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MONOGRAFIA ALIENAÇÂO PARENTAL E RESPONSABILIDADE CIVIL

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UNIVERSIDADE DO PLANALTO CATARINENSE 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
JOANA SOUZA 
 
 
 
 
O DIREITO DE AÇÃO NOS CASOS DE RESPONSABILIDADE CIVIL PELA 
ALIENAÇÃO PARENTAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LAGES 
2019 
 
 
 
 
 
JOANA SOUZA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O DIREITO DE AÇÃO NOS CASOS DE RESPONSABILIDADE CIVIL PELA 
ALIENAÇÃO PARENTAL 
 
 
 
 
Trabalho de Curso apresentado ao Curso de 
Direito da Universidade do Planalto Catarinense – 
UNIPLAC, como requisito parcial para obtenção de 
aprovação na disciplina de Trabalho de Conclusão 
de Curso. 
Orientador: Professor Esp. Gerson Palma Arruda. 
 
 
 
 
 
 
LAGES 
2019 
 
 
 
 
 
TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE 
 
Declaro, para todos os fins de direito e que se fizerem necessários, que 
assumo total responsabilidade pelo aporte ideológico e referencial conferido ao 
presente trabalho, isentando a Universidade do Planalto Catarinense, a 
Coordenação do Curso de Direito e o professor orientador de todo e qualquer reflexo 
acerca da monografia. 
Estou ciente de que poderei responder administrativa, civil e criminalmente 
em caso de plágio comprovado do trabalho monográfico. 
 
 
Lages, julho de 2019. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
________________________________________ 
JOANA SOUZA 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE DO PLANALTO CATARINENSE - UNIPLAC 
CURSO DE DIREITO 
 
O Trabalho de Curso elaborado por Joana Souza , sob o título “O direito de 
ação nos casos de responsabilidade civil pela alienação parental”, foi submetido à 
avaliação mediante exposição oral e, posterior arguição promovida pela Banca 
Examinadora abaixo nominada, resultando: 
( ) APROVADO, sendo julgado adequado para o cumprimento do requisito 
legal previsto no artigo 10 da Resolução n° 9/2004 do Conselho Nacional de 
Educação (CNE), bem como se encontra de acordo com o Regulamento de 
Monografia do Curso de Graduação em Direito; 
( ) REPROVADO, pelo descumprimento das regras que regem o Trabalho 
de Curso/Monografia. 
 
Lages, julho de 2019 
 
 
______________________________________________ 
Presidente: Prof. Esp. Gerson Palma Arruda 
 
 
 
 
________________________________ ____________________________ 
 Avaliador(a) Convidado(a) Avaliador(a) Convidado(a) 
 
 
 
_________________________________________ 
Coordenadora do Curso de Direito 
Prof. Msc. Aline Lampert Rocha Pagliosa 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho à minha mamãe, 
com todo meu amor e carinho, que nunca 
mediu esforços para que eu chegasse até 
aqui, isso tudo é por você. 
 
 
 
