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94 COMUNICAÇÃO BREVE Adolescência & SaúdeAdolesc. Saude, Rio de Janeiro, v. 13, n. 2, p. 94-98, abr/jun 2016 RESUMO Objetivo: Este artigo tem por objetivo apresentar uma ação de promoção de saúde a adolescentes trabalhadores de um Call Center, desenvolvida durante o Estágio Específi co do Curso de Psicologia. Descrição do caso: A ação foi realizada em uma Central de Atendimento, cujos trabalhadores são adolescentes com idade entre 16 e 17 anos, vinculados a uma Organização Não-Governamental de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, responsável pelo encaminhamento de jovens em situação de vulnerabilidade ao mercado de trabalho. Conclusão: Os relatos encontrados na literatura, a produção científi ca e o relato de experiência, demonstram que a presença do psicólogo neste ambiente e o espaço criado, oportunizam ao trabalhador adolescente depositar suas necessidades, difi culdades, facilidades, interagindo com o grupo de trabalho de uma forma saudável, abrindo espaço para expressão da sua subjetividade, promovendo saúde. PALAVRAS-CHAVE Adolescente, promoção da saúde, saúde do trabalhador. ABSTRACT Objective: This paper presents a health promotion action targeting adolescent workers at a Call Center, implemented during a specifi c internship for a psychology course. Case description: This action was implemented at a Call Center whose workers are teenagers between 16 and 17 years old, linked to a non-governmental organization in Campo Grande, Mato Grosso do Sul State that ushers vulnerable youngsters on to the job market. Conclusion: The reports in the literature, scientifi c output and the experience report show that the presence of a psychologist and the establishment of this setting offer young workers the chance of addressing their needs, diffi culties, and skills, interacting with the working group in a healthy way while allowing them to express their individual views, thus enhancing their health KEY WORDS Adolescent, health promotion, occupational health. Promoção de saúde ao adolescente trabalhador: relato de experiência em um Call Center Health promotion for teen worker: report of experience in a Call Center Laura Massuda Mendonça1 Eveli Freire Vasconcelos2 Ariany da Silva Villar3 Laura Massuda Mendonça (laura_massuda@hotmail.com) - Rua Germana Ferreira de Jesus, 79, São Francisco. Campo Grande, MS, Brasil. CEP 79009-740. Recebido em 09/12/2014 – Aprovado em 02/06/2015 1Graduada em Psicologia pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB). Campo Grande, MS, Brasil. Psicóloga social da Legião da Boa Vontade (LBV). Campo Grande, MS, Brasil. 2Doutoranda em Psicologia da Saúde. Docente e Supervisora de estágio em Psicologia do Trabalho. Coordenadora do curso de Graduação em Psicologia e de Especialização Lato Sensu em Psicologia Organizacional e do Trabalho da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB). Campo Grande, MS, Brasil. 3Graduanda em Psicologia. Bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científi co e Tecnológico (CNPq) pelo programa de Iniciação Científi ca (PIBIC) da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB). Campo Grande, MS, Brasil. > > > > 95Mendonça et al. PROMOÇÃO DE SAÚDE AO ADOLESCENTE TRABALHADOR: RELATO DE EXPERIÊNCIA EM UM CALL CENTER Adolesc. Saude, Rio de Janeiro, v. 13, n. 2, p. 94-98, abr/jun 2016Adolescência & Saúde “Ofi cinas” é uma técnica defi nida por Afon- so MLM (p.9)2 como "um trabalho estruturado com grupos, independente do número de en- contros, sendo focalizado em torno de uma ques- tão central que o grupo se propõe a elaborar, em um contexto social [...]". A Exposição dialogada é considerada um método de exposição que utiliza como técnica o diálogo, buscando uma relação direta, na qual todos são expositores e recepto- res3. A Roda de conversa, que segundo Gonçal- ves e Silva PB e Bernardes NMG4 é um meio de coletar informações, esclarecer idéias e discutir temas, gerando oportunidade de aprendizado e exploração de argumentos, sem ter elabora- ções conclusivas, num clima de informalidade; e a técnica de Dinâmicas de grupo, termo criado por Kurt Lewin, que pode ser defi nida como uma técnica que inclui atividades de vivências simu- ladas com um grupo de pessoas, nas quais os participantes podem agir com autenticidade5. Foram realizados seis encontros, com a du- ração média de uma hora com cada grupo. Bus- cou-se trabalhar as necessidades que emergiam nos grupos, sendo os encontros preparados de acordo com a demanda apresentada no encon- tro anterior. O primeiro encontro teve como objetivo ve- rifi car as necessidades do grupo em relação aos primeiros contatos com o trabalho, utilizando-se da “Roda de Conversa”. Percebeu-se a difi cul- dade de relacionamento entre os