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04_Nocoes_de_Direito_Constitucional

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1 
 
 
 
 
 
 
 
TRF 4 
Técnico Judiciário - Área Administrativa 
 
A Constituição. Conceito. Classificação. ............................................................................. 1 
O Constitucionalismo. ......................................................................................................... 7 
Princípios fundamentais da Constituição Federal de 1988. ............................................... 11 
Direitos e Garantias Fundamentais. Direitos e deveres individuais e coletivos. Direitos 
sociais. Da nacionalidade. Direitos políticos. ......................................................................... 18 
Organização do Estado. Administração pública. Servidores públicos civis e militares. ..... 57 
Organização dos Poderes. Atribuições e competência do Congresso Nacional. 
Competências privativas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Processo 
Legislativo. Fiscalização contábil, financeira e orçamentária. ................................................ 75 
Poder Executivo. Atribuições e responsabilidades do Presidente da República. ............... 97 
Poder Judiciário. Órgãos. Garantia dos Magistrados. Competência dos Tribunais. Dos 
Tribunais Regionais Federais e dos Juízes Federais. .......................................................... 104 
 
 
Olá Concurseiro, tudo bem? 
 
Sabemos que estudar para concurso público não é tarefa fácil, mas acreditamos na sua 
dedicação e por isso elaboramos nossa apostila com todo cuidado e nos exatos termos do 
edital, para que você não estude assuntos desnecessários e nem perca tempo buscando 
conteúdos faltantes. Somando sua dedicação aos nossos cuidados, esperamos que você 
tenha uma ótima experiência de estudo e que consiga a tão almejada aprovação. 
 
Pensando em auxiliar seus estudos e aprimorar nosso material, disponibilizamos o e-mail 
professores@maxieduca.com.br para que possa mandar suas dúvidas, sugestões ou 
questionamentos sobre o conteúdo da apostila. Todos e-mails que chegam até nós, passam 
por uma triagem e são direcionados aos tutores da matéria em questão. Para o maior 
aproveitamento do Sistema de Atendimento ao Concurseiro (SAC) liste os seguintes itens: 
 
01. Apostila (concurso e cargo); 
02. Disciplina (matéria); 
03. Número da página onde se encontra a dúvida; e 
04. Qual a dúvida. 
 
Caso existam dúvidas em disciplinas diferentes, por favor, encaminhar em e-mails separados, 
pois facilita e agiliza o processo de envio para o tutor responsável, lembrando que teremos até 
cinco dias úteis para respondê-lo (a). 
 
Não esqueça de mandar um feedback e nos contar quando for aprovado! 
 
Bons estudos e conte sempre conosco! 
1564935 E-book gerado especialmente para PAULO CAVALCANTE SRAZEREPCI
 
1 
 
 
 
CONSTITUIÇÃO 
 
Constituição1 deve ser entendida como a lei fundamental e suprema de um Estado, no qual contém 
normas referentes à estruturação do mesmo. Como por exemplo a formação dos poderes públicos, formas 
de governos, aquisição do poder de governar, distribuição de competências, direitos, garantias e deveres 
dos cidadãos. 
Além disso, é a Constituição que individualiza os órgãos competentes para a edição de normas 
jurídicas, legislativas ou administrativas. 
De acordo com Canotilho2, traçando o conceito ideal de constituição, se observa que todas as 
constituições devem: 
a) Ter um sistema de consagração de garantias da liberdade; 
b) Conter o princípio da separação dos Poderes; 
c) Ser escritas. 
 
Conceito de Constituição 
 
Existem várias concepções sobre o conceito de constituição, no qual podem ser tradicionais ou 
modernas: 
 
Concepções Tradicionais 
 
a) Concepção sociológica: enxerga as constituições como um fato social, como a soma dos fatores 
reais de poder de um país, resultado concreto do relacionamento entre as forças sociais. Existe uma 
Constituição real e uma escrita. Esta somente terá validade se coincidir com aquela. Tem como principais 
características: 
- A Constituição é vista mais como fato do que como norma, prioriza-se a perspectiva do ser e não a 
do dever ser; 
- A Constituição não está sustentada numa normatividade superior transcendente, não se baseia num 
direito natural, mas sim nas práticas desenvolvidas na sociedade. 
 
b) Concepção política: constituição seria uma decisão política fundamental, a qual não se apoia na 
justiça de suas normas, mas sim no que nela foi politicamente incluído. Existe a Constituição em si e 
normas ou leis constitucionais, as quais, apesar de integrarem o texto escrito, não seriam materialmente 
constitucionais. 
Faz parte da Constituição, efetivamente, a disciplina da forma de Estado, do sistema de governo, do 
regime de governo, da organização e divisão dos poderes e o rol de direitos individuais. As leis 
constitucionais são todas aquelas normas inscritas na Constituição que poderiam vir tratadas em 
legislação ordinária. 
 
c) Concepção jurídica: constituição é o paradigma de validade de todo o ordenamento jurídico de um 
Estado e instituidor de sua estrutura. Sua concepção é estritamente formal. Daqui resultou a teoria da 
construção escalonada do ordenamento jurídico. Constituição é norma pura, é um dever ser, não há 
fundamento sociológico ou político, apenas caráter normativo. Para a palavra Constituição podemos dar 
dois sentidos: 
- Jurídico-Positivo: direito positivo é norma escrita ou posta pelo homem (pirâmide das leis – princípio 
da compatibilidade vertical entre as normas superiores e inferiores). Logo, Constituição seria norma 
escrita; 
- Lógico-Jurídico: a norma inferior encontra seu fundamento de validade na norma que lhe for superior. 
A Constituição encontra o seu fundamento de validade não no direito posto, mas no plano pressuposto 
lógico, ou seja, em valores metajurídicos, já que seu fundamento não seria de cunho constitucional. 
 
 
1 DE MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. 33ªEdição. 2018. 
2 CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito Constitucional.2016. 
A Constituição. Conceito. Classificação. 
 
1564935 E-book gerado especialmente para PAULO CAVALCANTE SRAZEREPCI
 
2 
 
Concepções Modernas 
 
a) Teoria da Força Normativa da Constituição: A Constituição escrita não necessariamente será 
resultado da vontade da parte mais forte no embate, pode ser que a Constituição escrita seja capaz de 
redesenhar a soma dos fatores reais de poder. Logo, ela não seria somente um resultado sociológico da 
sociedade, mas também, e principalmente, teria o poder de modificar o conjunto de forças, moldar a 
sociedade como ela é. 
A interpretação tem significado decisivo para a consolidação e preservação da força normativa da 
Constituição, com poder de moldar a realidade. Por isso que se diz que a concepção da força normativa 
é uma resposta à concepção sociológica, pois nesta, a concepção apenas reflete a soma dos fatores 
reais de poder, enquanto naquela, a Constituição efetivamente tem o condão de moldar a realidade. 
 
b) Constituição Simbólica: formulada por Marcelo Neves3, a utilização da norma constitucional como 
símbolo advém da intenção do legislador. Este ou queria realmente concretizar o que escrevia ou tinha a 
intenção somente de entregar um símbolo à sociedade. Seria, para ele, o que acontece em constituições 
outorgadas em regimes ditatoriais. 
 
c) Constituição Aberta: formulada por Paulo Bonavides4, para ele o objeto da constituição é sempre 
dinâmico. A constituição deve ser o documento dinâmico que não se enclausure em si mesmo, mas que 
acompanhe as modificações e necessidades da sociedade, sob pena de ficar ultrapassada e condenada 
à morte. Por isso que é importante que ela seja redigida com conceitos jurídicos mais abertos, com 
normas de caráter mais abstrato, de forma a permitir, mediante a interpretação, sua adequação à 
realidade. 
 
Questões 
 
01. (PF - Delegado - CESPE/2018) A possibilidade de um direito positivo supraestatal limitar o Poder 
Legislativo foi uma invenção do constitucionalismodo século XVIII, inspirado pela tese de Montesquieu 
de que apenas poderes moderados eram compatíveis com a liberdade. Mas como seria possível restringir 
o poder soberano, tendo a sua autoridade sido entendida ao longo da modernidade justamente como um 
poder que não encontrava limites no direito positivo? Uma soberania limitada parecia uma contradição e, 
de fato, a exigência de poderes políticos limitados implicou redefinir o próprio conceito de soberania, que 
sofreu uma deflação. 
 
Considerando o texto precedente, julgue o item a seguir, a respeito de Constituição, classificações das 
Constituições e poder constituinte. 
A ideia apresentada no texto reflete a Constituição como decisão política fundamental do soberano, o 
que configura o sentido sociológico de Constituição. 
( ) Certo ( ) Errado 
 
02. (MPE/RR - Promotor de Justiça Substituto - CESPE/2017) Nos últimos séculos, em muitos 
países, várias concepções de Constituição foram elaboradas por diversos teóricos, muitas delas 
contraditórias entre si, o que torna o próprio conceito de Constituição essencialmente contestável. 
Com relação às teorias da Constituição, assinale a opção correta. 
(A) De acordo com a teoria substantiva de Ronald Dworkin, os princípios constitucionais são mandados 
de otimização que devem ser ponderados no caso concreto. 
(B) Para Carl Schmitt, Constituição não se confunde com leis constitucionais: o texto constitucional 
pode eventualmente colidir com a decisão política fundamental, que seria a Constituição propriamente 
dita. 
(C) Para Konrad Hesse, a Constituição, para ser efetiva, deve corresponder à soma dos fatores reais 
de poder. 
(D) Segundo a teoria pura de Kelsen, a interpretação de uma Constituição deve fundamentar-se 
essencialmente na intenção daqueles que escreveram originalmente o texto. 
 