Agradeço a Deus por me dar saúde, forças e sabedoria para chegar até 
aqui, por me manter firme na fé nos momentos mais difíceis, por ser minha calma 
nos momentos de frustações, por me dar tantas bençãos na vida. 
À minha mamãe, o amor da minha vida, pessoa a quem devo minha vida, 
que sempre me deu tudo que precisei, que é meu porto seguro, meu refúgio, quem 
acorda todos os dias para batalhar para que eu possa realizar um sonho, quem 
nunca me deixou desistir, que desde criança me incentivou a ler, a estudar, a me 
dedicar naquilo que quero, a ser uma pessoa melhor, que me dá colo nos momentos 
de angustias, que acalma meu coração tão acelerado e preocupado, obrigada por 
ser a melhor do mundo, por ser tão cheia de amor, obrigada por cada pedacinho teu, 
obrigada por ser minha melhor amiga, por me apoiar tanto, por ser todo meu alicerce 
na realização do nosso sonho, obrigada por ser você, exatamente como é, amo você 
mais que tudo mamãezinha da minha vida que amo. 
À meu papai, que do jeitinho dele sempre foi o melhor pai que eu poderia ter, 
que sempre me deu carinho e amor, que não mede esforços para me ver bem, 
obrigada por tudo papai, te amo e sou muito feliz por ser igualzinha a você. 
À minha irmã Hemellyn, que é parte de mim, minha confidente, minha amiga, 
meu tudo, you are my person! Que mesmo longe sempre teve paciência comigo, me 
ajudando, me dando apoio, amor, carinho e atenção, dizendo que tudo dará certo, 
obrigada por me ensinar tanto, sou eternamente grata à você por tudo. 
À meu irmão João Pedro, por toda paciência que tem comigo, por sempre 
me ajudar e estar ao meu lado. 
À minha tia Leonilda, minha segunda mãe, que sempre cuidou de mim como 
se fosse filha, que me deu grandes presentes nessa vida, Thomás e Laura. 
Laurinha, minha prima, irmã, minha amiga de uma vida inteira, obrigada por 
tudo, por sempre me acolher em tua casa, por me aguentar até mesmo nos dias 
mais difíceis. 
À meu Vovô José sempre presente em minha vida, aos meus avós 
Gumercindo, Guilhermina e Nelci, que sei que lá do céu estão constantemente 
cuidando de mim. Às minhas tias amadas Elaine e Eliane, que além de minhas tias, 
sempre foram minhas amigas, aos meus tios, tias, primas, e familiares, obrigada por 
tudo, vocês tem todo meu amor e minha gratidão. 
Sou grata ao grupo de amigas perfeitas que a faculdade me deu e que 
levarei para vida toda. Ana, Amanda, Débora, Jennifer, e Vanessa. Amigas, obrigada 
 
 
 
por me darem a honra de vivenciar esses anos ao lado de cada uma de vocês, 
vocês são maravilhosas, minhas confidentes, obrigada por tanto apoio, por tanta 
ajuda, por terem sempre uma palavra amiga ou um puxão de orelha, sempre uma 
pela outra, a faculdade não teria sido a mesma coisa sem vocês, somos infalíveis 
juntas, obrigada por tudo, vocês são perfeitas e eu amo profundamente cada uma. 
À todos os amigos que estiveram ao meu lado ao longo dessa caminhada, 
agradeço a cada um que fez parte disso tudo, que vivenciou a faculdade ao meu 
lado, à cada um que acreditou em mim e que de alguma forma ajudou para que esse 
sonho se realizasse e eu vencesse essa etapa, obrigada por entenderem minhas 
falhas, por me apoiarem, por estarem sempre comigo, meu amor e minha gratidão à 
vocês. 
A meu orientador Professor Gerson, que no quinto semestre da faculdade 
disse que via uma grande capacidade em mim, desde que eu deixasse de ser tão 
distraída, saiba que essas palavras foram muito importantes para que eu chegasse 
até aqui professor. Obrigada por não perder a paciência comigo e ser um excelente 
professor e orientador, serei grata ao senhor por toda a vida. Em seu nome 
agradeço aos que além de professores se tornaram grandes amigos, por me 
transmitirem conhecimento, por contribuírem para o meu crescimento pessoal e 
profissional, por me ajudarem a chegar até aqui e a ir muito mais longe. 
Muito obrigada! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
"Nem todo mundo vai compreender isso tudo 
que você é, o que não significa que você 
deva se esconder ou se calar. 
O mundo tem medo de mulheres 
extraordinárias." 
(Ryane Leão) 
 
 
 
RESUMO 
 
O presente trabalho tem por objetivo determinar o titular do direito de ação nos 
casos de Responsabilidade Civil oriundos da Alienação Parental. Dispondo dos 
ensinamentos da Lei 12.318/10, que define a Alienação Parental, bem como o 
estudo aprofundado da Responsabilidade Civil, e do Direito de Ação, tratando-se da 
legitimidade ativa e do entendimento dos tribunais. Tal referencial trata-se 
principalmente na análise da legitimidade ativa para postular nos casos de 
responsabilidade civil decorrentes da Alienação Parental. Observa-se também a 
origem do instituto da Alienação Parental, tal como seus atos e consequências. A 
responsabilidade civil no âmbito do direito civil vem como forma de recompensar a 
vítima pelo dano sofrido. Levando em consideração de que muito além da 
identificação da síndrome da alienação parental, está sua reparação, para que não 
apenas o genitor alienador seja punido, mas também, toda a família sinta-se 
amparada pela legislação existente. Nesse contexto, tem de se observar quealém 
da criança e do adolescente toda a família alienada sofre as graves consequências 
da Alienação Parental. 
 
