Buscar

TEORIA DO CRIME

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 31 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 31 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 31 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

TEORIA DO CRIME - FATO TÍPICO, ILÍCITO E CULPABILIDADE 
 
I - FATO TÍPICO: 
• CONDUTA; RESULTADO; RELAÇÃO DE CAUSALIDADE (NEXO CAUSAL) e TIPICIDADE. 
• TEORIAS DA CONDUTA: 
- Clássica, causal, naturalística ou mecanicista: idealizada por Franz von Liszt, Ernest 
von Beling e Gustav Radbruch no início do século XIX, não leva em consideração a 
finalidade da conduta, basta haver uma ação voluntária para que esteja caracterizada 
a conduta. Há uma separação entre a conduta (movimento corporal objetivo – vontade) 
e a intenção do agente (dolo ou culpa). É uma análise objetiva, não leva em consideração 
o dolo e a culpa do agente, só analisarei no momento da culpabilidade, a interpretação 
é a mesma, porém aqui analisa-se o fato típico meramente pela conduta de modo 
isolado da culpabilidade. 
A culpabilidade adota a teoria psicológica, imputabilidade e dolo ou culpa como 
finalidade. Liga a ação ao resultado, vínculo subjetivo. 
Críticas à teoria clássica da conduta: não explica o crime tentado, pois se é ação não 
cabe só mera tentativa; não explica o plano omissivo, só explica comissivo com base na 
ação; não é possível separar a vontade humana (conduta) de sua finalidade (dolo). 
O conceito analítico de crime na teoria clássica é tripartite: fato típico, antijurídico e 
culpável. 
O examinador também pode falar que a teoria naturalista pode ser comportamento em 
vez de ação. 
 
- Neokantista (ou causalista neoclássica): a diferença entre essa teoria e a clássica é 
que ela defende que o COMPORTAMENTO voluntário caracteriza a conduta, não a 
AÇÃO, sendo assim, aborda tanto crimes omissivos quanto comissivos. 
A culpabilidade adota a teoria normativa ou psicológico-normativa, agora a 
culpabilidade possui imputabilidade, dolo ou culpa e exigibilidade de conduta diversa. 
Houve uma evolução. As provas têm tratado a teoria neokantista como clássica. 
 
- Teoria finalista (ou final): Hans welzel, meados do séc. XX. A conduta é 
comportamento humano voluntário dirigido a um fim (ilícito). O agente pretende 
praticar uma ação criminosa, antevê o resultado e posteriormente pratica a conduta 
voltada para alcançá-lo. 
O dolo e a culpa passam a integrar o conceito de conduta, agora não mais separado na 
culpabilidade. O dolo é chamado de dolo natural, pois não tem consciência da ilicitude. 
 A culpabilidade, sem os elementos de dolo e culpa, passa a ser denominada de 
culpabilidade vazia. 
Teoria normativa pura será adotada na culpabilidade: imputabilidade; exigibilidade de 
conduta diversa; potencial consciência da ilicitude. 
Críticas à teoria finalista: não trata do ato culposo, pois o crime culposo não tem uma 
finalidade, a conduta não era dirigida a uma finalidade, a teoria finalista só explica os 
crimes dolosos. A teoria finalista entende que pode existir crime sem que haja 
culpabilidade. 
 
- Teoria Cibernética: evolução da finalista: welzel trata agora da culpa, resolve o 
problema da teoria finalista sobre não abranger os crimes culposos, agora ela adota que 
a conduta não é dirigida a um fim ilícito, mas simplesmente a uma finalidade, é o 
controle da vontade. 
- Teoria Social da Conduta: o que é crime hoje, pode não ser crime amanhã, a sociedade 
está em constante evolução, a teoria em questão adota que não se pode afirmar o que 
é a conduta agora pois futuramente ela pode mudar, ela deve ser adaptada conforme a 
realidade, para essa teoria, a conduta é o comportamento voluntário dirigido a um fim 
socialmente reprovável, o elemento sociológico (reprovável) é o que definirá a conduta. 
A estrutura de crime adotada é a mesma do finalismo, mas com o acréscimo da 
relevância social no conceito da conduta. 
Principal crítica: o conceito de relevância social é muito vago. 
A teoria social nunca foi efetivamente aceita. Mantém-se a adoção da teoria finalista. 
 
• RESUMINDO TEORIAS: 
A conduta de acordo com a teoria: 
- Clássica, será uma ação que causa mudança no mundo exterior. 
- Neokantista, será um comportamento (ação ou omissão) que causa mudança no 
mundo exterior. 
- Finalista, será um comportamento (ação ou omissão) dirigido a um fim. 
- Social, será um comportamento (ação ou omissão) dirigido a um fim socialmente 
relevante. 
 
• Teorias Funcionalistas (mais modernas, porém não são tão cobradas): 
- O direito penal possui uma função (missão) e seus instintos devem ser voltados para 
ela. 
- De acordo com a função que o direito penal buscar é que deve ser compreendida a 
conduta. 
- Essas teorias ganharam força na segunda metade do século XX, na Alemanha, por meio 
de Claus Roxin – funcionalismo teleológico – e Gunther Jakobs – funcionalismo radical, 
ou sistêmico. 
 
• CONDUTA (elemento do fato típico): 
- Independente da teoria adotada, a conduta será considerada um movimento humano 
voluntário. Logo, a conduta deve ser voluntária e deve repercutir no mundo exterior. O 
desejo interno do agente não será considerado conduta. A conduta pode se exteriorizar 
por ação (leis penais proibitivas) ou por omissão (leis penais preceptivas – exigem um 
comportamento daquele que podia e devia agir). Somente o ser humano pode realizar 
uma conduta. Todavia, pode se valer de animais para o alcance do resultado. Obs.: a PJ 
pode praticar crimes. 
- Não há crime sem conduta, uma vez que é um dos elementos do fato típico. 
- Os elementos da conduta serão: 
a) Comportamento voluntário dirigido a um fim: dolo e culpa integram este 
elemento. No dolo a finalidade é a lesão ou perigo de lesão de um bem jurídico. 
Na culpa, a finalidade é a prática de um ato cujo resultado seja capaz de causar 
lesão ao bem jurídico. 
b) Exteriorização da vontade: comportamento comissivo ou omissivo que externa 
o elemento psíquico. 
 - Causas de exclusão da conduta: em todas, há a ideia de involuntariedade 
a) Caso fortuito e força maior: imprevisibilidade e inevitabilidade, caso fortuito é 
o acontecimento imprevisível e inevitável provocado pelo comportamento 
humano (greve de trabalhadores); força maior é o acontecimento imprevisível 
e inevitável provocado pela ação da natureza (terremoto) 
b) Estado de inconsciência completa: estado de sonambulismo ou hipnose 
c) Movimentos reflexos: reação motora automática a um estímulo externo. 
Exemplo, se eu me levantar rapidamente de uma cadeira após um susto, eu 
estava com uma tesoura na mão e sem querer matei uma pessoa que estava 
atras de mim quando levantei com a tesoura. 
d) Coação física irresistível (vis absoluta): a pessoa é coagida fisicamente a fazer 
algo que não queria, por exemplo se uma pessoa agarra a mão da outra para 
assinar algo ou para soltar um gatilho, é diferente da moral que não há esse ato 
de tortura física e sim uma coação moral. É vis absoluta porque não resta 
absolutamente nenhuma outra alternativa. Exclui a conduta, afasta o fato 
típico, não a culpabilidade, portanto, o fato é atípico, pois não foi um 
comportamento humano voluntário. É diferente de coação moral irresistível (vis 
compulsiva), pois analisamos o âmbito da culpabilidade e não da conduta, é a 
inexigibilidade de uma conduta diversa, exclui a culpabilidade não a conduta, a 
moral seria o caso de uma pessoa ameaçada por um matador, ele irá matar toda 
sua família se essa pessoa não matar um fulano seu vizinho a mando deste 
matador. 
 
• RESULTADO (elemento do fato típico): 
 - Há crime sem resultado? Depende, é possível haver crime sem resultado naturalístico 
(modificação no mundo exterior), a exemplo do que ocorre nos crimes tentados, crimes 
formais (resultado naturalístico dispensável) e nos crimes de mera conduta (ausência de 
resultado naturalístico, tem resultado jurídico somente), omissivo próprio e habitual 
também não necessita de resultado naturalístico para se consumar. 
- Todo crime tem resultado jurídico, porque sempre agride um bem tutelado pela 
norma, mas nem todo crime terá um resultado naturalístico. 
- Crime material: só se consuma coma produção de um resultado naturalístico. 
- Crime formal: quando a intenção do agente é presumida de seu próprio ato, que se 
considera consumado independente do resultado, como é o exemplo de falsidade de 
moeda ainda que não venha a circular. Basta ter resultado jurídico para consumação. 
- Crime de mera conduta: não há resultado, a conduta do agende por si só configura, é o 
caso do porte ilegal de armas ou da ameaça, não se confunde com o crime formal. 
- Resultado naturalístico: modificação no mundo exterior em decorrência da conduta do 
agente. Art. 13 do CP, trata do resultado naturalístico, do efeito material da conduta. 
- Resultado jurídico (ou normativo): lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado pela 
norma penal. Ou seja, a violação da lei penal gera o resultado. 
 
• CRIME DOLOSO (dentro da conduta) 
Art. 18, CP: crime doloso se caracteriza quando o agente quis o resultado (dolo direto) ou 
assumiu o risco de produzi-lo (dolo eventual). O dolo integra a conduta, segundo a teoria 
finalista, é o elemento psicológico (subjetivo) do tipo penal. 
- Possui dois elementos: vontade (elemento volitivo) e consciência da conduta e do resultado 
(elemento intelectivo ou cognitivo). 
1. Elemento Volitivo – o agente quer a produção do resultado de forma direta (dolo direto) 
ou admite a sua ocorrência (dolo eventual). 
2. Elemento Intelectivo ou Cognitivo – efetivo conhecimento de que determinado 
comportamento (conduta) vai gerar determinado resultado (elementos integrantes do 
tipo penal objetivo). 
- Teorias do Dolo: 
1. Teoria da Vontade: dolo direto, o agente prevê o resultado e tem a vontade de produzi-
lo, é adotada pelo Brasil. 
2. Teoria da Representação (ou possibilidade): para configurar o dolo, basta haver a 
previsão do resultado. Deve ser preponderante o elemento intelectivo e não o volitivo. 
Se o resultado era previsível, o agente responde por ele, independentemente de sua 
vontade, é a culpa consciente, não é adotada essa teoria no Brasil. 
3. Teoria do Consentimento (ou assentimento, ou anuência): é o dolo eventual, há dolo 
não somente com a vontade de produzir o resultado, mas também quando realiza a 
conduta assumindo o risco de produzi-lo, é adotada pelo Brasil. 
- Espécies de Dolo: 
1. Dolo Natural (incolor, avalorado, neutro): tem como elementos a consciência (elemento 
intelectivo) e a vontade (elemento volitivo). Para a teoria finalista, a consciência da 
ilicitude não integra o dolo, mas sim a culpabilidade e é potencial. 
 
