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Patologia Ambiental

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Universidade de Rio Verde 
4º Período – Medicina 
Disciplina: Patologia 
Professora: Dra. Eliane 
Acadêmicos: Bárbara Carol, Beatriz Ribeiro, Isabella Oliveira, Jéssica Duarte, 
Katiúscia Pereira, Luciana Aparecida, Mariana Lopes, Mariana Tavares, Michélle 
Lemes, Nathália Ramos, Ravla Faria, Roberta Geralda, Roberta Faria, Thatyane 
Pereira, Yumi Kudo. 
 
 
Patologia Ambiental 
 
Introdução 
 O termo patologia ambiental tem sido utilizado para indicar o estudo das 
doenças causadas por contaminantes ou poluentes do ambiente. É, portanto, o estudo de 
doenças ou lesões produzidas por agentes químicos, já que o ambiente é poluído 
essencialmente tem a maior parte de suas causas no meio ambiente. 
 
Mecanismos gerais das lesões produzidas por agentes 
químicos 
 As lesões por agente químicos tem mecanismos semelhantes quer o agente tenha 
entrado no organismo como um medicamento, um tóxico ou um poluente contaminando 
alimentos ou o ar. 
 Os efeitos dos agentes químicos dependem de propriedades da substancia e de 
fatores ligados ao organismo, os quais devem ser interpretados em conjunto. Esses 
fatores interferem nos processos de absorção, transporte, distribuição, armazenamento, 
biotransformação e excreção dos agentes químicos. 
Absorção 
 As substâncias químicas chegam ao organismo pelas vias cutânea, mucosa 
(digestiva, respiratória ou urogenital) ou parenteral (intradermica, subcutânea, 
intramuscular ou intravenosa). A absorção se faz através da membrana de células por 
difusão simples, por transporte facilitado ou por transporte ativo. A difusão simples é 
mais rápida quando a substancia é lipossolúvel, moléculas pequenas, atravessam 
facilmente a membrana dissolvidas na água. Bases e ácidos fracos difundem-se através 
das membranas de acordo com o pH dos meios extra e intracelular, pois a dissociação 
de ácidos ou bases é influenciada. Quanto maior a concentração da forma não 
dissociada do acido ou da base, maior é a absorção. O transporte facilitado e o 
transporte ativo tem os mesmos mecanismos para as substâncias endógenas e são 
importantes para a absorção de agentes químicos na intimidade dos tecidos. 
 A absorção de uma substancia é influenciada, portanto, por sua natureza e pelas 
condições do local em contato com o organismo. Substancias gasosa e voláteis são 
facilmente absorvidas pela via respiratória, tanto na mucosa brônquica como no epitélio 
alveolar. 
 A eficiência da via de absorção varia de substancia para substancia, embora seja 
muito rápida pela via respiratória e na mucosa sublingual. Já a pele absorve bem 
substancias lipossolúvel, mas é pouco eficaz na absorção de compostos hidrossolúveis 
Transporte distribuição 
 Uma vez absorvido, o agente químico cai no interstício e daí alcança a 
circulação sanguínea, diretamente ou passando antes pela circulação linfática. No 
sangue, a substância se dissolve no plasma ou se conjuga com proteínas plasmáticas. A 
distribuição do agente químico aos tecidos depende do fluxo sanguíneo; por terem 
maior perfusão, encéfalo, coração, fígado e rins recebem maior quantidade das 
substancias. A saída do composto da circulação para o interstício se faz geralmente 
pelos poros interendoteliais possuem junções intimas a bainha dos prolongamentos 
gliais envolve a membrana basal. 
 A passagem de substancias através da célula endotelial, inclusive por pinocitose, 
ocorre em proporção ainda não conhecida. A partir do interstício, o agente químico 
chega às células do órgão e é absorvido através de suas membranas. A difusão do 
sangue-interstício-células pode se fazer no sentido inverso, quando as concentrações do 
agente se equilibram nos espaços vascular, intersticial e celular. 
Armazenamento 
Agentes químicos podem ficar armazenados por períodos diferentes após se 
depositarem nos tecidos. O depósito se faz quando o tecido tem solvente para a 
substância, ou por precipitação ou por substituição e ligação às moléculas do tecido. 
Biotransformação 
 Os agentes químicos são metabolizados antes de serem excretados. O 
metabolismo pode inativar a substância ou gerar metabólitos. Os sistemas de 
biotransformação evoluíram como mecanismo capaz de eliminar organismos de 
produtos naturalmente tóxicos, como alguns na alimentação. 
Os sistemas de biotransformação estão no fígado (retículo endoplasmático liso), 
enterócitos, epitélio brônquico e células renais. O REL realiza a reação de fase I 
(converte substâncias químicas apolares em metabólitos polares por meio da oxidação, 
redução ou hidrólise) e a reação de fase II (conjuga substâncias e metabólitos com 
produto endógeno formando um complexo solúvel em água - conjugação com ácido 
glicurônico, acetato, sulfato e aminoácidos). 
A reação de fase I se faz por monooxigenase (família P450, localizado no REL) 
e exige NADPH e oxigênio. Outras oxidases que podem participar da biotransformação 
são hemeperoxidases, xantina-oxidase, álcool, aldeído-desidrogenase. 
A capacidade de biotransformação depende de: 
- Fatores genéticos; 
- Isoenzimas do sistema P450 podem ser induzidas, ou seja, a síntese é 
aumentada na presença de um indutor – exemplo de indutor é o 
fenobarbital, que age no sistema P450. 
 Em feto e RN, o sistema de biotransformação é imaturo e alcança a maturidade 
no primeiro ano de vida. Já nos idosos, há poucos estudos sobre este processo. 
 
Biotransformação e efeito lesivo 
O agente químico pode ter atividade reduzida ou aumentada. 
 Muitas substâncias carcinogênicas adquirem efeito carcinogênico após a 
biotransformação. Alguns medicamentos exercem efeito terapêutico devido os 
metabólitos produzidos. Pessoas que consomem fenobarbital metabolizam etanol mais 
rápido e apresenta altos graus de intoxicação com o paration (metabólito paraxona - 
tóxico). 
 O sistema de biotransformação do REL pode ser induzido, ação de um agente 
químico pode ser modificada pela ação de outro simultaneamente. 
Excreção 
 Os agentes químicos podem ser excretados na sua forma nativa ou após 
biotransformação. A excreção se faz pelos rins (por meio da urina), pelo tubo digestivo 
e sistema biliar (fezes), por via respiratória e através da pele. Muitas substâncias se 
depositam nos locais em que são eliminadas: o mercúrio e a prata nas membranas basais 
do rim e do tubo digestivo, nitrocompostos (anilinas) na bexiga, produzindo neoplasia 
etc. 
Fatores individuais e ação lesiva dos agentes químicos 
 A constituição genética e o estado funcional do organismo também influenciam 
nos efeitos lesivos dos agentes químicos no organismo. 
 A constituição genética é importante porque condiciona o padrão de enzimas do 
indivíduo, influenciando decisivamente os mecanismos de biotransformação. 
Deficiência da enzima glicose-6-fosfato desidrogenase (G6OD), por exemplo, torna o 
indivíduo muito suscetível à intoxicação com a fava do Mediterrâneo (que tem 
inibidores da enzima) ou com drogas antimaláricas, como a quinacrina e primaquina. 
 Há ainda, indivíduos com menor capacidade de acetilar (fenótipos acetiladores 
lentos), o que os torna mais suscetíveis à ação tóxica de muitos agentes químicos, como 
a isoniazida. 
 Além disso, indivíduos geneticamente predispostos a desenvolver alergia 
possuem maior suscetibilidade a manifestações alérgicas aos agentes químicos, 
ocorrendo mais facilmente, reações anafiláticas. 
 Quanto à idade, indivíduos mais jovens são mais suscetíveis por conterem mais 
água corporal em relação ao peso, o que aumenta a quantidade do agente químico nos 
tecidos. Os idosos possuem atividades funcionais das células reduzidas, em 
consequência, são mais sensíveis a qualquer tipo de ação. Em fetos em embriões, a ação 
destes agentes interfere nos mecanismos de proliferação e diferenciaçãocelular. 
 O sexo também influencia. Nas mulheres em período reprodutivo, o estrógeno 
interfere nos hepatócitos (em sua atividade funcional e processos de biotransformação). 
Além disso, também possuem maior quantidade de água corporal em relação ao peso. 
Os efeitos tóxicos nelas são mais graves e mais rápidos nos danos ao fígado do que nos 
homens. Na gravidez, com maior concentração de progestágenos e maior retenção de 
água, a toxicidade se altera. 
