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REVISÃO TOXICOLOGIA VETERINÁRIA - A Toxicologia é a ciência que estuda os agentes tóxicos (ou toxicantes), e estes são quaisquer substâncias químicas ou agentes físicos (radiações) capazes de produzir efeito nocivo em um ser vivo. O interesse da Toxicologia está centrado, exclusivamente, nos efeitos nocivos dos diferentes agentes - A toxicologia na medicina veterinária têm interesse principal em uma situação de intoxicação de um animal. - Se ocupa também da preservação da saúde humana ao impedir que resíduos de produtos de uso veterinário, de agentes empregados na agropecuária ou de agentes tóxicos presentes no meio ambiente possam atingir os animais de produção. - As áreas tradicionais da toxicologia, com enfoque maior na espécie humana e também de importância na medicina veterinária, são: ● Toxicologia ambiental: ● Toxicologia ocupacional ● Toxicologia social ● Toxicologia de alimentos ● Toxicologia medicamentosa - Acrescente-se, ainda, que a toxicologia aplicada à medicina veterinária abrange temas como a toxicologia forense, toxicologia da reprodução, toxicologia do desenvolvimento, imunotoxicologia, entre outros. - Agente tóxico ou toxicante é qualquer substância química ou agente físico (radiação X, gama, ultravioleta etc.) que ao interagir com o organismo vivo provoca algum efeito nocivo - O termo xenobiótico (ksénos = estranho; bio = vida) é empregado para indicar qualquer substância estranha ao organismo, qualitativa ou quantitativamente, não indicando necessariamente que provoca efeito nocivo (nem todo xenobiótico é um toxicante). - Toxinas são substâncias tóxicas produzidas por seres vivos e, em geral, não são bem definidas. As toxinas de maior importância em toxicologia podem ser classificadas em: ● Toxinas bacterianas: são produzidas por bactérias e são classificadas em endotoxinas ou exotoxinas. ● Micotoxinas: são produzidas por fungos. ● Fitotoxinas: são produzidas pelas plantas. ● Zootoxinas: são produzidas pelos animais. É chamada de peçonha se for transmitida por mordedura ou ferroada, sendo os animais chamados de peçonhentos, como, por exemplo, as serpentes, os escorpiões e as abelhas. É chamada de veneno se o animal não possuir um aparelho inoculador, sendo esses chamados de animais venenosos, como, por exemplo, os sapos, cujo veneno está presente na pele e/ou nas glândulas paratóides (lagartos e borboletas). - Toxicidade: capacidade inerente que a substância química possui de provocar um efeito nocivo; é a propriedade que a substância química possui, em maior ou menor grau, de provocar efeito nocivo. Deve se levar em consideração as condições de exposição. - Concentração letal - Uma das maneiras de se medir a toxicidade de uma determinada substância química é empregar a DL50 (dose letal 50%, isto é, a dose que causa a morte em 50% da população exposta ao agente); quanto menor a DL50, maior a toxicidade da substância. - A toxicidade pode, ainda, ser classificada segundo a gravidade em: ● leve: distúrbios produzidos são rapidamente reversíveis e desaparecem com o término da exposição ● moderada: distúrbios produzidos são reversíveis e não são suficientes para provocar danos físicos sérios ou prejuízos à saúde ● grave: mudanças irreversíveis no organismo, suficientemente severas para produzirem lesões graves ou morte. - A intoxicação ou toxicose pode ser conceituada de várias formas: ● Estado mórbido causado por um agente tóxico. ● Conjunto de sinais (objetivo, mensurável) e/ou sintomas (subjetivo, sentido pelo doente) causados pelo agente tóxico no organismo animal; este conjunto de sinais e/ou sintomas evidenciam uma alteração orgânica ou quebra da homeostasia ou ainda alteração patológica, podendo ou não ser reversível. ● Processo patológico ocasionado por substâncias endógenas ou exógenas, determinado pelo desequilíbrio fisiológico, decorrente das alterações bioquímicas no organismo. A intoxicação exógena é também chamada de envenenamento - Toxicocinética refere-se aos estudos quantitativos dos processos de absorção, distribuição, biotransformação e excreção de um organismo vivo exposto a um determinado agente tóxico. - O efeito tóxico promovido por um toxicante, em um determinado animal, basicamente está relacionado com a sua concentração na biofase. - A toxicodinâmica estuda os mecanismos de ação tóxica pelos quais uma substância química causa a lesão em funções bioquímicas ou fisiológicas de um organismo vivo - Têm importância para o entendimento dos efeitos deletérios causados pelos agentes tóxicos, como também fornecem informações sobre a forma mais adequada de tratamento das intoxicações causadas por esses agentes. - As substâncias químicas, podem ser classificadas por diferentes critérios - Considerando o mecanismo de ação tóxica de diferentes grupos químicos ● praguicidas ● solventes orgânicos ● metais tóxicos - Classificação utilizando os efeitos bioquímicos causados pelo toxicante ● inibidores enzimáticos ● agentes metemoglobinizantes ● agonistas de receptores colinérgicos muscarínicos - Tipos de Toxicidade ● Aguda: determinada em 24 horas ● Subaguda: até 30 dias ● Subcrônica: de 1 a 3 meses ● Crônica: 3 meses ou mais - Tipos de toxicantes: ● Metais ● Inseticidas e Herbicidas (agrotóxicos) ● Fungicidas ● Rodenticidas ● Drogas terapêuticas e ilícitas ● Produtos domésticos - METAIS PESADOS - Metais tóxicos se destacam por sua capacidade em se ligar aos grupos sulfidrilas existentes nos sítios ativos das mais importantes enzimas celulares de diferentes ciclos bioquímicos. - Levam a lesões celulares importantes, as quais são responsáveis pelos diferentes sinais clínicos encontrados nas intoxicações por chumbo, mercúrio, arsênico e cádmio, entre outros. - CHUMBO (Pb) - O chumbo, por exemplo, inibe a ação de duas enzimas relacionadas à síntese do grupo heme: ácido gama-aminolevulínico desidratase e ferroquelatase. - Grande ocorrência natural e utilização industrial. - Fontes principais de exposição: tintas e água contaminada (canos), brinquedos, projéteis retidos no corpo, fumaça de madeira pintada. - Uma das características ligadas à toxicidade dos - Caracterizados pela alta reatividade que possuem por outros grupamentos químicos; esse fato pode interferir na sua lipossolubilidade e, consequentemente, sua absorção e distribuição nos organismos dos seres vivos. - Na sua forma dos sais de acetato, de fosfato e de óxido de carbonato, é mais facilmente absorvido pelo TGI - Calcula-se que cerca de 90% do chumbo absorvido encontra-se nos eritrócitos, ligado principalmente à hemoglobina. - O segundo principal tecido de deposição desse metal pesado é o ósseo podendo permanecer na zona cortical do tecido ósseo por até 20 anos (em humanos). - O chumbo depositado nos ossos pode vir a ser uma fonte de exposição interna no indivíduo, pois mesmo após ter havido a excreção desse metal, presente no sangue e em outros tecidos moles – SNC, rins e fígado –, o chumbo pode ser mobilizado dos ossos. - A principal via de excreção do chumbo pode ocorrer pelas fezes, por via urinária e outros fluidos orgânicos como leite. - Importância na saúde pública, pois vacas leiteiras expostas ao chumbo podem excretar esse metal pelo leite. - No SNC, o chumbo interfere com atransmissão nervosa dependente de acetilcolina, noradrenalina, dopamina, ácido gama-aminobutírico (GABA) e glutamato - A ligação do chumbo a proteínas celulares pode interferir na fosforilação oxidativa mitocondrial. O chumbo ainda interfere na enzima Na+, K+-ATPase e também na bomba de Na/Ca. - A sintomatologia manifestada pelos animais intoxicados é principalmente de origem nervosa (encefalopatia) e gástrica. ● Bovinos e suínos: apresentam sinais nervosos, caracterizados por dificuldade de se manter em estação, hiperestatia, cegueira parcial ou total, nistagmo, opistótono, comportamento agressivo e convulsões recorrentes, que podem levar o animal à morte. Salivação excessiva, ranger de dentes, atonia ruminal e constipação, que evolui para diarreia enegrecida e fétida. ● Equinos: alterações respiratórias em virtude da paralisia do nervo laríngeo recorrente, regurgitamento e sufocação, bem como a pneumonia aspirativa; ocorre, também, anorexia, dor abdominal, paralisia de membros pélvicos e torácicos, depressão nervosa, convulsões e morte do animal. ● Animais de companhia: a sintomatologia nervosa é caracterizada por alterações comportamentais, apatia, ataxia, nistagmo, opstótomo, convulsões e em alguns casos pode ocorrer cegueira. As alterações produzidas no TGI são vômitos, anorexia, dor abdominal e diarreia. Em gatos, ainda é relatada a ocorrência de poliúria/polidipsia, megaesôfago e também disfagia. Em aves são observados anemia, problemas intestinais com recusa de alimento e consequente queda de peso, paralisia, ataxia e sinais neurológicos ● Ovinos: quando cronicamente expostos, é comum observar a paralisia de membros posteriores e, na análise sanguínea de animais adultos, observa-se