Buscar

CCJ0052-WL-B-AMRP-10-Produção da Parte Narrativa da Petição Inicial

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 9 páginas

Prévia do material em texto

TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA 
Aula 10 
Fundamentação do Parecer: técnicas e estratégias argumentativas 
 
 
Correção da aula 9- Possibilidade de escritura da narrativa da Inicial: 
 
Dos Fatos 
 
A autora, praticante de atividades esportivas, correspondente de um 
jornal de grande circulação, aproveitando-se de um dia de folga do trabalho, 
decidiu realizar suas compras mensais, a fim de abastecer sua casa. Assim, no 
nefasto dia 14 de junho de 2003, adentrou no estabelecimento da ré, confiante 
de que lhe seriam prestados serviços de qualidade, isto é, encontraria os 
produtos de que necessitava em ambiente limpo e seguro. Não esperava, 
jamais, ser vítima da negligência da ré. 
Caminhava, entre uma seção e outra, guiada pela lista de compras 
feita no dia anterior. Seguia, buscando as marcas de sua preferência, 
examinando datas de validade: procurava unir preço e qualidade. Infelizmente, 
suas compras foram abruptamente interrompidas: na seção de material de 
limpeza: o piso estava completamente encharcado, e mais; cheio de sabão! 
Não havia nem um funcionário que impedisse o acesso à perigosa área ou 
qualquer obstáculo que cumprisse essa função. A ré se deu, apenas, ao 
trabalho de deixar um cavalete no local, com uma insignificante placa de aviso: 
“Piso escorregadio”. Enfim, não adotou os cuidados necessários a fim de isolar 
o local, embora tivesse consciência de o piso oferecer sérios riscos à 
integridade física dos seus clientes, haja vista a placa ali exposta. Como 
poderia a autora enxergar tal placa, se sua preocupação estava voltada para as 
gôndolas com os produtos de que precisava? 
Assim, ocorreu o inevitável: escorregou, caiu, lesionou o pé direito. 
Levada ao Centro de Reumatologia e Ortopedia, foi diagnosticada tendinite na 
face dorsal de seu pé direito o que ensejou sua imobilização por exatos 21 
(vinte e um) dias. Isso mesmo: vinte e um dias sem poder praticar suas 
atividades físicas; sem poder comparecer ao trabalho. Em razão desse forçoso 
afastamento de suas atividades laborais, perdeu a oportunidade de fazer a 
cobertura de um importante evento esportivo em Londres. 
A autora assumiu, portanto, despesas com as quais não contava, a fim 
de custear seu tratamento, conforme documento em anexo. Além disso, sofreu 
a frustração de não poder praticar suas atividades esportivas e de ter perdido 
uma rara oportunidade de ampliar sua experiência profissional e, assim, 
ascensão no trabalho. 
Procurou a autora, de forma amistosa, que a ré assumisse os prejuízos 
materiais e morais que a ela foram impostos pela evidente negligência da ré, 
mas não logrou êxito. 
Por essa razão, viu-se forçada a buscar judicialmente a reparação 
pelos danos a ela causados pela ré. 
 
 
 
 
Objetivos da aula 10 
 
- Identificar as características do texto argumentativo e diferenciar essa 
produção textual da narração; 
- Reconhecer os principais tipos de argumento; 
- Compreender a organização lógica e o encadeamento dos 
argumentos. 
 
Estrutura do conteúdo 
 
1. Tipos de argumento 
1.1. Argumento pró-tese 
1.2. Argumento de autoridade 
1.3. Argumento de senso comum 
1.4. Argumento de oposição 
1.5. Argumento de analogia 
1.6. Argumento de causa e efeito 
2. Seleção e organização dos tipos de argumento 
3. Coesão sequencial e coerência argumentativa 
 
