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1 TRF 4 Técnico Judiciário - Área Administrativa A Constituição. Conceito. Classificação. ............................................................................. 1 O Constitucionalismo. ......................................................................................................... 7 Princípios fundamentais da Constituição Federal de 1988. ............................................... 11 Direitos e Garantias Fundamentais. Direitos e deveres individuais e coletivos. Direitos sociais. Da nacionalidade. Direitos políticos. ......................................................................... 18 Organização do Estado. Administração pública. Servidores públicos civis e militares. ..... 57 Organização dos Poderes. Atribuições e competência do Congresso Nacional. Competências privativas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Processo Legislativo. Fiscalização contábil, financeira e orçamentária. ................................................ 75 Poder Executivo. Atribuições e responsabilidades do Presidente da República. ............... 97 Poder Judiciário. Órgãos. Garantia dos Magistrados. Competência dos Tribunais. Dos Tribunais Regionais Federais e dos Juízes Federais. .......................................................... 104 Olá Concurseiro, tudo bem? Sabemos que estudar para concurso público não é tarefa fácil, mas acreditamos na sua dedicação e por isso elaboramos nossa apostila com todo cuidado e nos exatos termos do edital, para que você não estude assuntos desnecessários e nem perca tempo buscando conteúdos faltantes. Somando sua dedicação aos nossos cuidados, esperamos que você tenha uma ótima experiência de estudo e que consiga a tão almejada aprovação. Pensando em auxiliar seus estudos e aprimorar nosso material, disponibilizamos o e-mail professores@maxieduca.com.br para que possa mandar suas dúvidas, sugestões ou questionamentos sobre o conteúdo da apostila. 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Como por exemplo a formação dos poderes públicos, formas de governos, aquisição do poder de governar, distribuição de competências, direitos, garantias e deveres dos cidadãos. Além disso, é a Constituição que individualiza os órgãos competentes para a edição de normas jurídicas, legislativas ou administrativas. De acordo com Canotilho2, traçando o conceito ideal de constituição, se observa que todas as constituições devem: a) Ter um sistema de consagração de garantias da liberdade; b) Conter o princípio da separação dos Poderes; c) Ser escritas. Conceito de Constituição Existem várias concepções sobre o conceito de constituição, no qual podem ser tradicionais ou modernas: Concepções Tradicionais a) Concepção sociológica: enxerga as constituições como um fato social, como a soma dos fatores reais de poder de um país, resultado concreto do relacionamento entre as forças sociais. Existe uma Constituição real e uma escrita. Esta somente terá validade se coincidir com aquela. Tem como principais características: - A Constituição é vista mais como fato do que como norma, prioriza-se a perspectiva do ser e não a do dever ser; - A Constituição não está sustentada numa normatividade superior transcendente, não se baseia num direito natural, mas sim nas práticas desenvolvidas na sociedade. b) Concepção política: constituição seria uma decisão política fundamental, a qual não se apoia na justiça de suas normas, mas sim no que nela foi politicamente incluído. Existe a Constituição em si e normas ou leis constitucionais, as quais, apesar de integrarem o texto escrito, não seriam materialmente constitucionais. Faz parte da Constituição, efetivamente, a disciplina da forma de Estado, do sistema de governo, do regime de governo, da organização e divisão dos poderes e o rol de direitos individuais. As leis constitucionais são todas aquelas normas inscritas na Constituição que poderiam vir tratadas em legislação ordinária. c) Concepção jurídica: constituição é o paradigma de validade de todo o ordenamento jurídico de um Estado e instituidor de sua estrutura. Sua concepção é estritamente formal. Daqui resultou a teoria da construção escalonada do ordenamento jurídico. Constituição é norma pura, é um dever ser, não há fundamento sociológico ou político, apenas caráter normativo. Para a palavra Constituição podemos dar dois sentidos: - Jurídico-Positivo: direito positivo é norma escrita ou posta pelo homem (pirâmide das leis – princípio da compatibilidade vertical entre as normas superiores e inferiores). Logo, Constituição seria norma escrita; - Lógico-Jurídico: a norma inferior encontra seu fundamento de validade na norma que lhe for superior. A Constituição encontra o seu fundamento de validade não no direito posto, mas no plano pressuposto lógico, ou seja, em valores metajurídicos, já que seu fundamento não seria de cunho constitucional. 1 DE MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. 33ªEdição. 2018. 2 CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito Constitucional.2016. A Constituição. Conceito. Classificação. 1564935 E-book gerado especialmente para PAULO CAVALCANTE SRAZEREPCI 2 Concepções Modernas a) Teoria da Força Normativa da Constituição: A Constituição escrita não necessariamente será resultado da vontade da parte mais forte no embate, pode ser que a Constituição escrita seja capaz de redesenhar a soma dos fatores reais de poder. Logo, ela não seria somente um resultado sociológico da sociedade, mas também, e principalmente, teria o poder de modificar o conjunto de forças, moldar a sociedade como ela é. A interpretação tem significado decisivo para a consolidação e preservação da força normativa da Constituição, com poder de moldar a realidade. Por isso que se diz que a concepção da força normativa é uma resposta à concepção sociológica, pois nesta, a concepção apenas reflete a soma dos fatores reais de poder, enquanto naquela, a Constituição efetivamente tem o condão de moldar a realidade. b) Constituição Simbólica: formulada por Marcelo Neves3, a utilização da norma constitucional como símbolo advém da intenção do legislador. Este ou queria realmente concretizar o que escrevia ou tinha a intenção somente de entregar um símbolo à sociedade. Seria, para ele, o que acontece em constituições outorgadas em regimes ditatoriais. c) Constituição Aberta: formulada por Paulo Bonavides4, para ele o objeto da constituição é sempre dinâmico. A constituição deve ser o documento dinâmico que não se enclausure em si mesmo, mas que acompanhe as modificações e necessidades da sociedade, sob pena de ficar ultrapassada e condenada à morte. Por isso que é importante que ela seja redigida com conceitos jurídicos mais abertos, com normas de caráter mais abstrato, de forma a permitir, mediante a interpretação, sua adequação à realidade. Questões 01. (PF - Delegado - CESPE/2018) A possibilidade de um direito positivo supraestatal limitar o Poder Legislativo foi uma invenção do constitucionalismodo século XVIII, inspirado pela tese de Montesquieu de que apenas poderes moderados eram compatíveis com a liberdade. Mas como seria possível restringir o poder soberano, tendo a sua autoridade sido entendida ao longo da modernidade justamente como um poder que não encontrava limites no direito positivo? Uma soberania limitada parecia uma contradição e, de fato, a exigência de poderes políticos limitados implicou redefinir o próprio conceito de soberania, que sofreu uma deflação. Considerando o texto precedente, julgue o item a seguir, a respeito de Constituição, classificações das Constituições e poder constituinte. A ideia apresentada no texto reflete a Constituição como decisão política fundamental do soberano, o que configura o sentido sociológico de Constituição. ( ) Certo ( ) Errado 02. (MPE/RR - Promotor de Justiça Substituto - CESPE/2017) Nos últimos séculos, em muitos países, várias concepções de Constituição foram elaboradas por diversos teóricos, muitas delas contraditórias entre si, o que torna o próprio conceito de Constituição essencialmente contestável. Com relação às teorias da Constituição, assinale a opção correta. (A) De acordo com a teoria substantiva de Ronald Dworkin, os princípios constitucionais são mandados de otimização que devem ser ponderados no caso concreto. (B) Para Carl Schmitt, Constituição não se confunde com leis constitucionais: o texto constitucional pode eventualmente colidir com a decisão política fundamental, que seria a Constituição propriamente dita. (C) Para Konrad Hesse, a Constituição, para ser efetiva, deve corresponder à soma dos fatores reais de poder. (D) Segundo a teoria pura de Kelsen, a interpretação de uma Constituição deve fundamentar-se essencialmente na intenção daqueles que escreveram originalmente o texto. 03. (TJ/MG - Juiz - FUNDEP) Sobre o conceito de Constituição, assinale a alternativa CORRETA. (A) É o estatuto que regula as relações entre Estados soberanos. (B) É o conjunto de normas que regula os direitos e deveres de um povo. 3 SOUZA JÚNIOR, Luiz Lopes. A Constituição. lfg.com.br. 4 BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 8ª edição. 