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Manual de 
Suporte Básico de Vida 
-SBV- 
“Atitudes Simples que Salvam vidas” 
 
 
 
 
 
 
Marso Leonardo Victorian Paiva Clement 
Igor Barbosa Ribeiro 
1 
 
1 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
CAPÍTULO 1 : APRESENTAÇÃO ................................................................................p.2 
CAPÍTULO 2 : ANATOMOFISIOLOGIA APLICADA...............................................p.3 
CAPÍTULO 3 : RCP NO ADULTO.................................................................................p.7 
CAPÍTULO 4 : RCP EM CRIANÇAS............................................................................p.20 
CAPÍTULO 5 : RCP EM LACTENTES.........................................................................p.26 
CAPÍTULO 6 : RCP COM MAIS DE 1 SOCORRISTA (ADULTOS, CRIANÇAS E 
LACTENTES)....................................................................................................................p.32 
CAPÍTULO 7 : CONDUTA DEPOIS DA OBTENÇÃO DE VIA AÉREA 
AVANÇADA......................................................................................................................p.37 
CAPÍTULO 8 : DESFIBRILADOR EXTERNO AUTOMÁTICO..............................p.38 
CAPÍTULO 9 : DESOBSTRUÇÃO DE VIAS AEREAS EM ADULTOS E 
CRIANÇAS........................................................................................................................p.42 
CAPÍTULO 10 : DESOBSTRUÇÃO DE VIAS AEREAS EM LACTENTES............p.48 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
2 
 
CAPÍTULO 1: APRESENTAÇÃO 
 O suporte básico de vida consiste de um elenco de manobras simples que quando bem 
empregadas colaboram significativamente para que pacientes em parada cardiorrespiratória 
retornem à circulação espontânea. 
 Esse manual tem como principal objetivo apresentar e discutir, de forma didática e 
clara, os protocolos que constituem o suporte básico de vida em paciente sem suspeita de 
trauma raquimedular (TRM). Desta forma o leitor poderá, através da leitura deste material 
didático, assimilar com tranqüilidade quais atitudes deverão ser tomadas para salvar uma vida. 
 No âmbito do suporte básico de vida, a reanimação cardiopulmonar (RCP) consiste em 
um conjunto de técnicas essenciais que devem ser desenvolvidas no momento de resgatar um 
paciente que se encontra em parada respiratória ou cardiorrespiratória. A utilização do 
Desfibrilador Externo Automático (DEA), em associação com as manobras de RCP será 
fundamental para que o coração deste paciente volte a se contrair de forma eficaz e que o 
pulmão volte a expandir espontaneamente. 
 
 
 
 
 
3 
 
3 
 
CAPÌTULO 2 : ANATOMOFISIOLOGIA APLICADA 
 
 O coração é uma bomba muscular dupla cuja função é propiciar a circulação do 
sangue por todos os compartimentos do organismo, garantindo a perfusão necessária ao 
funcionamento adequado de cada órgão 
 A contração constante e ritmada desse complexo conjunto de fibras musculares, 
funcionando em conjunto com as artérias, permite um fluxo contínuo de sangue para os 
tecidos. A contração não é determinada por impulsos nervosos, embora eles possam atuar de 
forma consistente na sua frequência. O próprio miocárdio através de células especializadas 
rege o inicio de sua contração. 
 As principais células desse processo são as células do nodo sino atrial (nodo SA). 
Localizadas na parede medial e superior do átrio direito, esse grupo de células têm a 
capacidade de se auto-contrair numa freqüência aproximada de 70 contrações a cada minuto e 
atuam como o marcapasso natural do coração. O ritmo que elas imprimem a esse processo 
determinará a freqüência com que o coração, como um todo, se contrai. 
 O estímulo elétrico gerado por essas células se difunde através das demais células 
contráteis do átrio, que por não apresentarem capacidade de auto-gestão demandam esse 
estímulo externo. O estímulo se propaga, a partir de células especializadas do nodo sino atrial, 
através de junções comunicantes presentes nos discos intercalares das células miocárdicas. 
 Esse impulso não é transmitido em sua totalidade para os ventrículos : um septo 
fibroso espesso existente no centro do coração, ao redor das valvas, representa um isolante 
elétrico à transmissão do impulso. Desta forma, o impulso se propaga do átrio para o 
ventrículo, através de um outro conjunto de células especializadas denominado nodo átrio-
ventricular (nodo AV). Estas células também apresentam capacidade de geração de impulsos 
mas em uma freqüência inferior correspondente a 50 contrações por minuto. Como o ritmo 
determinado pelo nodo SA é superior ao ritmo natural do nodo AV, os estímulos oriundos do 
nodo sino-atrial aportam a região do nodo AV precocemente, suplantando o estímulo gerado 
pelas células do nodo AV, , de modo que estas células serão regidas pelos impulsos oriundos 
da contração das primeiras. 
 O nodo atrio-ventricular tem a importante função de retardar a transmissão do impulso 
ao longo dos ventrículos. Desta forma, o momento da contração dessa câmara será posterior a 
4 
 
4 
 
contração atrial o que se torna um recurso importante para a sequência de diástoles e sístoles 
entre as duas câmaras e seus adequados enchimentos e esvaziamentos. 
 A partir de então, o impulso elétrico é transmitido através do feixe de Purkinje situado 
no septo interventricular para o ápice cardíaco. Das fibras de Purkinje o impulso segue para 
um grupo de outros feixes menores, até alcançar o feixe de His, de onde o impulso retorna, 
estimulando a contração do músculo no sentido do ápice para a base. Essa direção de 
contração propiciada pela adequada disposição das fibras musculares especializadas na 
geração do estimulo é coerente com o sentido que o sangue deve seguir dentro das câmaras 
ventriculares, considerando que as valvas atrioventriculares estão situadas numa altura muito 
semelhante às valvas aórtica e mitral em relação ao ápice do coração e portanto, das câmaras 
ventriculares. Ao se contrair no sentido do ápice para a base, o coração propicia um fluxo 
laminar do sangue entre as valvas. 
 As fibras do feixe de Purkinje e His também apresentam a capacidade de« auto-
contração », mas isso ocorre numa freqüência ainda inferior em relação as células do nodo 
atrioventricular, ou seja, com uma taxa de 35 contrações por minuto. Assim, uma lesão no 
nodo sinoatrial não elimina a capacidade do coração se contrair, entretanto isso ocorrerá numa 
freqüência menor ocasionando bradicardia e a necessidade de se instalar um marcapasso 
artificial, para substituir o natural na geração de impulsos elétricos para o restante do 
músculo. 
 No momento em que o ventrículo se despolariza como um todo, as fibras musculares 
atriais estarão plenamente repolarizadas aptas a reiniciar o processo a partir do estimulo 
iniciado nas fibras do nodo sinoatrial. 
 Quando todos esses mecanismos estão fisiologicamente ajustados e integrados, o 
coração estará desenvolvendo o ritmo sinusal que consiste no ritmo ideal para que haja 
adequada perfusão tecidual periférica. Esse padrão possibilita que o lado direito receba sangue 
com baixo teor de oxigênio pelas veias cavas e envie esse sangue para o pulmão para as trocas 
gasosas enquanto o lado esquerdo receba o sangue reoxigenado do pulmão e o distribua parao 
organismo através da aorta. 
 O sangue oriundo do lado direito chega ao pulmão que recebe o mesmo débito 
cardíaco que a porção inicial da aorta receberá para perfundir todo o organismo. Contudo, 
graças a extensa trama capilar dos alvéolos pulmonares e a baixa resistência oferecida pelos 
5 
 
5 
 
vasos no pulmão, a pressão vigente na árvore vascularé suficientemente fraca para que a 
velocidade do fluxo dispense tempo adequado para a reoxigenação do sangue. 
 No momento em que o sangue rico em CO2 aporta os capilares pulmonares, a pressão 
desse gás no sangue corresponde a aproximadamente duas vezes e meia a sua pressão nos 
alvéolos pulmonares, enquanto a pressão de O2 no sangue representa um terço da pressão 
alveolar. Essa diferença de pressão determina a passagem do oxigênio para o sangue, ligando-
o fortemente a hemoglobina, enquanto o gás carbônico diluído no plasma se difunde para os 
alvéolos. A eficácia dessa troca, por sua vez, demanda ainda uma necessária relação entre o 
sistema nervoso, a musculatura respiratória e a pleura expandindo e relaxando a caixa torácica 
de modo que o ar atmosférico entre nos alvéolos e a o ar rico em gás carbônico saia dele 
durante a inspiração. 
 Para a inspiração a musculatura diafragmática se contrai e a cúpula desse músculo 
abaixa aproximadamente 1,5cm em direção a cavidade abdominal. Apenas por esse 
movimento, o volume do tórax aumenta 65%. A contração da musculatura intercostal externa 
associada à musculatura cervical propicia também um alargamento axial da caixa torácica. 
 Nesse momento a pleura parietal, que está aderida a parede interna da caixa torácica 
traciona a pleura visceral que recobre o pulmão. Esse evento é alicerçado pela alta tensão 
superficial entre elas, propiciada pela ínfima quantidade do líquido que umedece o espaço 
interpleural. Dessa forma, a expansão experimentada pela caixa torácica é diretamente 
transmitida ao tecido pulmonar e a pressão do alvéolo se torna menor que a pressão 
atmosférica e o ar entra na árvore brônquica. Quando a contração da musculatura é 
interrompida pela ritmicidade dos motoneurônios que a regulam, a caixa torácica expandida 
começa a exercer uma pressão positiva sobre as pleuras e conseqüentemente sobre o alvéolo 
expelindo o ar de seu interior através dos brônquios e da traquéia de volta para a atmosfera. 
 Nesse momento o sangue já foi oxigenado e o alto teor de gás carbônico que ele 
continha ao entrar na trama capilar dos pulmões já foi extraído. Para tanto, é necessário que as 
vias aéreas superiores estejam desobstruídas e que não haja nenhuma barreira ao livre trânsito 
de ar. 
 O sangue que sai do ventrículo esquerdo entretanto é direcionado para todo o corpo 
através da artéria aorta com suas subdivisões especificas. No momento em que a valva aórtica 
se abre e o sangue é ejetado do ventrículo para a aorta ascendente, a pressão existente nessa 
câmara cardíaca é totalmente transmitida para a parede aórtica. Desse modo com a sístole 
6 
 