Distinção entre texto narrativo e argumentativo 
 
 
Nas aulas anteriores, estudamos as características do texto narrativo. 
Analisamos e produzimos a narrativa simples e a narrativa valorada. Fixamos 
que a sequência cronológica é a marca distintiva principal entre o tipo narrativo 
e outras tipologias textuais; 
Importa esclarecer que é comum a coexistência de tipologias distintas 
em um único texto. Então, como identificar sua tipologia? Verificamos, na 
verdade, aquela que predomina no texto. Na prática, o que “identifica a 
natureza de um texto é a sua intencionalidade”. (ABREU, 2000, p. 63) 
Intencionalidade diz respeito à intenção daquele que produz um texto, 
isto é, quem o produz deseja a) contar um fato; b) defender um ponto de vista; 
ou c) expor as características de um fato, de algo ou de alguém? 
Pode-se afirmar que o texto argumentativo seja mais complexo do que 
os demais. Isso porque ele pode conter trechos narrativos e descritivos com a 
intenção de justificar uma tese defendida por quem o produz. 
Assim, ao descrever, por exemplo, a cena de um crime, o orador pode 
ter o objetivo de provar que a vítima não poderia ter-se suicidado, já que as 
condições em que o corpo se encontrava demonstram que alguém o atingiu 
pelas costas. 
Da mesma forma, ao narrar, por exemplo, fatos que justificam a tese 
de premeditação de um homicídio, o orador deseja provar o dolo, isto é, a 
vontade de produzir o efeito morte. A argumentação é, pois, mais relevante do 
que a narração. 
Por fim, estejamos certos de que um texto argumentativo busca a 
adesão do auditório à tese do orador. Seu objetivo principal é provar a 
verossimilhança da sua tese. Para isso, utiliza-se de vários tipos de 
argumentos, que justificarão a valoração que estará presente em cada 
parágrafo produzido. 
 
 
 
1- TIPOS DE ARGUMENTO 
 
1.1- ARGUMENTO PRÓ-TESE 
Caracteriza-se por ser extraído dos fatos reais contidos no relatório. Deve 
ser o primeiro argumento a compor a fundamentação. A estrutura adequada 
para desenvolvê-lo seria: Tese + porque + e também + além disso. Cada um 
desses elos coesivos introduz fatos distintos favoráveis à tese escolhida. 
 
 
Exemplo: 
“Anísio cometeu um crime doloso inaceitável, repudiado com veemência 
pela sociedade, porque desferiu três facadas certeiras no peito de sua 
companheira, e também porque agiu covardemente contra uma pessoa 
desarmada e fisicamente mais fraca. Além disso, ele já estava desconfiado do 
caso extraconjugal da mulher, o que afastaria a hipótese de privação de 
sentidos”. 
 
1.2- ARGUMENTO DE AUTORIDADE 
 
Argumento constituído com base nas fontes do Direito e/ou em pesquisas 
científicas comprovadas. 
 
Exemplo: 
 
 
“A Constituição é muito clara quando diz que a vida é um bem inviolável. 
Uma sociedade democrática defende esse direito e recorre a todos os meios 
disponíveis para que a vida seja sempre preservada e para que qualquer 
atentado a esse direito seja severamente punido. No caso em questão, Teresa 
foi atacada de maneira covarde e violenta, porque não dispunha de meios para 
ao menos tentar preservar sua vida. Portanto, o réu desrespeitou a 
Constituição Brasileira e incorreu no crime de homicídio doloso previsto 
no artigo 121 do Código Penal Brasileiro”. 
 
 
1.3- ARGUMENTO DE SENSO COMUM 
 
Consiste no aproveitamento de uma afirmação que goza de consenso; está 
amplamente difundida na sociedade. 
 
Exemplo: 
 
A sociedade brasileira sofre com a violência cotidiana em diversos 
níveis e não tolera mais essa prática. Certamente, a violência é o pior recurso 
para a solução de qualquer tipo de conflito. Uma pessoa sensata pondera, 
dialoga ou se afasta de situações que podem desencadear embates violentos. 
Não foi essa a opção de Anísio: deu vazão a sua ira e matou sua mulher. 
 
 
 
1.4- ARGUMENTO DE OPOSIÇÃO 
 
Apoiada no uso dos operadores argumentativos concessivos e 
adversativos, essa estratégia permite antecipar as possíveis manobras 
discursivas que formarão a argumentação da outra parte durante a busca de 
solução jurisdicional para o conflito, enfraquecendo, assim, os fundamentos 
mais fortes da parte oposta. 
Compõe-se da introdução de uma perspectiva oposta ao ponto de vista 
defendido pelo argumentador, admitindo-a como uma possibilidade de 
conclusão para, depois, apresentar, como argumento decisório, a perspectiva 
contrária. 
 
Exemplo: 
 
Por outro lado, embora se possa alegar que Teresa tenha 
desrespeitado Anísio,traindo-o com outro homem em sua própria casa, havia 
formas razoáveis de resolver o conflito. Eis o que nos separa dos 
criminosos. Ademais, não se nega o fato de que o flagrante de uma traição 
provocar uma intensa dor, porém o ato extremo de assassinar a 
companheira, por sua desproporção, não pode ser aceito como uma 
resposta cabível ao conflito amoroso. 
 
