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HPE_Aula_AL_Brasil

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Pensamento econômico latino-americano: desenvolvimentismo
Prof. Giorgio Romano
Tídia: Prof. Giorgio HPE
24 de novembro de 2011
Determinação processo de desenvolvimento
O método proposto é uma análise integrada sociológica e
econômica ao mesmo tempo.
Determinação processo de desenvolvimento:
Condicionantes econômicos impostos pelo mercado mundial.
Estrutura do sistema produtivo nacional e seu tipo de vinculação com o mercado externo.
Configuração histórica da aliança de poder. Aqui entram as questões históricas como escravidão, existência de populações indígenas e a imigração européia. 
Orientação e objetivos dos movimentos político-sociais. 
Subdesenvolvimento, Periferia, Dependência
Dependência: 
grau de autonomia dos centros de decisão 
(vinculação esfera econômica e política, no plano interno e no
externo)
Subdesenvolvimento: 
grau de diferenciação do sistema produtivo
Obs. FHC/Faletto: não existe nexo imediato entre desenvolvimento
de forças produtivas e formação de centros autônomos de decisão
Independência política x dependência econômica
Independência 
Centro político ganha certa autonomia
Vinculações econômicas continuam determinadas pelo mercado
externo  limita a possibilidade de decisão e ação autônomas
Década de 1930
No mercado internacional condição favorável ao desenvolvimento interno
No jogo político-social interno existência de uma dinâmica favorável à obtenção de graus mais amplos de autonomia
Dependência e classes sociais
Dependência não é somente variável externa 
Deve ser analisada a partir das relações entre as diferentes classes
sociais no âmbito das nações dependentes
Duas dimensões:
Condicionamento fatores internos
Pressões e vinculações externas
Obs 	Dinâmica relação/ação classes sociais nos países 	dependentes diferente do que foi nos países centrais 	(ascensão burguesia com poder político)
	
Economia de enclave
Indústria mineira de exportação = desnacionalização + lógica
economias de enclave:
dinâmica econômica isolada;
desvincular da economia interna do fluxo de renda;
infra altamente especializada => economias externas escassas; 
insumos de origem industrial adquiridos fora do país;
reduzido fluxo de salários;
fluxo de renda remitido ao exterior.
Superação da dependência: Estado interfere aumentando sob
forma de impostos fluxo de renda interna
CEPAL
CEPAL – Comissão Econômica para a América Latina e Caribe
da ONU (1948) Primeiro secretário-geral, Raul Prebisch
Contexto: impacto crise 1929
transição de um modelo econômico primário-exportador para
	um modelo urbano-industrial, voltado para o mercado interno. 
Influencia CEPAL sobre políticas econômicas das décadas de
1950 e 1960
inserção internacional
condições estruturais internas
ação estatal recomendada
Pensamento CEPAL
Subdesenvolvimento não é etapa histórica comum a todos os
países, mas a condição específica da periferia do sistema
capitalista, resultado histórico da evolução da economia mundial
abordagem teórica:
histórico-indutiva (analisa as condições históricas da periferia latino-americana => crítica a pretensão de universalismo)
estruturalismo (inserção internacional – condicionantes internos)
Desenvolvimentismo como convenção de transformação da
sociedade latino-americana.
