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DIREITO PENAL Teoria Geral do Crime original

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UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA
 DIREITO PENAL
 Teoria Geral do Crime
 PROFESSOR: JOSÉ DOMINGOS FILHO
2013
DIREITO PENAL 
TEORIA GERAL DO CRIME
O Direito Penal é o segmento do ordenamento jurídico que detém a função de selecionar os comportamentos humanos mais graves e perniciosos à coletividade, capazes de colocar em risco valores fundamentais para a convivência social, e descrevê-los como infrações penais, cominando-lhes, em conseqüência, as respectivas sanções, além de estabelecer todas as regras complementares e gerais necessárias à sua justa e correta aplicação.
A missão do Direito Penal é proteger valores fundamentais para a subsistência do corpo social, tais como a vida, a saúde, a liberdade, a propriedade, etc., denominados bens jurídicos. Essa proteção é exercida não apenas pela intimidação coletiva, mais conhecida como prevenção geral e exercida mediante a difusão do temor aos possíveis infratores do risco da sanção penal, mas sobretudo pela celebração de compromissos éticos entre o Estado e o indivíduo, pelos quais se consiga o respeito às normas, menos por receio de punição e mais pela convicção de sua necessidade justiça.
Conceito de Crime: O crime pode ser conceituado sob os aspectos material e formal ou analítico.
1.1. Aspecto Material: É aquele que busca estabelecer a essência do conceito, isto é, o porquê de determinado fatos ser considerado criminoso e outro não. Sob esse enfoque, crime pode ser definido como todo o fato humano que lesa ou expõe a perigo bens jurídicos considerados fundamentais para a existência da coletividade e da paz social.
1.2. Aspecto Formal ou Analítico: Enfoca os elementos ou requisitos do crime. O delito é concebido como conduta típica, antijurídica e culpável (conceito tripartido, teoria clássica, ou tridimensional), ou apenas conduta e antijurídica. Pode ser como fato típico, antijurídico e punível abstratamente.
Concepção Bipartida: A culpabilidade não integra o conceito de crime. Segundo Damásio de Jesus, se a culpabilidade fosse elemento do crime, aquele que, dolosamente, adquirisse um produto de roubo cometido por um menor não cometeria receptação, pois se o menor não pratica crime, ante a ausência de culpabilidade, o receptador não teria adquirido um produto desse crime.
O Código Penal diz que: quando o fato é atípico não há crime (Não há crime sem lei anterior que o defina – CP, art. 1º). Também quando a ilicitude é excluída, não existe crime. Não há crime quando o agente pratica o fato – CP, artigo 23 e incisos (Legítima Defesa; Estado de Necessidade, Estrito Cumprimento do Dever Legal e Exercício Regular de Direito). 
Assim, para aqueles que defendem o conceito bipartido, isso é o sinal de que o fato típico e a ilicitude são seus elementos.
2. Fato Típico: é fato material que se amolda perfeitamente aos elementos constantes do modelo previsto na lei penal. É a conformidade entre o fato praticado e o tipo. Em outras palavras, é a adequação do fato ao tipo. Ex: João subtraiu para si o carro de Maria. Esse fato amolda-se ao art. 155, caput, do CP. Maria matou José. Esse fato amolda-se no artigo 121, do CP (tipo penal). São elementos do fato típico: Conduta, Resultado, Nexo Causal e Tipicidade.
2.1. Conduta: É toda ação ou omissão consciente e voluntária, dolosa ou culposa dirigida a uma finalidade.
Teoria Finalista da Ação: O dolo e a culpa estão inseridos na conduta; ou seja, no direito penal a responsabilidade é subjetiva, porque dolo e culpa está dentro da conduta.
2.1.1. Sujeitos Ativos – É a pessoa humana que pratica uma conduta descrita em lei, isolada ou conjuntamente. Exemplo: o que mata, rouba, furta, seqüestra etc. Nesse sentido, quem pode cometer o crime: Pessoa Física ou Jurídica.
2.1.1.1. Pessoa Física, ou Natural: A imputabilidade é a capacidade, na órbita do direito penal, tanto a capacidade penal, quanto a capacidade processual são alcançadas aos 18 anos (CF, art. 228 e CP art. 27). Assim, qualquer pessoa natural pode cometer crime. Não somente os maiores de 18 anos. Os menores de 18 anos são inimputáveis e cometem Atos infracionais previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.079/90).
2. Critérios de Aferição da Inimputabilidade:
2.1. Sistema Biológico: A este sistema somente interessa saber se o agente é portador de doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado. Em caso positivo será considerado inimputável, independente de qualquer verificação concreta dessa anomalia ter retirado ou não a capacidade de entendimento e autodeterminação. Há uma presunção legal de que a deficiência ou doença mental impede o sujeito de compreender o crime ou comandar sua vontade.
OBS: Foi adotado, como exceção, no caso dos menores de 18 anos, nos quais o desenvolvimento incompleto presume a incapacidade de entendimento e vontade (art. 27, do CP). Pode até ser que o menor entenda perfeitamente o caráter criminoso do homicídio, roubo, estupro, por exemplo, que pratica, mas a lei presume, ante a menoridade, que ele não sabe o que faz, adotando claramente o sistema biológico nessa hipótese.
Exemplo: Zé com 17 anos e 11 meses e 25 dias atira em Pedro. O resultado morte ocorre decorridos trinta dias da ação. No momento da ação ele era menor de idade – será considerado inimputável. Aplica-se o artigo 4º do Código Penal: “Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão; ainda que seja outro o momento do resultado”.
2.2. Sistema Psicológico: Ao contrário do biológico, este sistema não se preocupa com a existência de perturbação mental no agente, mas apenas, se no momento da ação ou omissão delituosa, ele tinha ou não condições de avaliar o caráter criminoso do fato e de orientar-se de acordo come esse entendimento. O sistema psicológico volta suas atenções apenas para o momento da prática do crime.
2.3. Sistema biopsicológico: Combina os dois sistemas anteriores, exigindo que a causa geradora esteja prevista em lei e que, além disso, atue efetivamente no momento da ação delituosa, retirando do agente a capacidade de entendimento e vontade. Dessa forma, será inimputável aquele que, em razão de uma causa prevista em lei (doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado), atue no momento da prática do crime sem capacidade de entender o caráter criminoso do fato ou de determinar-se com esse entendimento. Foi adotado como regra, conforme prescreve o artigo 26, caput, do CP.