1.5- ARGUMENTO DE ANALOGIA 
 
É aquele que tem como fundamento estabelecer uma relação de 
semelhança entre elementos presentes tanto no caso concreto analisado 
quanto em outros casos já avaliados, ou seja, após apresentar as provas do 
caso concreto, desenvolve-se um raciocínio que consiste em aplicar o 
tratamento dado em outro caso ou hipótese ao caso ora avaliado. 
 O objetivo dessa estratégia é aproximar conceitos ou interpretações a 
partir de casos concretos distintos, mas semelhantes. A analogia é também 
procedimento previsto no Direito como gerador de norma nos casos de 
omissão do legislador. 
 
Exemplo: 
 
 Não resta dúvida que, dificilmente, alguém negaria ser incapaz de 
utilizar qualquer meio para defender alguém que ama. Em casos de um 
assalto, por exemplo, uma mãe está perfeitamente disposta a matar o 
assaltante para defender a vida de seu filho. Para fugir de uma perseguição, o 
motorista de um carro é plenamente capaz de causar um acidente para evitar 
que algo de mal aconteça aos caronas que conduz. O que há de comum 
nestes e em tantos outros casos de que se tem notícia é que existe um 
sentimento de amor ou bem querer que impede que uma pessoa dimensione 
racionalmente as consequências do ato que pratica em favor da proteção de 
alguém. Como, então, Anísio pode dizer que matou por amor? Amava, sim, a si 
mesmo, já que não suportou o amor próprio ferido. Aceitar sua conduta 
desmedida seria instituir a pena de morte para a traição amorosa 
 
 
 
 
1.6- ARGUMENTO DE CAUSA E EFEITO 
 
Relaciona conceitos de causalidade e efeito com o objetivo de 
evidenciar as consequências imediatas de determinado ato (retirado das 
provas) praticado pelas partes. 
 Excelente opção para estabelecer nexo causal entre condutas e 
resultados, quando se trata de Responsabilidade Civil e de Direito Penal. 
 
Exemplo: 
 
 
Por fim, registre-se que, a necropsia concluiu que as três facadas que 
atingiram de forma brutal a vítima, foram profundas, perfuraram artérias e o 
coração; consequentemente, provocaram sua morte em poucos segundos. O 
laudo comprova a determinação de Anísio, não apenas de castigar a pessoa 
que o preteriu, mas principalmente de provocar sua morte, eliminando a vida da 
mulher que insanamente dissera amar. 
 
 
1- SELEÇÃO E ORGANIZAÇÃO DOS TIPOS DE ARGUMENTO 
2- COESÃO SEQUENCIAL E COERÊNCIA ARGUMENTATIVA 
 
Produzindo o texto: 
 
 
A sociedade brasileira sofre com a violência cotidiana em diversos 
níveis e não tolera mais essa prática. Certamente, a violência é o pior recurso 
para a solução de qualquer tipo de conflito. Uma pessoa sensata pondera, 
dialoga ou se afasta de situações que podem desencadear embates violentos. 
Não foi essa a opção de Anísio: deu vazão a sua ira e matou sua mulher. 
Anísio cometeu um crime doloso inaceitável, repudiado com 
veemência pela sociedade, porque desferiu três facadas certeiras no peito de 
sua companheira, e também porque agiu covardemente contra uma pessoa 
desarmada e fisicamente mais fraca. Além disso, ele já estava desconfiado do 
caso extraconjugal da mulher, o que afastaria a hipótese de privação de 
sentidos. 
A Constituição é muito clara quando diz que a vida é um bem 
inviolável. Uma sociedade democrática defende esse direito e recorre a todos 
os meios disponíveis para que a vida seja sempre preservada e para que 
qualquer atentado a esse direito seja severamente punido. No caso em 
questão, Teresa foi atacada de maneira covarde e violenta, porque não 
dispunha de meios para ao menos tentar preservar sua vida. Portanto, o réu 
desrespeitou a Constituição Brasileira e incorreu no crime de homicídio doloso 
previsto no artigo 121 do Código Penal Brasileiro 
Por outro lado, embora se possa alegar que Teresa tenha 
desrespeitado Anísio, traindo-o com outro homem em sua própria casa, havia 
formas razoáveis de resolver o conflito. Eis o que nos separa dos criminosos. 
Ademais, não se nega o fato de que o flagrante de uma traição provocar uma 
intensa dor, porém o ato extremo de assassinar a companheira, por sua 
desproporção, não pode ser aceito como uma resposta cabível ao conflito 
amoroso. 
Importantíssimo registrar que a necropsia concluiu que as três facadas 
que atingiram de forma brutal a vítima, foram profundas, perfuraram artérias e o 
coração; consequentemente, provocaram sua morte em poucos segundos. O 
laudo comprova a determinação de Anísio, não apenas de castigar a pessoa 
que o preteriu, mas principalmente de provocar sua morte, eliminando a vida da 
mulher que insanamente dissera amar. 
Não resta dúvida que, dificilmente, alguém negaria ser incapaz de 
utilizar qualquer meio para defender alguém que ama. Em casos de um 
assalto, por exemplo, uma mãe está perfeitamente disposta a matar o 
assaltante para defender a vida de seu filho. Para fugir de uma perseguição, o 
motorista de um carro é plenamente capaz de causar um acidente para evitar 
que algo de mal aconteça aos caronas que conduz. O que há de comum 
nestes e em tantos outros casos de que se tem notícia é que existe um 
sentimento de amor ou bem querer que impede que uma pessoa dimensione 
racionalmente as consequências do ato que pratica em favor da proteção de 
alguém. Como, então, Anísio pode dizer que matou por amor? Amava, sim, a si 
mesmo, já que não suportou o amor próprio ferido. Aceitar sua conduta 
desmedida seria instituir a pena de morte para a traição amorosa 
 
