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EXPERIMENTAÇÃO ZOOTÉCNICA Profa. Dra. Amanda Liz Pacífico Manfrim Perticarrari amanda@fcav.unesp.br SITUAÇÕES EXPERIMENTAIS �As estratégias de análise dos resultados, bem como o planejamento amostral, irá depender: � do tipo de resposta medida e � da situação experimental pertinente. SITUAÇÕES EXPERIMENTAIS As situações experimentais mais frequentes na experimentação animal são: 1. O pesquisador não aciona tratamento algum, mas executa um levantamento de dados dentro de um universo disponível e verifica a ocorrência de determinada resposta ou como esta resposta estaria associada a outras então existentes no mesmo universo. Exemplo. Influência de fatores genéticos (sexo do produto, pai da vaca) e circunstanciais (mês e ano do parto, idade da vaca) sobre a produção de leites de vaca de um mesmo criatório. SITUAÇÕES EXPERIMENTAIS As situações experimentais mais frequentes na experimentação animal são: Exemplo. Influência de fatores genéticos (sexo do produto, pai da vaca) e circunstanciais (mês e ano do parto, idade da vaca) sobre a produção de leites de vaca de um mesmo criatório. � Este estudo será feito através de um modelo matemático com prováveis e eventuais perdas de informações face aos possíveis confundimento entre os fatores. � Isto não ocorreria se os resultados proviessem de um ensaio planejado. SITUAÇÕES EXPERIMENTAIS As situações experimentais mais frequentes na experimentação animal são: 2. O pesquisador pode acionar tratamentos ou não, mas dentro de um universo obtido ou disponível, deseja verificar a associação de diferentes respostas e/ou condições (ambas geralmente qualitativas) através de um estudo de dispersão de frequência. Exemplo. Em tratamentos disponíveis em fichas clínicas: ocorrência de alterações patológicas uterinas em éguas com mais de 6 anos submetidas à castração, segundo o histórico de uso frequente de anticoncepcionais, gerando a tabela. SITUAÇÕES EXPERIMENTAIS As situações experimentais mais frequentes na experimentação animal são: Em tratamentos disponíveis em fichas clínicas: ocorrência de alterações patológicas uterinas em éguas com mais de 6 anos submetidas à castração, segundo o histórico de uso frequente de anticoncepcionais, gerando a tabela. Uso de Anticoncepcionais Sim Não Útero Normal 30 72 Alterado 20 8 SITUAÇÕES EXPERIMENTAIS As situações experimentais mais frequentes na experimentação animal são: 3. O pesquisador utiliza unidades experimentais (animais ou não) que serão submetidos a tratamentos diferentes, para posterior mensuração das respostas desejadas e comparação daqueles tratamentos. Exemplo. � Comparação de desempenho (peso em kg) de diferentes linhagens de aves de corte aos 40 dias de idade. RESPOSTAS DEMEDIDAS �Na experimentação zootécnica, existem as mais variadas formas de resultados a serem obtidos. � A resposta medida (poderá ser mais de uma) deverá ser definida no planejamento do experimento. � O ensaio será mais eficientemente realizado com base nas características das próprias respostas a que se propõe e portanto torna-se indispensável a sua tipificação. � Devido a sua capacidade de variação as respostas são chamadas de varáveis. RESPOSTA DEMEDIDAS Algumas classificações de variáveis: 1. Quanto a categoria. � Variáveis QUANTITATIVAS, com magnitudes NUMÉRICAS geralmente expressas em unidades específicas, em frequência absoluta, em percentual, ou mesmo adimensionais. Exemplos. � Área de olho de lombo em suínos (cm2) � Mortalidade de aves de um dia (%) � Conversão alimentar em coelhos (adimensional) � Relação ganho de peso por quantidade de ração consumida. RESPOSTA DEMEDIDAS Algumas classificações de variáveis: 1. Quanto a categoria. � Variáveis QUALITATIVAS, expressas por categorias sem que possam ser matematicamente quantificadas. Exemplos. � Prenhez (positiva ou negativa) � Escore corporal de vacas paridas (graus de 1 a 5) � Grau de necrose (inexistente, leve, moderada, grave) RESPOSTA DEMEDIDAS Algumas classificações de variáveis: 2. Quanto a continuidade. � Variáveis CONTÍNUAS, cuja magnitude pode variar continuamente pela aferição de frações dependendo do método de mensuração. Exemplos. � Tempo