Evolução pensamento CEPAL
1948-1960 industrialização
1960 Reformas (reforma agrária, distribuição de renda para
dinamizar a economia)
urbanização=> dificuldade de incorporar as massas no mercado de trabalho formal
vulnerabilidade externa persiste
impacto revolução Cubana (1959)
1969 Dependência e Desenvolvimento na América Latina (FHC e
Enzo Faletto): possibilidade de um desenvolvimento associado
Evolução pensamento CEPAL
1970 industrialização com endividamento e esforço exportador
impacto da crise de petróleo 1973 (petrodólares)
crescimento concentrador (falta de reformas de base não era obstáculo (1971 Para além da estagnação. Maria da Conceição Tavares/ Serra) 
1980 divida externa- ajustes estruturais/ renegociação da dívida
nova ortodoxia (neoliberalismo: Estado parte do problema não da solução) => Consenso de Washington
Cepal substituída pelo FMI
Evolução pensamento CEPAL
1990 Plano Brady/ liquidez internacional possibilitou inserção na
globalização/vulnerabilidade financeira =>
a reforma das reformas
regionalismo aberto (Mercosul)
2000 neo-desenvolvimentismo com ênfase na questão social e
revalorização Estado/ mercado interno (crescimento, estabilidade
e equidade) 
Tese centro-periferia
Difusão e distribuição do progresso técnico se da de forma desigual
no centro: elevação simultânea da produtividade de todos os
setores da economia 
na periferia: progresso técnico só nos setor de exportação (ilhas
de produtividade) e atraso no restante do sistema produtivo
 => desenvolvimento do subdesenvolvimento 
Real desenvolvimento econômico para Prebisch: 
Técnicas produtivas modernas absorvidas por regiões atrasadas
No processo clássico: padrões de demanda se desenvolveram
pari passu com as descobertas tecnológicas e com a expansão da
riqueza => estrutura produtiva era capaz de acomodar e mesmo
antecipar as mudanças na estrutura de consumo da sociedade
 
Na periferia: padrão de consumo em boa medida independente do
sistema produtivo: bens modernos importados através dos
rendimentos gerados na atividade exportadora
Singularidade processo de desenvolvimento na periferia - 1
Singularidade processo de desenvolvimento na periferia - 2
Dificuldade herdadas:
especialização em umas poucas atividades de exportação 
baixo grau de diversificação
reduzidas complementaridade intersetorial e integração vertical
=> heterogeneidade estrutural + baixa produtividade =>
constrangimentos estruturais para aumentar a poupança
Obs. Keynes reagiu à crise nos países desenvolvidos: intervenção
 do Estado para uso adequado de poupança ociosa 
Problema nos países subdesenvolvidos: poupanças escassas
Singularidade processo de desenvolvimento na periferia -3 
Dualismo estrutural: a sociedade tradicional não é a etapa
anterior a da moderna que perderia força com o avanço da
moderna. 
A relação não é desenvolvimento/sociedade moderna x
subdesenvolvimento/ sociedade tradicional. 
Característica países em desenvolvimento: padrão híbrido
(tradicional e moderno)
O desenvolvimento (mudança das estruturas econômicas e
sociais) pressupõe a transformação da dominação social (relação
entre grupos, forças e classes sociais). É isso que determina
inclusive a singularidade de cada situação de subdesenvolvimento. 
Singularidade processo de desenvolvimento na periferia - 4
Efeito demonstração = padrão de consumo praticado pelas
classes sociais mais ricas(o do primeiro mundo) não-compatível
com estágio de desenvolvimento.
Pressão modernizadora do consumo como freio ao desenvolvimento: favorece importações (de bens de consumo e
 	de capital) relacionadas a esse padrão + induz investimentos
 	em setores que não são básicos para a economia. 
 Da mesma forma é importante reconhecer que os grupos sociais dominantes têm fortes interesses na relação com o centro: decisões sobre produção/ consumo tomadas em função dos interesses do centro.
Singularidade processo de desenvolvimento na periferia - 5
Tese da deterioração dos termos de troca
elasticidade renda de produtos primários < dos produtos manufaturados
falta de organização sindical permite pressão para baixo dos preços 
imobilidade mão-de-obra
Singularidade processo de desenvolvimento na periferia - 6
Desemprego estrutural
elevada taxa de crescimento demográfico + incapacidade de absorção do excedente de mão-de-obra
periferia tende a empregar as técnicas capital-intensivas disponíveis no centro
no centro: progresso técnico associado às condições de oferta de trabalho e disponibilidade de capital
na periferia: escassez de capital e trabalho não desempenha qualquer papel importante na escolha
de técnicas por empresários
Singularidade processo de desenvolvimento na periferia – 7a
Tese estruturalista sobre a inflação
Países subdesenvolvidos são particularmente vulneráveis a
inflação pq a rápida diversificação/ crescimento da procura x
padrão de oferta relativamente inelástica de equipamentos,
produtos intermediários, conhecimentos técnicos
 
Furtado: desequilíbrio inflacionário: existência de faixa de
procura sem contrapartida de oferta e de faixas de oferta sem
contrapartida de procura
Subdesenvolvimento = estrutura de oferta rigida
Singularidade processo de desenvolvimento na periferia – 7b
Desequilíbrio crônico no balanço de pagamento =>
desvalorização câmbio => elevado custo e preço interno
(desequilíbrio externo como causa da inflação)
Com padrão de crescimento voltada para dentro => 
falta de capacidade do sistema produtivo de se adaptar às
exigências: pontos de estrangulamento internos
exportações não se expandem em velocidade suficiente pq demanda internacional cresce lentamente;
oferta de alimentos é rígida por causa das condições sociais;
serviços de utilidade pública são insuficientes por causa da inadequação no sistema tributário.