2.1.3. Pessoas Jurídicas: A Constituição Federal admitiu a responsabilização da pessoa jurídica nos artigos 173, parágrafo 5º e 225, parágrafo 3º. Regulamentando as disposições constitucionais foi editada a Lei 9.605/98 que trouxe expressamente em seu texto a possibilidade da pessoa jurídica ser sujeito ativo de infração penal (art. 3º). Para a efetiva responsabilização é necessário da dupla imputabilidade; ou seja, para que a pessoa jurídica possa responder pelo delito é necessária a responsabilização da pessoa física, recaindo essa responsabilidade nas pessoas que possuem poder de mando.
Nesse sentido, boa parte da doutrina é contrária à idéia de responsabilização penal da pessoa jurídica, argumentando que: o direito penal moderno se funda nos princípios da culpabilidade e da personalidade das penas; não se pode reconhecer a responsabilidade sem culpa por fato de terceiro; pessoa jurídica é incapaz de voluntariamente realizar conduta e atender às exigências subjetivas da tipificação, de forma que não poderá ser intimidada ou reeducada.
2.1.2. Sujeito Passivo: Regra geral a pessoa física ou natural (vítima ou ofendido). A pessoa jurídica pode afigurar como sujeito passivo em alguns crimes. Ela pode ter a honra social afetada. Exemplo a calúnia, com a falsa imputação de um delito ambiental. O morto ou o animal não podem ser vítimas de crime. Ninguém pode ser ao mesmo tempo sujeito ativo e sujeito passivo diante de sua própria conduta (Ex: viciado em drogas; mulher que tira roupa em público – ato obsceno).
Podem ser:Formal ou Constantes: Estado – titular do direito de punir (toda a coletividade sente os efeitos do crime)
2.1.2.2. Material ou Eventual: Pessoas titulares dos bens jurídicos lesado. Elas sentem os efeitos dos bens jurídicos afetados. Ex: Furto o proprietário do bem jurídico tutelado.
REGRA GERAL: Crime conduta humana: Ação ou Omissão
Assim, se fizer alguma coisa: Ação – Crime comissivo. Se deixar de fazer alguma coisa: Omissão – crime omissivo.
3. Objeto do Crime
Objeto Jurídico: Bem ou interesse tutelado pela norma: Exemplos – No crime de homicídio é a vida; no crime de furto é o patrimônio.
Objeto Material: Pessoa ou coisa atingida pela conduta criminosa. Pode haver crime sem objeto material, como na hipótese do falso testemunho. Exemplos: No crime de homicídio o objeto material é a pessoa; no de furto é a coisa subtraída.
4. Ação ou Omissão
Ação comportamento positivo, movimentação corpórea. A omissão é o comportamento negativo, abstenção de movimento. 
4.1. Da conduta Omissiva
O poder da vontade humana não se esgota tão somente no exercício da atividade positiva (o fazer), mas também na omissão. Ao lado da ação a omissão aparece como forma independente de conduta humana, suscetível de ser regida pela vontade dirigida a um fim. Existem normas jurídicas que ordenam a prática de ações para a produção de resultados socialmente desejados ou para evitar resultados indesejáveis socialmente. 
Assim, quando a norma impõe a realização de uma conduta positiva, a omissão gera a lesão da norma mandamental. Logo a norma é lesionada mediante a omissão da conduta. 
4.1.1. Formas de Conduta Omissivas
a) Crimes Omissivos Próprios: Inexiste o dever de agir, faltando, por conseguinte, o segundo elemento da omissão, que é a norma impondo o que deveria ser feito. Exemplo: artigos 135 e 269, do CP.
b) Omissivos por Comissivo: Nesses crimes, há uma ação provocadora da omissão. Neste caso, o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. Exemplo: Chefe da repartição que impede sua funcionária que esta passando mal, seja socorrida. Mãe que deixa de amamentar o filho deixando-o morrer por inanição. O Exímio nadador que não salva seu aluno, que está afogando, etc.
5. Dolo e Culpa
5.1. Dolo é o elemento psicológico da conduta. A conduta é um dos elementos do fato típico. Logo dolo é um dos elementos do fato típico. 
Dolo é a vontade e a consciência de realizar os elementos constantes do tipo legal. É a vontade manifestada pela pessoa humana de realizar a conduta.
a) Elementos: consciência (conhecimento do fato que constitui a ação típica) e vontade (elemento volutivo de realizar esse ato). 
b) Espécies de Dolo
b1) Dolo direto: É a vontade de realizar a conduta e produzir o resultado e produzir o resultado. É aquele em que o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo (artigo 18, I, do CP).
b2) Dolo Indireto: O agente não quer diretamente o resultado, mas aceita a possibilidade de produzi-lo (dolo eventual), ou não se importa em produzir este ou aquele resultado (dolo alternativo).
Como se vê, o dolo indireto comporta duas formas: o alternativo e o eventual.
 Dá-se o primeiro quando o agente deseja qualquer um dos eventos possíveis. Por exemplo: a namorada ciumenta surpreende seu amado conversando com a outra e, revoltada, joga uma granada no casal, querendo matá-los ou feri-los. Ela quer produzir um resultado.
No dolo eventual, o sujeito prevê o resultado e, embora não o queira propriamente atingi-lo, pouca se importa com a sua ocorrência. É o caso do motorista que se conduz com velocidade incompatível com o local e realizando manobras arriscadas. Mesmo prevendo que pode perder o controle do veículo, atropelar e matar alguém, não se importa, pois é melhor correr este risco, do que interromper o prazer de dirigir (não quero, mas se ocorrer tanto faz. Outro exemplo é o caso da pessoa que querendo matar alguém efetua o disparo, quando ele se encontra na presença de outras pessoas. O que ele deseja é matar o seu desafeto, pouco importando se os disparos acertarão as outras pessoas presentes no local.
5.2. Culpa
É o elemento normativo da conduta. A culpa é assim chamada porque sua verificação necessita de um prévio juízo de valor, sem o qual não se sabe se ela está ou não presente. O tipo limita-se a dizer: “se o crime é culposo, a pena será de...”, não descrevendo como seria a conduta culposa.