03. (TJ/MG - Juiz - FUNDEP) Sobre o conceito de Constituição, assinale a alternativa CORRETA. 
(A) É o estatuto que regula as relações entre Estados soberanos. 
(B) É o conjunto de normas que regula os direitos e deveres de um povo. 
 
3 SOUZA JÚNIOR, Luiz Lopes. A Constituição. lfg.com.br. 
4 BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 8ª edição. 
1564935 E-book gerado especialmente para PAULO CAVALCANTE SRAZEREPCI
 
3 
 
(C) É a lei fundamental e suprema de um Estado, que contém normas referentes à estruturação, à 
formação dos poderes públicos, direitos, garantias e deveres dos cidadãos. 
(D) É a norma maior de um Estado, que regula os direitos e deveres de um povo nas suas relações. 
 
Gabarito 
 
01.Errado / 02.B / 03.C 
 
Comentários 
 
01.Resposta: Errado 
A questão apresenta o sentido jurídico de Hans Kelsen, sendo, portanto, uma concepção jurídica e 
não sociológica. 
 
02. Resposta: B 
Carl Schmitt formulou a concepção política. Nela, a Constituição propriamente dita seria uma decisão 
política fundamental, a qual não se apoia na justiça de suas normas, mas sim no que nela foi politicamente 
incluído. 
 
03. Resposta: C 
Constituição é muito mais do que um documento escrito que fica no ápice do ordenamento jurídico 
nacional estabelecendo normas de limitação e organização do Estado, mas tem um significado intrínseco 
sociológico, político, cultural e econômico. Independente do conceito, percebe-se que o foco é a 
organização do Estado e a limitação de seu poder. 
 
Classificações (tipologia) 
 
 Quanto ao Conteúdo 
a) Materiais ou substanciais: são as normas constitucionais escritas ou costumeiras, estejam ou não 
codificadas em um único documento, regulando a estrutura e organização do Estado e os direitos 
fundamentais. Elas têm conteúdo essencialmente constitucional. Todas as normas que cuidam da 
organização do Estado e dos Direitos Fundamentais, mesmo que não estejam na Constituição Formal, 
formarão a Constituição material do País. 
b) Formais: documento escrito, estabelecido de modo solene pelo poder constituinte originário e 
somente modificável por processos e formalidades especiais nela própria estabelecidos. A CF/88 é 
formal, todas as suas normas têm caráter constitucional independentemente de seu conteúdo. 
 
 Quanto à Forma 
a) Escritas ou dogmáticas: fruto de um trabalho racional ou sistemático. Pode ser codificada num 
único texto, ou não codificada, esparsa por textos diversos, como tem o ocorrido com nossa Constituição, 
que já não é mais codificada em decorrência da quantidade de normas constitucionais que se encontram 
apenas nas emendas. 
b) Não escritas: costumeiras, consuetudinárias ou históricas: é o exemplo da Constituição Inglesa, 
que se baseia nos costumes e na jurisprudência. Porém, pode ter textos escritos, os quais se incorporam 
à Constituição. Há uma ligação natural entre a Constituição histórica, que traduz a evolução do 
pensamento político, com a Constituição não escrita. A Constituição não escrita, na parte que é escrita, 
se apresenta em vários documentos, como ocorre no Reino Unido: uma parte ainda é da Carta do João 
Sem Terra de 1.215, que é considerado um documento constitucional; a Lei do Habeas Corpus que é de 
1.689 é considerada uma Lei constitucional; a Lei que organiza o Parlamento é considerada também Lei 
constitucional. 
 
Quanto à Origem 
a) Democráticas, populares ou promulgadas: são elaboradas por representantes do povo, ou seja, 
são fruto de uma assembleia constituinte que foi criada para isso. No Brasil, foram desse tipo as 
constituições de 1891, 1934, 1946 e 1988. 
b) Outorgadas ou impostas: impostas verticalmente, sem participação popular, pelos detentores do 
poder. No Brasil, temos as constituições de 1824, 1937, 1967 e 1969. 
1564935 E-book gerado especialmente para PAULO CAVALCANTE SRAZEREPCI
 
4 
 
c) Pactuadas: quando o poder constituinte não está na mão de seu titular, o povo, mas há uma divisão 
de poderes entre ambos, sendo parte da constituição decidida pelos detentores do poder e outra parte 
pelo povo. 
d) Cesaristas ou plebiscitárias: na verdade, deveria classificar-se como referendada, já que a 
Constituição é submetida a um referendo após elaborada pelos constituintes. 
 
Quanto à Estabilidade 
a) Imutáveis: não passíveis de modificações. Nesse tipo de constituição, há rápida ruptura entre a 
realidade social e a norma constitucional, perdendo a efetividade. 
b) Rígidas: exige quórum mais rígido do que as demais normas infraconstitucionais para ser 
modificada. Trata-se de um dos pilares do controle de constitucionalidade, já que para se fazer o controle 
há de se ter a supremacia da constituição, e para se ter a supremacia, essa deve ser rígida. 
c) Semirrígidas: precisa de um processo mais difícil para alteração de parte de seus dispositivos e 
permite a mudança de outros dispositivos por um procedimento mais simples. Assim, parte é rígida e 
parte flexível, como ocorreu com a Constituição de 1824 no Brasil. 
d) Flexíveis: a lei ordinária tem a mesma natureza jurídica de emenda constitucional, não havendo 
divergência no processo legislativo de uma e de outra. Nas constituições flexíveis mostra-se inviável o 
controle de constitucionalidade. 
 
Quanto à Extensão 
a) Concisas, breves, curtas ou sintéticas: preveem somente princípios e normas gerais, não se 
preocupam em definir todos os aspectos da sociedade, sendo típica dos estados liberais. Geralmente tem 
caráter eminentemente negativo. Exemplo: Constituição norte-americana. 
b) Longas, analíticas ou prolixas: típicas de estado de bem-estar social, visam a garantir uma série 
de direitos e deveres aos indivíduos e os limites da atuação estatal, de forma bem definida. 
 
Quanto à Finalidade 
a) Negativas, garantias, liberais ou de texto reduzido: é aquela que na relação entre o Estado e o 
Indivíduo, se preocupa apenas em garantir o indivíduo contra o Estado. Por sua vez, as negativas cuidam 
apenas daquelas normas que não poderiam deixar de estar expressas numa Constituição. Destacam-se 
no período inicial da consagração dos direitos relativos às liberdades públicase políticas nos textos 
constitucionais, já que impunham a omissão ou negativa de ação por parte dos países. São normalmente 
sintéticas. 
b) Dirigentes, plásticas ou programáticas: nascem com a evolução dos Estados Sociais, 
estabelecem programas e definem os limites e a extensão de seus direitos; são sempre analíticas. Seu 
principal teórico foi Canotilho. É o modelo das Constituições Sociais. Dirigente porque quando o Estado 
intervém na ordem econômica e social, pretende nesse aspecto dirigir as atividades da sociedade. O 
Estado intervém através de um gerenciamento da vida privada. A Constituição brasileira aderiu ao modelo 
dirigente, mas um dirigismo que já foi bastante atenuado com várias emendas constitucionais que 
alteraram a previsão da intervenção na ordem econômica. Na época do primeiro Governo Fernando 
Henrique com as privatizações de empresas. Esse movimento que foi feito na primeira metade da década 
de 90 até 1995/1997 foi um movimento liberalizante que tornou a nossa Constituição menos dirigente, 
com um Estado menos interventor. 
c) Constituições balanço: é a denominação que se dá à Constituição que meramente descreve e 
sistematiza a organização política do Estado. Destina-se a espelhar certo período político, um dado 
estágio das relações de poder no Estado. 
 
Quanto à Ideologia ou Objeto Ideológico 
a) Liberais: consolidam o pensamento liberal político e econômico. São, portanto, constituições que 
não pregam a intervenção do Estado na ordem econômico e social. É o Estado Mínimo, ou seja, que deve 
ter uma participação mínima, cuidando apenas da coisa pública, não devendo reger a sociedade, pois 
essa usa das suas próprias forças, o mercado tem suas próprias forças. A sociedade progride com a 
busca pelo lucro e isso faz com que pessoas e empresas queiram produzir mais e melhor. É a Lei do 
mercado. Exemplo: Constituição norte-americana. Geralmente as Constituições liberais são negativas e 
concisas. 
b) Sociais: preveem a intervenção do Estado na ordem econômico-social ao regular o mercado, quer 
dizer, isso faz com que o mercado seja menos livre na regulação do mercado e na redução da 
desigualdade. 
1564935 E-book gerado especialmente para PAULO CAVALCANTE SRAZEREPCI
 
5 
 
Uma característica das constituições sociais, portanto, é valorizar mecanismos de intervenção na 
ordem econômica, por exemplo, empresas públicas, regulação da ordem econômica também através do 
sistema tributário, por meio da criação de impostos com natureza extrafiscal, que são aqueles impostos 
que não são imaginados para arrecadar, até arrecadam, mas não é o objetivo deles, e sim, regular o 
mercado, como acontece no Brasil com os impostos de importação e exportação. 
Na ordem social, tende a valorizar no âmbito dos Direitos Fundamentais também os Direitos Sociais, 
o que não é muito valorizado em constituições liberais, pois nessas, no âmbito dos Direitos Fundamentais, 
acabam valorizando o direito de liberdade (física, religiosa, de imprensa etc.). 
Os Direitos Fundamentais numa Constituição Liberal basicamente se resumem aos Direitos 
Individuais. Já numa Constituição Social, passam a ser integrados também por Direitos Sociais 
(educação, saúde, previdência, assistência). 
c) Socialistas: mais do que intervir na ordem econômica e social, pretende planificar a sociedade. 
Então, ela acaba retirando da sociedade a sua liberdade de buscar o sucesso individual. O Estado não 
apenas planifica as suas ações no interesse público, mas se apropria dos meios de produção. Fica muito 
clara a diferença de abordagem dessas três diferenças de ideologia na Constituição, quando nós 
trabalhamos com um valor constitucional determinado, como o valor da igualdade. 
A igualdade numa Constituição Liberal é uma igualdade formal. O Estado não pode discriminar as 
pessoas, têm que tratar a todos como iguais. 
A visão da igualdade no Estado Social, além impedir que Estado crie situações de discriminação, o 
obriga a intervir na sociedade para reduzir a desigualdade. 
A igualdade num Estado Socialista é uma igualdade material, de resultado. 
 