2. Dolo Normativo (colorido, valorado, híbrido): tem como elementos a consciência, a 
vontade e a consciência da ilicitude. 
 
3. Dolo Direto (determinado, imediato, intencional, incondicionado): vontade dirigida a 
um resultado determinado. Ligado à teoria da vontade – o agente prevê o resultado e 
tem a vontade de produzi-lo. 
 
4. Dolo Indireto (indeterminado): o agente não dirige a conduta a um resultado 
determinado. Divide-se em dolo alternativo e dolo eventual. 
 
a) Dolo alternativo: o agente prevê a possibilidade de ocorrência de 
diversos resultados e dirige sua conduta para a produção de qualquer 
deles. O agente vai ficar igualmente satisfeito com qualquer dos 
resultados. Deverá responder pelo resultado mais grave, ainda que na 
modalidade tentada. 
b) Dolo Eventual: o agente prevê a possibilidade de ocorrência de diversos 
resultados, dirige sua conduta para um deles (menos grave), mas 
assume o risco de produção do resultado mais grave. O agente 
responderá dolosamente pelo resultado alcançado. 
“Seja o que for, dê no que der, em qualquer caso não deixo de agir.” 
- Possível em razão da Teoria do Consentimento ou Assentimento: há 
dolo não somente com vontade de produzir o resultado, mas também 
quando realiza a conduta assumindo o risco de produzi-lo. 
- O dolo eventual é aplicável a todo e qualquer crime que, com ele, seja 
compatível. Todavia, alguns tipos penais impõem o dolo direto. Ex.: art. 
180, CP “coisa que sabe ser produto do crime.” 
 
5. Dolo de Propósito (ou refletido, porque ele pôde refletir sobre como planejar o crime): 
decorrente da reflexão prévia do agente, ainda que por breve espaço de tempo. Ex.: 
crimes premeditados. 
 
6. Dolo de Ímpeto (repentino): conduta criminosa é praticada sob o domínio de violenta 
emoção. Não há intervalo relevante entre a cogitação (fase interna do iter criminis) e 
os atos executórios. Ex.: crimes passionais; homicídio privilegiado (logo em seguida a 
injusta provocação da vítima). Pode incidir a atenuante genérica prevista no art 65, III, 
“c”, CP – “sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima”. 
 
 
7. Dolo Genérico: o tipo penal não exige uma finalidade específica para que seja 
reconhecido. Ex.: matar alguém. Não importa a finalidade específica para o qual foi 
cometido o crime. A distinção entre dolo genérico e específico tinha mais relevância na 
teoria causalista. 
 
8. Dolo Específico: o tipo penal exige uma finalidade especial. Ex.: art. 159 – “sequestrar 
pessoas com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem como condição 
ou preço do resgate". 
 
9. Dolo geral, por erro sucessivo ou dolus generalis: o agente pratica uma conduta 
buscando determinado fim. Entretanto, após supor tê-lo alcançado, pratica outra 
conduta que, esta sim, gera o resultado inicialmente almejado. Ex.: uma pessoa dá uma 
facada a fim de matar alguém, porém, essa pessoa que matou acreditando ter matado, 
precisa se livrar do corpo e o joga em um rio, no corpo de delito verifica-se que a vítima 
morreu por afogamento e não pela facada, ela ainda estava viva. 
- Trata-se de erro acidental no que tange ao meio de execução do crime. 
- Se o dolo é geral, o agente será responsabilizado pela finalidade que visava atingir, 
ainda que esta tenha ocorrido por outro meio. 
 
10. Dolo presumido ou dolo in re ipsa: presume-se o dolo do agente, apesar de não haver 
comprovação de sua participação ou autoria. Não é aplicado no Direito Penal Brasileiro, 
uma vez que não se admite a responsabilização penal objetiva. 
 
11. Dolo atual ou concomitante: o agente tem a intenção de praticar o delito durante toda 
a prática dos atos executórios. Este é o dolo de maior relevância para o direito penal. 
 
12. Dolo subsequente ou sucessivo: dolo posterior à conduta típica. Parte da doutrina 
considera esse dolo irrelevante, uma vez que a conduta típica já foi praticada. 
 
13. Dolo de Primeiro Grau: trata-se do dolo direto. O resultado almejado, com consciência 
e vontade, por meio da prática de uma conduta. 
 
14. Dolo de Segundo Grau (ou de consequências necessárias): é uma espécie de dolo direto 
e não de dolo eventual. O resultado buscado imediatamente pelo agente (dolo de 
primeiro grau) necessariamente atingirá outros bens jurídicos ou outras vítimas. São os 
efeitos colaterais, de ocorrência certa. O agente não busca esses efeitos, mas sabe que 
eles vão ocorrer para que o intento inicial seja alcançado. É o caso de soltar uma bomba 
no avião a fim de matar uma pessoa específica, porém sabendo que outras pessoas 
também irão morrer. 
 
- Dolo de 2º grau vs Dolo eventual: 
- Dolo de 2º grau – o resultado colateral é certo e necessário. 
- Dolo Eventual – o resultado é incerto, desnecessário, eventual. 
 
15. Dolo de terceiro grau: não é muito aceito, mas tomamos como exemplo uma 
consequência do dolo de segundo grau, por exemplo, uma mulher grávida que sofre um 
aborto mediante a bomba no avião, o agente irá responder também por esse crime 
como se fosse uma consequência da consequência. 
 
 
• CRIME CULPOSO (dentro da conduta): 
 
- Art. 18, II: culposo quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, 
negligência ou imperícia. Parágrafo único: salvo os casos expressos em lei, ninguém 
pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente. 
 
- O crime culposo ocorre mediante a conduta humana voluntáriaque gera um resultado 
ilícito não querido pelo agente, mas que lhe era previsível (culpa consciente), ou 
deveria ser previsível (culpa inconsciente), e que poderia ter sido evitado se o agente 
tivesse agido com cuidado. 
 
- No crime culposo, a conduta do agente não é dirigida a uma finalidade ilícita. Logo, o 
crime culposo é incompatível com a tentativa. Como que o agente vai tentar um 
resultado que ele não queria gerar? Por isso não cabe, EM REGRA, porém, na exceção 
existe uma espécie de crime culposo (culpa imprópria) admite a tentativa). 
 
- Elementos da Culpa: 
 
1. Comportamento Humano Voluntário: a voluntariedade concerne a prática de 
uma conduta e não a finalidade de obtenção do resultado ilícito, caso contrário 
estaríamos diante da conduta dolosa, a finalidade não é voluntária, mas a 
conduta é. 
O comportamento culposo pode ocorrer por meio de uma ação ou omissão. 
Eventualmente, o comportamento pode ser ilícito por si só (ex.: conduzir veículo 
com velocidade superior à permitida para a via), mas não tem o propósito de 
alcançar o resultado naturalístico ocorrido. 
 
2. Violação do dever de cuidado objetivo: a vida em sociedade impõe um cuidado 
a cada pessoa com seus semelhantes. 
Existem três formas de violação do dever de cuidado objetivo, também 
chamadas de modalidade da culpa: 
Imprudência: forma positiva da culpa (culpa in agendo); o agente age sem 
observância do cuidado necessário ao caso. 
Negligência: forma negativa da culpa (culpa in omitendo); o agente deixa de 
observar um cuidado necessário antes de iniciar a conduta. 
Imperícia: culpa profissional; trata-se de culpa profissional pois ocorre com a 
falta de aptidão técnica no exercício de arte, profissão ou ofício. O agente está 
autorizado a exercer a arte, profissão ou ofício, mas não possui conhecimento 
técnico suficiente para exercê-la. Se o agente sequer tinha autorização para 
exercer a atividade, pode ser punido por dolo eventual. Nem toda violação do 
dever objetivo de cuidado no exercício de arte, profissão ou ofício configura 
imperícia. Ex.: motorista de ônibus que dirige com velocidade incompatível à via 
e causa acidente (imprudência); médico que esquece de observar procedimento 
obrigatório antes da cirurgia e causa a morte em seu paciente (negligência). 
 
3. Resultado naturalístico involuntário: é necessária a ocorrência de um resultado 
naturalístico, caso contrário, a conduta culposa será penalmente irrelevante, 
deve haver um transtorno, um dano. 
Em regra, os crimes culposos são crimes materiais. 
Uma rara exceção é o crime do art. 38, Lei 11.343/06 – prescrever (...) 
culposamente, drogas, sem que delas necessite o paciente.” 
 
4. Nexo entre a conduta e o resultado: como crime material e, em consonância 
com a teoria da conditio sine qua non, adotada no art. 13 do CP, deve haver a 
relação de causalidade entre a ação ou omissão voluntária e o resultado 
involuntário. 
 
5. Tipicidade: é necessário que eu tenha a previsão expressa em lei, para 
configurar crime culposo. Tem um caráter excepcional. 
 
6. Previsibilidade objetiva: é a capacidade de previsibilidade da conduta resultar 
em ilícito. Vamos supor que um pai está com seu filho de 3 anos em uma via e 
para na faixa de pedestre, porém, o filho de 3 anos solta o freio de mão e o carro 
atropela um pedestre que vem a falecer, esse pai responderá pelo crime de 
homicídio culposo? Não, pois não houve a previsibilidade objetiva, um pai 
jamais ia prever que um filho de 3 anos fosse ocasionar tamanho dano, o mesmo 
ocorre quando, por vias de fato, empurro alguém em uma praia com o intuito 
só de intimidar, em cima da areia fofa, porém, embaixo da areia havia uma 
pedra que NINGUÉM observou e o homem bateu a cabeça e faleceu, isso 
também não configuraria homicídio culposo, pois não há previsibilidade 
objetiva. 
 