de anestesia em cães (horas e suas frações) � Produção diária de leite em vacas (litros e suas frações) � Digestibilidade aparente de fibra em caprinos (%) RESPOSTA DEMEDIDAS Algumas classificações de variáveis: 2. Quanto a continuidade. � Variáveis DESCONTÍNUAS ou DISCRETAS, cuja magnitude só pode ser expressa em valores inteiros, sem frações. Exemplos. � Tamanho da leitegada (no de leitões ao parto) � Ovos de helmintos por grama de fezes (opg) � Número de insetos capturados em uma armadilha. RESPOSTA DEMEDIDAS Algumas classificações de variáveis: 3. Quanto ao fluxo de resposta. � Variáveis de FLUXO CONTINUADO são aquelas que podem ser obtidas pela reutilização da unidade experimental permitindo a avaliação de respostas sob diferentes condições experimentais sequenciais. Exemplos. � Digestibilidade da matéria seca de forrageiras em ruminantes. � Frequência cardíaca de cães anestesiados. � Ambos tem manifestação contínua, embora se modificado sob efeito dos tratamentos propostos. RESPOSTA DEMEDIDAS Algumas classificações de variáveis: 3. Quanto ao fluxo de resposta. � Variáveis de FLUXO DESCONTINUADO ou TRANSVERSAIS são aquelas que a resposta só poderá ser obtida uma única vez no mesmo animal. Exemplos. � Peso à desmama em suínos (kg). � Prevalência de raiva canina em um período (%). � Produção de carne (kg/ha) RESPOSTA DEMEDIDAS Algumas classificações de variáveis: 4. Quanto ao tipo de distribuição de frequência, no universo amostral pleno. � Variáveis distribuídas NORMALMENTE, com maiores frequências para valores centrais próximos à média, diminuindo simetricamente sua ocorrência à medida que a resposta se afasta daquele valor central. Exemplos. � Altura na cernelha de cavalos (cm). � Tempo de ambulação em cães anestesiados (min). � Peso médio de frangos aos 40 dias de idade (kg) RESPOSTA DEMEDIDAS Algumas classificações de variáveis: 4. Quanto ao tipo de distribuição de frequência, no universo amostral pleno. � Variáveis com distribuição NÃO NORMAL, apresentando assimetrias diversas ou características peculiares diferentes daquelas da distribuição normal. Exemplos. � A titulação de anticorpos para a doença de gumboro em aves matrizes pesadas. � Contagem de colônias de Salmonella sp a partir de amostras de rios urbanos semeadas em placas de ágar. RESPOSTA DEMEDIDAS Algumas classificações de variáveis: 5. Quanto à instabilidade – capacidade de variação dentro do universo possível de resposta. � Variáveis POUCO INSTÁVEIS, quando o intervalo de variação for pequeno, quer restringido por limites vitais, quer por ser uma característica própria da variável. Exemplos. � Desempenho produtivo de linhagens de aves (exceto ovos). � Período de gestação em bovinos. RESPOSTA DEMEDIDAS Algumas classificações de variáveis: 5. Quanto à instabilidade – capacidade de variação dentro do universo possível de resposta. � Variáveis MUITO INSTÁVEIS, quando há uma grande variação nos valores observados, originada pela própria natureza da variável ou pela dificuldade de mensuração da resposta por parte do pesquisador. Exemplos. � Tempo de consolidação de fratura óssea em cães (dias). � Fosfatase alcalina sérica em bovinos. RESPOSTA DEMEDIDAS � Nem todas as combinações dessas classificações são possíveis. � Variáveis comdistribuições normais são necessariamente quantitativas e contínuas, podendo se apresentar com qualquer tipo de instabilidade ou de fluxo. � Variáveis: � muito instáveis exigirão maiores contingentes amostrais. � de fluxo continuado permitirão o emprego de técnicas experimentais mais eficientes. � qualitativas podem exigir métodos não paramétricos para sua análise � A estratégia de cada análise estatística será inicialmente sugerida pela caracterização da resposta que se deseja estudar. UNIDADE EXPERIMENTAL � Entende-se por unidade experimental a resposta que será reconhecida como uma repetição para um determinado tratamento. � Geralmente ela provem de apenas uma mensuração realizada em um animal. � Há casos, entretanto, onde por insuficiência de material para análise laboratorial, dificuldade de mensuração ou por condições de criação comercial, a unidade experimental provem de amostras compostas, embora