1564935 E-book gerado especialmente para PAULO CAVALCANTE SRAZEREPCI 3 (C) É a lei fundamental e suprema de um Estado, que contém normas referentes à estruturação, à formação dos poderes públicos, direitos, garantias e deveres dos cidadãos. (D) É a norma maior de um Estado, que regula os direitos e deveres de um povo nas suas relações. Gabarito 01.Errado / 02.B / 03.C Comentários 01.Resposta: Errado A questão apresenta o sentido jurídico de Hans Kelsen, sendo, portanto, uma concepção jurídica e não sociológica. 02. Resposta: B Carl Schmitt formulou a concepção política. Nela, a Constituição propriamente dita seria uma decisão política fundamental, a qual não se apoia na justiça de suas normas, mas sim no que nela foi politicamente incluído. 03. Resposta: C Constituição é muito mais do que um documento escrito que fica no ápice do ordenamento jurídico nacional estabelecendo normas de limitação e organização do Estado, mas tem um significado intrínseco sociológico, político, cultural e econômico. Independente do conceito, percebe-se que o foco é a organização do Estado e a limitação de seu poder. Classificações (tipologia) Quanto ao Conteúdo a) Materiais ou substanciais: são as normas constitucionais escritas ou costumeiras, estejam ou não codificadas em um único documento, regulando a estrutura e organização do Estado e os direitos fundamentais. Elas têm conteúdo essencialmente constitucional. Todas as normas que cuidam da organização do Estado e dos Direitos Fundamentais, mesmo que não estejam na Constituição Formal, formarão a Constituição material do País. b) Formais: documento escrito, estabelecido de modo solene pelo poder constituinte originário e somente modificável por processos e formalidades especiais nela própria estabelecidos. A CF/88 é formal, todas as suas normas têm caráter constitucional independentemente de seu conteúdo. Quanto à Forma a) Escritas ou dogmáticas: fruto de um trabalho racional ou sistemático. Pode ser codificada num único texto, ou não codificada, esparsa por textos diversos, como tem o ocorrido com nossa Constituição, que já não é mais codificada em decorrência da quantidade de normas constitucionais que se encontram apenas nas emendas. b) Não escritas: costumeiras, consuetudinárias ou históricas: é o exemplo da Constituição Inglesa, que se baseia nos costumes e na jurisprudência. Porém, pode ter textos escritos, os quais se incorporam à Constituição. Há uma ligação natural entre a Constituição histórica, que traduz a evolução do pensamento político, com a Constituição não escrita. A Constituição não escrita, na parte que é escrita, se apresenta em vários documentos, como ocorre no Reino Unido: uma parte ainda é da Carta do João Sem Terra de 1.215, que é considerado um documento constitucional; a Lei do Habeas Corpus que é de 1.689 é considerada uma Lei constitucional; a Lei que organiza o Parlamento é considerada também Lei constitucional. Quanto à Origem a) Democráticas, populares ou promulgadas: são elaboradas por representantes do povo, ou seja, são fruto de uma assembleia constituinte que foi criada para isso. No Brasil, foram desse tipo as constituições de 1891, 1934, 1946 e 1988. b) Outorgadas ou impostas: impostas verticalmente, sem participação popular, pelos detentores do poder. No Brasil, temos as constituições de 1824, 1937, 1967 e 1969. 1564935 E-book gerado especialmente para PAULO CAVALCANTE SRAZEREPCI 4 c) Pactuadas: quando o poder constituinte não está na mão de seu titular, o povo, mas há uma divisão de poderes entre ambos, sendo parte da constituição decidida pelos detentores do poder e outra parte pelo povo. d) Cesaristas ou plebiscitárias: na verdade, deveria classificar-se como referendada, já que a Constituição é submetida a um referendo após elaborada pelos constituintes. Quanto à Estabilidade a) Imutáveis: não passíveis de modificações. Nesse tipo de constituição, há rápida ruptura entre a realidade social e a norma constitucional, perdendo a efetividade. b) Rígidas: exige quórum mais rígido do que as demais normas infraconstitucionais para ser modificada. Trata-se de um dos pilares do controle de constitucionalidade, já que para se fazer o controle há de se ter a supremacia da constituição, e para se ter a supremacia, essa deve ser rígida. c) Semirrígidas: precisa de um processo mais difícil para alteração de parte de seus dispositivos e permite a mudança de outros dispositivos por um procedimento mais simples. Assim, parte é rígida e parte flexível, como ocorreu com a Constituição de 1824 no Brasil. d) Flexíveis: a lei ordinária tem a mesma natureza jurídica de emenda constitucional, não havendo divergência no processo legislativo de uma e de outra. Nas constituições flexíveis mostra-se inviável o controle de constitucionalidade. Quanto à Extensão a) Concisas, breves, curtas ou sintéticas: preveem somente princípios e normas gerais, não se preocupam em definir todos os aspectos da sociedade, sendo típica dos estados liberais. Geralmente tem caráter eminentemente negativo. Exemplo: Constituição norte-americana. b) Longas, analíticas ou prolixas: típicas de estado de bem-estar social, visam a garantir uma série de direitos e deveres aos indivíduos e os limites da atuação estatal, de forma bem definida. Quanto à Finalidade a) Negativas, garantias, liberais ou de texto reduzido: é aquela que na relação entre o Estado e o Indivíduo, se preocupa apenas em garantir o indivíduo contra o Estado. Por sua vez, as negativas cuidam apenas daquelas normas que não poderiam deixar de estar expressas numa Constituição. Destacam-se no período inicial da consagração dos direitos relativos às liberdades públicase políticas nos textos constitucionais, já que impunham a omissão ou negativa de ação por parte dos países. São normalmente sintéticas. b) Dirigentes, plásticas ou programáticas: nascem com a evolução dos Estados Sociais, estabelecem programas e definem os limites e a extensão de seus direitos; são sempre analíticas. Seu principal teórico foi Canotilho. É o modelo das Constituições Sociais. Dirigente porque quando o Estado intervém na ordem econômica e social, pretende nesse aspecto dirigir as atividades da sociedade. O Estado intervém através de um gerenciamento da vida privada. A Constituição brasileira aderiu ao modelo dirigente, mas um dirigismo que já foi bastante atenuado com várias emendas constitucionais que alteraram a previsão da intervenção na ordem econômica. Na época do primeiro Governo Fernando Henrique com as privatizações de empresas. Esse movimento que foi feito na primeira metade da década de 90 até 1995/1997 foi um movimento liberalizante que tornou a nossa Constituição menos dirigente, com um Estado menos interventor. c) Constituições balanço: é a denominação que se dá à Constituição que meramente descreve e sistematiza a organização política do Estado. Destina-se a espelhar certo período político, um dado estágio das relações de poder no Estado. Quanto à Ideologia ou Objeto Ideológico a) Liberais: consolidam o pensamento liberal político e econômico. São, portanto, constituições que não pregam a intervenção do Estado na ordem econômico e social. É o Estado Mínimo, ou seja, que deve ter uma participação mínima, cuidando apenas da coisa pública, não devendo reger a sociedade, pois essa usa das suas próprias forças, o mercado tem suas próprias forças. A sociedade progride com a busca pelo lucro e isso faz com que pessoas e empresas queiram produzir mais e melhor. É a Lei do mercado. Exemplo: Constituição norte-americana. Geralmente as Constituições liberais são negativas e concisas. b) Sociais: preveem a intervenção do Estado na ordem econômico-social ao regular o mercado, quer dizer, isso faz com que o mercado seja menos livre na regulação do mercado e na redução da desigualdade. 1564935 E-book gerado especialmente para PAULO CAVALCANTE SRAZEREPCI 5 Uma característica das constituições sociais, portanto, é valorizar mecanismos de intervenção na ordem econômica, por exemplo, empresas públicas, regulação da ordem econômica também através do sistema tributário, por meio da criação de impostos com natureza extrafiscal, que são aqueles impostos que não são imaginados para arrecadar, até arrecadam, mas não é o objetivo deles, e sim, regular o mercado, como acontece no Brasil com os impostos de importação e exportação. Na ordem social, tende a valorizar no âmbito dos Direitos Fundamentais também os Direitos Sociais, o que não é muito valorizado em constituições liberais, pois nessas, no âmbito dos Direitos Fundamentais, acabam valorizando o direito de liberdade (física, religiosa, de imprensa etc.). Os Direitos Fundamentais numa Constituição Liberal basicamente se resumem aos Direitos Individuais. Já numa Constituição Social, passam a ser integrados também por Direitos Sociais (educação, saúde, previdência, assistência). c) Socialistas: mais do que intervir na ordem econômica e social, pretende planificar a sociedade. Então, ela acaba retirando da sociedade a sua liberdade de buscar o sucesso individual. O Estado não apenas planifica as suas ações no interesse público, mas se apropria dos meios de produção. Fica muito clara a diferença de abordagem dessas três