- Espécies de Culpa: 
1. Culpa Inconsciente (sem previsão, ex ignorantia): 
O agente não prevê o resultado, o qual era objetivamente previsível por 
qualquer ser humano, mesmo que pelo agente não. Ou seja, no lugar do agente, 
qualquer pessoa teria previsto a possibilidade de ocorrência do resultado 
naturalístico. 
2. Culpa Consciente (com previsão, ex lascívia): 
O agente prevê o resultado e realiza a conduta porque acredita sinceramente 
que ele não ocorrerá. Mas há previsão da ocorrência. 
O Código Penal Militar conceitua a culpa inconsciente e consciente em seu 
artigo 33, II. 
 
- Como distinguir a culpa consciente do dolo eventual? 
Na culpa consciente o agente prevê o resultado, mas acredita sinceramente 
que não irá produzi-lo. Confia em sua habilidade para evitar o resultado. 
No dolo eventual o agente prevê o resultado, acredita que não irá produzi-
lo, mas não se importa se ele vier a ocorrer. 
Diferenciamos os dois na análise do caso concreto, não na análise psicológica 
do agente, porque isso não importa para a análise. 
 
3. Culpa Indireta ou Mediata: quando o agente, a título de culpa, gera o resultado 
naturalístico de forma indireta, isto é, uma conduta prévia gerou a possibilidade 
de ocorrência do resultado. Importante observar que deve haver uma relação 
eficiente, próxima entre a conduta do agente e o resultado provocado. Por 
exemplo, quando uma pessoa vai roubar a vítima, porém a vítima assustada 
corre e é atropelada no meio da rodovia, o agente irá responder de forma 
indireta, mediata pelo resultado naturalístico que ocasionou (a morte), visto 
que não fosse isso ela estaria viva, o agente não queria matar, ele queria só 
assaltar, mas acabou decorrendo no resultado morte pois ela saiu correndo 
assustada. Se a vítima foi assaltada e 3 horas depois atordoada em casa sai e é 
atropelada não caracteriza culpa mediata visto que não há uma relação próxima 
entre a conduta e o resultado. 
 
4. Culpa Própria ou culpa propriamente dita: 
É a espécie comum de culpa. O agente não quer e não assume o risco de 
produzir o resultado, mas este ocorre por negligência, imprudência ou 
imperícia. Art. 18, II, CP. Incabível a tentativa. 
 
 
5. Culpa Imprópria ou por equiparação, por assimilação, por extensão: 
É culpa que decorre de erro culposo sobre a legitimidade da ação realizada. 
O agente prevê o resultado e deseja produzi-lo. Entretanto, por erro evitável, o 
agente supõe uma situação que não existe. Se existisse, justificaria sua ação. Há 
a intenção (dolo), mas o agente responde na modalidade culposa, por razões de 
política criminal. Tomamos como exemplo o caso hipotético de um pai que vê 
um vulto entrando na sua casa 5 da manhã, porém, por achar que todos de sua 
casa estavam anteriormente na casa e não na rua, supôs que seja um ladrão e 
pega sua arma de fogo e atira, porém, quando observa é sua filha, deste modo 
ele responderia com dolo pois ele tinha a intenção de matar o ladrão, porém o 
código penal trouxe a previsão da culpa imprópria para casos como este. A 
descriminante putativa, conforme prevê o art. 20, §1º CP, destaca que não há 
isenção de pena para culpa imprópria, é onde prevemos neste art. A culpa 
imprópria. 
Admite tentativa, é a exceção. 
 
 
O direito penal brasileiro admite a compensação de culpas? 
Não, cada agente será responsável pelo resultado produzido. Ex.: dois veículos 
que furam o sinal vermelho e geram lesões um contra o outro. 
 
O direito penal brasileiro admite a concorrência de culpas? 
Sim, neste caso, apesar de não haver concurso de pessoas (ausência de vínculo 
subjetivo), ambos respondem pelo delito culposo. Ex.: dois veículos que furam 
o sinal vermelho e, do acidente, atingem um pedestre que vem a morrer. 
 
- Causas de Exclusão da Culpa: 
 
1. Caso fortuito e força maior: não há previsibilidade do resultado, elemento 
indispensável da culpa. 
2. Princípio da confiança: o dever objetivo de cuidado é imposto a todos. Aquele 
que cumpre as regras do convívio social espera que os outros também o faça. 
Ex.: motorista que,na velocidade da via, atropela pedestre que atravessou fora 
da faixa, sem qualquer aviso prévio. 
3. Erro Profissional: é diferente da imperícia, pois esta é falta de aptidão técnica. 
O erro profissional é decorrente das técnicas falíveis da ciência. O agente atua 
dentro das possibilidades da ciência, mas não impede o resultado naturalístico. 
Ex.: o médico que é incapaz de curar um tumor no cérebro. 
4. Risco Tolerado: seja qual for a atividade humana, sempre há algum risco de 
acidentes. Esse risco é inerente à vida em sociedade. Quanto mais essencial e 
imprescindível for a prática de determinada atividade, mais tolerável é o risco. 
Ex.: médico que faz a cirurgia de paciente em estado terminal não será punido 
por sua eventual morte durante o procedimento cirúrgico. A missão especial 
pioneira que falha e mata os astronautas não vai gerar responsabilização penal 
para os engenheiros do projeto. 
 
 
• CRIME QUALIFICADO PELO RESULTADO: 
Agravação pelo resultado: art. 19; há 4 tipos de crimes agravados pelo resultado; todo 
crime agravado pelo resultado é crime único, mas complexo, pois resulta da fusão de 
dois ou mais tipos penais; o crime preterdoloso é apenas uma espécie de crime 
qualificado pelo resultado. 
 
1. DOLO + DOLO: 
Dolo na Conduta Antecedente e dolo no resultado agravador (dolo no 
antecedente e dolo no consequente). Ex.: roubo qualificado, o famoso 
latrocínio, cuja morte foi causada dolosamente, pois nesse crime a intenção é 
matar a vítima para obter a subtração do patrimônio ou o contrário. 
 
2. DOLO + CULPA: 
Dolo na Conduta antecedente e culpa no resultado agravador (CRIME 
PRETERDOLOSO). 
Ex.: latrocínio, cuja morte, proveniente da violência, foi causada culposamente. 
Lesão corporal seguida de morte, se o agente tem a intenção de gerar somente 
a lesão corporal, não a morte, é crime preterdoloso também. 
 
3. CULPA + CULPA: 
Culpa na conduta antecedente e culpa no resultado agravador (culpa no 
antecedente e culpa consequente). Ex.: crimes culposos de perigo comum 
(explosão, incêndio – art. 258, CP). Por exemplo, se eu sem querer atear fogo 
no meu apartamento, eu posso responder culposamente, porém, se eu além de 
atear fogo, mesmo sem querer, matar também sem querer a minha vizinha com 
o incêndio, eu respondo culposamente por atear o fogo e culposamente por 
cometer homicídio culposo, porém, com o aumento de um terço, conforme 
dispõe o artigo 258 “... no caso de culpa, se do fato resulta lesão corporal, a 
pena aumenta-se de metade, se resulta morte, aplica-se a pena cominada ao 
homicídio culposo, aumentada de um terço. 
 
4. CULPA + DOLO: 
Culpa na conduta antecedente e dolo no resultado agravador (culpa no 
antecedente e dolo no consequente). Ex.: art. 303, §1º, CTB – o agente causa 
culposamente acidente de trânsito e fere a vítima, dolosamente, deixando de 
prestar socorro. A fundação carlos chagas não reconhece essa hipótese, o único 
exemplo que a doutrina trás acerca dessa hipótese é o art. 303 
 
• CRIME PRETERDOLOSO: 
Ocorre o crime preterdoloso quando o agente pratica o resultado distinto de seu 
intento. O agente, por meio de um comportamento doloso, pratica uma conduta 
visando determinada finalidade, mas alcança outra mais grave e involuntária, porém, 
havia dolo desde o início. Por esta razão pode-se dizer que há dolo na conduta e culpa 
no resultado, ou, ainda, dolo no antecedente e culpa no consequente. 
Crimes preterdolosos não admitem tentativa, o crime é consumado. 
O resultado mais grave e involuntário deve ser previsível. Ou seja, se eu praticar vias 
de fato em uma pessoa na rua, um mero empurrão, porém a pessoa tinha a síndrome 
de ossos de vidro, eu não responderei na modalidade preterdolosa, visto que não era 
previsível que a pessoa tivesse tal síndrome. 
Não se admite presunção na culpa do resultado agravador, deve ser provada. 
O agente que pratica crime preterdoloso, após uma sentença condenatória transitada 
em julgado, deve ser tratado como reincidente de crime doloso, há uma pequena 
divergência na doutrina, porém, o agente agiu com dolo mesmo que no resultado não 
tenha ocorrido isso. 
 
 
 
• ITER CRIMINIS E CONSUMAÇÃO: 
 
 
TODO O CONJUNTO(COGITAÇÃO-CONSUMAÇÃO) SERÁ O ITER CRIMINIS 
 
A COGITAÇÃO É A FASE INTERNA 
 
COGITAÇÃO ATOS ATOS CONSUMAÇÃO EXAURIMENTO 
 PREPARATÓRIOS EXECUTÓRIOS 
 
 DE ATOS PREPARATÓRIOS ATÉ CONSUMAÇÃO, SERÁ A FASE EXTERNA 
 
O exaurimento ocorre fora do iter criminis. 
O iter criminis compreende o conjunto de fases pelas quais passa o delito. 
O direito penal não pune a fase de cogitação. É quando surge a ideia de praticar a conduta 
criminosa. A premeditação é diferente de cogitação, pois premeditação seria cogitação + atos 
preparatórios e, talvez, pudesse ser punida. 
COGITAÇÃO: Nunca será punida pelo direito penal. Será dividida em 3 estapas – Idealização 
(surge a ideia de cometer o delito); Deliberação (análise dos pontos favoráveis e contrários à 
prática do delito) e Resolução (decisão pelo cometimento ou não do delito). 
PREPARAÇÃO (FASE EXTERNA): em regra, não são puníveis pelo direito penal, mas há duas 
exceções: 
1. Quando o próprio ato preparatório configura um crime de conduta (ex.: quando 
eu compro ilegalmente uma arma de fogo, se me pegarem com a arma, eu 
respondo pelo crime de porte ilegal de arma de fogo, não pelo homicídio que 
eu planejava consumar, porém, estou respondendo pelo ato preparatório, caso 
eu conseguisse cometer o crime fim, homicídio, este absorveria o crime do 
porte ilegal); 
2. Por meio dos chamados crimes-obstáculos, que configuram crime pelo seu ato 
preparatório, a associação criminosa, por exemplo, já é punida na associação de 
4 ou três ou mais pessoas para fins delituosos. 
Ex.: Art. 288, CP (associação criminosa); art. 291, CP (petrecho para falsificação 
de moeda); art. 286, CP (incitação ao crime); art. 5º, Lei 13.260/16 (atos 
preparatórios de terrorismo com o propósito inequívoco de consumar tal 
delito). 
 
