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A TECNOLOGIA LEVE APLICADA EM UTI NEONATAL FUNDAMENTO DO

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A TECNOLOGIA LEVE APLICADA EM UTI NEONATAL: FUNDAMENTO DO 
CUIDAR EM ENFERMAGEM 
 
Claudia, Maria Gabert Diaz1; Katiane, Speroni2; 
Sandra, Liziane Massirer Almeida3; Tayane, dos Santos Morrisso4. 
 
 
INTRODUÇÃO 
Trata-se de um ensaio reflexivo, pautado em vivências profissionais e bibliografias 
relevantes acerca da temática, desenvolvido no período de janeiro a julho de 2010. 
Reflete sobre o nascimento de um novo ser e todas as expectativas que o envolvem, 
depreendendo-se em várias questões, entre elas o processo de internação do neonato 
em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Conclui que a utilização de tecnologias duras 
neste cenário é inerente, mas sugere que não deve ser passível da desvinculação de 
tecnologias leves, que valorizam o relacional, as vivências e necessidades primordiais de 
afetividade, diálogo e compreensão, beneficiando à saúde do recém-nascido (RN). A 
assistência ao RN nas unidades intensivistas perpassam pela utilização de máquinas e 
equipamentosdenoinadas tecnologias duras. A necessidade de manter o RN em uma 
incubadora evidencia o equipamento em detrimento do ser humano, correndo o risco 
deste ser apenas um detalhe, um componente do processo, para os olhos de alguns. 
Esse conceito reducionista e simplista, por vezes, cria uma barreira muito grande entre 
aquilo que entendemos como humano e como artificial1. O excesso de tecnolgia remete a 
reflexões sobre a adequação de seu uso, a importância que possui no salvar vidas e no 
processo de cuidado em enfermagem neonatal. Ao mesmo tempo, esta percepção pode 
gerar um falso empoderamento do profissional representada por uma força que 
desumaniza e despersonaliza as formas de cuidar. Surge a partir desta análise, a 
necessidade de repensar um cuidado embasado na tecnologia leve, que se configura nas 
relações humanas, no acolhimento, na criação do vínculo entre profissional-RN-família2. 
Neste sentido, as ações humanizadoras imprimem o caráter relacional do cuidado em 
saúde, no qual a expressão das subjetividades é exclusiva dos seres humanos3. 
 
OBJETIVO 
Sob a perspectiva de atenção humanizada, objetiva-se estudar reflexivamente o uso da 
tecnologia leve como fundamento do cuidar em enfermagem, em Unidade de Terapia 
Intensiva Neonatal. 
 
 
METODOLOGIA 
Trata-se de um ensaio reflexivo, pautado em bibliografias relevantes sobre a temática e 
vivências profissionais em uma UTI Neonatal de um hospital de grande porte, na região 
central do Rio Grande do Sul. O estudo foi desenvolvido no Grupo Interdisciplinar de 
Pesquisas em Saúde (GIPES), realizado no período de janeiro a julho de 2010. 
Utilizaram-se como recursos de pesquisa a Biblioteca da Universidade Federal de Santa 
Maria (UFSM) e Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), bem como os sítios da 
internet, como Bireme, Lilacs e Bdenf, nos quais buscaram-se artigos com os descritores: 
tecnologia; Unidades de Terapia Intensiva Neonatal; Cuidados de Enfermagem. 
 