Desenvolvimentismo 
Industrialização integral condição necessária para superação da pobreza e do subdesenvolvimento;
não há forças espontâneas de mercado par alcançar esse industrialização integral, logo é necessário que o Estado a planeje;
o planejamento deve definir a expansão desejada dos setores econômicos e os instrumentos de promoção dessa expansão (priorização);
Estado deve ordenar a execução da expansão, captando e orientando recursos financeiros, promovendo investimentos diretos nos setores em que a iniciativa privada seja insuficiente. 
Teoria de subdesenvolvimento: políticas heterodoxas
Redução diferença entre países desenvolvido e subdesenvolvidos
exige independência política e econômica
ataque contra doutrina dominante do livre comércio para
	justificar políticas heterodoxas visando acelerar o processo de industrialização
protecionismo
planejamento 
creditício governamental
investimentos estatais diretos
Modelo de Substituição de Importações (SI)
1º passo: substituição de importações de bens finais não
duráveis, que envolvem uma tecnologia simples e pouco capital
novas indústrias importam maioria dos bens intermediários e de capital
crescimento do novo estágio econômico que envolve uma elevação das necessidades globais de bens estrangeiros
=> estrangulamento externo: insuficiência para importar
Tavares (1964): tendência ao desequilíbrio externo é inerente à
industrialização periférica
Déficits externos estimulo original (push) para SI, mas se
tornam barreira à continuidade do processo.
Modelo de Substituição de Importações (SI)
2º passo: ampliação Modelo SI aos setores de bens duráveis
finais, bens intermediários e bens de capital (Ex. II PND)
Para isso:
diversificação estrutura produtiva
aumento mercado interno
reforçar capacidade para importar
Tese do protecionismo
SI = industrialização com políticas protecionistas
Desenvolvimento espontâneo da indústria impraticável por ser
anti-econômico: para contrabalançar as diferenças da
produtividade só restaria a proteção (tarifas alfandegárias ou
subsídios) =>
esforço para absorver mão-de-obra em atividade de mercado
interno moderno 
CEPAL - Planejamento
 urgência de programas de desenvolvimento
planejamento precisa selecionar as atividades a serem estimuladas 
projeções sobre a demanda para todos os setores (crescimento renda/ distribuição de renda/ elasticidade renda da demanda) 
Pensamento desenvolvimentista no Brasil
Setor privado (Roberto Simonson; Rômulo de Almeida)
a) 	nacionalista 
 - Estado preferência sobre setor privado internacional
não-nacionalista 
	preferência p/ soluções privadas, mesmo de capital estrangeiro
Setor publico: a partir do Estado Novo: criação de agências
voltadas para administração da economia (Celso Furtado)
Depois: BNDE; Assessoria Econômica de Vargas; Banco do
Brasil; Comissão Mista Brasil-EUA
Desenvolvimentismo no setor privado
Defesa de um projeto de industrialização planejada + 
defesa interesses de capital industrial privado nacional
Confederação Nacional da Indústria (CNI)
Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP)
 Obs. No Estado Novo: líderes empresariais participaram nas
agências econômicas governamentais 
CNI criou núcleos de reflexão desenvolvimentista: Conselho
	Econômico; Departamento Econômico com publicação na primeira metade da década de 1950 Estudos Econômicos (publicando Prebish)
Ordem dos Economistas de São Paulo publicou a Revista de Ciências Econômicas (Deflim Netto)
Roberto Simonson
Roberto Simonson (1889-1948) 
– empresário; engenheiro; economista
Presidente CNI (1935/1936)
Presidente Fiesp (1937-1945)
Considerava industrialização estágio de alta civilização e 
	“O desenvolvimento industrial de uma país depende, sobretudo da instalação de indústrias de base, constituídas, principalmente pela metalurgia e grande indústria química”. 
Roberto Simonson
Simonson: projeto de industrialização depende de um decidido
apoio governamental.
Argumento: seguindo Ricardo, o Brasil só pode produzir em
condições econômicas (vantagens competitivas) o café
(desenvolvimento = transformar o Brasil num vasto cafezal?)
O livre comércio de Ricardo reduz a liberdade de intercâmbio
	comercial entre as nações com predomínio das mais fortes, em
 	detrimento do padrão de vida dos menos desenvolvidos
Defesa do protecionismo:
estar livre do esmagamento proveniente dos dumpings
poderosos concorrentes estrangeiros
Roberto Simonson
Cita argumento Friedrich List: à exceção da Inglaterra, todos os
demais países industriais haviam realizado sua industrialização
com base em forte protecionismo =>
ideologia do livre comércio é bom para as economias desenvolvidas
	“...barreiras protecionistas indispensáveis à formação industrial em sua fase incipiente”.