ainda continue a representar uma repetição. � Os casos mais comuns para contornar aquelas conduções adversas são: � Amostra composta (pool de indivíduos) � Resposta média de grupo de indivíduos � Resposta média de observações do mesmo indivíduo. UNIDADE EXPERIMENTAL Alguns casos para contornar as condições adversas: 1. Amostra composta. Quando o material colhido de apenas um indivíduo se mostra insuficiente para atender uma análise laboratorial ou sorológica. � É preciso reunir alguns indivíduos do mesmo tratamento para garantir a quantidade necessária. � Esta reunião de resultados, conhecida como pool, passa a representar uma repetição do tratamento. � Todas as repetições de cada tratamento deverão ser obtidas de pools de mesmo tamanho. UNIDADE EXPERIMENTAL Alguns casos para contornar as condições adversas: 1. Amostra composta. � Exemplo. � Análise de sólidos totais em gemas de ovo. � Onde é necessário reunir de 2 a 3 gemas para se obter um resultado significativo. � Soro de pintos de um dia para estudos de respostas imunológicas que podem exigir volumes sanguíneos iniciais correspondentes ao daqueles contidos em 2 ou 3 pintos. � Um pool sempre apresentará uma repetição � O pool de diversos animais subdivididos posteriormente em � alíquotas não representarão � repetições e sim � réplicas, cuja média será uma repetição UNIDADE EXPERIMENTAL Alguns casos para contornar as condições adversas: 2. Resposta média de um grupo de indivíduos. Quando o pesquisador insiste em reproduzir as condições comerciais de criação, o controle sobre cada indivíduo fica comprometido. � A solução é utilizar a média de alguns deles amostrados dentro de uma repetição comercial de cada tratamento. � As repetições comerciais seriam: � em aves de corte, os boxes contendo mais de 200 aves (de onde seriam amostradas apenas 20 ou 30). � Em suínos, baias coletivas de 16 animais (onde embora pode-se utilizar os dados individuais de peso, não se pode fazer o mesmo com relação ao consumo de ração, que deverá ser representado pelo consumo médio. UNIDADE EXPERIMENTAL Alguns casos para contornar as condições adversas: 2. Resposta média de um grupo de indivíduos. � As resposta médias de grupos de animais, quando unidade experimental, tem o poder de diminuir a variação entre unidades experimentais. � Sem afetar a variação individual, aqui não acessível. � Quando a resposta medida é muito instável, este procedimento pode tornar a comparação de médias entre os tratamentos mais sensível, mas as conclusões só serão válidas para a unidade experimental definida. UNIDADE EXPERIMENTAL Alguns casos para contornar as condições adversas: 3. Resposta média de observações no mesmo indivíduo. A única justificativa para a avaliação múltipla de resposta no mesmo indivíduo é a dificuldade de mensuração da resposta, tanto pelo método empregado para tal, como pela alta variabilidade da resposta. � Com este procedimento cada repetição passa a ser definida pelo valor mais provável da resposta naquele animal, ou seja, pela média das determinações obtidas. � Estão nesse caso respostas que dependem de análises laboratoriais muito sensíveis com amplo espectro de variação de resultado para uma mesma amostra. UNIDADE EXPERIMENTAL Alguns casos para contornar as condições adversas: 3. Resposta média de observações no mesmo indivíduo. EXEMPLO. � Contagem de ovos de helmintos por grama de fezes (opg) � Pela grande variação observada no mesmo animal em dias consecutivos, define uma maneira eficaz de melhor caracterizar aquela resposta para um animal. � Geralmente é feito um pool de três amostras na semana e analisa-se uma amostra dele. � Isto equivale a medir a quantidade de opg para cada um dos 3 dias e obter a média dessas contagens. EXERCÍCIOS E1. Como você classificaria a resposta “produção de leite” medida em cabras? RESPONDA!!! � Produção de leite caprina é uma RESPOSTA: � Quanto à categoria: é uma variável QUANTITATIVA ou QUALITATIVA ? � Quanto à continuidade: é uma variável CONTÍNUA ou DESCONTÍNUA ? � Quanto ao tipo de frequência, no universo amostral pleno: é uma variável com distribuição NORMAL ou NÃO NORMAL? � Quanto a instabilidade, ou seja, capacidade de