Quanto ao Modo de Elaboração 
a) Dogmática: será sempre uma Constituição escrita, é a elaborada por um órgão constituinte, e 
sistematiza os dogmas ou ideias fundamentais da teoria política e do Direito dominantes no momento. 
b) Histórica ou costumeira: sempre uma Constituição não escrita, resulta de lenta transformação 
histórica, do lento evoluir das tradições, dos fatos sócio-políticos. 
 
 Quanto à Dogmática 
a) Ortodoxa ou comprometida: é aquela comprometida com uma determinada ideologia, que não 
pode ser alterada pelos governos que se alternarem no Poder. 
b) Heterodoxa, eclética ou compromissória: aquela que permite o convívio ideológico, sem 
promover exclusão prévia de formas de pensamento e de ideias sociais e políticas. A Constituição 
brasileira é uma Constituição Social, mas ela é compromissória, aberta. Isso fica claro, quando no artigo 
3º, além daquela previsão da redução de desigualdades sociais e regionais, garante a autonomia privada, 
livre iniciativa, que é um valor do liberalismo. 
 
 Quanto à Correspondência com a Realidade ou Classificação Ontológica 
Esta classificação foi desenvolvida por Karl Lowenstein, é muito cobrada em concursos públicos e se 
dividi em: 
a) Normativas: são aquelas constituições que conseguem regular a vida política de um Estado, por 
estarem em consonância com a realidade social. 
b) Nominativas: são aquelas constituições que não conseguem regular a vida política de um Estado, 
pelo descompasso com a realidade. 
c) Semânticas: é a constituição elaborada como mera formalização do Poder Político dominante. É 
exemplo a constituição nazista. Constitucionalmente, todas as medidas adotadas durante o Reich foram 
legítimas. 
 
Concluindo, portanto, os entendimentos apresentados, pode-se dizer que Constituição da República 
Federativa do Brasil de 1988 é: rígida, dogmática, programática, normativa, social, promulgada, escrita, 
heterodoxa e analítica. 
 
Questões 
 
01. (CRAISA de Santo André/SP - Advogado - IMES/2016) A Constituição Federal brasileira de 1988, 
no que diz respeito à estabilidade ou alterabilidade pode ser classificada como: 
(A) semiflexível. 
(B) rígida. 
 
1564935 E-book gerado especialmente para PAULO CAVALCANTE SRAZEREPCI
 
6 
 
(C) plástica. 
(D) imutável. 
 
02. (Câmara Municipal de Poá/SP - Procurador Jurídico - VUNESP/2016) A Constituição Federal 
Brasileira de 1988 pode ser classificada como 
(A) dogmática, outorgada e rígida. 
(B) histórica, promulgada e flexível. 
(C) dogmática, promulgada e rígida. 
(D) histórica, promulgada e rígida. 
(E) histórica, outorgada e flexível. 
 
03. (Prefeitura de Cuiabá/MT - Auditor Fiscal Tributário da Receita Municipal - FGV/2016) 
Edilberto, advogado constitucionalista, idealizou um modelo constitucional com as seguintes 
características: a primeira parte não poderia sofrer qualquer tipo de alteração, devendo permanecer 
imutável; a segunda parte poderia ser alterada a partir de um processo legislativo qualificado, mais 
complexo que aquele inerente à legislação infraconstitucional; e a terceira parte poderia ser alterada com 
observância do mesmo processo legislativo afeto à legislação infraconstitucional. 
 
À luz da classificação predominante das Constituições, é correto afirmar que uma Constituição dessa 
natureza seria classificada como 
(A) rígida. 
(B) flexível. 
(C) semirrígida. 
(D) fortalecida. 
(E) plástica. 
 
04. (TRE/PI - Técnico Judiciário - CESPE/2016) As constituições classificam-se, quanto 
(A) à estabilidade, em imutáveis, rígidas, flexíveis ou semirrígidas. 
(B) à origem, em escritas ou não escritas. 
(C) à forma, em materiais ou formais. 
(D) ao conteúdo, em dogmáticas ou históricas. 
(E) ao modo de elaboração, em analíticas ou sintéticas. 
 
Gabarito 
 
01.B / 02.C / 03.C / 04.A 
 
Comentários 
 
01. Resposta: B 
A nossa Constituição é considerada rígida. Quanto à estabilidade as Constituiçõespodem ser 
classificadas da seguinte formas: imutável, quando não passível de modificação; rígida, quando 
determina um procedimento especial e solene para sua modificação, não permitindo ser alterado da 
mesma forma que leis ordinárias; semirrígida, quando parte é rígida e parte é flexível; ou flexível, quando 
as leis ordinárias tem a mesma natureza jurídica de emenda constitucional. 
 
02. Resposta: C 
Diante das principais formas de classificação apresentadas pela doutrina a Constituição Federal 
Brasileira de 1988 pode ser classificada como: rígida, dogmática, programática, normativa, social, 
promulgada, escrita, heterodoxa e analítica. 
 
03. Resposta: C 
Uma Constituição é classificada como semirrígida quando algumas matérias exigem um processo de 
alteração mais dificultoso do que o exigido para alteração das leis infraconstitucionais, enquanto outras 
não requerem tal formalidade. São ao mesmo tempo rígidas e flexíveis. 
 
04. Resposta: A 
Quando falamos em estabilidade a Constituição, segundo doutrina majoritária, pode ser classificada 
da seguinte maneira: imutável, rígidas, flexíveis ou semirrígidas. As demais alternativas estão incorretas, 
1564935 E-book gerado especialmente para PAULO CAVALCANTE SRAZEREPCI
 
7 
 
porque não correspondem ao modo de classificação correto, o qual seria: à origem (democrática, 
outorgadas, pactuadas e cesaristas); à forma (escritas e não escritas); ao conteúdo (materiais e formais) 
e ao modo de elaboração (dogmática e histórica). 
 
 
 
CONSTITUCIONALISMO 
 
O Direito Constitucional origina-se do constitucionalismo, movimento político, jurídico e ideológico que 
concebeu e aperfeiçoou a ideia de estruturação racional do Estado e de limitação do exercício de seu 
poder, concretizados pela elaboração de um documento escrito destinado a representar sua lei 
fundamental e suprema. 
Para Motta5, o constitucionalismo tem por objetivo, impor aos Estados absolutistas mecanismos de 
contenção do poder, o que seria atingido a partir da adoção de constituições escritas que organizassem 
o Estado, regulassem o exercício do poder e contemplassem os direitos e garantias fundamentais do 
homem. 
Ensina Bulos6, o termo constitucionalismo tem dois significados diferentes: em sentido amplo, significa 
o fenômeno relacionado ao fato de todo Estado possuir uma Constituição em qualquer época da 
humanidade, independentemente do regime político adotado ou do perfil jurídico que se lhe pretenda 
atribuir; em sentido estrito, significa a técnica jurídica de tutela das liberdades, surgida nos fins do século 
XVIII, que possibilitou aos cidadãos o exercício, com base em Constituições escritas, dos seus direitos e 
garantias fundamentais, sem que o Estado lhes pudesse oprimir pelo uso da força e do arbítrio. 
 
Fases 
 
Nos tópicos que seguem, há de ser comentado algumas notas sobre os constitucionalismos, antigo, 
clássico, moderno, contemporâneo e do futuro 
 
Constitucionalismo Antigo 
O constitucionalismo7 antigo é definido como conjunto de princípios escritos ou costumeiros voltados 
à afirmação de direitos a serem confrontados perante o monarca, bem como à simultânea limitação dos 
poderes deste. 
Com base em Loewenstein8, pode-se dizer que o constitucionalismo antigo viveu fase embrionária com 
a práxis política teocrática do povo hebreu. Por acreditarem que todos, indistintamente, viviam sob 
domínio de única autoridade divina, os hebreus estruturaram regime político baseado em leis sagradas 
que impunham – inclusive aos governantes – a observância de preceitos morais e religiosos como forma 
de evitar a ira de Deus. 
 
