Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Produção de gráficos Gráficos representam uma importante forma de interpretar informações sobre fenô- menos da Física de outras áreas. Traçar um gráfico é uma tarefa relativamente fácil de fazer. Algumas vezes dispomos de uma equação matemática, outras vezes dispo- mos de dados discretos nos quais não conhecemos a equação sobre a qual queremos conhecer uma informação. Consideremos um sistema simples do segundo grau descrita pela equação: y(x) = x+ 2 (0.1) neste sistema dispomos da informação de que se trata de uma equação do primeiro grau pois o expoente de x corresponde a unidade (portanto sequer precisou ser es- crito). Sabemos que para conhecer o valor de y em um ponto qualquer precisamos conhecer então o valor de x no ponto desejado. Dizemos que a variável x corresponde a variável independente e que y é a variável dependente. Podemos calcular vários valores de y(x) se conhecemos os valores de x. Assim podemos criar uma tabela com diferentes valores para o par. Tabela 1 - função y(x) = x+ 2 x y(x) = x+ 2 (x, y) 1 0 0+2=2 (0, 2) 2 1 3 (1, 3) 3 2 4 (2, 4) 4 3 5 (3, 5) 5 4 6 (4, 6) Os valores de y(x) nessa tabela são obtidos substituindo os diferentes valores de x e calculando o correspondente valor de y. Podemos construir um gráfico com os dados dessa Tabela numa folha de papel milimetrado. Precisamos então escolher em primeiro lugar o que e como iremos usar ao traçar o gráfico. Uma folha de papel milimetrado se parece com isso: Uma primeira escolha consiste na posição do gráfico. Traçamos como a tabela acima, na posição chamada de retrato, ou como a tabela abaixo, na posição chamada de paisagem? 1 Figura 0.1: Papel milimetrado formato A4 (retrato) Outra pergunta importante, onde colocamos a variável x e a variável y? Para que perder tempo traçando gráficos? Que tipo de informação coletaremos de um gráfico? Teremos alguma vantagem com os gráficos traçados? É claro que estas perguntas devem ser respondidas para que possamos o traçar e usar gráficos. Para a tabela colocada podemos escolher qualquer posição retrato ou paisagem na hora de traçar o gráfico. Vou usar o programa graph versão 4.4.2 disponível como software livre (nos termos da licença GNUGeneral Public Licence) no endereço http://www.padowan.dk, entre muitos disponíveis na internet, para traçar esse gráfico com os pontos descritos acima. O gráfico obtido está mostrado no quadro abaixo. 2 Figura 0.2: Papel milimetrado formato A4 (paisagem) O gráfico da função y(x) = x + 2 foi construído na posição retrato. Podemos observar na figura que os valores dos x foram escritos na linha horizontal inferior denominada eixo x que foi devidamente rotulada. Ao traçar gráficos devemos colocar a variável independente sempre no eixo dos x enquanto que a variável dependente deverá estar sempre mostrada no eixo dos y que normalmente deve ficar na vertical. Sempre que possível o gráfico deve ter um formato do tipo 3× 4 para que tenha um apelo visual mais estético. Preferencialmente os eixos se cruzam numa das origens, seja x = 0 seja y+0, se for possível. Neste gráfico podemos tirar algumas conclusões interessantes. Desse gráfico podemos responder algumas perguntas como qual é o valor de y quando x = 0? Mas não temos a resposta de qual é o valor de x quando y = 0? Para obtermos a segunda resposta deveríamos ter deslocado o centro do gráfico um pouco mais para a direita conforme mostrado na figura a seguir. Observamos no gráfico que os pontos estão alinhados e formam uma reta. Agora podemos responder a segunda questão. Com a ajuda de uma régua verificamos que a reta toca o eixo x, portanto onde y = 0 no ponto x = −2, sem maiores delongas. 