diferenças de ideologia na Constituição, quando nós trabalhamos com um valor constitucional determinado, como o valor da igualdade. A igualdade numa Constituição Liberal é uma igualdade formal. O Estado não pode discriminar as pessoas, têm que tratar a todos como iguais. A visão da igualdade no Estado Social, além impedir que Estado crie situações de discriminação, o obriga a intervir na sociedade para reduzir a desigualdade. A igualdade num Estado Socialista é uma igualdade material, de resultado. Quanto ao Modo de Elaboração a) Dogmática: será sempre uma Constituição escrita, é a elaborada por um órgão constituinte, e sistematiza os dogmas ou ideias fundamentais da teoria política e do Direito dominantes no momento. b) Histórica ou costumeira: sempre uma Constituição não escrita, resulta de lenta transformação histórica, do lento evoluir das tradições, dos fatos sócio-políticos. Quanto à Dogmática a) Ortodoxa ou comprometida: é aquela comprometida com uma determinada ideologia, que não pode ser alterada pelos governos que se alternarem no Poder. b) Heterodoxa, eclética ou compromissória: aquela que permite o convívio ideológico, sem promover exclusão prévia de formas de pensamento e de ideias sociais e políticas. A Constituição brasileira é uma Constituição Social, mas ela é compromissória, aberta. Isso fica claro, quando no artigo 3º, além daquela previsão da redução de desigualdades sociais e regionais, garante a autonomia privada, livre iniciativa, que é um valor do liberalismo. Quanto à Correspondência com a Realidade ou Classificação Ontológica Esta classificação foi desenvolvida por Karl Lowenstein, é muito cobrada em concursos públicos e se dividi em: a) Normativas: são aquelas constituições que conseguem regular a vida política de um Estado, por estarem em consonância com a realidade social. b) Nominativas: são aquelas constituições que não conseguem regular a vida política de um Estado, pelo descompasso com a realidade. c) Semânticas: é a constituição elaborada como mera formalização do Poder Político dominante. É exemplo a constituição nazista. Constitucionalmente, todas as medidas adotadas durante o Reich foram legítimas. Concluindo, portanto, os entendimentos apresentados, pode-se dizer que Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 é: rígida, dogmática, programática, normativa, social, promulgada, escrita, heterodoxa e analítica. Questões 01. (CRAISA de Santo André/SP - Advogado - IMES/2016) A Constituição Federal brasileira de 1988, no que diz respeito à estabilidade ou alterabilidade pode ser classificada como: (A) semiflexível. (B) rígida. 1564935 E-book gerado especialmente para PAULO CAVALCANTE SRAZEREPCI 6 (C) plástica. (D) imutável. 02. (Câmara Municipal de Poá/SP - Procurador Jurídico - VUNESP/2016) A Constituição Federal Brasileira de 1988 pode ser classificada como (A) dogmática, outorgada e rígida. (B) histórica, promulgada e flexível. (C) dogmática, promulgada e rígida. (D) histórica, promulgada e rígida. (E) histórica, outorgada e flexível. 03. (Prefeitura de Cuiabá/MT - Auditor Fiscal Tributário da Receita Municipal - FGV/2016) Edilberto, advogado constitucionalista, idealizou um modelo constitucional com as seguintes características: a primeira parte não poderia sofrer qualquer tipo de alteração, devendo permanecer imutável; a segunda parte poderia ser alterada a partir de um processo legislativo qualificado, mais complexo que aquele inerente à legislação infraconstitucional; e a terceira parte poderia ser alterada com observância do mesmo processo legislativo afeto à legislação infraconstitucional. À luz da classificação predominante das Constituições, é correto afirmar que uma Constituição dessa natureza seria classificada como (A) rígida. (B) flexível. (C) semirrígida. (D) fortalecida. (E) plástica. 04. (TRE/PI - Técnico Judiciário - CESPE/2016) As constituições classificam-se, quanto (A) à estabilidade, em imutáveis, rígidas, flexíveis ou semirrígidas. (B) à origem, em escritas ou não escritas. (C) à forma, em materiais ou formais. (D) ao conteúdo, em dogmáticas ou históricas. (E) ao modo de elaboração, em analíticas ou sintéticas. Gabarito 01.B / 02.C / 03.C / 04.A Comentários 01. Resposta: B A nossa Constituição é considerada rígida. Quanto à estabilidade as Constituiçõespodem ser classificadas da seguinte formas: imutável, quando não passível de modificação; rígida, quando determina um procedimento especial e solene para sua modificação, não permitindo ser alterado da mesma forma que leis ordinárias; semirrígida, quando parte é rígida e parte é flexível; ou flexível, quando as leis ordinárias tem a mesma natureza jurídica de emenda constitucional. 02. Resposta: C Diante das principais formas de classificação apresentadas pela doutrina a Constituição Federal Brasileira de 1988 pode ser classificada como: rígida, dogmática, programática, normativa, social, promulgada, escrita, heterodoxa e analítica. 03. Resposta: C Uma Constituição é classificada como semirrígida quando algumas matérias exigem um processo de alteração mais dificultoso do que o exigido para alteração das leis infraconstitucionais, enquanto outras não requerem tal formalidade. São ao mesmo tempo rígidas e flexíveis. 04. Resposta: A Quando falamos em estabilidade a Constituição, segundo doutrina majoritária, pode ser classificada da seguinte maneira: imutável, rígidas, flexíveis ou semirrígidas. As demais alternativas estão incorretas, 1564935 E-book gerado especialmente para PAULO CAVALCANTE SRAZEREPCI 7 porque não correspondem ao modo de classificação correto, o qual seria: à origem (democrática, outorgadas, pactuadas e cesaristas); à forma (escritas e não escritas); ao conteúdo (materiais e formais) e ao modo de elaboração (dogmática e histórica). CONSTITUCIONALISMO O Direito Constitucional origina-se do constitucionalismo, movimento político, jurídico e ideológico que concebeu e aperfeiçoou a ideia de estruturação racional do Estado e de limitação do exercício de seu poder, concretizados pela elaboração de um documento escrito destinado a representar sua lei fundamental e suprema. Para Motta5, o constitucionalismo tem por objetivo, impor aos Estados absolutistas mecanismos de contenção do poder, o que seria atingido a partir da adoção de constituições escritas que organizassem o Estado, regulassem o exercício do poder e contemplassem os direitos e garantias fundamentais do homem. Ensina Bulos6, o termo constitucionalismo tem dois significados diferentes: em sentido amplo, significa o fenômeno relacionado ao fato de todo Estado possuir uma Constituição em qualquer época da humanidade, independentemente do regime político adotado ou do perfil jurídico que se lhe pretenda atribuir; em sentido estrito, significa a técnica jurídica de tutela das liberdades, surgida nos fins do século XVIII, que possibilitou aos cidadãos o exercício, com base em Constituições escritas, dos seus direitos e garantias fundamentais, sem que o Estado lhes pudesse oprimir pelo uso da força e do arbítrio. Fases Nos tópicos que seguem, há de ser comentado algumas notas sobre os constitucionalismos, antigo, clássico, moderno, contemporâneo e do futuro Constitucionalismo Antigo O constitucionalismo7 antigo é definido como conjunto de princípios escritos ou costumeiros voltados à afirmação de direitos a serem confrontados perante o monarca, bem como à simultânea limitação dos poderes deste. Com base em Loewenstein8, pode-se dizer que o constitucionalismo antigo viveu fase embrionária com a práxis política teocrática do povo hebreu. Por acreditarem que todos, indistintamente, viviam sob domínio de única autoridade divina, os hebreus estruturaram regime político baseado em leis sagradas que impunham – inclusive aos governantes – a observância de preceitos morais e religiosos como forma de evitar a ira de Deus. Constitucionalismo Clássico O constitucionalismo clássico surgiu a partir do final do século XVIII. Dois fatores importantíssimos nessa época, foi chamadas de revoluções liberais (revoluções Francesa e Americana), feitas pela burguesia em busca de direitos libertários. Com essas revoluções ocorreu o surgimento das primeiras constituições escritas. A primeira constituição escrita de que se tem notícia, a “Declaração de Direitos do Bom Povo da Virgínia” (Virginia Bill of Rights, de 1776). Logo depois dela, em 1787, surgiu a constituição americana e até hoje está em vigor. As duas principais idéias com as quais os americanos contribuíram para o constitucionalismo são: - A idéia de supremacia da Constituição; - A garantia jurisdicional. A experiência francesa contribuiu com duas ideias principais: - Garantia de direitos; - Separação dos Poderes. 5 MOTTA, Sylvio. Direito Constitucional. 27ª edição, 2018. 6 BULOS, Uadi Lammêgo, Curso de Direito Constitucional. 11ª edição, 2018. 7 https://julianobernardes.jusbrasil.com.br/artigos/121934252/constitucionalismo-direito-constitucional-e-constituicao 8 LOEWENSTEIN, Karl. Teoría de la constitución. 2. Ed. Trad. Alfredo Gallego Anabitarte. Barcelona: Ariel, 1976. O Constitucionalismo. 