Buscar

CCJ0019-WL-B-PP-Apostila Constitucional - Sabrina Rocha

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 233 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 233 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 233 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Curso completo de Direito Constitucional
Profª. Sabrina Araújo Feitoza Fernandes Rocha
Atualizada até a EC n° 71 de 29/11/12
 
Esta apostila não é de autoria pessoal, pois foi produzida através das obras de 
doutrinadores constitucionalistas, dentre eles Ivo Dantas, J. J. Gomes Canotilho, José 
Afonso da Silva, Paulo Bonavides, Celso D. de Albuquerque Mello, Luís Roberto Barroso, 
Walber de Moura Agra, Reis Friede, Michel Temer, André Ramos Tavares, Sérgio 
Bermudes, Nelson Oscar de Souza, Alexandre de Moraes, Nelson Nery Costa/Geraldo 
Magela Alves, Nagib Slaibi Filho, Sylvio Motta & William Douglas, Henrique Savonitti 
Miranda e tomou por base a apostila do Prof. Marcos Flávio, com os devidos acréscimos 
pessoais.
 
PONTO 1 – TEORIA GERAL DO ESTADO E DA CONSTITUIÇÃO
 
 Faz-se premente ao estudioso deste ramo do direito, noções prévias do Estado e seus 
elementos indispensáveis, para uma boa apreensão dos conteúdos do Direito Constitucional.
 
1 - Conceito de Estado
 
1.1 -Corresponde à organização de um povo, localizado estavelmente sobre um território, sob o 
comando de um único poder. O Estado da idade contemporânea tem como principal característica o 
fato de ser um ente político com um governo institucionalizado, ou seja, politicamente organizado.
 
 1.2 - É uma sociedade política, organizada juridicamente, com o objetivo de alcançar o bem 
comum.
 
 1.3 - O Estado é uma sociedade política, organizada juridicamente, com o objetivo de 
alcançar o bem comum.
 
Costuma-se definir Estado como sociedade politicamente organizada. Fica mais 
fácil entender o Estado a partir do conhecimento dos elementos que o compõe. Desta 
forma, Estado é um ente constituído de um povo (elemento sociológico) organizado 
sobre um território (elemento físico), sob o comando de um governo soberano 
(elemento político – Poder), para fins de defesa, ordem e bem-estar. 
 
2 - Elementos constitutivos do Estado: Povo - Território - Governo 
Soberano ( a soberania é uma característica deste elemento, que se bifurca em dois 
tipos: soberania interna e soberania externa)
 
 Há divergência entre autores sobre os elementos constitutivos do Estado. A 
maioria opta pelos três elementos acima. Quanto aos elementos povo e território há 
quase unanimidade. Existe alguma variação sobre o terceiro: é citada soberania, 
governo, poder soberano, poder estatal. Contudo optamos pelo governo soberano pois 
nada valeria se houvesse o Poder e ele não pudesse se impor dentro da sua 
circunscrição. Assim, a soberania é uma característica indispensável do elemento Poder.
 
. Povo: é o conjunto de pessoas unidas ao Estado pelo vínculo jurídico da 
nacionalidade. São, no caso do Brasil, os brasileiros natos e os brasileiros 
naturalizados, que estudaremos adiante. A força de um Estado se faz pelo número de 
seus integrantes.
 
. Território: é o elemento físico, compreende o espaço terrestre, que estende-se ao 
subsolo; o mar territorial (doze milhas marítimas a partir da linha de baixa-mar do litoral 
continental, art. 1º e 2º da lei 8.617, de 4-1-1993); o espaço aéreo (coluna de ar 
sobrejacente aos espaços terrestre e mar territorial); a zona econômica exclusiva (faixa 
das 12 às 200 milhas marítimas, nesta o Brasil exerce direitos de soberania para fins de 
exploração e aproveitamento para fins econômicos, arts. 5º e 6º, lei 8.617/93); e as 
aeronaves e as embarcações brasileiras, de natureza pública ou a serviço do 
governo brasileiro, onde quer que se encontrem (art. 5º, §1º do Código Penal). 
Embaixadas, consulados e qualquer lugar onde as leis brasileiras devam ser observadas 
e aplicadas. Segundo Hans Kelsen o território corresponde ao âmbito de validez da 
ordem jurídica. 
 
. Governo Soberano: é o elemento político, caracterizado pelo poder que permite aos 
Estados conduzirem-se na escolha de seus destinos segundo a vontade de seu povo 
de maneira suprema na ordem interna e independente (em pé de igualdade) frente aos 
demais Estados. É derivada da autodeterminação dos povos. Há alguns autores que 
denominam este terceiro elemento de Soberania; outros Poder soberano, como já 
esclarecido acima, o que importa é a possibilidade de impor regras de condutas internas 
em prol do coletivo e ser respeitado pelos outros Estados soberanos. 
 
3 - O Estado e suas funções
 
 O Poder é manifestação da soberania.Tem razão Michel Temer ao dizer que se 
equivocam os que utilizam a expressão "tripartição dos poderes". É que o poder tem por 
características a unidade, a indivisibilidade e a indelegalibilidade. A distinção que 
existe é entre funções e entre os órgãos que desempenham tais funções.
 
 A vontade estatal ou governamental, segundo a teoria clássica sistematizada por 
Montesquieu, manifesta-se através dos Poderes do Estado. O princípio da separação 
dos poderes foi inicialmente concretizado na Constituição dos Estados Unidos de 
1787. Tornou-se com a Revolução Francesa um dogma constitucional, a ponto da 
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, em um de seus artigos, declarar 
que não teria constituição a sociedade que não assegurasse a separação de 
poderes e os Direitos do Cidadão. Montesquieu, pensador Francês, em sua obra “O 
Espírito das Leis” (em 1748) expõe a técnica da separação de poderes. O inovador 
princípio da separação dos poderes exerceu influência e ainda exerce sobre o moderno 
Estado de Direito, como princípio constitucional de maior importância em oposição ao 
antigo regime absolutista. OBS: Vale ressaltar que a idéia não foi dele, pois desde 
Aristóteles e depois Look, que este pensamento vinha sendo amadurecido. Montesquieu 
apenas sistematizou e se consagrou pela obra já citada.
 
Atualmente, essa teoria seria melhor denominada de separação das funções do 
Estado. As FUNÇÕES se constituem em especialização de tarefas governamentais à 
vista de sua natureza. Sua finalidade é limitar e controlar (uns pelos outros) o 
funcionamento do Poder. É o chamado mecanismo de freios e contrapesos (pode 
aparecer na prova: sistema de checks and balances). A partir da aplicação dos 
princípios gerais que regem a concepção do sistema de freios e contrapesos na 
Constituição da República, não é possível deduzir controles entre os poderes que não 
estejam expressos no texto constitucional.
 
q Funções típicas (precípua) X Funções atípicas (secundária)
 
Órgão/Funções TÌPICA ATÌPICA
LEGISLATIVO
 
LEGISLAR e 
FISCALIZAR
JULGAR
ADMINISTRAR
EXECUTIVO
 
 ADMINISTRAR
 
JULGAR
LEGISLAR
JUDICIÁRIO
 
JULGAR ADMINISTRAR
LEGISLAR
 
 
 Legislar e Fiscalizar constituem funções típicas do Poder 
Legislativo. A Constituição brasileira prevê detalhadamente a elaboração de leis através 
do processo legislativo (arts. 59 a 69) e de fiscalização contábil, financeira, 
orçamentária, operacional e patrimonial (arts. 70 a 75). As funções atípicas do Poder 
Legislativo são administrar (art. 51, IV; 52, XIII) e julgar (art. 52, I e II).
 
 A Função Jurisdicional ou Jurisdição (dizer o direito) visa aplicar a lei 
ao caso concreto para solucionar litígios (conflitos de interesse caracterizados por 
pretensão resistida), impondo a validade do ordenamento jurídico de forma coativa, 
mediante provocação da parte interessada, sempre que os interessadosnão cumpram a 
lei espontaneamente. Compete ao Poder Judiciário. As funções atípicas deste Poder 
são as de administrar (art. 96, I, c, f) e legislar (art. 96, I , a).
 
 A Função Administrativa, típica do Poder Executivo, diz respeito à 
realização de atos concretos voltados a satisfação das necessidades coletivas, tais 
como a gestão ordinária dos serviços públicos de interesse da coletividade. Dito de 
forma mais completa por José Afonso da Silva (Curso. pág. 112) o Poder executivo 
exerce a função executiva, que engloba as chefia de governo, de estado, de defesa e 
de assistência judiciária. A função de governo e a função administrativa está 
relacionada com atribuições políticas, co-legislativas, de decisão. as atividades de 
intervenção, fomento, polícia administrativa e serviço público. A função de chefia de 
Estado é desempenhada pelo Presidente da República sempre que houver necessidade 
de relacionamento entre Estados Soberanos. A chefia de Defesa se estabelece por ser o 
Presidente o chefe supremo das Forças Armadas Nacionais. Quanto a última chefia, de 
Assistência Judiciária, só até a autonomia total das Defensorias Públicas, encarregadas 
de exercerem este trabalho. Legislar constitui função atípica deste Poder (art. 62 e 68). 
Outra função atípica do Executivo é a jurisdicional, quando julga seus servidores nos 
processos administrativos disciplinares, por exemplo.
 
