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François Rabelais

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA
Análise Documental.
Profa Angelita Marques Visalli.
Alunos:
Onitlazi Luiz Sabatini Henke; 
Otávio de Roma Barreto.
__________________________________________________________________
INTRODUÇÃO:
François Rabelais, nascido entre 1484 e 1494, pois não há registro do ano exato, foi escritor, padre e estudante de medicina. Escreveu obras onde falava sobre as falhas e os temores de sua época usando a cultura “cômica popular”. Escreveu suas obras sob o pseudônimo Alcofibras Nasier, um anagrama de seu próprio nome. Teve obras que foram condenadas e entraram para a lista de livros proibidos pela Igreja Católica.
 Rabelais foi ordenado em 1525, e depois disso viajou por varias regiões da França, e desse modo entrou em contanto com várias particularidades do povo francês. Trazia de forma sarcástica os defeitos de uma sociedade que estava presa às amarras do passado. Estudou medicina, porém não ao ponto de ser considerado um médico; publicou Gargântua e Pantagruel em 1532, sendo esta sua obra de maior sucesso; estudou grego latino, onde se aplicara na invenção de centenas de palavras em suas obras, das quais algumas se tornaram parte da língua francesa.
 Trocadilhos e humor picante eram usados em suas obras. É estudado por teóricos iluministas, que tinham diferentes opiniões sobre sua obra. Os textos de François Rabelais são escritos numa veia de risos extravagante e satírica, e no humor negro. Suas obras de François Rabelais podem ser identificadas no meio do universo literário como obras de comédia que relatam os problemas do seu dia a dia na época em que ele vivia.
 Pretendemos, neste trabalho, analisar fragmentos de uma de suas mais importantes obras, Gargântua e Pantagruel.
 Gargântua e Pantagruel é um romance constituído por cinco obras. O livro de Rabelais não tinha como objetivo ajudar a estabelecer uma sociedade justa e igualitária. Vivendo no período renascentista, que é caracterizado por escritos iconoclastas, Rabelais caracterizou-se por ser um humanista ácido, utilizando-se principalmente da ironia e do vocabulário “popular.”.
 Os personagens de Rabelais se encontram em mundos imaginários e utópicos, e suas obras consistiam, na maioria das vezes, em fazer críticas à sociedade francesa e à Igreja, e também contra muitos costumes de sua época.
ANÁLISE DOCUMENTAL:
 No capítulo II da obra que está sendo usada como documento, Da natividade do temibilíssimo Pantagruel,Rabelais descreve um cenário de escassez e agonia no país da África: “[...] trinta e seis meses, três semanas, quatro dias, treze horas e um pouco mais sem chuva, com um calor solar tão forte que toda a terra ficou árida.” Ele descreve como os animais morriam de boca aberta, e como os homens, que tinham direito à usar uma vez da água benta, seguiam de boca aberta qualquer fiel que saísse da igreja.
 Gargântua nomeia seu filho de Pantagruel, que significa, basicamente, tudo alterado, pois queria dizer que no dia de seu nascimento o mundo estava todo alterado. O filho era grande e saudável, tão grande que sua mãe, Badebeca morre após o parto. A escolha de Gargântua foi para sentenciar que o mundo estava alterado, e que seu filho seria o dominador dos alterados.
 Na descrição da próxima cena, Rabelais demonstra seu sarcasmo, e de certa forma, expõe seu objetivo, de tornar o episódio em algo engraçado, e indiretamente fazer o espectador rir da situação que em sua essência deveria parecer agonizante. Primeiro, no plano de fundo do nascimento de quem viria a se tornar uma imagem de relativa importância, no contexto em que o conto se insere, existe um cenário desolado. E, no dia em que “[...] visivelmente foram vistas sair da terra grossas gotas de água”, as pessoas regozijavam de alegria, mas, mais tarde, para a decepção do pobre povo, quando tentam recolher uma porção para beber, a água se mostra ser apenas salmoura, “[...] pior e mais salgada do que água do mar.”. Essa composição, juntada à perda de Gargântua, dentro da moral que tentava se criar nos meios aristocráticos e formais da época, deveria, caso os elementos morais e éticos deste mesmo universo fossem sólidos na época, no mínimo trazer repúdio ao leitor aristocrata, e provavelmente trouxe para alguns, mas o fato de Rabelais conseguir modelar a situação e torná-la cômica até para a mentalidade coletiva de alguns integrantes dessa pequena parcela da população, que quando em seu meio se apoiava em símbolos e gestos que a definissem e caracterizassem como o que ela se afirmava ser, mas que fora dele não necessariamente precisava desses artifícos, mostra que, na essência, essa classe não é composta por ninguém muito diferente de alguém inserido no contexto popular. Do ventre de Badebeca, antes de sair seu filho e carrasco, saem sessenta e oito almocreves puxando pelo cabresto mulas carregadas de sal, nove dromedários com pernis e línguas de boi defumadas, sete camelos carregados de enguia salgada, e vinte e cinco carroças de alho, alho-porro, cebola e cebolinha. Como no dia do parto brotara, também, supostamente, água do chão, algumas das parteiras disseram: “[...] Eis uma boa provisão; assim não vamos beber sem acompanhamento.”.