EXECUÇÃO (FASE EXTERNA): Exteriorização da conduta, por meio de atos idôneos e inequívocos 
para alcançar o resultado criminoso almejado. É na fase de execução que o direito penal passa 
a incidir sobre a conduta do agente. A tentativa será punível ainda que o resultado naturalístico 
almejado não seja alcançado (consumação). 
A tentativa será: cogitação + atos preparatórios + atos executórios, portanto, os atos 
executórios nada mais são do que a tentativa, já que não alcançou a consumação. 
 
Em que momento finda os atos preparatórios e se inicia os executórios? Vamos diferenciar por 
meio deste exemplo: joão comprou uma escada para invadir uma residência, até aqui, tratamos 
de atos preparatórios, porém, joão levou a escada até a residência e começou a subir os degraus, 
pronto, aqui se iniciou os atos executórios. 
Existem teorias no ordenamento jurídico para essa diferenciação: 
a) Teoria Subjetiva: não há transição dos atos preparatórios para os atos executórios. Leva-
se em consideração o plano interno do agente. 
b) Teoria Objetiva: deve haver a exteriorização de atos idôneos e inequívocos para a 
realização do tipo penal. (adotada pelo direito penal) há 4 teorias para o que considerar 
como exteriorização: 
i. Teoria da hostilidade ao bem jurídico – atos executórios são aqueles que atacam 
o bem jurídico, criando uma situação concreta de perigo, não é aceita pelo DP. 
ii. Teoria objetivo-material – são considerados atos executórios os imediatamente 
anteriores à prática do núcleo do tipo, da perspectiva do terceiro observador. 
Pouco aceita no DP. 
iii. Teoria objetivo-individual (ou objetivo-subjetiva) – são considerados atos 
executórios os imediatamente anteriores à prática do núcleo do tipo, da 
perspectiva do próprio autor. Muito aplicada no DP. É o exemplo da escada. 
iv. Teoria objetivo-formal (ou lógico-formal) – compreende-se atos executórios 
somente a partir do momento que oagente realiza o verbo núcleo do tipo penal. 
Essa é a teoria mais aceita ao DP brasileiro. 
 
EXAURIMENTO 
Crime exaurido é o crime plenamente esgotado. 
Refere-se a acontecimentos posteriores à consumação do delito (ex.: extorsão mediante 
sequestro, o crime se consumou com o sequestro devido, porém, o sequestrador pede quantia 
e a família paga para soltar a vítima, ou seja, o agente obteve vantagem, portanto configurando 
o exaurimento do crime). 
Não integra o iter criminis. 
O exaurimento influencia na dosimetria da pena. Art. 59, CP “consequências do crime”. 
Eventualmente, o exaurimento pode atuar como: 
Qualificadora (ex.: art. 329, §1º - se o ato, em razão da resistência, não se executa) quando um 
funcionário público tenta fazer seu trabalho e o agente não o ajuda, resiste, porém, com a não 
execução do ato que era para o funcionário realizar e a resistência do agente funciona para ele, 
ocorre o exaurimento do crime. 
Causa de Aumento de Pena (ex.: art. 317, § 1º - a pena é aumentada de um terço, se, em 
consequência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer 
ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional). 
Se um rapaz furta um celular e vende para um terceiro, a consumação ocorreu no furto e o 
exaurimento na venda do celular. 
 
• TENTATIVA 
Art. 14, CP “quando por situações alheias à vontade do agente o crime não se consuma” 
Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime 
consumado, diminuída de um a dois terços. 
Ocorre no momento dos atos executórios, seja no início, seja na conclusão desses atos. 
Obs.: súmula 582, STJ, consumação do crime de roubo (antes confundiam muito com a 
tentativa), para o STJ, a posse ocorre com a mera inversão da posse, mesmo que logo em seguida 
a vítima ou a polícia venha a pegar o celular. 
O dolo tem que estar voltado para a intenção do agente. Se ele tinha intenção de matar a pessoa, 
responderá pela tentativa de homicídio. 
O resultado tem que ser possível. 
 
Natureza Jurídica da Tentativa: 
- É causa obrigatória de diminuição de pena. O juiz deve sempre diminuir a pena do crime 
tentado, porém, cabe a ele distinguir o quantitativo de diminuição. 
 
- Norma de extensão ou de ampliação da conduta – ampliação temporal: é a subordinação 
imediata x subordinação mediata (ampliada ou por extensão), significa dizer que a aplicação do 
art. 14 ao crime tentado configura uma ampliação temporal, a lei “volta” no tempo para aplicá-
lo, é uma subordinação mediata, pois a imediata é o próprio crime. Por exemplo, o art. 213 do 
CP é a subordinação imediata desse crime, é a consumação, porém, a aplicação dele combinado 
ao art. 14, II é a subordinação mediata. Sem o artigo 14, não seria possível tipificar o crime 
tentado. 
 
Teorias da Punição da Tentativa: 
a) Teoria subjetiva, voluntarística ou monista: leva em consideração o dolo do agente, 
portanto, para esta teoria, a tentativa nem deveria existir, acredita também que os atos 
preparatórios devem ser atingidos, sem diferenciação para os executórios. 
Excepcionalmente, o CP adota esta teoria, conforme o salvo em disposição contrária 
no p. único do art. 14. 
Serão os crimes de atentado ou de empreendimento. 
Ex.: art. 352, CP “evadir-se ou TENTAR EVADIR-SE” ainda aplica uma pena diferenciada. 
Art. 309, Código Eleitoral. 
b) Teoria sintomática: leva em consideração a periculosidade do agente, se o agente for 
um “inimigo do Estado” conforme o direito penal do inimigo adota ele não merece a 
aplicação da tentativa. 
c) Teoria objetiva, realística ou dualista: leva em consideração a proximidade da 
consumação e a prática de atos executórios, quando mais perto da consumação, mais 
devemos puni-lo e mais grave o réu deve ser punido. É adotada pelo brasil. É o 
parágrafo único do art. 14, diminui a pena de 1 a 2/3 do consumado. 
d) Teoria da impressão ou objetivo-subjetiva: leva em consideração o dolo do agente, 
porém, ela limita os atos preparatórios, ela acredita que deve haver atos executórios, 
essa é a única diferença para a teoria subjetiva. 
 
Como definir o quantum da diminuição da pena? 
Quanto mais próximo o delito chegar da consumação, menor será a diminuição de 1/3 a 2/3. 
 
Tentativa e Competência dos Juizados Especiais Criminais: 
Os JECS serão responsáveis pelos crimes com pena máxima de 2 anos. Ex.: tentativa de 
abandono de incapaz: pena de detenção de seis meses a três anos, é a pena para consumação, 
eu diminuo 1/3 e fica dois anos, portanto, posso julgar o crime de TENTATIVA nos JECS. 
 
Para o cálculo da pena, vamos trabalhar com meses e não anos. 
Ex.: se for 4 anos: 48 meses, menos 1/3 = 48 dividido por 3 é 16, então eu faço 48 menos 16 para 
ver quantos meses fica. 
 
Espécies de Tentativa: 
1. Tentativa Imperfeita, inacabada ou tentativa propriamente dita: o agente inicia a 
execução, mas não consegue utilizar todos os meios que tinha à disposição e que havia 
planejado usar. O crime não se consuma por razões alheias à sua vontade. Ex.: quando 
o agente tinha 6 munições para usar e planejou usar todas, porém quando ele ia 
disparar o segundo disparo, o policial o segura e ele não usa todos os meios que 
estavam à disposição. Não finalizo os atos executórios. 
 
2. Tentativa perfeita, acabada ou crime falho: o agente inicia a execução, utiliza todos 
os meios que tinha à disposição e que havia planejado usar. Todavia, o crime não se 
consuma por razões alheias à sua vontade. Finalizo os atos executórios. 
 
3. Tentativa vermelha ou cruenta: é quando eu consigo atingir a vítima, ela “sangra” para 
decorarmos a tentativa vermelha. Lembrando que tanto a vermelha quanto a branca 
podem concorrer com as tentativas perfeita e imperfeita sem problema algum. Se eu 
pratico crime de lesão corporal jogando uma pedra em alguém a pedra atingiu mas a 
pessoa não se machucou, ainda sim é tentativa vermelha, se machucasse também seria. 
 
4. Tentativa branca ou incruenta: é quando eu não consigo atingir a vítima. 
 
5. Tentativa idônea: é quando o resultado pode ser alcançado, mas não ocorre por razões 
alheia à vontade do agente. São todas as tentativas, é a tentativa propriamente dita, 
tanto vermelha, branca, perfeita, imperfeita. 
 
6. Tentativa inidônea: é quando o resultado é IMPOSSÍVEL de ser alcançado, seja pela 
absoluta ineficácia do meio empregado, seja pela absoluta impropriedade do objeto 
material. É o chamado crime impossível. Portanto, não é punida. Art. 17 do CP. 
 
 
Possibilidade de Tentativa: 
Apesar de vozes contrárias, a doutrina majoritária entende que é possível a tentativa nos: 
1. Crimes de ímpeto: geralmente se dá diante de violência emoção. 
2. Crimes com dolo eventual: quando o agente assume o risco de produzir determinado 
resultado, sem se importar com o resultado. 
 
Crimes puníveis somente na modalidade tentada: 
 Lei 7.170/83 – crimes contra a segurança nacional – art. 9º e art. 11, basta tentar para ter a 
consumação do crime. 
 