3 Figura 0.3: Gráfico de y(x) = x+ 2 Mas a equação original y(x) = x+ 2 descreve uma reta, o que foi transferido para o gráfico de forma visual. Espero que este exemplo tenha sido capaz de mostrar uma forma de traçar gráfico e de encontrar o melhor posicionamento do gráfico. Pergunto: resolver o problema da localização do gráfico num papel milimetrado onde as escalas já estão definidas? Vamos a um segundo gráfico usando o mesmo programa, desta vez para uma função diferente y(x) = 5x3 + 1 tabulada a seguir. Tabela 2 - Função y(x) = 5x3 + 1 x y(x) = 5x3 + 1 (x, y) 1 0 1. (0, 1) 2 1 6. (1, 6) 3 2 41. (2, 41) 4 3 136. (3, 136) 5 4 321. (4, 321) 6 5 626. (5, 626) Claramente verificamos que o valor de y(x) cresce muito rapidamente com a vari- ação de x e o gráfico obtido pode ser visto na figura a seguir. 4 Figura 0.4: Gráfico de y(x) = x+ 2 deslocado Neste caso a função não é mais uma reta e, portanto, não podemos retirar muitas informações sobre essa função diretamente do gráfico. Sabemos que ela cresce muito rapidamente quando x aumenta. Neste caso, o valor a função tende para zero (y(x)→ 0) quando x tende para zero (x → 0). Podemos observar que teremos dificuldades para interpolar a figura entre dois pontos diferentes uma vez que não calculamos muitos valores para gerar a tabela. Neste caso, considerando novamente que a variável independente deve ser colocada na posição horizontal e que a variável dependente deve ser colocada na posição verti- cal, parece lógico escolhermos a posição retrato para traçar esse gráfico. Isso pode ser feito no caso do papel milimetrado, mas esse programa não permite grandes variações e portanto ficaremos com o formato paisagem neste gráfico também. Um outro exemplo que podemos construir no gráfico é o de uma nova reta dada pela função y(x) = 2x+ 2. A tabela seguinte contem os dados relativos a esta equação. Tabela 3 - Função y(x) = 2x+ 2 5 Figura 0.5: Gráfico da função y(x) = 5x3 + 1 x y(x) = 2x+ 2 (x, y) 1 0 2, (0, 2) 2 0,5 3, (0,5, 3) 3 1,0 4, (1, 4) 4 1,8 5,6 (1,8, 5,6) 5 2,0 6,0 (2,0, 6,0) 6 2,3 6,6 (2,3, 6,6) 7 3,0 8,0 (3,0, 8,0) 8 3,6 9,2 (3,6, 9,2) 9 4,0 10,0 (4,0, 10,0) 10 4,2 10,4 (4,2, 10,4) 11 5,0 12,0 (5,0, 12,0) Esses dados podem ser transformados no gráfico a seguir. Podemos observar no gráfico gerado por esses pontos que apesar de termos valores diversos ao longo do do eixo x os valores da função y(x) mantem uma tendência bastante fixa na direção de uma função que descreve uma linha reta, que aliás deveria ser esperada da forma matemática da função. 6 Figura 0.6: Gráfico da função y(x) = 2x+ 2 Podemos observar que este gráfico permite verificar que quando x = 0, 0 temos um valor de y = 2, 0. É possível verificar ainda, usando uma régua, que o valor da função quando y = 0, ocorre quando x = −1, 0. Podemos então verificar muitas outras condições que podem ser retiradas destes dados que foram transferidos em um gráfico nessa figura. Sabendo que esta função corresponde a uma reta ela terá uma forma da seguinte fórmula: y(x) = ax+ b (0.2) neste caso temos uma equação onde o termo a corresponde à inclinação da reta enquanto que b corresponde ao termo independente da equação. Portanto, podemos obter a inclinação da reta através de uma simples proporção: a = yi+1 − yi xi+1 − xi (0.3) 7 portanto, podemos verificar que: a = 10− 64− 2 = 2 (0.4) e, observamos na Figura, que x = 0 corresponde a y = 2 que define o valor de b = 2 na equação 0.2. Neste caso, como tínhamos uma equação inicial de onde tiramos este gráfico, podemos verificar que os dados retirados deste mesmo gráfico, recuperam novamente a equação inicial. Este fato nos dá garantias que, dados alguns pontos colhidos experimentalmente, e que forneçam uma equação de uma reta, podemos então recuperar a equação que os originou