Crítica aos “puristas da chamada escola liberal” com sua lei da
sobrevivência dos mais capazes: “...não se pode e não se deve
deixar os povos à mercê dos iníquos resultados de uma tal lei”. 
Roberto Simonson
Defesa de planejamento econômico coordenado pelo governo:
satisfazer as necessidades essenciais de nossas populações.
Desafio: “profundas intranqüilidades sociais..vulgarizam-se cada
vez mais as noções de conforto”.
=>
formas indiretas de direcionamento de recursos para determinadas setores
investimentos diretos em setores de base (não existindo
	possibilidade com a simples iniciativa privada de fazê-la
 	crescer com rapidez) Ex. aço, petróleo, celulose, etc
=> Polêmica com Gudin
CNI
I Congresso Brasileiro da Indústria- São Paulo, 1944
I Conferência Nacional das Classes Produtoras – Teresópolis
1945 => 
Carta Econômica de Teresópolis: 
Industrialização essencial para 
aumentar a renda nacional;
diversificação da produção, elemento indispensável a estabilidade.
Diferenciar “indústrias-chave e estratégicas” – sujeitas à ação
estatal e demais industriais: assistência estatal somente quando
solicitada => em todo caso de ação direta, o Estado deve ouvir
previamente os empresários.
Visão privada do desenvolvimentismo
Preservação de mercados (protecionismo);
oposição à elevação dos salários e tributação de lucros (contra proposta Furtado de usar ação fiscal para aumentar poupança);
defesa da ampliação do crédito => poupança forçada;
limitar propriedade estatal ao necessário:
quando segurança nacional o exija
quando os empreendimentos ultrapassam a capacidade da iniciativa privada
Visão setor privado sobre capital estrangeiro
Preservar o capital nacional da concorrência desigual do capital
estrangeiro (isonomia: contra privilégios capital internacional)
Carta de Teresópolis:
orientar os investimentos estrangeiros para os ramos ainda não explorados;
incentivar participação do capital nacional nos empreendimentos
estrangeiros e participação ativa de brasileiros na administração superior das empresas.
Visão setor privado sobre capital estrangeiro - 2
Com relação às remessas de lucro : repatriamento deve observar
somente possibilidades cambiais de economia nacional. 
(parcela do empresariado apoiou a legislação de remessa de
lucros de 1962).
 
CNI defendeu ainda:
participação dos empresários nacionais nos estudos dos pedidos de autorização para novos investimentos;
proibição da concessão de empréstimos por órgão de crédito estatal às empresas com mais de 50% de capital estrangeiro.
Roberto Campos
Roberto Campos (1917-2011) 
– a ala direita do desenvolvimentismo
industrialização com participação das multinacionais e apoio do Estado => desenvolvimentismo tripé JK
crítica estatização exagerada
posição favorável ao planejamento da industrialização (Plano de Metas)
Roberto Campos: defesa planejamento
Características especiais dos países subdesenvolvidos tornam o
planejamento econômico e a intervenção estatal mais prementes:
necessidade de compensar a debilidade da iniciativa privada;
contornar o problema da inexistência de um mercado de capitais (poupança forçada: transformar em investimento, via tributação, os recursos que seriam utilizados em consumo);
decisões sobre investimentos em função de longo prazo (faculdade telescópica do governo x visão imediatista dos investidores privados/ consumidores);
necessidade de acelerar o ritmo de crescimento.
Roberto Campos: defesa planejamento
Crescimento na periferia não poderia ser schumpeteriano: 
o crescimento nos países subdesenvolvidos não é uma processo
acionado de forma espontânea pelo lado da oferta => grande
investidor acaba sendo o governo. 
No esforço de planejamento: identificar pontos de germinação:
capazes de provocar surto de investimentos colaterais (ex energia,
transporte, produtividade agrícola etc).
Roberto Campos x Eugênio Gudin
Eugênio Gudin, principal economista liberal brasileiro: 
estratégia de industrialização violentaria a eficiência alocativa da economia de mercado do pais; 
industrialização não é sinônimo de desenvolvimento; agricultura não é sinônimo de pobreza;
administração pública necessariamente ineficiente
defesa crescimento pela divisão internacional de trabalho
Roberto Campos: 
industrialização essencial para superar o subdesenvolvimento
modernizar máquina administrativa torna Estado eficiente
Roberto Campos
Pontos em comum entre Gudin e Campos:
defesa da iniciativa privada 
abertura ao capital estrangeiro
João Goulart o nomeou Embaixador em Washington (1962)
Ministro de Planejamento 1964-1967 tese da inflação da
	demanda para justifica política de arrocho salarial (inelasticidade da oferta).
	Obs Defesa autonomia IPEA

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