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Notas de aulas de eletromagnetismo 10a Aula- “Lei de Faradayrt “ 1 Prof. Neri Alves Eletromagnetismo 2015 Neri Alves 11/12/2015 - 10a Aula Lei de indução de Faraday Vimos nas últimas aulas que ∇ × B��⃗ = μ�J⃗ Pelo teorema de Stokes podemos escrever que � B��⃗ . dl⃗ � = � ∇ × B��⃗ � ∙ n�da e � ∇ × B��⃗ ∙ n�da � = μ� � J⃗ � ∙ n�da Assim μ� � J⃗ � ∙ n�da = � B��⃗ . dl⃗ � E � B��⃗ . dl⃗ � = μ�I Onde � = � J⃗ � ∙ n�da Esta última expressão é a corrente que atravessa a superfície S determinada pelo contorno C. Lei de Indução de Faraday Neste item vamos tratar das relações entre, B��⃗ e E��⃗ quando temos correntes não estacionárias, ou seja correntes dependentes do tempo. Na eletrostática temos que ∇ × ��⃗ = 0 Notas de aulas de eletromagnetismo 10a Aula- “Lei de Faradayrt “ 2 Prof. Neri Alves e ∇ � ��⃗ . ��⃗ � = 0 Mas, estas equações não se aplicam a campos mais gerais, dependentes do tempo. Considere que um circuito fechado (contorno) C1, que determina uma superfície S. Como per exemplo uma espira onde passa uma corrente. ϕ = � B��⃗ ∙ n�da � [ϕ] = Weber (Wb) Se B��⃗ é constante no tempo, ϕ também é constante, ou seja, �� �� = 0. E neste caso nenhuma corrente é observada no circuito. Caso contrário, há (observa) a chamada corrente induzida. Como a Corrente depende da resistência do circuito, é mais conveniente expressar os resultados em termos de fem induzida. Lei experimental independente ε�������� = − dϕ dt [ε] → Volts O sinal negativo é introduzido para representar o sentido da fem induzida comparado com o sentido (arbitrário) escolhido para percorrer o circuito. O sentido é definido claramente pela lei de Lenz: a fem induzida (ou a corrente) tem um sentido que se opõe à mudança que está produzindo a fem . Mas por definição temos que: Notas de aulas de eletromagnetismo 10a Aula- “Lei de Faradayrt “ 3 Prof. Neri Alves ε�������� = � E��⃗ ∙ dl⃗ � ε�������� = � E��⃗ ∙ dl⃗ � = − dϕ dt � E��⃗ ∙ dl⃗ � = − d dt � B��⃗ . � n�da Numa situação de circuito rígido � E��⃗ ∙ dl⃗ � = − � ∂B��⃗ ∂t . � n�da Aqui, lembra-se que ao passar da derivada para dentro da integral, deve-se se usar as derivadas parciais pois o campo pode variar com a posição. Usando o teorema de Stokes, podemos escrever que Usando o teorema de Stokes � E��⃗ . dl⃗ � = � ∇ × E��⃗ � ∙ n�da Logo � ∇ × E��⃗ � ∙ n�da = − � ∂B��⃗ ∂t . � n�da ∇ × E��⃗ = − ∂B��⃗ ∂t Forma diferencial da Lei de Faraday. Potencial Vetorial Magnético Notas de aulas de eletromagnetismo 10a Aula- “Lei de Faradayrt “ 4 Prof. Neri Alves O Conceito de potencial elétrico simplifica o cálculo de campos eletrostáticos. A introdução de potencial elétrico é possível, pois o campo elétrico tem como propriedades que o ∇ × E��⃗ = 0. O mesmo argumento não pode ser usado para o campo magnético, pois, neste caso, ∇ × B��⃗ ≠ 0. No entanto temos que o seu divergente é zero, ∇ ∙ B��⃗ = 0. Assim, como o divergente de qualquer rotacional é zero (propriedade 1.1.2) é razoável supor que a indução magnética possa ser expressa por B��⃗ = ∇ × A��⃗ Assim ∇ ∙ �∇ × A��⃗ � = 0 Mas como o ∇ × B��⃗ = μ�J⃗, então