1564935 E-book gerado especialmente para PAULO CAVALCANTE SRAZEREPCI 8 Constitucionalismo Social O Constitucionalismo social é um sistema que defende o regime constitucional, ou seja, um governo regulado por uma Constituição que organize o Estado e limite o seu poder, bem como, a inclusão de normas e preceitos relativos à defesa dos Direitos Humanos Fundamentais em seu texto. Surgiu nas transições das monarquias absolutistas para o Estado Liberal de Direito e tem como objetivo a proteção dos Direitos Humanos Fundamentais, sem os quais a pessoa humana não consegue existir e fica à mercê do livre arbítrio dos governantes. Estabelecendo um Governo de Leis, o Homem passa a abraçar um Estado de Direito, ou seja, um país juridicamente organizado através da sistematização das normas em forma de lei, o que significa dizer que o Estado também está subordinado às leis, assim como, a sociedade. O constitucionalismo social, que se seguiu ao liberal, é marcado pela ideia de defesa de direito sociais, coletivos ou difusos, não se restringindo à mera garantia de direitos individuais, tendo, portanto, um intervencionismo diversificado. Um exemplo marcante que iniciou essa ideia é a Constituição Mexicana de 1917 e a Weimar de 1919. Neoconstitucionalismo ou Contemporâneo O neoconstitucionalismo, enquanto fenômeno do Direito Constitucional contemporâneo, visa refundar o direito constitucional com base em novas premissas como a difusão, o desenvolvimento da teoria dos direitos fundamentais e a força normativa da constituição, objetivando a transformação de um estado legal em estado constitucional. O modelo normativo do neoconstitucionalismo é o axiológico9, abandonando o documento político fundamental a concepção da limitação de poderes, pois, acima de tudo, importa tornar eficaz a Constituição, na busca incessante por concretizar os valores ínsitos aos direitos fundamentais nela consagrados. Converte-se a Constituição no centro do sistema, adquirindo seu texto carga jurídica, imbuída, logo, de normatividade, imperatividade e superioridade; ingressa no cenário jurídico gozando agora não apenas sua formal supremacia, como também sua superioridade material e axiológica, visto sua preeminência normativa no sistema; passa a partir da revolução paradigmática que o fenômeno do neoconstitucionalismo proporciona, a ter uma força normativa reconhecida, lastreada no caráter vinculativo e obrigatório de seus enunciados.10 Na América Latina, em razão de ter havido, no início da década de 1980, diversos movimentos sociais, surge um movimento denominado “novo constitucionalismo latino-americano”, que propõe a criação de um novo Estado, o Estado plurinacional, em que conceitos como legitimidade, participação popular e pluralismo evoluem em um novo significado para possibilitar a inclusão de todas as classes sociais no Estado. Características a) A supremacia do texto constitucional ou totalitarismo constitucional, sendo que todas as prescrições têm normatividade, ou seja, os direitos previstos naCarta Política (Constituição), por regras ou princípios, serão efetivados ainda que não exista norma infraconstitucional dispondo sobre a matéria. b) Totalitarismo constitucional11, como por exemplo a Constituição brasileira de 1988. O totalitarismo se pauta no conteúdo social que os textos apresentam, estabelecendo metas a serem atingidas pelo Estado, programas do governo. O surgimento da ideia de proteção aos direitos de fraternidade, conceituados pela doutrina como direitos de terceira dimensão. c) Força normativa dos princípios constitucionais: é possível a resolução de determinada demanda com base em princípios, especialmente, quando o caso versar sobre direitos fundamentais. Em caso de colisão entre princípios, quando determinada situação fática pode ser regulada por dois princípios oponentes entre si, aponta a doutrina como solução a ponderação de interesses, em que um princípio será aplicado em detrimento de outro sem que este se torne inválido. d) Constitucionalização do Direito: trata-se da aplicação do chamado efeito irradiante da Constituição, em razão do qual as normas infraconstitucionais devem ser interpretadas à luz das disposições constitucionais. e) Ampliação da jurisdição constitucional: refere-se à interpretação e aplicação do Texto Constitucional em qualquer questão que demande um provimento judicial. f) Reaproximação entre o Direito e a Moral, com maior ingresso da filosofia nos debates jurídicos. g) Raciocínio jurídico, mais argumentação jurídica, rejeitando o formalismo estéril. 9 Axiológico: estudo de valores. 10 COSTA, Lucas Sales. Neoconstitucionalismo. Revista Jus Navigandi, Teresina. 2014. 11 jusbrasil.com.br 1564935 E-book gerado especialmente para PAULO CAVALCANTE SRAZEREPCI 9 h) Garantia, promoção e preservação dos direitos humanos (dirigismo comunitário): em todos os países que respeitam o princípio democrático tais direitos são assegurados; a CF/1988 abarcou todos eles, expressa ou implicitamente, seja na forma de regras ou na forma de princípios. Constitucionalismo do Futuro O constitucionalismo do futuro consiste numa perspectiva de direito constitucional a ser implementada após o neoconstitucionalismo. Prega a consolidação dos direitos humanos de terceira dimensão, fazendo prevalecer a noção de fraternidade e solidariedade. Trata-se da “constituição do porvir”, calçada na esperança de dias melhores, um verdadeiro constitucionalismo altruístico. Segundo Lenza12, destaca os seguintes valores a respeito do denominado constitucionalismo do futuro: a) verdade: a Constituição não pode mais gerar falsas expectativas; o constituinte só poderá "prometer" o que for viável cumprir, devendo ser transparente e ético; b) solidariedade: trata-se de nova perspectiva de igualdade, sedimentada na solidariedade dos povos, na dignidade da pessoa humana e na justiça social; c) consenso: a Constituição do futuro deverá ser fruto de consenso democrático; d) continuidade: ao se reformar a Constituição, a ruptura não pode deixar de levar em conta os avanços já conquistados; d) participação: refere-se à efetiva participação dos "corpos intermediários da sociedade", consagrando-se a noção de democracia participativa e de Estado de Direito Democrático; e) integração: trata-se da previsão de órgãos supranacionais para a implementação de uma integração espiritual, moral, ética e institucional entre os povos; f) universalização: refere-se à consagração dos direitos fundamentais internacionais nas Constituições futuras, fazendo prevalecer o princípio da dignidade da pessoa humana de maneira universal e afastando, assim, qualquer forma de desumanização. Os objetivos do constitucionalismo no mundo moderno, segundo Barroso13 são institucionalizar um estado democrático de direito, fundado na soberania popular e na limitação do poder, assegurar o respeito aos direitos fundamentais, inclusive e especialmente os das minorias políticas, contribuir para o desenvolvimento econômico e para a justiça social, prover mecanismos que garantam a boa administração, com racionalidade e transparência nos processos de tomada de decisão, de modo a propiciar governos eficientes e probos. Constitucionalismo Transnacional Constitucionalismo Transnacional – possibilidade de se elaborar uma só constituição para vários países. Fala-se em uma desvinculação entre constitucionalismo moderno e o Estado nacional, a ideia de um constitucionalismo sem um Estado nacional Transconstitucionalismo O transconstitucionalismo pode ser visto como sendo o "entrelaçamento de ordens jurídicas diversas, tanto estatais como transnacionais, internacionais e supranacionais, em torno dos mesmos problemas de natureza constitucional".14 É a relação entre o direito interno e o direito internacional, para melhor tutela dos direitos fundamentais. O chamado transconstitucionalismo, que se refere ao estudo combinado da jurisdição nacional com a jurisdição internacional. Esse estudo combinado do direito interno com o direito transnacional, sugere ser a evolução do neoconstitucionalismo, que fará surgir o que a doutrina já tem antecipado como transconstitucionalismo. A sociedade global passou a ganhar instituições parecidas com as existentes no plano doméstico, a se observar pelos inúmeros tribunais internacionais, como a corte internacional de justiça, corte permanente de justiça internacional, corte interamericana de direitos humanos, corte europeia de direitos humanos, tribunais de integração econômica, além dos vários tribunais internacionais penais (TPI's). Observa-se também a existência de relevantes organizações mundiais, como a Organização das Nações Unidas (ONU) e o Fundo Monetário Internacional (FMI). Esse fenômeno da globalização tem 12 LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 22ª Edição, 2018. 13 BARROSO, Luiz Roberto. Curso de direito constitucional contemporâneo. 4ª edição.2013. 14 NEVES, Marcelo. Transconstitucionalismo. 2017. 