol O álcool etílico ou etanol é a droga mais utilizada por seres humanos. Intoxicação alcoólica aguda ou crônica É causa de numerosas doenças, muitas delas graves e que se não levamà morte, são geralmente incapacitantes para o trabalho. O etanol é bem absorvido pelas vias digestiva e respiratória, distribuindo-se rapidamente por todos os tecidos. É metabolizado principalmente no fígado e no tubo gastrintestinal. No fígado, o metabolismo se faz por duas vias: (a) através do álcool desidrogenase do citosol que oxida o álcool a acetaldeído o qual é oxidado pela aldeído desidrogenase a acetato. Essas reações consomem NAD e geram NADH; (b) através de um sistema microssômicode oxidaçãodo etanol (MEOS), que utiliza o citocromo P4501IEI(cit P450 induzível pelo etanol). Se a oferta de álcool 6 moderada, a primeira via metaboliza praticamente todo o etanol; a segunda via age somente quando os níveis dc etanol são mais elevados. Na intoxicação aguda, a oxidação do etanol pelo MEOS inibe o metabolismo do outros xenobióticos pelo sistema microssomal já na ingestão crónica, o sistema microssomal é induzido. Nesse caso se o indivíduo reduz ou cessa o uso de álcool, a capacidade de metabolizar xenobióticos fica bastante aumentada; se continua ingerindo etanol, a competição persiste e o metabolismo de outras drogas pode ficar ou não aumentado. Essa ação do etanol sobreo REL explica por que seu uso pode aumentar a toxicidade de muitas substâncias, como o CC1. e o acetaminofeno, ou reduzir a atividade de outras, na fase aguda da intoxicação (aumentam as concentrações dc derivados morfínicos no cérebro, pois fica inibida a melilação microssomal desses metabólitos). Além disso, o efeito carcinogênico de muitas substâncias se torna aumentado pela intoxicação crónica com o etanol. O metabolismo energético como um todo também se altera: o alcoólatra perde peso. A capacidade de metabolizar etanol no estômago é menor em mulheres (o que em parte explica a maior suscetibilidade do sexo feminino aos efeitos lesivos do etanol) e está diminuída em alcoólatras crónicos. O metabolismo do álcool no citosol desequilibra a relação NAD/NADH(há aumento dc NADH),o que favorece a síntese de ácidos graxos (esteatose); ao mesmo tempo, reduz a atividade do ciclo de Krebs, levando a acúmulo de acetil CoA (também aumentado pela geração de acetil a partir do acetaldeído). outro fator que favorece a síntese de triglicerídeos. As alterações metabólicas induzidas pelo etanol são responsáveis pelas modificações morfológicas observadas nos hepatócitos de alcoólatras crónicos: ( 1) aumento do volume celular decorrente do acúmulo de proteínas, de triglicerídeos (esteatose), de eletrólitos e de água. o que pode inclusive comprimir os sinusóides e aumentar a pressão portal;(2) aumento do REI.. que contribui para o aumento do volume celular c confere ao citoplasma do hepatócito o aspecto de vidro despolido; (3) alterações mitocondriais, geralmente aumento de volume e deformidades (mcga mitocôndrias) resultantes possivelmente de alteração da fluidez das membranas induzida pelo etanol. inclusive em outras células (eritrócitos). Mitocôndrias alteradas têm sua capacidade funcional reduzida; (4) alterações na constituição da membrana citoplasmática, tornando-a mais frágil e mais permissiva à saída de enzimas, como a fosfatase alcalina e a gama-GT; (5) aparecimento dos corpúsculos hialinos de Mallory, que são constituídos por acúmulo de citoceratina anormal associada a proteínas do citosol, cujo meca¬ nismo de formação é mal conhecido (ação do acetaldeído sobre as citoceratinas normalmente produzidas, precipitando-as no citoplasma? ação de radicais livres? deficiência de vitamina A como co-fator. aumentando a síntese de citoceratina?); (6) necrose hepatocitária decorrente de peroxidação. por ação do complemento (com ou sem anticorpos) ou de células citotóxicas estimuladas por neoanifgenos (complexos AcPl). Além de produzir lesões hepáticas, o etanol ingerido por tempo prolongado provoca fenómenos degenerativos nos neurónios do sistema nervoso central, no coração(cardiopatia alcoólica), nos músculos esqueléticos e no pâncreas.Como as células desses órgãos não possuem desidrogenase alcoólica, admite-se que as degenerações decorram da ação lesiva de ésteres etílicos formados pelo etanol com ácidos graxos. Os efeitos agudos do etanol (embriaguez) são devidos às alterações que o álcool induz na membrana dos neurónios (modificações da fluidez, alterando a posição das moléculas que atuam no transporte iônico) e a um possível aumento do poder inibidor do GABA nas sinapses. O etanol possui efeitos teratogênicos bem definidos, produzindo a síndrome alcoólica fetal. Esta se caracteriza por redução no QI, baixo peso ao nascimento, malformações faciais como fissuras palpebrais pequenas, lábio superior hipotrófico, nariz e queixo pequenos. Drogas usadas por inalação As mais utilizadas são o tolueno, o clorofórmio e o cloridrato de fenciclidina. Este último foi sintetizado como anestésico e é muito utilizado por usuários jovens por meio de inalação ou ingestão. Possui efeitos depressivos, alucinogênicos e estimulantes, produzindo como manifestações