Infrações penais que NÃO admitem tentativa: CCCHOUPA 
Contravenção penal (art. 4º da lei de contrav. – Não é punível a tentativa) 
Culposos (não admitem tentativa pois não há dolo na consumação). Exceção: culpa imprópria 
Condicionado ou de resultado vinculado 
Habitual (exigem prática reiterada de atos, ex.: art. 284, curandeirismo) 
Omissivo próprio 
Unissubsistente 
Preterdoloso 
Atentado ou de empreendimento 
 
• CRIMES OMISSIVOS: 
1. Crimes Omissivos Próprios: o crime se consuma pela simples omissão do 
agente, independentemente de um resultado posterior. Por exemplo, o crime 
de omissão de socorro. 
2. Cries Omissivos Impróprios: é aquele em que uma omissão inicial do agente dá 
causa a um resultado posterior, o qual o agente tinha o dever jurídico de evitá-
lo, por ser GARANTE (é a pessoa responsável por evitar, tem a obrigação de 
evitar por lei, a exemplo do pai e da mãe ou quando uma pessoa 
voluntariamenteassume o papel de garante, a exemplo de uma vizinha que diz 
poder cuidar de uma criança; outro exemplo é quando uma pessoa põe outra 
em estado de perigo, razão pela qual tem o dever de garantir a integridade do 
outro por ter colocado nessa situação, este também pode ser o garante. 
O GARANTE TEM O DEVER DE AGIR PARA EVITAR O RESULTADO, mas é preciso 
que ele tenha o poder real de agir. Caso contrário, não incorrerá no delito de 
omissão imprópria. Por exemplo, se o garante ver a pessoa que deveria proteger 
se afogando, mas não vai lá e salva porque não sabe nadar, ele não será punido 
no crime de omissão imprópria, visto que ele não é obrigado caso não tenha o 
poder real de agir. O garante responde pelo resultado causado, não pela 
omissão, no caso acima, seria responsável por um homicídio, mas não pela 
omissão, porque a omissão é o meio que a pessoa utilizou para praticar o crime. 
 
 
• DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ 
- Art. 15, CP (o agente que desiste: desistência voluntária; impede que o resultado se produza: 
arrependimento eficaz). 
- O crime não se consuma por ato voluntário e eficaz do própr Deio agente. 
- O agente responde pelos atos já praticados. 
- O crime não chega a se consumar. 
- Denominações: tentativa abandonada, tentativa qualifica, ponte de ouro (fran von litsz – é a 
oportunidade de uma pessoa sair do campo da ilicitude para o da licitude.) 
 
- DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA: É uma interrupção dos atos executórios pela manifestação de 
vontade do próprio agente, o qual poderia ter prosseguido na execução do delito. 
Na tentativa: “quero prosseguir, mas não posso” (tem algo impedindo ou que impediu) 
Na desistência voluntária: “posso prosseguir, mas não quero” 
Fórmula de Frank (se colocar na cabeça do agente para entender qual era sua intenção) 
O agente nem termina os atos executórios. 
 
- ARREPENDIMENTO EFICAZ: O caso de uma pessoa que quer matar outra, atinge, mas se 
arrepende e liga para a ambulância e presta todo socorro à vítima que sobrevive, ele responderá 
por lesões corporais, visto que responde somente pelos atos já praticados, não responderá por 
homicídio, pois ele se arrependeu. 
O arrependimento eficaz é a conduta voluntária do agente, que impede a produção do 
resultado, após ter praticado todos os atos executórios. 
É compatível com a tentativa perfeita ou acabada. 
É compatível somente com os crimes materiais (o agente que voluntariamente impede que o 
resultado naturalístico se produza). 
Acontece após os atos executórios, mas sem alcançar a consumação. 
- Pontos Comuns entre DV e AE: 
1. Requisitos: Voluntariedade e eficácia 
2. Não se exige a espontaneidade (se a mão do assaltante que tiver fazendo refém uma 
moça, chega e pede pra ele desistir de matá-la e ele desiste, será arrependimento eficaz, 
não foi espontâneo, mas não há problema, portanto, o assaltante só responderá pelo 
que já praticou.) 
3. Irrelevância dos motivos que levaram à DV ou AE (se o cara quiser se beneficiar da lei 
ou o que for, não interessa os motivos, se ele desistiu ou se arrependeu será cabível) 
4. Efeito: responsabilização somente pelos atos já praticados. 
5. São incompatíveis com os crimes culposos (resultado involuntário). 
 
- Natureza Jurídica: 
A maioria dos doutrinadores (como Rogerio Greco, Damásio de Jesus) entende que se trata de 
causa de exclusão da tipicidade, bem como STJ e STF, porém, é a maioria, não é unânime. 
Os demais entendem que se trata de causa pessoal extintiva da punibilidade (zaffaroni, G.N., 
N.H.). 
 
 
• CONCAUSAS: 
• CONCAUSA ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTE: 
• É quando o agente, mesmo com dolo de atingir o resultado nada teve a ver com o que 
de fato gerou o resultado. 
 
1. Concausa preexistente absolutamente independente: o agente A dá um tiro no 
fulano B, com dolo de matar, porém, o fulano B morre por um suco envenenado 
que o ciclano C deu a ele antes desse tiro, portanto, o agente A nada teve a ver 
com o resultado, apesar de tê-lo desejado. 
2. Concausa concomitante absolutamente independente 
3. Concausa superveniente absolutamente independente 
 
Art. 13, § 1º: concausa superveniente: no caso acima, de concausa preexistente absolutamente 
independente, o agente A responderá somente pelos atos já praticados, no caso, por tentativa 
de homicídio. 
 
• CONCAUSA RELATIVAMENTE INDEPENDENTE: 
• É quando o agente contribuiu para o resultado. 
 
1. Concausa preexistente relativamente independente: o agente esfaqueou uma 
pessoa, porém, a sua morte foi causada por ele ser hemofílico, no entanto, se 
não fosse a facada, não teria morrido, portanto, houve contribuição. 
2. Concausa concomitante relativamente independente 
3. Concausa superveniente relativamente independente, divide-se em: 
a) Causa que por si só produziria o resultado. Aqui vamos supor que josé 
tentou matar André com um tiro, mas quando André tava recebendo 
tratamento, um tremor derrubou o hospital que por si só matou andre. 
 
b) Causa que por si só não produziria o resultado ((jose tenta matar andre com 
um tiro, porém, andre morre em virtude uma infecção generalizada nos 
ferimentos). 
 
No caso “a” josé responderá somente pelos atos já praticados, ou seja, tentativa de 
homicídio, tratamos as causas que por si só produzem resultados como absolutas e não 
relativas no que tange à punição. Art. 13, cp. 
No caso “b” josé responderá pela morte de andre, visto que a infecção foi causada pela 
facada. 
 
• TIPICIDADE: 
• TIPICIDADE OBJETIVA: é a soma da tipicidade formal com a material; a tipicidade formal 
consiste adequação ao fato típico na lei. Ex.: matar alguém, art. 121 do CP, reclusão de 
6 a 20 anos. A tipicidade material consiste nas peculiaridades do caso concreto, se é 
relevantemente lesivo no âmbito jurídico, aqui adentramos no princípio da 
insignificância, se vale de fato a pena punir tal caso. 
 
• TIPICIDADE SUBJETIVA: relaciona-se ao dolo, à vontade do agente de praticar a 
conduta. 
 
 
• ARREPENDIMENTO POSTERIOR: 
- Art. 16, CP: nos crimes cometidos se violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o 
dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa (quando o MP 
oferece a denúncia ou a queixa crime ao juiz), por ato voluntário do agente, a pena será 
reduzida de um a dois terços. 
 
- Ponte de prata: denominação de franz von litsz 
 
- O arrependimento posterior ocorre após a consumação, é no final do iter criminis, se 
o crime consumou, não dá pra aplicar desistência voluntária nem retirada da pena. 
 
- Natureza Jurídica: 
Causa obrigatória de diminuição de pena. 
 
- Aplicabilidade: 
Aplica-se, normalmente, a crimes contra o patrimônio e a crimes que apresentem 
efeitos patrimoniais (ex.: peculato). 
 
- Requisitos: 
1. Natureza do Crime: 
Sem violência ou grave ameaça à pessoa. 
Logo, se tiver havido violência contra a coisa (furto com arrombamento) ou se 
a violência for culposa (lesão corporal culposa – não é muito pacífico) caberá a 
aplicação. 
 
2. Reparação do dano ou restituição da coisa: 
Deve ser pessoal: o próprio agente é quem deve restituir o dano, se a pessoa 
tiver presa ou hospitalizada pode ordenar que alguém o faça por ele caso objeto 
esteja em local alheio ao que está. 
A reparação deve ser integral: estipulada pelo RHC 56.387/2017 do STJ, 
também firmada pelo STF. 
 
3. Limite temporal: 
A reparação do dano ou restituição da coisa deve ocorrer até o recebimento da 
denúncia ou da queixa. Se a ação penal já estiver em curso, não pode ocorrer o 
arrependimento posterior, se o delegado já tiver entregado o inquérito e o MP 
já tiver oferecido a denúncia, porém, ainda não deu início a ação penal, pode 
acontecer também o arrependimento. 
 
E se o agente reparar o dano ou restituir a coisa após o recebimento da 
denúncia? Haverá algum benefício? 
Sim, trata-se de uma atenuante genérica. Art. 65, III, “b”. 
 
4. Voluntariedade (sem a necessidade daespontaneidade) se a mãe do agente 
levar e devolver o celular, não acarreta arrependimento posterior. 
 
Obs.: a recursa da vítima em receber a reparação do dano ou restituição da coisa não é óbice ao 
gozo do benefício pelo agente que se arrependeu. 
 
- O que deve ser levado em consideração para calcular a fração da diminuição de pena (1/3 a 
2/3)? 
Celeridade e voluntariedade de acordo com a doutrina e a jurisprudência. 
Porém, o STF em 2010 entendeu que a diminuição da pena deve levar em conta se a reparação 
foi integral ou parcial. 
 
- Se o delito é praticado em concurso de pessoas e um dos agentes se arrepende e repara o dano 
ou restitui a coisa, até o recebimento da denúncia, os demais coautores/partícipes serão 
beneficiados pelo arrependimento posterior? 
Sim, o arrependimento posterior tem natureza objetiva. 
Ademais, a conduta por um dos agentes inviabiliza que o outro tome a mesma atitude. 
Situações específicas de restituição: há situações que o próprio crime prevê a restituição dos 
danos, sem que se aplique o arrependimento posterior, de forma até mais benéfica. 
1. Peculato Culposo: art. 312, CP, §§ 2º e 3º (extingue a punibilidade, no caso do 
funcionário concorrer culposamente para o crime de outrem, até a sentença, 
após a sentença a pena cai pela metade) 
2. Crimes de menor potencial ofensivo (Lei nº 9.099/95): art. 74, composição dos 
danos. 
 