6 
 
ventricular esquerda, a pressão dessa câmara e a pressão sobre a carótida se igualam. 
Contudo, com a diástole ventricular, a pressão sobre a aorta deveria diminuir drasticamente e 
isso não ocorre graças às propriedades elásticas íntrinsecas à parede da aorta, que se dilatam 
durante a sístole ventricular, armazenando energia que é utilizada para gerar uma onda de 
pulso e garantir um certo nível de pressão. 
 A reação à dilatação desta artéria elástica é sua posterior contração. Esse evento, 
associado ao fechamento da valva aórtica entre a sístole e a diástole ventricular, propicia o 
vedamento do sistema, propagando a pressão pela árvore arterial e impulsionando o sangue 
para a periferia. A diferença entre as pressões registradas na aorta entre sístole e na diástole 
ventricular caracteriza a pressão de pulso. A pressão vai gradualmente reduzindo a proporção 
que o comprimento do leito vascular aumenta de modo que os capilares arteriais apresentam 
uma pressão mínima. Dessa forma, a cada divisão arterial em arterias periféricas e à 
proporção que o impulso vai percorrendo a rede vascular a pressão de pulso vai 
progressivamente diminuindo. Portanto, os pulsos mais centrais ao coração apesentam maior 
fidedignidade da pressão gerada pelo rítmo cardiaco do que os mais periféricos. 
 Tal como ocorre no leito vascular do pulmão, essa pressão nos capilares periféricos do 
restante do organismo é suficiente apenas para que ocorra a troca de gases entre o sangue o 
tecido periférico numa razão de pressão inversa ao que ocorre no pulmão. O oxigênio, que 
apresenta maior pressão no sangue, difunde-se para o liquido intersticial ao contrário do fluxo 
de gás carbônico, cuja pressão está mais elevada nos tecidos que no plasma. 
 A redução na pressão em nível capilar é tão significativa que o retorno venoso através 
das veias cavas para o átrio direito ocorre graças a outras variáveis. O fluxo contínuo 
propociado pela pressão de pulso é importante pois a coluna de sangue acaba exercendo uma 
pressão positiva sobre o leito capilar venoso. Todavia, a pressão negativa que a expansão 
torácica gera no sistema cardiovascular durante a inspiração, a pressão positiva que a 
compressão abdominal, decorrente da retificação do diafragma, gera sobre a veia cava inferior 
e a pressão positiva que a musculatura gera sobre as veias periféricas constituem fatores 
relevantes para o deslocamento do sangue pelo sistema venoso. A existência de válvulas ao 
longo do trajeto das veias colabora significativamente evitando o refluxo em condições 
fisiológicas e mantendo o fluxo unidirecional. Além do mais, durante a movimentação do 
corpo, a atividade do sistema osteomuscular também contribui como bomba para o retorno 
venoso. 
 
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CAPÍTULO 3 : RCP NO ADULTO 
 
 A RCP deve ser realizada em pacientes com suspeita de parada cardíaca e/ou 
respiratória. Neste capítulo será dedicado um espaço para reconhecimento de vítimas nessa 
condição. 
 O objetivo das manobras de compressão, que serão discutidas adiante, é garantir uma 
perfusão sanguínea adequada para os órgãos vitais tais como o coração, cérebro e rins. Isso 
por que para um indivíduo em PCR, as mãos do socorrista trabalham durante as manobras 
para que o coração, que assumiu um ritmo que não promove pulso, consiga ejetar sangue de 
suas câmaras para a circulação sistêmica. 
 A RCP é constituída de alguns passos que serão discutidos a seguir: 
 
Segurança do local 
 Um axioma importante no salvamento de vítimas, é considerar sempre a segurança do 
local. Se o local estiver seguro, a vítima deve ser abordada e as manobras necessárias ao seu 
salvamento introduzidas. Contudo, se houver qualquer dúvida quanto a segurança da cena, o 
socorrista vivo é mais importante do que um socorrista em risco. A vida do socorrista e o seu 
potencial de salvamento de outras vítimas em outros eventos deve ser a prioridade. Considera-
se que os EPIs constituem também critérios para a segurança da cena de salvamento. 
 
Checar responsividade e observar sinais de respiração 
 Em 2010, a AHA ratificou uma observação que todos os serviços de emergência 
vinham compartilhando entre si :a ênfase na compressão torácica. Desta forma, o protocolo 
extinguiu a manobra que retardava o inicio desse processo – a checagem da presença de 
ventilação pelo método "ver, ouvir e sentir" e as duas ventilações de resgate. Foi instituída 
uma modificação no processo mneumônico, portanto. O « ABC » foi substituído por « CAB » 
enfatizando a necessidade de se iniciar as manobras pela compressão. Contudo, o ABC se 
aplicava amplamente ao processo de avaliação e, hoje em dia, o CAB fica mais claro na 
adoção de condutas. 
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 O primeiro passo consiste em checar a responsividade da vítima. Para isso deve-se, 
apoiar as duas mãos no tórax da vítima, uma de cada lado, balançando e chamando-a em voz 
alta e firme. O objetivo desse primeiro passo consiste em conferir se a vítima não está 
dormindo ou torporosa. É necessária a utilizaçãodas duas mãos e o toque na vitima. 
Considere que algumas vítimas podem ser deficientes auditivas e a manipulação delas com as 
mãos resultará na eficácia do reconhecimento de uma vítima que esteja dormindo. Caso a 
vítima esteja apenas dormindo ou subitamente retome a consciência, a utilização das mãos no 
tórax da vítima com firmeza proteje o socorrista da própria reação da vítima, que num 
primeiro momento pode reagir de forma violenta num instinto de “auto-defesa”. 
 
 Neste momento, em não mais que dois segundos, o socorrista deve observar o tórax 
do paciente e verificar se há ou não movimento de expansão torácica, o que indica o status do 
paciente em relação seu padrão respiratório. 
 
No caso de socorristas leigos, a irresponsividade da vitima e a constatação de ausência de 
movimentos respiratórios, a AHA (Protocolo 2010) já os credencia para iniciar a compressão 
torácica sem precisar checar o pulso da vítima. Neste caso, é importante que quem esteja 
realizando o atendimento também peça por ajuda antes de iniciar as compressões torácicas. 
 
 
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Pedir ajuda 
 Caso a vítima esteja totalmente irresponsiva, deve-se pedir ajuda. Esta etapa é 
fundamental. A AHA considera que todos os eventos de salvamento numa PCR devem ser 
iniciados o mais precocemente possível. Somente algumas intervenções como a desfibrilação 
e a administração de antiarrítmicos ou estimuladores cardíacos farão o coração em parada 
retornar ao seu ritmo. É necessário que o socorrista esteja atento para a necessidade de dividir 
funções e responsabilidades e trabalhar para que os demais aportes necessários ao salvamento 
cheguem rápido ao paciente. Portanto, acionar o serviço de atendimento móvel de urgência é 
imperioso. No Brasil, o número 192 é gratuito e nacional e aciona o SAMU da região de onde 
o socorrista estiver ligando. 
 Se estiver sozinho, mesmo antes de qualquer manobra, o socorrista que esteja 
atendendo uma vítima adulta deve gritar por ajuda, caso ninguém ouça, procurar um telefone, 
ligar para o SAMU 192 e solicitar um DEA. Se outras pessoas estiverem no local, atribua essa 
responsabilidade para um deles indicando afirmativamente, se necessário apontando para ele 
com o dedo, e ordenando: “você, ligue para o SAMU 192 e traga um DEA”. 
 
Checar pulso 
 Em 2010, a checagem do pulso continuou sendo reservada a profissionais de saúde, 
pois a AHA define que esse processo não é reprodutível de um profissional para outro. Se o 
socorrista leigo não tiver habilidade para avaliar o pulso periférico, a dificuldade de confirmar 
ou não a sua presença, será ainda maior. 
 A checagem do pulso é realizada com as polpas digitais dos dedos indicador e médio. 
As polpas desses dedos devem ser colocadas no triangulo carotídeo ipsilateral ao socorrista 
enquanto a outra mão apóia a testa da vítima para realizar uma extensão do pescoço. 
 Para localizar mais facilmente o pulso, o socorrista deve identificar a cartilagem 
tireóide com a ponta dos dois dedos enunciados anteriormente, em seguida deslizar esses 
dedos para o sulco entre a cartilagem tireóide e a borda medial do músculo 
esternocleidomastóideo, local conhecido como sulco carotídeo. Nesse local é possível 
perceber a pulsação do pulso carotídeo. Essa manobra deve ser realizada num intervalo 
superior a cinco segundos e inferior a dez segundos, a fim de detectar o pulso mesmo em 
casos de bradicardias. Se nesse período de análise, o socorrista não perceber o pulso, deve 
considerar a vítima em PCR. 
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Essa avaliação pode conduzir o socorrista a dois cenários: 
Vigência de pulso: a vítima encontra-se apenas desacordada ou até comatosa. Ela pode ainda 
estar em parada respiratória quando as compressões torácicas não serão necessárias. Essa 
possibilidade já foi avaliada na checagem da responsividade. Na ausência de expansão 
torácica, confirma-se a parada respiratória e o socorrista deve intervir desde que esteja 
portando os equipamentos de proteção individuais necessários. Uma ventilação deverá ser 
aplicada a cada 5 ou 6 segundos, o que equivale a 10 ou 12 ventilações por minuto. 
Se a vitima estiver desacordada, sem reatividade, mas apresenta pulso e respira, o 
rebaixamento do nível de consciência se deve a outras causas e demanda melhor avaliação. 
Contudo, presume-se que o SAMU 192 já tenha sido acionado pelo socorrista e uma 
ambulância esteja chegando para concluir esse processo. Uma consideração importante é que, 
devido à patologia que rebaixou sua consciência, este indivíduo pode evoluir para uma parada 
cardíaca ou respiratória. Assim sendo, o socorrista que acionou o SAMU 192, deve 
permanecer na cena em constante reavaliação do paciente até a chegada da ambulância. 
Considera-se que o processo de avaliação deve ser repetido a cada dois minutos. 
Ausência de pulso: a vítima se encontra em parada cardiorrespiratória, as compressões 
torácicas devem ser iniciadas imediatamente. 
 