Assim, se a conduta do agente afastar-se daquela prevista na norma, haverá a quebra do dever de cuidado e, consequentemente, a culpa. Se, por exemplo, um motorista conduz bêbado um veículo, basta proceder-se a um juízo de valor de acordo com o senso comum para se saber que essa não é uma conduta normal, isto é, a que a norma recomenda.
Em suma, para saber se houve culpa ou não será sempre necessário proceder-se a um juízo de valor, comparando a conduta do agente no caso concreto com aquela que uma pessoa medianamente prudente teria na mesma situação. Isso faz com que a culpa seja qualificada como um elemento normativo de conduta.
5.2.1 Culpa Consciente ou com Previsão
É aquela em que o agente prevê o resultado, embora não aceite. Há no agente a representação da possibilidade do resultado, embora não aceite. Há no agente a representação da possibilidade do resultado, mas ele a afasta, de pronto, por entender que o evitará e que sua habilidade impedirá o evento lesivo previsto.
A culpa consciente difere do dolo eventual, porque neste o agente prevê o resultado, mas não se importa que ele ocorra (”se eu continuar dirigindo assim, posso vir a matar alguém, mas não importa; se acontecer, tudo bem vou prosseguir”). No caso da culpa consciente, embora prevendo o que possa a vir a acontecer, o agente repudia essa possibilidade (“se eu continuar dirigindo assim, posso vir a matar alguém, mas estou certo de que isso, embora possível, não ocorrerá”).
5.2.2. Culpa Inconsciente
É a culpa sem previsão, em que o agente não prevê o que era possível. De acordo com a lei penal, não existe diferença de tratamento penal entre culpa consciente e culpa com previsão, “pois, tanto vale não ter consciência da anormalidade da conduta,quando estar consciente dela, mas confiando, sinceramente, em que o resultado lesivo não sobreviverá”.
A inobservância do dever de cuidado objetivo é a quebra do dever de cuidado imposto a todos e manifesta por meio de três modalidades de culpa previstas no art. 18, II, do CP.
5.2.1. Imprudência: É a culpa de que age, ou seja, aquela que surge durante a realização de um fato sem o cuidado necessário. Pode ser definida com a ação descuidada. Exemplos: ultrapassagem proibida, excesso de velocidade, trafegar na contramão, manejar arma carregada, etc.
5.2.2. Negligência: É a culpa na sua forma omissiva. Consiste em deixar alguém de tomar o cuidado devido antes de começa a agir. Exemplos: deixar de repara os pneus e verificar os freios antes de viajar, não sinalizar devidamente cruzamento perigoso, deixar a arma ou substância tóxica ao alcance de crianças, etc.
5.2.3. Imperícia: É a demonstração de inaptidão técnica em profissão ou atividade. Consiste na incapacidade, na falta de conhecimento ou habilidade para o exercício de determinado mister. Exemplos: médico vai curar uma ferida e amputa a perna, atirador de elite mata a vítima, em vez de acertar o criminoso.
5.3. Crime Preterdoloso
Crime preterdoloso é o crime qualificado pelo resultado. Á qualificação pelo resultado consiste em que o legislador, após descrever a conduta típica, com todos os seus elementos, acrescenta-lhe um resultado, cuja ocorrência acarreta um agravamento da sanção penal. 
É aquele em que o agente age com dolo no antecedente e com culpa no conseqüente. Exemplo: O pai quer aplicar um corretivo no filho e passa a bater com uma cinta. No entanto, excede na conduta e, não percebendo, acaba batendo com a fivela na cabeça do filho, que em conseqüência vem a falecer.
Assim, o crime preterdoloso compõe-se de um comportamento anterior doloso (fato antecedente) e um resultado agravador culposo (fato conseqüente).6. Caso fortuito ou Força Maior
a) Fortuito: É aquilo que se mostra imprevisível, quando não evitável é o que chega se, ser esperado e por força estranha a vontade do homem, que não o pode impedir. Exemplo: incêndio provocado por um cigarro aceso que foi atirado contra um objeto inflamável, por um golpe de ar inesperado.
b) Força Maior: Trata-se de um evento externo ao agente, tornando-se inevitável o acontecimento. O exemplo mais comum é o da coação física.
O caso fortuito e a força maior excluem o dolo e a culpa e, consequentemente não há crime.
7. O “Iter Criminis”
É o caminho do crime. São quatro as etapas que deve percorrer:
Cogitação;
Preparação;
Execução; e
Consumação.
Cogitação: O agente apenas imagina, idealiza, prevê, antevê, planeja, deseja, representa mentalmente a prática do crime. Nessa fase não há o que se falar em punição. Pensar não é crime. Enquanto encarceradas na mente humana, a conduta é um nada, totalmente irrelevante para o Direito Penal. 
Preparação: Prática dos atos imprescindíveis à execução do crime. Nessa fase ainda não se iniciou a agressão ao bem jurídico. O agente começou a realizar o verbo constante da definição legal (núcleo do tipo), logo, ainda não se pode falar em punição. 
Como exemplos de atos preparatórios, temos: a aquisição de arma para a prática de um homicídio ou de uma chave falsa para o delito de furto e o estudo do local de um roubo.
Ressalta-se que, por vezes o legislador transforma os atos preparatórios em tipos penais. Exemplo: “petrechos para falsificação de moeda (art. 291), que seria apenas ato preparatório do crime de moeda falsa (art. 289); ainda, o porte ilegal de armas.
Execução: O bem jurídico começa a ser atacado. Nessa fase o agente inicia a realização do núcleo do tipo, e o crime já se torna possível.
Uma das questões tormentosas é a fronteira entre o fim da preparação e o início da execução. É muito tênue a linha divisória entre o término da preparação e a realização do primeiro ato executório.
O melhor critério de tal distinção é o que entende que a execução se inicia com a prática do primeiro ato idôneo e inequívoco para a consumação do delito.
Consumação: Quando todos os elementos que se encontram descritos no tipo penal foram realizados. Exemplo: O crime de furto se consuma no momento em que o agente subtrai, para si ou para outrem, coisa alheia a móvel, ou seja, no exato momento em que o bem sai da esfera de disponibilidade da vítima.