Obs: fazer observação sobre o controle dos atos administrativos pelo Poder 
Judiciário.
 
4 - Formas de Estado
 
• Simples : ..................................... Estado Unitário
• Compostos:..................................Confederação e Estado Federal 
 
 Os Estados, quanto a sua formação, classificam-se em simples e compostos, tal 
distinção surge “em função do grau de centralização e descentralização do poder 
político". 
 
 O Estado Unitário se caracteriza por não apresentar descentralização do 
poder político, que se concentra em uma única pessoa jurídica nacional. Por 
conseqüência, possui somente uma única ordem jurídica central, que se aplica em 
todo o território nacional. Possui um centro de poder que se estende por todo o 
território e sobre toda a população e controla todas as coletividades regionais e locais . 
São exemplos, entre outros: França, Inglaterra, Chile, Uruguai e Paraguai. 
 
 No Estado Unitário poderá haver descentralização (são os estados 
descentralizados ou regionais), no entanto, esta não se perfaz com autonomia política, 
através de uma repartição de competências estabelecida na Constituição, mas através de 
outorga legal e, portanto, por lei poderá ser revogada. 
 
RESUMINDO: Estado Unitário Centralizado, inexiste, em sua organização interna, 
qualquer tipo de repartição. Nos dias atuais está em extinção. Estado Unitário 
Descentralizado: há efetiva repartição de atribuições entre a parte centralizada e a 
descentralizada, realizada através da outorga das normas às comunas, departamentos 
etc. Ex: França e Itália.
 
 O Estado Federal é, por definição, aquele onde estão asseguradas, pela 
Constituição, autonomia político-administrativa às partes descentralizadas (Estados-
Membros, Províncias, Territórios etc). É reputada pela quase unanimidade dos autores, 
como a forma mais moderna de Estado. São exemplos atuais praticamente todos os 
Estados americanos, como, Estados Unidos, Brasil, entre outros, além de alguns 
europeus como Alemanha.
OBS: a Federação Brasileira é a única nação que inclui os Municípios e o Distrito 
Federal como entes federados. 
 
 A origem do Estado Federal moderno, tal como o conhecemos na atualidade, 
é tipicamente norte-americana. Surgiu nos Estados Unidos, com a Constituição de 1787. 
 
 No Estado Federal há que se distinguir soberania de autonomia e seus 
respectivos titulares. O Estado Federal é o todo, dotado de personalidade jurídica de 
Direito Público Internacional, é o único titular da soberania como pessoa 
reconhecida pelo Direito Internacional. A União é a entidade federal formada pela 
reunião das partes componentes, constituindo pessoa jurídica de Direito Público 
interno. Os Estados-membros são entidades federativas componentes, dotadas de 
autonomia e também de personalidade de Direito Público interno. Os Municípios e o 
Distrito Federal, também possuem autonomia e são também pessoas jurídicas de 
Direito Público interno.
 
 O Brasil, após a proclamação da Independência (1822), adotou como forma de 
governo a monarquia e, enquanto forma de Estado, o Estado Unitário. O império do 
Brasil não possuía descentralização política, apenas descentralização administrativa, 
(Seu território foi dividido em províncias, cuja estrutura foi consolidada na Constituição de 
1824). A realidade histórica da República e do Federalismo tem por origem a 
derrubada da monarquia, em 15 de novembro de 1889. Adotou-se então como forma de 
governo a República e como forma de Estado o Estado Federal. Toda esta mudança 
de estrutura foi definitivamente consolidada com a Constituição de 1891.
 
 A Confederação é formada através de diversos Estados Soberanos 
colocados uns ao lado de outros, decorrente de um tratado internacional . Na 
Confederação os Estados mantêm soberania. Talvez por isto, Michel Temer não 
considera a Confederação como forma de Estado, haja vista que se “assenta em 
tratado internacional entre Estados soberanos (que não abdicam de sua soberania) 
e não em Constituição”. As 13 colônias americanas, logo após a conquista da 
independência da Inglaterra em 1776, formaram uma Confederação, que não mais existe. 
Outro exemplo seria a antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
 
 
5 - Formas de governo 
 
Forma de governo diz respeito ao especial modo como se alcança o Poder e nele 
permanece. Pode ser definida como a maneira pela qual se dá a instituição do poder na 
sociedade e como se dá a relação entre governantes e governados. 
Contemporaneamente, entretanto, deve-se ressaltar que a acepção básica das formas de 
governo é apenas um gênero a comportar como espécie o sistema e o regime de 
governo.
 
Segundo Aristóteles, existem formas puras e impuras de governo
FORMAS PURAS FORMAS IMPURAS
MONARQUIA (Governo de um só) Tirania
ARISTOCRACIA (Governo de um grupo) Oligarquia
DEMOCRACIA (Governo de todos) Demagogia
 
Para os autores de forma geral, são divididas em:
 
• Monarquia: hereditariedade (consangüinidade) Ex: Inglaterra, Espanha e Japão 
 vitaliciedade
Natureza: governo de um só, de acordo com as leis que ele mesmo elabora;
Princípio: sentimento de honra, amor às distinções e culto às prerrogativas.
 
• República: eletividade (eleições livres) Ex: Brasil, Estados Unidos, Portugal
 Temporariedade 
Natureza: soberania nas mãos do povo;
Princípio: virtude traduzida em amor à Pátria, igualdade e compreensão dos direitos e 
deveres.
 
5.1 - Sistemas de governo
 
Sistema de governo diz respeito ao modo como se relacionam os poderes, especialmente 
os Poderes Legislativo e Executivo.
 
• PARLAMENTARISMO: 
 
Ø chefia dual do Poder Executivo : há um chefe de Estado e há um 
chefe de Governo(primeiro ministro).
 
Ø a permanência do chefe de governo depende da confiança do Poder Legislativo. 
 
 A esta segunda característicaa doutrina denomina de responsabilidade política. No 
parlamentarismo a chefia de governo é exercida pelo primeiro Ministro. 
 
 O Parlamentarismo foi uma lenta criação da história política da Inglaterra, 
onde surgiu em 1688e, a partir desta data, passou a ser adotado por outros países da 
Europa.
 Este sistema de governo, segundo muitos estudiosos, é o mais perfeito, pois 
baseia-se num sistema representativo, havendo paralelamente o exercício pleno da 
soberania nacional. Funda-se, assim, na existência de partidos compactamente 
organizados, tendo como representantes homens que lutam pela vontade soberana do 
povo. A vontade do povo se faz de forma tão presente, que tal sistema é denominado 
governo de opinião. O povo é valorizado e tem uma participação constante nos atos do 
governo. Apresenta os três poderes clássicos (Executivo, Legislativo e Judiciário) 
acrescido do Poder Moderador, representado pelo Rei (em caso de Estado Monárquico) 
ou pelo Presidente da República (em caso de Estado Republicano) 
 No Brasil, o Parlamentarismo foi empregado durante o Segundo reinado, 
sendo, posteriormente, abolido em 1889 pela Proclamação da República, através da qual 
o sistema presidencialista foi implantado. Em 1961, com a renúncia de Jânio Quadros, 
tivemos o regresso do Parlamentarismo, sendo que, em 1963, o Presidencialismo 
ressurge como sistema de governo. 
 
Obs: A Constituinte de 88 deixou ao povo brasileiro a oportunidade de escolher a forma e 
o regime de governo, com a regra posta no ADCT, art. 2º, que reza:
 
“No dia 7 de setembro de 1993 o eleitorado definirá, através de plebiscito, a forma 
(república ou monarquia constitucional) e o sistema de governo (parlamentarismo ou 
presidencialismo) que devem vigorar no País”.
 
• PRESIDENCIALISMO
Características:
- chefia singular do Poder Executivo: o Presidente é ao mesmo tempo chefe de Estado 
e chefe de Governo
- permanência do Presidente independe da confiança do Poder Legislativo.
 
 O Presidencialismo foi idealizado pelos norte-americanos na Convenção da 
Filadélfia, e passou a constar na Constituição Federal de 1787. No Brasil, no entanto, ele 
só passou a viger em 1889.
 No presidencialismo o Presidente da República exercerá o cargo por período 
fixo, não necessita da maioria parlamentar para manter-se no cargo. O Poder Legislativo 
só poderá afastar um Presidente da República no caso do cometimento de crime de 
responsabilidade ou de crime comum. Para quem tiver interessado nas regras 
constitucionais para se afastar o Presidente poderá encontrá-las nos artigos 85 e 86; 51, I, 
e 52, I, parágrafo único. 
 
 
5.2 - Regime político: democrático e ditatorial (totalitário)
 
Ø democrático – há participação do povo no processo político
Ø ditatorial ou Totalitário– não há a livre participação do povo no 
processo político, as eleições não são livres, 
 
CF/88 Art. 1º -----------------------------------------------------------------
 
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de 
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. 
 
 A nossa Constituição realça e traduz a democracia representativa sem desprezar os 
instrumentos da democracia direta pelo que origina uma forma de democracia 
denominada mista ou semi-direta. 
 
 Democracia direta é a forma inicial da democracia, tal como praticada na antiga 
Grécia. A participação dos cidadãos nas decisões políticas era exercida pessoalmente 
sem intermediários (em espaço público se reuniam, debatiam e decidiam o assunto em 
pauta). Atualmente, é de impossível realização, já que conta com o povo exercendo o 
poder diretamente, sem mandatário.
 