Constitucionalismo Clássico 
O constitucionalismo clássico surgiu a partir do final do século XVIII. 
Dois fatores importantíssimos nessa época, foi chamadas de revoluções liberais (revoluções Francesa 
e Americana), feitas pela burguesia em busca de direitos libertários. 
Com essas revoluções ocorreu o surgimento das primeiras constituições escritas. 
A primeira constituição escrita de que se tem notícia, a “Declaração de Direitos do Bom Povo da 
Virgínia” (Virginia Bill of Rights, de 1776). Logo depois dela, em 1787, surgiu a constituição americana e 
até hoje está em vigor. As duas principais idéias com as quais os americanos contribuíram para o 
constitucionalismo são: 
- A idéia de supremacia da Constituição; 
- A garantia jurisdicional. 
 
A experiência francesa contribuiu com duas ideias principais: 
- Garantia de direitos; 
- Separação dos Poderes. 
 
5 MOTTA, Sylvio. Direito Constitucional. 27ª edição, 2018. 
6 BULOS, Uadi Lammêgo, Curso de Direito Constitucional. 11ª edição, 2018. 
7 https://julianobernardes.jusbrasil.com.br/artigos/121934252/constitucionalismo-direito-constitucional-e-constituicao 
8 LOEWENSTEIN, Karl. Teoría de la constitución. 2. Ed. Trad. Alfredo Gallego Anabitarte. Barcelona: Ariel, 1976. 
O Constitucionalismo. 
 
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8 
 
Constitucionalismo Social 
O Constitucionalismo social é um sistema que defende o regime constitucional, ou seja, um governo 
regulado por uma Constituição que organize o Estado e limite o seu poder, bem como, a inclusão de 
normas e preceitos relativos à defesa dos Direitos Humanos Fundamentais em seu texto. Surgiu nas 
transições das monarquias absolutistas para o Estado Liberal de Direito e tem como objetivo a proteção 
dos Direitos Humanos Fundamentais, sem os quais a pessoa humana não consegue existir e fica à mercê 
do livre arbítrio dos governantes. Estabelecendo um Governo de Leis, o Homem passa a abraçar um 
Estado de Direito, ou seja, um país juridicamente organizado através da sistematização das normas em 
forma de lei, o que significa dizer que o Estado também está subordinado às leis, assim como, a 
sociedade. 
O constitucionalismo social, que se seguiu ao liberal, é marcado pela ideia de defesa de direito sociais, 
coletivos ou difusos, não se restringindo à mera garantia de direitos individuais, tendo, portanto, um 
intervencionismo diversificado. Um exemplo marcante que iniciou essa ideia é a Constituição Mexicana 
de 1917 e a Weimar de 1919. 
 
Neoconstitucionalismo ou Contemporâneo 
O neoconstitucionalismo, enquanto fenômeno do Direito Constitucional contemporâneo, visa refundar 
o direito constitucional com base em novas premissas como a difusão, o desenvolvimento da teoria dos 
direitos fundamentais e a força normativa da constituição, objetivando a transformação de um estado legal 
em estado constitucional. 
O modelo normativo do neoconstitucionalismo é o axiológico9, abandonando o documento político 
fundamental a concepção da limitação de poderes, pois, acima de tudo, importa tornar eficaz a 
Constituição, na busca incessante por concretizar os valores ínsitos aos direitos fundamentais nela 
consagrados. 
Converte-se a Constituição no centro do sistema, adquirindo seu texto carga jurídica, imbuída, logo, 
de normatividade, imperatividade e superioridade; ingressa no cenário jurídico gozando agora não apenas 
sua formal supremacia, como também sua superioridade material e axiológica, visto sua preeminência 
normativa no sistema; passa a partir da revolução paradigmática que o fenômeno do 
neoconstitucionalismo proporciona, a ter uma força normativa reconhecida, lastreada no caráter 
vinculativo e obrigatório de seus enunciados.10 
Na América Latina, em razão de ter havido, no início da década de 1980, diversos movimentos sociais, 
surge um movimento denominado “novo constitucionalismo latino-americano”, que propõe a criação de 
um novo Estado, o Estado plurinacional, em que conceitos como legitimidade, participação popular e 
pluralismo evoluem em um novo significado para possibilitar a inclusão de todas as classes sociais no 
Estado. 
 
Características 
a) A supremacia do texto constitucional ou totalitarismo constitucional, sendo que todas as prescrições 
têm normatividade, ou seja, os direitos previstos naCarta Política (Constituição), por regras ou princípios, 
serão efetivados ainda que não exista norma infraconstitucional dispondo sobre a matéria. 
b) Totalitarismo constitucional11, como por exemplo a Constituição brasileira de 1988. O totalitarismo 
se pauta no conteúdo social que os textos apresentam, estabelecendo metas a serem atingidas pelo 
Estado, programas do governo. O surgimento da ideia de proteção aos direitos de fraternidade, 
conceituados pela doutrina como direitos de terceira dimensão. 
c) Força normativa dos princípios constitucionais: é possível a resolução de determinada demanda 
com base em princípios, especialmente, quando o caso versar sobre direitos fundamentais. Em caso de 
colisão entre princípios, quando determinada situação fática pode ser regulada por dois princípios 
oponentes entre si, aponta a doutrina como solução a ponderação de interesses, em que um princípio 
será aplicado em detrimento de outro sem que este se torne inválido. 
d) Constitucionalização do Direito: trata-se da aplicação do chamado efeito irradiante da Constituição, 
em razão do qual as normas infraconstitucionais devem ser interpretadas à luz das disposições 
constitucionais. 
e) Ampliação da jurisdição constitucional: refere-se à interpretação e aplicação do Texto Constitucional 
em qualquer questão que demande um provimento judicial. 
f) Reaproximação entre o Direito e a Moral, com maior ingresso da filosofia nos debates jurídicos. 
g) Raciocínio jurídico, mais argumentação jurídica, rejeitando o formalismo estéril. 
 
9 Axiológico: estudo de valores. 
10 COSTA, Lucas Sales. Neoconstitucionalismo. Revista Jus Navigandi, Teresina. 2014. 
11 jusbrasil.com.br 
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9 
 
h) Garantia, promoção e preservação dos direitos humanos (dirigismo comunitário): em todos os 
países que respeitam o princípio democrático tais direitos são assegurados; a CF/1988 abarcou todos 
eles, expressa ou implicitamente, seja na forma de regras ou na forma de princípios. 
 
Constitucionalismo do Futuro 
O constitucionalismo do futuro consiste numa perspectiva de direito constitucional a ser implementada 
após o neoconstitucionalismo. Prega a consolidação dos direitos humanos de terceira dimensão, fazendo 
prevalecer a noção de fraternidade e solidariedade. Trata-se da “constituição do porvir”, calçada na 
esperança de dias melhores, um verdadeiro constitucionalismo altruístico. 
 
Segundo Lenza12, destaca os seguintes valores a respeito do denominado constitucionalismo do 
futuro: 
a) verdade: a Constituição não pode mais gerar falsas expectativas; o constituinte só poderá "prometer" 
o que for viável cumprir, devendo ser transparente e ético; 
b) solidariedade: trata-se de nova perspectiva de igualdade, sedimentada na solidariedade dos povos, 
na dignidade da pessoa humana e na justiça social; 
c) consenso: a Constituição do futuro deverá ser fruto de consenso democrático; 
d) continuidade: ao se reformar a Constituição, a ruptura não pode deixar de levar em conta os avanços 
já conquistados; 
d) participação: refere-se à efetiva participação dos "corpos intermediários da sociedade", 
consagrando-se a noção de democracia participativa e de Estado de Direito Democrático; 
e) integração: trata-se da previsão de órgãos supranacionais para a implementação de uma integração 
espiritual, moral, ética e institucional entre os povos; 
f) universalização: refere-se à consagração dos direitos fundamentais internacionais nas Constituições 
futuras, fazendo prevalecer o princípio da dignidade da pessoa humana de maneira universal e afastando, 
assim, qualquer forma de desumanização. 
 
Os objetivos do constitucionalismo no mundo moderno, segundo Barroso13 são institucionalizar um 
estado democrático de direito, fundado na soberania popular e na limitação do poder, assegurar o respeito 
aos direitos fundamentais, inclusive e especialmente os das minorias políticas, contribuir para o 
desenvolvimento econômico e para a justiça social, prover mecanismos que garantam a boa 
administração, com racionalidade e transparência nos processos de tomada de decisão, de modo a 
propiciar governos eficientes e probos. 
 
Constitucionalismo Transnacional 
 
Constitucionalismo Transnacional – possibilidade de se elaborar uma só constituição para vários 
países. Fala-se em uma desvinculação entre constitucionalismo moderno e o Estado nacional, a ideia de 
um constitucionalismo sem um Estado nacional 
 
Transconstitucionalismo 
 
O transconstitucionalismo pode ser visto como sendo o "entrelaçamento de ordens jurídicas diversas, 
tanto estatais como transnacionais, internacionais e supranacionais, em torno dos mesmos problemas de 
natureza constitucional".14 É a relação entre o direito interno e o direito internacional, para melhor tutela 
dos direitos fundamentais. 
O chamado transconstitucionalismo, que se refere ao estudo combinado da jurisdição nacional com a 
jurisdição internacional. Esse estudo combinado do direito interno com o direito transnacional, sugere ser 
a evolução do neoconstitucionalismo, que fará surgir o que a doutrina já tem antecipado como 
transconstitucionalismo. 
A sociedade global passou a ganhar instituições parecidas com as existentes no plano doméstico, a 
se observar pelos inúmeros tribunais internacionais, como a corte internacional de justiça, corte 
permanente de justiça internacional, corte interamericana de direitos humanos, corte europeia de direitos 
humanos, tribunais de integração econômica, além dos vários tribunais internacionais penais (TPI's). 
Observa-se também a existência de relevantes organizações mundiais, como a Organização das 
Nações Unidas (ONU) e o Fundo Monetário Internacional (FMI). Esse fenômeno da globalização tem 
 
12 LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 22ª Edição, 2018. 
13 BARROSO, Luiz Roberto. Curso de direito constitucional contemporâneo. 4ª edição.2013. 
14 NEVES, Marcelo. Transconstitucionalismo. 2017. 
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10 
 
mudado o enfoque das relações internacionais. Se antes eram características marcantes da sociedade 
internacional ser paritária e descentralizada (sem hierarquia e poder central), hoje percebemos que tais 
características estão em franca mutação, cada vez mais surgindo organizações centralizando o poder e 
tribunais hierarquizando interpretações. 
 