• CRIME IMPOSSÍVEL 
Art. 17, CP: não se pune a tentativa quando por ineficácia absoluta do meio ou por 
absoluta impropriedade do objeto é impossível consumar-se o crime. 
- Denominações: crime oco, quase crime, tentativa inidônea, inadequada, impossível 
- Os atos preparatórios, em um crime impossível, se configurar o crime por si só, podem 
ser punidos (ex.: o agente adquire uma arma de fogo ilegal e tenta atirar em uma pessoa 
B, porém a pessoa B já estava morta, então de nada adiantou o tiro, porém o agente 
responderá pelos atos preparatórios, pelo porte ilegal.) 
- Espécies: 
1. Ineficácia absoluta do meio: 
Se refere ao meio de execução do delito; 
Para que haja crime impossível, o instrumento utilizado deve ser absolutamente 
ineficaz para o alcance do resultado almejado; 
Para averiguar a ineficácia absoluta do meio, deve-se analisar o caso concreto. 
Ex.: se o agente usa uma arma de fogo que a cada 10 disparos somente um 
funciona, o meio é relativamente ineficaz, não absolutamente, portanto, ele 
responderá pela tentativa. 
 
2. Impropriedade absoluta do objeto: 
Objeto material sobre o qual recai a conduta criminosa; 
O objeto será absolutamente impróprio quando for inexistente ou quando torna 
impossível a consumação do crime. 
Ex.: uma pessoa tenta passar um pedaço de papel com uma moeda desenhada 
em um caixa de supermercado, a atendente olha e diz que ele está de 
brincadeira, portanto, não tem como se consumar por motivos óbvios e 
absolutos de ineficácia. 
 
 
- Não se configura crime impossível: 
1. Súmula 567 do STJ – sistema de vigilância realizado por monitoramento 
eletrônico ou por existência de segurança no interior de estabelecimento 
comercial, por si só, não torna impossível a configuração do crime de furto. 
2. Crime de roubo, se já perpetrada a violência ou grave ameaça contra a pessoa 
(Resp 1.340.747/RJ, 13/05/2014) 
 
 
 
• CRIME PUTATIVO: 
- Putativo: crime imaginário ou erroneamente suposto. 
- No crime putativo, o agente acredita praticar um crime, mas o fato praticado não 
corresponde a qualquer tipo penal. 
- Existem três espécies de crime putativo: 
1. Crime Putativo por Erro de Tipo: 
O agente acredita que esteja praticando um crime, mas faltam 
elementos para que haja adequação da sua conduta ao tipo penal. A 
doutrina diz que o crime putativo por erro de tipo é a mesma coisa que 
o crime impossível pela impropriedade do objeto. Ex.: tenta matar o 
morto; moça que tenta abortar achando que está grávida, mas não está. 
 
2. Crime Putativo por Erro de Proibição (delito de alucinação ou crime de 
loucura): 
O agente acredita que esteja praticando um crime, mas supõe 
erroneamente que sua conduta é típica. Na verdade, trata-se de 
conduta atípica. Ex.: furto de uso, a pessoa subtrai o objeto porém tem 
a intenção de devolver posteriormente o objeto, aí ela acredita depois 
que furtou algo de alguém, mas não houve furto, não é punível porque 
é furto de uso. É diferente do crime impossível. 
 
3. Crime Putativo por Obra do Agente Provocador: 
- Também chamado de crime de ensaio, flagrante provocado, flagrante 
preparado e crime de experiência. É considerado crime impossível pela 
doutrina. 
- Ocorre quando uma pessoa induz outra a praticar crime, todavia, 
concomitantemente, já adota as providências necessárias para impedir 
a consumação do delito. Ex.: um policial pede para o surfista ir comprar 
droga de uma pessoa na praia, o policial não pode prender essa pessoa 
porque ela foi induzida. Outro exemplo é quando a patroa coloca um 
dinheiro de forma acessível perto de uma câmera na sua casa, para que 
sua empregada furte e ela filme, isso é flagrante preparado, houve um 
induzimento, portanto, não é crime. 
- Nelson Hungria: “o autor é apenas o protagonista inconsciente de uma 
comédia”. 
- Súmula 145 do STF: “não há crime quando a preparação do flagrante 
pela polícia torna impossível a sua consumação”. 
 
Como distinguir crime putativo do crime impossível? 
Apesar de haver divergência doutrinária quanto a essa distinção, é importante saber que 
são institutos distintos: 
O crime impossível não é possível consumar o delito em razão da ineficácia absoluta do 
meio empregado ou da absoluta impropriedade do objeto material. O agente sequer 
responde pela tentativa. 
O crime putativo o agente supõe, no seu imaginário, praticar um crime que nunca 
ocorreu. Acredita praticar um fato típico, mas realiza um indiferente penal. 
 
- Doutrina: enquanto o crime impossível é uma causa excludente da tipicidade, no crime 
putativo a conduta é atípica por si própria (não há tipicidade). 
Se o crime putativo existe no imaginário do agente, ele nunca vai ter consumação, nem 
tentativa, nem exaurimento. 
- Teorias: 
1. Teoria Subjetiva: temos que considerar a intenção do agente, nessa teoria não há 
existência de crime impossível, por isso não adotamos. 
2. Teoria Sintomática: leva em consideração a periculosidade do agente para 
identificar a consumação, não a adotamos também, 
3. Teoria objetiva: leva em consideração o perigo de lesão ao bem jurídico tutelado 
pela norma penal. Essa teoria é subdividida em: 
a) Teoria objetiva pura: não há tentativa se a inidoneidade do meio for absoluta 
ou relativa, não há perigo, mesmo relativamente (para essa teoria, o exemplo 
da arma que dispara 1 a cada 10 tentativas deve caber no crime impossível, 
por isso não a adotamos). 
b) Teoria objetiva temperada: é essa que adotamos, ela é o caput do art. 17, 
ineficácia absoluta do objeto e impropriedade absoluta do meio. 
 
II – ILICITUDE/ANTIJURICIDADE 
• É PRESUMIDA, é uma presunção relativa. É a contrariedade entre o fato típico e o 
ordenamento jurídico. 
• Teoria indiciária (indícios – ratio cognoscenti): alega que a tipicidade de um fato gera 
uma presunção relativa de que há ilicitude, não é absoluta. 
• Ilicitude Genérica: análise da ilicitude é feita após a adequação do fato ao tipo penal. A 
ilicitude é analisada fora do tipo penal, para demonstrar que há contrariedade entre o 
fato típico e o ordenamento jurídico. Se a pessoa estava em estado de necessidade etc. 
vejo depois do fato típico. Há 4 causas genéricas de exclusão da ilicitude, contidas no 
art. 23 do CP. 
• Ilicitude Específica: análise da ilicitude é feita no próprio tipo penal. A ilicitude é 
analisada como um elemento do tipo penal, se já há no próprio tipo penal a 
antijuricidade da conduta, se eu retiro o elemento não tenho crime, se eu tiro o 
INDEVIDAMENTE DO art. 151 não há crime. Ex.: violação decorrespondência, art. 151, 
devassar INDEVIDAMENTE o conteúdo. 
• Causas Específicas ou Especiais de exclusão da ilicitude: aplicação específica a 
determinados tipos penais; presentes na parte especial do CP e na legislação penal 
especial. Ex.: art. 128, CP, NÃO SE PUNE O ABORTO PRATICADO POR MÉDICO QUANDO 
incisos I e II. Essa é uma causa específica para o crime de aborto, não tem aplicação a 
todos os crimes, somente ao de aborto e o próprio crime a prevê. Outro exemplo, que 
não está inserido na parte especial do CP, art. 37, Lei nº 9.605/98, não é crime o abate 
de animal quando X. ou seja, não é somente na parte especial que teremos as exclusões 
de ilicitude de modo específico. 
• Causas Supralegais de Exclusão de Ilicitude: a lei não prevê todas as hipóteses de 
exclusão da ilicitude. Algumas podem ser fruto da evolução da sociedade e de novas 
construções doutrinárias. Hipótese mais aceita de causa supralegal de exclusão de 
ilicitude: consentimento do ofendido. ex.: o tatuador quando faz uma tatuagem em 
você está ocasionando lesão corporal, porém, há consentimento, você dispõe de bens 
patrimoniais para consentir. Porém há alguns requisitos: bens disponíveis (em caso de 
lesão corporal leve somente), manifestação expressa (doutrina, tácita), manifestação 
livre de coação, deve ser disposta por um agente plenamente capaz, a manifestação 
deve ser prévia ou concomitante. 
• Exclusão da Ilicitude Genérica: art. 23, CP, presentes na parte geral do CP, não há crime 
nos 3 incisos que tratam dos 4 tópicos que iremos tratar a seguir. 
 
• Excludentes de Ilicitude (não se confundem com características da ilicitude): 
 