PALAVRAS-CHAVE: Alienação Parental, Responsabilidade Civil, Legitimidade 
Ativa. 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
The present work aims to determine the holder of the right of action in cases of Civil 
liability from Parental alienation. Featuring the teachings of 12,318/10 Law, which 
defines Parental alienation, as well as the in-depth study of liability, and the right of 
action, in the case of active legitimacy and the understanding of the courts. Such 
reference comes mainly in the analysis of active legitimacy to postulate in cases of 
civil liability arising from Parental alienation. There is also the origin of Institute of 
Parental alienation, as their actions and consequences. Civil liability under civil law 
comes as a way to repay the victim for the damage suffered. Taking into 
consideration that much beyond recognition of parental alienation syndrome, is your 
repair, for which not only the parent alienador be punished, but also the whole family 
feel protected by the existing legislation. In this context, it must be noted that in 
addition to children and adolescents all alienated family suffers the serious 
consequences of Parental alienation. 
 
 
 
KEYWORDS: Parental Alienation, Civil Responsibility, Active Legitimacy. 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 11 
 
CAPÍTULO 1 ALIENAÇÃO PARENTAL .................................................................. 13 
1.1 Origem e conceito da Alienação Parental ....................................................... 13 
1.2 A influência do poder familiar ......................................................................... 16 
1.3 Atos da Alienação Parental .............................................................................. 21 
 
CAPÍTULO 2 RESPONSABILIDADE CIVIL ............................................................ 27 
2.1 A conceituação e evolução da Responsabilidade Civil no Brasil ................ 27 
2.2 Responsabilidade Civil Subjetiva .................................................................... 31 
2.3 Responsabilidade Civil Objetiva ..................................................................... 34 
 
CAPÍTULO 3 LEGITIMIDADE ATIVA ...................................................................... 38 
3.1 O direito de ação .............................................................................................. 38 
3.2 Condições da ação ........................................................................................... 44 
3.3 Entendimento dos Tribunais ........................................................................... 50 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 54 
 
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 56
11 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
O presente trabalho tem o escopo de abordar uma realidade vivenciada por 
grande parte da população brasileira, qual seja a alienação parental e os danos 
ocasionados por tal conduta. Tendo como título e delimitação do tema o direito de 
ação nos casos de responsabilidade civil pela alienação parental. 
O estudo dessa matéria, diz respeito também ao direito de família ordenado 
pela legislação, sendo de grande importância para a sociedade, pois tende a 
despertar curiosidade, sabedoria e angústia ao leitor, uma vez que o ato da 
alienação parental pode estar presente no nosso meio e no cotidiano de grande 
parte das famílias que sofrem com a dissolução do casamento ou de uma união 
estável. Desse modo, ao observar a quem pertence à legitimidade de ação nos 
casos de responsabilidade civil oriundos da alienação parental, notou-se a 
viabilidade de elaborar uma pesquisa com ênfase em determinar o titular do direito 
de ação nesses casos, já que a responsabilidade civil é algo que já é bastante 
discutido e que tem sua confirmação na lei, porém a legitimidade da ação ainda não. 
Além disso, existe o questionamento a respeito da capacidade do direito de 
ação, a quem deveria pertencer e quem seria o real prejudicado nesses casos. 
Diante disso, buscou-se formular o problema no âmbito de verificar a quem 
possui legitimidade ativa para buscar em juízo a responsabilização civil pelos danos 
oriundos da Alienação Parental. E como resposta provisória ao problema, elaborou-
se a seguinte hipótese: Considerando, que a lei n. 12.318/10 não esclarece 
explicitamente em seus artigos a quem cabe à legitimidade ativa para postular em 
juízo a responsabilidade civil pela alienação parental, entende-se com base na 
doutrina e na jurisprudência que todos aqueles que convivem com o infante e 
acabam de alguma forma sendo prejudicados, possuem legitimidade ativa para 
buscar em juízo a responsabilização civil pelos danos causados devido a alienação 
parental. 
Utilizou-se para tanto, o método dedutivo, partindo-se de uma premissa geral 
para uma particular, e como técnica de pesquisa a bibliográfica, por meio de 
pesquisa à legislação, doutrina e jurisprudência. 
O tema responsabilidade civil e alienação parental abordado na presente 
pesquisa, é de fundamental relevância na sociedade moderna, isto 
porque a síndrome da alienação parental consiste em uma forma de interferência na 
12 
 