1564935 E-book gerado especialmente para PAULO CAVALCANTE SRAZEREPCI 10 mudado o enfoque das relações internacionais. Se antes eram características marcantes da sociedade internacional ser paritária e descentralizada (sem hierarquia e poder central), hoje percebemos que tais características estão em franca mutação, cada vez mais surgindo organizações centralizando o poder e tribunais hierarquizando interpretações. Questões 01. (FAPESP - Procurador - VUNESP/2018) Assinale a alternativa correta a respeito do Constitucionalismo. (A) Os primeiros textos constitucionais emanaram como consequência de manifestações populares que reivindicavam direitos sociais a serem prestados pelo Estado. (B) Na Antiguidade Clássica há registros de importantes traços do surgimento do constitucionalismo, todavia, na Idade Média, denominada Idade das Trevas, houve uma regressão histórica do constitucionalismo. (C) Os pactos forais ou cartas de franquia, destinados a garantir determinados direitos individuais da população, ainda que timidamente, foram documentos importantes e reconhecidamente os primeiros do constitucionalismo a ter o caráter da universalidade. (D) As Constituições Norte-Americana de 1789 e a Francesa de 1801 são os marcos históricos e formais do constitucionalismo moderno, resultados da influência do socialismo e da contraposição ao iluminismo, deflagrados pelo liberalismo clássico. (E) O totalitarismo constitucional, com forte conteúdo social, e o dirigismo comunitário, que busca expandir e propagar a proteção aos direitos humanos, são expressões ligadas à concepção doutrinária do constitucionalismo contemporâneo. 02. (PC/GO - Delegado de Polícia - UEG) O Constitucionalismo contemporâneo apresenta movimentos teóricos importantes, dentre os quais destacam-se o Neoconstitucionalismo, cuja característica é a presença hegemônica dos princípioscomo critério de interpretação, como fator de onipresença da Constituição Federal, e o Novo Constitucionalismo Democrático Latino Americano, fundado nas novas perspectivas trazidas pelas Constituições da América Latina. Esses movimentos distinguem-se entre si, pois (A) o Neoconstitucionalismo valoriza a dimensão jurídica da Constituição Federal, enquanto para o Novo Constitucionalismo Democrático Latino Americano a busca da legitimidade democrática se dá pela maior e mais efetiva participação popular. (B) o Novo Constitucionalismo Democrático Latino Americano reconhece e incorpora os princípios do estado moderno, servindo-se dos modelos de freios e contrapesos, enquanto o Neoconstitucionalismo nega tal modelo. (C) o Novo Constitucionalismo Democrático Latino Americano reconhece o pluralismo jurídico pautado na jurisdição estatal única, enquanto o Neoconstitucionalismo funda-se em uma jurisdição constitucional separada. (D) o Neoconstitucionalismo inaugura um modelo de valorização da diversidade e do plurinacionalismo, enquanto o Novo Constitucionalismo Democrático Latino Americano assume e garante a associação da ideia Estado-nação. 03. (TRF 3ª Região - Juiz Federal Substituto - TRF/2018) Um novo paradigma para o constitucionalismo surgiu entre o final do século XX e o início do século XXI. Procura ser uma resposta teórico-prática para a necessidade de se obterem eficácia e efetividade para as normas constitucionais, sobretudo as portadoras de direitos sociais. Implanta, no Brasil, modelo normativo-axiológico, com adoção expressa de valores e opções pela efetivação de políticas públicas com sede constitucional. Muitas destas bastante específicas, como os serviços de saúde, educação e assistência social a hipossuficientes. Esse paradigma constitucional possui algumas notas típicas, dentre as quais NÃO se encontram: (A) Separação conceitual entre o direito constitucional e a moralidade política. (B) Tendência a integração das diversas esferas da razão prática para solução dos casos constitucionais: o direito, a moral e a política. (C) Compreensão da constitucionalidade enquanto critério último de validade das normas, em termos substantivos e não apenas formais. (D) Os direitos constitucionais incorporam uma ordem objetiva de valores. Esses direitos e valores tornam-se onipresentes com “efeito irradiante” sobre os demais ramos do direito. 1564935 E-book gerado especialmente para PAULO CAVALCANTE SRAZEREPCI 11 Gabarito 01.E / 02.A / 03.A Comentários 01.Resposta: E Dentre as características do Constitucionalismo encontra-se o totalitarismo constitucional e o dirigismo comunitário, reveja as características do constitucionalismo contemporâneo na matéria. 02. Resposta: A Em razão de movimentos sociais acontecidos no início da década de 1980, surge um movimento denominado “novo constitucionalismo latino-americano”, que propõe a fundação de um novo Estado, o Estado plurinacional, em que conceitos como legitimidade, participação popular e pluralismo assumem um novo significado para possibilitar a inclusão de todas as classes sociais no Estado. 03. Resposta: A Segundo ensinamentos de Dirley da Cunha Jr15., “...foi marcadamente decisivo para o delineamento desse novo direito constitucional, a reaproximação entre o direito, a ética e a moral, o direito e a justiça e demais valores substantivos, a revelar a importância do homem e a sua ascendência a filtro axiológicos de todo o sistema político e jurídico, com a consequente proteção dos direitos fundamentais da dignidade da pessoa humana”. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS Os princípios fundamentais16 encontram-se no título I, artigos 1° a 4° da Constituição Federal. São fundamentais por constituírem um alicerce constitucional e influenciaram a elaboração da Constituição da República, portanto, são aqueles que fundamentam as normas jurídicas informadoras no ordenamento constitucional brasileiro. Tem como finalidade a garantia da unidade da Constituição brasileira, a preservação do Estado Democrático de Direito e orientar a ação dos intérpretes. Os princípios fundamentais foram expressamente inseridos no texto constitucional, assim, nenhuma norma infraconstitucional pode contradize-los, sob pena de inconstitucionalidade. Pode-se dizer que, violar os princípios é, muitas vezes, mais grave que violar uma regra específica, por ofender uma norma informativa que envolve todo ordenamento jurídico. Vejamos a seguir o texto constitucional pertinente ao assunto: TÍTULO I DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político. Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. 15 JUNIOR, Dirley da Cunha. Curso de Direito Constitucional. 2018. 16PINHO. Rodrigo Cesar Rebello. Teoria Geral da Constituição e Direitos Fundamentais - 12° edição. Princípios fundamentais da Constituição Federal de 1988. 1564935 E-book gerado especialmente para PAULO CAVALCANTE SRAZEREPCI 12 Quando no caput do artigo 1º, menciona: República: é a forma de Governo, ideia esta que tem como características17 a periodicidade do mandato dos governantes; a eletividade como forma de condução aos cargos políticos; a possibilidade de responsabilização dos governantes pelos atos praticados no exercício do mandato; e o fato de que os governantes representam diretamente o povo. Federativa: é a forma de Estado, responsabiliza-se pela indissolubilidade dos vínculos federais entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios (vedada a secessão) e composta por entidades políticas autônomas. Outro ponto importante para pontuar é em relação ao Estado Democrático de Direito, assegurando direitos inalienáveis que, sem eles, não teria democracia nem liberdades públicas. Essa expressão traz a ideia do Estado formado a partir da vontade do povo, voltado para o povo e ao interesse do povo (o povo tem uma participação ativa, sempre com o respeito aos Direitos e garantias fundamentais), e tem por fundamentos a: - Soberania: pois não existe Estado sem soberania, o que significa a supremacia do Estado brasileiro na ordem política interna e a independência na ordem política externa, um Estado não deve obediência jurídica à outro Estado, ficando portanto em relação aos demais integrantes do cenário internacional em posição de coordenação e de superioridade aos do seu próprio território. Portanto com um poder político supremo e independente. - Cidadania: abrange tanto a titularidade de direitos políticos, como também os civis. A cidadania alcança o exercício do direito de votar e ser votado e o efetivo exercício dos diversos direitos previstos na Constituição (educação, saúde, trabalho, etc.). - Dignidade da pessoa humana: que é o absoluto respeito aos direitos fundamentais de todo ser humano, assegurando-se condições dignas de existência para todos, independentemente de credo, raça, cor, origem ou status social. O ser humano é considerado pelo Estado brasileiro como um fim em si mesmo, jamais como meio para atingir outros objetivos. - Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa: que significa o trabalho e a livre iniciativa foram identificados como fundamentos da ordem econômica estabelecida no Brasil, ambos considerados indispensáveis para o adequado desenvolvimento do Estado brasileiro. A garantia do trabalho engloba empregados e empregadores, autônomos e assalariados. Esses dois fatores (trabalho e livre iniciativa) revelam o modo de produção capitalista vigente.A Constituição pretende estabelecer um regime de harmonia entre capital e trabalho. - Pluralismo político: que é livre para a formação de correntes políticas no País, permitindo a representação das diversas camadas da opinião pública em diferentes segmentos, como partidos políticos, sindicatos, associações, entidades de classe, igrejas, universidades, escolas, etc. Esse dispositivo constitucional veda a adoção de leis infraconstitucionais que estabeleçam um regime de partido único ou um sistema de bipartidarismo forçado ou que impeçam uma corrente política de se manifestar no País. O parágrafo único do artigo 1º da CF/88, relata o princípio representativo, que significa que todo poder emana do povo, por meio de representantes eleitos, mediante eleições livres e periódicas. Os escolhidos governam exteriorizando a vontade geral. 