adolescentes, principalmente entre as meninas. Por dividirem a posição de atendimento com outra pessoa no turno contrário, sentem difi culdade em relação ao cuidado com o material de trabalho. Observou-se que em relação à realização do trabalho não houve nenhuma difi culdade apre- sentada pelos adolescentes; a possibilidade de seguir um roteiro, característica típica deste setor, lhes dava a sensação de segurança e facilidade. O segundo encontro objetivou verifi car conceitos sobre o trabalho, utilizando a dinâmi- ca de Berkenbrock VJ6, “Formulando conceitos”, modifi cada para a realidade de trabalho dos ado- lescentes. Observaram-se alguns conceitos sobre o trabalho que eles estavam desenvolvendo: fu- INTRODUÇÃO O projeto foi realizado em uma Organi- zação Não-Governamental (ONG) em Campo Grande, MS, que tem por fi nalidade contribuir para a qualifi cação sócio-profi ssional do adoles- cente em situação de vulnerabilidade social, ob- jetivando a sua inserção no mercado de traba- lho, bem como auxiliar o seu desenvolvimento educacional1. Participaram do projeto 28 adolescentes com idade entre 16 e 17 anos, vinculados a esta ONG, que foram encaminhados para trabalhar em uma Central de Atendimento ao cliente de uma Secretaria Municipal durante cinco meses. O primeiro contato com esses adolescentes foi durante o processo seletivo para destinar as vagas da secretaria. A necessidade de um acom- panhamento desses adolescentes surgiu primeira- mente com assuntos relacionados às habilidades técnicas desenvolvidas durante o curso de auxiliar administrativo, que dispõe de algumas noções básicas de atendimento ao público, atendimento telefônico, protocolo, arquivo, entre outras ativi- dades, sem foco em telemarketing, provocando certa insegurança por parte da organização so- bre o desempenho desses adolescentes diante de uma nova função nesta secretaria. Dos 28 adolescentes, catorze trabalhavam no período matutino, das 07h30min às 13h30min e os demais trabalhavam no período vespertino/ noturno, das 13h30min às 19h30min. Devido à demanda de ligações, para que pudéssemos desenvolver o programa, o grupo do período matutino foi divido em dois, em que revezavam a participação no projeto. Assim também era feito no período vespertino, for- mando, no total, quatro grupos. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES REALIZADAS E DISCUSSÃO Foram utilizadas diferentes técnicas e pro- cedimentos: Ofi cinas; Exposição dialogada; Roda de conversa; e Dinâmicas de grupo. > > 96 Mendonça et al.PROMOÇÃO DE SAÚDE AO ADOLESCENTE TRABALHADOR: RELATO DE EXPERIÊNCIA EM UM CALL CENTER Adolescência & SaúdeAdolesc. Saude, Rio de Janeiro, v. 13, n. 2, p. 94-98, abr/jun 2016 turo, compromisso, responsabilidade e essencial, utilizados para defi nir o signifi cado do trabalho. O vínculo estabelecido no ambiente de trabalho com colegas e com a chefi a fazia que se sentissem acolhidos. No entanto, percebeu- -se que um atendimento em que deviam escutar insultos do cliente os afetava muito, fator este já observado em diversos estudos7, 8, 9. Necessidades de modifi caçãoforam apon- tadas por eles devido a fatores como headsets estragados, temperatura de ar-condicionado muito baixa e algumas brigas ocasionadas pelas condições do local de trabalho, as quais podem ser comparadas com as da pesquisa desenvolvi- da por Veras VS e Ferreira MC10, em que o prin- cipal indicador crítico das condições de trabalho é o desconforto causado pelo ar-condicionado. As relações de trabalho também foram de- batidas pelos adolescentes. Os comentários e brincadeiras no ambiente de trabalho passaram a desencadear confl itos entre eles. A partir disso, verifi cou-se a necessidade de enfocar as relações interpessoais no terceiro encontro. Neste, trabalhou-se conceitos como asserti- vidade, agressividade e passividade, utilizando a dinâmica “Nem passivo nem agressivo: asserti- vo!” de Del Prette A e Del Prette ZAP11. Os adoles- centes utilizavam do espaço dado nos encontros para esclarecer discussões que haviam ocorrido no ambiente de trabalho e expor suas vivências. O quarto encontro trabalhou a imagem pessoal, utilizando a teoria proposta por Fritzen SJ12. Foi feita uma refl exão sobre a imagem que cada um tinha de si, e como as outras pessoas os percebiam. Observou-se a difi culdade de rela- cionamento nos grupos. Num deles, debateu-se o medo de ser traído pelos colegas, o que modi- fi cou o convívio entre eles. Também foi colocada a diferença de postura de cada adolescente. Nos demais grupos essa refl exão deixou entrever a possibilidade de estreitar laços, abrindo espaço para falarem sobre características positivas dos seus colegas. O quinto encontro objetivou verifi car o ocorrido durante o período e a escolha profi ssio- nal. Utilizou-se a “Roda de conversa” e a Dinâ- mica de grupo “Caminhos profi ssionais”. Cada grupo se organizou de uma forma diferente. No turno matutino foi realizada somente a roda de conversa, e no período vespertino, a roda de conversa e a dinâmica. Os dois grupos do período matutino fala- ram sobre a difi culdade que estão encontran- do no trabalho durante a última semana, pelo crescimento da demanda. Uma das participantes relatou que antes via o telemarketing como algo bom, estava animada para desempenhar seu tra- balho, porém agora vê essa modalidade como um trabalho cansativo; tem sentido alteração na voz (dor de garganta, rouquidão) e zumbido no ouvido. Segundo Algodoal, mencionado por Fer- reira LP, Akutsu CM, Luciano P e Viviano NDAG13, queixas como ressecamento de garganta, cansa- ço ao falar e rouquidão são sintomas ligados ao uso contínuo da voz pelos teleatendentes. Os grupos do período vespertino relataram que o aumento da demanda atingiu as expecta- tivas deles. Foi aplicada a dinâmica "Caminhos Profi ssionais", onde colocaram seus pensamen- tos sobre a formação, o interesse em fazer algum curso de nível superior e continuar trabalhando. Compararam a decisão em fazer o curso supe- rior com a entrada na ONG, como uma melhor chance de enfrentar o mercado de trabalho. O último encontro foi realizado com um fechamento dos encontros e uma avaliação do programa para verifi car como cada um viven- ciou este período. A maioria dos adolescentes destacou que esta experiência como atendente de telemarketing proporcionou maior aprendiza- do na área de call center, possibilitando futuras oportunidades. Outro ponto foi o aprendizado pessoal. Sete adolescentes destacaram alguma mudança pessoal ocorrida durante o período em que tra- balharam como atendentes. Veloso ER9, em sua pesquisa, observou que pessoas que trabalham há pouco tempo como atendentes percebem um crescimento pessoal, principalmente das ha- bilidades de comunicação. Uma das principais difi culdades apontadas foi o relacionamento com os colegas de trabalho. 97Mendonça et al. PROMOÇÃO DE SAÚDE AO ADOLESCENTE TRABALHADOR: RELATO DE EXPERIÊNCIA EM UM CALL CENTER Adolesc. Saude, Rio de Janeiro, v. 13, n. 2, p. 94-98, abr/jun 2016Adolescência & Saúde Apesar de ser colocado como um fator negativo, este pode ser considerado um ponto positivo, pois proporcionou a socialização e o confronto com as diferenças, confi rmando as afi rmações de Mauro MLF, Giglio JS e Guimarães LAM14. Segundo estudo desenvolvido por Green- berg et al., mencionado por Arteche AX e Ban- deira DR15 com adolescentes americanos, o trabalho somado às angústias típicas da adoles- cência, resulta em baixo nível de bem-estar nos trabalhadores dessa faixa etária; fator esse obser- vado de forma diferenciada em pesquisa realiza- da por Sarriera15, que observou maior nível de saúde e autoestima em adolescentes emprega- dos em comparação aos desempregados. Como já exposto, esse confl ito dos aspectos positivos ou negativos do trabalho na vida dos adolescen- tes dependerá das condições de trabalho. A difi culdade de lidar com o nervosismo e a falta de informação das pessoas que entravam em contato com a Central também foi outro ponto destacado por eles. As falas agressivas dos usuários do serviço oferecido foi relatada por Freire ON7 como carga psíquica, o que pode gerar sentimentos de impotência e esgotamen- to, causando adoecimento. Sobre a vivência dos encontros, todos acre- ditam que auxiliou no desempenho do trabalho, sendo vista como momentos dedicados para as relações de trabalho, resolução de confl itos in- terpessoais, auxilio no trabalho, retirando dúvi- das em relação à postura no ambiente de traba- lho, e até mesmo de expressão de sentimentos e necessidades, de descontração entre os colegas e descanso. Deve-se levar em consideração que a ado- lescência é um momento adequado para o de- senvolvimento de ações preventivas, por ser uma fase de reestruturação16. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os resultados da ação de promoção da saú- de realizada com esses adolescentes, confi rmam a pesquisa realizada por Yoshida LAM e Giglio JS16, demonstrando que este espaço continente permite ao trabalhador adolescente a expressão da sua subjetividade, pouco exigida durante o trabalho no call center. Percebe-se que o psicólogo, como promo- tor da saúde, tem muito a contribuir, favorecen- do a vivência grupal, a refl exão, a expressão de ideias, necessidades e confl itos. AGRADECIMENTOS Agradecemos aos adolescentes que tanto nos ensinaram. > REFERÊNCIAS 1. Instituto Mirim de Campo Grande. Estatuto [Internet]. Campo Grande (MS): IMCG; 2009 [citado 2010 Mar 03]. Disponível em: http://www.institutomirim.org.br 2. Afonso MLM. Ofi cinas em dinâmica de grupo: um método de intervenção psicossocial. 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