a presença de reticulócitos, anemia normocrômica e normocítica e, também, maior suscetibilidade a processos infecciosos. - Para diagnóstico deve ser realizada anamnese detalhada, com o histórico da evolução de sintomatologia desenvolvida pelos animais, aliada às fontes de exposição de chumbo na propriedade. - O exame laboratorial mais indicado para o diagnóstico de intoxicação por chumbo é a sua detecção nas fezes, urina, leite e, principalmente, no sangue, o qual deve ser heparinizado para o envio ao laboratório. - O tratamento deve ser realizado com fluidoterapia e uso de quelantes (EDTA): interação que altera a absorção e inativa o metal. Pode ser utilizado também o dimercaprol. - MERCÚRIO (Hg) - Pode ser encontrado em: ● Álcalis clorados (alvejantes) ● Tintas ● Termômetros ● Produtos dentários ● Laboratórios - Por possuir baixa lipossolubilidade, a taxa de absorção dos sais de mercúrio (inorgânicos) pelo TGI é relativamente baixa, variando de 2 a 10%. Assim como ocorre com o mercúrio metálico, esses sais, se inalados, são absorvidos prontamente pela via pulmonar. - A excreção do mercúrio se dá tanto pela via renal quanto pela biliar; a forma iônica divalente (Hg+2) é excretada mais facilmente pela urina. - O metilmercúrio é neurotóxico e promove ao nível central, destruição de microtúbulos, lesão mitocondrial, peroxidação lipídica e acúmulo de moléculas neurotóxicas. - Outros grupamentos reativos ao mercúrio incluem: amidas, aminas, carboxilas, fosforilas e nucleotídeos como timina e uracila. Ligando-se a esses grupamentos endógenos, o mercúrio interfere profundamente com atividades biológicas de grande impor-tância orgânica. - Os principais sintomas são: fraqueza, náusea, vômito, disfunção respiratória e problemas do SNC - Tratamento com quelantes (dimercaprol) – forma complexo com Hg e é excretado pela bili e urina - ARSÊNIO (As) - Utilizado na Grécia e Roma como terapêutico e veneno (2400 anos) - Utilizado para os mais diversos fins, como na produção de vidros e cerâmicas, conservantes de madeira, e na composição de muitas ligas metálicas. - A principal via de absorção do arsênio é por meio do TGI, em que cerca de 80% do arsênio ganha a economia animal. A absorção por via cutânea também pode ocorrer quando há uso tópico de compostos arsenicais inorgânicos. - Melhor absorvido na forma líquida. Vai para pele, rins, fígado, sangue, SNC - INTOXICAÇÃO AGUDA: A ingestão de compostos arsenicais pode promover o desenvolvimento de irritação e ulceração de mucosas, com presença de vesiculações e edemas. É muito comum de se observar em animais agudamente intoxicados vômitos (com exceção dos ruminantes e dos equinos), diarreia sanguinolenta, desidratação, dor abdominal, anorexia (com consequente perda de peso) arritmias cardíacas, neuropatia periférica, alterações nervosas e convulsões. - INTOXICAÇÃO CRÔNICA: Em animais de produção ocorre, principalmente, quando estes são expostos à água de bebida contaminada. Esses animais apresentam perda de peso, anemia, dermatites (queratose e hiperpigmentação), arritmias, neuropatias periféricas e alterações neurológicas que se manifestam de diferentes maneiras, como isolamento, irritabilidade, depressão, entre outras. - Interrompe a fosforilação oxidativa (substitui o Pi para a formação de ATP) - É considerado cancerígeno. - CÁDMIO (Cd) - O cádmio é considerado um dos metais pesados de maior toxicidade para o organismo animal, haja vista sua baixa taxa de excreção, possuindo, dessa forma, efeito cumulativo. - Uma das fontes de contaminação por cádmio em animais de produção é a suplementação das rações com sulfato de zinco e outras fontes de zinco mal processadas; ainda como fonte de contaminação, podem-se citar lençóis freáticos contaminados por resíduos industriais ou por resíduos orgânicos, utilizados na fertilização de pastos e de lavouras - Alterações em vários sistemas, como no TGI, com ocorrência de vômitos, diarreia, dor abdominal; alterações renais, com glomerulonefrite, nefrose; comprometimento ósseo (interferência com o metabolismo do cálcio) com ocorrência de osteomalácia e osteopenia. Além de causar doenças cardiovasculares. - TERAPIA QUELANTE - O tratamento de animais intoxicados com metais pesados beneficia-se de uma das características químicas que esses compostos possuem; qual seja, a alta reatividade com outros grupamentos químicos. Esse fato possibilita a utilização de substâncias que, em contato com os metais no organismo animal, promovem a formação de complexos químicos que impedem ou dificultam a ligação do mercúrio às moléculas do organismo animal, levando, ainda, à pronta excreção do metal. Tais substâncias são denominadas de agentes quelantes. - Antes de se proceder o uso de quelantes, é necessário instaurar a estabilização dos sinais vitais. - É necessário fazer a descontaminação do TGI o mais rapidamente possível, por meio de lavagem gástrica ou do uso de catárticos, que aumentam o trânsito intestinal, diminuindo a absorção das substâncias ingeridas. - AGROTÓXICOS - Praguicida: qualquer substância destinada a prevenir, destruir, atrair, repelir ou combater qualquer praga, incluindo as espécies indesejáveis de plantas ou de animais, durante a produção, armazenamento, transporte, distribuição e elaboração de alimentos, produtos agrícolas ou ração animal. - A legislação brasileira refere-se aos praguicidas como agrotóxicos - Vários outros termos são também usados como sinônimode praguicida, como, por exemplo, defensivo agrícola, defensivo agropecuário, produto fitossanitário, agroquímico, biocida, dentre outros. - Geralmente, o praguicida (ingrediente ativo) precisa ser acrescido de alguns elementos inertes (como óleo, água, solventes, aditivos ou adjuvantes) para que possa estar comercialmente disponível sob a forma de um produto eficiente e seguro. - Os praguicidas são distribuídos nas classes I, II, III e IV, sendo considerados, respectivamente, extremamente tóxico, altamente tóxico, medianamente tóxico e pouco tóxico; esses, por sua vez, devem receber tarjas coloridas nos rótulos, de acordo com a toxicidade: vermelha, amarela, azul e verde, respectivamente. - Sob o ponto de vista da toxicologia veterinária, tem maior importância a classificação que considera a finalidade de utilização associada à estrutura química do praguicida. Assim se tem: ● Inseticidas: organoclorados, piretrinas e piretróides, organofosforados e carbamatos. ● Herbicidas: bipiridílos (paraquat), derivados do ácido fenoxiacético (2,4-D) etc. ● Fungicidas: ditiocarbamatos (maneb), ftalimídicos (captan) etc. ● Acaricidas: clordimeform. ● Raticidas: anticoagulantes e outros. - INSETICIDAS - ORGANOFOSFORADOS e CARBAMATOS - São agentes anticolinesterásicos, isto é, inibem a enzima acetilcolinesterase, a qual é responsável pela degradação do neurotransmissor acetilcolina. - Empregados principalmente como inseticidas (agrícolas, domésticos e de uso veterinário), além de possuírem ação acaricida, nematicida, fungicida e herbicida em diversas pragas de culturas agrícolas (como algodão, cereais, fruticultura e em plantas ornamentais). - Os organofosforados são derivados dos ácidos fosfórico, ditiofosfórico e tiofosfórico. Entre suas propriedades químicas estão a alta lipossolubilidade e sua rápida hidrólise em meios biológicos. - O grupo dos carbamatos é formado por derivados do ácido N-metil-carbâmico, com marcante atividade anticolinesterásica e dos ácidos tiocarbamatos e ditiocarbamatos, sendo que esses últimos não são inibidores das colinesterases, são pouco solúveis em água, têm baixa pressão de vapor e são muito solúveis em acetona e metanol. - Por serem lipossolúveis, são rapidamente absorvidos pela pele (principalmente quando há lesão ou quando a temperatura ambiente está alta), pelos tratos respiratório e gastrintestinal. - Exercem sua toxicidade principal por meio da inibição da atividade da acetilcolinesterase, enzima presente nas sinapses colinérgicas, resultando no acúmulo do neurotransmissor acetilcolina e, consequentemente, estimulação excessiva dos receptores colinérgicos nicotínicos e muscarínicos. - Os organofosforados são considerados inibidores irreversíveis da acetilcolinesterase. Os inseticidas CARB agem de modo semelhante aos OF, mas formam um complexo menos estável com a colinesterase, permitindo a recuperação da enzima mais rapidamente. - Podem causar: falta de apetite, náuseas, vômitos, cólicas abdominais, diarréia, incontinência fecal, dificuldade respiratória, tosse, dor torácica; - lacrimejamento, salivação, sudorese; incontinência urinária, hipotensão, convulsões, coma e morte. - PIRETRÓIDES - Os piretróides foram sinteticamente desenvolvidos a partir das piretrinas, compostos naturais derivados de inflorescências secas do Chrysanthemum (mais comumente do C. cinerariefolium). - Tem finalidade de se obter moléculas com os mesmos efeitos contra pragas, porém com maior estabilidade e com idêntica ausência de efeitos indesejáveis para o meio ambiente