Democracia Indireta pode ser:
 
 - Democracia representativa, onde o povo elege seus representantes.
 
 - Democracia Cesarista, onde o governo indica seus representantes, cabendo ao 
povo confirmá-los ou não no poder por referendum
 
 A expressão “diretamente” deve ser entendida à luz do art. 14, incisos I a III, onde se 
encontra os instrumentos modernos da democracia direta, quais sejam: o plebiscito, o 
referendo e a iniciativa popular.
 
Plebiscito e referendo são consultas formuladas ao povo para que delibere sobre matéria 
de acentuada relevância, de natureza constitucional, legislativa ou administrativa (art. 2º, da lei 
9.709/98). 
O plebiscito é a convocação prévia ao ato legislativo ou administrativo a ser realizado, 
cabendo ao povo, pelo voto, aprovar ou rejeitar o que lhe tenha sido submetido (art. 2, §1º, da 
lei 9.709/98).
O referendo é a convocação posterior ao ato legislativo ou administrativo que se tenha 
realizado, cumprindo ao povo a respectiva ratificação ou rejeição (art. 2º, §2º, da lei 9.709/98).
A iniciativa popular consiste na apresentação de projeto de lei à Câmara dos 
Deputados, subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos 
por cinco Estados, com não menos de três décimos (3/10 = 0,3) por cento dos eleitores de cada um 
deles (art. 13 da lei 9.709/98 e CF, art. 61, § 2º). OBS: fazer um comentário sobre a iniciativa 
popular e a ação popular na perspectiva de democracia direta.
 Em resumo, a nossa CF/88 consagra a democracia representativa sem 
desprezar os instrumentos da democracia direta (plebiscito, referendo, iniciativa popular) 
pelo que origina uma forma de democracia mista ou semi-direta. 
 Todos estes conhecimentos prévios são basilares para compreensão do Estado 
Brasileiro que adotou o modelo federalista.
 
6 - Características do Estado Federal
 
 A doutrina aponta como características da existência de Estado Federal: 
 
a) Existência de uma Constituição como base jurídica do Estado que 
assegure autonomia das entidades federadas através de uma repartição 
constitucional de competências à a Lei Fundamental representa a aliança 
firmada pelas entidades integrantes do Estado Federal, o qual se origina da 
própria Constituição e lhe dá vida e existência soberana.
 O Estado Federal surge de uma Constituição. A Constituição, como Lei 
Fundamental, representa, no Estado Federal, o pacto ou a aliança firmada pelas 
entidades que o integram. A Constituição, promulgada em 5 de outubro de 1988, deu 
origem ao Estado Federal Brasileiro atual. Logo no preâmbulo consta: “Nós, 
representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte 
para instituir um Estado Democrático (...)”. O artigo 1º, de forma definitiva sela o 
pacto ao afirmar: “A República Federativa do Brasil, é formada pela união 
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado 
Democrático de Direito”.
 No Estado Federal, como união de coletividades políticas autônomas, existem 
vários centros decisórios. O artigo 18 da nossa Constituição afirma: “A organização 
político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os 
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta 
Constituição”.
 
b) Repartição Constitucional de Competências à a essência do Estado 
Federal está na descentralização política, significando repartição da 
capacidade de edição de normas jurídicas, com cada esfera de poder 
controlando as condutas de seus agentes públicos e dos cidadãos de 
determinada comunidade. A Constituição confere à União, aos Estados, ao 
Distrito Federal e aos Municípios competências privativa, exclusiva, comum, 
concorrente, residual e delegada.A razão de ser do Estado Federal, como já vimos, reside na 
descentralização política, que significa repartição constitucional da 
capacidade de emissão de normas jurídicas, para que cada esfera de 
poder possa controlar as condutas dos agentes públicos e dos cidadãos em 
determinada comunidade jurídica. Assim, a Constituição distribui à União, aos 
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, diversas competências que 
estudaremos nos artigos 21 ao 32.
 
c) Autonomia das Entidades Federadas à cada esfera, entre os diversos 
centros decisórios, conserva a capacidade suficiente para, mediante regras 
jurídicas próprias, autogerir seus negócios internos ou organizar os assuntos 
que lhes forem delegados., tudo conforme o Princípio hermenêutico da 
simetria constitucional.
 
d) Participação da vontade dos Estados-membros nas decisões Nacionais 
à reflete-se na existência de um Poder Legislativo bicameral, isto é, o 
Congresso Nacional é formado pela Câmara dos Deputados, composta pelos 
representantes do povo, e pelo Senado Federal, composto de representantes 
dos Estados e do Distrito Federal, estes enquanto pessoas jurídicas de direito 
público interno (3 Senadores para cada Estado e para o Distrito Federal).
 
e) Rigidez Constitucional à refere-se à maior dificuldade para alteração do 
Texto Magno, exprimindo-se em limitações expressas e implícitas. 
Estabeleceu-se um procedimento mais rígido no processo de apreciação de 
emenda à Constituição do que de qualquer outra lei do país. Tomará por base 
os princípios hermenêuticos constitucionais que estudaremos adiante.
 
f) Impossibilidade de desligamento ( secessão ) à Exatamente em razão 
de a soberania ser atributo do Estado Federal e não dos Estados-membros é 
que estes não poderão se retirar do pacto federativo, pois não possuem mais 
soberania que legitime uma decisão separatista. A Constituição prevê união 
indissolúvel logo em seu artigo 1º. Proíbe a extinção da Federação (art. 60, § 
4º) ao afirmar que não será objeto de deliberação a proposta de emenda 
constitucional tendente a abolir a forma federativa de Estado, na primeira 
das cláusulas pétreas. Prevê como primeira hipótese de intervenção federal 
nos Estados e no Distrito Federal para “manter a integridade nacional”. 
(art. 34, inciso I) Resumindo: as partes não podem separar-se do todo.
 
g) Existência de um orgão constitucional supremo incumbido também do 
controle da constitucionalidade das leis à decorre da rigidez da 
Constituição e da Supremacia da Constituição em relação às demais leis. O 
controle se dará: 1) no exame de um caso concreto, em que todo juiz pode 
exercê-lo (controle difuso de constitucionalidade); 2) por declaração de 
inconstitucionalidade de lei em tese pelo STF (controle concentrado de 
constitucionalidade). 
 
7 - Constitucionalismo
 
 O Direito Constitucional surgiu junto com a própria noção de Estado e particularmente 
quando este se organizou política e juridicamente através de uma Constituição, passando a sujeitar-
se às próprias leis por ele editadas, transformando o poder arbitrário original em poder 
discricionário (que se caracteriza pela existência efetiva de ampla margem de escolha e opção para 
o governo) e vinculado (onde praticamente inexistem opções para o governo, em face da solução 
imposta pela lei).
 Com o advento do Estado Contemporâneo, o binômio poder-dever passou a integrar a 
própria essência do Estado, ao lado do cidadão, titular de direitos, cabendo exatamente ao Direito 
Constitucional (e também ao Direito Administrativo) a busca do equilíbrio harmônico entre os 
deveres do Estado de um lado e os direitos do cidadão, do outro. 
 
A sua origem formal está ligada às Constituições escritas com dois traços marcantes:
 
- organização do Estado
- limitação do poder estatal, por meio da previsão de direitos e garantias fundamentais
 
8 - Conceito de CONSTITUIÇÃO 
 
Lato sensu é o ato de constituir, de estabelecer, de firmar; ou, ainda, o modo pelo qual se 
constitui uma coisa, um ser vivo, um grupo de pessoas; organização, formação.
 
Juridicamente – deve ser entendida como lei fundamental e suprema de um Estado, que 
contém normas referentes à estrutura do Estado. 
 
Pode-se definir a Constituição como lei fundamental da sociedade.
 
Constituição, em termos efetivos, representa a organização jurídico-política fundamental 
do Estado concernente a um conjunto de regras relativas à forma de Estado (no caso 
brasileiro, o federalismo) à forma de governo, - incluindo o sistema de governo ( no 
nosso caso a república) e o regime de governo ( no caso brasileiro o 
presidencialismo) -, ao regime político (entre nós a democracia indireta 
representativa), à aquisição e ao exercício do poder, ao estabelecimento dos órgãos 
para o efetivo exercício do poder (Executivo, Legislativo e Judiciário) e aos limites de 
sua ação (competências e restrições ao exercício do poder estatal).
 
9- Conceito de Direito Constitucional 
 
 “O direito Constitucional vem a ser um estudo fundamentalmente voltado para a 
compreensão do texto jurídico singularíssimo denominado Constituição” (Celso Ribeiro Bastos). Traçar um 
paralelo com TGE. 
 
 “Ramo do Direito Público que expõe, interpreta e sistematiza os princípios e normas 
fundamentais do Estado” (José Afonso da Silva). Para simplificar: ramo do Direito Público que estuda a 
Constituição. 
 
10- Objeto do Direito Constitucional
 
 O objeto de estudo do Direito Constitucional “é constituído pelas normas 
fundamentais do Estado, isto é, pelas normas relativas à estrutura do Estado, forma 
de governo, modo de aquisição e exercício do poder, estabelecimento de seus 
órgãos, limites de sua atuação, direitos fundamentais do homem e respectivas 
garantias e regras básicas de ordem econômica e social” (José Afonso da Silva). 
 