 Diferença entre crime consumado e exaurido:crime exaurido é aquele no qual o agente, após atingir o resultado consumativo, continua a agredir o bem jurídico, procura dar-lhe nova destinação ou tentar tirar proveito, fazendo com que sua conduta continue a produzir efeitos no mundo concreto, mesmo após a realização integral do tipo. Exemplo: Funcionário Público que, após atingir a consumação mediante a solicitação de vantagem indevida (art. 317, CP), vem efetivamente a recebê-la.
7.1. Tentativa
Conceito: Não consumação de um crime, cuja execução foi iniciada, por circunstâncias alheias a vontade do agente (art. 14, II, CP). 
Formas: 
Imperfeita: Há interrupção do processo executório; o agente não chega a praticar todos os atos de execução do crime, por circunstâncias alheias à sua vontade.
Perfeita ou Acabada: O agente pratica todos os atos de execução do crime, mas não o consuma por circunstância alheias à sua vontade.
OBS: Embora não haja distinção quanto à pena abstratamente cominada no tipo, o juiz deve levar em consideração a espécie de tentativa no momento de dosar a pena, pois, quanto mais próxima da consumação, menor será a redução (mais próxima 1/3), e vice-versa.
7.2. Desistência Voluntária e Arrependimento Eficaz
Conceito: São espécies de tentativa. O agente pretendia produzir o resultado consumativo, mas acabou por mudar de idéia, vindo a impedi-lo por sua própria vontade. Desse modo, o resultado não se produz por força da vontade do agente, ao contrário da tentativa, na qual atuam circunstâncias alheias a vontade.
Tentativa e crimes culposos: É incompatível com os crimes culposos, pois, como se trata de tentativa, pressupõe um resultado que o agente pretendia produzir (dolo), mas, posteriormente, desistiu ou se arrependeu, evitando-o.
Conceito de Desistência Voluntária: O agente interrompe voluntariamente a execução do crime, impedindo, desse modo, a sua consumação. Nela dá-se o início da execução, porém o agente muda de idéia e, por sua própria vontade, interrompe a sequência de atos executórios, fazendo com que o resultado não aconteça. Exemplo: O agente em um revólver municiado com seis projéteis. Efetua dois disparos contra a vítima, não a acerta e, podendo prosseguir atirando, desiste e vai embora.
Não se admitem desistência voluntária, nos crimes unissubsistentes (crimes que se constitui de ato único).
Conceito de Arrependimento Eficaz: O agente, após encerrar a execução do crime, impede a produção do resultado. Nesse caso, a execução vai até o final, não sendo interrompida pelo autor, no entanto, este, após esgotar a fase executória, arrepende-se e impede o resultado. Exemplo: O agente descarrega a sua arma de fogo na vítima, ferindo-a gravemente, mas, arrependendo-se do desejo de matá-la, presta-lhe imediato socorro impedindo o evento letal.
Crimes de Mera Conduta e Formais: Não comportam arrependimento eficaz, uma vez que encerrada a execução, o crime já está consumado, não havendo resultado naturalístico a ser evitado. Só é possível, portanto, nos crimes materiais, nos quais o resultado naturalístico é imprescindível para a consumação.
Distinção entre ato voluntário e ato espontâneo: A desistência e o arrependimento não precisam ser espontâneos, bastando que sejam voluntários. Por conseguinte, se o agente desiste ou se arrepende por sugestão de terceiro, subsistem a desistência voluntária e o arrependimento eficaz.
7.3. Arrependimento Posterior
Todo arrependimento é posterior, pois ninguém pode se arrepender antes de começar ou fazer alguma coisa.
É uma causa obrigatória de redução de pena.
Conceito: Causa de diminuição de pena que ocorre nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, em que o agente, voluntariamente, reparo o dano ou restitui a coisa até o recebimento da denúncia ou queixa (art. 16, CP). Exemplo: O agente aproveita de um descuido da vítima e acaba subtraindo um aparelho celular. No dia seguinte, arrependido pelo ato praticado, arrepende-se e devolve a vítima o celular. No caso o crime já havia se consumado com a apropriação do aparelho celular; no entanto, por não ter sido subtraído com violência ou grave ameaça, o agente, terá a pena reduzida de um a dois terços.
Objetivo: Estimular a reparação do dano nos crimes patrimoniais cometidos sem violência ou grave ameaça.
7.4. Crime Impossível
Conceito: É aquele que, pela ineficácia total do meio empregado ou pela impropriedade absoluta do material, é impossível de se consumar. (art. 17, CP)
Não se trata de causa de isenção de pena, mas de causa geradora de atipicidade, pois nãos e concebe queira o tipo incriminador descrever como crime uma ação impossível de realizar.
Hipóteses de Crime Impossível: 
Ineficácia Absoluta do Meio: O meio empregado ou o instrumento utilizado para a execução do crime jamais levarão à consumação. Um palito de dente para matar um adulto, uma arma de fogo inapta para efetuar o disparo, etc.
A ineficácia do meio, quando relativa, leva à tentativa e não ao crime impossível. Exemplo um palito é um meio relativamente eficaz para matar um recém-nascido, perfurando-lhe a moleira. Uma porção de açúcar é ineficaz para matar uma pessoa normal, mas apta para eliminar um diabético.
Impropriedade Absoluta do Objeto Material: A pessoa ou a coisa sobre o qual recai a conduta é absolutamente inidônea para a produção de algum resultado lesivo. Exemplo: matar um cadáver, ingerir substância abortiva imaginando-se grávida ou furtar alguém que não tem um único centavo no bolso.
A impropriedade não pode ser relativa, pois nesse caso haverá tentativa.Exemplo: O punguista enfia a mão no bolso errado. Houve circunstância meramente acidental que não torna o crime impossível. Se a vítima não tivesse nada nos dois bolsos o crime seria impossível.
8. RESULTADO
Conceito: Modificação no mundo exterior provocado pela conduta.
Evento: É qualquer acontecimento. Exemplo: um raio provoca um incêndio e mata uma pessoa. 
O resultado é a conseqüência da conduta.
8.1. Teorias
a) Naturalística: Resultado é a modificação do mundo exterior pela conduta. Ex: a perda patrimonial no furto, a conjunção carnal, no estupro, a morte no homicídio, a ofensa a integridade física nas lesões corporais, etc.