e para os organismos eventualmente expostos a eles. - São alergênicos e estimulam o SNC - Em doses altas podem produzir lesões duradouras ou permanentes no sistema nervoso periférico. - Manifestações clínicas: Dermatite de contato, irritação de vias aéreas, irritação ocular, lesão de córnea. - Em casos de intoxicação grave: manifestações neurológicas como hiperexcitabilidade e convulsões. - Os piretróides do tipo I são utilizados comumente como inseticidas em ambientes domésticos, sob a forma de spray, sendo os do tipo II empregados em medicina veterinária como ectoparasiticidas, isto é, para combater e controlar ácaros, carrapatos, moscas, pulgas e piolhos. - - Os piretróides são substâncias lipofílicas rapidamente absorvidas por via oral, dérmica ou respiratória. - A toxicidade oral aguda dos piretróides é muito baixa para mamíferos e aves (por exemplo, a dose letal 50% – DL50 – quando testados por via oral e diluídos em óleo de milho em cobaias, é superior a 5.000 mg/kg de peso vivo). a - O tratamento a ser instituído é sintomático e de suporte. Nesse sentido, a conduta emergencial de descontaminação do paciente intoxicado agudamente é muito importante e varia de acordo com a via de exposição do praguicida: - Se a exposição for via dérmica, banho com água corrente e sabão abundante auxilia na eliminação dos resíduos dos piretróides; - Se for por ingestão, nos casos em que não se observa convulsões, pode-se proceder à lavagem gástrica com carvão ativado para eliminar o praguicida que não foi ainda observado; um catártico salino pode ser também eficaz, principalmente na fase precoce de intoxicação. - Em casos de convulsão recomenda-se administrar lentamente um benzodiazepínico (como o diazepam) por via intravenosa; - HERBICIDAS - Os principais representantes são: Paraquat: (Gramoxone, Gramocil); Glifosato (Round-up, Glifosato Nortox); Pentaclorofenol; Derivados do Ácido Fenoxiacético. - Representa alto risco para os animais em geral, tanto pelo contato direto como pela exposição indireta a tal composto. - A absorção oral, dérmica e respiratória dos herbicidas bipiridílios é pequena, mas a presença de solventes e outras substâncias que facilitam sua absorção pode elevar o risco toxicológico. - Capacidade de aumentar a produção de radicais livres de oxigênio (radicais superóxido e peróxido de hidrogênio) nos pulmões, onde esse herbicida atinge alta concentração. - Manifestações clínicas: náuseas, vômitos, diarreia com fezes fétidas, dores abdominais, disfagia, ulceração e necrose da cavidade bucal e esôfago (principalmente se a exposição for por via oral), dispnéia, estertores pulmonares, edema pulmonar, hipóxia, cianose, hemorragia progressiva e, com frequência, morte por insuficiência respiratória. - Tratamento: lavagem gástrica, uso de carvão ativado, hemodiálise. Manter assistência respiratória, se necessário. - FUNGICIDAS - Intoxicação: geralmente por uso inadequado ou acidente Os veículos ou solvente podem ser tóxicos. - Sintomas: anorexia, depressão, fraqueza, gastroenterite - Absorção: é rápida e ocorre pela pele, gastrointestinal e pulmonar. - Mecanismo de ação: desacopla a fosforilação oxidativa - Tratamento: lavagem, carvão ativado - RODENTICIDAS - Os raticidas, também denominados de rodenticidas, são derivados cumarínicos (varfarina), considerados saneantes domissanitários, sendo preparações destinadas ao combate a ratos, camundongos e outros roedores, em domicílios, embarcações, recintos e lugares de uso público, contendo substâncias ativas, isoladas ou em associação. - No Brasil, os rodenticidas, quer sejam de uso livre, quer sejam aqueles manipulados por profissionais,são somente os do tipo anticoagulante de efeito crônico - Os rodenticidas anticoagulantes podem pertencer a dois grandes grupos: os derivados da cumarína (chamados de cumarínicos ou “warfarínicos”) e os derivados da idantiona. Atualmente, os mais amplamente utilizados são aqueles derivados da cumarina. - sua forma de apresentação pode ser: pós de contato, iscas (granulados, blocos), premix, pastas. - Os rodenticidas anticoagulantes são bem absorvidos por via oral. Após sua absorção têm alta porcentagem de ligação com proteínas plasmáticas (aproximadamente 95%). - O sinal clínico mais frequente é o súbito aparecimento de depressão, palidez, dispneia, tosse e hematomas. Podem ser observados hematêmese, epistaxe, fezes melânicas, ataxia, paresia, convulsão e morte súbita. - Tratamento: Transfusão sanguínea e antídotos (vitamina K), até 8 horas após ingestão. - Raticidas à base de ESTRICNINA (alcalóide) são extraído de uma árvore do sul da Ásia e norte da Austrália (Strychnus nux vomica) – possui ação neurológica e absorção rápida (mucosas, trato gastrointestinal e respiratório) - Antagonista de neurotransmissores com sintomas tais como rigidez, temperatura elevada, convulsões e pode levar a morte. - Tratamento: relaxantes, lavagem gástrica - COLICALCIFEROL (VITAMINA D) - No fígado, o colicalciferol é biotransformado em calcifediol, que é então biotransformado nos rins, formando um composto denominado de calcitriol considerado um metabólito ativo. Os metabólitos do colicalciferol atuam aumentando a absorção intestinal de cálcio, estimulam a transferência de cálcio e fósforo do tecido ósseo para o plasma e aumentam a reabsorção tubular de cálcio. A elevação prolongada de cálcio e fósforo sérico pode levar à mineralização dos tecidos. - Os efeitos da intoxicação geralmente ocorrem dentro de 12 a 36h após a ingestão do colecalciferol. Os sinais mais comuns da intoxicação incluem vômitos, anorexia, depressão, poliúria e polidipsia. A insuficiência renal aguda pode se desenvolver dentro de 24 a 72h. - O ALDICARB(chumbinho) é um potente inseticida do grupo dos carbamatos, utilizado ilegalmente como raticida. - Age no SNC sendo os principais sintomas salivação, lacrimejamento, secreção brônquica, diarréia, constrição pupilar, espasmos e hiperexcitabilidade. - Tratamento: lavagem gástrica, sulfato de atropina (usado como antídoto, age por um mecanismo de competição, inibindo a ação da acetilcolina sobre o órgão efetor) - DROGAS TERAPÊUTICAS - Efeitos tóxicos de Drogas terapêuticas sujeitas àprescrição - Analgésicos (depressão respiratória, náusea, vômito, hipotensão) - Anticoagulantes (hemorragias) - Antidepressivos (arritmia, fraqueza, tremores e depressão) - Drogas cardiovasculares (arritmia, náusea, vomito) - Sedativos (hipotermia, hipotensão, depressão do SNC) - Hormônios (aborto, lesão hepática, câncer) - Drogas de venda livre: - Ácido acetil salicílico (aspirina) – Inibe agregação plaquetária, úlcera, inibe glicólise e fosforilação oxidativa - Antiinflamatório (Ibuprofeno) - necrose renal - Alcalóides (cafeína, teofilina, etc) – taquicardia, convulsões, vômito - Anfetamina – agitação, arritmia, hipertensão, depressão, alucinação. - PRODUTOS DOMÉSTICOS - Detergentes, sabões, saponáceos e congêneres, Alvejantes, Ceras, Desinfetantes, Desodorizantes; - Em todo caso, deve ser realizado o tratamento com carvão ativado e fluidoterapia (lavagem gástrica). - MECANISMOS DE TOXICIDADE ● Liberação do toxicante: do sítio de exposição ao alvo; ● Reação do toxicante com a molécula-alvo; ● Disfunção celular; ● Reparo ou falha no reparo; - 1 - Liberação do toxicante: do sítio de exposição ao alvo: - Absorção: transferência do composto para circulação sistêmica (subst. Lipossolúveis são absorvidas mais facilmente). - Distribuição: toxicante entra no espaço extracelular e alcança o sítio de ação – geralmente receptores ou enzimas intracelulares (biotransformação) - Reabsorção: toxicantes liberados para o sistema digestório (excreção gástrica, salivar, pancreática ou intestinal) podem ser reabsorvidos por difusão pela mucosa intestinal; - Intoxicação: é a biotransformação para produtos danosos (toxificação ou ativação metabólica) alterando de forma adversa o microambiente. - Detoxificação: biotransformações que eliminam o toxicante ou previnem a formação destes. - 2 - Reação do toxicante com a molécula-alvo - Principais alvos: ● Ácidos nucléicos ● Proteínas (enzimas) ● Membranas - Tipos de reações: ● Não covalentes: Pontes de hidrogênio, interação hidrofóbica e ligações iônicas ● Ligação covalente ● Abstração de hidrogênio por radicais livres ● Redução ou oxidação (transferência de elétrons) ● Reações enzimáticas - Efeitos dos toxicantes sobre moléculas-alvo ● Disfunção das moléculas-alvo (bloqueio de receptores, inibição enzimática) ● Destruição de moléculas-alvo (radicais livres – fragmentação de DNA) ● Desencadeamento de resposta imune - 3 - Disfunção celular e toxicidade resultante - - A disfunção celular pode ser causado por desregulação de: ● Expressão gênica ● Transcrição ● Transdução de sinais ● Produção de hormônios ● Células eletricamente excitáveis (neuronais, musculares e cardíacas) - Mecanismos tóxicos de morte celular induzida por composto químico: ● Perda de ATP (inibição da CTE e fosforilação oxidativa) ● Aumento do cálcio