17MOTTA, Sylvio. Direito Constitucional. 27ª edição, 2018. 1564935 E-book gerado especialmente para PAULO CAVALCANTE SRAZEREPCI 13 Forma de Estado - Federação; Forma de Governo - a República; Sistema de Governo - o Presidencialista; Regime de Governo - o Democrático. Questões 01. (AL/RS - Técnico Legislativo - FUNDATEC/2018) No que diz respeito aos princípios fundamentais previstos na Constituição Federal, assinale a alternativa correta. (A) A soberania, caracterizada como poder político independente e supremo, é um dos fundamentos da República Federativa do Brasil. (B) A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelo princípio da não intervenção que veda a concessão de asilo político. (C) A erradicação das desigualdades regionais é considerada um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil. (D) São considerados poderes harmônicos e dependentes entre si o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. (E) A República Federativa do Brasil, quando se trata das suas relações internacionais, não é orientada pelo princípio da independência nacional. 02. (IF/TO - Auditor - IF/TO/2016) Quantos aos princípios do Estado brasileiro constantes na Constituição Federal, assinale a alternativa incorreta. (A) A promoção da cidadania e a dignidade da pessoa humana são exemplos de fundamentos da República Federativa do Brasil. (B) São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. (C) A República Federativa do Brasil apenas é formada pela união dos Municípios e do Distrito Federal. (D) Construir uma sociedade livre, justa e solidária, bem como garantir o desenvolvimento nacional, são exemplos de objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil. (E) A prevalência dos direitos humanos, assim como o repúdio ao terrorismo e ao racismo, são exemplos de princípios que devem reger o Brasil nas relações internacionais. 03. (PC/GO - Escrivão de Polícia Substituto - CESPE/2016) Assinale a opção que apresenta um dos fundamentos da República Federativa do Brasil previsto expressamente na Constituição Federal de 1988. (A) valores sociais do trabalho e da livre iniciativa (B) autodeterminação dos povos (C) igualdade entre os estados (D) erradicação da pobreza (E) solução pacífica dos conflitos 04. (DPE/BA - Defensor Público - FCC/2016) De acordo com disposição expressa da Constituição Federal, a República Federativa do Brasil tem como fundamento (A) desenvolvimento nacional. (B) estado social de direito. (C) defesa da paz. (D) soberania. (E) prevalência dos direitos humanos. Gabarito 01.A / 02.C / 03.A / 04.D Comentários 01. Resposta: A Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como FUNDAMENTOS: I - a soberania; 1564935 E-book gerado especialmente para PAULO CAVALCANTE SRAZEREPCI 14 02. Resposta: C Dispõe o caput do art. 1º da CF/88, que “a República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito” (...). Deste modo, a alternativa “C” está incorreta, por mencionar que está é constituída “apenas” pela união dos Municípios e do Distrito Federal. 03. Resposta: A Nos termos do artigo 1º da CF/88, são fundamentos da República Federativa do Brasil: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político. 04. Resposta: D Conforme art. 1º da CF/88: A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político. Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Os poderes tem cada qual sua competência Constitucional, sendo eles independentes e harmônicos entre si, com funções típicas: a) O Poder Executivo é incumbido de resolver os problemas concretos e individualizados de acordo com a lei, função administrativa. Implementa ou executa as leis e a agenda diária do governo ou do Estado. Nos países presidencialistas, o poder executivo é representado pelo seu presidente, que acumula as funções de chefe de governo e chefe de estado. b) O Poder Legislativo é o poder de legislar, criar leis. O poder legislativo na maioria das repúblicas e monarquias é constituído por um congresso, parlamento, assembleias ou câmaras. O objetivo do poder legislativo é elaborar normas de direito de abrangência geral (ou, raramente, de abrangência individual) que são estabelecidas aos cidadãos ou às instituições públicas nas suas relações recíprocas. c) O Poder judiciário aplica autoritariamente a lei nos casos concretos. Possui a capacidade de julgar, de acordo com as leis criadas pelo Poder Legislativo e de acordo com as regras constitucionais em determinado país. Ministros, Desembargadores e Juízes formam a classe dos magistrados (os que julgam). Possuem também as funções atípicas: a) Poder executivo: detém atribuições de caráter legislativo (quando, por exemplo, edita medidas provisórias) e jurisdicional (quando decide litígios em âmbito administrativo). b) Poder Legislativo: julga (o Senado, por exemplo, tem competência para julgar o Presidente da República, nos crimes de responsabilidade) e administra (quando promove um concurso público, para o preenchimento de seus cargos, ou uma licitação, para a celebração de determinado contrato). c) Poder Judiciário: exerce atribuições de caráter legislativo (quando os Tribunais elaboram seus respectivos regimentos internos, por exemplo) e administrativo (quando contrata seu pessoal e organiza os serviços de suas secretarias). Questão 01. (Pref. de Chapecó/SC - Engenheiro de Trânsito IOBV/2016) Assinale a alternativa que está incorreta: (A) A República Federativa do Brasil é formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal. (B) São Poderes da União, independentes e sucessivos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Conselho Nacional de Justiça. (C) A soberania e o pluralismo político são fundamentos da República Federativa do Brasil. (D) É objetivo fundamental da República Federativa do Brasil garantir o desenvolvimento nacional. Gabarito 01.B 1564935 E-book gerado especialmente para PAULO CAVALCANTE SRAZEREPCI 15 Comentário 01. Resposta: B Dispõe o artigo 2º, CF/88: “São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”. Assim, observa-se que os Poderes não são sucessivos, mas sim harmônicos entre si. Ademais, no texto foi substituído o Poder Judiciário pelo ConselhoNacional de Justiça. Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; Consolidada nos princípios da liberdade, justiça e solidariedade. II - garantir o desenvolvimento nacional; Em todos os sentidos, tanto econômico, como também social. O que explica os diversos programas governamentais. III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; Redução e proteção contra as desigualdades entre os estados. IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Preocupa-se com a igualdade e a eliminação da discriminação. Atenção! Observa-se que os objetivos previstos neste artigo, não se confundem com os fundamentos estabelecidos no artigo 1º, tendo em vista que os fundamentos são princípios inerentes ao próprio Estado brasileiro, fazem parte de sua construção, já os objetivos fundamentais são as finalidades a serem alcançadas. Questões 01. (MPE/RN - Técnico do Ministério Público Estadual - COMPERVE/2017) Os objetivos fundamentais da república brasileira são metas que o Estado deve promover com força vinculante e imediata, servindo como norte a ser seguido em toda e qualquer atividade estatal. Nessa acepção, a Constituição Federal aponta, expressamente, como objetivo fundamental a PROMOÇÃO (A) do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo e cor. (B) de uma sociedade livre, justa e solidária com repúdio ao racismo e ao terrorismo. (C) da erradicação da miséria e da marginalização e da redução da desigualdade nacional. (D) da autodeterminação dos povos e dos direitos humanos. 02. (IFF - Assistente de Administração - FCM/2016) NÃO é um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil (A) garantir o desenvolvimento nacional. (B) construir uma sociedade livre, justa e solidária. (C) constituir uma supremacia perante os países da América Latina. (D) erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais. (E) promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. 03. (PGE/MT - Técnico Administrativo - FCC/2016) É um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, previsto no art. 3º da Constituição Federal, (A) garantir uma renda mínima a todo cidadão. (B) combater à fome. (C) promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. (D) erradicar o analfabetismo. (E) garantir a paz no território nacional. Gabarito 01.A / 02.C / 03.C 1564935 E-book gerado especialmente para PAULO CAVALCANTE SRAZEREPCI 16 Comentários 01. Resposta: A Considerando o que disciplina o art. 3º, IV, da CF/88, é um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Cuidado, embora as demais alternativas mencionem igualmente objetivos da República, o verbo “promover” encontra-se presente apenas no inciso mencionado. 