Nem todo crime possui resultado naturalístico, uma vez que há infrações penais que não produzem qualquer alteração do mundo natural.
Os crimes materiais são aqueles que se consumam com a produção do resultado naturalístico, como o homicídio, que se consuma com a morte.
Os crimes formais são aqueles em que o resultado naturalístico é até possível, mas irrelevante, uma vez que a consumação se opera antes e independente de sua produção. Exemplo é a extorsão mediante seqüestro (art. 159, do CP), que se consuma no momento em que a vítima é seqüestrada, sendo indiferente o recebimento da vantagem ilícita.
Os crimes de mera conduta: São aqueles que não admitem em hipótese alguma resultado naturalístico. Ex: desobediência (art. 330, CP), que não produz qualquer resultado no mundo concreto. 
OBS: No crime formal, o resultado naturalístico é irrelevante, muito embora possível; no delito de mera conduta, na existe tal possibilidade.
Jurídica ou Normativa: Resultado é toda lesão ou ameaça de lesão a um interesse penalmente relevante. Todo crime tem resultado jurídico porque sempre agride um bem jurídico protegido. Quinado não houve um resultado jurídico não existe crime. Assim, o homicídio atinge o bem - a vida; o furto e o estelionato – o patrimônio; a lesão corporal – a integridade física, etc.
9. NEXO CAUSAL
Conceito: É o elo concreto, físico, material e natural que se estabelece entre a conduta do agente e o resultado naturalístico, por meio do qual se estabelece entre a conduta do agente e o resultado naturalístico, por meio do qual é possível dizer se aquela deu ou não a causa a este.
Natureza: O nexo causal consiste em uma mera constatação acerca da existência de relação entre a conduta e o resultado. A sua verificação atende apenas às leis da física, mais especificamente, da causa e efeito. Por essa razão, a sua aferição independe de qualquer apreciação jurídica, como, por exemplo, da verificação da existência de dolo ou culpa por parte do agente. Exemplo: um motorista, embora dirigindo seu carro com absoluta diligência, acaba por atropelar e matar uma criança que se desprendeu da mão de sua mãe e precipitou sobre a roda do veículo. Mesmo sem atuar com dolo ou culpa, o motorista deu causa ao evento morte, pois foi o carro que conduzia que provocou a morte da criança.
Nexo Normativo: Para a existência do fato típico, no entanto, não basta a mera configuração do nexo causal. É insuficiente para tanto aferir apenas a existência de um elo físico entre ação e resultado. De acordo com a interpretação do artigo 18, do CP, é imprescindível que ao gente tenha concorrido com dolo ou culpa (quando admitida), uma vez que sem um ou outro não haveria fato típico. Assim, o motorista que deu causa à morte da criança, no exemplo citado, mas não cometeu homicídio, pois este tipo penal somente conhece as formas dolosas e culposas, razão pela qual o fato é considerado atípico.
Portanto, para a existência do fato típico são necessários: o nexo causal físico, concreto e o nexo normativo, que depende da verificação de dolo ou culpa.
Teoria Adotada pelo Código Penal (Artigo 13) – Equivalência dos antecedentes causais ou Conditio sine qua non – Todos os antecedentes causais se equivalem, de modo que não existe mais ou menos importante, tampouco diferença entre causa e concausa. Tudo o que concorrer de qualquer forma para a eclosão do resultado é considerado causa. Assim, para saber se uma conduta foi causa de um resultado naturalístico, basta suprimi-la hipoteticamente, isto é, fingir que ela não foi praticada, apagá-la, eliminá-la; se isto fizer com que o resultado desapareça, é porque a conduta foi sua causa (critério de eliminação hipotética).
Tudo, portanto, o que, retirado da cadeia de causa e efeito, provocar a exclusão do resultado considera-se sua causa. Demásio E. de Jesus retrata essa situação com o seguinte exemplo: “Suponha-se que A tenha matado B. A conduta típica do homicídio possui uma série de fatos, alguns antecedentes, dentre os quais podemos sugerir os seguintes: 1º) a produção do revólver pela indústria; 2º aquisição da arma pelo comerciante; 3º compra do revólver pelo agente; 4º) refeição tomada pelo homicida; 5º) embosca; 6º) disparo de projéteis na vítima; 7º) resultado morte. Dentro dessa cadeia de fatos, excluindo-se os fatos sob os números 1º a 3º, 5º, 6º, o resultado não teria ocorrido. Logo a refeição tomada pelo sujeito não é considerada causa. A esse sistema, dá-se o nome de “procedimento hipotético de eliminação”.
Diante da teoria da equivalência dos antecedentes, poderia haver uma responsabilização muito ampla, a medida que são alcançados todos os fatos anteriores ao delito. A resposta é negativa; pois, a responsabilidade penal, além do mero nexo causal exige o nexo normativo. Assim, é claro que o pai e mãe, do ponto de vista naturalístico, deram causa ao crime cometido pelo filho, pois, se ele não existisse, não teria realizado o crime. Não podem, contudo, serem responsabilizados por essa conduta, ante a ausência de voluntariedade. Se não concorrerem para a infração penal com dolo ou culpa, não existiu, de sua parte, conduta relevante para o Direito Penal, visto que não existe ação ou omissão típica que não seja dolosa ou culposa.
Superveniência Causal:
Causa: É toda condição que atua paralelamente a conduta no processo causal.
Concausas:São aquelas causas distintas da conduta principal, que atuam ao seu lado, contribuindo para a produção do resultado. Podem ser anteriores ou concomitantes à ação e concorre com esta par o evento naturalístico.
Espécies de Causas:
Dependentes: Origina da conduta e insere na linha normal do desdobramento da conduta. Exemplo: Atira em direção da vítima – perfuração em órgão vital – são desdobramentos normais da causa e efeito. A lesão do órgão vital, a hemorragia interna e externa, a parada cardiorrespiratória e a morte. Há uma relação de dependência, sem um ou o outro o resultado não existiria e, assim, por diante. Convém salientar que para a responsabilização do agente é também necessário o nexo normativo; já que estamos cuidando de mera relação física entre conduta e resultado. Exemplo: Alguém pode ter dado causa a um resultado, mas esse fato ser atípico, ante a inexistência do dolo ou a culpa.