intracelular – inibição da ATPase, ativação de enzimas hidrolíticas. ● Aumento da permeabilidade de membranas –turgidez - necrose - 4 - Reparo ou falha no reparo - Reparo de proteínas: oxidações podem ser revertidas por redução enzimática. Pode ocorrer renaturação de algumas proteínas ou eliminação de proteínas danificadas por proteólise nos lisossomos - Reparo de DNA: Remoção de bases danificadas por enzimas específicas. - Reparo Tecidual: Apoptose de células lesadas (DNA) que - levariam ao câncer; Regeneração do tecido; Substituição de células perdidas por mitose. - Toxicidade resultante de falha no reparo: Pode causar necrose tecidual; fibrose; Carcinogênese (falha no reparo de DNA) - TOXICOLOGIA PARA CÃES E GATOS - Várias espécies e as raças dentro da mesma espécie reagem de maneira distinta a um xenobiótico, devido a diferenças de absorção, metabolismo ou eliminação. - Diferenças funcionais nas espécies também podem afetar a probabilidade de intoxicação, como por exemplo, animais que não vomitam (roedores, cavalos: por razões anatómicas) podem ser intoxicados com uma dose menor do agente xenobiótico - Os gatos, em particular, em virtude de suas peculiaridades fisiológicas relacionadas à biotransformação de substâncias químicas, são mais vulneráveis que outras espécies animais, em especial quando do uso de alguns medicamentos. - Dentre os principais grupos farmacológicos responsáveis por intoxicação em animais se encontram os analgésicos e os anti-inflamatórios, seguidos pelos medicamentos de ação no sistema nervoso central. - Analgésico: paracetamol - Apresenta propriedades analgésica e antipirética, sem atividade anti-inflamatória nem anticoagulante expressiva. - Os gatos apresentam altíssima susceptibilidade à intoxicação pelo paracetamol, que apresentam uma limitação fisiológica decorrente da deficiência de glicuroniltransferase. - Em decorrência dessa via de biotransformação deficiente nos gatos, após uma dose oral de 20, 60 e 120mg/kg somente 1%, 5% e 16%, respectivamente, sofre conjugação com ácido glicurônico. - Mecanismo de ação: O órgão-alvo do paracetamol é o fígado, por causa do metabólito ativo N-acetil-p-benzoquinoneimina (NAPQI), capaz de esgotar estoques hepáticos de glutationa, causando efeitos tóxicos para cães e gatos. Outro metabólito reativo formado é o PAP, que atua causando efeitos hematotóxicos, uma vez que a glutationa exaurida nas hemácias favorece a formação de meta- hemoglobina oxidada. - Os gatos possuem em mais grupos de sulfidrilas na hemoglobina, tornando as hemácias dos gatos muito mais propensas à reação oxidativa. Outro fator que os torna mais propensos a toxicidade é a deficiência nas enzimas hepáticas glucoronil transferase, limitando a metabolização do paracetamol. - O animal pode apresentar vômito, diminuição do apetite, letargia e ptialismo 4 horas após a ingestão. De 24 a 72 horas após ingestão, alguns gatos desenvolvem edema facial e edema dos membros. Taquipneia, dor abdominal, coloração acastanhada das mucosas (derivado da meta-hemoglobinemia), urina de cor acastanhada e choque. - Níveis elevados de metahemoglobina no sangue são causados quando os mecanismos que protegem contra o stress oxidativo falham (NADH meta-hemoglobina redutase, NADPH meta-hemoglobina redutase e sistemas de enzimas glutationa). Quando sua concentração é elevada nas hemácias pode ocorrer anemia e hipóxia. - O tratamento deve ser imediato, sendo que até 1 h da ingestão, os procedimentos de descontaminação gástrica, por meio do emprego de eméticos e de carvão ativado, podem auxiliar na prevenção da absorção; - Fluidoterapia imediata! - Administrar carvão ativado na dose de 1 a 5g/kg - O antídoto, N-acetilcisteína deve ser administrado o mais rapidamente possível. Lembrando que deve ser utilizado 2 horas após o carvão ativado. - Sangue deve ser monitorado para a ocorrência de meta hemoglobinemia, anemia e hemólise. - Se necessário deve-se fazer uma transfusão sanguínea. - AINEs: Anti-inflamatórios não esteroidais - São fármacos analgésicos, antipiréticos e anti-inflamatórios, que atuam através da inibição da enzima ciclooxigenase (COX), bloqueando a produção de prostaglandinas. - Os AINE’s utilizados com maior frequência são Ibuprofeno, Aspirina e Nimesulida. - Gatos são mais suscetíveis à toxicose pelos salicilatos, enquanto os cães são mais sensíveis ao ibuprofeno e naproxeno - Variações individuais, como a idade do animal, a capacidade de excreção, a função hepática, a função cardíaca e as doenças pré-existentes podem predispor aos efeitos tóxicos dos Aines. - A absorção dos Aines ocorre no estômago, uma vez que a maioria apresenta pKa menor que 4,5 e alguma absorção pode ocorrer no intestino delgado. Geralmente os Aines têm baixo volume de distribuição, pois apresentam alta ligação à albumina. Em geral, o pico plasmático dos Aines ocorre com 3 h após a ingestão oral. - A biotransformação dos Aines ocorre principalmente no fígado via citocromo P-450. - Os Aines agem inibindo competitivamente um sítio ativo das COXs, enquanto o ácido salicílico atua inibindo irreversivelmente as COXs das plaquetas - - SALICILATOS - ASPIRINA - O ácido salicílico (Aspirina®, AAS®, Buferin®, Melhoral®, Doril®) é um dos principais representantes desse grupo; possui atividade analgésica, antitérmica e anti-inflamatória. - Os gatos são os mais suscetíveis à intoxicação por Aspirina®, uma vez que a principal via de biotransformação deste medicamento é a conjugação com ácido glicurônico, que é deficiente em gatos (pode agravar em animais com doença renal ou hepática e os animais idosos). - Os salicilatos são rapidamente absorvidos no estômago e duodeno de cães e gatos, por serem lipofílicos em pH ácido - Atua através da inibição irreversível da COX-1, reduzindo a produção de prostaglandinas e tromboxano. A agregação plaquetária é mediada pelo COX-1 e pela produção de tromboxano. A diminuição destes compostos levam a uma diminuição da agregação plaquetária. - As plaquetas são as células mais afetadas pelos salicilatos, uma vez que não sintetizam COXs, sendo, então, observadas coagulopatias na toxicose por salicilatos. - Descompensações por desequilíbrios de ácido-base - Manifestações clínicas: hiperpneia, convulsões, alcalose respiratória, acidose metabólica, irritação gástrica, ulceração, necrose hepática ou tempo de coagulação aumentado. - NAPROXENO - Semelhante ao ibuprofeno - Em cães podem causar vômitos, dor abdominal, úlceras no duodeno, fraqueza, anemia regenerativa, neutrófila, aumento da creatinina e diminuição das proteínas totais - Tratamento deve ser realizado com fluidoterapia, monitoramento através do hemograma, correção de ulcerações e emese - Existe também o risco de desenvolvimento de insuficiência cardíaca inerente à exposição a AINEs.Estes são tempo-dependentes, pelo que o seu uso por curtos períodos é considerado seguro - ALIMENTOS TÓXICOS PARA ANIMAIS - XILITOL ● O xilitol é empregado como adoçante em diversos produtos industrializados, aos quais o cão pode ter fácil acesso ● Pode provocar uma rápida hipoglicemia desencadeada pela liberação de insulina pelo pâncreas em cães, podendo levar à morte. ● Manifestações em cães: êmese, depressão, ataxia, tremores, convulsões e coma em 30 minutos após a ingestão do xilitol, consequência da queda repentina no nível de açúcar no sangue. ● . Pode ser oferecida dieta contendo açúcar ou um suplemento oral de açúcar em cães que ainda não apresentaram sinais clínico - CHOCOLATE, CAFÉ E CHÁ - São alimentos ricos em metilxantinas, bem como o guaraná e as bebidas à base de cola. - A Metilxantina é uma substância que faz a estimulação do sistema nervoso central, relaxamento da musculatura lisa (principalmente a brônquica) e promoção da diurese. São inibidores competitivos de receptores de adenosina, que causam estimulação do sistema nervoso central, diurese e taquicardia. - são absorvidas no trato gastrointestinal e são biotransformadas no fígado por meio de reações de conjugação. - No chocolate também há teobrominas (guaraná) e a cafeína. - São descritos vômito, hematêmese, poliúria, hipe-ratividade, ataxia, taquicardia e vocalização. Nos casos graves observa-se rigidez muscular, taquipneia, hipertermia, convulsões, arritmias cardíacas e morte - Como tratamento recomenda-se a descontaminação do trato gastrointestinal e o uso de adsorvente como o carvão ativado. Se houver êmese após a descontaminação gástrica, deve-se fazer uso de antieméticos. Fluidoterapia para aumentar a diurese, de modo a aumentar a excreção renal das metilxantinas - As convulsões devem ser controladas com Diazepam - SAL - A DL50 em cães é de 4g/kg e o excesso de sal em cães resulta em vómito, diarreia, cegueira, tremores musculares, convulsões e edema cerebral algumas horas após a ingestão - Nos animais assintomáticos, deve ser oferecida água e estes devem ficar sob observação. - Os valores de sódio deverão ser diminuídos com uso de fluidoterapia - UVAS E PASSAS - As doses ingeridas