Compressões torácicas 
 Caso a vítima adulta esteja sem pulso, então devemos iniciar imediatamente as 
compressões torácicas. Pelo protocolo da AHA de 2010, ficou determinado que as manobras 
de reanimação, num paciente em RCP, devem ser iniciadas pelas compressões torácicas antes 
de qualquer ventilação. 
 Considerando o conceito de suporte básico de vida as compressões são realizadas em 
ciclos de 30 compressões e duas ventilações. Se na cena, houver outro socorrista que se julgue 
12 
 
12 
 
habilitado para intervir, um socorrista será responsável pela ventilação e o outro pela 
compressão. Apos cinco ciclos desse conjunto de 30 compressões e duas respirações, o que 
equivale à aproximadamente dois minutos, deve haver troca de função, ou seja, o socorrista 
que estiver ventilando passará a comprimir e vice-versa. Já está comprovado que mesmo o 
socorrista não referindo cansaço após cinco ciclos, a qualidade das compressões diminuem, 
por esse motivo é imprescindível que os socorristas troquem de função. 
 Algumas regras importantes devem ser respeitadas ao aplicar compressões 
torácicas:deve-se posicionar região hipotenar da palma da mão dominante sobre o corpo do 
osso esterno, na linha intermamilar, em seguida, a outra mão deve estar posicionada sobre a 
primeira entrelaçando os dedos para que eles não encostem no tórax durante as compressões. 
 
Os braços devem ficar estendidos com os cotovelos retos e firmados durante as compressões e 
os braços devem formar um ângulo de 90 graus com o tórax da vítima. As compressões 
devem ser fortes e num ritmo adequado o suficiente, conforme se propõe abaixo, para garantir 
um bom débito cardíaco. As características que devem ser respeitadas são: 
o Freqüência minima de 100 compressões por minuto 
o Para tanto, as 30 compressões de um ciclo deverão ser realizadas em menos de 18 
segundos. 
o Profundidade mínima de 5cm em cada compressão. 
o Observar o retorno completo do tórax após cada compressão 
13 
 
13 
 
 
Ventilação 
 As regras abaixo também devem ser consideradas no momento da ventilação
1
: o 
primeiro passo consiste em abrir a via aérea com a manobra de inclinação da cabeça. Para 
tanto coloca-se a palma de uma mão sobre a testa e os dedos polegar e médio da outra mão 
sob o mento, e bascula-se a cabeca no intuito de rodá-la sobre o occipto elevando-se o mento 
e retificando-se a via aérea. 
 
 Cada ventilação deve ser aplicada durante um segundo e deve-se injetar a quantidade 
de ar suficiente para que ocorra a elevação do tórax. Esse ar corresponde à quantidade de 
uma respiração normal. Em um paciente adulto, caso não ocorra a expansão do tórax na 
primeira insuflação, devemosreposicionar a cabeça e tentar abrir a via aérea novamente. Isso 
só deve ser feito uma única vez. Caso o tórax continue sem expansão, depois dessa manobra 
deve-se retornar para as compressões. 
A ventilação pode ser realizada basicamente de três maneiras: 
 
1
 No caso do atendimento estar sendo realizado por apenas um socorrista, ao terminar as 30 compressões este 
socorrista mantém os joelhos na mesma posição ao lado da vítima e apenas inclina o seu tórax em direção à 
cabeça da vitima para realizar as ventilações. 
 
14 
 
14 
 
Boca a boca: esta modalidade não protege o socorrista e a vítima de uma eventual 
contaminação entre ambos. Portanto, ela deve estar reservadas para casos especialíssimos dos 
quais se conheça a condição sorológica. 
Com os dedos indicador e polegar de uma das mãos o socorrista deve fechar as narinas, 
mantendo a palma da mão apoiada sobre a testa da vítima. Os dedos da outra mão com 
exceção do polegar devem ser apoiados na mandíbula para realizar a manobra de inclinação 
da cabeça no intuito abrir as vias aéreas. O polegar deve ficar apoiado no queixo da vítima 
para manter a boca aberta. Em seguida o socorrista deve abrir ao máximo sua boca e encostá-
la na boca da vítima ocluindo-a completamente. Por fim, as ventilações podem ser aplicadas 
eficazmente. 
 
Máscara com válvula: nessa modalidade é utilizada uma « pocket mask », que dispõe de uma 
válvula unidirecional. Assim o ar da ventilação só circula em um sentido, eliminando o risco 
de contaminação do socorrista por pergigotos da vítima. 
 
Para realizar uma ventilação eficaz a máscara deve ser posicionada sobre a face da vítima, 
com seu ápice sobre raiz do nariz e seu lado oposto e rombo deve ser apoiado na região 
mentoniana da vítima. A máscara deve ser completamente vedada no rosto da vítima para que 
a elevação do tórax seja observada na insuflação. Os dedos, indicador e polegar de uma das 
mãos são utilizados para vedar as laterais e a região apical da máscara formando uma letra 
"C" enquanto os outros dedos da mesma mão permanecem apoiados na testa da vítima para 
auxiliar na manobra de inclinação da cabeça. O dedo polegar da outra mão exerce uma 
pressão na máscara que está sobre a região mentoniana, essa pressão ajuda a manter a boca da 
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15 
 
vítima aberta enquanto assegura a vedação da máscara sobre o queixo. Os outros dedos da 
segunda mão permanecem apoiados no corpo da mandíbula para realização da manobra de 
inclinação da cabeça. Recomenda-se que todo socorrista tenha uma Pocket mask consigo em 
qualquer circunstância. 
 
 
 
Dispositivo bolsa-válvula-máscara : certamente esse equipamento estará disponivel em 
qualquer unidade de saúde seja ela móvel ou fixa. O socorrista não precisa utilizar a boca no 
procedimento. O ar é insuflado graças a uma bolsa de ar na qual é possível acoplar uma fonte 
de oxigênio. Quando um socorrista está sozinho para realizar a RCP, a utilização do 
dispositivo bolsa-válvula-máscara para aplicar as ventilações é mais complicada, nesse caso 
deve-se optar por uma pocket mask. A melhor posição para utilizar o dispositivo bolsa-
válvula-máscara consiste em o socorrista se posicionar atrás da cabeça da vítima e ficar 
responsável exclusivamente por essa manobra. 
 
16 
 
16 
 
Quando um único socorrista está responsável por realizar a ventilação com o dispositivo 
bolsa-válvula-máscara deve-se utilizar a manobra de « C/E » para realizar uma ventilação 
eficaz. Com os dedos, indicador e polegar de uma das mãos, o socorrista deve formar uma 
letra “C” exercendo uma pressão na máscara vedando-a no rosto do paciente. Os outros dedos 
da mesma mão devem ficar apoiados no corpo da mandíbula, mimetizando a letra “E”, para 
realizar a manobra de inclinação da cabeça e consequente retificação das vias aéreas. A outra 
mão comprime a bolsa cheia de ar do AMBU, realizando dessa forma a ventilação. 
 
 
Reavaliação da vítima 
 O processo de reavaliação da vitima tem sido uma variável pouco enfatizada ao longo 
dos protocolos. Contudo, seguem algumas recomendações baseadas em algumas discussões 
do protocolo da AHA, 2010. 
 A rigor, dentro de uma filosofia de suporte básico de vida, não haveria espaço para 
checagem de pulso em nenhum outro momento além da checagem inicial. Essa avaliação 
estaria a cargo do suporte avançado. Além do mais, as compressões por si só trazem grande 
beneficio ao paciente mesmo que ele tenha retornado à circulação espontânea. 
 Foi demonstrado que a checagem de pulso não é uma manobra reprodutível entre os 
examinadores e para se atingir a acurácia nesse processo seriam necessários mais de dez 
segundos. Isso indica que esse procedimento só atrasaria o retorno a compressão torácica após 
um choque ou uma avaliação do DEA. Desta forma, conclui-se que : 
1. O socorrista que estiver aplicando a RCP sem auxílio de um DEA, não deve interromper 
o processo para checar o pulso. A menos que existam sinais irrefutáveis do retorno do 
paciente: como tosse, movimentação ou emissão de sons. 
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2. Mesmo depois de instalado o DEA, a checagem de pulso não deve ser realizada. O 
socorrista deve estar atento que o DEA instalado no paciente será soberano na decisão de 
chocar ou não o paciente. 
 A excessão é válida somente para profissionais de saúde que estejam verificando o 
ritmo cardíaco em um monitor. A verificação do pulso pode ser realizada se o ritmo 
observado for um rítmo sinusal. Assim, o socorrista poderá diferenciar um ritmo sinusal com 
pulso de uma atividade elétrica sem pulso. Ainda assim, os profissionais de saúde podem se 
sentir confortaveis para não fazê-lo. 
 É válido lembrar que há DEAs que mostram na tela, o traçado do ritmo no qual o 
paciente se encontra. Nessas circunstância, é facultada a checagem de pulso por profissinais 
de saúde caso o traçado seja compatível com o ritmo sinusal. É válido lembrar que o padrão 
ouro da RCP prevê a minima interrupção das compressões e que a mínima dúvida nestes 
parâmetros obriga o socorrista a retomar a compressão imediatamente. 
 Se o pulso for palpável, respeitando-se as condições acima, é necessário manter o 
suporte ventilatório e reavaliar o paciente a cada dois minutos até a chegada do suporte 
avançado. 
 