1. Legítima Defesa: art. 25, CP – “repele injusta agressão, atual ou iminente, a 
direito seu ou de outrem”. 
 
- Requisitos: 
a) Agressão injusta; 
b) Agressão atual ou iminente, eu só tenho legítima defesa mediante ação 
humana, ou em caso de animal somente é possível a legítima defesa se 
alguém ordenou esse animal a atacar outrem, deve haver 
voluntariedade na conduta, também devemos observar que pode ser 
conduta omissiva ou comissiva, bem como dolosa ou culposa, a conduta 
também pode ser praticada por um inimputável, a agressão deve ser 
contrária ao direito, não necessariamente o penal, a agressão injusta 
não precisa ser um crime necessariamente, pode ser o ato de evitar um 
suicídio colocando uma lesão leve ou então ao evitar um furto de uso; 
c) Agressão a direito próprio ou de terceiro; 
d) Reação com os meios necessários, claro que será analisado caso 
concreto; 
e) Uso moderado dos meios necessários; 
f) Conhecimento da situação de fato justificante, é necessário o elemento 
subjetivo, é necessário saber que está diante de uma agressão injusta 
para configurar legítima defesa. 
 - Espécies de Legítima Defesa: 
a) Legítima Defesa Própria e Legítima Defesa de Terceiro. Própria: o autor 
visa proteger bem jurídico próprio. De terceiro: o autor visa proteger 
bem jurídico alheio. 
b) Legítima Defesa Agressiva e Legítima Defesa Defensiva. Agressiva ou 
Ativa: para proteger bem jurídico agredido, a reação configura um fato 
previsto em lei como infração penal. Defensiva ou Passiva: para 
proteger bem jurídico agredido, a reação apenas impede a agressão, 
sem praticar um fato típico. 
c) Legítima Defesa Real e Legítima Defesa Putativa. A real exclui a 
ilicitude, a putativa exclui a tipicidade ou a culpabilidade, não a ilicitude. 
d) Legítima Defesa Recíproca: não existe, pois seria uma legítima defesa 
real contra outra real também, a legítima defesa real é em atual ou 
iminente agressão a bem jurídico, portanto, não cabe a mesma 
interpretação do estado de necessidade. 
e) Legítima Defesa Sucessiva: o agente A pratica agressões injustas contra 
B, o qual se defende legitimamente. Entretanto, B passa a agir com 
excesso, de forma que A pode se defender legitimamente do excesso. 
f) Legítima Defesa Subjetiva (ou excessiva): legítima defesa inicia real, 
mas depois passa a ser putativa e pratica excesso. Não responde pelo 
excesso, por ter natureza acidental. Todavia, quem sofre o excesso pode 
se defender legitimamente. Ex.: o agente tentar assaltar um policial que 
reage atirando no agente, porém, o agente já jogado no chão acredita 
que vai morrer e puxa um cigarro do bolso para fumar, porém, o policial 
acredita que ele vai puxar uma arma e finaliza a ação atirando 
novamente, observe que o primeiro momento foi legítima defesa real e 
o segundo apenas putativa. 
g) Legítima Defesa e Erro na Execução: art. 73, CP, é quando na execução 
atinge pessoa diversa devido a erro. 
h) Legítima Defesa da Honra: honra pessoal, uma pessoa que começa a 
agredir verbalmente e você se defende na MEDIDA DO POSSÍVEL 
somente, com cautela, até mesmo por vias de fato, mas sem lesão 
grave. Obs.: não cabe legítima defesa da honra em caso de infidelidade 
conjugal atualmente. 
i) Legítima Defesa Real vs Estado de Necessidade: é possível legítima 
defesa contra alguém que esteja em estado de necessidade? Não, pois 
no estado de necessidade é uma agressão justa, enquanto para legítima 
defesa é agressão injusta para se configurar. 
j) Cabe Legítima defesa real diante de uma legítima defesa putativa? 
Sim, visto que a putativa é isenta de agressão justa, no caso do exemplo 
do desafeto que se aproxima com um presente querendo pedir perdão, 
mas o agente acredita que ele vai matá-lo e se manifesta primeiro, o 
desafeto é quem vai agir em legítima defesa real. A legítima defesa 
putativa, apesar de não ser punida (art. 20), é uma agressão injusta. 
k) Cabe legítima defesa recíproca putativa? Sim, dois desafetos se 
cruzando que se odeiam, porém ambos queriam pedir perdão um ao 
outro e iam tirar presentes dos seus bolsos, porém ambos entenderam 
que era uma arma e ambos se defenderam precipitadamente. 
l) Legítima defesa real vs excludente de culpabilidade: é possível agir em 
legítima defesa contra um agente que pratica agressão sem 
culpabilidade (está agindo mediante inexigibilidade de conduta 
diversa)? SIM, pois quem age acobertado por uma excludente de 
culpabilidade está praticando agressão injusta contra a vítima, pode não 
ser punido pela prática, mas vai configurar agressão injusta mesmo 
assim. 
 
Lei 13.964 de 2019 (pacote anticrime) incluiu o parágrafo único no art. 25. 
Exemplo: sniper que atira em uma pessoa que está sequestrando outra de 
longe. É uma legítima defesa de terceiro. 
 
2. Estado de Necessidade: art. 24, CP. Eu só tenho estado de necessidade se eu 
tenho perigo atual. § 1º, não pode alegar estado de necessidade quem tinha o 
dever legal de enfrentar o perigo. § 2º embora seja razoável exigir-se o sacrifício 
do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços. 
 
- Requisitos: 
a) Perigo ATUAL; 
b) Situação de perigo que não tenha sido causada voluntariamente pelo 
agente (parte da doutrina entende que se o agente agir de forma 
culposa pode se aplicar o estado de necessidade, por entender que 
voluntário é dolo, mas há outra corrente que não aceita a forma 
culposa); 
c) Ameaça a direito próprio ou alheio; 
d) Inexistência do dever legal de enfrentar o perigo (§ 1º), entretanto, a lei 
não impõe atitudes heroicas ou suicidas a seus agentes, ele só 
enfrentará esse perigo caso haja possibilidade de salvar aquela pessoa 
também sair com vida; 
e) Inevitabilidade da conduta lesiva; 
f) Inexigibilidade de sacrifício do direito ameaçado (eu não posso 
sacrificar uma vida para proteger um patrimônio, devemos ter uma 
ponderação de valores, uma razoabilidade, se os bens forem 
equiparados, uma vida pela outra, poderemos ponderar); 
g) Elemento subjetivo (único que não está expressamente previsto no art. 
24) é o conhecimento do agente, ele deve saber que está agindo em 
estado de necessidade. 
 - Furto famélico: configurará crime a depender do contexto, se o agente furta algo 
insignificante, com pouco valor patrimonial,será uma exvludentes, mas se ele furta 
quantidades absurdas e caras não será. Fome = necessidade vital da pessoa. Necessidade 
vital não se confunde com dificuldades econômica ou miserabilidade. 
 
- Espécies de estado de necessidade: 
a) Estado de necessidade próprio e Estado de Necessidade de Terceiro. Próprio: o 
autor visa proteger o bem jurídico próprio. Terceiro: o autor visa proteger bem 
jurídico alheio. 
b) Estado de necessidade recíproco: seria um estado de necessidade contra outro 
estado de necessidade, duas pessoas agindo simultaneamente em estado de 
necessidade. Ex.: duas pessoas em um navio disputando um único colete salva 
vidas. 
c) Estado de necessidade real e Estado de Necessidade Putativo: se alguém atua 
em estado de necessidade ACHANDO que era de fato um estado de necessidade, 
o agente poderá responder civilmente, mas não penalmente. Obs.: no estado de 
necessidade real, haverá excludente de ilicitude, porém, no putativo, NUNCA 
HAVERÁ EXCLUSÃO DA ILICITUDE, mas pode haver exclusão de fato típico ou 
culpabilidade. Art. 20, § 1º, CP. 
d) Estado de Necessidade Defensivo e Estado de Necessidade Agressivo. 
Defensivo: para proteger bem jurídico, o agente atinge bem jurídico que pertence 
ao próprio causador do perigo. Não há obrigação de reparação de danos. 
Agressivo: para proteger bem jurídico, o agente atinge bem jurídico de terceiro 
inocente, isto é, de pessoa que não causou a situação de perigo. O agente deve 
reparar o dano ao terceiro inocente, sendo cabível ação regressiva. 
e) Estado de Necessidade Justificante e Estado de Necessidade Exculpante. 
Justificante: o bem sacrificado é de valor igual ou inferior ao bem protegido 
(ameaçado). Exculpante: o bem sacrificado é de valor superior ao bem protegido 
(ameaçado). Na exculpante configura causa de exclusão de culpabilidade por 
inexigibilidade de conduta diversa, não de ilicitude. O estado de necessidade 
exculpante só é aplicado na teoria diferenciadora. 
 - Teoria Diferenciadora: o código penal militar adota esta teoria. Ela aborda que 
quando o bem sacrificado é o patrimônio em detrimento do bem protegido vida, ou 
quando um bem sacrificado vida é em detrimento também de um bem protegido vida, 
teremos um estado de necessidade justificante, porém quando a vida for o bem 
sacrificado em detrimento da proteção de patrimônio, a teoria diz que trata de um estado 
de necessidade exculpante. 
 - Teoria Unitária: quando bem sacrificado é o patrimônio em detrimento do 
bem protegido vida, ou quando um bem sacrificado vida é em detrimento também de um 
bem protegido vida, teremos um estado de necessidade justificante, porém quando a vida 
for o bem sacrificado em detrimento da proteção de patrimônio, a teoria diz que trata do 
§ 2º, do art. 24, diminuição de pena. É a qual adotamos no CP brasileiro, não leva em 
consideração a exculpante. 
- Estado de Necessidade e Erro na Execução: art. 73 do CP (erro de execução, é quando 
eu acerto a pessoa errada por conta do meu erro na execução, acerto bem errado etc), 
por exemplo, se uma pessoa atira uma pedra em um cachorro a fim de defender criança 
que ia ser mordida por ele, porém, o agente sem querer atinge a criança, ele não 
responderá por atingi-la, visto que estava em estado de necessidade porém errou na 
execução. 
 
- Estado de Necessidade e Concurso de Pessoas: se uma pessoa atingiu em estado de 
necessidade e estava em concurso de pessoas, ela sendo absolvida todos serão. 
 
 
3. Estrito cumprimento do dever legal: não há definição legal, mas há previsão 
doutrinária. É a atuação do agente dentro dos parâmetros e determinações 
legais, determinação prevista em lei (que é abrangente). O estrito cumprimento 
do dever legal é quando o agente vem agir de acordo com a lei porém 
infringindo outra. 
 
Somente agentes públicos podem invocar o estrito cumprimento do dever 
legal? De maneira geral, a doutrina entende que pode sim o instituto acolher 
um particular também, o exemplo mais corriqueiro é o do advogado mediante 
o falso testemunho de modo a resguardar o privilégio advogado – cliente, de 
modo que ele não pode expor o que foi dito do seu cliente para ele, o estatuto 
da OAB regulamenta isso, pelo sigilo profissional, nos arts. 2º e 7º, o advogado 
pode alegar o estrito cumprimento do dever legal ao não confessar 
determinadas coisas no depoimento para não incorrer em falso testemunho. 
 
 
- O que abrange o “dever legal”? 
Obrigações resultantes da lei. A lei deve ser compreendida em sentido genérico. 
Ou seja, o dever legal pode ser oriundo da CF, de lei ordinária, complementar, 
decretos, regulamentos e até decisões judiciais. Também pode ser oriundo de 
atos administrativos. Um policial ou bombeiro dirigindo em alta velocidade que 
esteja tentando salvar uma vida, porém acaba atropelando um pedestre não 
pode utilizar do estrito cumprimento do dever legal para absolvê-lo, mas podem 
deixar de ser responsabilizados utilizando o estado de necessidade ou a legítima 
defesa em virtude de terceiro. Um policial que troca tiros com um suspeito, ele 
não utilizará do estrito cumprimento do dever legal para sua absolvição, mas 
sim da legítima defesa, própria ou de terceiro. A lei não manda o policial ficar 
trocando tiros, por isso não podemos utilizar esse instituto para excluir a 
ilicitude. A execução de pena de morte feita pelo carrasco em um sistema 
jurídico que admita essa modalidade penal é um exemplo claro de estrito 
cumprimento do dever legal. Invasão de domicílio para prender em flagrante 
também configura estrito cumprimento do dever legal, art. 301 do CP. 
 