que provocam intoxicação fatal podem variar de animal para animal, mas geralmente são de 10 a 57g de fruta/kg peso corporal. - Sinais de intoxicação com falha renal (24 a 72 horasdepois da ingestão) - Os primeiros sinais surgem 6 horas após a ingestão e consistem em vômito, diarreia, anorexia, dor abdominal à palpação, fraqueza, desidratação, letargia e tremores. - O tratamento inicial deve portanto passar pela indução da emese, seguida da administração de carvão ativado. - O monitoramento da função renal e do balanço eletrolítico deve ser feito durante a fluidoterapia nas primeiras 72 h após ingestão da fruta. - CEBOLA E ALHO - Essas plantas contêm componentes tóxicos que podem causar dano aos eritrócitos e provocar anemia hemolítica, acompanhada pela formação de corpúsculo de Heinz em eritrócitos em cães e gatos. - Anemia hemolítica grave; desnaturação oxidativa da hemoglobina - n-propil-disulfido (toxina) que reduz a atividade da enzima glucose-6-fosfato desidrogenase nos eritrócitos, interferindo desta forma na regeneração da glutationa redutase necessária para prevenir a desnaturação oxidativa da hemoglobina. - Os animais que ingerem grande quantidade da planta de uma única vez desenvolvem meta-hemoglobinemia, tornando-se apáticos, hipotérmicos e cianóticos. - Animais que não morrem ou que ingerem pequenas quantidades da planta por vários dias desencadeiam um quadro hemolítico, tornando-se também apáticos e apresentando mucosas hipocoradas, meta-hemoglobinúria, taquicardia, taquipneia, dificuldade para respirar e letargia. - Devem ser realizados os tratamentos sintomático e de suporte. Se a ingestão da planta for recente, pode-se fazer a descontaminação do trato gastrointestinal. - Considerar a transfusão sanguínea se necessário. - Outros alimentos: leite, cogumelos, batata crua, tomate cru, abacate, nozes, macadâmia, amendoim e algumas plantas. - - AGENTES ANTIMICROBIANOS - Agentes antimicrobianos: Podem ser inespecíficos ou específicos. ● inespecíficos atuam nos microrganismos em geral, quer sejam patogênicos, ou não (antissépticos e desinfetantes). ● específicos atuam em microrganismos responsáveis pelas doenças infecciosas que acometem os animais (quimioterápicos e antibióticos). - Antibiótico: substâncias químicas (medicamentos) produzidas por microrganismos, ou os seus equivalentes sintéticos, que têm a capacidade de, em pequenas doses, inibir o crescimento (bacteriostático, fungistático etc.) ou destruir (bactericida, fungicida etc.) microrganismos causadores de doenças ● Antibióticos biossintéticos: são aqueles que são obtidos a partir de cultura de microrganismos, à qual acrescentam-se substâncias químicas capazes de alterar a estrutura molecular do antibiótico que está sendo produzido; como exemplo, tem-se a penicilina V (fenoximetilpenicilina) ● Antibióticos semissintéticos: são obtidos em laboratório acrescentando-se radicais químicos ao núcleo ativo de um antibiótico isolado de um meio de cultura, no qual cresce um microrganismo; são exemplos as penicilinas semissintéticas oxacilina, ampicilina, amoxicilina etc. ● Sintobióticos: antibióticos obtidos exclusivamente por síntese laboratorial, tanto parcial como total, porém a partir do estudo dos precursores obtidos de microrganismos; por exemplo, o cloranfenicol que atualmente tornou-se mais barato produzi-lo exclusivamente por síntese laboratorial. É um termo em desuso nos dias de hoje. - Na medicina veterinária há o emprego dos antimicrobianos inespecíficos, por exemplo, os desinfetantes, para auxiliar na limpeza e na desinfecção das instalações zootécnicas a fim de garantir a sanidade dos animais alojados, na desinfecção de equipamentos e materiais que entram em contato com produtos de origem animal na indústria de alimentos e em equipamentos cirúrgicos, entre outros usos. - Em relação ao emprego de antimicrobianos específicos, o médico-veterinário, além de usá-los terapêutica e profilaticamente, como o faz o médico de seres humanos, emprega ainda o antimicrobiano na metafilaxia e como aditivo zootécnico melhorador do desempenho (antigamente chamado de promotor do crescimento). - Os antimicrobianos específicos podem ser utilizados com fim: ● terapêutico: administrado ao animal ou rebanho que apresenta uma doença infecciosa, visando controlar a infecção existente. ● profilático: como medida preventiva, na qual o médico-veterinário quer garantir a proteção contra uma possível infecção. Por exemplo, o uso profilático é feito quando o animal é submetido a uma cirurgia empregando medidas assépticas e se deseja proteger o animal contra agentes infecciosos; ou ainda na profilaxia da vaca no período de secagem, no qual o risco de infecções intramamárias é maior. O emprego profilático de antimicrobianos pode ser feito para um único animal ou para um grupo de animais e é largamente aceito para a profilaxia cirúrgica em animais. ● metafilático: é feito quando em um rebanho há alguns animais com determinada doença infecciosa e o antimicrobiano é empregado visando prevenir a instalação da doença clínica em todos os animais do grupo. É uma situação em que se usam doses e duração de tratamento idênticas àquelas do uso terapêutico. O uso metafilático de antimicrobianos é também chamado de tratamento de animais em risco ou ainda tratamento de animais em contato. Nessa situação o antimicrobiano pode ser administrado ao rebanho em ração, comida ou água, por facilidade de manejo. - Antibiótico bacteriostático ou bactericida ● bacteriostático: quando o antimicrobiano inibe a multiplicação da bactéria, mas não a destrói, com a suspensão da exposição ao antimicrobiano a bactéria volta a crescer. ● bactericida exerce efeito letal sobre a bactéria, sendo esse efeito irreversível. - Alguns antimicrobianos inibem o crescimento bacteriano em determinada concentração, a concentração inibitória mínima (CIM ou MIC, minimum inhibitory concentration), e necessitam de uma concentração maior para matar o microrganismo, a concentração bactericida mínima (CBM ou MBC, minimum bactericidal concentration). - Testes de suscetibilidade bacteriana - O teste da difusão em ágar: ● Discos são colocados sobre a superfície de ágar de uma placa de Petri, que foi previamente inoculada com uma quantidade padronizada do microrganismo cuja suscetibilidade se quer avaliar a placa é colocada na estufa (geralmente, a 35° por 18 a 24 h) e têm início o crescimento da bactéria e também a difusão do antimicrobiano a partir do disco de papel. O antimicrobiano deixa o disco, seguindo um gradiente de diluição, de tal forma que, quanto maior a distância, menor a concentração. Assim, a determinada distância do disco forma-se um halo de inibição circular, cujo diâmetro é diretamente proporcional à potência do antimicrobiano frente àquele microrganismo e inversamente proporcional à CIM. ● - Teste de atividade antibacteriana - Os antimicrobianos podem ser classificados em concentração-dependente e tempo-dependente. - - Os antimicrobianos concentração-dependentes são aqueles que, quanto maior o nível sérico acima da CIM, maior a taxa de erradicação das bactérias, a qual, por outro lado, cai na medida em que diminui o nível do antimicrobiano. A administração desses agentes em doses elevadas com intervalos longos faz com que alcancem concentrações máximasno local da infecção, produzindo efeito bactericida máximo. - Para os antimicrobianos tempo-dependentes o fator de maior importância para determinar a eficácia é o período de tempo que a concentração plasmática fica acima da CIM de uma dada bactéria. O tempo que a bactéria fica exposta ao agente é mais importante que a concentração do antimicrobiano necessária para matar o microrganismo. - - Em uma situação ideal, seria desejável determinar a sensibilidade do agente etiológico aos antimicrobianos, coletando-se material do animal com o processo infeccioso e encaminhando-o ao laboratório para o isolamento e identificação do patógeno e posterior realização do antibiograma. - Na escolha do antimicrobiano devem-se considerar: - Características farmacocinéticas do antimicrobiano: via de administração, propriedades físico-químicas, distribuição e eliminação, volume de distribuição, meia-vida, taxa de depuração e barreiras para penetração - Características farmacodinâmicas do antimicrobiano: CIM, CBM, atividades concentração-dependente e tempo-dependente e efeito pós-antibiótico - Riscos ligados ao uso do antimicrobiano: toxicidade para o hospedeiro, interações medicamentosas, destruição da microbiota do hospedeiro, resíduos em animais produtores de alimento, interferência nos mecanismos de defesa do animal. - Custos: do tratamento, valor zootécnico do animal e perda na produção. - Causas do insucesso com antimicrobianos ● Tratamento de infecções não sensíveis, como a maioria das viroses ● Tratamento de febres de origem desconhecida, em que o agente causal pode não ser infeccioso ● Erro na escolha do antimicrobiano e/ou na sua posologia (dose, intervalo