 Simplificando: o objeto de estudo do Direito Constitucional é a Constituição.
 
11 - Constituição: origens e perspectivas 
 
11.1 - ORIGENS DAS CONSTITUIÇÕES
 
 O surgimento das constituições, como já demonstrado acima, está ligado ao constitucionalismo, 
movimento que se originou da luta pela liberdade diante de governos absolutistas e por um conjunto 
mínimo de preceitos asseguradores da tripartição das funções estatais (executiva, legislativa e 
judiciária) e dos direitos individuais a serem respeitados não só pelos governos, mas também pelos 
demais cidadãos. O marco histórico está ligado às Constituições escritas e rígidas dos Estados 
Unidos, em 1787, após o curto período em que adotou a forma de Estado conhecida por 
Confederação, em seguida a independência obtida da Inglaterra pelas 13 colônias. Bem como a 
Constituição da França, de 1791, após a Revolução Francesa. 
 
11.2 - PERSPECTIVAS DOUTRINÁRIAS DE CONSTITUIÇÃO
 
Sentido sociológico, sentido político e sentido jurídico 
 
Ø Sentido sociológico – construído por Ferdinand Lassale, em sua 
obra "Que é uma Constituição?", para ele a constituição deve ser a soma dos 
“ fatores reais de poder que vigoram num país, sendo esta a constituição real 
e efetiva” . Esses fatores são de ordem econômica, política, militar, religiosa, 
sindical, etc. Quando a Constituição escrita se distancia da Constituição efetiva 
não passa de “uma folha de papel”. Neste caso prevalecerá sempre a vontade 
daqueles que titularizam o Poder, pois este não deriva da “folha de papel”, da 
Constituição escrita, mas dos fatores reais de poder vigentesna sociedade. 
 
Ø Sentido político – proposto por Carl Schmitt, em sua obra “Teoria da 
Constituição”, para ele a Constituição é fruto de uma decisão política 
fundamental. Assim é conteúdo próprio da Constituição o que diga respeito à 
forma de Estado, à forma de Governo, aos órgãos do Poder e à declaração 
dos direitos individuais. Tudo o mais, embora possa estar escrito na Constituição, 
é lei constitucional. Assim percebemos: o que para Carl Schmitt é conteúdo 
próprio da Constituição podemos chamar de norma materialmente 
constitucional, o mais que assumiu forma constitucional, porque inserido na 
Constituição, é norma formalmente constitucional, e poderia ser tratado na 
legislação infraconstitucional . 
 
Ø Sentido jurídico – defendido por Hans Kelsen, em seu livro "Teoria 
pura do Direito", a constituição é considerada norma pura , puro dever-ser , sem 
qualquer pretensão à fundamentação sociológica, política ou filosófica. Para 
Válber de Moura Agra “A Constituição é vista por Kelsen como o substrato validante 
de normas infraconstitucionais. Ela tem a função de estruturar um ordenamento de 
forma lógica e sistêmica, evitando antinomias que fragilizariam sua eficácia. Ele vê 
o ordenamento jurídico como um sistema hierarquizado, em que cada norma 
inferior é validada por uma norma superior, até chegar na norma básica que é a 
Constituição” (Fraudes à Constituição: um atentado ao poder reformador, Porto Alegre, Sérgio Antonio Fabris Editor, 
2000, 1ª edição pág. 43). Todo o trabalho de Kelsen foi no sentido de mostrar que o Direito 
é uma ciência autônoma, que dispõe de métodos próprios, portanto, “pura”. Kelsen 
toma a palavra Constituição em dois sentidos: no lógico-jurídico e no jurídico-
positivo. No sentido jurídico-positivo equivale à norma positiva suprema, 
conjunto de normas que regula a criação de outras normas. No conceito lógico-
jurídico a constituição significa norma fundamental hipotética, cuja função é 
servir de fundamento lógico transcendental da validade da constituição jurídico-
positiva, e aí assume o papel de fechamento do sistema.
 
Perspectiva da Constituição segundo Konrad Hesse
 
Ø Força normativa da Constituição –. Para Konrad Hesse a Constitui ção não 
reproduz apenas o estado das coisas ela também é capaz de modificar, de transformar a 
sociedade. É o próprio Konrad Hesse em sua obra “A força normativa da Constituição” que 
afirma: “A norma Constitucional não tem existência autônoma em face da realidade, (por 
isto precisa ter sintonia com a realidade social, econômica e política). A sua essência reside 
na sua vigência, ou seja, a situação por ela regulada pretende ser concretizada na 
realidade (sedimentando-se no dia a dia do comportamento dos cidadãos) Essa pretensão 
de eficácia não pode ser separada das condições históricas de sua realização, que estão, de 
diferentes formas numa relação de interdependência, criando regras próprias que não 
podem ser desconsideradas. Concluindo, pode-se afirmar que a Constituição converter-se-á 
em força ativa se fizerem-se presentes, na consciência geral – particularmente, na 
consciência dos principais responsáveis pela ordem constitucional – não só a vontade de 
poder, mas também a vontade da Constituição Federal”. (As explicações entre parênteses e 
os grifos não são do original).
 
Konrad Hesse x Ferdinand Lassale:
 
 Para Lassale a Constituição é escrava das forças sociais (fatores reais de poder), fora disso, ou 
seja, quando não espelhar a composição das forças sociais dominantes, não terá eficácia 
transformado-se em uma mera folha de papel. 
 Para konrad Hesse há uma relação de interdependência com os condicionantes resultantes dos 
fatores históricos políticos e sociais, mas a Constituição não é uma mera auxiliar das forças 
sociais, mas possuem componentes que uma vez vigentes poderão converter-se numa força ativa 
de transformação da sociedade. 
 
 
 
Perspectiva da Constituição segundo Karl Loewenstein
 
Karl Loewenstein em sua obra Teoria de Constituição, doutrina que a função primeira 
da Constituição é traçar o cenário da disputa pelo poder, por meio de normas que 
tratem da limitação dos poderes através de uma repartição constitucional de 
competências, utilizando-se de mecanismos de equilíbrio por meio de um sistema de 
freios e contrapresos (Cheks and balances) originado do direito americano. 
 
Assim, Karl Loewenstein classifica as Constituições partindo da eficácia normativa 
reguladora do processo de disputa de poder em: 
 
Ø Constituições normativas – são aquelas que são efetivamente 
obedecidas pelos detentores do poder e por todas as parcelas da população, e 
que estabeleçam normas que regulem a atuação dos partidos políticos, a 
aquisição e o exercício dos poderes estabelecendo seus respectivos limites. 
Como exemplo de Constituição normativa temos a nossa Constituição de 1988.
 
Ø Constituições nominativas – são aquelas que não são efetivamente obedecidas. Não possuem força normativa, pois, representam textos que não 
são consentâneos com a realidade fática ou que tornaram-se obsoletos face as mudanças na sociedade;
 
Ø Constituições semânticas – também conhecidas por “constituições de fachada” são aquelas confeccionadas para legitimar os detentores do 
poder político. Estando longe de limitar a concentração de poder, ao contrário, estabelecem um procedimento que, ao invés da alternância, representam um 
instrumento de perpetuação das classes dominantes. Como exemplo de Constituição semântica tivemos a nossa Constituição de 1937.
 
12 - Classificação das Constituições
 
Quanto à forma: escrita e não escrita
 
Quanto ao modo de elaboração: dogmáticas e históricas 
 
Quanto à extensão e finalidade: analíticas e sintéticas
 
Quanto à origem: promulgadas, outorgadas e cesaristas
 
Quanto à estabilidade: imutáveis, rígidas, flexíveis e semi-rígidas
 
Quanto ao conteúdo: materiais e formais
 
 Vejamos cada uma delas para um melhor esclarecimento
 
ü Quanto à forma:
 
Escrita – codificada e sistematizada em um único texto solenemente estabelecido e 
emanado de um Poder Constituinte.
 
Não-escrita – conjunto de usos, costumes, jurisprudência documentos esparsos não 
codificados, reconhecidos pela sociedade como estruturadores Exemplo: Constituição da 
Inglaterra e a de Israel. Conhecida também como constituição costumeira o 
consuetudinária.
 
ü Quanto ao modo (processo) de elaboração:
 
Dogmática – surge como resultado da aplicação racional, em certo momento, de 
determinados princípios políticos (dogmas). Constituições escritas, populares 
(promulgadas) ou outorgadas.
 
Histórica – se forma lentamente no tempo através de vagarosa sedimentação na 
consciência popular. Resulta de lenta evolução histórica, do lento evoluir das tradições, 
dos fatos sócio-políticos, que se cristalizam como normas fundamentais da organização 
de determinado Estado. Conhecidas também como constituição costumeira, constituição 
não-escrita. 
 
ü Quanto à extensão:
 
Sintética - prevê somente princípios e normas que regulam a forma de Estado e de 
Governo, estruturação dos Poderes, limites aos Poderes por meio de direitos e 
garantias individuais fundamentais. É típica de países que possuam ampla 
estabilidade política e sócio-econômica. Conhecidas também como: constituição 
garantia, constituição material. 
 