graves de intoxicação: agitação, convulsões, delírio, redução de funções sensoriais e motoras. Parece não produzir dependência física ou química. Drogas estimulantes do SNC As mais usadas são a cocaína e as anfetaminas e seus derivados. A cocaína é uma das drogas de uso abusivo mais consumida. Ela é um alcaloide extraído de folhas de coca, na forma de cloridrato, um pó branco solúvel. Sua alcalinização e extração com solventes orgânicos originam um preparado na forma de grânulos denominado crack, com efeitos farmacológicos mais potentes. A cocaína é utilizada por inalação, injeção subcutânea ou intravenosa, aspiração junto com a fumaça de cigarro ou ingestão. Seus efeitos se relacionam à sua ação simpaticomimética: dilatação pupilar, vasoconstrição arteriolar, taquicardia e predisposição a arritmias e hipertensão arterial. A vasoconstrição arteriolar pode produzir lesões degenerativas e necrose, especialmente na mucosa nasal e no coração, podendo provocar em usuários crônicos quadro de miocardiopatia dilatada. Além disso pode induzir o infarto agudo do miocárdio em pacientes com obstrução coronariana prévia. O usuário de cocaína (como o de outras drogas injetáveis) apresenta frequentemente lesões cutâneas nos sítios habituais da injeção: cicatrizes, áreas de hiperpigmentação, trombose venosa, flebólitos, abscessos, ulcerações e linfadenite regional. Além disso, tais usuários tem maior risco de desenvolver endocardite infecciosa. Infecções secundárias por vírus de transmissão parenteral são muito comuns. As anfetaminas (utilizadas como anorexígenos) tem efeitos similares aos da cocaína e as mesmas manifestações de intoxicação, entretanto ao contrário da cocaína, as anfetaminas podem produzir lesão nos neurônios dopaminérgicos, nos quais induz a síntese de 6-hidroxidopamina. Opióides (heroína, morfina) são largamente utilizados pelos usuários de drogas, que muitas vezes se tornam dependentes devido ao uso terapêutico de algum derivado (tratamento de dor) ou porque possui facilidade de contato com os mesmos (médicos e pessoal paramédicos). Os efeitos da heroína e dos outros opióides são euforia, alucinações, sonolência e sedação. A superdose pode provocar morte súbita devido a arritmias cardíacas, edema pulmonar ou depressão respiratória aguda. Assim como para cocaína, os usuários jovens podem apresentar lesões sistêmicas ou nos locais de injeção devido aos contaminantes e à introdução de agentes infecciosos. Os opióides induzem baixo grau de tolerância e dependência física, mas as manifestações da síndrome de retirada são exuberantes. A síndrome de abstinência começa 8 a 12 horas depois daúltima dose, com lacrimejamento, rinorréia, bocejos e sudorese, seguidos de período de cansaço e sonolência; as pupilas se dilatam e aparecem crises de piloereção, irritabilidade, tremores, náuseas e vômitos. A maconha, utilizada na forma de cigarros feitos com folhas secas de Cannabis sativa, está entre as drogas de uso mais popular. Seus efeitos sobre o organismo humano são ainda discutidos. Estudos demonstram redução do tempo de gestação, recém- nascidos de baixo peso, aumento da frequência de malformações, lesões no sistema respiratório devido ação da fumaça, taquicardia e elevação da pressão arterial em usuários antigos, alterações nos mecanismos de percepção e na coordenação motora. A maconha parece não induzir tolerância ou dependência. Barbitúricos e drogas hipnossedativas (benzodiazepínicos e derivados) são mais utilizados de modo abusivo do que os opióides. Os hipnossedativos induzem tolerância e dependência física, cuja síndrome de abstinência é caracterizada por agitação, irritabilidade, insônia, ansiedade, e às vezes, delírio e convulsões. Uso crônico abusivo pode ser assintomático por longo tempo. As manifestações que aparecem são semelhantes às do alcoolismo crônico: fraqueza, alterações no humor e no julgamento, fala arrastada, redução da memória e da compreensão, instabilidade emocional. Drogas psicodélicas (mescalina, psilocina, LSD) são as que tem efeito alucinógeno, psicotomimético e psicotogênico, mas que tipicamente produzem alteração na percepção sensorial e sensações experimentadas apenas em estados de sonho ou exaltação. O uso de LSD geralmente não induz manifestações físicas sérias, quando aparecem se devem ao efeito simpaticomimético: dilatação das pupilas, taquicardia, hipertensão, tremores, piloereção, aumento da temperatura corporal e fraqueza muscular. As consequências mais graves do seu uso são manifestações psicológicas como síndrome de pânico após efeitos alucinógenos, desencadeamento de manifestações esquizofrênicas que podem progredir como esquizofrenia instalada. No caso da psilocina, os usuários do chá de cogumelo estão sujeitos a se intoxicar com toxinas de fungos, principalmente amanitina. Essa substância induz graves lesões no SNC (manifestadas por dor de cabeça seguidas de coma e morte), além de provocar necrose hepática centrolobular, necrose tubular aguda dos rins e mionecrose. A muscarina (outra toxina produzida por fungos do gênero Amanita) possui efeitos parassimpaticomiméticos como contração pupilar, sudorese, bradicardia e diarréia.
Compartilhar