 
Questão de casa: 
 
Caso concreto 
 
Será examinado pelo Supremo Tribunal Federal o pedido do Estado de 
Mato Grosso do Sul para que seja suspensa a liminar que obriga o Estado a 
fornecer três doses diárias de 200 mg do medicamento miglustat (Zavesca) a 
uma criança de sete anos, portadora da doença de Niemann-Pick tipo C. 
Os pais da criança, em mandado de segurança contra ato do secretário 
de Saúde e do diretor da Casa de Saúde do Estado, alegaram a gravidade da 
doença neurodegenerativa, que pode causar a paralisia dos nervos motores 
oculares, "incoordenação" progressiva, envolvimento cognitivo e até mesmo a 
morte prematura da filha. Segundo o advogado, com base na opinião de 
especialista em neurologia infantil, o remédio importado seria a única 
possibilidade para interromper o avanço da doença. 
No pedido, a defesa observou que a renda dos pais é limitada. Afirmou, 
ainda, que apesar de não se encontrar licenciado no Brasil, o medicamento já 
está sendo utilizado com sucesso no Canadá, não havendo, na opinião do 
médico, qualquer efeito colateral que pudesse ser mais grave do que a própria 
evolução da doença. Após examinar o pedido, o desembargador Josué de 
Oliveira, do Tribunal de Justiça do Estado, concedeu a medida urgente. 
O Estado veio, então, ao STJ, requerendo a suspensão da liminar. 
"Entes públicos devem observar a proibição da circulação dos medicamentos 
não registrados no Brasil, sob pena de ofensa à competência administrativa da 
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para regulamentar, controlar 
e fiscalizar os produtos e serviços que envolvam risco à saúde pública", alegou. 
Ainda segundo o Estado, o fornecimento do medicamento sem licença 
põe em risco a saúde da coletividade, pois o registro só é concedido após 
análise científica do remédio, quando também é levado em conta o custo-
benefício em face da efetiva possibilidade de cura. Destacou que o custo 
mensal elevado do remédio, de RS 52.143,05, servirá apenas de experimento 
para a garota, já que os estudosquanto a sua aplicação não estão concluídos. 
Para o Estado, é imprescindível que, nas políticas públicas de saúde, 
bem como nas ações judiciais dela decorrentes, "sejam feitas ponderações, 
que reconheçam os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, 
minimizando o interesse individual para que seja atendida a cobertura universal 
de forma igualitária e sem riscos à própria saúde". 
Após examinar o caso, o presidente do STJ, ministro Edson Vidigal, 
negou seguimento ao pedido, por não ser de sua competência a decisão de 
suspender a liminar, já que o mandado de segurança impetrado pela menor 
encontra-se alicerçado em fundamento constitucional. "Diante, pois, da índole 
eminentemente constitucional que anima a controvérsia, fica evidenciada a 
incompetência desta presidência para o exame da suspensão pleiteada", 
considerou. Quem teria tal competência é o STF. 
O ministro explicou, também, ser irrelevante, no caso, que o acórdão 
contenha fundamentação constitucional e infraconstitucional. "Havendo 
competência concorrente para o pedido de suspensão, há vis atrativa da 
competência do ministro presidente do Supremo Tribunal Federal", concluiu o 
ministro Edson Vidigal. 
 
Constituição Federal / 1988 
Art. 6°: São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a 
moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e 
à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. 
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido 
mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de 
doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e 
serviços para sua promoção, proteção e recuperação. 
 