02. Resposta: C Os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil estão previsto no art. 3º da CF/88, não estando entre eles o de constituir uma supremacia perante os países da América Latina. 03. Resposta: C Nos termos do que prevê o art. 3º da CF/88, é um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: I - independência nacional; Liga-se a ideia de soberania, pois o Estado brasileiro é independente por sua vontade não estar condicionada à ordens externas. II - prevalência dos direitos humanos; Reforça a ideia de que o respeito às prerrogativas do homem também devem guiar as relações exteriores do país. III - autodeterminação dos povos; IV - não-intervenção; Neste princípio, o Estado deve repelir qualquer tentativa de ameaça à organização interna que possa prejudicar o desenvolvimento econômico, político, social e cultural. V - igualdade entre os Estados; O Brasil não deve sujeitar-se ao controle econômico, político, social e tecnológico de outras organizações estatais. VI - defesa da paz; Este princípio é inspirador dos relacionamentos do Brasil com outros Estados de ordem mundial. VII - solução pacífica dos conflitos; Acaba com a violência ou coação, garantindo os direitos humanos e a paz entre os povos. VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; Tem como objetivo combater disparidades que impedem o progresso da humanidade. X - concessão de asilo político. Asilo político é o acolhimento de estrangeiro por um Estado que não é seu em razão de perseguições feitas por seu, ou outros países. Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações. Outros princípios fundamentais estão espalhados por todo o texto constitucional, de forma explícita ou implícita. Muitos de forma até repetitiva, para que não sejam desconsiderados. As colisões de princípios são resolvidas pelo critério de peso, preponderando o de maior valor no caso concreto, pois ambas as normas jurídicas são consideradas igualmente válidas. Por exemplo: o eterno dilema entre a liberdade de informação jornalística e a tutela da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das pessoas (CF/88, art. 220, §1º). Há necessidade de compatibilizar ao máximo os princípios, podendo prevalecer, no caso concreto, a aplicação de um ou outro direito. Questões 01. (TRT 6ª Região - Técnico Judiciário - FCC/2018) À luz do que dispõe a Constituição Federal quanto aos seus princípios fundamentais, A) todo o poder emana de Deus, que o exerce por meio de representantes eleitos pelo povo, nos termos da Constituição. 1564935 E-book gerado especialmente para PAULO CAVALCANTE SRAZEREPCI 17 B) são Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo, o Judiciário e o Moderador. C) constituem, dentre outros, objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa. D) a República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações. E) a República Federativa do Brasil tem como um de seus fundamentos a cooperação entre os povos para o progresso da humanidade. 02. (SEGEP/MA - Técnico da Receita Estadual - FCC/2016) NÃO consta entre os princípios que regem as relações internacionais da República Federativa do Brasil: (A) A defesa da paz. (B) O repúdio ao terrorismo e ao racismo. (C) A prevalência dos direitos humanos. (D) A redução das desigualdades regionais na América Latina. (E) A autodeterminação dos povos. 03. (Pref. de Araguari/MG - Procurador Municipal - IADHED/2016) Assinale a alternativa que não corresponde a um princípio fundamental que rege a República Federativa do Brasil de 1988 nas relações internacionais, conforme disposição expressa no texto constitucional: (A) Independência nacional; (B) Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; (C) Repúdio ao terrorismo e ao racismo; (D) Defesa da paz. 04. (CBTU - Assistente Operacional - FUMARC/2016) A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios, EXCETO: (A) Igualdade entre os Estados. (B) Independência nacional. (C) Não intervenção. (D) Pluralismo político. Gabarito01.D / 02.D / 03.B / 04.D Comentários 01. Resposta: D Alternativa A - Art. 1º, Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. Alternativa B) Art. 2º. São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. (O poder moderador não é poder da União). Alternativa C) Art. 1º. A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; Alternativa D) Art. 4º, Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações. Alternativa E) Art. 4º. A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; 02. Resposta: D Considerando o que prevê o art. 4º da CF/88, não consta como um dos princípios que regem as relações internacionais do país a redução das desigualdades regionais na América Latina. Ademais, de acordo com o previsto no parágrafo único, do referido artigo, a República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações. 1564935 E-book gerado especialmente para PAULO CAVALCANTE SRAZEREPCI 18 03. Resposta: B Dentre os princípios fundamentais que regem as relações internacionais previstos no art. 4º da CF/88, não está inserido o previsto na alternativa “B”. Além disso, os valores sociais do trabalho e a livre inciativa são fundamentos da República Federativa do Brasil, previsto no art. 1º. 04. Resposta: D Diante do expresso no artigo 4º da CF/88, o pluralismo político não faz parte dos princípios que regem as relações internacionais. Ademais, este instituto é um dos fundamentos da República Federativa do Brasil. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS A Constituição Federal de 1988 (CF) trouxe em seu Título II os direitos e garantias fundamentais, subdivididos em cinco capítulos: direitos e deveres individuais e coletivos, direitos sociais, nacionalidade, direitos políticos e partidos políticos. Para o concurso do TRF 4, vamos analisar até o capítulo dos Direitos Políticos, seguindo estritamente os assuntos solicitados em edital. Na concepção de Bahia18, Direitos e Garantias podem ser entendidos como, Direito em sua acepção clássica, seria a disposição meramente declaratória que imprime existência legal ao direito reconhecido. É a proteção ao bem, ao interesse tutelado pela norma jurídica configurando verdadeiro patrimônio jurídico. Ao lado dos direitos encontramos os deveres, que são normas de caráter limitativo, que buscam impor comportamento de respeito às normas que definem a proteção ao direito fundamental. A todo direito corresponde um dever. Exemplo: ao lado da norma que declara a liberdade de expressão (art. 5", IV), encontramos o dever de exercício dessa liberdade sem ofensa a terceiros, sob pena de aplicação de sanção a quem dele abusa (art. 5", V). As "garantias", por sua vez, traduzem-se no direito dos cidadãos de exigir dos Poderes Públicos a proteção de seus direitos. Servem para assegurar os direitos através da limitação do poder, possuindo caráter instrumental, atuando como mecanismos prestacionais na tutela dos direitos. As garantias constitucionais, segundo a visão bipartida19 da doutrina, classificam-se em gerais e específicas: a) garantias fundamentais gerais: são aquelas que vêm convertidas em normas constitucionais que proíbem os abusos de poder e todas as espécies de violação aos direitos que elas asseguram e procuram tomar efetivos. Realizam-se por meio de princípios e preceitos constitucionais como o princípio da legalidade, o princípio da liberdade, princípio do devido processo legal, e pelas cláusulas de inviolabilidade (art. 5°, VI, X, XI, XII etc.); b) garantias fundamentais específicas: são aquelas que instrumentalizam, verdadeiramente, o exercício dos direitos, fazendo valer o conteúdo e a materialidade das garantias fundamentais gerais. Por elas, os titulares do direito encontram a forma, o procedimento, a técnica, o meio de exigir a proteção incondicional de suas prerrogativas, como por exemplo o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data, o mandado de injunção, a ação popular, o direito de petição etc. São chamados de "remédios constitucionais" por designar um recurso àquilo que combate o mal, qual seja, o desrespeito ao direito fundamental Garantias Constitucionais Individuais Os Individuais é a expressão para exprimir os meios, instrumentos, procedimentos e instituições destinados a assegurar o respeito, a efetividade do gozo e a exigibilidade dos direitos individuais, os quais se encontram ligados a estes entre os incisos do art. 5º. 18 BAHIA, Flávia. Direito Constitucional. 2018. 19 SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 2004. Direitos e Garantias Fundamentais. Direitos e deveres individuais e coletivos. Direitos sociais. Da nacionalidade. Direitos políticos. 