há que se impor a condição de que ∇ × B��⃗ = ∇ ∙ �∇ × A��⃗ � = μ�J⃗ Usando a identidade 1.1.4 ∇ ∙ �∇ × A��⃗ � = ∇�∇ ∙ A��⃗ � − ∇�A��⃗ Impondo ∇ ∙ A��⃗ = 0 ∇�A��⃗ = μ�J⃗ (O Laplaciano) Não entraremos em detalhes sobre o uso e determinação de A��⃗ . Mas vejamos uma breve análise: B��⃗ (r⃗�) = μ� 4π � J⃗(r⃗�) � × r⃗� − r⃗� (|r⃗� − r⃗�|)� dV� Usando ∇� � 1 |r⃗� − r⃗�| �= − r⃗� − r⃗� (|r⃗� − r⃗�|)� Onde ∇� indica que a derivação se realiza em relação a r⃗�, temos: B��⃗ (r⃗�) = − μ� 4π � J⃗(r⃗�) � × ∇� � 1 |r⃗� − r⃗�| �dV� Notas de aulas de eletromagnetismo 10a Aula- “Lei de Faradayrt “ 5 Prof. Neri Alves Lembrando a identidade vetorial ∇ × �φ F�⃗ � = φ ∇ × F�⃗ − F�⃗ × ∇ φ Onde o último termo corresponde ao integrando da expressão anterior. Sendo o vetor F�⃗ = J⃗(r⃗�) e a função escalar φ = � � |��⃗ �� ��⃗ �| �, temos J⃗(r⃗�) × ∇� � 1 |r⃗� − r⃗�| �= ∇� × � 1 |r⃗� − r⃗�| �J⃗(r⃗�) + � 1 |r⃗� − r⃗�| �∇� × J⃗(r⃗�) Sendo que o último termo é zero. Pois o gradiente aplica-se a r⃗� e a corrente depende de r⃗�, então. B��⃗ (r⃗�) = − μ� 4π � �−∇� × � 1 |r⃗� − r⃗�| �J⃗(r⃗�)� � dV� Para comparação com B��⃗ e tirando o termo ∇� para fora da integral temos B��⃗ (r⃗�) = −∇� × � μ� 4π � � 1 |r⃗� − r⃗�| �J⃗(r⃗�) � dV�� Então A��⃗ (r⃗�) = μ� 4π � � 1 |r⃗� − r⃗�| �J⃗(r⃗�) � dV� Assim argumentamos: podemos escrever B��⃗ (r⃗�) = ∇ × A��⃗ (r⃗�) Ou seja, o campo magnético B��⃗ em r⃗� pode ser escrito como sendo rotacional de uma função vetorial denominada de potencial vetorial magnético, A��⃗ (r⃗�). É mais fácil calcular a indução magnética usando esta grandeza, o potencial vetorial magnético, do que pelo uso da Lei de Biot-Savart. O Cálculo do potencial vetorial num só ponto não é útil porque a indução magnética é obtida pela derivação. As principais aplicações são em estudo de Radiação eletromagnética, na resolução de Equações de Maxwell e no estudo de emissão de radiação. Notas de aulas de eletromagnetismo 10a Aula- “Lei de Faradayrt “ 6 Prof. Neri Alves Momento Magnético do circuito Quando um circuito (espira) com corrente I é exposta a um campo magnético, há um torque que é dado por τ = I A��⃗ × B��⃗ A��⃗ → vetor cujas componentes são as áreas projetadas sobre os planos xy, yz e zx. Onde I A��⃗ = m���⃗ é denominado de vetor momento magnético. Quando se trata de uma espira no plano, A��⃗ é a própria área da espira. E m���⃗ = I A��⃗ n� O conceito de momento magnético é definido a partir do conceito de potencial vetorial magnético A��⃗ . Neste ponto temos que ter muito cuidado pois estamos usando o mesmo termo para grandezas diferentes. Outra utilidade de A��⃗ é mostrar que no cálculo de B��⃗ a uma distância muito afastada de um circuito tem-se uma expressão similar ao campo elétrico de um dipolo elétrico P��⃗ . E��⃗ (r⃗) = 1 4πε� �− ��⃗ ���⃗ − �′��⃗ �� � + 3 ���⃗ ∙ ��⃗ − �′��⃗ �� ���⃗ − �′��⃗ �� � ��⃗ − �′ ��⃗ �� B��⃗ (r⃗�) = μ� 4π �− ���⃗ |(�⃗� − �⃗�)| � + 3 [���⃗ ∙ (�⃗� − �⃗�)] |(�⃗� − �⃗�)| � (�⃗� − �⃗�)� Onde ���⃗ é o momento de dipolo magnético, em analogia ao dipolo elétrico. Notas de aulas de eletromagnetismo 10a Aula- “Lei de Faradayrt “ 7 Prof. Neri Alves ���⃗ = 1 