Questões 
 
01. (FAPESP - Procurador - VUNESP/2018) Assinale a alternativa correta a respeito do 
Constitucionalismo. 
(A) Os primeiros textos constitucionais emanaram como consequência de manifestações populares 
que reivindicavam direitos sociais a serem prestados pelo Estado. 
(B) Na Antiguidade Clássica há registros de importantes traços do surgimento do constitucionalismo, 
todavia, na Idade Média, denominada Idade das Trevas, houve uma regressão histórica do 
constitucionalismo. 
(C) Os pactos forais ou cartas de franquia, destinados a garantir determinados direitos individuais da 
população, ainda que timidamente, foram documentos importantes e reconhecidamente os primeiros do 
constitucionalismo a ter o caráter da universalidade. 
(D) As Constituições Norte-Americana de 1789 e a Francesa de 1801 são os marcos históricos e 
formais do constitucionalismo moderno, resultados da influência do socialismo e da contraposição ao 
iluminismo, deflagrados pelo liberalismo clássico. 
(E) O totalitarismo constitucional, com forte conteúdo social, e o dirigismo comunitário, que busca 
expandir e propagar a proteção aos direitos humanos, são expressões ligadas à concepção doutrinária 
do constitucionalismo contemporâneo. 
 
02. (PC/GO - Delegado de Polícia - UEG) O Constitucionalismo contemporâneo apresenta 
movimentos teóricos importantes, dentre os quais destacam-se o Neoconstitucionalismo, cuja 
característica é a presença hegemônica dos princípioscomo critério de interpretação, como fator de 
onipresença da Constituição Federal, e o Novo Constitucionalismo Democrático Latino Americano, 
fundado nas novas perspectivas trazidas pelas Constituições da América Latina. Esses movimentos 
distinguem-se entre si, pois 
(A) o Neoconstitucionalismo valoriza a dimensão jurídica da Constituição Federal, enquanto para o 
Novo Constitucionalismo Democrático Latino Americano a busca da legitimidade democrática se dá pela 
maior e mais efetiva participação popular. 
(B) o Novo Constitucionalismo Democrático Latino Americano reconhece e incorpora os princípios do 
estado moderno, servindo-se dos modelos de freios e contrapesos, enquanto o Neoconstitucionalismo 
nega tal modelo. 
(C) o Novo Constitucionalismo Democrático Latino Americano reconhece o pluralismo jurídico pautado 
na jurisdição estatal única, enquanto o Neoconstitucionalismo funda-se em uma jurisdição constitucional 
separada. 
(D) o Neoconstitucionalismo inaugura um modelo de valorização da diversidade e do plurinacionalismo, 
enquanto o Novo Constitucionalismo Democrático Latino Americano assume e garante a associação da 
ideia Estado-nação. 
 
03. (TRF 3ª Região - Juiz Federal Substituto - TRF/2018) Um novo paradigma para o 
constitucionalismo surgiu entre o final do século XX e o início do século XXI. Procura ser uma resposta 
teórico-prática para a necessidade de se obterem eficácia e efetividade para as normas constitucionais, 
sobretudo as portadoras de direitos sociais. Implanta, no Brasil, modelo normativo-axiológico, com adoção 
expressa de valores e opções pela efetivação de políticas públicas com sede constitucional. Muitas destas 
bastante específicas, como os serviços de saúde, educação e assistência social a hipossuficientes. Esse 
paradigma constitucional possui algumas notas típicas, dentre as quais NÃO se encontram: 
(A) Separação conceitual entre o direito constitucional e a moralidade política. 
(B) Tendência a integração das diversas esferas da razão prática para solução dos casos 
constitucionais: o direito, a moral e a política. 
(C) Compreensão da constitucionalidade enquanto critério último de validade das normas, em termos 
substantivos e não apenas formais. 
(D) Os direitos constitucionais incorporam uma ordem objetiva de valores. Esses direitos e valores 
tornam-se onipresentes com “efeito irradiante” sobre os demais ramos do direito. 
 
 
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11 
 
Gabarito 
 
01.E / 02.A / 03.A 
 
Comentários 
 
01.Resposta: E 
Dentre as características do Constitucionalismo encontra-se o totalitarismo constitucional e o dirigismo 
comunitário, reveja as características do constitucionalismo contemporâneo na matéria. 
 
02. Resposta: A 
Em razão de movimentos sociais acontecidos no início da década de 1980, surge um movimento 
denominado “novo constitucionalismo latino-americano”, que propõe a fundação de um novo Estado, o 
Estado plurinacional, em que conceitos como legitimidade, participação popular e pluralismo assumem 
um novo significado para possibilitar a inclusão de todas as classes sociais no Estado. 
 
03. Resposta: A 
Segundo ensinamentos de Dirley da Cunha Jr15., “...foi marcadamente decisivo para o delineamento 
desse novo direito constitucional, a reaproximação entre o direito, a ética e a moral, o direito e a justiça e 
demais valores substantivos, a revelar a importância do homem e a sua ascendência a filtro axiológicos 
de todo o sistema político e jurídico, com a consequente proteção dos direitos fundamentais da dignidade 
da pessoa humana”. 
 
 
 
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS 
 
Os princípios fundamentais16 encontram-se no título I, artigos 1° a 4° da Constituição Federal. São 
fundamentais por constituírem um alicerce constitucional e influenciaram a elaboração da Constituição da 
República, portanto, são aqueles que fundamentam as normas jurídicas informadoras no ordenamento 
constitucional brasileiro. 
Tem como finalidade a garantia da unidade da Constituição brasileira, a preservação do Estado 
Democrático de Direito e orientar a ação dos intérpretes. 
Os princípios fundamentais foram expressamente inseridos no texto constitucional, assim, nenhuma 
norma infraconstitucional pode contradize-los, sob pena de inconstitucionalidade. Pode-se dizer que, 
violar os princípios é, muitas vezes, mais grave que violar uma regra específica, por ofender uma norma 
informativa que envolve todo ordenamento jurídico. 
 
Vejamos a seguir o texto constitucional pertinente ao assunto: 
 
TÍTULO I 
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS 
 
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e 
do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: 
I - a soberania; 
II - a cidadania; 
III - a dignidade da pessoa humana; 
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; 
V - o pluralismo político. 
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou 
diretamente, nos termos desta Constituição. 
 
 
15 JUNIOR, Dirley da Cunha. Curso de Direito Constitucional. 2018. 
16PINHO. Rodrigo Cesar Rebello. Teoria Geral da Constituição e Direitos Fundamentais - 12° edição. 
Princípios fundamentais da Constituição Federal de 1988. 
 
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12 
 
Quando no caput do artigo 1º, menciona: 
 
 
 
República: é a forma de Governo, ideia esta que tem como características17 a periodicidade do 
mandato dos governantes; a eletividade como forma de condução aos cargos políticos; a possibilidade 
de responsabilização dos governantes pelos atos praticados no exercício do mandato; e o fato de que os 
governantes representam diretamente o povo. 
 
Federativa: é a forma de Estado, responsabiliza-se pela indissolubilidade dos vínculos federais entre 
União, Estados, Distrito Federal e Municípios (vedada a secessão) e composta por entidades políticas 
autônomas. 
 
Outro ponto importante para pontuar é em relação ao Estado Democrático de Direito, assegurando 
direitos inalienáveis que, sem eles, não teria democracia nem liberdades públicas. Essa expressão traz a 
ideia do Estado formado a partir da vontade do povo, voltado para o povo e ao interesse do povo (o povo 
tem uma participação ativa, sempre com o respeito aos Direitos e garantias fundamentais), e tem por 
fundamentos a: 
- Soberania: pois não existe Estado sem soberania, o que significa a supremacia do Estado brasileiro 
na ordem política interna e a independência na ordem política externa, um Estado não deve obediência 
jurídica à outro Estado, ficando portanto em relação aos demais integrantes do cenário internacional em 
posição de coordenação e de superioridade aos do seu próprio território. Portanto com um poder político 
supremo e independente. 
- Cidadania: abrange tanto a titularidade de direitos políticos, como também os civis. A cidadania 
alcança o exercício do direito de votar e ser votado e o efetivo exercício dos diversos direitos previstos na 
Constituição (educação, saúde, trabalho, etc.). 
- Dignidade da pessoa humana: que é o absoluto respeito aos direitos fundamentais de todo ser 
humano, assegurando-se condições dignas de existência para todos, independentemente de credo, raça, 
cor, origem ou status social. O ser humano é considerado pelo Estado brasileiro como um fim em si 
mesmo, jamais como meio para atingir outros objetivos. 
- Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa: que significa o trabalho e a livre iniciativa foram 
identificados como fundamentos da ordem econômica estabelecida no Brasil, ambos considerados 
indispensáveis para o adequado desenvolvimento do Estado brasileiro. A garantia do trabalho engloba 
empregados e empregadores, autônomos e assalariados. Esses dois fatores (trabalho e livre iniciativa) 
revelam o modo de produção capitalista vigente.A Constituição pretende estabelecer um regime de 
harmonia entre capital e trabalho. 
- Pluralismo político: que é livre para a formação de correntes políticas no País, permitindo a 
representação das diversas camadas da opinião pública em diferentes segmentos, como partidos 
políticos, sindicatos, associações, entidades de classe, igrejas, universidades, escolas, etc. Esse 
dispositivo constitucional veda a adoção de leis infraconstitucionais que estabeleçam um regime de 
partido único ou um sistema de bipartidarismo forçado ou que impeçam uma corrente política de se 
manifestar no País. 
O parágrafo único do artigo 1º da CF/88, relata o princípio representativo, que significa que todo poder 
emana do povo, por meio de representantes eleitos, mediante eleições livres e periódicas. Os escolhidos 
governam exteriorizando a vontade geral. 
 