 
4. Exercício regular do direito: art. 23, III. 
Por exemplo, no boxe, os boxeadores estão no exercício regular do direito, não 
há agressão injusta, eles respeitam regras do jogo e apesar de em algumas 
situações ocorrerem lesões corporais graves, ainda que haja tipicidade, não 
ilicitude. 
O Direito Penal é a última ratio (princípio da intervenção mínima e da 
fragmentariedade). O que é lícito para outros ramos do Direito não pode ser 
ilícito para o Direito Penal. O ordenamento jurídico é um só. Assim, se o 
ordenamento jurídico permite agir, o Direito Penal. 
Exemplos: prisão em flagrante por alguém do povo (art. 301, CPP); esportes com 
contato físico (futebol); esportes em que a intenção é lesionar o oponente 
(boxe); Cirurgia plástica e outros procedimentos dispensáveis, caracterizam o 
exercício regular do direito, desde que haja consentimento do paciente; 
iminente perigo de vida (permite ao leigo agir acobertado por excludente de 
ilicitude, bem como ao médico agir contra a vontade do paciente, no último 
caso, o médico estará acobertado pelo estado de necessidade e pelo estrito 
cumprimento do dever legal. O médico sempre irá agir acobertado por uma 
excludente de ilicitude, tanto pelo estado de necessidade quanto pelo estrito 
cumprimento do dever legal, independente da vontade da vítima (ex.: religião 
que não aceita transfusão de sangue), art. 146, §3º. 
 
Ofendículas (ofendículos ou ofensáculas): 
São equipamentos e objetos previamente utilizados para defesa do patrimônio 
(cerca elétrica, cacos de vidro sobre o muro, pontas de lanças em portões). Esses 
meios de defesa somente serão utilizados em face de uma eventual agressão. 
Devem ser visíveis – propósito de advertência. Se for oculto, pode acarretar a 
responsabilização pelo resultado. 
 
Qual a natureza jurídica das ofendículas? Há 3 doutrinas que divergem sobre 
qual seria, uma entende que se trata de exercício regular do direito, outra que 
se trata de legítima defesa “preordenada”, a terceira diz que se trata exercício 
regular do direito enquanto não forem acionadas. Todavia, se vierem a ser 
acionadas, configura legítima defesa “preordenada”. A natureza jurídica de fato 
é que se trata de uma excludente de ilicitude. 
 
Exercício regular do direito vs estrito cumprimento do dever legal: no exercícioa ação é permitida por lei, logo, facultativa. No estrito cumprimento a ação é 
determinada por lei, logo, compulsória. 
 
 
 
• Excesso das Causas de Excludente de Ilicitude 
Excesso Punível: Parágrafo único do art. 23, CP: o agente, em qualquer das hipóteses 
deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo. 
O excesso será configurado mediante a seguinte conjuntura: inicialmente o agente age 
dentro do limite permitido, porém, logo após, excede sua conduta. 
- Excesso Doloso: será penalmente responsabilizado pelo resultado. 
- Excesso Culposo: somente será penalmente responsabilizado se houver previsão legal 
da modalidade culposa. 
Excesso Acidental: trata-se de um indiferente penal, resultante de eventos 
imprevisíveis, inevitáveis, caso fortuito ou força maior. O agente que se valeu de uma 
excludente de ilicitude não pode ser responsabilizado pelo resultado. Ex.: quando um 
policial prende uma pessoa, essa pessoa tem um infarto na viatura, não é culpa do 
policial, houve um excesso acidental. Ex.2: uma pessoa em um campo de golfe empurra 
outro em um lago, sem querer, pois, iam lhe atingir uma bola, porém tinha um jacaré 
no lago que comeu a pessoa que caiu, o agente não terá culpa, não será punido. 
- Excesso Intensivo (próprio) e Excesso extensivo (impróprio): intensivo – é quando os 
meios utilizados não são os necessários. Extensivo – é quando eu usei os meios 
necessários de forma prolongada, superior ao que bastava para sua defesa. 
- Excesso Exculpante: no calor do momento, a pessoa não consegue raciocinar e age de 
forma emocionada sob constante estresse psicológico, agir em excesso por isso. Uma 
situação desse caso foi o cunhado da ana hickmam que deu 3 tiros no fã que entrou no 
quarto de hotel dela, ele recebeu uma minora na pena e foi absolvido por conta do 
excesso exculpante. Parte da doutrina entende que o excesso exculpante é uma causa 
supralegal de excludente de culpabilidade. 
O Código Penal Militar trata do Ecesso escusável que é a mesma coisa do excesso 
exculpante, nesse caso, o art. 45 do CPM adota de modo positivado tal excesso. 
 
• Aspectos Processuais Penais da Ilicitude: 
1. O ônus da prova sobre a existência da causa de exclusão da ilicitude é da defesa. 
2. Diante da dúvida do juiz se o agente incorreu ou não em excludente de ilicitude 
deve absolver ou condenar? Ele deverá absolver, deve prevalecer a absolvição, 
art. 386, VI, CPP. 
3. Delegado de Polícia pode deixar de autuar em flagrante diante do 
reconhecimento de uma excludente de ilicitude? Uma parcela da doutrina 
entende que não com fulcro no art. 310, parágrafo único do CPP. Há uma 
segunda corrente que diz que sim, com fulcro no encarceramento indevido do 
inocente, art. 302. Prevalece a segunda doutrina, de que não deve ser preso. 
 
III – CULPABILIDADE 
• IMPUTABILIDADE, POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE; EXIGIBILIDADE DE CONDUTA 
DIVERSA. 
• O legislador brasileiro adota a teoria normativa pura para o CP. A teoria normativa pura, 
basicamente, é a responsável por dividir a culpabilidade em 3 elementos: 
imputabilidade; potencial consciência da ilicitude e inexigibilidade de conduta diversa. 
1. Imputabilidade: é quando o agente é capaz de entender que está praticando 
conduta ilícita, é o contrário de inimputável, que é quando o agente não é capaz 
dessa compreensão. Art. 26, CP: é isento de pena o agente que no tempo da 
ação era inteiramente incapaz de entender e compreender o fato criminoso. 
Causas excludentes de Imputabilidade: 
- Doença Mental: 
O CP adota como doença mental um misto de psicológico com biológico, sendo 
o sistema biopsicológico como adotado para definir. A incapacidade deve ser 
ABSOLUTA, se for parcial não será suficiente para excluir sua imputabilidade. 
 
- Menoridade: 
Art. 27, CP e art. 228 da CF – os menores de 18 anos são penalmente 
inimputáveis. Basta a comprovação da idade na época do fato que o sujeito terá 
excluída sua culpabilidade, aqui se adota o critério biológico somente. Não há 
crime, porém há ato infracional e o menor responderá conforme prevê o ECA. 
 
- Embriaguez Completa Acidental: 
Art. 28, II, §1º, CP, o próprio nome já diz, a embriaguez deve ocorrer de forma 
involuntária, por caso fortuito ou força maior para que seja excluída a 
culpabilidade. 
 
- Outras Causas Relacionadas: é possível que ocorra a minoração da pena em 
caso de relativa/incompleta incapacidade, enquanto a absoluta incapacidade 
afasta a culpabilidade, a relativa somente diminui de 1/3 a 2/3 a pena do 
resultado obtido, conforme aduz o parágrafo único do art. 26 do CP. 
Emoção, paixão embriaguez não acidental: não excluem a imputabilidade, mas 
podem minorar a pena. 
Actio Libera in Causa: é a situação de embriaguez para tomar coragem de 
cometer ato ilícito, nesse caso a tendência é agravar a pena, é a chamada 
embriaguez pré-ordenada, art. 61, CP, agravante de pena. 
Embriaguez acidental incompleta: neste caso o agente não está totalmente 
embriagado ao ponto de não distinguir o fato ilícito, ele está embriagado em 
razão de caso fortuito ou força maior, porém ele consegue diferenciar o fato 
criminoso. 
 
2. Potencial Consciência da Ilicitude: 
Para que a conduta do autor seja considerada reprovável é necessário que este 
ao menos saiba da ilegalidade de seus atos ou que tenha a possibilidade de 
conhecê-la. Porém, cabe ressaltar que alegar desconhecimento de lei por si só 
não exclui a culpabilidade, lembramos do art. 3º da LINDB que ninguém se 
escusa de cumprir a lei alegando que não a conhece, porém, tal afirmação 
também não é absoluta. Vejamos o art. 21, CP sobre o erro sobre a ilicitude do 
fato. Lembrar do caso de seu josias que praticou crime ambiental raspando 
casca de árvore para fazer chá em uma área de reserva, ele praticava sem saber 
que era errado (erro de proibição). 
 
3. Exigibilidade de Conduta Diversa: 
Considera-se o juízo sobre as opções que o agente possuía no momento que 
praticou o fato típico e ilícito. 
Podia o agente ter agido de outra forma? Devemos observar por meio desse 
prisma para entender se há inexigibilidade de conduta diversa. O art. 22 do CP 
limita em quais situações teremos tal inexigibilidade: coação moral irresistível 
e obediência hierárquica. 
- Coação Moral Irresistível: 
É o caso de uma pessoa que tem sua família refém e precisa agir conforme a 
vontade do sequestrador para que o agente não mate sua família. Requisitos: 
emprego de grave ameaça contra alguém, de modo a obriga-lo a fazer ou deixar 
de fazer algo; a ameaça deve ser grave e pode ser contra o próprio coagido ou 
contra um terceiro (sua família, por exemplo); a ameaça deve ser irresistível 
(não pode ser superada pelo homem médio). Autoria mediata: o coagido atua 
pelo coator, porém neste caso somente o coator responderá elos crimes se 
enquadrado o coagido na coação moral irresistível. Art. 62, CP, II. Se a coação 
moral for resistível, o coagido responderá pelo fato porém de forma atenuada: 
art. 65, CP, III “c”. 
 
- Obediência Hierárquica: 
É uma previsão específica para o direito público, não se aplicando ao direito 
privado. A ordem obedecida não pode ser manifestamente ilegal. 
Ordem não manifestamente ilegal: quando o subordinado NÃO SABE que está 
recebendo uma ordem ilegal, age acreditando estar na legalidade. 
Ordem manifestamente ilegal: o subordinado SABE que a ordem é ilegal. 
Se o delegado pede para o o agente de polícia atirar na perna de um preso para 
obter informações, aqui temos uma ordem manifestamente ilegal e, caso o 
agente atire, responderão delegado e agente pela ilicitude. 
Se o delegado pede para o agente proceder prisão cujo mandado é inexistente 
é uma ordem não manifestamente ilegal. 
 
Obs.: STF analisou em HC também o grau de censura pessoal do réu na prática 
do delito para entender se há ou não aplicabilidade da excludente neste caso. 
Princípio da Individualização da pena.

Continue navegando