Independentes: Refoge ao desdobramento causal da conduta, produzindo, por si só, o resultado. Seu surgimento não é uma decorrência esperada, lógica do fato anterior, mas totalmente inesperado. Exemplo: Não é consequência normal um simples susto levar a morte por parada cardíaca.
Essa Causa subdivide-se e: 
Absolutamente Independente: Não se origina da conduta e comporta-se como e por si só produzisse o resultado, não tendo uma decorrência normal e esperada. Não tem nenhuma relação com a conduta.
Podem ser:
Preexistentes: Genro atira na sogra, mas ela não morre em conseqüência dos disparos, e sim de um envenenamento provocado pela nora. Por ser anterior a conduta – causa preexistente;
Concomitantes: Não tem qualquer relação com a conduta e produzem o resultado independente desta, no entanto, por coincidência atuam exatamente no mesmo instante em que a ação é realizada. Exemplo: No exato momento em que o genro inocula veneno na sogra, dois assaltantes atiram e matam a sogra. É independente porque, por si só, produziu o resultado.
Supervenientes: Atuam após a conduta. Após o genro ter envenenado a sogra, antesdo veneno produzir o efeito, um maníaco invade a casa e mata a sogra a facadas. 
Consequências: Rompem totalmente o nexo causal, e o agente só responde pelos atos até então praticados. Em nenhum dos exemplos o genro deu causa à morte da sogra; logo, se não a provocou, não pode ser responsabilizado por homicídio consumado. Segundo Fernando Capez, responderá apenas por tentativa de homicídio. 
Relativamente Independente: Origina-se da conduta e comporta-se como se por si só tivesse produzido o resultado, não sendo uma decorrência normal e esperada. Tem relação com a conduta apenas porque dela se originou, mas é independente, uma vez que atua como se por si só tivesse produzido o resultado.
Podem ser:
Preexistentes: Antes da conduta. João desfere um golpe de faca na vítima que é hemofílica e vem a morrer em face da conduta, somada a contribuição do seu estado fisiológico. No caso a facada seria insuficiente para produzir o resultado. O processo patológico, contudo, só foi detonado a partir da conduta; razão pela qual sua independência é relativa. Causa anterior – preexistente.
Concomitantes: Ao mesmo tempo. João atira na vítima que, assustada, sofre um ataque cardíaco e morre. O tiro provocou o susto e, indiretamente, a morte. Causa do óbito - parada cardíaca e não hemorragia provocada pelo disparo. 
Supervenientes: A vítima de um atentado é levada ao hospital e sofre acidente no trajeto, vindo, por esse motivo a falecer. A causa é independente, porque a morte foi provocada pelo acidente e não pelo atentado; mas essa independência é relativa.
No caso aplica-se a “Teoria da Condicionalidade Adequada” – artigo 13, parágrafo 1º, do CP. No caso o agente responderá pelos fatos anteriores.
Outros exemplos: a morte da vítima que, em resultado do choque do ônibus com um poste de iluminação, sai ilesa do veículo e recebe uma descarga elétrica, que lhe causa a morte. A morte da vítima ao descer do veículo em movimento, embora tivesse o motorista aberto à porta antes do ponto de desembarque.
Consequências:Nenhuma causa relativamente independente rompe o nexo causal. Assim, não há como tirar da cadeia da causalidade o corte no braço do hemofílico, o tiro gerador do susto do homicida e o atentado que colocou a vítima na ambulância. Essas causas, ao contrário, das absolutamente independentes, mantém íntegra a relação causal entre a conduta e resultado. No caso das causas preexistentes e concomitantes, como existe nexo causa, o agente responderá pelo resultado, a menos não tenha concorrido por dolo ou culpa.
Nas causas supervenientes, embora exista o nexo causal, a lei, pro expressa disposição do art. 13, parágrafo primeiro, manda desconsiderá-lo, não respondendo o agente pelo resultado.
10. Tipicidade
Tipo: Modelo descrito das condutas humanas criminosas criadas pela Lei penal.
Conceito: É a o amoldamento de uma conduta praticada no mundo real ao modelo descritivo da lei (tipo legal). Para que a conduta humana seja considerada crime, é preciso que se ajuste a um tipo legal.
10.1. Erro de Tipo (art. 20, CP)
A falsa percepção da realidade, entendida como erro, pode recair tanto sobre os elementos constitutivos e circunstâncias do fato típico. Quando o erro é incidente sobre um elemento constitutivo do tipo legal de crime ele é tido como ERRO DE TIPO. 
   Erro de tipo: é aquele que recai sobre circunstância que  constitui elemento essencial do tipo. Ocorre quando o agente tem uma falsa percepção da realidade, sobre um elemento que integra a norma incriminadora.  No erro de tipo, é indiferente que o objeto do erro se verifique no mundo dos fatos, dos conceitos ou  das normas jurídicas. Importa, sim, que o erro incida sobre uma das estruturas, elementos do tipo penal.
Elementares: É tudo aquilo que eu retirar do tipo penal este desaparece ou se transforma em outro delito. Exemplo artigo 123, do CP: Mãe que mata, sob a influência do purpúreo, o próprio filho nascente (está nascendo) ou o novato (recém-nascido). Está mãe está sob a influência do estado puerperal – se retirar qualquer dos seus elementos – não há crime de infanticídio, mas homicídio.
Tipos Incriminadores: São aqueles que prescrevem o crime e fixa a pena. Exemplo: furto, roubo, homicídio, etc.
Tipos Permissivos: São aqueles que autorizam a conduta e o agente agindo em conformidade com o tipo não comete crime. Ex: legítima defesa; estado de necessidade, estrito cumprimento do dever legal e exercício regular de direito. 
Circunstância: Tudo aquilo que eu retirar do tipo penal, não altera; ou seja, o delito permanece o mesmo. Exemplo: Se o tipo penal, no caso do crime de roubo, na grave ameaça ou violência a pessoa, se o agente utiliza a arma ou outro expediente que produza a grave ameaça; ou, ainda, seja praticado por uma ou mais pessoas, o delito permanece o mesmo.