 
 
 
17MOTTA, Sylvio. Direito Constitucional. 27ª edição, 2018. 
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13 
 
 Forma de Estado - Federação; 
 Forma de Governo - a República; 
 Sistema de Governo - o Presidencialista; 
 Regime de Governo - o Democrático. 
 
Questões 
 
01. (AL/RS - Técnico Legislativo - FUNDATEC/2018) No que diz respeito aos princípios 
fundamentais previstos na Constituição Federal, assinale a alternativa correta. 
(A) A soberania, caracterizada como poder político independente e supremo, é um dos fundamentos 
da República Federativa do Brasil. 
(B) A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelo princípio da não 
intervenção que veda a concessão de asilo político. 
(C) A erradicação das desigualdades regionais é considerada um dos objetivos fundamentais da 
República Federativa do Brasil. 
(D) São considerados poderes harmônicos e dependentes entre si o Legislativo, o Executivo e o 
Judiciário. 
(E) A República Federativa do Brasil, quando se trata das suas relações internacionais, não é orientada 
pelo princípio da independência nacional. 
 
02. (IF/TO - Auditor - IF/TO/2016) Quantos aos princípios do Estado brasileiro constantes na 
Constituição Federal, assinale a alternativa incorreta. 
(A) A promoção da cidadania e a dignidade da pessoa humana são exemplos de fundamentos da 
República Federativa do Brasil. 
(B) São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o 
Judiciário. 
(C) A República Federativa do Brasil apenas é formada pela união dos Municípios e do Distrito Federal. 
(D) Construir uma sociedade livre, justa e solidária, bem como garantir o desenvolvimento nacional, 
são exemplos de objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil. 
(E) A prevalência dos direitos humanos, assim como o repúdio ao terrorismo e ao racismo, são 
exemplos de princípios que devem reger o Brasil nas relações internacionais. 
 
03. (PC/GO - Escrivão de Polícia Substituto - CESPE/2016) Assinale a opção que apresenta um dos 
fundamentos da República Federativa do Brasil previsto expressamente na Constituição Federal de 1988. 
(A) valores sociais do trabalho e da livre iniciativa 
(B) autodeterminação dos povos 
(C) igualdade entre os estados 
(D) erradicação da pobreza 
(E) solução pacífica dos conflitos 
 
04. (DPE/BA - Defensor Público - FCC/2016) De acordo com disposição expressa da Constituição 
Federal, a República Federativa do Brasil tem como fundamento 
(A) desenvolvimento nacional. 
(B) estado social de direito. 
(C) defesa da paz. 
(D) soberania. 
(E) prevalência dos direitos humanos. 
 
Gabarito 
 
01.A / 02.C / 03.A / 04.D 
 
Comentários 
 
01. Resposta: A 
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e 
do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como FUNDAMENTOS: 
I - a soberania; 
 
1564935 E-book gerado especialmente para PAULO CAVALCANTE SRAZEREPCI
 
14 
 
02. Resposta: C 
Dispõe o caput do art. 1º da CF/88, que “a República Federativa do Brasil, formada pela união 
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de 
Direito” (...). Deste modo, a alternativa “C” está incorreta, por mencionar que está é constituída “apenas” 
pela união dos Municípios e do Distrito Federal. 
 
03. Resposta: A 
Nos termos do artigo 1º da CF/88, são fundamentos da República Federativa do Brasil: I - a soberania; 
II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; 
V - o pluralismo político. 
 
04. Resposta: D 
Conforme art. 1º da CF/88: A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos 
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como 
fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais 
do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político. 
 
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o 
Judiciário. 
 
Os poderes tem cada qual sua competência Constitucional, sendo eles independentes e harmônicos 
entre si, com funções típicas: 
a) O Poder Executivo é incumbido de resolver os problemas concretos e individualizados de acordo 
com a lei, função administrativa. Implementa ou executa as leis e a agenda diária do governo ou do 
Estado. Nos países presidencialistas, o poder executivo é representado pelo seu presidente, que acumula 
as funções de chefe de governo e chefe de estado. 
b) O Poder Legislativo é o poder de legislar, criar leis. O poder legislativo na maioria das repúblicas e 
monarquias é constituído por um congresso, parlamento, assembleias ou câmaras. O objetivo do poder 
legislativo é elaborar normas de direito de abrangência geral (ou, raramente, de abrangência individual) 
que são estabelecidas aos cidadãos ou às instituições públicas nas suas relações recíprocas. 
c) O Poder judiciário aplica autoritariamente a lei nos casos concretos. Possui a capacidade de julgar, 
de acordo com as leis criadas pelo Poder Legislativo e de acordo com as regras constitucionais em 
determinado país. Ministros, Desembargadores e Juízes formam a classe dos magistrados (os que 
julgam). 
 
Possuem também as funções atípicas: 
a) Poder executivo: detém atribuições de caráter legislativo (quando, por exemplo, edita medidas 
provisórias) e jurisdicional (quando decide litígios em âmbito administrativo). 
b) Poder Legislativo: julga (o Senado, por exemplo, tem competência para julgar o Presidente da 
República, nos crimes de responsabilidade) e administra (quando promove um concurso público, para o 
preenchimento de seus cargos, ou uma licitação, para a celebração de determinado contrato). 
c) Poder Judiciário: exerce atribuições de caráter legislativo (quando os Tribunais elaboram seus 
respectivos regimentos internos, por exemplo) e administrativo (quando contrata seu pessoal e organiza 
os serviços de suas secretarias). 
 
Questão 
 
01. (Pref. de Chapecó/SC - Engenheiro de Trânsito IOBV/2016) Assinale a alternativa que está 
incorreta: 
(A) A República Federativa do Brasil é formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do 
Distrito Federal. 
(B) São Poderes da União, independentes e sucessivos entre si, o Legislativo, o Executivo e o 
Conselho Nacional de Justiça. 
(C) A soberania e o pluralismo político são fundamentos da República Federativa do Brasil. 
(D) É objetivo fundamental da República Federativa do Brasil garantir o desenvolvimento nacional. 
 
Gabarito 
 
01.B 
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15 
 
Comentário 
 
01. Resposta: B 
Dispõe o artigo 2º, CF/88: “São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, 
o Executivo e o Judiciário”. Assim, observa-se que os Poderes não são sucessivos, mas sim harmônicos 
entre si. Ademais, no texto foi substituído o Poder Judiciário pelo ConselhoNacional de Justiça. 
 
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: 
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; 
Consolidada nos princípios da liberdade, justiça e solidariedade. 
II - garantir o desenvolvimento nacional; 
Em todos os sentidos, tanto econômico, como também social. O que explica os diversos programas 
governamentais. 
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; 
Redução e proteção contra as desigualdades entre os estados. 
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras 
formas de discriminação. 
Preocupa-se com a igualdade e a eliminação da discriminação. 
Atenção! Observa-se que os objetivos previstos neste artigo, não se confundem com os fundamentos 
estabelecidos no artigo 1º, tendo em vista que os fundamentos são princípios inerentes ao próprio Estado 
brasileiro, fazem parte de sua construção, já os objetivos fundamentais são as finalidades a serem 
alcançadas. 
 
Questões 
 
01. (MPE/RN - Técnico do Ministério Público Estadual - COMPERVE/2017) Os objetivos 
fundamentais da república brasileira são metas que o Estado deve promover com força vinculante e 
imediata, servindo como norte a ser seguido em toda e qualquer atividade estatal. Nessa acepção, a 
Constituição Federal aponta, expressamente, como objetivo fundamental a PROMOÇÃO 
(A) do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo e cor. 
(B) de uma sociedade livre, justa e solidária com repúdio ao racismo e ao terrorismo. 
(C) da erradicação da miséria e da marginalização e da redução da desigualdade nacional. 
(D) da autodeterminação dos povos e dos direitos humanos. 
 
02. (IFF - Assistente de Administração - FCM/2016) NÃO é um dos objetivos fundamentais da 
República Federativa do Brasil 
(A) garantir o desenvolvimento nacional. 
(B) construir uma sociedade livre, justa e solidária. 
(C) constituir uma supremacia perante os países da América Latina. 
(D) erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais. 
(E) promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras 
formas de discriminação. 
 