Desfibrilação 
 Através da aplicação do um choque elétrico cujo curso transpassa o músculo cardíaco, 
arritmias que não permitem que o sangue seja bombeado de forma adequada para os sistemas 
poderão ser revertidas para um ritmo regular e eficaz. 
 A desfibrilação, em suporte básico de vida, pode ser realizada através de um DEA que 
esteja disponível proximo ao local de parada ou trazido pelo SAMU 192. Se o paciente estiver 
numa unidade de saúde, é possível se utilizar do desfibrilador manual na função DEA ou um 
próprio DEA que esteja disponível no local. 
Quando o aparelho estiver à disposição, ele será utilizado em pacientes adultos segundo os 
seguintes critérios: 
1. Parada presenciada: A parada presenciada consiste na parada cuja vítima foi flagrada pelo 
profissional de saúde e sua equipe ou pelo socorrista no momento exato de seu colapso 
cardíaco. Qualquer variação dessa situação consiste numa parada não presenciada. No caso de 
uma parada presenciada, instalam-se as pás do DEA imediatamente, assim que ele estiver 
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disponível independente da quantidade de ciclos que tenha sido realizada até então e da etapa 
do ciclo em que o processo de RCP se encontre. Instaladas as pás do DEA no paciente, 
procedimento que deve ser extremamente breve, retorne-se as compressões imediatamente 
com atenção aoscomandos do DEA, especialmente no momento da análise do ritmo, que 
ocorrerá rapidamente. 
2. Parada não presenciada : o DEA só deve ser instalado após o quinto ciclo de RCP. 
 
Considerações adicionais 
1. A insuflação de uma quantidade de ar muito grande no decorrer de uma ventilação, 
poderá gerar também uma insuflação gástrica, podendo levar o paciente ao reflexo do vômito 
e uma eventual aspiração. Por isso é importante insuflar a quantidade de ar suficiente para 
perceber uma elevação do tórax. 
2. Um paciente que se encontra em parada cardiorrespiratória depende das compressões 
torácicas para sobreviver. Neste caso as compressões estão cumprindo o papel do coração e 
por isso elas devem ser interrompidas o mínimo possível. 
3. Sempre o socorrista deve estar atento para sua segurança. O ambiente deve ser observado, 
assim como as medidas de seguranças, para que o socorrista não ponha sua vida em risco. 
Considere-se também a necessidade de utilização adequada dos EPIs e de se evitar o contato 
com secreções da vítima. 
4. As manobras de reanimação devem acontecer sobre uma superficie rígida. Está contra-
indicada a realização de compressões em colchões ou cadeiras odontológicas,por exemplo. A 
resiliência desses materiais fazem com que parte da força empregada nas compressões seja 
dispersada e não efetivamente aplicada ao tórax da vítima. Se encontrado nessas 
circunstâncias, o paciente deve ser cuidadosamente transportado para o solo. 
5. Situações em que devemos parar a RCP : (1) caso a vítima retorne, ou seja, a vítima tosse, 
se movimenta ou emite sons ; (2) chegada do serviço especializado (Ex. : SAMU) ; (3) 
exaustão do socorrista ; (4) risco iminente ou vigente (Ex. : risco de incêndio ou desabamento 
no local de atendimento à vítima) ; (5) mudança de prioridades (Ex. : o surgimento de uma 
vítima no cenário de atendimento com maior probabilidade de sobrevivência). 
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6. « Possíveis complicações durante ou após o RCP « : fratura de costela/esterno ; 
pneumotórax ; hemotórax ; lesão de parênquima pulmonar ; lesões de vísceras (Ex. : baço e 
fígado) ; embolia gordurosa. 
Aspectos anatômicos e fisiológicos 
1. A necessidade de se promover a hiperextensão da cabeça para avaliar a patência das vias 
aéreas resulta da possibilidade dessa região anatômica estar obstruída pela ptose da língua. O 
paciente inconsciente perde o tônus muscular da região supra-hióidea de modo que a língua se 
posiciona mais posteriormente em direção à parede posterior da faringe. Nesse momento, 
ainda que a via aérea esteja desobstruída a partir da glote, a base da língua posiciona a 
epiglote sobre a rima glótica dificultando ou mesmo impedindo a passagem do ar. Durante a 
hiperextensão da cabeça e elevação do mento, a musculatura supra-hióideia é extendida e o 
músculo digástrico retificado. Assim, o osso hióide é projetado para frente com parte do 
músculo hipoglosso, de toda a parede anterior da faringe e da epiglote, assegurando a livre 
passagem do ar para a laringe. 
2. Se houver um trauma raquimedular não se pode prever o nível de lesão às vértebras 
cervicais e ao tronco medular. Uma fratura instável ou uma luxação vertebral nessa região 
pode deslocar os fragmentos para dentro da medula e comprimi-la, e mesmo o plexo braquial, 
resultando em hemiplegia, paraplegia ou até uma tetraplegia. Portanto, na mínima suspeita de 
lesão cervical esta manobra deve ser evitada e se houver necessidade de promover reversão da 
ptose da língua deve-se promover compressão no ângulo mandibular, projetando a sínfise da 
mentual. A propulsão mandibular extende o músculo genio-hióideo e, consequentemente, o 
osso hióide resultando em um efeito similar ao observado durante a hiperextensão cervical, 
sem o risco de se acumular danos a medula. 
3. O pulso arterial consiste na transmissão de uma onda ao longo das paredes arteriolares a 
partir da distensão e compressão aórtica após a ejeção de sangue do ventrículo direito. Como 
essa onda se propaga numa velocidade trinta vezes maior que a velocidade do fluxo, é 
possivel senti-la nos pulsos periféricos logo após a sístole ventricular. Assim, quando há 
interrupção da adequada atividade elétrica do coração, a dilatação aórtica estará suprimida e, 
portanto, a onda também. Então o pulso não será percebido. Vale salientar que a energia da 
onda se dissipa a proporção que ela percorre o trajeto ao longo das paredes arteriolares de 
modo que em nível capilar não existirá mais pulso. Seguindo a mesma lógica, em protocolos 
de reanimaçãoo, a ocorrência de pulso dever ser examinada no pulso carotídeo, que por ser 
mais próximo do coração que o pulso radial, traduz mais eficazmente o débito cardíaco. 
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4. Desde o protocolo 2010 da AHA, ficou consagrado que compressões torácicas são muito 
importantes na RCP, por isso a relação entre compressão e ventilação tem aumentado ao 
longo dos anos e das revisões dos protocolos. Mesmo com uma compressão torácica bem 
feita, a pressão sobre a artéria aorta não será a mesma atingida durante a atividade normal do 
coração. Porém, essa pressão arterial média, ainda que baixa, é suficiente para promover a 
perfusão dos órgãos nobres. 
5. A RCP bem conduzida é realizada numa taxa tal que ocorra o retorno do tórax à sua 
posição. Com isso, o coração poderá plenamente encher em suas cavidades para que na 
proxima compressão, uma maior quantidade de sangue seja expelido do ventrículo esquerdo 
para a circulação em geral. 
6. Com o retorno do tórax, a pressão no ventriculo esquerdo diminue o que tende a promover 
o fechamento da valva mitral e a manutenção da pressão sobre a aorta ascendente. Essa 
pressão, mantida sobre esse segmento da aorta, possibilita a irrigação das artérias carótidas 
que são as primeiras afluentes dessa artéria e se situam logo acima da valva. Somente se o 
miocárdio estiver bem irrigado, poderá ocorrer o retorno do coração ao seu ritmo sinusal. 
7. Uma vez que o débito cardíaco diminui com a RCP, também a pressão pulmonar irá reduzir 
subsequentemente. Assim, uma quantidade menor de oxigênio será suficiente para promover a 
oxigenação do sangue. Por isso que apesar de fundamental, o papel da ventilação tem sido 
discutido. 
8. Ressalta-se inclusive que se a ventilação, não canulada, da via aérea for exagerada, 
invariavelmente ocorrerá insuflação gástrica. A insuflação gástrica além de preciptar o vômito 
compete para diminuir a expansão torácica por que o diafragma é comprimido, pelo estômago 
ampliado, contra o tórax. A repercussão disto será a diminuição do débito cardíaco. 
9. Além de permitir uma boa perfusão para os órgãos com sangue oxigenado, a ventilação 
também vai permitir que o tórax se expanda e contraia sucessivamente, simulando o ciclo 
respiratório. Nesse movimento, pela ação da resistência tênsil entre as pleuras visceral e 
parietal, o pulmão se expande e dessa forma os alvéolos são aerados. Então, além de fazer o 
sangue circular, ela também é responsável por uma parte da renovação do oxigênio. 
 
 
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CAPÍTULO 4 : RCP EM CRIANÇAS 
 
 Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, todo ser humano que se situe na faixa 
etária que se estende de dois anos até os primeiros sinais da puberdade é considerado criança. 
enquanto que, segundo a AHA, essa faixa se estende de um ano até os primeiros sinais da 
puberdade. 
 Os passos para a realização de uma RCP correta, estando o socorrista sozinho, são 
basicamente os mesmo que para os adultos com algumas diferenças que serão ressaltadas 
neste capítulo. É importante assinalar desde já, que quando o coração de uma criança entra em 
parada, na grande maioria dos casos é devido a um problemarespiratório prévio. Algumas 
diferenças na abordagem das crianças em relação aos adultos são explicadas por essa 
premissa. 
 
Avaliação da vítima 
Nesse momento, estão mantidos os conceitos de segurança da cena. 
 