 Em casos de ação simultânea de agentes, uma substância pode interferir na 
biotransformação da outra. Por exemplo: induzindo enzimas do REL, o fenobarbital 
aumenta o metabolismo de outras substâncias, aumentando ou diminuindo suas 
toxicidades. A isoniazida, se associada com a rifampicina, tem riscos de efeitos tóxicos 
aumentados. 
 Doenças preexistentes também influenciam na toxicidade, como por exemplo as 
doenças hepáticas que reduzem a capacidade de biotransformação, ou as renais que 
dificultam a excreção dos agentes. 
Poluentes ambientais, aspectos gerais sobre seus efeitos lesivos 
 A poluição do ambiente dá-se pela contaminação ambiental com substâncias 
químicas. Ela tem sido importante causa de doenças na atualidade, por conta dos 
processos de industrialização e urbanização e ainda por defensivos na agropecuária. Os 
contaminantes ambientais têm natureza química diversa e efeitos biológicos variáveis e, 
às vezes, pouco conhecidos. 
 
Poluentes do ar 
 Os poluentes do ar exercem efeitos nocivos especialmente sobre o sistema 
respiratório. 
- Mecanismos de retenção dos poluentes: 
1º fibrissas: retém partículas grosseiras; 
2º cornetos nasais: delineiam uma fenda muito estreita de modo que a maioria das 
partículas em suspensão colidem com a mucosa, ficando retidas na camada do muco; 
3º cílios: movimentam em direção ao meio externo favorecendo a remoção do material 
retido; 
. A mucosa respiratória possui: células ciliadas, células caliciformes e células basais; 
. Os principais responsáveis pela secreção do muco são: as glândulas submucosas, 
túbulo-acinosas e seromucosas; 
. O muco é formado por água, mucina, e outras glicoproteínas (em condições normais o 
homem produz 10ml de muco por dia, podendo chegar a 300ml na bronquite crônica); 
. Toda a atividade do chamado aparelho mucociliaré controlada pelo sistema nervoso 
autónomo e por mediadores liberados nos tecidos; 
. Os poluentes do ar em geral agridem o aparelho mucociliar, que tenta se adaptar: 
 -Na fase inicial da agressão, a irritação produzida por gases e partículas induz 
aumento na secreção de muco e na velocidade dos batimentos ciliares. 
 -Em seguida, aumenta a proliferação das células basais e surge estímulo para 
diferenciação das células mucosas, que passam a ocupar o lugar das células ciliadas no 
revestimento epitelial. prejudicando a eliminação do muco e das partículas nele retidas. 
-Os efeitos lesivos dos poluentes acabam afetando a diferenciação das células da 
camada basal, que passam a originar células ciliadas com defeitos na maturação dos 
cílios, tornando-os pouco eficientes na sua atividade motora. 
Essas alterações progressivas reduzem a capacidade de eliminação dos contaminantes 
do ar, favorecendo infecções respiratórias, que são as doenças mais frequentes em 
decorrência da exposição prolongada ao ar poluído. 
Poluentes do ar em ambientes abertos 
 A poluição do ar atmosférico em ambientes abertos é feita principalmente pela 
emissão de gases e poeiras originados da queima de combustíveis fósseis (petróleo e 
carvão de pedra) nos veículos com motor a explosão (58%), na indústria (18%), nas 
usinas termoelétricas (15%), nos sistemas de aquecimento doméstico (6%) e na queima 
de lixo (3%). No Brasil, a poluição do ar das grandes cidades é originada principalmente 
dos veículos automotores e da atividade industrial. Cinco são os principais poluentes 
originados da queima de combustíveis fósseis: monóxido de carbono (52%), óxido de 
enxofre (18%), hidrocarbonetos e aldeídos deles originados (12%), material particulado 
(10%) e óxido de nitrogênio (8%). 
- fumaça + dióxido de enxofre + umidade elevada e baixas temperaturas= poluição 
escura, de tipo redutor 
- fumaça rica em hidrocarbonetos e óxido de nitrogênio + áreas de iluminação solar > 
sofre oxidação fotoquímica = poluição clara ou oxidante – produzem a inversões 
térmicas. 
 A poluição redutora associa-se a doenças agudas, especialmente no sistema 
respiratório. A poluição oxidante é responsável pelo aumento de internações 
hospitalares por doenças respiratórias crônicas (bronquite crônica, rinite, crises 
asmáticas), conjuntivite, etc. 
 O monóxido de carbono (CO) existe na atmosfera na concentração de 1ppm mas 
pode atingir 100 ppm nas garagens subterrâneas e nos túneis. Sua eliminação da 
atmosfera ocorre pela reação com radicais hidroxil do ambiente, originando dióxido de 
carbono. O CO não é irritante, mas sua toxidade está relacionada à alta afinidade que 
tem pela hemoglobina, com a qual se combina formando carboxiemoglobina, que se 
torna incapaz de transportar oxigênio e é inibidora da dissociação da oxiemoglobina nos 
tecidos. A consequência é hipóxia tecidual sistêmica. A exposição crônica a baixas 
concentrações de CO lesa predominantemente o coração. 
 O dióxido de enxofre (SO2) age sobre as vias respiratórias e produz 
broncoconstrição, reduzindo a função respiratória (5 ppm durante 10 minutos provocam 
aumento da resistência ao fluxo de ar, facilmente perceptível). Na atmosfera, parte do 
SO2 é convertida em ácido sulfúrico e sulfatos, os quais são também irritantes para a 
mucosa respiratória e produzem broncoconstrição. Os sulfatos formam partículas 
pequenas (<1mm) e, em concentrações de 0,25mg/m
3 
, causam broncoconstrição. 
 O ozônio é irritante das vias aéreas, podendo causar edema pulmonar grave em 
camundongos. A exposição aguda em humanos a concentrações entre 0,25 a 0,75 ppm 
produz taquipnéia, tosse, secura na garganta e sensação de opressão torácica. Isso ocorre 
devido à sua capacidade de gerar radicais livres, especialmente por ser combinar com 
lipídeos insaturados das membranas e com grupos SH das proteínas. 
 O óxido nitroso (NO2) tem efeitos semelhantes aos do ozônio. É irritante e pode 
produzir edema pulmonar quando inalado em grandes concentrações. Hidrocarbonetos e 
aldeídos originados por ação oxidante da luz solar são irritantes potentes existentes em 
baixa concentração no ar poluído. O formaldeído e a acroleína são os mais abundantes e 
altamente irritantes e responsáveis pelo odor da poluição fotoquímica e pela irritação 
ocular. O aldeído fórmico na concentração de 3 ppm produz tosse, cefaleia e irritação 
dos olhos e das mucosas bucal e respiratória e em casos de exposição ocupacional pode 
causar asma e bronquite crônica. 
 As poeiras que contaminam o ar são de natureza mineral ou orgânica; quando 
inaladas, podem produzir lesões pulmonares denominadas pneumoconioses, que é mais 
comum em ambientes de trabalho. O aparecimento de lesão pulmonar por essas poeiras 
depende da quantidade de pó retido nas vias respiratórias e nos alvéolos; tamanho, 
densidade e forma das partículas de poeira e efeito concomitante de outros poluentes do 
ar. 
 A quantidade de partículas que chegam aos alvéolos e às vias aéreas terminais 
depende da concentração das partículas no ar, da duração da exposição e da eficiência 
do aparelho mucociliar em eliminá-las. Partículas de poeira com mais de 10µm são 
retidas nas fossas nasais e nasofaringe; entre 5 e 10 µm ficam retidas na superfície do 
epitélio da traqueia e dos brônquios; só partículas entre 1 e 5 µm chegam aos alvéolos e 
neles podem ficar retidas. As partículas aderidas ao epitélio bronquíolo-alveolar sãofagocitadas pelos macrófagos alveolares. Estes podem digerir ou não as partículas 
fagocitadas. Partículas leves, pouco densas, ficam no centro da corrente de ar inspirado 
e alcançam facilmente os alvéolos, escapando de ficar aderidas ao muco das vias aéreas 
(ex: fibras de asbesto); partículas pequenas e solúveis podem produzir lesões irritativas 
agudas, enquanto partículas maiores e insolúveis tendem a provocar lesões crônicas. 
Poeiras inorgânicas e pneumoconiose 
 As poeiras que contaminam o ar são de natureza mineral ou orgânica. Quando 
inaladas, podem produzir lesões pulmonares que são denominadas de pneumoconioses. 
Geralmente a inalação dessas poeiras são mais comuns em determinados ambientes de 
trabalho, em pessoas que habitam áreas urbanas situadas próximas de indústrias. 