Como já citado, o erro de tipo incide sobre os elementos e circunstâncias do crime. Na verdade o erro é sobre a tipicidade, sobre os elementos do tipo incriminador. O erro incide sobre uma situação de fato. O erro incide sobre a realidade, sobre a situação de fato (art. 20, CP).
No erro de tipo o agente não sabe o que ele faz e por isso comente o crime. Comete o delito por erro. 
Exemplo de erro essencial sobre elementar do tipo incriminador: O agente subtrai uma bolsa alheia pensando que era sua, em razão da semelhança existente entre elas.
Exemplo de erro sobre elemento permissivo do tipo permissivo, o agente, ao encontrar seu desafeto, que ao colocar a mão no bolso, pensa que o mesmo vai sacar a sua arma; no entanto, ele atira primeiro e mata o seu desafeto. O fato existiu somente na cabeça do agente. Ele incide em erro sobre a elementar do tipo permissivo. Nesse caso o agente agiu em legítima defesa putativa (art. 20, parágrafo 1º, do CP).
Neste caso, quando se diz: legítima defesa putativa, descriminante putativa e erro sobre elemento do tipo permissivo – tudo é a mesma coisa.
Exemplo de erro sobre uma circunstância: Alguém entra em uma casa visando à subtração de coisa de alto valor; entretanto, subtrai um objeto de pequeno valor. No caso o agente errou em relação ao objeto; ou seja, sobre uma circunstância. O crime de furto continua existindo, apesar do erro do agente. Entretanto, trata-se de furto privilegiado ou mínimo, situação esta, prevista no artigo 155, parágrafo 2º, do CP. O juiz poderá substituir a pena de reclusão por detenção, aplicar uma pena diminuída de um a dois terços; ou, ainda, aplicar uma pena de multa.
Toda vez que o erro for sobre elementar do tipo (incriminador ou permissivo) tal erro sempre vai excluir o dolo; pois, ao praticar o crime sem querer, não age com dolo (parágrafo único do artigo 18, do CP). Todo erro essencial sobre elemento exclui o dolo. O agente jamais responderá por crime doloso.
No entanto, o erro sobre uma circunstância não exclui o dolo, o agente responde pelo delito cometido.
O erro essencial pode ser: 
Escusável, invencível e inevitável: Nesse tipo de erro o agente incide no erro em que qualquer pessoa incidiria nele. Exemplo – uma bolsa idêntica.
Inescusável, vencível e evitável: Aqui o agente é que “cai nele”, porque não agir com a cautela ou prudência. Se ele tivesse sido prudente o fato não teria acontecido. Neste caso, responderá por culpa, desde que haja a previsão legal (art. (art. 20, CP). No caso do delito de furto, não há modalidade culposa e, portanto não responderá pelo delito; no entanto, em caso do crime de homicídio, responderá a punição pelo homicídio culposo (art. 121, parágrafo 3º, CP).
Erro sobre a pessoa (art. 20, parágrafo 3º, do CP) – o erro quanto à pessoa contra a qual fora praticado o crime não isenta de pena, sendo esta aplicada como se atingida tivesse sido a pessoa realmente visada. Assim sendo, levar-se-ão em conta não as qualidades da pessoa atingida, mas aquelas da pessoa contra a qual o agente queria, efetivamente, praticar o crime. Exemplo: Filho quer matar o pai e acerta outra pessoa. No caso, o filho queria matar o seu pai e, portanto são as suas qualidades que serão aplicadasao caso. Assim, ele responderá por homicídio e aplicada a circunstância agravante prevista no (artigo 61, letra “e”, do CP), ou seja, contra ascendente.
         Outros Exemplos de Erro de Tipo 
a) Quem subtrai coisa que pensa ser sua.
b) Sujeito que tem cocaína em casa, supondo-se tratar de outra substância inócua.
                                   
c) Um caçador que dispara sua arma sobre um objeto escuro, imaginando tratar-se de um animal, e atinge uma pessoa.
d) A gestante que toma medicação imaginando tratar-se de remédio para dor de cabeça, quando na verdade é substância abortiva.
e) Indivíduo que mantém conjunção carnal com jovem de 14 anos, supondo ser a mesma maior de idade.
11. Classificação das Infrações Penais
Crimes comuns – O crime comum é aquele praticado por qualquer pessoa. Por exemplo, no homicídio o sujeito ativo é qualquer pessoa. 
Crime próprio – É aquele praticado por pessoa qualificada. Por exemplo, o crime de infanticídio se caracteriza pelo fato do sujeito ativo qualificado (mãe) matar seu filho (sujeito passivo), durante o parto ou logo após, sob influência do estado puerperal. 
Crime de dano – Exige uma efetiva lesão ao bem jurídico protegido para a sua consumação. (Ex: homicídio, furto, dano, etc.)
Crime Material – o crime só se consuma com a produção do resultado naturalístico. Exemplo – morte para o homicídio, a coisa móvel para o furto, etc.
Crime Formal: O tipo não exige a produção do resultado para a consumação do crime, embora seja possível a sua ocorrência. Exemplo: ameaça, extorsão mediante seqüestro – pouco importa se recebe ou não a importância exigida, o crime já se consumou, corrupção ativa, etc.
Crime de Mera Conduta: O resultado naturalístico não é apenas irrelevante, mas impossível. Crime de desobediência e violação de domicílio, em que não existe nenhum resultado.
Crime Instantâneo: Consuma em um dado instantes em continuidade no tempo. Exemplo: homicídio.
Crime Permanente: O momento consumativo se protrai no tempo, e o bem jurídico é continuamente agredido. Exemplo: seqüestro.
Crime Simples: Apresenta um único tipo penal. (homicídio, furto, etc.)
Crime Complexo: Resulta da fusão de dois ou m ais tipos penais. Latrocínio e extorsão mediante seqüestro).
Crime Unissubsistente: É aquele que se perfaz com um único ato. (injúria verbal)
Crime Plurissubsistente: É aquele que exige mais de um ato para a sua realização. (estelionato)
Crime habitual: É o composto pela reiteração de atos que revelam um estilo de vida do agente, por exemplo, rufianismo (art. 230), exercício ilegal de medicina (282). Só se consuma com a habitualidade do agente.
