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Hipóteses de cabimento Revisão Criminal

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Hipóteses de cabimento - Revisão Criminal
É a ação de competência originária dos Tribunais, que tem por finalidade a desconstituição de sentença ou acórdão condenatório transitado em julgado, no que for desfavorável ao acusado, desde que (art. 621 do CPP):
Proferidas de forma contrária à lei ou à evidência dos autos (inc. I)
Baseadas em provas falsas (inc. II);
Surgirem novas provas (inc. III).
Apenas com tais fundamentos é possível a propositura de revisão criminal. Fora de tais limites, a revisão deve ser rejeitada por impossibilidade jurídica da causa de pedir (Grinover).
O que significa dizer que a decisão foi proferida de forma contrária à lei (art. 621, primeira parte, do Cpp)¿ Diz-se que a decisão contrária a lei quando se choca frontalmente com o texto legal, não se permitindo a revisão criminal quando há julgados conflitantes sobre o tema e a condenação se baseia em entendimento razoável. E se houve alteração na compreensão de determinado dispositivo de lei¿ É possível revisão criminal (Pacelli), pois a nova compreensão da lei equivale, politicamente, à nova edição de lei, e por isso deve ser aplicado analogicamente o princípio da retroatividade a lex mitior.
Quando podemos afirmar que a decisão foi contrária à evidência dos autos (art. 621, I, segunda parte, do CPP¿ Há dois entendimentos:
Apenas quando a sentença não se apóia em praticamente prova alguma e ignora provas no sentido contrário à condenação, divorciando-se plenamente do conjunto probatório;
Basta que haja dúvida sobre a culpa, ou seja, em homenagem ao princípio in dúbio pro reo, se na apreciação da prova o Tribunal verificar que a condenação baseia em provas que, embora existam, não são suficientes a esclarecer toda a dúvida sobre a culpa, a decisão deve ser reformada e o requerente absolvido.
Diz-se que a condenação se baseou em prova falsa (art. 621, II, do CPP) quando possível demonstrar depoimentos, documentos ou exames que serviram de fundamento para a sentença condenatória são falsos. É preciso que a prova comprovadamente falsa tenha realmente influído no ânimo do julgador. Se era a única prova para o convencimento, a decisão deverá ser reformada. Se fazia parte de um conjunto, deve ser feita avaliação pelo Tribunal se, mesmo sem tal prova, a sentença merece persistir ou se, surgindo dúvida sobre a culpa, deve ser reformada.
Prova nova (art. 621, III, do CPP) é toda aquela trazida aos autos sobre fato que foi ou não alegado no curso do processo de conhecimento, capaz de influir no ânimo dos julgadores de forma a ensejar a reforma da decisão, quer para absolver, quer para diminuir a pena imposta. A prova nova é normalmente trazida aos autos pela justificação criminal. E o que é justificação criminal¿ É a produção antecipada de prova na seara criminal, quer permite a produção de prova preparatória, mediante o contraditório, que culmina com a homologação da prova pelo juiz. Controverso se a competência para a apreciação da justificação criminal é do juiz que proferiu a sentença de 1º grau ou se deve ser livremente distribuída (Grinover).
A Revisão Criminal possibilita a absolvição do réu, anulação do processo, simples modificação da pena ou alteração da classificação do delito (art. 626, caput, do CPP).
A revisão criminal visa a desconstituir a decisão condenatória definitiva (juízo rescindendo) e substituí-la por outra (Juízo rescisório). O Trânsito em julgado deve ser demonstrado mediante certidão, conforme o art. 625, §1º, do CPP. No saco de revisão que anula a decisão, há apenas o juízo rescindendo, pois a decisão será novamente prolatada pelo juízo que, originalmente, julgava a causa. Pela letra do art. 621 do CPP, é cabível apenas contra decisão condenatória, prevalecendo ser inviável revisão criminal para alterar fundamento de absolvição (art. 386 do CPP), ou para reformar decisão que extinguiu a punibilidade, buscando sentença absolutória. Por impor sanção, considera-se possível a propositura de revisão criminal contra decisão absolutória imprópria (aquela que absolve o inimputável que praticou fato típico e antijurídico, impondo, no entanto, medida de segurança).
É ação que busca rescindir a decisão transitada em julgado. É cabível em qualquer tempo, até mesmo após a extinção da pena (art. 622 do CPP) e a morte do réu (art. 623 do CPP). O pedido pode ser reiterado sempre que houver prova nova, o que, como esclarece Grinover, permite concluir que: a ) se alterado um dos elementos da ação (partes, pedido e causa de pedir), será sempre possível propor nova revisão criminal; b) ainda que os elementos sejam os mesmos, se houver prova nova, será possível propor nova revisão criminal.
Poderá ser proposta pelo réu, garantindo a ampla defesa, ou por seu advogado, ou ainda pelo cônjuge, ascendente, descendente ou irmão, no caso de morte do réu (art. 623 do CPP). Prevalece que o Ministério Público também pode propor revisão criminal em favor do acusado, até porque nem Estado nem sociedade tem interesse na manutenção de injustas condenações. No caso de ação proposta diretamente pelo acusado, prevalece que deve ser nomeado advogado para a elaboração das “razões” da impugnação, pois só assim será realmente aperfeiçoada a ampla defesa, com a autodefesa somada à autodefesa. Se o condenado morre durante o processo, deve ser nomeado curador em sua defesa (art. 631 do CPP).
No pedido revisional, a absolvição restabelecerá todos os direitos perdidos pelo acusado em virtude da condenação (art. 627 do CPP).