O aparecimento de lesão pulmonar por inalação dessas poeiras depende de vários 
fatores, como: quantidade do pó retido nas vias respiratórias e alvéolos; tamanho, 
densidade e forma das partículas de poeira que foram inaladas e efeito concomitante de 
outros poluentes do ar. 
 Trabalhadores de minas de carvão e os expostos a sílica estão sujeitos a 
desenvolver doença grave que se caracteriza por fibrose pulmonar acentuada e difusa, 
capaz de levar a insuficiência crônica e ao cor pulmonale crônico. Nessas duas doenças 
citadas, a doença só se instala após longo tempos de exposição a alta concentração de 
partículas, influencia genética para aparecimento e evolução das lesões. 
 A fibrose pulmonar e a silicose, doença comum em mineiros de carvão, 
acompanham artrite reumatoide, constituindo a síndrome de Caplan que se caracteriza 
por nódulos fibróticos no pulmão, fator reumatoide, anticorpos antinucleares e outros. 
Essa associação sugere mecanismos imunitários na patogênese da fibrose, onde os 
macrófagos produzem citocinas que atraem e estimulam linfócitos T e fagocitam as 
partículas de carvão ou sílica vão liberar enzimas lisossômicas que vão lesar o 
interstício, estimulando a fibrose. 
 A associação frequente dessas duas pneumoconioses com a tuberculose é 
explicada pela reduzida função microbicida dos macrófagos. O aparecimento de lesões 
pleurais e nos linfonodos do hilo pulmonar se explica pela migração de macrófagos que 
fagocitam partículas para os vasos linfáticos e alcançam os linfonodos ou a pleura. 
 A beriliose é uma doença menos frequente, na qual o berílio age como hapteno e 
induz uma reação imunitária nos pulmões formando inflamação granulomatosa com 
células epitelióides e células gigantes multinucleadas, mas sem presença de necrose 
caseosa. 
 A asbestose é decorrente da inalação de asbesto que induz a fibrose pulmonar 
como também derrames e aderências pleurais, mesoteliomas e carcinoma 
broncopulmonar. Essa fibrose, associada com a reação inflamatória escassa, se 
desenvolve possivelmente por mecanismos semelhantes aos da silicose por liberação de 
fatores de crescimento por macrófagos ativados após a inalação das fibras. Geralmente a 
asbestose se associa frequentemente com neoplasias malignas de pulmão como o 
carcinoma broncopulmonar e mesotelioma maligno. 
Poeiras orgânicas 
 A inalação dessas poeiras produzm lesões pulmonares agudas, do tipo crises 
asmatiformes ou alveolites alérgicas extrínsecas e raramente pneumopatias crônicas 
fibrosantes. 
 Poeiras que contem fibras de algodão, cânhamo ou linho produzem 
manifestações respiratórias frequentes em trabalhadores de indústria de fiação. 
Geralmente manifestam-se genericamente como bissinose caracterizada por desconforto 
respiratório e sensação de opressão torácica. 
 Poeiras orgânicas com material protéico ou polissacarídico podem sensibilizar o 
indivíduo e induzir alveolites alérgicas extrínsecas, que são caracterizadas por 
inflamação dos septos alveolares com exsudato de linfócitos, macrófagos, eosinófilos e 
as vezes células gigantes. Podem apresentar também aumento da secreção de muco, 
febre e eosinofilia circulante. Essas alveolites são conhecidas como pulmão do 
profissional por se desenvolverem com mais facilidade em alguns trabalhadores como o 
fazendo que trabalha com feno e inala a poeira que contem fungos alergênicos, 
trabalhadores que tratam de passarinho e inalam a poeira das gaiolas. 
 Há também algumas poeiras que contêm alérgenos que induzem crises asmáticas 
sem alveolite, que é comum em carpinteiros que trabalham com cedro vermelho, cujo 
pó é alergênico. 
 
Poluentes do ar em ambientes de trabalho 
 A toxicologia ocupacional estuda a concentração de substâncias tóxicas, 
principalmente do ar, e seus efeitos lesivos no local de trabalho, estabelecendo a 
concentração prejudicial de um contaminante à exposição do trabalhador, que pode 
provocar possíveis danos a sua saúde. Também determinam os limites máximos de 
exposição para cada um dos possíveis contaminantes, mesmo com o uso de proteção 
adequada. A partir esses estudos, são elaboradas normas legais de proteção dos 
trabalhadores quanto à exposição tóxicas no ambiente de trabalho, determinando os 
limites máximos permitidos. Também são avaliadas juntamente com as concentrações 
tóxicas, as manifestações clínicas. 
Fumaça do cigarro (tabaco) 
 A fumaça inalada do cigarro, tanto pelos fumantes quanto por não-fumantes, está 
entre as mais importantes causas evitáveis de doenças. 
 O tabagismo aumenta o risco para o carcinoma broncopulmonar e para os 
cânceres da laringe, faringe, esôfago, boca e em menor intensidade, da bexiga e do 
pâncreas. Também é considerado a principal causa de doença pulmonar obstrutiva 
crónica e um dos mais importantes fatores de risco da aterosclerose e da cardiopatia 
isquêmica. Na gravidez, está relacionado a aumento do risco de aborto e de nascimento 
de crianças de baixo peso. 
 A intensidade e a duração do hábito de fumar têm grandes influências na 
etiologia dessas doenças. A cessação do hábito de fumar se acompanha de diminuição 
do risco para as doenças citadas, a redução do risco é tanto maior quanto mais 
prolongado é o período de tempo após o abandono do hábito. 
 A composição da fumaça do cigarro é composta por centenas de substâncias, 
CO, nicotina, acroleína, nitrosamidas e vários hidrocarbonetos policíclicos aromáticos 
considerados carcinogênicos. Sendo o calor da fumaça, a acroleína e a nicotina, os 
maiores agressores para o aparelho mucociliar no fumante, já que os dois primeiros são 
irritantes e a nicotina inibe os movimentos ciliares. Aumentando assim, a secreção de 
muco e seu espessamento, diminuindo também sua eliminação. A fumaça do cigarro 
também diminui a atividade microbicida e fagocitária dos macrófagos septais, 
aumentando o riso de infecções pulmonares e a piora das doenças pulmonares crônicas. 
Solventes industriais 
 Os solventes orgânicos são empregados na indústria para a fabricação de colas, 
vernizes e tintas, sendo utilizados ainda como removedores em vários tipos de limpeza 
industrial ou doméstica. 
 Os hidrocarbonetos alifáticos, como o n-hexano c 2- hexanona, são utilizados na 
fabricação de algumas colas. A intoxicação aguda produz confusão mental e 
incoordenação motora, enquanto exposição crônica resulta em neuropatia periférica. 
Esses compostos são metabolizados no REL do fígado, e seus metabólito, 2,5-
hexadiona, é responsável por lesões neuronais e dos nervos periféricos. 
 Gasolina e querosene contêm uma mistura de hidrocarbonetos alifáticos e 
aromáticos. As manifestações clínicas da intoxicação aguda incluem: incoordenação 
motora, excitação, confusão mental, ataxia, delírio e coma, podendo levar à morte. 
Quando ingeridos, podem causar pneumonite aspirativa. Indivíduos intoxicados com 
gasolina ou querosene são hipersensíveis aos efeitos da adrenalina,que pode produzir 
arritmia ventricular grave. A contaminação da água com gasolina representa certo risco 
para a população, pois o benzeno presente pode provocar leucemia. 
 Hidrocarbonetos halogenados são utilizados como solventes e removedores. 
Alguns são produzidos espontaneamente durante tratamento da água para uso 
doméstico, como o cloroformio, e alguns são carcinogênicos, aumentando o risco para 
câncer de cólon, reto e mama em populações que usam água hiperclorada, sendo os 
filtros de carvão eficientes para sua remoção. O mais utilizado como solvente é o 
tetracloreto de carbono, que pode ser absorvido facilmente por via respiratória ou 
digestiva. As manifestações sistémicas de intoxicação aguda se iniciam com náuseas, 
vômitos, sensação de cabeça pesada e cefaleia; nos casos graves, pode haver torpor e 
coma. Os sinais de agressão hepática demoram de 8 a 48 horas para aparecer e estão 
relacionados com hepatite tóxica, intoxicação crônica pode levar à cirrose hepática. 
 Dos hidrocarbonetos aromáticos, o benzeno e o tolueno são os mais importantes. 
Na intoxicação aguda pelo benzeno, as manifestações são fraqueza, cefaleia, náuseas, 
vômitos e sensação de peso no tórax; nos casos mais graves, turvação da visão, 
tremores, salivação, taquipnéia, arritmias cardíacas, paralisias e perda de consciência. 