variação dentro do universo possível de resposta: é uma variável ESTÁVEL ou INSTÁVEL ? EXERCÍCIOS E1. Como você classificaria a resposta “produção de leite” medida em cabras? RESPOSTA. � Produção de leite caprina é uma RESPOSTA: � Quanto à categoria: é uma variável QUANTITATIVA � Quanto à continuidade: é uma variável CONTÍNUA � Quanto ao tipo de frequência, no universo amostral pleno: é uma variável com distribuição NORMAL � Quanto a instabilidade, ou seja, capacidade de variação dentro do universo possível de resposta: é uma variável INSTÁVEL – pois depende de fatores hormonais. Logo a produção de leite é uma resposta QUANTITATIVA, CONTÍNUA, NORMAL e INSTÁVEL. � Pode ser uma RESPOSTA � TRANSVERSAL, se consideramos a produção total de uma lactação e o fluxo contínuo � de FLUXO CONTINUADO se em uma só lactação utilizarmos 3 a 4 tratamentos nutricionais sequencialmente, em um mesmo animal. EXERCÍCIOS E2. Qual das respostas abaixo é a mais difícil de medir, e portanto mais sujeita a erro experimental? a) Tempo de consolidação de fratura experimental em fêmur de cães, avaliada subjetivamente em chapas radiográficas a cada três dias. b) Nível de cortisol sérico em fêmeas caprinas no dia seguinte à manifestação do cio. c) Espessura média de toucinho em machos suínos castrados, abatidos aos 180 dias de idade. EXERCÍCIOS E2. Qual das respostas abaixo é a mais difícil de medir, e portanto mais sujeita a erro experimental? RESPOSTA. Alternativa: a) Tempo de consolidação de fratura experimental em fêmur de cães, avaliada subjetivamente em chapas radiográficas a cada três dias. � Primeiramente pelo espaçamento entre as avaliações radiográficas que permite um erro de até 3 dias na determinação do tempo real. � Depois ainda tem-se a percepção subjetiva do avaliador, que muitas vezes poderá ficar em dúvida quanto ao observado na chapa. EXERCÍCIOS E3. Qual das respostas abaixo é a melhor maneira de se medir a natimortalidade em partos suínos? a) Número de leitões nascidos mortos em relação ao número total de leitões nascidos, para cada fêmea matriz, dentro de um mesmo manejo. b) Mesma relação anterior, mas considerando-se conjuntamente um grupo de fêmeas matrizes, todas sob o mesmo manejo. EXERCÍCIOS E3. Qual das respostas abaixo é a melhor maneira de se medir a natimortalidade em partos suínos? RESPOSTA. � Sabendo-se que o tamanho da leitegada pode alcançar até 16 leitões,qualquer percentagem advinda deste contingente não reflete um valor confiável. � Um leitão representaria 6,25% ��� �� = 6,25 do total. � Já em uma avaliação conjunta, por exemplo 5 matrizes com 50 leitões nascidos delas, cada leitão representaria 2% ��� �� = 2 da amostra. � A percentagem total de natimortalidade seria mais realística, e com menor variação entre grupos. Alternativa: b) Mesma relação anterior, mas considerando-se conjuntamente um grupo de fêmeas matrizes, todas sob o mesmo manejo. E4. Medir a infestação de helmintos pela contagem de seus ovos nas fezes do hospedeiro necessita de uma boa técnica experimental para caracterizar da melhor maneira possível cada animal hospedeiro. Qual das técnicas abaixo parece mais adequada? Justifique sua resposta. a) Colher fezes diariamente na semana, analisar separadamente e tirar a média. b) Colher fezes diariamente na semana, misturá-las, homogeneizá-las (pool) e fazer uma única análise. c) Colher fezes três vezes por semana e considerar cada resultado uma repetição. d) Colher fezes três vezes por semana, misturá-las, homogeneizá-las (pool) e fazer uma única análise. EXERCÍCIOS E4. Medir a infestação de helmintos pela contagem de seus ovos nas fezes do hospedeiro necessita de uma boa técnica experimental para caracterizar da melhor maneira possível cada animal hospedeiro. Qual das técnicas abaixo parece mais adequada? Justifique sua resposta. RESPOSTA. Alternativa d) Colher fezes três vezes por semana, misturá-las, homogeneizá-las (pool) e fazer uma única análise. � Apresenta resultado semelhante as técnicas a) e b) porém com economia de trabalho e elaboração. � O procedimento c) utiliza réplicas obtidas no mesmo animal, ignorando o tempo. EXERCÍCIOS
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