 
formação psicológica da criança, com o fim de criar conflitos entre o genitor e seu 
filho. 
Diante disso, esclarece-se que é de extrema importância a discussão acerca 
da legitimidade do direito de ação nos casos de alienação parental, tendo em vista 
que esse pode ser um pequeno passo para uma melhor efetivação do sistema 
judiciário. 
Todavia, importante questionar-se a quem cabe a legitimidade ativa nas 
ações de responsabilidade civil pela alienação parental? Será somente a criança 
vitimada? Ou também ao cônjuge alienado? Ou até mesmo aqueles que convivem 
com a vítima? 
Portanto, o questionamento do presente estudo vai além da alienação 
parental, pois é sabido que os danos causados ultrapassam os limites do processo, 
sendo assim necessário uma melhor compreensão e um estudo mais amplo sobre o 
que realmente ocorre ao redor da vítima, quem além dela acaba sendo prejudicado 
e a quem cabe esse direito de ação. 
Com o objetivo de atrair atenção para o tema, a pesquisa apontará 
respostas ao mesmo tempo em que sugere ao leitor a exploração do estudo. 
Por fim, o projeto tem por foco determinar o titular do direito de ação nos 
casos de responsabilidade civil oriundos da alienação parental, investigando através 
de estudos e direcionando a atividade acadêmica do estudante e visando, ainda, 
facilitar a aplicação da lei para os operadores de direito 
Para chegar ao resultado desejado no presente estudo, elaborou-se a 
pesquisa, primeiramente, estudando a alienação parental, no segundo capítulo 
adentrou-se a respeito da responsabilidade civil e seus institutos, e por último, a 
legitimidade ativa, o direito de ação juntamente com o entendimento dos tribunais. 
Sendo um tema bastante conflituoso, não há decisões específicas, e houve a 
necessidade de se buscar casos por analogia, para chegar a uma resposta, não 
confirmando totalmente a hipótese levantada no projeto de pesquisa, além disso, o 
presente estudo irá auxiliar nas decisões de magistrados, pareceres de membros do 
Ministério Público, bem como advogados, bem como a sociedade em geral, a fim de 
eximir a alienação parental, para que esta não chegue à síndrome causando um mal 
maior ainda as pessoas que convivem com isso. 
 
 
13 
 
 
CAPÍTULO 1 
ALIENAÇÃO PARENTAL 
 
O estudo da alienação parental diz respeito ao direito de família ordenado 
pela legislação, o ato da alienação parental pode estar presente nomeio e no 
cotidiano de grande parte das famílias que sofrem com a dissolução do casamento 
ou de uma união estável. Tal fenômeno sempre surge com a disputa da guarda dos 
filhos entre seus pais, conflito o qual ocorre desde o princípio da instituição da 
família. 
Ocorre que a sua origem está na mudança de convivência das famílias, 
gerada por uma maior aproximação entre os pais e filhos, prática a qual acontece 
de forma cada vez mais recorrente. 
 