Na intoxicação crônica, a medula óssea é o órgão mais atingido, levando a pancitopenia. 
Exposição prolongada está relacionada a aumento de risco para leucemia. O tolueno, 
utilizado como um dos solventes da cola de sapateiro, é mais tóxico para o sistema 
nervoso central, produzindo euforia antes de induzir depressão, sendo usado como 
psicotrópico. Ao contrário do benzeno, não lesa a medula óssea. 
 Os álcoois são também utilizados como solventes, mas é nas bebidas alcoólicas 
que têm maior importância. O etanol pode produzir dependência e lesões em vários 
órgãos. Por serem lipossolúveis, os álcoois se dissolvem facilmente nas membranas dos 
neurônios, sendo as manifestações neurológicas precoces e intensas na intoxicação 
aguda. O metanol é utilizado como combustível e pode acidentalmente contaminar 
bebidas alcoólicas. É metabolizado pelas mesmas enzimas que metabolizam o etanol, 
gerando ácido fórmico, que é o metabólito responsável pelas lesões mais graves. As 
manifestações da intoxicação incluem cefaléia, vertigens, vómitos, dor no epigástrio 
(necrose pancreática), fraqueza muscular nas extremidades e perda progressiva da visão 
decorrente de lesão das células ganglionares da retina. Há ainda acidose grave. Quando 
o metanol é ingerido juntamente com o etanol, seus efeitos lesivos são menores, já que o 
etanol compete no metabolismo, reduzindo a transformação do metanol em ácido 
fórmico. O isopropanol ou álcool isopropílico, também usado como solvente, pode 
provocar manifestações sistêmicas semelhantes às produzidas pelo etanol; no entanto, a 
gastrite é muito mais grave e as manifestações são mais duradouras porque ele é 
metabolizado mais lentamente. 
 Os glicóis, etilenoglicol e propileno glicol, são usados como anticongelantes em 
líquidos de radiadores de automóveis. Intoxicação aguda produz narcose, coma e morte. 
São também nefro tóxicos 
 
Poluentes da água e do solo 
Metais pesados 
 Atingem o ambiente através de efluentes industriais, podendo contaminar água e 
alimentos, assim expondo humanos e outros animais a intoxicação crônica; são 
contaminantes comuns em ambientes industriais e de trabalho de alguns profissionais 
especializados, e tem grande importância em saúde ocupacional. 
 Os mais importantes são o chumbo, mercúrio, arsênio e cádmio. 
 Chumbo 
 Contaminante ambiental de distribuição universal, encontrado na água, 
alimentos e em diversos locais de trabalho. Pintores, operários de fábricas de tintas e 
indivíduos que trabalham na fabricação e no reparo de baterias, na manipulação de solda 
e de ligas metálicas são os mais expostos à contaminação. 
 No ambiente doméstico também há contaminação – através de alimentos 
(enlatados, devido à solda das latas), e água como também da poeira de pinturas, em 
habitações mais antigas. 
 O ar das grandes cidades é contaminado com o chumbo eliminado na descarga 
de automóveis, especialmente em países em que se usa gasolina aditivada com chumbo 
tetraetila. 
 O chumbo é absorvido pelas vias digestiva e respiratória; cai na circulação e 
distribui-se pelos tecidos moles, sendo posteriormente levado aos ossos (85%), onde se 
deposita e de onde volta lentamente à circulação e aos tecidos moles. 
 O mecanismo patogenéticos das lesões provocadas pelo chumbo relaciona-se 
com sua capacidade de se combinar com proteínas, alterando-lhes a estrutura terciária, e 
portanto, sua função. As principais lesões e manifestações de intoxicação pelo chumbo, 
denominadas saturnismo, são: 
a) No sangue, animai com discreta hemólise e inclusões basófilas nos nos eritrócitos; o 
chumbo interfere na ação de enzimas que atuam na sínteses de porfirinas, havendo 
inibição da incorporação de ferro ao heme; 
b) No SNC, encefalopatia saturnínica, mais comum em crianças. Apresentam 
retardamento mental variável, cegueira, paresias, psicose, convulsões e, coma e morte. 
c) No tubo gastrointestinal, a manifestação mais importante é cólica abdominal intensa, 
com enrijecimento da parede abdominal, simulando quadro de abdome agudo; 
d) Nos rins, pode haver nefropatia tubular com proteinúria, hematúria e cilindrúria, ou 
lesão intersticial crônica. Inclusões nucleares formadas por complexos de chumbo com 
proteínas, encontradas inclusive em células do sedimento urinário. 
 Mercúrio 
 Largo emprego na fabricação de defensivos agrícolas. A contaminação 
ambiental se dá a partir do uso de defensivos mercuriais e de efluentes industriais, 
especialmente de indústrias de álcalis e de equipamentos básicos para eletrônica. 
Mineradores de ouro usam mercúrio metálico no processo de separação do metal em 
areia de aluvião, contaminando as bacias hídricas. 
 O mercúrio metálico (vapores), os sais de mercúrio (mono ou bivalentes) e o 
mercúrio orgânico (metilmercúrio) podem causar lesão no organismo. Sua absorção 
pode se dar por via digestiva (10% do ingerido no caso de sais e 90% no caso de 
mercúrio orgânico) ou respiratória; cai na circulação, acumula-se em hemácias e 
distribui-se para os tecidos. A excreção se faz pelas vias digestivas e renal. Produz 
lesões especialmente por se ligar a grupos SH de proteínas, formando mercaptídeos. 
 Vapores de mercúrio (metálico) podem causar intoxicação aguda por fraqueza, 
gosto metálico na boca, náuseas, vômitos, diarreia, dispneia e tosse. Exposição crônica 
causa síndrome neurastência com bócio, gengivite e salivação excessiva. Lesões na 
boca e no tubo digestivo na intoxicação com sais de mercúrio. Na intoxicação crônica 
pode ocorrer a síndrome da acrodinia (eritema de extremidades, tórax e face, fotofobia, 
anorexia, taquicardia, diarreia). 
 Arsênio 
 Encontrado em forma de sais inorgânicos (arsenato, pentavalente, arsenito, 
trivalente) ou de arsina (AsH3), esta última mais tóxica, seguida de sais trivalentes. O 
ambiente pode ser contaminado a partir de minerações de mercúrio, cobre, zinco e 
estanho (em cujos minérios o arsênio é encontrado em concentrações variáveis) ou de 
indústrias de pesticidas e de equipamentos eletrônicos (usam sais de arsênio). 
 O mecanismo de ação lesivo se relaciona à capacidade do arsênio de se 
combinar a grupos SH de proteínas e de desacoplar a fosforilação oxidativa. É 
absorvido pela via digestiva e tende-se a localizar no fígado, coração e pulmões; 
acumula-se na ceratina (proteína) depositando-se em pelos, hunas e epiderme; deposita-
se também emossos e dentes e pode atravessar a barreira placentária. 
 Principais lesões e manifestações: 
a) no sistema circulatório: vasodilatação e aumento da permeabilidade vascular 
moderados, produzindo edema discreto, mas persistente. O edema é mais acentuado no 
coração, e produz alterações eletrocardiográficas típicas; 
b) no tubo digestivo, há hiperemia e edema das mucosas, com formação de bolhas 
subepiteliais, que, ao se romperem, induzem transudação de líquidos para a luz com 
diarreia líquida e hemorragia; 
c) no fígado, produz esteatose e necrose na região centrolobular, podendo levar a 
cirrose. As vezes, são observados cilindros em pequenos canais biliares e pericolangite; 
d) nos rins, alterações na permeabilidade glomerular, com proteinúria intensa; 
e) na pele, vasodilatação , hiperceratose palmar e plantar, e as vezes, formação de 
vesículas. 
f) SNC – produz focos de necrose e de hemorragia; neuropatia periférica que 
compromete extremidades; 
g) indivíduos cronicamente expostos: carcinomas da pele, pulmão e fígado. 
 Cádmio 
 Encontrado na natureza associado ao zinco e ao chumbo, utilizado na indústria 
de plásticos, tintas, baterias (níquel-cadmio) e ligas metálicas e em processos de 
galvanização. Também na fumaça resultante da queima do carvão e na fumaça do 
cigarro, 
 É absorvido pelas vias digestiva (10%) e respiratório (40%); cai na circulação e 
liga-se a proteínas no plasma e aos eritrócitos, depositando-se no fígado e nos rins, onde 
permanece por 20 a 30 anos. 