e portanto a equação que descreve o modelo matemático da lei que descreve o fenômeno físico que eles representem. Como resolver o gráfico da função que descrita pela função da figura anterior? Podemos escolher uma reta que passe pela maioria dos pontos que unem esses pontos. Como se trata de uma linha reta, nossa régua não teria grandes problemas para encontrar umaforma de juntar a maioria desses pontos. Vamos então trabalhar um caso simbólico onde temos dados experimentais colhidos em laboratório e que foram usados para gerar um gráfico. O efeito no laboratório seria semelhante a um sistema onde teríamos um fenômeno linear descrito por uma sequência de pontos, com seus respectivos erros experimentais, que nas medições fogem um pouco da forma linear. Teríamos um gráfico como o do exemplo mostrado na próxima figura. Um problema mais complexo agora consiste em encontrar a reta que une esses pontos. Dá para verificar no gráfico que, apesar dos pontos plotados indicarem a existência de uma reta, eles podem ser unidos por um grande número diferente de retas com diversas inclinações. Qual delas é a melhor? Qualquer diferença na escolha da reta pode fazer algum tipo de diferença na sua inclinação e, portanto na equação do fenômeno físico que ela descreve. Claramente, a melhor forma de resolver esse sistema consiste na construção de uma reta escolhida, estatisticamente, para ser o melhor ajuste ("best fit" em inglês) com os pontos disponíveis, o que resulta numa reta que aproveita melhor os pontos corrigindo aqueles que estão fora do esperado. Uma reta para solucionar esse problema foi desenhada na figura que se segue. 8 Figura 0.7: Fenômeno linear medido em laboratório Como proceder na escolha da reta que une esses pontos, quando temos um gráfico como esse, mas não temos o melhor ajuste calculado por sistema computadorizado? Qual entre as inúmeras inclinações de reta escolher para unir esses pontos? A forma mais simples de resolver esse problema consiste em traçar uma reta que une o valor inferior do erro da primeiro ponto ao valor superior do erro do último ponto. Depois, traçamos uma reta unindo o valor superior do erro do primeiro ponto ao valor inferior do erro do último ponto traçado. Assim teremos duas retas que se cortam e, se traçarmos a reta que passa pela interseção desses pontos dividindo o ângulo formado pelas duas retas na metade, teremos a melhor estimativa da reta que une todos esses pontos determinada por uma avaliação gráfica. A partir da equação resultante podemos retirar todas as informações pertinentes sobre a reta resultante, incluindo sua inclinação, sua constante, etc. No caso anterior quando solicitamos que o próprio programa desenvolvesse uma melhor estimativa da reta capaz de unir os pontos ele então colocou uma reta com a seguinte equação: y(x) = 2, 0315x+ 1, 9578 (0.5) com um R2 = 0, 9976 o que indica uma boa confiabilidade no ajuste obtido desta análise estatística. Outro modelo de papel "milimetrado" disponível para a produção de gráficos con- siste do papel tipo Log-Log, onde as divisões não são marcadas em milímetros, mas 9 Figura 0.8: Melhor escolha de pontos as divisões são ponderadas numa escala em que as grades são traçada nos logaritmos das medidas. Um papel log-log é ideal para traçarmos gráficos de funções do tipo em que temos uma função polinomial. A função: y = axb (0.6) por exemplo pode ser traçada num papel milimetrado e dará uma curva. Se apli- camos logaritmos nela, teremos: log y = log a+ log xb (0.7) ou, log y = log a+ b log x (0.8) que pode ser escrito: Y = A+BX (0.9) onde, Y = log y; A = log a e X = log x e onde podemos observar a equação de uma reta descrevendo esse fenômeno. 10 Figura 0.9: Modelo de papel Log-Log 11
Compartilhar