2 � � �⃗� × � � �⃗� O campo magnético distante não depende da forma geométrica, somente do momento magnético. Notas de aulas de eletromagnetismo 10a Aula- “Lei de Faradayrt “ 8 Prof. Neri Alves Propriedades magnéticas da matéria O campo magnético se modifica quando permeia um meio material? No meio material há correntes atômicas que dão origem à campos de indução magnética e podemos representá-los por dipolos magnéticos m���⃗ � . Cada corrente atômica (elétron girando em torno do núcleo é um pequeno circuito fechado de dimensões atômicas, com momento magnético m���⃗ � ). Assim, num meio material ocorre a denominada Magnetização, o que corresponde a um momento de dipolo por unidade de volume. Considere que no meio material haja i átomos num volume ∆V.a magnetização é dada por M���⃗ = lim ∆�→� 1 ∆V � m���⃗ � Vamos examinar esta questão. Vamos assumir que os átomos estão produzindo correntes no mesmo sentido. Se a distribuição de dipolos for uniforme e cada átomo possuir o mesmo momento de dipolo, as correntes de cada espira tendem a se cancelar mutuamente. Não haverá corrente líquida no interior do material. Mas na superfície não há o cancelamento, resultando numa corrente J⃗�, na superfície que gera a indução magnética. Notas de aulas de eletromagnetismo 10a Aula- “Lei de Faradayrt “ 9 Prof. Neri Alves Se a distribuição não for uniforme as correntes das espiras não se cancelam mutuamente e aparecem correntes de magnetização distribuídas no material. Assim duas equações que relacionam a corrente com a magnetização, podem ser deduzidas: J⃗� = ∇ × M���⃗ (Volume) ȷ⃗� = M���⃗ × n� (Superfície) Obs: Estas equações são deduzidas a partir do potencial vetorial A��⃗ . Equações de Campo Vimos que ∇ ∙ B��⃗ = 0 e ∇ × B��⃗ = μ�J⃗ E num caso geral ∇ × B��⃗ = μ��J⃗ + J⃗�� Onde, inclui-se nas correntes as componentes J⃗ é a corrente de movimento de cargas e J⃗� é a corrente de magnetização. Notas de aulas de eletromagnetismo 10a Aula- “Lei de Faradayrt “ 10 Prof. Neri Alves Como J⃗� = ∇ × M���⃗ temos que ∇ × B��⃗ = μ��J⃗ + ∇ × M���⃗ � ∇ × B��⃗ − μ� ∇ × M���⃗ = μ�J⃗ ∇ × �B��⃗ − μ� M���⃗ � = μ�J⃗ ∇ × � 1 μ� B��⃗ − M���⃗ � = J⃗ Onde o termo � � �� B��⃗ − M���⃗ � é denominado de vetor intensidade magnética ���⃗ , que é um vetor magnético auxiliar. Assim H��⃗ = 1 μ� B��⃗ − M���⃗ Portanto ∇ × H��⃗ = J⃗ E daí o vetor H��⃗ se relaciona com a densidade de corrente de movimento (transporte de cargas). Condições de contorno para ���⃗ e ���⃗ Para obter as condições de contorno usaremos inicialmente que ∇ ∙ B��⃗ = 0. Pelo teorema da divergência temos � ∇ ∙ B��⃗ � dV = � B��⃗ ∙ n� � da Então � B��⃗ ∙ n� � da = 0 Considere 2 meios em contatos Notas de aulas de eletromagnetismo 10a Aula- “Lei de Faradayrt “ 11 Prof. Neri Alves ȷ⃗� densidade de correntes superfíciais B��⃗ � e B��⃗ � são uniformes. A superfície lateral não contribui, pois, ℎ → 0. � B��⃗ ∙ n� � da = � B��⃗ � ∙ n��da � + � B��⃗ � ∙ n��da � + � B��⃗ � ∙ n��da � A terceira integral é zero, pois, a altura da superfície do cilindro é considerada igual a zero. Assim a expressão pode ser reescrita como: ∮ B��⃗ ∙ n� � da = B��⃗ � ∙ n��∆a + B��⃗ � ∙ n��∆a = �B��⃗ � ∙ n�� + B��⃗ � ∙ n���∆a Como ∆a deve ser diferente de zero para garantir a existência da área em análise, então: B��⃗ � ∙ n�� + B��⃗ � ∙ n�� = 0 B��⃗ � ∙ n�� + B��⃗ � ∙ n�� = 0 B��⃗ � ∙ n�� + B��⃗ � ∙ n�� = 0 Sendo n�� = −n�� temos B��⃗ � ∙ n�� − B��⃗ � ∙ n�� = 0 e então Notas de aulas de eletromagnetismo 10a Aula- “Lei de Faradayrt “ 12 Prof. Neri Alves B��⃗ � ∙ n�� = B��⃗ � ∙ n�� Ou em termos da componente normal B�� = B�� Ou seja, as componentes normais do vetor indução magnética B��⃗ �, são contínuas em uma superfície que separa dois meios. Consideremos agora a equação ∇ × H��⃗ = J⃗ Pelo teorema de Stokes � ∇ × H��⃗ ∙ n�da � = � H��⃗ ∙ dl⃗ � E � ∇ × H��⃗ ∙ n�da � = � J⃗ ∙ n�da � Onde � J⃗ ∙ n�da � = I Então � H��⃗ ∙ dl⃗ � = I Notas de aulas de eletromagnetismo 10a Aula- “Lei de Faradayrt “ 13 Prof. Neri Alves ∮ H��⃗ ∙ dl⃗� = ∫ H ��⃗ � ∙ dl⃗�� + ∫ H ��⃗ � ∙ dl⃗�� + ∫ H ��⃗ � ∙ dl⃗�� +∫ H ��⃗ � ∙ dl⃗�� Se considerarmos que a altura do contorno seja zero ( h=0), então os segmentos BC e DA não contribuem para ∮ H��⃗ ∙ dl⃗ � então ∫ H��⃗ � ∙ dl⃗�� = 0 e ∫ H ��⃗ � ∙ dl⃗�� = 0. Então � H��⃗ ∙ dl⃗ � = � H��⃗ � ∙ dl⃗� � + � H��⃗ � ∙ dl⃗� � E se H��⃗ é constante em ∆l � H��⃗ ∙ dl⃗ � = H��⃗ � ∙ � dl⃗� � + H��⃗ � ∙ � dl⃗� � � H��⃗ ∙ dl⃗ � = H��⃗ � ∙ ∆l⃗� + H��⃗ � ∙ ∆l⃗� Onde ∆l⃗� = −∆l⃗� Então H��⃗ � ∙ ∆l⃗� − H��⃗ � ∙ ∆l⃗� = �H��⃗ � − H��⃗ �� ∙ ∆l⃗� e � H��⃗ ∙ dl⃗ � = �H��⃗ � − H��⃗ �� ∙ ∆l⃗� e como � H��⃗ ∙ dl⃗ � = � J⃗ ∙ n�da � A integral é calculada na interface entre dois meios que na maioria dos casos de interesse tem densidade de corrente nula. Assim �H��⃗ � − H��⃗ �� ∙ ∆l⃗� = 0 Ou em termos das componentes tangenciais H�� − H�� = 0 As componentes tangenciais são contínuas quando a densidade de corrente de transporte superficial for nula. Notas de aulas de eletromagnetismo 10a Aula- “Lei de Faradayrt “ 14 Prof. Neri Alves Exercícios 1. Usando a definição de que ind C ldE , usando a relação experimental ( lei da indução magnética) de que dt d ind , demonstre a forma diferencial da lei de Faraday, t B E onde E e B são respectivamente o campo elétrico e o magnético. Sugestão:Considere como ponto de partida o fluxo magnético num circuito fechado e contorno C1 sendo B constante no tempo, S danB e use o teorema de Stokes. 2. Partindo das definições de campo, ∇ ∙ B��⃗ = 0 e ∇ × B��⃗ = μ�J⃗ , e de corrente de magnetização, J⃗� = ∇ × M���⃗ , demonstre que H��⃗ = � �� B��⃗ − M���⃗ . 3. Sabendo que AB e 13 12 12 1 0 2 4 dV rr rr rJrB V mostre que o vetor potencial A é dado por 1 12 10 2 4 dV rr rJ rA V . Relações úteis Af e 12 2 1 rr . 4. Sabendo que densidade de corrente de magnetização no volume é MJm e que o JB o , demonstre que JH o . Explique . 5. A partir do rotacional do campo H (variável no tempo) escreva a condição de contorno para a vetor H , na interface entre dois meios. Discuta em que condição ela é continua 6. Considerando que 0 B escreva a condição de contorno para o vetor indução magnética B , na interface entre dois meios. Discuta em que condição ela é continua.
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