 A intoxicação aguda se dá por inalação de fumaças ou de pó contendo o metal. 
Sues principais efeitos são irritação das vias respiratórias, podendo ocorrer edema 
pulmonar grave. Na exposição crônica, é comum fibrose peribrônquica e enfisema 
pulmonar. 
 
Pesticidas 
 Os pesticidas são substâncias fabricadas com a finalidade de serem tóxicas para 
as pragas, buscando a toxicidade seletiva, porém são também tóxicas para os seres 
humanos. Os pesticidas incluem os inseticidas, herbicidas, raticidas, fumigantes e 
fungicidas. 
Inseticidas 
 Os inseticidas mais utilizados são os organoclorados (DDT e metoxiclor, os 
ciclodienos clorados do tipo aldrin, dieldrin, heptaclor e clordano), os organofosforados 
(malation e paration), os carbamatos (carbaril) e os piretróides. 
- DDT (clorofenoetano): o inseticida mais usado nos últimos anos, tendo sido proibido 
em vários países. É lentamente degradado no ambiente, por isso tende-se a acumular no 
ecossistema, especialmente através das cadeias alimentares. É lipossolúvel e facilmente 
absorvido pela via digestiva. Da circulação, se distribui pelo organismo, tendendo a se 
acumular no tecido adiposo, de onde é lentamente eliminado. Manifestações de 
intoxicação aguda: parestesias, irritabilidade, tonteiras, tremores e convulsões. A 
exposição crônica ao DDT aumenta o risco de leucemias, cânceres de pulmão e de 
fígado. 
- Metoxiclor: usado como substituto do DDT, é menos tóxico e parece não ter efeito 
carcinogênico. 
- Ciclodienos clorados: são estimulantes do SNC e produzem manifestações 
semelhantes às causadas pelo DDT, mas seus efeitos convulsionantes são mais 
precoces. São absorvidos pela via cutânea e digestiva. Também são lipossolúveis e 
acumulam no tecido adiposo. Experimentalmente, produzem câncer hepatocelular em 
camundongos. 
- Organofosforados (paration e malation): são absorvidos pelas vias digestiva e cutânea. 
As manifestações clínicas da intoxicação estão relacionadas aos efeitos muscarínicos e 
nicotínicos da acetilcolina. Na exposição a vapores e a aerossóis, tem-se miose, dor 
ocular, congestão da conjuntiva, espasmo ciliar, congestão das vias aéreas superiores, 
broncoconstrição e aumento da secreção brônquica. Se ocorre a ingestão dessas 
substancias, tem-se anorexia, náuseas, vômitos e diarreia. Por absorção cutânea, 
sudorese localizada. Outros efeitos independentes da via de absorção: salivação intensa, 
incontinência urinária e fecal, sudorese, bradicardia e hipotensão arterial. 
- Carbamatos (carbaril): são inibidores da colinesterase e seus efeitos de intoxicação são 
semelhantes às dos organofosforados. 
- Piretróides: são inseticidas de origem vegetal, e seu mecanismo de ação sobre as 
membranas dos neurônios é semelhante a do DDT (inibição de canais iônicos). 
Apresentem baixa toxicidade em mamíferos, devido a sua rápida inativação após 
biotransformação no REL. Dermatite de contato e alergias respiratórias são comuns. 
Fumigantes 
 São pesticidas utilizados na forma gasosa devido à facilidade de penetração em 
frestas inacessíveis a outros inseticidas. Os mais utilizados são o cianeto, o brometo de 
metila, dibromocloropropano, dibromoetileno e a fosfina. 
- Cianeto: um dos tóxicos de ação mais rápida que tem conhecimento. É inibidor da 
cadeia respiratória, levando a bloqueio da síntese de ATP em todas as células, 
provocando a morte em poucos minutos. 
- Brometo de metila: é toxico para o SNC, produzindo cefaleia, mal-estar, perturbações 
visuais, náuseas, vômitos e convulsões. 
- Dibromocloropropano e dibromoetileno: são depressores do SNC, podendo causar 
desconforto gastrointestinal e edema pulmonar após a ingestão. Em ratos e 
camundongos induzem o câncer gástrico. Esterilidade e oligoespermia têm sido 
observados em homens cronicamente expostos. 
- Fosfina: é um gás liberado lentamente a partir de tabletes de fosfito de alumínio na 
presença de umidade do ar. Irritação brônquica grave e edema pulmonar são as 
manifestações mais importantes após inalação. 
Raticidas 
Os mais usados são o warfarin, fluoroacetato de sódio, a estricnina, o fósforo branco e 
amarelo, o fosfito de zinco e o tálio. Todos são tóxicos para os humanos. 
- Warfarin: tem efeitos anticoagulantes e, se ingerido, pode causar manifestações 
hemorrágicas. 
- Fluoroacetato de sódio: inibidor do ciclo do ácido cítrico, interrompendo a progressão 
do ciclo de Krebs. Os efeitos são mais drásticos no SNC e no coração, onde as 
manifestações aparecem mais precocemente. 
- Estricnina: atua no SNC bloqueando os circuitos inibidores, favorecendo a excitação. 
Por essa razão é um poderoso agente convulsionante. Intoxicação em humanos 
manifesta-se inicialmente por rigidez dos músculos da face e do pescoço, hipereflexia e 
convulsões. 
- Fósforo branco ou amarelo: quando ingerido produz irritação gastrintestinal acentuada, 
geralmente com sangramento grave. A fração absorvida produz necrose hepática 
extensa, periportal, podendo levar à necrose maciça do fígado. 
- Fosfito de zinco: quando ingerido, libera no estômago, na presença de HCl e água, a 
fosfina, que é forte irritante para o trato gastrointestinal. 
- Sulfato de tálio: na intoxicação aguda causa irritação gastrintestinal grave, paralisia 
motora e morte por depressão respiratória. Por exposição crônica, induz alopecia. 
Aparecem também manifestações neurológicas como parestesias, paralisias e tremores, 
podendo haver aparecimento de psicose. 
Herbicidas 
 A produção e uso de herbicidas tem aumentado muito nos últimos anos, e, 
embora grande parte seja de baixa toxicidade, alguns são substâncias muito perigosas 
para humanos. 
 Clorofenoxiderivados incluem 2,4-D e 2,4,5-T. O agente laranja, muito usado na 
Guerra do Vietnã, é uma mistura de 2,4-D, 2,4,5-T e tetraclorodibenzodioxina (TCDD). 
Acidentes de intoxicação humana são raros, mas dermatite de contato (pela TDD) é 
frequentemente relatada em manipuladores do tóxico. Enquanto 2,4-D e 2,4,5-T são 
pouco metabolizados, sendo excretados in natura, TCDD é transformada no REL, onde 
é forte indutora de aril-hidroxilases. Em animais de laboratório, TCDD é teratogênica e 
carcinogênica. 
 Vários derivados de dinitrofenóissão usados como herbicidas. O dinitro-
ortocresol (DNOC) é responsável por intoxicação humana. É um desaclopador da 
fosforilação oxidativa em mitocôndrias, produzindo quadro agudo de hipermetabolismo 
e hipertermia (sudorese intensa, respiração rápida, taquicardia), que evolui rapidamente 
para a morte (geralmente nas primeiras 24h após a ingestão). 
 Paraquat (derivado do bipiridil) é o principal representante e um dos mais 
importantes herbicidas do ponto de vista toxiciológico. A ingestão acidental ou suicida 
de paraquat é seguida de manifestações respiratórias, hepáticas e renais. O paraquat 
sofre oxirredução que forma um ânion superóxido, o qual gera oxigênio simples 
responsável pela peroxidação de lipídeos em membranas celulares. Um dos órgãos mais 
atingidos é o pulmão, o qual apresenta lesões no epitélio alveolar e proliferação 
fibroblástica intersticial acentuada. 
Fungicidas 
 Entre os fungicidas estão os derivados do ditiocarbamato, o pentaclorofenol e os 
formados por sais mercuriais. Os ditiocarbamatos recebem nomes de acordo com o 
metal que possuem na molécula: ziram (zinco), ferban (ferro), maneg (manganês) e 
naban (sódio). Não são muito tóxicos por via sistêmica, mas com frequência provocam 
dermatite de contato. Experimentalmente, tem efeito carcinogênico e teratogênico. O 
pentaclorofenol é utilizado como fungicida e como herbicida; tal como os 
clorofenólicos, produz desacoplamento da fosforilação oxidativa, resultando em 
síndrome de hipermetabolismo e hipertermia. 