Crimes comissivos, omissivos, comissivos por omissão e omissivos por comissão – Para que alguém seja responsabilizado por um crime, esse alguém deve praticar uma conduta (ação ou omissão). A maioria dos crimes a conduta é praticada mediante uma ação, por exemplo, estupro, homicídio, etc. Portanto, estes crimes são chamados de comissivos. 
Outros crimes são realizados por omissão, logo são chamados de omissivos. Nesse sentido, a omissão se caracteriza pela conduta do agente de deixar de fazer alguma coisa. Por exemplo, crime de prevaricação (funcionário deixa de fazer algo que ele tinha obrigação de fazer), omissão de socorro, etc. 
O crime comissivo por omissão é aquele que o agente pratica uma conduta comissiva, porém, excepcionalmente, o resultado ocorre pela omissão. Por exemplo, a mãe que deixa, propositalmente, de alimentar o filho até que ele morra. Embora o homicídio seja considerado um crime comissivo, nesta hipótese, será tratado como crime comissivo por omissão, pois a morte do filho ocorreu pela falta de alimentação que era um dever da mãe. 
O crime omissivo por comissão é aquele que ocorre através de uma abstenção proporcionada praticada pela ação de outrem. Por exemplo, “é o caso do agente que impede outrem, pelo emprego da força física, de socorrer pessoa ferida”.
QUESTÕES 
    
Explique o que é crime, formal , material e analítico.
Explique o quem é sujeito ativo do crime e sujeito passivo. 
Explique o que teoria finalista bipartida e tripartida. 
O que é fato típico formal e material?
Explique os elementos do fato típico material e formal. 
Quais são as formas de conduta?
 Explique causas absolutamente independentes: preexistentes, concomitantes e supervenientes e causas relativamente independentes preexistentes, concomitantes e supervenientes.
 Conceitue dolo?
  Onde está previsto do dolo no código penal? 
 Explique dolo direto e indireto?
  Conceito de culpa? 
 Explique Negligência, Imperícia e imprudência.
 Explique culpa consciente e inconsciente. 
 Diferença culpa consciente e dolo eventual? 
 Conceitue resultado naturalístico e resultado normativo? 
 Quais são os crimes que não possuem resultado? 
 Conceito de nexo de causalidade? 
 Explique o que é a Teoria da equivalência dos antecedentes. 
 Explique o dever de agir imposto por lei. 
 Explique dever de agir de quem assumiu a responsabilidade de evitar o resultado. 
 Conceito de tipicidade? 
 Sobre o enfoque analítico, qual o conceito de crime?
 O que se entende por sujeito do crime?
 O sujeito ativo do crime é o ser humano. Existe exceção? Qual?
 Quanto à capacidade do sujeito ativo, o que se entende por crime comum?
 Quanto à capacidade do sujeito ativo, o que se entende por crime próprio ou especial?
 O que se entende por elementares?
 O que se entende por circunstancias?
 Pessoa jurídica pode ser sujeito passivo de crime? Qual?
 Pessoa jurídica pode ser sujeito ativo de crime? Qual?
 Dê um exemplo de algum dispositivo legal que comprove isso.
 O que se entende por sujeito passivo de crime?
 Quem é o sujeito passivo constante (formal, genérico, geral ou mediato) ?
 Quem é o sujeito passivo material (eventual) ?
 Animal pode ser sujeito ativo de crime? E passivo?
 Cadáver pode ser sujeito passivo de crime?
 O que se entende por objeto material do crime?
 O que se entende por objeto jurídico do crime?
 O que se entende por crimes plurissubjetivos?
 O que se entende por crime de mera conduta? Dê exemplos.
 O que se entende por crimes comissivos? Dê exemplos.
 O que se entende por crimes omissivos? Dê exemplos.
O que entende por crimes instantâneos?
 O que se entende por crimes permanentes?
 O que se entende por iter criminis e quais são as sua etapas?
 O que se entende por crime consumado? É a mesma coisa que crime exaurido?
 O que se entende por crime tentado?
O que se entende por crime unissubsistente?
O que se entende por crimes plurissubsistentes?
 Identifique no Código Penal o conceito de crime doloso e de dolo eventual.
O que se entende por crime preterdoloso?
O que esse entende por crime habitual?
 O que se entende por crime continuado?
 Existe crime sem resultado? Exemplifique.
 O que é crime impossível?
O que se entende por arrependimento eficaz?
O que se entende por desistência voluntária?
O que é o arrependimento posterior? Dê exemplo.
Quais são os critérios de aferição da inimputabilidade?
João com 17 anos, 11 meses e 29 dias de idade atira e mata Pedro. No caso ele pode ser considerado imputável, uma vez que Pedro morreu depois de 15 dias do da ocorrência do fato? Explique em relação a teoria da ação.
O que é caso furtuito ou força maior?
O que é o nexo causal?
O que o nexo normativo?
O que é tipicidade?
O que é o erro de tipo?
O que são as discriminantes putativas?
Dê exemplos de erro de tipo.
O que é crime complexo?
Ocorre erro de tipo quando o agente se equivoca escusavelmente sobre a ilicitude do fato, determinando a lei que, nesse caso, o agente fique isento de pena.
( ) certo ( ) errado
O menor de dezoito anos de idade é isento de pena por inimputabilidade, mas é capaz de agir com dolo, ou seja, é capaz de praticar uma ação típica.
 ( ) certo ( ) errado
Considere a seguinte situação hipotética. Antônio, com intenção homicida, envenenou Bruno, seu desafeto. Minutos após o envenenamento,Antônio jogou o que supunha ser o cadáver de Bruno em um lago. No entanto, a vítima ainda se encontrava viva, ao contrário do que imaginava Antônio, e veio a falecer por afogamento. Nessa situação, Antônio agiu com dolo de segundo grau, devendo responder por homicídio doloso qualificado pelo emprego de veneno.
 ( ) certo ( ) errado
 BOM ESTUDO
OBSERVAÇÃO: A PRESENTE APOSTILA REFERE-SE AOS ASSUNTOS TRATADOS EM SALA DE AULA. PARA A PROVA O ALUNO TAMBÉM DEVERÁ CONSULTAR A BIBLIOGRAFIA INDICADA PARA O CURSO. O CONTEÚDO SERVE APENAS COMO UMA TRILHA PARA O ESTUDO.

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