 Gargântua representa a imagem de qualquer pai e esposo. Para o homem da época que lia, poderia passar despercebido que, caso risse, estaria o fazendo sem invocar o espírito compassivo que a igreja pregava; estaria rindo de um pai, que ficou viúvo. Mas talvez essa fosse a intenção de Rabelais, pois coloca em dilema o estado emocional de Gargântua, que não sabia como se sentir, já que no mesmo instante se tornou pai, de um filho grande e saudável, mas perdeu sua esposa Badebeca. 
 Segundo Mikhail Bakthin, Rabelais talvez seja um dos mais complicados autores literários do mundo clássico, e que para ser compreendido, é necessária “[...] a reformulação radical de todas as concepções artísticas e ideológicas, a capacidade de desfazer-se de muitas exigências do gosto literário profundamente arraigadas, a revisão de uma infinidade de noções e, sobretudo uma investigação profunda dos domínios da literatura cômica popular que tem sido tão pouco e tão superficialmente explorada.”.
 Rabelais estava inserido no Renascimento, que apesar de marcar o surgimento de vários escritos iconoclastas, e o surgimento de filósofos humanistas, ainda era um período onde, pelo menos no pequeno universo dos nobres aristocratas, a “cultura oficial” tinha uma postura séria, e era facilmente insultada pelo riso, o elemento que, dependendo da situação, anula a formalidade. É, na verdade, a situação cômica que tem o poder de acabar com o tom que a cultura oficial busca assumir, pois o riso pode ser forjado, e em uma situação diplomática ele pode ser usado para tornar uma situação não-cômica em cômica, caso seja conveniente. Mas a situação que é de fato engraçada, por natureza, oferece risco, e a omissão do riso mantém o caráter sério que a cultura oficial busca assumir.
 A “cultura popular”, entretanto, não necessariamente vai buscar essa imagem. As pessoas associam os elementos que conhecem da cultura oficial por estarem inseridos em um contexto que já está exposto à imagens de respeito desde o mundo antigo, e continuam exercendo alguns hábitos e ritos que vão se repetindo e consolidando a importância de pessoas que carreguem algum símbolo de autoridade e seriedade. Mas ainda estão expostas à um ambiente onde estes símbolos não invocam tanto respeito. As procissões festivas normalmente acabavam com algum costume de caráter cômico e nada “oficial” para a época, e ofereciam uma visão diferente das relações entre as pessoas, que não mais estavam presas à Igreja e às imagens de autoridade. Rabelais, em Gargântua e Pantagruel, consegue confundir essas imagens, em um contexto que já vinha questionando o discurso do Estado e da Igreja.
 No capítulo III da mesma obra, Do luto que tomou Gargântua com a morte de sua mulher Badebeca, Rabelais projeta o luto - uma tradição carregada por eras, mesmo que de maneira diferente - de maneira cômica,mostrando o dilema de Gargântua, que não sabe o que sentir. “ ‘Chorarei? Dizia ele, sim; mas por quê? Está morta minha boa mulher, que era a mais disso, a mais daquilo que existia no mundo. Jamais tornarei a vê-la, jamais a recuperarei, é uma perda inestimável! Ó meu Deus, o que fiz para assim me punires?’ [...] Assim falando, chorava como uma vaca, mas, ao mesmo tempo, ria como um bezerro, quando lhe vinha à memória seu filho Pantagruel.”. E então vai beber com seu filho, que assim como ele também era bastante comilão e beberrão, alegre e glutão. Na infância, se destacava por sua grande força, superada apenas por seu apetite. 
 Gargântua, ao que parece ser sugerido, passa a beber bastante ( “[...] conviria chorar menos e beber mais.” ), à ponto de recomendar às parteiras, sob sua honra, que dessem um bom trago, para que se sentissem melhores, e indo contra os costumes morais e éticos, pede para que atendam por ele ao velório de sua esposa, enquanto embala seu filho e canta um epitáfio para sua mulher, dentro de sua casa.
CONCLUSÃO:
Ao imaginar um mundo utópico, muitos se perguntam se Rabelais era um utopista, se queria uma sociedade diferente ou se queria apenas ser um crítico. Suas obras conseguem bastante importância, pois com o Renascimento e o prestígio da filosofia platônica, além do desejo de libertação de hierarquias e instituições em declínio, como a Igreja, e outras em ascensão, como a monarquia, e aliado à descoberta de novos territórios e povos, e também ao auge da ciência e da arte, ele consegue representar estas características do século XVI em suas obras, tendo importância na criação de ideias e mundos.

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