 
Contaminantes alimentares naturais 
 Sobretudo em países tropicais, os alimentos estão sujeitos a contaminação por 
diversos tipos de fungos durante o processo de armazenamento, alguns dos quais 
liberam toxinas capazes de produzir lesões no organismo. Várias doenças e lesões têm 
sido associadas à ação de micotoxinas, especialmente aflatoxinas, ocratoxinas, 
tricotecenos, zearalenonas e ergolinas. A contaminação de alimentos por fungos é 
facilitada por condições especiais de umidade e de temperatura, que influenciam 
também a produção de toxinas. 
Aflatoxinas 
 São derivados bis-furano cumarínicos produzidos por fungos do gênero 
Aspergillus (A. flavus e A. parasiticus), dos quais são encontradas quatro variantes que 
contaminam alimentos: aflatoxinas B1 e B2 (fluorescência azul) e aflatoxinas G1 e G2 
(fluorescência verde). Em vacas alimentadas com ração contaminada com aflatoxinas 
B1 e B2, aparecem no leite os metabólitos conhecidos como aflatoxinas M1 e M2 (M de 
milk). Os alimentos mais contaminados são cereais e sementes de leguminosas, 
sobretudo amendoim. Aflatoxinas são encontradas nos alimentos ricos in natura e em 
seus derivados como fubá, pasta de amendoim, farinha de soja e de semente de algodão. 
Rações para animais, se não forem armazenadas adequadamente, contaminam-se com 
facilidade. Tratamento com calor pode inativar grande parte das aflatoxinas, bem como 
alcalinização que se faz na farinha de milho para a produção de tortilhas. 
 Aflatoxinas são bem absorvidas pela via digestiva e distribuem-se nos tecidos, 
tendendo-se a acumular-se especialmente no fígado, e em menor escala, nos rins. São 
metabolizadas no REL e produzem vários metabólitos, inclusive epoxiderivados, que 
têm grande afinidade por DNA, estando possivelmente relacionados com sua 
carcinogenicidade. A excreção se faz pelos rins e pelas fezes (bile). 
 Em humanos, os efeitos de aflatoxinas tem sido estudados com base em 
observações clínicas e epidemiológicas. A incidência de carcinoma hepatocelular 
(CHC) é maior em populações africanas que ingerem grande quantidade de aflatoxinas 
com alimentos, havendo relação direta entre ingestão e incidência do tumor. Nessas 
populações, a infecção pelo vírus B é endêmico mas os indivíduos não estão expostos a 
altos níveis de aflatoxinas. Nessas regiões, a dosagem de aflatoxinas em fragmentos de 
fígado demonstrou a toxina em concentrações variáveis, maiores nos portadores de 
CHC. 
Ocratoxinas 
 As ocratoxinas são micotoxinas classificadas quimicamente como policétidos. 
São produzidas por vários fungos dos géneros Aspergillus (grupo Ochraceus) e 
Penicillium (grupos Monoveriicilliara. Asymmetrica lanara,Asymmetrica fasciculara e 
Biverticiliata symmetrica) e encontradas em cevada, trigo e outros produtos. São 
absorvidas por via digestiva, caem na circulação, ligam-se à albumina e passam aos 
tecidos, onde se armazenam principalmente nos rins, fígado e músculos. São 
metabolizadas no REL e excretadas na urina e fezes (bile). 
 Somente as ocratoxinas do grupo A e, em menor frequência, as do grupo B 
tem sido encontradas contaminando alimentos. Em alguns animais, principalmente 
porcos e aves, demonstrou-se que as ocratoxinas são responsáveis por nefropatia crônica 
caracterizada por degeneração e atrofia do epitélio tubular renal; fibrose intersticial no 
córtex e hialinização de glomérulos. 
 Outros estudos apontam efeitos teratogênicos em ratos,camundongos e 
hamsters. Efeitos mutagênicos não foram detectados pelo teste de Ames, mas existem 
evidências de efeitos carcinogenicos em camundongos (tumores renais). Em humanos, 
ocratoxinas têm sido associadas à nefropatia crónicados Bálcãs (observada em zonas 
rurais da Roménia, Bulgária e antiga lugoslávia), que apresenta as mesmas 
características da nefropatia encontrada experimentalmente após intoxicação com 
ocratoxinas. É mais comum em mulheres e tem distribuição regional.Está 
frequentemente associada ao desenvolvimento de carcinomas da pelve renal e do ureter. 
Tricotecenos 
 São sesquiterpenóides produzidos por fungos do gênero Fusarium (F. 
tricintum,F. sporotrichoides, F. graminearum e F.poc), que produzem os tricotecenos A 
e B, e dos gêneros Mycotheciiune Siachybotris,que sintetizam os tricotecenos dos 
grupos C e D .Esses fungos são também contaminantes de cereais e capazes de produzir 
sintomas respiratórios, como angústia respiratória ou hemorragias. 
 Os tricotecenos são absorvidos por via digestiva, mas não se acumulam de 
modo especial em nenhum órgão. São metabolizados no REL e excretados pelas fezes 
(bile) e urina. São poderosos inibidores da síntese proteica e dos ácidos nucléicos e 
alteram as propriedades de transporte da membrana plasmática. Animais intoxicados 
com rações contaminadas apresentam quadros variáveis variando de intensidade de 
acordo com a espécie: 
- necrose do epitélio do esôfago e do estômago; 
- lesões hemorrágicas disseminadas e necrose focal no fígado; 
- Inibição da resposta imunitária (produçãode anticorpos, rejeição de enxertos. 
 reações de hipersensibilidade retardada, resposta blastogênica de linfócitos a lectinas) 
- aumento da suscctibilidadc a infecções têm sido observados em animais tratados com 
tricotecenos. 
 Efeitos carcinogênicos ainda estão em pesquisa mas há relatos de grande 
numero de casos de carcinoma de esôfago na África, relacionados com o consumo de 
milho contaminado pelo fundo Fusarium. 
 Dois surtos de intoxicação por tricotecenos foram relatados na China e India, 
quando induvíduos se alimentaram de produtos mofados. Apresentaram a seguinte 
sintomatologia : náuseas, vómitos, dor abdominal, diarreia, tonteiras e cefaléia. Não 
houve casos fatais. 
 A doença descrita anos atrás na Europa com o nome de aleucia tóxica 
alimentar é devida à ação de tricotecenos. Foi encontradaem pessoas que ingeriram pão 
mofado contaminado com Fusarium graminearum. 
 Outra doença descrita no Japão como toxicose por grãos crostosos, 
caracterizada por dor abdominal, náuseas e vómitos, foi devida à ingestão de alimentos 
contaminados com fungos Fusariumprodutores de tricotecenos. Ao lado disso, estudos 
em voluntários humanos mostraram que ingestão do tricoteceno A (T,) produz inibição 
da agregaçãoplaquetária. A tentativa do uso de tricotecenos A e B (tipo DAS) como 
quimioterápico mostrou efeitos colaterais como náuseas. vómitos, diarréia e 
manifestações neurológicas. 
Zearalenonas 
 São lactonas do ácido fenólico (Fig. 1 1.8D) produzidas também por fungos do 
género Fusarium (F. graminearum, F. moniliforme, F. tricintum) e contamina cereais. 
 As zearalenonas têm efeito estrogênico( síndrome estrogênica), bem evidente 
em porcas, que quando intoxicadas, apresentam hipertrofia da vulva e das mamas, 
congestão e edema do corpo uterino. 
Não existem informações sobre efeitos das zearalenonas na espécie humana. 
Ergot 
 Ergot é palavra francesa que significa esporão do galo, usada para indicar a 
estrutura formada por fungos do gênero Claviceps no centeio (esporão do centeio). O 
fungo biossintetiza uma classe de metabolitos secundários alcaloides derivados 
da ergolina, e dependendo de suas estruturas químicas, exercem actividade no sistema 
nervoso central e/ou vasoconstrição. 
 As toxinas produzidas são alcalóides denominados ergolinas,que são potentes 
vasoconstritoras. Os sintomas de ergotismo se caracterizam por depressão e confusão 
mental, hipertensão, bradicardia, vasoespasmos (com perda de consciência e 
cefaleia), cianose periférica (mãos e pés pálidos) com claudicação, podendo ainda levar 
ao coma e morte. 
 A intoxicação com o ergot é conhecida desde o século XIX (ergolismo) e se 
manifesta como doença gangrenosa ou convulsivante.Os últimos episódios de ergolismo 
na Europa aconteceram no período de 1926-28; outros foram relatados mais 
recentemente na Etiópia e na índia. 