1564935 E-book gerado especialmente para PAULO CAVALCANTE SRAZEREPCI 19 Garantias dos Direitos , Coletivos, Sociais e Político A Constituição Federal de 1988 tutela os direitos difusos e coletivos; o art. 129, III, da CF/88, ao dispor sobre as funções institucionais do Ministério Público, destaca a de promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos. A previsão constitucional, além de reconhecer os interesses difusos e, ao mesmo tempo, destinar a sua proteção ao Ministério Público, demonstra não se tratar de norma meramente programática, mas preceptiva ou atributiva de direitos. A própria Constituição confere os meios de investigação, constantes do inquérito civil, e o instrumento de proteção judicial, a ação civil pública. Dispõe, inclusive, sobre a titularidade da ação, ao conferi-la ao Ministério Público. Nesse sentido, o art. 5.º, LXXIII, da Carta Constitucional, que trata da ação popular, também reconhece a existência de interesses difusos e coletivos e estabelecendo que qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise anular ato lesivo ao patrimônio público, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. A Magna Carta reconhece os interesses difusos e coletivos e impõe a sua proteção pelo próprio cidadão, conforme os direitos e garantias fundamentais, por meio da ação popular. A Constituição Federal não somente reconheceu a existência dos interesses difusos e coletivos, mas também estabeleceu um "sistema de garantia" desses interesses, definindo titulares do direito à proteção e instrumentos jurídicos de proteção, ao conferi-la ao Ministério Público, por intermédio do inquérito civil e da ação civil pública, e ao cidadão, por meio da ação popular. Ao Ministério Público coube a titularidade ampla, uma vez que poderá tutelar, além dos interesses especificamente mencionados pela Constituição, como o meio ambiente e o patrimônio público e social, os demais interesses difusos e coletivos, conforme a fórmula genérica utilizada pelo mencionado art. 129 da CF/88. Aos cidadãos coube também uma titularidade, mas restrita, uma vez que a ação popular somente pode ter por objeto a anulação de ato lesivo ao patrimônio público ou a entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. O texto constitucional não define os interesses difusos, tarefarealizada pelo Código de Defesa do Consumidor (Lei n° 8.078/90), que, em seu art. 82, I, os reconhece como interesses transindividuais, de natureza indivisível, de que são titulares pessoas indetermináveis e ligadas por circunstâncias de fato. Direitos e Deveres Individuais e Coletivos A CF foi a primeira a estabelecer direitos não só de indivíduos, mas também de grupos sociais, os denominados direitos coletivos. As pessoas passaram a ser coletivamente consideradas. Por outro lado, pela primeira vez, junto com os direitos, foram também estabelecidos expressamente deveres fundamentais. Tanto os agentes públicos como os indivíduos têm obrigações específicas, inclusive a de respeitar os direitos das demais pessoas que vivem na ordem social. Analisaremos o Artigo 5º da CF com apontamentos em todos os incisos para melhor compreensão do tema. Constituição Federal: TÍTULO II Dos Direitos e Garantias Fundamentais CAPÍTULO I DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS Artigo 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: Esta norma constitucional protege os bens jurídicos dos cidadãos, que são: vida, liberdade, igualdade, segurança e propriedade. A relação extensa de direitos individuais estabelecida neste artigo tem caráter meramente enunciativo, não se trata de rol taxativo. Existem outros direitos individuais resguardados em outras normas previstas na própria Constituição (por exemplo, o previsto no art. 150, contendo garantias de ordem tributária). 1564935 E-book gerado especialmente para PAULO CAVALCANTE SRAZEREPCI 20 I- homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; Este inciso traz um dos princípios mais importantes existentes, que é o princípio da isonomia ou da igualdade. Tal princípio igualou os direitos e obrigações dos homens e mulheres, porém, deve-se observar que este princípio permite que seja possível as diferenciações na medida das desigualdades de cada um. II- ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; Destacamos o princípio da legalidade. Ele garante a segurança jurídica e impede que o Estado atue de forma arbitrária. Tal princípio tem por escopo explicitar que nenhum cidadão será obrigado a realizar ou deixar de realizar condutas que não estejam definidas em lei. Além disso, se não existe uma lei que proíba uma determinada conduta ao cidadão, significa que ela é permitida. III- ninguém será submetido à tortura nem a tratamento desumano ou degradante; Garante que nenhum cidadão será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante. Fundamenta-se pelo fato de que, o sujeito que cometer tortura estará cometendo crime tipificado na Lei nº 9.455/97. Cabe ressaltar, ainda, que a prática de tortura caracteriza-se como crime inafiançável e insuscetível de graça ou anistia. Não obstante, o crime de tortura ainda é considerado hediondo, conforme explicita a Lei nº 8.072/90. Crimes hediondos são aqueles considerados como repugnantes, de extrema gravidade, os quais a sociedade não compactua com a sua realização. São exemplos de crimes hediondos: tortura, homicídio qualificado, estupro, extorsão mediante sequestro, estupro de vulnerável, dentre outros. IV- é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; Estabelece a liberdade de manifestação de pensamento. Não somente por este inciso, mas por todo o conteúdo, que a CF consagrou-se como a “Constituição Cidadã”. Um ponto importante a ser citado neste inciso é a proibição do anonimato. Cabe ressaltar que a adoção de eventuais pseudônimos não afeta o conteúdo deste inciso, mas tão somente o anonimato na manifestação do pensamento. V- é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem; O referido inciso assegura o direito de resposta, de forma proporcional ao ocorrido. Exemplo: propagandas partidárias, quando um eventual candidato realiza ofensas ao outro. Desta maneira, o candidato ofendido possui o direito de resposta proporcional à ofensa, ou seja, a resposta deverá ser realizada nos mesmos parâmetros que a ofensa. Assim, se a resposta possuir o mesmo tempo que durou a ofensa, deverá ocorrer no mesmo veículo de comunicação em que foi realizada a conduta ofensiva. Não obstante, o horário obedecido para a resposta deverá ser o mesmo que o da ofensa. Embora exista o direito de resposta proporcional ao agravo, ainda há possibilidade de ajuizamento de ação de indenização por danos materiais, morais ou à imagem. Assim, estando presente a conduta lesiva, que tenha causado um resultado danoso e seja provado o nexo de causalidade com o eventual elemento subjetivo constatado, ou seja, a culpa, demonstra-se medida de rigor, o arbitramento de indenização ao indivíduo lesado. VI- é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; Em um primeiro momento, este inciso garante a liberdade de escolha da religião pelas pessoas. A segunda parte resguarda a liberdade de culto, garantindo, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e liturgias. Este direito não é absoluto, exemplo: uma determinada religião utiliza em seu culto, alta sonorização, que causa transtornos aos vizinhos do recinto. Aqui estamos diante de dois direitos constitucionalmente tutelados. O primeiro que diz respeito à liberdade de culto e o segundo, referente ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, explicitado pelo artigo 225 da CF/88. Como é possível perceber com a alta sonorização empregada, estamos diante de um caso de poluição sonora, ou seja, uma conduta lesiva ao meio ambiente. Curiosamente, estamos diante de um conflito entre a liberdade de culto e o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, ambos direitos constitucionalmente expressos. Tal conflito é solucionado por meio da adoção do princípio da cedência recíproca, ou seja, cada direito deverá ceder em seu campo de aplicabilidade, para que ambos possam conviver harmonicamente no ordenamento jurídico brasileiro. O Brasil é um país LAICO ou LEIGO, ou seja, não tem uma religião oficial, não condiciona orientação religiosa específica. 1564935 E-book gerado especialmente para PAULO CAVALCANTE SRAZEREPCI 21 VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva; Quando o inciso se refere às entidades civis e militares de internação coletiva está abarcando os sanatórios, hospitais, quartéis, dentre outros. Cabe ressaltar que a assistência religiosa não abrange somente uma religião, mas todas. Logo, por exemplo, os protestantes não serão obrigados a assistirem os cultos religiosos das demais religiões, e vice-versa. VIII- ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; Este inciso expressa a possibilidade de perda dos direitos pelo cidadão que, para não cumprir obrigação legal imposta a todos e para recusar o cumprimento de prestação alternativa, alega como motivo crença religiosa ou convicção filosófica ou política. Um exemplo de obrigação estipulada por lei a todos os cidadãos do sexo masculino é a prestação de serviço militar obrigatório. Nesse passo, se um cidadão deixar de prestar o serviço militar obrigatório alegando como motivo a crença em determinada religião que o proíba poderá sofrer privação nos seus direitos. IX - é livre a expressão de atividade intelectual, artística,
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