03. (PGE/MT - Técnico Administrativo - FCC/2016) É um dos objetivos fundamentais da República 
Federativa do Brasil, previsto no art. 3º da Constituição Federal, 
(A) garantir uma renda mínima a todo cidadão. 
(B) combater à fome. 
(C) promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras 
formas de discriminação. 
(D) erradicar o analfabetismo. 
(E) garantir a paz no território nacional. 
 
Gabarito 
 
01.A / 02.C / 03.C 
 
 
 
 
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Comentários 
 
01. Resposta: A 
Considerando o que disciplina o art. 3º, IV, da CF/88, é um dos objetivos fundamentais da República 
Federativa do Brasil promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e 
quaisquer outras formas de discriminação. Cuidado, embora as demais alternativas mencionem 
igualmente objetivos da República, o verbo “promover” encontra-se presente apenas no inciso 
mencionado. 
 
02. Resposta: C 
Os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil estão previsto no art. 3º da CF/88, não 
estando entre eles o de constituir uma supremacia perante os países da América Latina. 
 
03. Resposta: C 
Nos termos do que prevê o art. 3º da CF/88, é um dos objetivos fundamentais da República Federativa 
do Brasil promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras 
formas de discriminação. 
 
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes 
princípios: 
I - independência nacional; 
Liga-se a ideia de soberania, pois o Estado brasileiro é independente por sua vontade não estar 
condicionada à ordens externas. 
II - prevalência dos direitos humanos; 
Reforça a ideia de que o respeito às prerrogativas do homem também devem guiar as relações 
exteriores do país. 
III - autodeterminação dos povos; 
IV - não-intervenção; 
Neste princípio, o Estado deve repelir qualquer tentativa de ameaça à organização interna que possa 
prejudicar o desenvolvimento econômico, político, social e cultural. 
V - igualdade entre os Estados; 
O Brasil não deve sujeitar-se ao controle econômico, político, social e tecnológico de outras 
organizações estatais. 
VI - defesa da paz; 
Este princípio é inspirador dos relacionamentos do Brasil com outros Estados de ordem mundial. 
VII - solução pacífica dos conflitos; 
Acaba com a violência ou coação, garantindo os direitos humanos e a paz entre os povos. 
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; 
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; 
Tem como objetivo combater disparidades que impedem o progresso da humanidade. 
X - concessão de asilo político. 
Asilo político é o acolhimento de estrangeiro por um Estado que não é seu em razão de perseguições 
feitas por seu, ou outros países. 
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e 
cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de 
nações. 
Outros princípios fundamentais estão espalhados por todo o texto constitucional, de forma explícita ou 
implícita. Muitos de forma até repetitiva, para que não sejam desconsiderados. As colisões de princípios 
são resolvidas pelo critério de peso, preponderando o de maior valor no caso concreto, pois ambas as 
normas jurídicas são consideradas igualmente válidas. Por exemplo: o eterno dilema entre a liberdade de 
informação jornalística e a tutela da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das pessoas 
(CF/88, art. 220, §1º). Há necessidade de compatibilizar ao máximo os princípios, podendo prevalecer, 
no caso concreto, a aplicação de um ou outro direito. 
 
Questões 
 
01. (TRT 6ª Região - Técnico Judiciário - FCC/2018) À luz do que dispõe a Constituição Federal 
quanto aos seus princípios fundamentais, 
A) todo o poder emana de Deus, que o exerce por meio de representantes eleitos pelo povo, nos 
termos da Constituição. 
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B) são Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo, o Judiciário 
e o Moderador. 
C) constituem, dentre outros, objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil os valores 
sociais do trabalho e da livre iniciativa. 
D) a República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos 
povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações. 
E) a República Federativa do Brasil tem como um de seus fundamentos a cooperação entre os povos 
para o progresso da humanidade. 
 
02. (SEGEP/MA - Técnico da Receita Estadual - FCC/2016) NÃO consta entre os princípios que 
regem as relações internacionais da República Federativa do Brasil: 
(A) A defesa da paz. 
(B) O repúdio ao terrorismo e ao racismo. 
(C) A prevalência dos direitos humanos. 
(D) A redução das desigualdades regionais na América Latina. 
(E) A autodeterminação dos povos. 
 
03. (Pref. de Araguari/MG - Procurador Municipal - IADHED/2016) Assinale a alternativa que não 
corresponde a um princípio fundamental que rege a República Federativa do Brasil de 1988 nas relações 
internacionais, conforme disposição expressa no texto constitucional: 
(A) Independência nacional; 
(B) Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; 
(C) Repúdio ao terrorismo e ao racismo; 
(D) Defesa da paz. 
 
04. (CBTU - Assistente Operacional - FUMARC/2016) A República Federativa do Brasil rege-se nas 
suas relações internacionais pelos seguintes princípios, EXCETO: 
(A) Igualdade entre os Estados. 
(B) Independência nacional. 
(C) Não intervenção. 
(D) Pluralismo político. 
 
Gabarito01.D / 02.D / 03.B / 04.D 
 
Comentários 
 
01. Resposta: D 
Alternativa A - Art. 1º, Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de 
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. 
Alternativa B) Art. 2º. São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o 
Executivo e o Judiciário. (O poder moderador não é poder da União). 
Alternativa C) Art. 1º. A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e 
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: 
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; 
Alternativa D) Art. 4º, Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração 
econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma 
comunidade latino-americana de nações. 
Alternativa E) Art. 4º. A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos 
seguintes princípios: IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; 
 
02. Resposta: D 
Considerando o que prevê o art. 4º da CF/88, não consta como um dos princípios que regem as 
relações internacionais do país a redução das desigualdades regionais na América Latina. Ademais, de 
acordo com o previsto no parágrafo único, do referido artigo, a República Federativa do Brasil buscará a 
integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma 
comunidade latino-americana de nações. 
 
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03. Resposta: B 
Dentre os princípios fundamentais que regem as relações internacionais previstos no art. 4º da CF/88, 
não está inserido o previsto na alternativa “B”. Além disso, os valores sociais do trabalho e a livre inciativa 
são fundamentos da República Federativa do Brasil, previsto no art. 1º. 
 
04. Resposta: D 
Diante do expresso no artigo 4º da CF/88, o pluralismo político não faz parte dos princípios que regem 
as relações internacionais. Ademais, este instituto é um dos fundamentos da República Federativa do 
Brasil. 
 
 
 
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS 
 
A Constituição Federal de 1988 (CF) trouxe em seu Título II os direitos e garantias fundamentais, 
subdivididos em cinco capítulos: direitos e deveres individuais e coletivos, direitos sociais, nacionalidade, 
direitos políticos e partidos políticos. Para o concurso do TRF 4, vamos analisar até o capítulo dos Direitos 
Políticos, seguindo estritamente os assuntos solicitados em edital. 
 
Na concepção de Bahia18, Direitos e Garantias podem ser entendidos como, Direito em sua acepção 
clássica, seria a disposição meramente declaratória que imprime existência legal ao direito reconhecido. 
É a proteção ao bem, ao interesse tutelado pela norma jurídica configurando verdadeiro patrimônio 
jurídico. Ao lado dos direitos encontramos os deveres, que são normas de caráter limitativo, que buscam 
impor comportamento de respeito às normas que definem a proteção ao direito fundamental. A todo direito 
corresponde um dever. Exemplo: ao lado da norma que declara a liberdade de expressão (art. 5", IV), 
encontramos o dever de exercício dessa liberdade sem ofensa a terceiros, sob pena de aplicação de 
sanção a quem dele abusa (art. 5", V). 
As "garantias", por sua vez, traduzem-se no direito dos cidadãos de exigir dos Poderes Públicos a 
proteção de seus direitos. Servem para assegurar os direitos através da limitação do poder, possuindo 
caráter instrumental, atuando como mecanismos prestacionais na tutela dos direitos. 
As garantias constitucionais, segundo a visão bipartida19 da doutrina, classificam-se em gerais e 
específicas: 
a) garantias fundamentais gerais: são aquelas que vêm convertidas em normas constitucionais que 
proíbem os abusos de poder e todas as espécies de violação aos direitos que elas asseguram e procuram 
tomar efetivos. 
Realizam-se por meio de princípios e preceitos constitucionais como o princípio da legalidade, o 
princípio da liberdade, princípio do devido processo legal, e pelas cláusulas de inviolabilidade (art. 5°, VI, 
X, XI, XII etc.); 
b) garantias fundamentais específicas: são aquelas que instrumentalizam, verdadeiramente, o 
exercício dos direitos, fazendo valer o conteúdo e a materialidade das garantias fundamentais gerais. Por 
elas, os titulares do direito encontram a forma, o procedimento, a técnica, o meio de exigir a proteção 
incondicional de suas prerrogativas, como por exemplo o habeas corpus, o mandado de segurança, o 
habeas data, o mandado de injunção, a ação popular, o direito de petição etc. São chamados de 
"remédios constitucionais" por designar um recurso àquilo que combate o mal, qual seja, o desrespeito 
ao direito fundamental 
 
Garantias Constitucionais Individuais 
 
Os Individuais é a expressão para exprimir os meios, instrumentos, procedimentos e instituições 
destinados a assegurar o respeito, a efetividade do gozo e a exigibilidade dos direitos individuais, os quais 
se encontram ligados a estes entre os incisos do art. 5º. 
 