 
Aditivos alimentares 
O armazenamento de alimentos impõe a necessidade do uso de conservantes de 
natureza variada. Além disso, o processamento industrial inclui o tratamento com 
diversos compostos químicos que deixam resíduos no produto final. Portanto, é 
necessário que se conheçam bem os produtos utilizados, seu potencial tóxico e 
especialmente, as doses máximas permitidas de ingestão diária, para que se possa 
prevenir danos à saúde dos consumidores. A Organização Mundial da Saúde (OMS) 
reúne periodicamente especialistas em química, toxicologia, nutrição e medicina, com a 
finalidade de analisar os aditivos alimentares e de elaborar as recomendações do seu uso 
com segurança. Nesses textos, estão listadas as substâncias utilizadas como 
conservantes, edulcorante,. corantes, espessantes, aromatizantes, solventes e extratores, 
com informações sobre a ingestão diária máxima permitida (IDA) e os riscos potenciais 
de cada uma delas. 
O JECFA é o comitê científico internacional de especialistas em aditivos 
alimentares administrado pela FAO e pela OMS. O JECFA se reúne desde 1956 e 
realiza a avaliação do risco associado ao consumo de aditivos alimentares, 
contaminantes, toxinas de ocorrência natural e resíduos de medicamentos veterinários 
em alimentos. 
Com base em estudos toxicológicos, o JECFA estabelece, quando possível, a 
Ingestão Diária Aceitável (IDA) dos aditivos. A IDA é quantidade estimada do aditivo 
alimentar, expressa em miligrama por quilo de peso corpóreo (mg/kg p.c.), que pode ser 
ingerida diariamente, durante toda a vida, sem oferecer risco apreciável à saúde, à luz 
dos conhecimentos científicos disponíveis na época da avaliação. A IDA pode ser: 
-IDA não especificada ou não limitada - Atribuída a um aditivo quando o 
estabelecimento de um valor numérico para a IDA é considerado desnecessário face às 
informações disponíveis sobre o mesmo e ao seu emprego de acordo com as Boas 
Práticas de Fabricação, ou seja, a substância não representa risco à saúde nas 
quantidades necessárias para obter o efeito tecnológico desejado. 
-IDA não alocada - Atribuída a um aditivo quando os dados toxicológicos disponíveis 
não são suficientes para se estabelecer a segurança de uso do mesmo. 
-IDA temporária - Atribuída a um aditivo quando os dados são suficientes apenas para 
concluir que o uso da substância é seguro por um período limitado de tempo, até que os 
estudos toxicológicos sejam concluídos e avaliados. Caso as informações adicionais 
solicitadas não sejam apresentadas no prazo estipulado a IDA temporária é retirada. 
-IDA aceitável - Atribuída a um aditivo quando: seu uso é aceitável para certos 
propósitos, seu emprego não representa preocupação toxicológica ou quando a ingestão 
é autolimitante por razões tecnológicas ou organolépticas. Nesses casos, o aditivo em 
questão deve ser somente autorizado de acordo com as condições especificadas. 
 
IDA de algumas substâncias químicas 
Aditivo/substância Função IDA (mg/kg) 
Ácido sórbico Conservante 0-25 
Ácido ascórbico 
Antioxidante, melhorador de 
farinha 
Não 
especificada 
Lecitinas 
Emulsificante, antioxidante, 
estabilizante 
Não limitada 
EDTA 
Antioxidante, sequestrante, 
conservante 
0-2,5 
Vaselina líquida, parafina líquida, 
óleo mineral 
Glaceante 0-20 
Aspartame 
Edulcorante, realçador de 
aroma 
0-40 
Drogas de uso abusivo que podem provocar dependência 
 No contexto das agressões por substâncias químicas, o uso abusivo de drogas de 
efeito psicotrópico. ao lado dos efeitos dos poluentes ambientais, é o que mais tem 
preocupado asautoridades de saúde nos últimos anos. Abuso de drogas pode produzir 
lesões relacionadas diretamente ao efeito farmacológico da droga, aos efeitos de 
contaminantes utilizados como diluentes ou à introdução de agentes infecciosos, 
especialmente vírus de transmissão parenteral (vírus das hepatites B. C e D, HIV, 
HTLV.entre outros). 
 Abuso de drogas é a expressão que indica o uso, por auto-administração. de 
substâncias fora de seu emprego médico e dos padrões socioculturais da sociedade. 
Vício é a condição na qual o uso da droga é compulsivo: é um estado de dependência, 
não necessariamente física, podendo significar apenas dependência psicológica. 
Tolerância a uma substância significa que, após uso repetido, doses maiores são 
necessárias para se atingirem os efeitos da dose original; está relacionada com a 
adaptação ao metabolismo da droga. 
Dependência a uma droga se refere a uma síndrome na qual o uso da substância 
é colocado como prioritário em relação a comportamentos que já foram de alto valor 
para o indivíduo. Dependência física é a expressão utilizada para indicar alterações 
fisiológicas que resultam em manifestações clínicas (síndrome da retirada) quando há 
suspensão do uso da droga . 
Os mecanismos da dependência física não são bemconhecidos. No caso dos 
opióides, está relacionada a aumento do número de receptores e/ou a alteração na 
capacidade de geração dos mensageiros secundários: a morfina inibe a proteína Gi, 
aumentando a atividade da adenilato ciclase e a síntese de AMPc. que é responsável por 
parte das manifestações da síndrome de retirada. 
A dependência a uma droga é definida pela Sociedade Americana de Psiquiatria 
pela presença de três ou mais dos seguintes critérios: (1) uso da substância cm número 
de vezes maior do que o pretendido; (2) insucesso nas tentativas de reduzir ou retirar o 
consumo da substância; (3) grande gasto de tempo na aquisição e no uso da droga c na 
recuperação dos seus efeitos; (4) sintomas frequentes de intoxicação; (5) abandono dc 
atividades sociais c do trabalho em decorrência do uso da droga; (6) uso continuado, 
apesar dos efeitos físicos e psíquicos adversos;(7) desenvolvimento de tolerância à 
droga; (8) uso frequente de medicamentos que impedem as manifestações da droga de 
uso abusivo. 
Etanol 
O álcool etílico ou etanol é a droga mais utilizada por seres humanos. 
Intoxicação alcoólica aguda ou crônica É causa de numerosas doenças, muitas delas 
graves e que se não levamà morte, são geralmente incapacitantes para o trabalho. 
O etanol é bem absorvido pelas vias digestiva e respiratória, distribuindo-se 
rapidamente por todos os tecidos. É metabolizado principalmente no fígado e no tubo 
gastrintestinal. No fígado, o metabolismo se faz por duas vias: (a) através do álcool 
desidrogenase do citosol que oxida o álcool a acetaldeído o qual é oxidado pela aldeído 
desidrogenase a acetato. Essas reações consomem NAD e geram NADH; (b) através de 
um sistema microssômicode oxidaçãodo etanol (MEOS), que utiliza o citocromo 
P4501IEI(cit P450 induzível pelo etanol). Se a oferta de álcool 6 moderada, a primeira 
via metaboliza praticamente todo o etanol; a segunda via age somente quando os níveis 
dc etanol são mais elevados. 
Na intoxicação aguda, a oxidação do etanol pelo MEOS inibe o metabolismo 
do outros xenobióticos pelo sistema microssomal já na ingestão crónica, o sistema 
microssomal é induzido. 
Nesse caso se o indivíduo reduz ou cessa o uso de álcool, a capacidade de 
metabolizar xenobióticos fica bastante aumentada; se continua ingerindo etanol, a 
competição persiste e o metabolismo de outras drogas pode ficar ou não aumentado. 
Essa ação do etanol sobreo REL explica por que seu uso pode aumentar a toxicidade de 
muitas substâncias, como o CC1. e o acetaminofeno, ou reduzir a atividade de outras, na 
fase aguda da intoxicação (aumentam as concentrações dc derivados morfínicos no 
cérebro, pois fica inibida a melilação microssomal desses metabólitos). Além disso, o 
efeito carcinogênico de muitas substâncias se torna aumentado pela intoxicação crónica 
com o etanol. O metabolismo energético como um todo também se altera: o alcoólatra 
perde peso. 
A capacidade de metabolizar etanol no estômago é menor em mulheres (o que 
em parte explica a maior suscetibilidade do sexo feminino aos efeitos lesivos do etanol) 
e está diminuída em alcoólatras crónicos. 
O metabolismo do álcool no citosol desequilibra a relação NAD/NADH(há 
aumento dc NADH),o que favorece a síntese de ácidos graxos (esteatose); ao mesmo 
tempo, reduz a atividade do ciclo de Krebs, levando a acúmulo de acetil CoA (também 
aumentado pela geração de acetil a partir do acetaldeído). outro fator que favorece a 
síntese de triglicerídeos. 