Checar responsividade 
 O primeiro passo consiste em checar a responsividade da vítima. Para isso devem-se, 
apoiar as duas mãos no tórax da vítima, uma de cada lado, movimentando e chamando a 
vítima. Nessa etapa inicial o socorrista já está na posição do socorrista, que consiste em estar 
com os dois joelhos apoiado no chão ao lado da vítima, no nível do tórax. 
 Como na vítima adulta, nesse momento, já se avaliam rapidamente sinais de 
respiração. A ausência de responsividade e a ausência de sinais respiratórios já credenciaria o 
socorrista leigo a iniciar os protocolos de reanimação após ter pedido por ajuda. 
 
Pedir ajuda 
 Nesse passo já surge à primeira diferença em relação ao adulto : se o socorrista estiver 
sozinho, não houver telefone por perto e encontrar a vítima irresponsiva, é improvável que 
haja um registro a cerca de quanto tempo a vítima está sem respirar e com o coração parado. 
Neste caso, em se tratando de vítimas crianças, primeiro devem ser realizados cinco ciclos 
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completos de RCP para garantir uma boa perfusão para os órgãos vitais e somente em 
seguida deve-se pedir ajuda. Contudo, se a parada for presenciada, o ideal é solicitar ajuda o 
quanto antes. 
 Caso a vítima esteja totalmente irresponsíva, deve-se pedir ajuda. Se o socorrista 
estiver sozinho, deve ligar para o SAMU 192 e solicitar um DEA. Se outras pessoas estiverem 
no local, o socorrista deve atribuir essa responsabilidade para um deles da mesma forma como 
foi realizado durante o processo de salvamento da vítima adulta. 
 
Checar pulso 
 Após a avaliação da responsividade, os profissionais de saúde devem checar o pulso. 
Para isso, põe-se as pontas dos dedos, médio e indicador, de uma mão no trajeto da carótida 
ipsilateral ao socorrista, a outra mão fica apoiada na testa da vítima para manter a inclinação. 
Para localizar mais facilmente o pulso, localiza-se a cartilagem tireóide com a ponta dos dois 
dedos enunciados anteriormente, em seguida desliza-se esses dedos para o sulco entre a 
cartilagem tireóide e a borda médial do músculo esternoicleidomastoideo do pescoço na 
região denominada sulco carotídeo. Nesse local é possível sentir o pulso carotídeo. Serão 
franqueados entre 5 e 10 segundos para realizar essa etapa. Na ausência de pulso ou 
dificuldade para palpá-lo, deve-se iniciar a RCP. 
 
Outra diferença em relação ao adulto surge nesse momento :na vigência de pulso, podem 
surgir alguns cenários: 
o Pulso ≥ 60 bpm: a vítima encontra-se somente em parada respiratória, as compressões 
torácicas não são necessárias. Uma ventilação deverá ser aplicada a cada três a cinco 
segundos, o que equivale a 12 a 20 por minuto. 
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o Pulso ≤ 60 bpm com sinais de hipoperfusão tecidual, cianose de extremidades: a vítima 
deve ser considerada em parada cardio-respiratória, as compressões devem ser iniciadas 
imediatamente. 
 A rigor, se uma criança apresenta-se com frequência inferior a 60 batimentos por 
minuto e sem sinais de hipoperfusão tecidual, ou seja hemodinamicamente estável, deve-se 
manter a vigilância rigorosa sobre os sinais vitais e o suporte ventilatório. Contudo, para fins 
didáticos e mneumônicos, é possivel considerar somente o critério do pulso inferior a 60 
batimentos por minuto. Isso por que o benefício da compressão supera o risco da avaliação 
incorreta da estabilidade hemodinâmica. 
 A vítima criança deve ser considerada em parada cárdio-respiratória quando não 
está ventilando e o pulso está abaixo de 60 batimentos por minutos com sinais de 
hipoperfusão tecidual. Nessas circunstâncias, a tendência é o coração diminuir seu ritmo até a 
parada por hipóxia, caso nada seja feito. Em crianças, a causa que acarreta as paradas 
cardíacas na grande maioria dos casos é uma parada inicialmente apenas respiratória. 
 
Compressões torácicas 
 Caso a criança esteja sem pulso, conforme critérios acima, deve-se iniciar 
imediatamente as compressões torácicas. Devem ser aplicados cinco ciclos de 30 compressões 
para duas ventilações. Algumas regras importantes devem ser respeitadas ao aplicar 
compressões torácicas. 
 Deve-se posicionar a palma da mão dominante sobre o corpo do esterno, na altura 
linha inter mamilar, em seguida posiciona a outra mão sobre a primeira entrelaçando os dedos 
afastando-os do tórax durante as compressões. Em crianças menores, o bom senso deve ser 
levado em conta pelo socorrista para que não ocorra lesão de costela ou órgãos pela aplicação 
de uma força desproporcional. Por esta razão, nesta condição o socorrista poderá utilizar 
apenas uma das mãos para realizar as compressões, a outra mão estará apoiada na testa da 
vítima para manter a inclinação da cabeça e conseqüentemente à abertura das vias aéreas. 
 
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 Os braços devem ficar estendidos com os cotovelos travados durante as compressões e 
o braço deve formar um ângulo de 90 graus com o tórax da vítima. As compressões devem ser 
fortes e rápidas o suficiente para garantir um bom débito cardíaco. As características que 
devem ser respeitadas são: 
o Freqüência: no mínimo 100 compressões por minuto, as 30 compressões de um ciclo 
deverão ser realizadas em menos de 18 segundos. 
o Profundidade: a profundidade de compressão deve ser de 4 a 5 cm da profundidade do 
tórax. 
o Observar o retorno completo do tórax. 
 
Ventilação 
 Ao terminar as 30 compressões, o socorrista mantém os joelhos na mesma posição ao 
lado da vítima e inclina o tórax para realizar as ventilações. O primeiro passo na ventilação 
consiste em abrir novamente a via aérea com a manobra de inclinação da cabeça. Cada 
ventilação deve ser aplicada durante 1 segundo e deve-se injetar a quantidade de ar suficiente 
para que ocorra a elevação do tórax. A quantidade de ar que se insufla em uma criança 
será menor do que aquela insuflada em um adulto. 
 Outra diferença essencial em relação ao adulto aparece nesse ponto :em uma criança, 
caso não ocorra à expansão do tórax na primeira insuflação, deve-se reposicionar a cabeça e 
tentar abrir a via aérea novamente. Em crianças, é necessário repetir essa manobra algumas 
vezes até que a expansão seja percebida. É mais importante realizar uma ventilação eficaz em 
uma criança do que em um adulto. Como já foi visto anteriormente, as causas de parada 
cardíaca em crianças são geralmente associadas a causas respiratórias, então com uma 
ventilação eficaz, a parada cardíaca poderá ser evitada ou restabelecida mais facilmente. 
 A ventilação pode ser realizada basicamente de 3 maneiras: 
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Boca a boca: essa forma não protege o socorrista e a vítima de uma eventual contaminação. 
Inclusive socorristas que não disponham de dispostivos de barreira para esse fim estão 
autorizados a realizar somente compressões no caso de uma PCR. Mas conhecendo-se que a 
criança não esteja infectada, o socorrista deve abrir sua boca o suficiente para a sobrepor à 
boca da criança e vedar seus lábios contra os dela, evitando escapes de ar. 
Máscara com válvula: nesse momento se utiliza uma pocket mask, que dispõe de uma 
válvula unidirecional. Assim o ar só circula em um sentido, eliminando o risco de 
contaminação do socorrista ou da vítima. Se a máscara for muito grande para a face da 
criança, deve-se inverter sua posição e colocar seu lado mais largo, sobre a pirâmide nasal e 
seu ápice sobre o mento. Desta forma, será possível obter-se uma vedação mais efetiva.Dispositivo bolsa-válvula-máscara: é geralmente o mais utilizado no meio intra-hospitalar. O 
socorrista não precisa encostar a boca, o ar é insuflado graças a uma bolsa de ar na qual é 
possível acoplar uma fonte de oxigênio. Como a máscara a ser acoplada na bolsa tem o 
mesmo formato da pocket mask, valem as mesmas ressalvas quanto ao seu posicionamento. 
 
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Desfibrilação 
 Esse passo não vem necessariamente depois dos anteriores. Assim que o aparelho 
estiver à disposição, ele poderá ser imediatamente utilizado. Através da aplicação do choque 
elétrico, arritmias que não permitem que o sangue seja bombeado de forma adequada poderão 
ser revertidas para um ritmo regular e eficaz. Serão discutidas com mais detalhes 
características e funções da defibrilação no capítulo sobre a desfibrilação. 
 
Considerações adicionais 
 Como o pulso está sendo avaliado em não menos que cinco e não mais que dez 
segundos, e esperam-se no minimo 60 batimentos por segundo, subentende-se que, se o 
socorrista encontrar um batimento por segundo ou menos, estão preenchidos os critérios para 
se iniciar as compressões torácicas. 
 
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CAPÍTULO 5 : RCP EM LACTENTES 
 
 São considerados lactentes aquelas crianças cuja idade se situa na faixa de 29 dias e 
dois anos segundo a sociedade brasileira de pediatria e entre 29 dias e um ano segundo 
segunda a AHA. 
 No geral, os critérios de abordagem e intervenção, de um socorrista que esteja 
realizando o atendimento sozinho, são os mesmos, mas há peculiaridades no atendimento 
dessas vítimas que serão discutidas neste capítulo. É importante relembrar que as principais 
causa de parada cardíaca em crianças, incluindo os lactentes, estão associadas a eventos 
respiratórios como origem na maioria dos casos. Portanto, a atenção a ventilação desses 
pacientes é um item importante. 
 
Avaliação da vítima 
Nesse momento, estão mantidos os conceitos de segurança da cena. 
 