Analítica – é abrangente regulando inúmeros aspectos que não constam de uma 
Constituição sintética. A exemplo de: orçamento; saúde, previdência e assistência 
social; educação, cultura e desporto; ciência e tecnologia; comunicação social;meio 
ambiente; família, criança, adolescente e idoso; índios etc. A intenção é dar estabilidade 
jurídica ao fazer constar na Constituição certos direitos que caso estivessem apenas na 
legislação infraconstitucional poderiam ser facilmente modificados. É típica de países 
com fortes instabilidades políticas e sócio-econômicas. Outros nomes: constituição 
formal, constituição dirigente. 
 
ü Quanto à origem:
 
Promulgada - surge através do trabalho de uma Assembléia Nacional Constituinte 
composta de representantes do povo eleitos com a finalidade de sua elaboração. 
Conhecidas como: democráticas ou populares. 
 
Outorgada - são impostas por um regime autoritário sem a participação popular. 
 
ü Quanto ao processo de reforma, à estabilidade ou alterabilidade:
 
Rígida – é a constituição que só pode ser alterada através de processo legislativo 
especial, dificultoso e solene (como a nossa), distinto do que é estabelecido para 
elaboração das leis ordinárias. 
 
Flexível – é a constituição que permite ser modificada pelo mesmo processo legislativo 
para a elaboração das leis ordinárias. Modifica-se a Constituição como se modifica 
qualquer outra lei. O mesmo que Constituição Plástica.
 
Semi-rígida - Possui parte rígida e outra flexível. Para sofrer modificação, uma parte do 
seu texto exige processo dificultoso, enquanto outra parte pode ser modificada pelo 
processo legislativo ordinário. Serve de exemplo a Constituição brasileira de 1824, que 
em seu art. 178 dizia: “É só constitucional o que diz respeito aos limites e atribuições 
respectivas dos Poderes Políticos, e aos Direitos Políticos e Individuais dos cidadãos; 
tudo o que não é constitucional pode ser alterado , sem as formalidades referidas, 
pelas Legislaturas ordinárias”. Não esqueçam: a nossa Constituição de 1824 foi a 
única semi-rígida.
 
ü Quanto ao conteúdo, a essência ou ao objeto:
 
Material – são as matérias que tratam da forma de organização política do Estado. Diz 
respeito ao conteúdo do próprio conceito de Constituição. É a essência do Estado com 
todos os seus traços marcantes. Alguns autores costumam alegar que as regras matérias 
seriam as cláusulas pétreas (art. 60, §4º). Contudo, a doutrina moderna especifica que 
todos os preceitos constitucionais que tenham pertinência temática com elas, também 
estariam abrangidas dentro desta realidade material.
 
Formal – estariam elencadas dentro desta realidade todas as matérias que foram trazidas 
para dentro de Constituição, mas não fazem parte da essência Constitucional, como por 
exemplo o Desporto, a tecnologia etc.
 
 
 
A nossa Constituição de 1988 é: ESCRITA; ANALÍTICA, DOGMÁTICA; PROMULGADA; RÍGIDA 
 
 
OUTRAS CLASSIFICAÇÕES: Constituição Programática e Constituição Dirigente
 
Programáticas: São aquelas que contêm numerosas normas definidoras de 
programas de ação e linhas de orientação. Tema atualmente bastante solicitado nos 
concursos é o que trata de norma programática. Pelo fato de a nossa Constituição estar 
incompleta, ou seja, com um excessivo número de normas de eficácia limitada é também 
classificada como Constituição programática. A partir do conceito de norma 
programática chega-se a conclusão de que a Constituição da República Federativa do 
Brasil é também uma Constituição Dirigente. 
 
Constituição Dirigente é aquela que, predominantemente, apresenta em seu 
corpo normas programáticas. 
 
Normas programáticas são aquelas que não podem ser aplicadas de imediato 
porque dependem de programas a serem desenvolvidos no futuro. Estas normas são 
dirigidas principalmente, mas não exclusivamente, aos legisladores. É citado como 
exemplo:
 
• O Poder Público incentivará o lazer, como forma de promoção social (CF, art. 217, § 3º); 
• O Estado promoverá o desenvolvimento científico, a pesquisa e a capacitação 
tecnológicas (CF, art. 218, caput); 
• A União, os Estados e o Distrito Federal manterão escolas de governo para a formação e o 
aperfeiçoamento dos servidores públicos, constituindo-se a participação nos cursos um dos 
requisitos para a promoção na carreira, facultada, para isso, a celebração de convênios ou 
contratos ente os entes federados (CF, art. 39, § 2º); 
 
 
 
AS CONSTITUIÇÕES E SUAS CLASSIFICAÇÕES
 Classificação quanto a
Constituiçõ
es
Ano de 
Promulgaçã
o
Forma 
de 
Estado
Forma de 
Governo
Form
a
Modo de 
elaboraçã
o
Extensã
o
Origem Estabilidade 
ou 
alterabilidade
1ª. 1824 Unitári
o
Monarqu
ia
Escri
ta
Dogmáti
ca
Analíti
ca
Outorgada Semi-rígida
2ª. 1891 Federa
l
Repúblic
a
Escri
ta
Dogmáti
ca
Sintétic
a
Promulga
da
Rígida
3ª. 1934 Federa
l
Repúblic
a
Escri
ta
Dogmáti
ca
Analíti
ca
Promulga
da
Rígida
4ª. 1937 Federa
l
Repúblic
a
Escri
ta
Dogmáti
ca
Analíti
ca
Outorgada Rígida
5ª. 1946 Federa
l
Repúblic
a
Escri
ta
Dogmáti
ca
Analíti
ca
Promulga
da
Rígida
6ª. 1967 Federa
l
Repúblic
a
Escri
ta
Dogmáti
ca
Analíti
ca
Outorgada Rígida
7ª. 1988 Federa
l
Repúblic
a
Escri
ta
Dogmáti
ca
Analíti
ca
Promulga
da
Rígida
 
 
13 - PODER CONSTITUINTE
 
Aquele que cria, põe em vigor, altera, ou mesmo constitui normas jurídicas de valor 
constitucional.
 
13.1 - FINS – participar da criação e distribuição das competências supremas do Estado, 
por meio do regramento constitucional.
 
13.2 - PRODUTO – A Constituição é o produto ou resultado desse poder; quer seja no 
momento de sua elaboração, quer seja em sua reforma.
 
13.3 - TITULARIDADE DO PODER CONSTITUINTE – Nos Estados democráticos é o 
povo, através da soberania popular, pois somente o povo é legitimado para determinar, 
por si ou por seus representantes o estabelecimento de uma constituição. Caso advenha 
de outra fonte (um ditador, por ex.) é porque ocorreu a usurpação.
 Pela titularidade pertencer ao povo, o Poder Constituinte é permanente, não se 
esgota em um único ato do seu exercício, visto que o povo não perde o direito de querer e 
de mudar a sua vontade. Elaborada a Constituição pelo Poder Constituinte, permanece 
ele em estado de LATÊNCIA, no seu assento natural, que é o povo.
 A teoria sobre o Poder Constituinte advém do pensador francês Sieyès, 
elaborada nos momentos que antecederam a Revolução Francesa, em sua obra "que é o 
Terceiro Estado". Deste doutrinador partiu também a “descoberta da distinção entre poder 
constituinte e poderes constituídos. 
 Discute-se, na doutrina, quem seja o titular do Poder Constituinte, para uns é o 
povo, para outros a nação. O que de fato importa é que o Poder Constituinte Originário 
se manifesta pela eleição de uma Assembléia Constituinte ou por uma revolução. 
Tem o poder de destituir o governo anterior e tem a capacidade de constituir um novo 
governo. Contém força normativa para editar normas jurídicas sem que nisto seja limitado 
pela normatividade anterior. Daí porque, para o positivismo jurídico, o poder 
constituinte originário não tem natureza jurídica, por ser um poder de fato, não de 
direito, embora traga em si o gérmen da ordem jurídica. 
 
13.4 - EXERCÍCIO DO PODER CONSTITUINTE 
 
Por Outorga – através de ato unilateral do governante
Por Assembleia Nacional Constituinte- que é a forma típica do exercício do Poder 
Constituinte, em que o povo, seu legítimo titular, democraticamente, outorga poderes a 
seus representantes especialmente eleitos para elaboração da Constituição.
 
13.5 - ESPÉCIESDEPODER CONSTITUINTE 
 
Poder Constituinte ORIGINÁRIO – também denominado genuíno, primário, ou de 
primeiro grau, cria inicialmente a ordem jurídica.
 
CARACTERÍSTICAS – inicial, permanente, absoluto, soberano, ilimitado, incondicionado 
e inalienável.
 
Poder Constituinte DERIVADO – também denominado reformador, secundário, 
instituído, constituído, de reforma, ou de segundo grau, se destina a modificar a 
Constituição Federal, segundo suas próprias regras.
 
CARACTERÍSTICAS – derivado, subordinado, limitado ou condicionado.
 
FINALIDADE – se adaptar as novas necessidades sociais
 
 
Poder Constituinte DECORRENTE – Atribuído aos Estados-Membros para se auto-
organizarem, mediante a elaboração de suas constituições estaduais, desde que 
respeitadas as regras limitativas impostas pela Constituição Federal.
 
 
13.6 - LIMITAÇÕES AO PODER REFORMADOR
 
 Materiais ou substanciais – Cláusulas Pétreas
 Art. 60, § 4º, núcleo intangível
EXPRESSAS
 Circunstanciais ou temporais - Art. 60, § 1º
 
 Formais ou procedimentais – Art. 60, I, II, III,
 §§ 2º, 3º, 5º - referente ao Processo
 Legislativo. 
 