 
 
18 BAHIA, Flávia. Direito Constitucional. 2018. 
19 SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 2004. 
Direitos e Garantias Fundamentais. Direitos e deveres individuais e coletivos. 
Direitos sociais. Da nacionalidade. Direitos políticos. 
 
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Garantias dos Direitos , Coletivos, Sociais e Político 
 
A Constituição Federal de 1988 tutela os direitos difusos e coletivos; o art. 129, III, da CF/88, ao dispor 
sobre as funções institucionais do Ministério Público, destaca a de promover o inquérito civil e a ação civil 
pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos 
e coletivos. 
A previsão constitucional, além de reconhecer os interesses difusos e, ao mesmo tempo, destinar a 
sua proteção ao Ministério Público, demonstra não se tratar de norma meramente programática, mas 
preceptiva ou atributiva de direitos. A própria Constituição confere os meios de investigação, constantes 
do inquérito civil, e o instrumento de proteção judicial, a ação civil pública. Dispõe, inclusive, sobre a 
titularidade da ação, ao conferi-la ao Ministério Público. 
Nesse sentido, o art. 5.º, LXXIII, da Carta Constitucional, que trata da ação popular, também reconhece 
a existência de interesses difusos e coletivos e estabelecendo que qualquer cidadão é parte legítima para 
propor ação popular que vise anular ato lesivo ao patrimônio público, à moralidade administrativa, ao meio 
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. 
A Magna Carta reconhece os interesses difusos e coletivos e impõe a sua proteção pelo próprio 
cidadão, conforme os direitos e garantias fundamentais, por meio da ação popular. A Constituição Federal 
não somente reconheceu a existência dos interesses difusos e coletivos, mas também estabeleceu um 
"sistema de garantia" desses interesses, definindo titulares do direito à proteção e instrumentos jurídicos 
de proteção, ao conferi-la ao Ministério Público, por intermédio do inquérito civil e da ação civil pública, e 
ao cidadão, por meio da ação popular. 
Ao Ministério Público coube a titularidade ampla, uma vez que poderá tutelar, além dos interesses 
especificamente mencionados pela Constituição, como o meio ambiente e o patrimônio público e social, 
os demais interesses difusos e coletivos, conforme a fórmula genérica utilizada pelo mencionado art. 129 
da CF/88. 
Aos cidadãos coube também uma titularidade, mas restrita, uma vez que a ação popular somente pode 
ter por objeto a anulação de ato lesivo ao patrimônio público ou a entidade de que o Estado participe, à 
moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. 
O texto constitucional não define os interesses difusos, tarefarealizada pelo Código de Defesa do 
Consumidor (Lei n° 8.078/90), que, em seu art. 82, I, os reconhece como interesses transindividuais, de 
natureza indivisível, de que são titulares pessoas indetermináveis e ligadas por circunstâncias de fato. 
 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos 
 
A CF foi a primeira a estabelecer direitos não só de indivíduos, mas também de grupos sociais, os 
denominados direitos coletivos. As pessoas passaram a ser coletivamente consideradas. Por outro lado, 
pela primeira vez, junto com os direitos, foram também estabelecidos expressamente deveres 
fundamentais. Tanto os agentes públicos como os indivíduos têm obrigações específicas, inclusive a de 
respeitar os direitos das demais pessoas que vivem na ordem social. 
Analisaremos o Artigo 5º da CF com apontamentos em todos os incisos para melhor compreensão do 
tema. 
 
Constituição Federal: 
 
TÍTULO II 
Dos Direitos e Garantias Fundamentais 
CAPÍTULO I 
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS 
 
Artigo 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos 
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à 
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
Esta norma constitucional protege os bens jurídicos dos cidadãos, que são: vida, liberdade, igualdade, 
segurança e propriedade. 
A relação extensa de direitos individuais estabelecida neste artigo tem caráter meramente enunciativo, 
não se trata de rol taxativo. Existem outros direitos individuais resguardados em outras normas previstas 
na própria Constituição (por exemplo, o previsto no art. 150, contendo garantias de ordem tributária). 
 
 
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20 
 
I- homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; 
Este inciso traz um dos princípios mais importantes existentes, que é o princípio da isonomia ou da 
igualdade. Tal princípio igualou os direitos e obrigações dos homens e mulheres, porém, deve-se observar 
que este princípio permite que seja possível as diferenciações na medida das desigualdades de cada um. 
 
II- ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; 
Destacamos o princípio da legalidade. Ele garante a segurança jurídica e impede que o Estado atue 
de forma arbitrária. Tal princípio tem por escopo explicitar que nenhum cidadão será obrigado a realizar 
ou deixar de realizar condutas que não estejam definidas em lei. Além disso, se não existe uma lei que 
proíba uma determinada conduta ao cidadão, significa que ela é permitida. 
 
III- ninguém será submetido à tortura nem a tratamento desumano ou degradante; 
Garante que nenhum cidadão será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante. 
Fundamenta-se pelo fato de que, o sujeito que cometer tortura estará cometendo crime tipificado na Lei 
nº 9.455/97. Cabe ressaltar, ainda, que a prática de tortura caracteriza-se como crime inafiançável e 
insuscetível de graça ou anistia. Não obstante, o crime de tortura ainda é considerado hediondo, conforme 
explicita a Lei nº 8.072/90. Crimes hediondos são aqueles considerados como repugnantes, de extrema 
gravidade, os quais a sociedade não compactua com a sua realização. São exemplos de crimes 
hediondos: tortura, homicídio qualificado, estupro, extorsão mediante sequestro, estupro de vulnerável, 
dentre outros. 
 
IV- é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; 
Estabelece a liberdade de manifestação de pensamento. Não somente por este inciso, mas por todo 
o conteúdo, que a CF consagrou-se como a “Constituição Cidadã”. Um ponto importante a ser citado 
neste inciso é a proibição do anonimato. Cabe ressaltar que a adoção de eventuais pseudônimos não 
afeta o conteúdo deste inciso, mas tão somente o anonimato na manifestação do pensamento. 
 
V- é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, 
moral ou à imagem; 
O referido inciso assegura o direito de resposta, de forma proporcional ao ocorrido. Exemplo: 
propagandas partidárias, quando um eventual candidato realiza ofensas ao outro. Desta maneira, o 
candidato ofendido possui o direito de resposta proporcional à ofensa, ou seja, a resposta deverá ser 
realizada nos mesmos parâmetros que a ofensa. Assim, se a resposta possuir o mesmo tempo que durou 
a ofensa, deverá ocorrer no mesmo veículo de comunicação em que foi realizada a conduta ofensiva. 
Não obstante, o horário obedecido para a resposta deverá ser o mesmo que o da ofensa. 
Embora exista o direito de resposta proporcional ao agravo, ainda há possibilidade de ajuizamento de 
ação de indenização por danos materiais, morais ou à imagem. Assim, estando presente a conduta lesiva, 
que tenha causado um resultado danoso e seja provado o nexo de causalidade com o eventual elemento 
subjetivo constatado, ou seja, a culpa, demonstra-se medida de rigor, o arbitramento de indenização ao 
indivíduo lesado. 
 
VI- é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos 
religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; 
Em um primeiro momento, este inciso garante a liberdade de escolha da religião pelas pessoas. A 
segunda parte resguarda a liberdade de culto, garantindo, na forma da lei, a proteção aos locais de culto 
e liturgias. Este direito não é absoluto, exemplo: uma determinada religião utiliza em seu culto, alta 
sonorização, que causa transtornos aos vizinhos do recinto. Aqui estamos diante de dois direitos 
constitucionalmente tutelados. O primeiro que diz respeito à liberdade de culto e o segundo, referente ao 
meio ambiente ecologicamente equilibrado, explicitado pelo artigo 225 da CF/88. Como é possível 
perceber com a alta sonorização empregada, estamos diante de um caso de poluição sonora, ou seja, 
uma conduta lesiva ao meio ambiente. Curiosamente, estamos diante de um conflito entre a liberdade de 
culto e o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, ambos direitos constitucionalmente 
expressos. Tal conflito é solucionado por meio da adoção do princípio da cedência recíproca, ou seja, 
cada direito deverá ceder em seu campo de aplicabilidade, para que ambos possam conviver 
harmonicamente no ordenamento jurídico brasileiro. 
O Brasil é um país LAICO ou LEIGO, ou seja, não tem uma religião oficial, não condiciona orientação 
religiosa específica. 
 
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VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e 
militares de internação coletiva; 
Quando o inciso se refere às entidades civis e militares de internação coletiva está abarcando os 
sanatórios, hospitais, quartéis, dentre outros. Cabe ressaltar que a assistência religiosa não abrange 
somente uma religião, mas todas. Logo, por exemplo, os protestantes não serão obrigados a assistirem 
os cultos religiosos das demais religiões, e vice-versa. 
 
VIII- ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou 
política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir 
prestação alternativa, fixada em lei; 
Este inciso expressa a possibilidade de perda dos direitos pelo cidadão que, para não cumprir 
obrigação legal imposta a todos e para recusar o cumprimento de prestação alternativa, alega como 
motivo crença religiosa ou convicção filosófica ou política. 
Um exemplo de obrigação estipulada por lei a todos os cidadãos do sexo masculino é a prestação de 
serviço militar obrigatório. Nesse passo, se um cidadão deixar de prestar o serviço militar obrigatório 
alegando como motivo a crença em determinada religião que o proíba poderá sofrer privação nos seus 
direitos. 
 
IX - é livre a expressão de atividade intelectual, artística,

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