Checar responsividade 
 O primeiro passo da avaliação de qualquer vítima consiste em checar a responsividade 
da vítima. No lactente, essa manobra é executada efetuando algumas percursões com os dedos 
na planta do pé da vítima em busca de movimentos ou mesmo sons que a criança possa emitir 
e que sugiram presença de responsividade. 
 
 Nesse momento, ja se avaliam rapidamente sinais de respiração. A ausência de 
responsividade e a ausência de sinais respiratórios já credenciaria o socorrista leigo a iniciar 
os protocolos de reanimação, após ter pedido ajuda. 
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Pedir ajuda 
 As questões sobre o socorro a crianças também se aplicam a lactentes. Dessa forma, 
ao se flagrar um lactente em parada cardiorrespiratória, se o socorrista estiver sozinho, ele 
deve primeiro realizar cinco ciclos de 30 compressões e duas ventilações antes de parar para 
solicitar ajuda. Se outras pessoas estiverem no local, o socorrista deve atribuir essa 
responsabilidade para um deles enquanto prossegue nos passos seguintes. 
 
Checar pulso 
 Após a avaliação da responsividade, os profissionais de saúde devem checar o pulso. 
Essa norma foi mantida pela AHA protocolo 2010.Para isso se põe as pontas dos dedos, 
médio e indicador, de uma mão no trajeto da artéria braquial ipsilateral ao socorrista. Essa 
artéria situa-se na face interna do braço. Não é recomendado apoiar o polegar na face lateral 
do braço sob pena de se exercer uma pressão desnecessária, maior do que a suficiente para 
interromper a circulação, o que resultará numa avaliação inadequada. 
 
 Na vigência de pulso, devem ser observados os seguintes cenários: 
o Pulso ≥ 60 bpm: a vítima encontra-se apenas em parada respiratória, as compressões 
torácicas não são necessárias. Uma ventilação deverá ser aplicada a cada três a cinco 
segundos, o que equivale a 12 a 20 por minuto. 
o Pulso ≤ 60 bpm com sinais de hipoperfusão tecidual, cianose de extremidades: a vítima 
deve ser considerada em parada cardiorrespiratória, as compressões torácicas devem ser 
iniciadas imediatamente. 
 A vítima criança deve ser considerada em parada cardiorrespiratória quando não 
está ventilando e o pulso está abaixo de 60 batimentos por minutos com sinais de 
hipoperfusão tecidual. Nessas circunstâncias, a tendência é o coração diminuir seu ritmo até a 
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parada por hipóxia, se nada for feito. Em crianças, incluindos os lactentes, a causa das paradas 
cardíacas na grande maioria dos casos é uma parada respiratória inicial, que evolui para uma 
parada cardiorrespiratoria se nada for feito. 
 
Compressões torácicas 
 Caso a criança esteja sem pulso conforme critérios acima, deve-se iniciar 
imediatamente as compressões torácicas. Devem ser realizados ciclos de 30 compressões para 
duas ventilações. Algumas regras importantes devem ser respeitadas ao aplicar compressões 
torácicas em lactentes. 
 Como o tórax do lactente é pouco volumoso, a compressão torácica deve ser realizada 
com a polpa dos dedos indicador e médio posicionadas sobre o corpo do osso esterno na linha 
intermamilar. Os dedos devem se manter rígidos sem flexões das articulações 
interfalangianas. Deve-se comprimir o tórax, apoiado sobre uma superfície rígida, por volta de 
1/3 de sua altura. 
 
 O socorrista deve lembrar que se ele estiver sozinho, considerando o tamanho da 
criança, ela pode ser carregada, apoiada sobre seu braço, enquanto o socorrista se desloca em 
busca de ajuda. Essa manobra requer cuidados e habilidade do socorrista para evitar que o 
lactente caia. 
o Frequência: no mínimo 100 compressões por minuto, as 30 compressões de um ciclo 
deverão ser realizadas em menos de 18 segundos. 
o Profundidade: a profundidade de compressão deve ser de pelo menos 1/3 da profundidade 
do tórax. 
o Observar o retorno completo do tórax. 
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Ventilação 
 Ao terminar as 30 compressões, o socorrista deve iniciar as ventilações. O primeiro 
passo na ventilação consiste em abrir a via aérea com a manobra de inclinação da cabeça. 
Cada ventilação deve ser aplicada durante um segundo e deve-se injetar a quantidade de ar 
suficiente para que ocorra a elevação do tórax. A quantidade de ar que se injeta em um 
lactente será menor do que aquela que se injeta em uma criança. Nesse caso, observam-se os 
critérios de escolha do dispositivo bolsa-válvula-máscara adequado para essa faixa etária.A 
observação sobre a necessidade de uma adequada ventilação deve ser relembrada pelo 
socorrista. 
Em um lactente, caso não ocorra a expansão do tórax na primeira insuflação, deve-se 
reposicionar a cabeça e tentar abrir a via aérea novamente. Em lactentes, é necessário repetir 
essa manobra algumas vezes até que a expansão seja percebida. Considerando que as paradas 
cardíacas em crianças e lactentes estão fortemente associadas a paradas respiratórias que 
evoluem, assim como na criança, é muito importante realizar uma ventilação eficaz em um 
lactente. Assim, a parada cardíaca poderá ser evitada ou o ritmo regular restabelecido mais 
facilmente. 
A ventilação pode ser realizada basicamente de 3 maneiras: 
Boca a boca: deve-se agir da mesma forma que numa criança, considerando os critérios de 
ausência de infecção, mas com uma pequena diferença : os lábios do socorrista devem cobrir 
ao mesmo tempo as narinas e a boca do lactente a fim de aplicar uma ventilação eficaz com 
vedação completa da boca do socorrista sobre a face do lactente. 
Máscara com válvula: nesse momento se utiliza uma pocket mask pediátrica, que dispõe de 
uma válvula unidirecional. Assim o ar só circula em um sentido, eliminando o risco de 
contaminação do socorrista ou da vítima.Como a face do lactente, é pouco volumosa, mesmo 
as adaptações de uma mascara para adultos como foi feito para crianças serão ineficazes para 
uma adequada ventilação. Portanto, é necessária a utilização de uma máscara pequena 
apropriada para lactentes. 
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Dispositivo bolsa-válvula-máscara: é geralmente o mais utilizado no meio intra-hospitalar. 
Assim como a pocket mask, o socorrista deve dispor de um dispositivo apropriado para 
lactentes acoplado a uma máscara também apropriada. Neste, a bolsa trabalha com um 
volume de ar bem reduzido adequado para a ventilação de lactentessem incutir danos ao 
pulmão. 
 
Desfibrilação 
 Até 2010, não era recomendado o choque em lactentes. Com a revisão dos protocolos, 
foi instituído o conceito de que não existem evidências que recomendem, nem evidências que 
contra indiquem. Assim a desfibrilação em lactentes, deve ser realizada. Contudo, existe a 
ressalva que isso ocorra preferencialmente em ambiente hospitalar 
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CAPÍTULO 6 : RCP COM MAIS DE 1 SOCORRISTA (ADULTOS, CRIANÇAS E LACTENTES) 
 
 A grande diferença entre a abordagem do adulto e da criança ou lactente quando se 
tem mais de um socorrista é na relação de compressões para ventilações. Enquanto no adulto 
permanece de 30:2, na criança e no lactente essa relação vai passar a ser de 15:2. 
 No adulto a compressão é muito mais importante que a ventilação. Por essa razão 
apesar de se contar com mais de um socorrista para auxiliar na ventilação, e considerando a 
necessidade de minimizar o intervalo entre as compressões, a relação de 30:2 será mantida.Já 
na criança, é possível e recomendada realizar ventilações com maior frequência, ou seja, duas 
ventilações após cada 15 compressões. 
 
Abordagem da vítima com 2 socorrístas 
 O segundo socorrista vai auxiliar na ventilação da vítima inicialmente e depois revezar 
com o primeiro socorrista e assumir as compressões. O revezamento é realizado a cada 5 
ciclos em adultos, o que equivale a aproximadamente dois minutos, e a cada 10 ciclos em 
crianças e lactentes, o que mais uma vez equivale a aproximadamente dois minutos já que 
nesse caso a relação de compressão e ventilação é de 15:2. Não necesseriamente isso ocorrerá 
a cada dois minutos já que se a compressao estiver sendo realizada num ritmo muito rápido, 
isso poderá ocorrer mais precocemente. 
 Um grande desgaste físico é resultante de ciclos sucessíveis de compressões torácicas, 
por essa razão a cada cinco ciclos, no máximo, os socorristas devem trocar os papéis em 
adultos e a cada 10 ciclos em crianças e lactentes. Caso ocorra um degaste físico importante 
antes do quinto ciclo, para adultos, ou décimo ciclo, para crianças e lactentes, por parte de um 
dos socorristas, esse revezamento poderá ser feito antes. O importante é manter uma 
compressão eficaz com o objetivo de fazer um sangue circular dentro do paciente da melhor 
forma possível. 
 A sequência de eventos dentro da RCP é a mesma. O segundo socorrista deverá estar 
atento, por que ele só entrará efetivamente na cena, quando efetivamente tiver concluido o 
processo de solicitar ajuda. Caso a vítima esteja sem pulso, se inicia os ciclos de RCP com o 
primeiro socorrista realizando as 30 compressões e contando em voz alta. O segundo 
socorrista fica posicionado na cabeça da vítima, após retornar para a cena, com o dispositivo 
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utilizado para ventilação afastado da boca da mesma e mantendo a via áerea do paciente 
aberta. Ele deve saber em quantas compressões o ciclo está com o objetivo de não perder 
tempo para iniciar as ventilações no momento certo. Daí a importância de contar em voz alta. 
 No final do quinto ciclo, quando o primeiro socorrista terminar as últimas 
compressões e antes da troca, deve-se esperar o segundo socorrista concluir as duas 
ventilações antes de realizar a troca. Afinal, um ciclo se encerra com as ventilações já que ele 
se inicia pelas compressões.. 
 Uma vez que as duas ventilações foram realizadas, o segundo socorrista se dirige 
imediatamente para realizar as compressões do primeiro ciclo pós-troca, do lado oposto ao 
lado ocupado pelo primeiro socorrista. O primeiro socorrista se posiciona atrás da cabeça da 
vítima e fica em posição, mantendo a via aérea do paciente aberta e preparado para realizar as 
duas ventilações quando o primeiro ciclo de compressões terminar. 
 É importante estar atendo e respeitar essa movimentação no momento da troca, a fim 
de evitar o choque entre os dois socorristas e consequente perda de tempo. Relembrando que 
o tempo de interrupção das compressões deve ser sempre o menor possível. 
 