OBS: O limite temporal já foi exercido através do art. 3º do ADCT, com as Emendas 
de Revisão, em número de 06 (seis).
 
 - Suspensão do próprio processo de reforma, 
 ou seja das limitações expressas.
 
 - A titularidade do poder Constituinte 
 originário, pois uma reforma não pode mudar
IMPLÍCITAS o titular do poder que criou o próprio poder de
 reforma.
 - A titularidade do poder derivado, seria um
 despautério que o legislador ordinário 
 estabelecesse novo titular de um poder 
 derivado estabelecido pelo Poder Originário.
 
14- Mutação Constitucional
 
Tem sido tema de algumas questões o conceito de mutação constitucional. Trata-se de 
mecanismo de mudança da Constituição sem necessidade de utilização de emendas ou 
revisão, tudo, diga-se de passagem, sem ferir a forma consagrada pelo Poder 
Constituinte. Em verdade mutação constitucional é um método de interpretação da 
Constituição também conhecido por método evolutivo. Ocorre pelo fato de que 
algumas palavras na Constituição dão margem a vários significados, em razão de 
mudanças históricas, políticas e sociais comportam novos sentidos e significados a 
exemplo de “notável saber jurídico”, “reputação ilibada”, “costumes”. Percebam que são 
termos ambíguos e que comportam vários e mutáveis significados. Significados que 
evoluem com o correr dos tempos. Assim ao adotar este método o intérprete da 
Constituição (o intérprete pode ser o Juiz, o doutrinador, o aplicador da lei ou o próprio 
legislador), usará o significado não apenas da época em que foi elaborada (1987 a 1988), 
bem como o dos dias de hoje em que estiver sendo aplicada. 
 
 
15- Princípio da hierarquia das normas jurídicas
 
 O princípio hierárquico das normas jurídicas ensina que as normas legais se 
sobrelevam umas às outras, formando uma figura cujo formato assemelha-se ao de 
uma pirâmide. O que significa dizer que a criação de uma norma jurídica é 
determinada por outra. A Constituição se encontra no pico da pirâmide, representa o 
ápice do ordenamento jurídico de maneira que o conteúdo de todas as leis lhe deve 
obediência material e formal. Deriva daí o Princípio da Supremacia Constitucional.
 
 Uma coisa é bom que fique logo clara: não existe hierarquia entre leis federais, leis 
estaduais e, no caso do Brasil, leis municipais e lei do Distrito Federal, o que de fato existe são 
campos específicos de atuação, que iremos tratar ao estudarmos o capítulo relativo a repartição 
constitucional de competências.
 
 
16 - HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL – o objetivo cinge-se ao estudo e a 
sistematização dos processos aplicáveis no âmbito da Constituição para determinar, 
sobretudo, o sentido e o real alcance das normas constitucionais de conteúdo político-
jurídico. A hermenêutica é a ciência que fornece a técnica e, acima de tudo, os princípios 
basilares segundo os quais o operador do Direito poderá apreender o verdadeiro sentido 
(jurídico-político) da norma constitucional sub examen.
 
Para se interpretar corretamente os preceitos constitucionais deve-se considerar os 
princípios hermenêuticos norteadores:
 
16.1Princípio da Supremacia Constitucional – A Constituição está no ápice do 
ordenamento jurídico nacional e nenhuma norma jurídica pode contrariá-la material 
ou formalmente, sob pena de advir uma inconstitucionalidade (ineficácia jurídica 
extrínseca);
16.2Princípio da Imperatividade da Norma Constitucional – A norma Constitucional é 
imperativa, de ordem pública e emana da vontade popular.
16.3Princípio da Taxatividade da Norma Constitucional – Uma norma constitucional 
deve sempre ser interpretada taxativamente não se admitindo uma interpretação 
extensiva e análoga (fora do contexto constitucional). Limita o âmbito de incidência da 
norma constitucional à vontade expressa do legislador constituinte.
16.4Princípio da Simetria Constitucional – É o princípio federativo que exige uma 
relação simétrica entre os institutos jurídicos postos na Constituição Federal, com as 
Constituições dos Estados-Membros e Leis Orgânicas Municipais e Distrital. Este 
exercício será realizado através do Poder Deriva Decorrente posto no art. 11 e seus 
parágrafo único do ADCT.
16.5Princípio da Presunção da Constitucionalidade das normas infraconstitucionais 
– Há uma presunção iuris tantum (relativa) de que toda lei é constitucional até prova 
em contrário, ou seja, até que o Poder Judiciário, exercendo o controle típico 
constitucional (eficácia jurídica), a declare expressamente inconstitucional (ineficaz 
juridicamente).
 
TIPOS DE INTERPRETAÇÕES: autêntica (legal), judicial, doutrinária, gramatical (literal 
ou filológica), racional (lógica), sistemática ou holística, histórica, teleológica(sociológica).
 
17 - APLICAÇÃO DA NORMA 
CONSTITUCIONAL NO TEMPO
Recepção, Repristinação e a Desconstitucionalização
 
17.1- Teoria da desconstitucionalização
 
Antes de qualquer coisa, cumpre esclarecer que a teoria da desconstitucionalização 
não é aceita pelo ordenamento jurídico brasileiro. De acordo com esta teoria as normas 
da Constituição anterior, compatíveis com a nova Constituição, continuam válidas e 
em vigor, embora com status infraconstitucional (perdem o status de Constituição e 
passam a valer como leis ordinárias). 
OBS: alguns doutrinadores retratam o fenômeno da desconstitucionalização no 
sentido sociológico, ou seja, se as normas constitucionais não são efetivadas, elas se 
desconstitucionalizam por perderem a sua força determinante. Professor Dr. Ivo Dantas, 
dentre outros, adotam esta teoria e dão como exemplo o art. 192 da Constituição Federal 
que teve seus caput modificado e seus incisos, alíneas e parágrafos revogados.
 
17.2- Princípio ou teoria da recepção
 
 Dificilmente uma nova ordem constitucional significará um rompimento integral e 
absoluto com o passado. Desta maneira, toda alegislação ordinária, federal, estadual e 
municipal que não seja incompatível com a nova Carta conserva sua eficácia, é o que 
nos demonstra o princípio da continuidade da ordem jurídica. Se fosse diferente, haveria 
um enorme vazio infraconstitucional até que o legislador pudesse recriar inteiramente 
todas as leis anteriores. 
 
 A TEORIA DA RECEPÇÃO é um processo pelo qual a nova Constituição recebe as 
leis já existentes oriundas da ordem jurídica anterior, se o conteúdo das mesmas 
forem com ela compatíveis (compatibilidade material), evitando o trabalho quase 
impossível de se elaborar toda a legislação infraconstitucional novamente.
Toda a legislação infraconstitucional, produzida anteriormente ao advento de uma 
nova ordem constitucional (e que seja perfeitamente compatível com a mesma), é 
recepcionada pela nova Constituição, continuando, por princípio de economia e 
segurança, a viger no âmbito próprio de sua atuação ordinária. Ocorre, contudo, que 
excepcionalmente, a lei anterior pode ganhar nova roupagem normativa. 
 
 Com o advento de nova constituição, todas as leis anteriores perdem seu antigo 
fundamento de validade (a antiga Constituição) para ganhar novo fundamento (a nova 
Constituição). Ao serem recebidas, as leis ganham a forma que a nova Constituição 
atribuir as matérias de que elas tratam. Apenas materialmente elas pertencem ao velho 
ordenamento jurídico; formalmente são todas do novo ordenamento jurídico. Assim, leis 
anteriores tidas por formalmente ordinárias podem passar a ter conteúdo e eficácia de 
leis complementares; decretos-lei podem passar a ter natureza de leis ordinárias. 
 
17.2.1 - Estudo de um caso de teoria da recepção: O Código Tributário Nacional
 
 A lei 5.172, de 25 de outubro de 1966, dispõe sobre o Sistema Tributário 
Nacional e institui normas gerais de Direito Tributário aplicáveis a União, Estados, 
Distrito Federal e Municípios. Na realidade, a referida lei tramitou e foi aprovada como 
lei ordinária porque a Constituição de 1946 não contemplava a espécie normativa lei 
complementar. A Constituição de 1988 fixa a competência da lei complementar para 
estabelecer normas gerais em matéria tributária (CF/88, art. 146, III). O princípio ou teoria da 
recepção fez com que a lei 5.172/66 fosse recepcionada no que o seu conteúdo for 
compatível com a CF/88 e teve o condão de lhe proporcionar nova roupagem 
 
Em resumo: O Código Tributário Nacional, lei n. 5.172/66, é lei formalmente 
ordinária no nascedouro, entretanto, face à teoria da recepção, tem “eficácia de Lei 
Complementar”. Assim, só por Lei complementar poderá ser modificada, a partir de 
1988.
 