entre doses, duração do tratamento) ● Tratamento iniciado com atraso, quando o microrganismo já causou as lesões no organismo animal ● Focos infecciosos encistados, pus, tecidos necróticos, corpos estranhos, cálculos renais, sequestros ósseos que dificultam a atuação do antimicrobiano ● Processos infecciosos em tecidos não atingidos pelo antimicrobiano ou, quando o fazem, as concentrações são insuficientes ● Persistência, isto é, o agente infeccioso é sensível ao antimicrobiano in vitro, porém nos tecidos do animal o microrganismo pode encontrar-se em uma fase do seu ciclo na qual é refratário ao medicamento. Por exemplo, o microrganismo pode encontrar-se na fase de esferoplasto ou protoplasto, não sofrendo a ação de antibióticos que atuam na parede celular ● RESISTÊNCIA BACTERIANA: acontece quando há seleção de bactérias mais resistentes, - A resistência natural não perturba a terapêutica porque o médico-veterinário já sabe que um determinado microrganismo é naturalmente resistente ao antimicrobiano. - A resistência adquirida é uma propriedade nova adquirida por determinada cepa de microrganismo, tornando-o resistente ao antimicrobiano; esta sim traz grandes transtornos na clínica médica. - Vários mecanismos de resistência aos antimicrobianos foram identificados nas bactérias: ● Redução da permeabilidade da célula bacteriana ao antimicrobiano: redução da formação de porina (proteína transmembrana que permite a passagem de substâncias para o interior da bactéria) ● Bomba de efluxo que lança para fora da célula bacteriana o antimicrobiano ● Inativação do antimicrobiano antes ou após sua penetração no microrganismo: acetilação do cloranfenicol ou a produção de betalactamases e ainda, bactérias gram-negativas e gram-positivas que promovem fosforilação, adenilação e acetilação ● Modificação do alvo no qual age o antimicrobiano ou aquisição de uma via alternativa: modificam as proteínas ribossômicos levando à perda da atividade ou podem usar uma via alternativa para contornar o bloqueio de enzimas. - A resistência bacteriana adquirida pode ser por mutação (ocorre por acaso) ou transferência de genes de resistência. - - A formação do biofilme (matriz extracelular protetora onde bactérias fomam uma grande colônia) bacteriano durante infecções crônicas confere à bactéria tolerância aos antimicrobianos e citotoxicidade. - Para reduzir o risco de ocorrência de resistência bacteriana oriunda do uso dos antimicrobianos na Medicina Veterinária deve-se: ● Prevenir o surgimento das enfermidades, promovendo a saúde animal por meio de programas de vacinação e mantendo a higiene do meio ambiente ● Reduzir o uso dos antimicrobianos principalmente como aditivos na alimentação animal, o que estaria intimamente correlacionado ao dia a dia dos seres humanos que consomem estes animais ou os seus produtos como alimento ● Tornar obrigatória a exigência da prescrição para a aquisição no comércio do antimicrobiano prescrito pelo médico-veterinário, impedindo, assim, sua livre comercialização - É essencial também que em animais de produção seja respeitado o período de carência. - Período de carência, de retirada, de depleção ou de depuração é o tempo necessário para que o resíduo de preocupação toxicológica atinja concentrações seguras. - ANTI-PARASITÁRIOS ● Anti-helmínticos ● Antinematódeos ● Antiprotozoários - Anti-helmínticos - São definidos como medicamentos empregados para tratamento de animais infectados por helmintos. A finalidade do tratamento é limitar a eliminação de ovos e larvas nas fezes e, consequentemente, reduzir o número de estágios infectantes no meio onde vivem os hospedeiros. - Os principais helmintos: o filo Nemathelminthes, que compreende os nematódeos, e o filo Platyhelminthes, formado pelos cestódios e trematódeos. ● nematódeos apresentam corpo cilíndrico, alongado, não segmentado e constituem a classe de maior destaque entre os helmintos, por sua patogenicidade e ampla distribuição geográfica (p. ex., Ascaris spp., Haemonchus spp., Ancylostoma spp.) ● cestódios apresentam corpo achatado e segmentado, semelhante a uma fita (Dipylidium caninum, Moniezia spp., Anoplocephala spp.). Geralmente, esses agentes não causam graves lesões nos animais, mas alguns apresentam alto potencial zoonótico, uma vez que os animais domésticos participam na cadeia epidemiológica de zoonoses, como o complexo teníase/cisticercose, em que suínos são hospedeiros intermediários de Taenia solium, e na hidatidose, em cujo ciclo figura o cão como hospedeiro definitivo de Echinococcus granulosus. ● trematódeos têm corpo achatado não segmentado, geralmente com aspecto de folha, como Fasciola hepatica, um dos parasitos de maior interesse para a Medicina Veterinária, em virtude dos prejuízos causados à bovinocultura, e Platynosomum spp., que acomete os gatos. - Os prejuízos decorrentes das helmintoses nos animais se traduzem, principalmente, por perda de peso, crescimento tardio e predisposição a outras doenças. As ações obstrutivas (Ascaris spp., Dirofilaria immitis), compressiva (hidátide), traumática (Bunostomum spp.), espoliadora (Fasciola hepatica) e enzimática (Strongyloides spp.) dos parasitos sobre o hospedeiro resultam, sobretudo, em menor absorção e digestão de nutrientes, interferência no fluxo dos alimentos, lesões teciduais, perda de sangue e de proteínas e bloqueio da passagem do ar, alterando, deste modo, as funções orgânicas do hospedeiro. - Um medicamento anti-helmínticoideal: ● composição química estável; ● ação em estágios adultos e imaturos; ● ação em diversas espécies de helmintos; ● eficácia contra cepas resistentes; ● não interferir no estabelecimento da imunidade; ● fácil administração; ● ausência de resíduos no leite e nos tecidos. - A dose ótima de um anti-helmíntico é aquela necessária à eliminação de alta - proporção (mais de 95%) de parasitos adultos, com adequada segurança. - Os anti-helmínticos são classificados por sua constituição química em: ● Compostos inorgânicos: à base de sais de metais, que foram muito utilizados como medicamentos anticestódios (p. ex., arseniato de chumbo) ● Compostos orgânicos naturais: foram principalmente usados no tratamento das helmintoses de aves (p. ex., arecolina) ● Compostos orgânicos sintéticos: atualmente os mais utilizados, sendo formado por vários grupos químicos (substitutos fenólicos, salicilanilidas, pirimidinas, benzimidazóis, imidazotiazóis, avermectinas, milbemicinas e derivados da aminoacetonitrila). - Administração e formulação: oral (suspensões ou soluções, pasta, apresentada em seringas dosificadoras graduadas, comprimidos, grânulos ou cubos), parenteral (vias subcutânea ou intramuscular) ou cutânea (pour-on e spot-on). - Os parasitos entram em contato com o anti-helmíntico pela fração não absorvida da dose, que permanece no sistema gastrintestinal, e pela fração absorvida, que, através da corrente sanguínea, alcança o intestino e outros órgãos. - A associação de medicamentos com proteínas plasmáticas pode ser importante no transporte e na diminuição da velocidade de eliminação pelo organismo, fazendo com que a meia-vida do medicamento seja longa. - A resistência pode ser caracterizada como resistência paralela, quando observada entre os princípios ativos do mesmo grupo químico, com modo de ação similar; ou resistência múltipla ou cruzada, quando ocorre entre os grupos químicos que envolvem diferentes mecanismos de ação. A evolução da resistência pode ser retardada pelo desenvolvimento de programas estratégicos que permitam o uso seletivo de anti-helmínticos e o rodízio lento de medicamentos com diferentes mecanismos de ação. - As bases farmacológicas empregadas no tratamento dos helmintos interferem: ● Na produção de energia ● Na coordenação neuromuscular ● Destruição dos parasitos por inanição - AGENTES ANTINEMATÓDEOS - A maioria das doenças causadas por helmintos está associada aos nematódeos, por sua ampla distribuição geográfica e efeitos patogênicos em diversas espécies animais. - Os medicamentos antinematódeos constituem um grupo de compostos utilizados com fins curativo e preventivo desta classe de parasitos que se localizam em diversos órgãos e tecidos dos hospedeiros, principalmente no sistema gastrintestinal. - IMIDAZOTIAZÓIS - Nomes genéricos e químicos ● Levamisol: 2,3,5,6,tetra-hidro-6-fenilimidazo{2,1-b}tiazol ● Tetramisol: 2,3,5,6,tetra-hidro-6-fenilimidazo{2,16}tiazol - Penetram no parasito através da cutícula (via transcuticular), e como são agonistas colinérgicos atuam seletivamente em receptores nicotínicos sinápticos e extrassinápticos, das membranas das células musculares dos helmintos, induzindo a abertura dos canais de cátions mediados por acetilcolina, levando à despolarização da membrana e causando contração muscular e paralisia espástica dos parasitos, que são eliminados do pulmão por meio do muco bronquial e do trato intestinal junto com as fezes, em 24 a 36 h após o tratamento. - Após administração oral, o levamisol é rapidamente