Abordagem da vítima com 3 socorrístas 
 As diferenças com três socorristas em relação a dois socorristas são poucas. O terceiro 
socorrista será baste útil quando a ventilação for aplicada com o dispositivo bolsa-válvula-
máscara. Quanto melhor for a oclusão da máscara do rosto da vítima, mais eficaz será a 
ventilação. Por essa razão, o terceiro socorrista fica posicionado na cabeça da vítima com a 
função de ocluir perfeitamente a máscara no rosto da vítima com a ajuda das duas mãos 
destinadas exclusivamente para essa tarefa. 
 Para isso é utilizada a » manobra dos CC/EE”. Duas letras “C” são realizadas com a 
ajuda dos dedos indicadores e polegares das duas mãos que ficam apoiados de cada lado da 
máscara. As duas letras “E” são realizadas com a ajuda dos dedos, médios, anulares e 
auriculares das duas mãos, que são apoiados no corpo na mandíbula e servirão para manter a 
inclinação da cabeça 
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O segundo socorrista será responsável por comprimir a bolsa do dispositivo com as duas 
mãos, realizando dessa forma a ventilação. Para isso o segundo socorrista fica posicionado do 
lado da vitima em frente ao socorrista que está realizando as compressões. 
Nesse caso existem diversas maneiras de realizar a troca, porém é importante que a equipe 
esteja treinada para trocar as posições sem perder tempo. 
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Considerações adicionais 
 Em crianças as técnicas de revezamento e atribuição para cada socorrista são mantidas 
em relação ao adulto. Porém as diferenças entre abordagem e realização da RCP que existem 
entre adultos e crianças como foram vistas no capítulo precedente, devem ser aplicadas. 
 Em lactentes, quando dois socorristas estão na cena realizando uma RCP em equipe, 
um primeiro socorrista deverá se posicionar nos pés da vítima e aplicará as compressões 
torácicas com a ajuda de suas duas mãos. As compressões deverão ser aplicadas com os dois 
polegares na linha intermamilar sobre o esterno, enquanto os demais dedos ficarão apoiados 
nas costas do lactente. O segundo socorrista se posiciona atrás da cabeça da vítima para 
realização das ventilações como foi descritos para adultos e crianças. 
 
 
 
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 Quando um socorrista está aplicando compressões torácicas, o segundo socorrista deve 
manter as vias aéreas da vítima abertas através da manobra de inclinação da cabeça. Isso 
permite que o paciente continue sendo ventilado durante as compressões de forma ainda mais 
eficaz. 
 As compressões torácicas, além de permitirem uma contração do coração, também 
comprimem e relaxam os pulmões completando dessa forma um ciclo respiratório artificial 
permitindo que a oxigenação do sangue seja renovada. O mesmo ocorre quando um único 
socorrista está realizando a RCP, porém a quantidade de ar circulante nos pulmões é menor 
devido a não abertura das vias aéreas. 
 Quando houver um terceiro socorrista, o que estiver responsável por manter a vedação 
da máscara no rosto da vítima com a “manobra dos CC/EE”mantém as vias aéreas abertas 
mesmo durante as compressões, porém sem se esquecer de afastar a máscara do rosto da 
vítima para que o ar possa circular melhor. Para isso, uma das mãos é mantida em posição 
com um “C” e um “E”. O “C” mantém a máscara afastada e o “E” mantém a cabeça inclinada. 
 
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CAPÍTULO 7 : CONDUTA DEPOIS DA OBTENÇÃO DE VIA AÉREA AVANÇADA 
 
 Quando o suporte avançado chegar, uma via aérea avançada poderá ser obtida de 
forma definitiva ou com dispositivos supraglóticos. São considerados dispositivos 
supraglóticos a máscara laríngea e o combitube. Nesse caso, as compressões não devem ser 
interrompidas para a realização das ventilações e o segundo socorrista deve aplicar uma 
ventilação a cada 6 a 8 segundos enquanto o primeiro socorrista realiza as compressões. 
Como a freqüência correta é de no mínimo 100 compressões por minuto, então em dois 
minutos 200 ou mais compressões serão realizadas. Após dois minutos ou 200 compressões, 
os socorristas devem trocar as funções. 
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CAPÍTULO 8 : DESFIBRILADOR EXTERNO AUTOMÁTICO (DEA) 
 
 Os critérios para utilização do DEA foram explicitados em cada capítulo. Neste, serão 
discriminados o passo a passo para seu manuseio. 
 Há diferentes desfibriladores externos automáticos no mercado, cada um com uma 
especificidade. Contudo, os detalhes técnicos principais, que serão aqui detalhados, são 
comuns a todos. Portanto, se você tem acesso a um DEA de forma habitual, por exemplo em 
seu condomínio ou empresa, solicite verificar como o aparelho funciona até que ocorra as 
instruções comuns. 
 Assim que o socorrista ligar o DEA, a compressão só deve ser interrompida no estrito 
e minimo momento de colocação das pás ou quando o DEA solicitar que isso seja feito. 
 
Colocação das pás 
 As pás devem ser colocadas de modo que o coração esteja no trajeto da transmissão do 
choque entre elas. Preferencialmente, elas são posicionadas de modo que uma fique no 
quadrante superior direito e a outra no quadrante inferior esquerdo do tórax. Na ausência da 
pá pediátrica adequada para utilização em crianças e lactentes, é possível utilizar a pá de 
adulto. Crianças com tórax pouco volumoso podem exigir, no caso dessa adaptação, que uma 
pá seja colocada na frente do osso esterno e a outra na região dorsal, na mesma altura entre 
elas e ambas na altura do mediastino médio onde está situado o coração. Após a colocação das 
pás continue a compressão. 
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Avaliação do ritmo 
 Por definição, o DEA deverá analisar o ritmo assim que as pás colocadas no paciente, 
sejam conectadas ao aparelho. Depois disso, a análise ocorrerá a cada dois minutos. Todos os 
desfibriladores devem emitir uma dessas mensagens ou uma similar a essa com pouquíssima 
variação: « não toque no paciente, analisando ritmo » ou « afaste-se do paciente, analisando 
ritmo ». 
 Nesse momento, e somente nesse momento, as compressões devem ser efetivamente 
interrompidas e o operador do DEA deve ficar atento afim de que ninguém esteja tocando no 
paciente. O DEA decidirá através dessa análise se o ritmo é chocável ou não, e então, findo 
esse processo informará se há ou não necessidade de choque. Estando o choque não indicado, 
as compressões devem ser reiniciadas imediatamente. Todos eles informarão isso, contudo, 
alguns demoram muito para fazê-lo, portanto, o socorrista não deve aguardar a ordem do 
DEA. Ao se ouvir a informação de que o choque não esteve indicado, deve-se imediatamente 
retornar a compressão. 
 
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Choque indicado 
 Se o choque estiver indicado, o socorrista, ao comando do DEA deve apertar o botão 
de choque. O socorrista deve estar atendo que o DEA dirá « pressione o botão do choque 
quando a luz piscar », isso significa que o DEA está carregando o choque, caso o botão seja 
pressionado antes de o DEA carregar ou a luz piscar, o choque não será realizado e o paciente 
não será beneficiado. No momento de aplicação do choque, ele deve estar atendo para que 
ninguém esteja tocando no paciente. Se isso ocorrer, essa pessoa receberá também o choque, 
dispersando a energia que deveria ser totalmente transmitida ao paciente, tornando-o ineficaz 
na reversão do ritmo. Após o choque, as compressões devem ser imediatamente reiniciadas, 
lembrando-se que não se deve esperar que o DEA emita esse comando. 
 
Considerações adicionais 
1. O operador do DEA deve estar atento às recomendações emitidas. Por vezes, o cenário do 
atendimento está muito tumultuado e o DEA realizará a análise mesmo se as compressões não 
forem interrompidas. Nesta condição o choque não estará indicado, mesmo que o ritmo 
genuíno do paciente seja um ritmo chocável. Isso por que nestes termos, o DEA estará lendo a 
movimentação feita durante a compressão. Da mesma forma, se o botão de choque não for 
acionado no momento adequado, o DEA suspende a operação de choque e obviamente, o 
socorrista estará perdendo um momento para instituir uma medida essencial ao retorno do 
paciente ao ritmo sinusal. 
 
2. Se qualquer intercorrência ocorrer na manipulação do DEA, como problemas com a 
conexão das pás ao aparelho, erro no disparo do choque e suspensão do atendimento, a 
compressão deve ser retomada imediatamente. 
 
3. Uma pá e um DEA instalados no paciente são propriedades daquele paciente e só devem 
ser retirados pelo médico com a chegada do suporte avançado. Portanto, se na cena onde 
ocorreu uma parada, ocorrer uma segunda parada num tempo razoável, deve-se solicitar uma 
nova equipe ao SAMU 192, ou então um novo DEA. 
 