17.3 – Teoria da repristinação
 
No ordenamento jurídico brasileiro, uma norma revogada não volta a ter vigência 
automática com a posterior revogação da norma que a revogou (repristinação tácita), 
salvo se houver expressa previsão neste sentido (repristinação expressa), conforme 
determina a Lei de introdução ao Código Civil.
Todavia, há casos em que ocorre um fenômeno semelhante, denominado de efeito 
repristinatório tácito. Por exemplo: a lei 9.868/99, no seu artigo 11, §2º, determina que a 
concessão de medida cautelar em sede de ADIn, por suspender a vigência da lei 
questionada, “torna aplicável a legislação anterior acaso existente, salvo expressa 
manifestação em sentido contrário”.
O mesmo ocorre quando o STF profere uma decisão definitiva de mérito declarando, 
com eficácia vinculante e efeito retroativo (ex tunc), a inconstitucionalidade de uma lei. 
Nesta hipótese, a lei anterior que havia sido revogada pela lei declarada inconstitucional 
poderá voltar a ser aplicada, caso esta seja a solução mais razoável.
 
18 - Classificação das normas constitucionais quanto à 
Eficácia
 
 No Brasil a classificação mais aceita pela doutrina e pela Jurisprudência, 
inclusive adotada pelo Supremo Tribunal Federal-STF, pertence a José Afonso da Silva. 
Este autor classifica as normas constitucionais em: normas de eficácia plena, normas 
de eficácia contida e normas de eficácia limitada.
 
Ø Normas de eficácia plena - são aquelas que têm aplicabilidade 
imediata e integral. Produzem efeitos diretos, dispensando legislação 
complementar que lhes dê efetividade. São bastante em si, não necessitam da 
intermediação do legislador infraconstitucional. Ex: O artigo 37, III da CF/88 : “o 
prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez 
por igual período”. Todos os remédios constitucionais.
 
Ø Normas de eficácia contida - são aquelas que têm aplicabilidade 
imediata e integral, mas estão sujeitas a restrições por parte do legislador 
infraconstitucional. São normas em que o legislador constituinte regulou 
suficientemente os interesses relativos a determinada matéria mas deixou margem 
à atuação restritiva por parte da competência discricionária do Poder Púbico, nos 
termos que a lei estabelecer ou nos termos de conceitos gerais nelas enunciados. 
Por exemplo: CF/88, art. 5º, XIII - “é livre o exercício de qualquer trabalho, 
ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei 
estabelecer”. Art. 5º, LVIII, “o civilmente identificado não será submetido à 
identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei”. O raciocínio é o 
seguinte: enquanto as leis não forem produzidas é totalmente livre o exercício de 
qualquer trabalho ofício ou profissão; bem como não será permitida a identificação 
criminal daquele que tiver identificação civil. Ao ser editada tal lei, ela poderá 
conter, reduzir, restringir a eficácia deste dispositivo. Normas de eficácia 
contida estão presentes no art. 5º, incisos VII, XXXII, entre outras, etc.
 
Ø Normas de eficácia limitada - são aquelas que não têm aplicabilidade 
imediata. Sua aplicabilidade é mediata ou indireta porque dependentes de legislação ou 
outra providência para poderem produzir efeitos. José Afonso da Silva entende que há dois 
tipos de normas de eficácia limitada, são elas as de princípio institutivo e as de caráter 
programático: a) as de princípio institutivo ou organizativo. Estas normas contém o 
início ou esquema de determinado órgão, entidade ou instituição, deixando a efetiva criação, 
estruturação ou formação para a lei complementar ou ordinária. Exemplo: “Lei 
complementar organizará a Defensoria Pública da União (CF, art. 134, parágrafo único).b) 
as de princípio programático (que são as tais normas programáticas). Estas são normas 
através das quais o constituinte, em vez de regular direta e imediatamente determinados 
interesses, limitou-se a traçar-lhes os princípios para serem cumpridos pelos seus órgãos 
(legislativos, executivos, jurisdicionais e administrativos), como programas das respectivas 
atividades, visando à realização dos fins sociais do Estado. Exemplo: “proteção do mercado 
de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei” (CF, art. 7º, 
XX)”; “a lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados...” 
(CF, art.173, §4º); “A lei estabelecerá incentivos para a produção e o conhecimento de bens 
e valores culturais” (CF, art. 215, §3º); “ O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos 
direitos culturais e o acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a 
valorização e a difusão das manifestações culturais” (CF, art. 215).; “o direito de greve será 
exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica” (CF, art. 37, VII). Não 
pensem que as normas programáticas são um “fogo morto” ou “mera carta de 
intenções”. Ao contrário, elas são dotadas de eficácia jurídica e exigem a vinculaçãodos 
poderes públicos à sua realização. O que podemos, com certeza, afirmar é que a norma 
programática não dispõe de aplicabilidade imediata. Na verdade, se trata de um indicativo, 
um programa de ação política, ao qual se encontra adstrito o legislador infraconstitucional. 
Este, no entanto, não pode dispor de forma contrária ao espírito da norma 
programática.
 
Ø Chamo atenção para esclarecer que apesar da doutrina determinar esta 
classificação nos moldes acima dispostos, não concordo e passo a explicar:
Ø Norma Constitucional de eficácia absoluta - são aquelas quem além de 
possuírem eficácia imediata, sem depender de regulamentação para produção dos seus 
efeitos, fazem parte das cláusulas pétreas;
Ø Norma Constitucional de eficácia plena – são as normas que produzem 
efeitos sem a necessidade de regulamentação por parte do legislador infraconstitucional, 
sendo consideradas auto-executáveis. Ex: art.5º, XVII, da CF.
Ø Norma Constitucional de eficácia limitada – são as que só terão eficácia 
imediata quando forem regulamentadas. Ex: art. 153, VII, da CF. Enquanto não for editada a 
lei complementar que estabeleça como será cobrado o imposto sobre grandes fortunas, não 
será permitida à União a cobrança do respectivo tributo.
Ø Norma Constitucional de eficácia programática – são aquelas que 
estabelecem planos, metas, objetivos, que devem ser alcançados. Para que estas normas 
tenham eficácia urge que os Poderes Estatais tomem atitudes que possam concretizá-las, 
realizando, assim, os fins de interesse público consagrados na Carta Magna. Ex: todo artigo 
3º da CF.
 CRÍTICA: não concordo como os autores que colocam as regras programáticas dentro da 
classificação de eficácia limitada, pois estas necessitam de uma normatização posterior para 
serem usufruídas, enquanto que as programáticas só precisam de programas de governo para 
serem alcançadas. 
 
Resumindo:
Normas de EFICÁCIA PLENA ou ABSOLUTA são aquelas que, independente de 
qualquer condição, por serem completas e definidas quanto à hipótese e à disposição, 
são auto-aplicáveis. Desde a entrada em vigor da Constituição, produzem, ou têm 
possibilidade de produzir, todos os efeitos essenciais. (Ex: Art. 5º, LXXII CF)
 
Normas de EFICÁCIA LIMITADA são aquelas que não são auto-aplicáveis considerando 
a necessidade de posterior regulamentação (por serem incompletas). Têm 
aplicabilidade indireta, mediata e reduzida, porque somente incidem totalmente sobre 
esses interesses, após uma normatividade ulterior que lhes desenvolva a aplicabilidade. 
(Ex: Art. 7º, I CF)
 
Normas de EFICÁCIA CONTIDA são aquelas que o legislador constituinte regulou 
suficientemente os interesses relativos à determinada matéria, mas deixou margem à 
atuação restritiva por parte da competência do poder público ou órgãos regulamentares. 
(Ex: Art. 5º, XIII CF)
 
Norma de EFEICÁCIA PROGRAMÁTICA são aquelas que estabelecem planos, metas, 
objetivos, que devem ser alcançados. Para que estas normas tenham eficácia urge que os Poderes 
Estatais tomem atitudes que possam concretizá-las, realizando, assim, os fins de interesse público 
consagrados na Carta Magna. Ex: todo artigo 3º da CF.
 
PONTO 2 – PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
 
2.1 - Fundamentos do Estado Brasileiro:
 
CF/88 Art. 1º - A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do 
Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
 
SOBERANIA – poder político supremo e independente, não estando limitado a nenhum 
outro na ordem interna e está em pé de igualdade com os poderes supremos dos outros 
povos. É a capacidade de editar suas próprias normas.
 
CIDADANIA – um direito fundamental das pessoas que se exterioriza através de um 
status. Participação política do indivíduo nos negócios do Estado.
 
A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA – é um valor espiritual e moral inerente à pessoa, 
que se manifesta na autodeterminação consciente e responsável da própria vida, 
concedida através dos direitos e garantias fundamentais.
 
OS VALORES SOCIAIS DO TRABALHO E DA LIVRE INICIATIVA – é através do 
trabalho que o homem se dignifica e ajuda no crescimento do país.
 
PLURALISMO POLÍTICO – uma garantia para a liberdade de convicções filosóficas e 
políticas e possibilitando a participação popular nos destinos políticos do país. As 
diversidades e as liberdades devem ser amplamente respeitadas
 
Quando no caput se utiliza a expressão: “Estado Democrático de Direito”, significa a 
imposição de posturas democráticas no trato com as coisas públicas.
 
2.2 - Regime Político Democrático
 
 
CF/88 Art. 1º Parágrafo único - Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou 
diretamente, nos termos desta Constituição.
 