absorvido no sistema gastrintestinal e o nível plasmático máximo é observado entre 2 e 3 h. - Após injeção subcutânea, este nível ocorre entre 30 min e 1 h. - O medicamento distribui-se amplamente pelos tecidos e atinge alta concentração no fígado, onde é biotransformado. - A meia-vida plasmática é de 6 a 8 h e 90% da dose são eliminados na urina em 24 h. - A maior biodisponibilidade é obtida quando o medicamento é utilizado pela via subcutânea. - Os imidazotiazóis não são recomendados para uso em fêmeas em lactação. - é relativamente tóxico para equino, cães e gatos - AVERMECTINAS - Os derivados macrocíclicos da lactona, as avermectinas e as milbemicinas, foram utilizados como anti-helmínticos a partir da década de 1980. São classificados em semissintéticos (ivermectina e moxidectina) e biossintéticos (doramectina). - As avermectinas são produtos de fermentação natural do actinomiceto Streptomyces avermitilis, encontrado nos solos, são altamente lipofílicos, pouco solúveis em água, mas facilmente solúveis em solventes orgânicos. - Têm apresentado efeito nas funções biológicas e na sobrevivência de parasitos e também de organismos terrestres e aquáticos não alvos. Além da atividade anti-helmíntica, as lactonas macrocíclicas são potentes produtos ectoparasiticidas. - Nomes genéricos e químicos das avermectinas ● Ivermectina: 22,23-di-hidroavermectina B1a (> 80%) e 22,23-di-hidroavermectina B1b (< 20%) ● Abamectina: avermectina B1a (> 80%) e avermectina B1b (< 20%) ● Doramectina: 25-ciclo-hexil-5-0-dimetil-25-de(1-metilpropil)avermectina A1a ● Eprinomectina: 4″-epi-acetilamino-4″-deoxi-avermectina B1 ● Selamectina:25-ciclo-hexil-25-de(1-metilpropil)-5-deoxi-22,23-di-hidro- 5-(hidroximino)-avermectina B1 - A ivermectina apresenta atividade nos estágios adultos e imaturos em desenvolvimento e inibido de nematódeos gastrintestinais e pulmonares de ruminantes, equinos, suínos, e em microfilárias em cães. - Modo de ação: A absorção transcuticular é a mais importante para os nematódeos gastrintestinais. Potencializam a ação inibidora neuronal no cordão nervoso ventral dos parasitos. - As avermectinas são compostos lipofílicos. - Sua distribuição, no organismo animal, ocorre em virtude da ligação a lipoproteínas na circulação sanguínea. - A elevada lipossolubilidade favorecem a sua deposição no local de aplicação subcutânea (SC), o que prolonga o tempo de permanência do medicamento no organismo animal. - AGENTES ANTIPROTOZOÁRIOS - Os anticoccidianos podem ser categorizados como de ocorrência natural (monensina, narasina, lasalocida, salinomicina e maduramicina), ou como sintéticos (halofuginona, robenidina, diclazurila e nicarbazina). - São medicamentos usados mundialmente para o tratamento da coccidiose em bovinos, ovinos e aves, dentre outras espécies. - O Toxoplasma gondii é um coccídio que parasita o intestino delgado de membros da família Felidae, inclusive do gato doméstico. Estes animais constituem os hospedeiros definitivos deste parasito, portanto eliminam seus oocistos nas fezes. Para o tratamento recomenda-se a clindamicina, que é bem absorvida quando administrada pela via oral. - A coccidiose aviária é uma doença causada por protozoário do gênero Eimeria. É uma doença amplamente distribuída nas regiões de produção avícola, constituindo-se em um problema de grande impacto econômico, pois estes parasitos multiplicam-se nas células epiteliais do intestino delgado, causando lesões graves na mucosa, alterando os processos digestivos. - Os anticoccidianos são compostos amplamente utilizados como aditivos alimentares para prevenir e tratar a coccidiose. Estes produtos estão licenciados para utilização em uma concentração previamente estabelecida e durante um determinado período. - O Trichomonasfoetus pode ser um dos fatores limitantes da pecuária. É parasito do trato urogenital de bovídeos, nos quais causa doença de caráter venéreo. - A Giardia sp. se prende às células epiteliais do intestino delgado, causando lesões em animais jovens, sobretudo cães, podendo causar enterites, com episódios intercalados de parada do trânsito intestinal (constipação intestinal) e diarreias. - A tricomoníase e a giardíase podem ser tratadas com metronidazol, que interage com o DNA do protozoário, ocasionando perda de sua estrutura helicoidal. recomenda-se sua administração por via oral. - Cães tratados com altas doses de metronidazol tendem a apresentar sinais de intoxicação com consequente disfunção do sistema nervoso central. - Para a giardíase recomenda-se também o uso de quinacrina, administrada geralmente por via oral ou, com menor frequência, por via intramuscular. Distribui-se nos tecidos, com tendência a se acumular no fígado, no baço, nos pulmões e nas glândulas adrenais. QUESTÕES DE REVISÃO ESTUDO DIRIGIDO TOXICOLOGIA 1) Defina CL50 (ou DL50). É a concentração que um toxicante mata 50 % da população estudada. 2) Defina toxina e toxicante. Toxicante: substâncias de diferentes ordens capazes de gerarem danos aos organismos vivos. Substância química capaz de causar dano a um sistema biológico Ex: metais pesados Toxinas: são toxicantes de origem biológica Ex: veneno de cobra 3) Quais os 4 tipos de toxicidade que existem, em relação dose/tempo? Os 4 tipos de toxicidade que existem são aguda, subaguda, crônica e subcrônica. Aguda: determinada por dose única com efeitos observados em 24 horas. Subaguda: doses fracionadas, com o prazo de 30 dias. Doses fracionadas, com observação dos efeitos no período de 1 a 3 meses. Crônica: doses fracionadas, como observação dos efeitos para o período além de 3 meses. 4) Quais os principais procedimentos a se fazer no caso de intoxicação por metais pesados? Utilizar quelantes (EDTA ou dimercaprol, dependendo do metal) e fluidoterapia como tratamento. Tem alguns metais que quelantes não ajudam. 5) Qual o mecanismo de ação tóxica dos agrotóxicos (organofosforados e carbamatos) e quais os sintomas que o animal apresenta? Inibem a ação da acetil colinesterase, aumentando a concentração da acetilcolina na fenda sináptica causando hiperexcitabilidade, convulsão, coma e morte. Tratamento com carvão ativado, fluidoterapia. 6) Quais os efeitos tóxicos dos principais rodenticidas? Hemorragias, anemia, convulsões. Derivados cumarínicos (varfarina- anticoagulante), brodifacoum e base de estricnina (alcalóide - antagonista de neurotransmissores). 7) Explique intoxicação com “chumbinho”. Sintomas: diarreia, vômito, convulsão, tremores, falta de ar. Chumbinho e um carbamato. O aldicarb ou “chumbinho” é do grupo dos carbamatos. Tem ação principal no Sistema Nervoso Central (inibição acetilcolinesterase) e seu tratamento principal deve ser realizado com Sulfato de atropina. 9) Como ocorre a excreção de toxicantes pelo animal? Urina, fezes, leite, ovo, suor, saliva e ar exalado. 10) Quais são os fatores que podem aumentar a absorção de um toxicante pela pele do animal? Hidratação, natureza da molécula, liberação da forma, presença de ferimentos, temperatura aumentada no local de aplicação. 11) Como ocorre a intoxicação de gatos e cães com paracetamol? Mecanismo: Tais animais não possuem ou são em quantidades ineficientes as enzimas cyp que degradam as moléculas da droga. Formação e liberação de meta-hemoglobina por estresse oxidativo. Sintomas: Vômito, diminuição de apetite, letargia e pitialismo. Tratamento: N-acitilcisteina e carvão ativado separados (intervalo de 2 horas). 12) Como ocorre a intoxicação de gatos e cães com aspirina? Mecanismo: acidose metabólica (acidemia) por desequilibrio de ácido-base. Sintomas: gastrite, úlcera, hemorragias, danos hepáticos, convulsões. Tratamento: correção das ulcerações, fluidoterapia, monitoramento da função renal através de hemograma, lavagem gástrica. Estudo dirigido Agentes antimicrobianos 1) Defina antibióticos, quanto à forma de produção. Sinobióticos: produzidos exclusivamente por síntese laboratorial Biossintéticos: são produzidos a partir de cultura de microrganismos Semissintéticos: são obtidos em laboratório acrescentando-se radicais químicos ao núcleo ativo de um antibiótico isolado de um meio de cultura, no qual cresce um microrganismo. 2) Quais as propriedades gerais de um bom antimicrobiano? Apresentar amplo espectro de ação, não ser toxico para o organismo, não causar hipersensibilidade, ter atividade mesmo na presença dos fluidos do organismo, poder ser administrado por diversas vias, preço acessível, não se acumula por muito tempo no organismo, destruir o microrganismo no lugar de apenas inibir. 3) O que um veterinário precisa levar em consideração no momento da escolha de um antibiótico? A idade do animal, a raça do animal, as doenças que o animal apresenta, a produção de resíduos em animais de produção, histórico médico pregresso, medicamentos que já foi utilizado e se há resistência (sendo necessário o antibiograma). Características farmacocinéticas do antibiótico, características farmacodinâmicas do antibiótico, se vai ser específico ou inespecífico. Preço. 