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4. O DEA é soberano nas decisões, se não há indicação de choque, o socorrista não deve se 
preocupar com isso e deve reiniciar imediatamente as compressões. Se no entanto, houver 
indicação de choque, o socorrista deve chocar o paciente. Há arritmias graves que 
possibilitam a permanência do pulso mas que necessitam por vezes da cardioversão para sua 
reversão. 
 
5. As pás devem estar em íntimo contato com a pele do paciente. Assim, no tórax peludo, 
deve-se realizar uma rápida tricotomia no local da aplicação das pás. O mesmo deve ser 
considerado para um paciente com tórax molhado, no qual há necessidade de enxugar o local 
de aplicaçao das pás. Não se deve colocar as pás nem sobre e nem próximas a emplastros 
medicamentosos, que devem ser removidos do tórax assim como o excesso de adesivo que os 
mantém aderidos ao tórax. Se um marcapasso for verificado na inspeção do tórax, a pá 
próxima a ele deve ser colocada pelo menos 8cm distante dele. 
 
Aspectos anatomo fisiológicos 
1. O choque elétrico promovido pelo DEA acarreta a despolarização total das fibras cardíacas 
que nesse momento se encontra fora de um processo ordenado de auto-estimulação. Espera-se 
que depois desse momento as células do marcapasso natural do coração, localizadas no nodo 
sinoatrial consigam reassumir sua função habital de regular a contração de toda a 
musculatura. Assim, no momento imediato após a desfibrilação, o coração pode entrar em 
assistolia transitória ou mesmo retornar a um ritmo sinusal mas em bradicardia. Por isso, 
reiniciar as compressões imediatamente após o choque é fundamental para se manter um 
débito cardíaco adequado à perfusão dos órgãos nobres até que a função cardíaca esteja 
plenamente regularizada. 
 
2. O posionamento ideal das pás possibilita que a corrente elétrica atravesse todo músculo 
cardíaco promovendo a despolarização completa de suas fibras. Pela colocação das pás 
preconizada pelos protocolos padronizados, quer seja em crianca ou em adulto, esse evento 
elétrico sempre ocorrerá. 
 
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3. Comodiscutido anteriormente, a aplicação do DEA em paradas não presenciadas deve ser 
posterior aos cinco primeiros ciclos ou dois minutos de RCP. Nessas condições por não se 
saber quanto tempo o paciente está sem respirar, acredita-se que o miocárdio esteja pouco 
perfundido e possivelmente pouco oxigenado. Durante as compressões na RCP, o sangue é 
impulsionado pelas artérias carótidas melhorando a perfusão miocárdica e otimizando o 
metabolismo das fibras. Nestas condições o choque emitido pelo DEA terá maior efetividade 
e isso competirá mais eficazmente para o retorno a circulação espontânea. Na parada 
presenciada, tem-se a maior possibilidade para que tanto o sangue quanto o miocárdio ainda 
estejam perfundidos e oxigenados numa taxa próxima ao ideal. 
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CAPÍTULO 9 : DESOBSTRUÇÃO DE VIAS AEREAS EM ADULTOS E CRIANÇAS 
 
 A obstrução de vias aéreas consiste numa causa de parada respiratória que pode 
evoluir para uma parada cardíaca. Esse agravo é mais comum em crianças e lactentes. A 
intervenção de um socorrista treinado pode evitar o agravamento da condição. 
 A primeira conduta frente a um paciente com obstrução de vias aéreas por corpo 
estranho é questionar se a vítima pode falar e se precisa de ajuda. Se a vítima responde 
verbalmente e autoriza a intervenção, o socorrista deve inicialmente estimulá-la a tossir. O 
movimento da tosse pode expelir o corpo estranho. 
 Caso a vítima evolua com 100% de obstrução, sem poder falar, tossir ou emitir sons, 
provavelmente ele fará o sinal universal da asfixia, esse será o momento de realizar a 
manobra de Helmlich. Nesta manobra, o socorrista mantém uma perna a sua frente, 
encaixada entre as pernas da vítima e a outra perna atrás, determinando uma base. Caso a 
vítima perca a consciência e desmaie, o socorrista estará apoiado para sustentá-la. Para 
realizar a manobra de heimlich, os braços do socorrista devem ser colocados sob o oco axilar 
da vítima e suas mãos acima da cicatriz umbilical, ou seja, entre o apêndice xifoide do osso 
esterno e a cicatriz umbilical, porém mais próximo da cicatriz umbilical. A mão dominante, 
fechada em punho, fica em contato com o corpo da vítima e a outra mão sobre a primeira, 
como se tentasse envolvê-la. Assim, o socorrista fará um movimento para trás e para cima, 
simulando um “J” e realizando uma compressão na área indicada. Ele deve repetir esta 
manobra tantas vezes quantas necessárias para expulsar o corpo estranho até que ele 
desobstrua as vias aéreas ou a vítima fique inconsciente. 
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 Se a vítima desmaiar o socorrista deve imediatamente pedir ajuda e solicitar um DEA. 
Logo em seguida ele deverá iniciar as manobras de RCP, direto pela compressão numa 
relação de 30 compressões para duas ventilações. Contudo, em cada ciclo, depois das 30 
compressões e antes da ventilação, deve-se checar se o corpo estranho está na cavidade bucal. 
 Somente se o socorrista vir o corpo estranho na boca, ele deverá remover com os 
dedos num movimento de pinça. O socorrista está desautorizado a realizar qualquer 
manobra de varredura na cavidade bucal às cegas em busca do corpo estranho sob o risco 
de empurrar o objeto mais profundamente na faringe, laringe ou esôfago. Além disso, durante 
a execução desta manobra, o socorrista pode ter sua mão lesada, caso a vítima tenha um 
“reflexo de mordedura” ou mesmo ação similar. 
 
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Considerações adicionais 
1. Se a vítima adulta estiver deitada e consciente, o socorrista pode realizar compressões 
abdominais. Acordada, a vítima irá contrair a musculatura abdominal protegendo as vísceras 
internas de uma compressão mais forte que possa acarretar o rompimento. Além do mais, o 
reflexo do vômito está preservado e a vítima pode evitar a aspiração adicional de conteúdo 
gástrico. Por esse motivo, essa manobra não deve ser realizada em vítimas inconscientes. 
2. Em pacientes com algum impedimento anatômico de realizar as compressões da manobra 
de Helmlich na forma preconizada, a exemplo de gestantes e obesos, o socorrista, 
empunhando as mãos da mesma forma, deve realizar a compressão no tórax da vítima do 
mesmo local onde são realizadas as compressões torácicas numa RCP convencional quando a 
vítima se encontra em decúbito dorsal. 
 
 
 
 
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3. Para crianças de baixa estatura, o socorrista deve apoiar um joelho no chão e realizar a 
manobra da forma indicada para adulto. 
4. Em casos de obstrução severa das vias aéreas, a vítima tenderá a levar as mãos ao pescoço 
realizando o sinal universal de asfixia. Essa obstrução é grave e impede que a vítima 
verbalize. 
5. Caso o objeto esteja muito baixo na traquéia, as ventilações tendem a empurrá-lo ainda 
mais para os brônquios. Em se tratando de suporte básico de vida, essa intenção consiste num 
desfecho favorável. A tendência do objeto é obstruir o brônquio principal direito, liberando a 
traquéia e o brônquio principal esquerdo para a ventilação do paciente pelo pulmão esquerdo. 
6. O socorrista ao introduzir a RCP, deve obrigatoriamente pedir ajuda e solicitar um DEA já 
que esse paciente evoluirá para uma PCR caso o corpo estranho não seja removido e o pulmão 
não volte a ser ventilado. O SAMU 192 providenciará o deslocamento do paciente para um 
centro de atendimento adequado para uma possível fibroscopia e remoção do corpo estranho 
caso este esteja no bronco principal direito e o paciente tenha voltado respirar. Não se 
transporta paciente em PCR. 
7. Se a vítima não autorizar o contato do socorrista com ela num primeiro momento, o 
socorrista deve se manter auxiliando-a e com a premissa de que brevemente essa vítima, com 
aporte reduzido de oxigênio tenderá a se tornar inconsciente. Neste momento, ou seja, diante 
de uma situação de emergência, o socorrista estará autorizado a conduzir as manobras 
discutidas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CAPÍTULO 10 : DESOBSTRUÇÃO DE VIAS AEREAS EM LACTENTES 
 
 Em lactentes, as manobras diferem bastante: o socorrista ao se deparar com uma 
criança com obstrução de vias aéreas e consciente, chorando ou gemendo, deve inspecionar a 
cavidade bucal para avaliar se enxerga o objeto. Se o objeto não estiver visível ele deve iniciar 
a manobra de tapotagem da região interescapular alternada com compressões torácicas. 
 A tapotagem consiste em bater a mão em concha com a região hipotenar sobre as 
costas da vítima na região interescapular, cinco vezes, de baixo para cima. Para tanto, a 
criança deve estar posicionada com o tórax apoiado sobre o outro braço do socorrista. A mão 
do braço que apoia a criança deve apreender a mandíbula. Após realizar a tapotagem, o 
socorrista apreende a região occipital do lactente com a mão que ele utilizou para realizar a 
tapotagem e transfere a criança para este braço de modo que ela fique com as costas apoiada 
sobre o braço e de frente para o socorrista. Neste momento, o socorrista deve comprimir o 
tórax da vítima cinco vezes na linha intermamilar sobre o esterno com ajuda de dois dedos. O 
socorrista deverá alternar cinco compressões torácicas e cinco tapotagens nas costas enquanto 
a vítima estiver consciente. 
 Se a vítima lactente estiver, ou se tornar inconsciente no processo, pede-se ajuda, liga-
se para o SAMU 192 solicitando um DEA. Prossegue-se com as manobras de RCP numa 
relação de 30 compressões para duas ventilações, com o mesmo requinte de verificar a 
presença do corpo estranho na boca antes das ventilações, assim como é realizado em adultos 
e crianças com suspeita de obstrução de vias aéreas por corpo estranho.

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