 Ao afirmar que “todo poder emana do povo” o parágrafo destaca o fundamento do 
regime político democrático. O exercício do poder dar-se-á por meio de “representantes 
eleitos” (democracia representativa), ou “diretamente nos termos desta Constituição” 
(democracia direta). Os instrumentos da democracia direta se encontram no capítulo dos direitos 
políticos (art. 14, I a III), são o plebiscito, o referendum e a iniciativa popular. Este é o 
Princípio democrático.
 
2.3 – Separação dos Poderes
 
CF/88 Art. 2º - São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o 
Judiciário.
 
O Estado brasileiro adota, por este artigo 2º, o princípio fundamental da separação e 
harmonia entre os poderes. Historicamente, este tema ganhou contornos definitivos na Europa a 
partir das idéias de Montesquieu. Deixou para trás o Absolutismo até então vigente. Vamos estudar 
mais adiante, que não se trata de propriamente de uma separação de Poderes. Melhor seria 
denominá-la de especializações de funções do Estado. Isto porque a os Poderes decorrem da 
soberania do Estado, cujas características são a unidade a indivisibilidade e indelegabilidade. 
 
2.4 – Objetivos Fundamentais
 
CF/88 Art. 3º - Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de 
discriminação.
 
Tratam-se de objetivos fundamentais, de norte, de direção, enfim de finalidades para a 
ação estatal. A sua consecução, ou não, estará diretamente relacionado as políticas e programas a 
serem implementados e às pressões que as diversas forças exercerem sobre a formulação e 
execução das políticas publicas. É um artigo que substancialmente contém normas programáticas 
que caracterizam a constituição como dirigente, como já ressaltado. Classificam-se, quanto a 
eficácia da norma constitucional, em regras de eficácia limitada.
 
2.5 – Princípios das relações internacionais
 
CF/88 Art. 4º - A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes 
princípios:
I - independência nacional;
II - prevalência dos direitos humanos;
III - autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção;
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X - concessão de asilo político.
 
Tratam-se, em sua maioria, de princípios do Direito Internacional Público. Independência nacional – é princípio que representa a face externa da 
soberania nas relações internacionais. O Brasil em pé de igualdade com os 
demais Estados Soberanos. 
• Prevalência dos direitos humanos – os direitos humanos são alçados internacionalmente 
numa hierarquia superior aos demais direitos. Autorizam, em situações extremas, até a 
intervenção internacional (através da ONU) em Estados soberanos, a exemplo do que 
ocorreu recentemente na Iugoslávia. 
• Autodeterminação dos povos – o povo (aquele que tem um vínculo jurídico com 
determinada ordem jurídica) tem direito de determinar-se de acordo com suas próprias 
escolhas.
• Não-intervenção – princípio que está diretamente relacionado ao princípio da 
independência. Cada Estado poderá estabelecer suas próprias diretrizes organizacionais.
• Igualdade entre os Estados – princípio também diretamente relacionado com o da 
independência. A Soberania deve ser entendida sob o prisma da isonomia.
• Defesa da paz – como princípio, em suas relações externas, o Estado brasileiro repudia 
o conflito armado e busca deliberadamente uma convivência pacífica. 
• Solução pacífica dos conflitos - decorrente natural da defesa da paz.
• Repúdio ao terrorismo e ao racismo – deixa claro o posicionamento contrário do Brasil 
em relação a atos de violência praticados por grupos revolucionários radicais; e 
posicionamento favorável à igualdade das raças. Consubstancia-se pelo princípio da 
liberdade de consciência.
• Cooperação entre os povos para progresso da humanidade – princípio que demonstra 
a disposição do Estado Brasileiro em interagir com os demais Estados em busca do 
progresso.
• Concessão de asilo político – princípio que garante acolhida aos que buscam refúgio por 
motivos políticos. Baseia-se no princípio da escusa de consciência.
 
2.6 – Integração com os povos da América Latina
 
CF/88 Art. 4º Parágrafo único - A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e 
cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.
 
 Quanto ao parágrafo único do art. 4º, é preciso ter em mente que a América 
Latina é constituída por aqueles países do continente americano (compreende: América 
do sul, América central e América do norte) colonizados por povos cuja língua deriva do 
latim (português, espanhol, francês, italiano, entre outros). 
 Por curiosidade, desta integração econômica, política, social e cultural, de que 
trata o parágrafo único, estaria excluído os Estados Unidos, que têm origem anglo-
saxônica. Anglo-saxão (significa inglês arcaico). 
 
PONTO 3 – DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
 
3.1 Natureza e eficácia das normas sobre Direitos Fundamentais – os Direitos 
Fundamentais do homem são situações jurídicas, objetivas e subjetivas, definidas no 
direito positivo, em prol da dignidade, igualdade e liberdade da pessoa humana. São 
direitos Constitucionais amparados pela supralegalidade. 
 
Têm aplicabilidade imediata, mas algumas regras mencionam uma lei integradora, são de 
eficácia limitada, de princípios programáticos e de aplicação indireta (contida). Como já 
estudado.
3.2 Características dos Direitos Fundamentais – 
 
Historicidade – são históricos como qualquer direito.
 
Inalienabilidade – intransferíveis, inegociáveis, pois não têm conteúdo econômico-
patrimonial. Não podem ser vendidos ou permutados.
 
Imprescritibilidade – nunca deixam de ser exigíveis, não prescrevem.
 
Irrenunciabilidade – nenhuma pessoa pode abrir mão dos Direitos e Garantias de forma 
definitiva, sendo admitido, em alguns casos, a pura desistência. Podem até não serem 
exercidos, mas não se admite sejam renunciados.
 
Inviolabilidade – não são passíveis de violações, pois o direito de um nasce quando o direito do 
outro termina;
 
Universalidade – podem ser opostos contra todos, efeito “erga omnes”;
 
Efetividade – podem ser, a qualquer momento, invocados, usufruídos, independentemente da 
vontade alheia;
 
Interdependência – são independentes, porém formam um conjunto de direitos e deveres;
 
Complementariedade – uns completam os outros devido às garantias constitucionais. 
 
3.3 Classificação dos Direitos Fundamentais – temos 5 (cinco) espécies do gênero 
direitos e garantias fundamentais:
 
1º Direitos individuais e coletivos (Art. 5º);
2º Direitos sociais (Art. 6º e 193 e ss);
3º Direitos à nacionalidade (Art. 12);
4º Direitos políticos (Art. 14 a 17)
5º Direitos relacionados à existência, organização e participação em partidos políticos (Art. 17)
 
Os direitos e garantias fundamentais, objeto do Título II, da Constituição da 
República Federativa do Brasil de 1988, compreendem os direitos e deveres 
individuais e coletivos (capítulo I), os direitos sociais (capítulo II), os direitos de 
nacionalidade (capítulo III), os direitos políticos (capítulo IV) e os partidos políticos 
(capítulo V).
 
 Na evolução dos direitos fundamentais, resultado de longo processo de construção 
histórica, a partir, aproximadamente, da Revolução Francesa de 1789, o qual resultou em 
sua inclusão nas Constituições de diversos países, entre eles o Brasil, consolidou-se a 
classificação deles em diferentes gerações (direitos fundamentais de primeira, segunda e 
terceira gerações), atendendo a uma finalidade didática, devendo-se, contudo, ressaltar 
que uma geração de direitos não exclui a anterior. Ao contrário, os direitos de 2ª e de 
3ª geração não vieram para substituir os de 1ª geração, mas sim para se somar a 
eles, ampliando o rol de direitos atribuídos ao indivíduo. Portanto, as gerações de 
direitos não se sucederam e nem se substituíram ao longo do tempo. São as seguintes as 
gerações de direitos fundamentais:
 
• 1ª geração – foram concebidos por volta do final do século XVIII, após a Revolução 
Francesa. Nessa geração incluem-se os chamados direitos civis e políticos. 
Correspondem ao período do Estado Liberal puro, ou seja, aquele a quem cabia 
apenas a prestação dos serviços tipicamente públicos, como por exemplo, os serviços 
de segurança pública. São direitos oponíveis ao Estado e que impõem a este uma 
postura de abstenção e de não-intervenção na esfera privada do cidadão. Costumam 
ser qualificados como direitos de liberdade. São direitos de não-intervenção estatal.
 
• 2ª geração – historicamente, foram concebidos entre o final do século XIX e o início 
do século XX, sob a influência da Revolução Soviética de 1917. Nessa geração 
incluem-se os chamados direitos sociais. Correspondem ao período do chamado 
Estado do Bem-Estar Social, ou seja, aquele a quem cabia, além de uma postura de 
não-intervenção na esfera dos direitos individuais do cidadão, a adoção de políticas 
públicas como instrumento de efetivação desses direitos. São direitos que impõem ao 
Estado um dever de prestação de serviços públicos, tais como educação e saúde. 
Costumam ser qualificados como direitos de igualdade. São direitos de prestação 
estatal.
 
• 3º geração – é a concepção mais recente de direitos fundamentais, que surgiu com 
a falência do modelo de Estado do Bem-Estar Social. Nessa geração estão incluídos 
os chamados direitos difusos, que se caracterizam por possuírem uma titularidade 
indeterminada ou indeterminável. Noutras palavras, são direitos que pertencem a 
todos, sem que seja possível quantificar a quantidade de direitos atribuída a cada 
indivíduo, exatamente por não se ter como identificar com precisão seus titulares. 
Correspondem ao período do Estado Neoliberal. Como exemplos, têm-se o direito à 
paz mundial, a uma saudável

Outros materiais