4) Se um antibiótico não teve o efeito esperado, o que pode ter acontecido? Resistência microbiana, erro na posologia, Tratamento iniciado com atraso, erro na escolha do antimicrobiano, interação com outros medicamentos, não alcançou a janela terapêutica. Microrganismos encistados. 6) Explique por que atualmente é mais comum prescrever amoxicilina com clavulanato de potássio do que amoxicilina apenas. Muitos animais não apresentam uma melhora de quadro infeccioso com o uso da amoxicilina isoladamente, provavelmente porque a amoxicilina é um antibiótico de amplo espectro de ação, entretanto é sensível à degradação por enzimas chamadas betalactamases (que podem ser produzidas por bactérias). O ácido clavulânico é um betalactâmico que tem a capacidade de inativar uma variedade de enzimas betalactamases. Assim, a presença do ácido clavulânico protege a amoxicilina de degradação por essas enzimas e aumenta de forma efetiva o espectro antibacteriano na amoxicilina. 7) Quais os 4 principais mecanismos de resistência bacteriana? Redução de permeabilidade da célula bacteriana ao antimicrobiano. Bomba de efluxo que lança para fora da célula bacteriana o antimicrobiano. modificação no alvo do antimicrobiano ou aquisição de uma via alternativa. Inativação do antimicrobiano antes de sua penetração. REVISÃO A2 Questão 01. Toxicidade é a quantidade de veneno que sob condições específicas causa o efeito tóxico (mg do tóxico por kg do indivíduo). Entre os toxicantes estão os Metais, Inseticidas, Herbicidas, Fungicidas, Rodenticidas, Drogas terapêuticas e Produtos domésticos. Sobre eles, leia os itens abaixo e julgue-os. I) O arsênio, elemento usado em medicamentos para quimioterapia, interrompe a fosforilação oxidativa podendo causar a morte em casos de intoxicação. Entretanto, o quelante dimercaprol forma complexo com ele possibilitando sua excreção pela urina. V II) Os herbicidas podem causar intoxicação aguda fulminante, após absorção maciça, ocorrendo óbito por uma combinação de edema pulmonar, insuficiência hepática, adrenal e distúrbios bioquímicos. Nesse caso, o tratamento envolve lavagem gástrica, uso de carvão ativado e hemodiálise. V III) A maioria dos rodenticidas possuem ação anticoagulantefuncionando como antagonistas da vitamina K. Entre eles estão os derivados cumarínicos (varfarina). Os sintomas de intoxicação são hemorragias internas ou externas, anemia, fraqueza, choque, convulsões e morte. O tratamento envolve transfusão sanguínea e uso de antídoto (vitamina K). V IV) O aldicarb (chumbinho) é um potente inseticida do grupo dos carbamatos, utilizado ilegalmente como raticida. Ele age de maneira semelhante aos derivados cumarínicos, ou seja, provoca fortes hemorragias. V) O antiinflamatório ibuprofeno, em doses tóxicas, pode causar agitação, arritmia, hipertensão, depressão e alucinação. Já as anfetaminas podem causar necrose renal. Estão corretos apenas: A) I, II B) I, III XC) I, II,III D) III, IV, V E) Todas as alternativas estão corretas Questão 03. As várias espécies e as raças dentro da mesma espécie reagem de maneira distinta a um xenobiótico, devido a diferenças de absorção, metabolismo ou eliminação. As diferenças funcionais nas espécies também podem afetar a probabilidade de intoxicação. Sobre intoxicação que ocorrem de maneira específica em cães e gatos, marque a segunda coluna de acordo com a primeira: ( 1 ) Os gatos têm deficiência nas enzimas hepáticas glucoronil transferase e glutationa e por isso têm uma capacidade limitada de metaboliza-lo. Não há dose segura no gato. Doses tão pequenas como 10mg/kg peso corporal provocaram sinais de toxicidade.V ( 2 ) O uso prolongado pode causar úlceras gástricas, hemorragia gastrointestinal, dano renal e convulsão. Os gatos são suscetíveis à intoxicação com cerca de metade da dose necessária para causar intoxicação em cães. ( 3 ) Atua através da inibição irreversível da COX-1, reduzindo a produção de prostaglandinas e tromboxano. Como a agregação plaquetária é mediada pelo COX-1 e pela produção de tromboxano, a diminuição destes compostos levam a uma diminuição da agregação plaquetária podendo causar hemorragias. ( 4 ) Causa uma competição antagonista nos receptores celulares de adenosina. A inibição destes receptores causa uma estimulação do sistema nervoso central, constrição dos vasos sanguíneos, diurese e taquicardia. ( 5 ) Estudos recentes mostram que doses acima de 0,1g/kg provoca hipoglicemia severa, enquanto que doses de 0,5g/kg poderão provocar hepatotoxicidade. ( 3) Aspirina (1 ) Paracetamol ( 2) Ibuprofeno (5 ) Xilitol ( 4) Metilxantina Questão 04. Nefrotoxicidade é um dos problemas renais mais comuns na medicina veterinária e ocorre quando o animal é exposto a uma droga ou toxina que causa danos aos rins. Substâncias que causam esse tipo de intoxicação são chamadas de nefrotoxicantes. Qual dos compostos abaixo não é um nefrotoxicante? A. Anti-inflamatórios B. Ciclosporina (imunossupressor) C. Cisplatina (antineoplásico) D. Micotoxinas X E. Amianto Questão 05. Os agonistas e antagonistas colinérgicos têm como ação principal estimulação ou bloqueio das células efetoras do SNA parassimpático. Assim, drogas que produzem respostas semelhantes àquelas obtidas após estimulação do SNA parassimpático são denominadas colinérgicas. Dentre as drogas colinérgicas, encontram-se também os agentes de ação indireta ou agentes anticolinesterásicos, que mimetizam as ações da Ach pela inibição da enzima colinesterase, responsável pela degradação da Ach. Há também drogas antagonistas ou bloqueadores de receptores colinérgicos muscarínicos, denominados anticolinérgicas ou antimuscarínicos. Sobre essas drogas, marque o único item correto: A. Os anticolinesterásicos que são rotineiramente utilizados em Medicina Veterinária são os carbamatos, enquanto os organofosforados têm emprego maior na espécie humana. B. Antiparasitários organofosforados são empregados como anti-helmínticos e como ectoparasiticidas, porém, seu uso é restrito a poucas espécies. C. Drogas colinégicas de ação indireta atuam diretamente em receptores da Ach e podem ser usadas para tratar glaucoma. D. Agentes antimuscarínicos antagonizam competitivamente a Ach em seus receptores. O principal uso clínico é como relaxante da musculatura lisa dos brônquios, dos sistemas urinário e digestório. E. Doença de Alzheimer é caracterizada por deficiência funcional de neurônios colinérgicos no SNC (levando à perda de memória). O uso de anticolinesterásico de ação prolongada podem controlar a doença, mesmo em estágios avançados. Questão 07. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 2 bilhões de pessoas estejam infectadas por helmintos. Na Medicina Veterinária, os prejuízos diretos e indiretos causados pelas helmintoses são traduzidos em perdas altíssimas para a pecuária. Os animais de companhia e silvestres também são suscetíveis a um grande número de espécies de helmintos. Sobre esse assunto, leia os itens abaixo e julgue-os. I) A dose ótima de um anti-helmíntico é aquela necessária à eliminação de alta proporção (mais de 95%) de parasitos adultos, com adequada segurança.V II) Os anti-helmínticos considerados solúveis são, geralmente, formulados como suspensão e usados pela via oral, enquanto os insolúveis são apresentados na forma de solução e utilizados pelas vias cutânea, parenteral ou oral. III) Os parasitos entram em contato com o anti-helmíntico pela fração não absorvida da dose, que permanece no sistema gastrintestinal, e pela fração absorvida, que, através da corrente sanguínea, alcança o intestino e outros órgãos. V IV) O levamisol apresenta atividade ovicida, em estágios adultos e imaturos em desenvolvimento de nematódeos gastrintestinais e pulmonares de ruminantes, suínos, equino e aves. F V) Alterações no número ou na sensibilidade dos receptores adrenérgicos representam os mecanismos de resistência do parasito ao levamisol. V Estão corretos apenas: A) I, II B) I, III C) I, II,III D) III, IV, V E) Todas as alternativas estão corretas Questão 08. Os protozoários causam sérios problemas à saúde animal. Estão presentes tanto em animais de companhia como nos de produção. Sobre esse assunto, leia os itens abaixo e marque o único correto. I) O Toxoplasma gondii é um coccídio que parasita o intestino delgado de membros da família Felidae, inclusive do gato doméstico. Para o tratamento recomenda-se a clindamicina, que é bem absorvida quando administrada pela via oral. V II) A tricomoníase e a giardíase podem ser tratadas com ivermectina F III) As avermectinas além da atividade anti-helmíntica são potentes produtos ectoparasiticidas. IV) O Metronidazol após entrar na célula-alvo, interage com o DNA do protozoário, ocasionando perda de sua estrutura helicoidal. V V) O tinidazol tem sido usado para o tratamento de helmintoses em ovinos Estão corretos apenas: A) I, II B) I, III C) II,III X D) I, III, IV E) I, III, IV, V
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