Prevalece que, para levar ao conhecimento do Tribunal a prova nova ou a prova falsa, deve o peticionário promover a produção antecipada de prova (justificação criminal), uma vez que a revisão criminal não comporta, para a maioria dos autores, dilação probatória e por isso, a prova deve ser pré-constituída, ou seja, a produção de prova testemunhal e pericial deve ocorrer na justificação preparatória, para depois instruir a petição da revisão criminal. Se a prova for desde logo apenas documental, desnecessária a justificação.
Deveriam ser providenciadas cópias dos autos em todos os trechos relevantes ao pedido, mas, na prática, o pedido revisional costuma ser apensado aos autos principais ( o que é determinado pelo art. 625, §2º, do CPP, salvo se houver prejuízo para a execução da sentença, o que torna tal diligência dispensável).
A competência é sempre dos tribunais e jamais de juízo de 1ª instância. Se a decisão atacada é do primeiro ou 2º grau, será competente para a revisão o Tribunal que foi ou seria competente para julgar o recurso de apelação. Se a matéria chegou ao STJ, e a questão levantada foi apreciada por esse Tribunal, a competência é do STJ. Se o julgamento chegou ao STF, e a questão que baseia a revisão foi apreciada por esse Tribunal, a competência é do STF.
Conforme jurisprudência predominante (STJ), em caso de decisão emanada do Juizado Especial Criminal, a revisão criminal compete à Turma recursal respectiva (então ao TJ ou TRF).
O julgamento da revisão pode resultar em decisão extra ou ultra petita, uma vez que sempre a favor do condenado e na defesa do direito constitucional de liberdade. Assim, é possível que o pedido de redução da pena redunde em absolvição do requerente, sendo descabida qualquer censura à técnica da decisão.
A soberania dos veredictos é garantia individual, bem como a liberdade, e se a soberania existe para garantir direitos ao acusado, não pode ser compreendida de forma a prejudica-lo, prejudicando a revisão que tem como objetivo o restabelecimento total ou parcial da liberdade/dignidade do indivíduo. A soberania permanece, assim, para fixar pena máxima (Pacelli).
Para Grinover, em casos excepcionais, é possível que, com base no poder geral de cautela, e em analogia ao art. 273 do CPC, o julgador venha a suspender liminarmente os efeitos da condenação, atribuindo à Revisão Criminal um excepcional efeito suspensivo, vez que, em regra, ela não tem tal efeito.
Caberá indenização, tratando-se de erro judiciário ou injustiça dadecisão (art. 5º, LXXV, da CF), desde que não tenham sido causados exclusivamente por dolo ou culpa do próprio requerente (art. 630, §2º, a, do CPP). Pela letra da lei, seria incabível também a indenização se a acusação tiver sido meramente privada (art. 630, §2º, b, do CPP), devendo, neste caso, o pedido voltar-se contra o querelante, mas, atualmente, entende-se que, como o Estado (jurisdição) é quem aceita a ação proposta e erradamente condena o querelado, deve o Estado responder pelo seu erro.
A decisão de revisão criminal não pode piorar a situação do condenado, quer direta, quer indiretamente (art. 626, parágrafo único, do CPP). Assim, o acórdão na revisão criminal não pode fixar pena maior que a atacada, ou impor qualquer alteração prejudicial. Mesmo no caso de anulação do julgado, a nova decisão não poderá, para a doutrina majoritária, ser mais gravosa que a anulada, pelo princípio da non reformatio in pejus indireta (Pacelli).
A revisão Criminal é privativa da defesa (pro reo; nunca pro societate), tanto que só é cabível da decisão definitiva condenatória. Outro entendimento redundaria na possibilidade de o indivíduo ser julgado duas vezes pelo mesmo fato, o que é vedado até mesmo pela Convenção Americana sobre Direitos Humanos (art. 8º, n.4).
Sendo assim, a revisão criminal é instrumento processual exclusivo da defesa que visa rescindir uma sentença penal condenatória transitada em julgado. É considerada a ação rescisória do processo penal. Funda-se no princípio de que a verdade formal já espelhada na sentença deve ceder passo ante a necessidade de corrigir-se eventual injustiça.
Prevalece o entendimento segundo o qual tem ela a natureza de ação penal de conhecimento de caráter desconstitutivo. A revisão é ação contra a sentença, pois desencadeia nova relação jurídica processual.
A revisão criminal, instrumento exclusivo da defesa, poderá ser aforada pelo próprio réu ou por procurador legalmente habilitado, bem como, em caso de falecimento do acusado, por cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.
O MP não é parte legítima para a propositura da revisão em favor do réu, por ausência de previsão legal. Inexiste, ademais, como já destacado, a revisão pro societate. E mais, deverá a revisão obedecer às condições de exercício das ações em geral: Legitimidade, interesse de agir e possibilidade jurídica do pedido.
A revisão, devido ao caráter rescisório que ostenta, pressupõe a existência de sentença condenatória (ou absolutória imprópria) passada em julgado (interesse de agir).
Qualquer que seja a infração (crime ou contravenção) ou órgão jurisdicional responsável pela decisão, será cabível revisão.
Para requerer revisão criminal o condenado não é obrigado a recolher-se à prisão (Súmula 393 do STF)
Após o transito em julgado, pode ser ajuizada a qualquer tempo, mesmo tendo sentenciado falecido.
Doutrinas utilizadas: Sinopses Jurídicas – Processo Penal – Nulidades e recursos – 13ª edição; Elementos do Direito – Volume 08 – Processo Penal – Paulo Henrique – 11ª edição; Eugênio Pacelli – Curso de Processo Penal – 19ª Edição – revista Atualizada.

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