 
RESULTADOS e DISCUSSÕES 
A tecnologia se faz presente nas diversas maneiras de cuidar, podendo ser classificadas 
em leve quando se refere às relações, acolhimento, gestão de serviços; em leve-duras 
relacionadas aos saberes bem estruturados, como o processo de enfermagem; e dura 
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quando envolvem os equipamentos tecnológicos do tipo máquinas, as normas(4). Cuidar 
nessa perspectiva de tecnologia remete a reflexão sobre a práxis dos profissionais da 
saúde, como percebem e executam o cuidado. Considerar apenas as tecnologias duras 
como essenciais à assistência seria menosprezar os princípios de integralidade. A 
incorporação do saber profissional da tecnologia leve-dura, aliado a visão humanista do 
cuidado (tecnologia leve) reflete uma necessidade de transformação do cotidiano, visando 
à qualidade do atendimento ao RN. A incorporação da tecnologia leve em UTIN possibilita 
aprimorar o cuidado de Enfermagem. O toque no RN poderá acarretar várias 
modificações em seu estado, proporcionando-lhe bem-estar e segurança; a luz que incide 
sobre seu berço ou incubadora pode causar profundo estresse. Para perceber as 
“queixas” de um prematuro é necessário desenvolver sensibilidade(5-6). Os pais devem ser 
os aliados no cuidado com o RN, somando com a equipe. Eles devem receber 
orientações sobre a tecnologia do relacionamento, concomitantemente com a tecnologia 
dura (de aparelhos e suportes de sobrevivência) no desenvolvimento do plano de 
cuidados. Esta reflexão reforça os aspectos objetivos e subjetivos do cuidado, 
evidenciando a sua complexidade pautada em ações nem sempre concretas, como os 
procedimentos técnicos, mas incluindo as abstratas como os sentimentos, a intuição, a 
percepção. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Acredita-se que o cuidado a ser implementado na UTIN necessita ser exercido e 
vivenciado em sua totalidade, na tentativa de reduzir manuseios excessivos que possam 
comprometer o bem-estar do bebê, provocando nele manifestações de estresse, dor, 
alterações fisiológicas e comportamentais. Destaca-se a importância do cuidado de 
enfermagem pautado no conhecimento científico, incorporando a humanização em sua 
prática. A associação da tecnologia leve à dura na assistência ao neonato melhora o 
desempenho da equipe envolvida nesse processo, a partir do pressuposto de que o 
cuidado recebido pelo neonato interfere na sua recuperação e o seu desenvolvimento. 
 
REFERÊNCIAS 
1. Lamego, DTC; Deslandes, SF; Moreira, MEL. Desafios para a humanização do cuidado em 
uma unidade de terapia intensiva neonatal cirúrgica. Ciênc. saúde coletiva [online]. 2005, vol.10, 
n.3, pp. 669-675. 
2. Mehry, EE. Saúde: cartografia do trabalho vivo em ato. São Paulo (SP): HUCITEC; 2002. 
3. Neto, JA; Rodrigues, BMRD. Tecnologia como fundamento do cuidar em neonatologia. Texto 
Contexto Enferm, Florianópolis, 2010 Abr-Jun; 19(2): 372-7. 
4. Merhy, EE. Em busca de ferramentas analisadoras das Tecnologias em Saúde: a informação e 
o dia a dia de um serviço, interrogando e gerindo trabalho em saúde. In: Merhy EE, Onoko, R, 
organizadores. Agir em Saúde: um desafio para o público. 2ª ed. São Paulo (SP): Hucitec; 2002. 
p. 113 - 150. 
5. Silva, RNM. Aspectos comportamentais do bebê pré-termo na UTI neonatal. Brasília, 2002. 
6. Silva, LJ; Silva, LR; Christoffel, MM. Tecnologia e Humanização na Unidade de Terapia 
Intensiva Neonatal: reflexões no contexto do processo saúde-doença. Rev Esc Enferm USP, 
2009; 43 (3):684-9. 
 
Palavras-chave: Tecnologia. Unidades de Terapia Intensiva Neonatal. Cuidados de 
Enfermagem. 
 
1 Enfermeira. Dda. em Enfermagem – DINTER(UNIFESP/ UFRJ/UFSM). Docente do Curso de Enfermagem – UNIFRA. 
Assistencial na Unidade Tocoginecológica – HUSM. 
2 Acadêmica de Enfermagem – UNIFRA. Técnica em Enfermagem na Unidade Tocoginecológica – HUSM. 
3 Enfermeira. Técnica em Enfermagem na Unidade Tocoginecológica – HUSM. smassirer@yahoo.com.br 
4 Enfermeira. Docente do Curso Técnico de Enfermagem – UNIFRA. tayane@unifra.br

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