Lei nº. 1.079, de 10-4-1950 
Define os crimes de responsabilidade e regula o respectivo processo 
de julgamento 
Art. 7o. São crimes de responsabilidade contra o livre exercício dos 
direitos políticos, individuais e sociais: 
 
Art. 74. Constituem crimes de responsabilidade dos governadores dos Estados 
ou dos seus secretários, quando por eles praticados, os atos definidos como 
crime nesta Lei. 
 
Lei nº 6.360/76 proíbe a exposição, a venda e o consumo de 
medicamentos importados antes de registro no Ministério da Saúde. 
 
Jurisprudência 
0006309-25.2009.8.19.0064 - APELACAO / REEXAME NECESSARIO 
- 1ª Ementa 
DES. ROGERIO DE OLIVEIRA SOUZA - Julgamento: 20/10/2010 - 
NONA CAMARA CIVEL 
DIREITO CONSTITUCIONAL. MANDADO DE SEGURANÇA. 
FORNECIMENTO DE MEDICAMENTO. DIREITO À SAÚDE. DEVER DO 
ESTADO. OBRIGAÇÃO SOLIDÁRIA DE TODOS OS ENTES FEDERATIVOS. 
SUCUMBÊNCIA. SÚMULA 65 DO TJRJ. RESERVA DO POSSÍVEL E 
DESRESPEITO À SEPARAÇÃO DOS PODERES. CONDENAÇÃO GENÉRICA 
NÃO CONFIGURADA. SÚMULA 116 DESTE TRIBUNAL. NEGATIVA DE 
SEGUIMENTO AO RECURSO. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA EM 
REEXAME NECESSÁRIO. Cabe ao Estado em sentido lato garantir a saúde de 
todos, mediante a adoção de políticas que visem à redução de risco de 
doenças. A súmula 65 do TJRJ fixou a responsabilidade solidária da União, 
Estados e Municípios, em apreço aos artigos 6º e 196 da Constituição Federal 
de 1988, bem como à Lei nº 8080/90. Garantia ao fundamental direito à saúde 
que não se confunde com infringência à reserva do possível ou à separação 
dos Poderes. Necessidade de fazer prevalecer a decisão política fundamental 
que o Legislador Constituinte adotou em respeito à saúde e, por conseguinte, à 
vida. Precedentes do Supremo Tribunal Federal. Na condenação do ente 
público à entrega de medicamento necessário ao tratamento de doença, a sua 
substituição não infringe o princípio da correlação, desde que relativa à mesma 
moléstia. Aplicação da Súmula 116 desta Corte. Negativa de seguimento ao 
recurso de apelação e manutenção da sentença em sede de reexame 
necessário. 
 
SÚMULA Nº 65 
DIREITO À SAÙDE 
ANTECIPAÇÃO DA TUTELA DE MÉRITO 
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DA UNIÃO, ESTADOS E MUNICÍPIOS. 
"Deriva-se dos mandamentos dos artigos 6º e 196 da Constituição Federal de 
1988 e da Lei nº 8080/90, a responsabilidade solidária da União, Estados e 
Municípios, garantindo o fundamental direito à saúde e conseqüente 
antecipação da respectiva tutela". 
 
Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990 
Art. 1° Esta lei regula, em todo o território nacional, as ações e 
serviços de saúde, executados isolada ou conjuntamente, em caráter 
permanente ou eventual, por pessoas naturais ou jurídicas de direito Público ou 
privado. 
 
Art. 2° A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o 
Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício. 
§ 1° O dever do Estado de garantir a saúde consiste na formulação e 
execução de políticas econômicas e sociais que visem à redução de riscos de 
doenças e de outros agravos e no estabelecimento de condições que 
assegurem acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para a sua 
promoção, proteção e recuperação. 
§ 2° O dever do Estado não exclui o das pessoas, da família, das 
empresas e da sociedade. 
 
Art. 3° A saúde tem como fatores determinantes e condicionantes, 
entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, 
o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e 
serviços essenciais; os níveis de saúde da população expressam a 
organização social e econômica do País. 
Parágrafo único. Dizem respeito também à saúde as ações que, por 
força do disposto no artigo anterior, se destinam a garantir às pessoas e à 
coletividade condições de bem-estar físico, mental e social. 
 
 
QUESTÃO 
Após a compreensão do conflito e a leitura das fontes primárias e 
secundárias que auxiliam a solução da lide, desenvolva uma ementa e uma 
fundamentação para o caso concreto. Sua fundamentação deverá apresentar, 
pelo menos, três parágrafos argumentativos diferentes. Escolha livremente 
entre as opções listadas na aula de hoje.

Outros materiais