As alterações metabólicas induzidas pelo etanol são responsáveis pelas 
modificações morfológicas observadas nos hepatócitos de alcoólatras crónicos: ( 1) 
aumento do volume celular decorrente do acúmulo de proteínas, de triglicerídeos 
(esteatose), de eletrólitos e de água. o que pode inclusive comprimir os sinusóides e 
aumentar a pressão portal;(2) aumento do REI.. que contribui para o aumento do 
volume celular c confere ao citoplasma do hepatócito o aspecto de vidro despolido; (3) 
alterações mitocondriais, geralmente aumento de volume e deformidades (mcga 
mitocôndrias) resultantes possivelmente de alteração da fluidez das membranas 
induzida pelo etanol. inclusive em outras células (eritrócitos). Mitocôndrias alteradas 
têm sua capacidade funcional reduzida; (4) alterações na constituição da membrana 
citoplasmática, tornando-a mais frágil e mais permissiva à saída de enzimas, como a 
fosfatase alcalina e a gama-GT; (5) aparecimento dos corpúsculos hialinos de Mallory, 
que são constituídos por acúmulo de citoceratina anormal associada a proteínas do 
citosol, cujo meca¬ nismo de formação é mal conhecido (ação do acetaldeído sobre as 
citoceratinas normalmente produzidas, precipitando-as no citoplasma? ação de radicais 
livres? deficiência de vitamina A como co-fator. aumentando a síntese de citoceratina?); 
(6) necrose hepatocitária decorrente de peroxidação. por ação do complemento (com ou 
sem anticorpos) ou de células citotóxicas estimuladas por neoanifgenos (complexos 
AcPl). 
Além de produzir lesões hepáticas, o etanol ingerido por tempo prolongado 
provoca fenómenos degenerativos nos neurónios do sistema nervoso central, no 
coração(cardiopatia alcoólica), nos músculos esqueléticos e no pâncreas.Como as 
células desses órgãos não possuem desidrogenase alcoólica, admite-se que as 
degenerações decorram da ação lesiva de ésteres etílicos formados pelo etanol com 
ácidos graxos. Os efeitos agudos do etanol (embriaguez) são devidos às alterações que o 
álcool induz na membrana dos neurónios (modificações da fluidez, alterando a posição 
das moléculas que atuam no transporte iônico) e a um possível aumento do poder 
inibidor do GABA nas sinapses. O etanol possui efeitos teratogênicos bem definidos, 
produzindo a síndrome alcoólica fetal. Esta se caracteriza por redução no QI, baixo peso 
ao nascimento, malformações faciais como fissuras palpebrais pequenas, lábio superior 
hipotrófico, nariz e queixo pequenos. 
Drogas usadas por inalação 
As mais utilizadas são o tolueno, o clorofórmio e o cloridrato de fenciclidina. 
Este último foi sintetizado como anestésico e é muito utilizado por usuários jovens por 
meio de inalação ou ingestão. Possui efeitos depressivos, alucinogênicos e estimulantes, 
produzindo como manifestações graves de intoxicação: agitação, convulsões, delírio, 
redução de funções sensoriais e motoras. Parece não produzir dependência física ou 
química. 
Drogas estimulantes do SNC 
As mais usadas são a cocaína e as anfetaminas e seus derivados. A cocaína é uma das 
drogas de uso abusivo mais consumida. Ela é um alcaloide extraído de folhas de coca, 
na forma de cloridrato, um pó branco solúvel. Sua alcalinização e extração com 
solventes orgânicos originam um preparado na forma de grânulos denominado crack, 
com efeitos farmacológicos mais potentes. 
A cocaína é utilizada por inalação, injeção subcutânea ou intravenosa, aspiração 
junto com a fumaça de cigarro ou ingestão. Seus efeitos se relacionam à sua ação 
simpaticomimética: dilatação pupilar, vasoconstrição arteriolar, taquicardia e 
predisposição a arritmias e hipertensão arterial. A vasoconstrição arteriolar pode 
produzir lesões degenerativas e necrose, especialmente na mucosa nasal e no coração, 
podendo provocar em usuários crônicos quadro de miocardiopatia dilatada. Além disso 
pode induzir o infarto agudo do miocárdio em pacientes com obstrução coronariana 
prévia. O usuário de cocaína (como o de outras drogas injetáveis) apresenta 
frequentemente lesões cutâneas nos sítios habituais da injeção: cicatrizes, áreas de 
hiperpigmentação, trombose venosa, flebólitos, abscessos, ulcerações e linfadenite 
regional. Além disso, tais usuários tem maior risco de desenvolver endocardite 
infecciosa. Infecções secundárias por vírus de transmissão parenteral são muito comuns. 
As anfetaminas (utilizadas como anorexígenos) tem efeitos similares aos da 
cocaína e as mesmas manifestações de intoxicação, entretanto ao contrário da cocaína, 
as anfetaminas podem produzir lesão nos neurônios dopaminérgicos, nos quais induz a 
síntese de 6-hidroxidopamina. 
Opióides (heroína, morfina) são largamente utilizados pelos usuários de drogas, 
que muitas vezes se tornam dependentes devido ao uso terapêutico de algum derivado 
(tratamento de dor) ou porque possui facilidade de contato com os mesmos (médicos e 
pessoal paramédicos). Os efeitos da heroína e dos outros opióides são euforia, 
alucinações, sonolência e sedação. A superdose pode provocar morte súbita devido a 
arritmias cardíacas, edema pulmonar ou depressão respiratória aguda. Assim como para 
cocaína, os usuários jovens podem apresentar lesões sistêmicas ou nos locais de injeção 
devido aos contaminantes e à introdução de agentes infecciosos. Os opióides induzem 
baixo grau de tolerância e dependência física, mas as manifestações da síndrome de 
retirada são exuberantes. A síndrome de abstinência começa 8 a 12 horas depois daúltima dose, com lacrimejamento, rinorréia, bocejos e sudorese, seguidos de período de 
cansaço e sonolência; as pupilas se dilatam e aparecem crises de piloereção, 
irritabilidade, tremores, náuseas e vômitos. 
A maconha, utilizada na forma de cigarros feitos com folhas secas de Cannabis 
sativa, está entre as drogas de uso mais popular. Seus efeitos sobre o organismo humano 
são ainda discutidos. Estudos demonstram redução do tempo de gestação, recém-
nascidos de baixo peso, aumento da frequência de malformações, lesões no sistema 
respiratório devido ação da fumaça, taquicardia e elevação da pressão arterial em 
usuários antigos, alterações nos mecanismos de percepção e na coordenação motora. A 
maconha parece não induzir tolerância ou dependência. 
Barbitúricos e drogas hipnossedativas (benzodiazepínicos e derivados) são mais 
utilizados de modo abusivo do que os opióides. Os hipnossedativos induzem tolerância 
e dependência física, cuja síndrome de abstinência é caracterizada por agitação, 
irritabilidade, insônia, ansiedade, e às vezes, delírio e convulsões. Uso crônico abusivo 
pode ser assintomático por longo tempo. As manifestações que aparecem são 
semelhantes às do alcoolismo crônico: fraqueza, alterações no humor e no julgamento, 
fala arrastada, redução da memória e da compreensão, instabilidade emocional. 
Drogas psicodélicas (mescalina, psilocina, LSD) são as que tem efeito 
alucinógeno, psicotomimético e psicotogênico, mas que tipicamente produzem alteração 
na percepção sensorial e sensações experimentadas apenas em estados de sonho ou 
exaltação. 
O uso de LSD geralmente não induz manifestações físicas sérias, quando 
aparecem se devem ao efeito simpaticomimético: dilatação das pupilas, taquicardia, 
hipertensão, tremores, piloereção, aumento da temperatura corporal e fraqueza 
muscular. As consequências mais graves do seu uso são manifestações psicológicas 
como síndrome de pânico após efeitos alucinógenos, desencadeamento de 
manifestações esquizofrênicas que podem progredir como esquizofrenia instalada. 
No caso da psilocina, os usuários do chá de cogumelo estão sujeitos a se 
intoxicar com toxinas de fungos, principalmente amanitina. Essa substância induz 
graves lesões no SNC (manifestadas por dor de cabeça seguidas de coma e morte), além 
de provocar necrose hepática centrolobular, necrose tubular aguda dos rins e 
mionecrose. A muscarina (outra toxina produzida por fungos do gênero Amanita) possui 
efeitos parassimpaticomiméticos como contração pupilar, sudorese, bradicardia e 
diarréia.

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