1.1 Origem e conceito da Alienação Parental 
 
Antes de iniciar o estudo da alienação parental, é importante entender o seu 
surgimento para uma melhor compreensão do assunto, identificando suas etapas e 
seus conceitos. 
Por volta do ano de 1980, Dr. Richard Gardner médico e professor 
psiquiatra, após a realização de estudos concluiu que após a separação do casal, o 
genitor que obtinha a guarda dos filhos acabava influenciando-os de certa forma que 
os laços com o outro genitor iam se rompendo aos poucos e prejudicando o infante. 
(DIAS, n.p. n.d) 
Após a separação, geralmente a mãe acaba ficando emocionalmente 
abalada, sentindo-se sozinha, abandonada e rejeitada, tendo pensamentos 
vingativos em relação ao ex-cônjuge, querendo, desse modo, de alguma forma que 
esse sinta-se de igual modo como ela se sente, iniciando assim a alienação 
parental. Esta alienação é feita pela desqualificação do progenitor na presença dos 
filhos, denegrindo sua imagem, enquanto o progenitor alienador, normalmente a 
mãe, coloca-se como vítima pelo pai ter abandonado ela e os filhos. (DIAS, n.p n.d) 
Nessa perspectiva, pode-se observar como Ana Carolina Carpes Madaleno 
e Rolf Madaleno (2017, p. 29) conceitualiza a respeito da origem da Alienação 
Parental: 
14 
 
 
Trata-se de uma campanha liderada pelo genitor detentor da guarda da 
prole, no sentido de programar a criança para que odeie e repudie, sem 
justificativa, o outro genitor, transformando a sua consciência mediante 
diferentes estratégias, com o objetivo de obstruir, impedir ou mesmo destruir 
os vínculos entre o menor e o pai não guardião, caracterizado, também, 
pelo conjunto de sintomas dela resultantes, causando, assim, uma forte 
relação de dependência e submissão do menor com o genitor alienante. E, 
uma vez instaurado o assédio, a própria criança contribui para a alienação. 
Essa campanha contra o genitor que não possui a guarda do menor, 
chamado alienado, pode ser intentada de várias formas, em que o genitor 
dito alienante pode passar a destruir a imagem do outro perante 
comentários sutis, desagradáveis, explícitos e hostis, fazer com que a 
criança se sinta insegura em sua presença, como no caso da visitação, ao 
ressaltar que o infante se cuide ou que telefone se não se sentir bem, 
obstaculizar as visitas ou mesmo ameaçar o filho – ou ameaçar atentar 
contra sua própria vida – caso a criança se encontre com o pai. 
Frequentemente, a ocorrência se dá quando um dos genitores implanta no 
filho falsas memórias e ideias em relação ao outro, com a intenção de afastá-lo do 
genitor alienado, como uma forma punitiva de vingança, ou até mesmo 
supostamente como uma forma de proteção ao filho menor, como se o mal causado 
pelo genitor ao cônjuge, fosse se repetir ao filho. (FIGUEIREDO, 2013).* 
Por se tratar de uma prática cada vez mais frequente, importante mencionar 
o conceito da alienação parental, a qual encontra-se expressa no artigo 2º da Lei nº 
12. 318/10, no qual diz: 
Art. 2º Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação 
psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos 
genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a 
sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause 
prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este. 
De acordo com o artigo acima citado, o Ministério Público do Estado do 
Paraná (n.p., n.d.) conceitua a Alienação Parental da seguinte forma: 
A alienação parental é um dos temas mais delicados tratados pelo direito de 
família, considerando os efeitos psicológicos e emocionais negativos que 
pode provocar nas relações entre pais e filhos. A prática caracteriza-se 
como toda interferência na formação psicológica da criança ou do 
adolescente promovida ou induzida por um dos pais, pelos avós ou por 
qualquer adulto que tenha a criança ou o adolescente sob a sua autoridade, 
guarda ou vigilância. O objetivo da conduta, na maior parte dos casos, é 
prejudicar o vínculo da criança ou do adolescente com o genitor. A 
alienação parental fere, portanto, o direito fundamental da criança à 
convivência familiar saudável, sendo, ainda, um descumprimento dos 
deveres relacionados à autoridade dos pais ou decorrentes de tutela ou 
guarda. 
15 
 
 
Refere-se a um transtorno psicológico caracterizado por um conjunto de 
sistemas pelo qual um dos genitores, o qual é denominado de cônjuge alienador, 
altera o pensamento de seu filho, por meio de técnicas de atuação, com o único 
objetivo de tornar mais difícil ou até mesmo destruir os vínculos com o outro genitor, 
chamado cônjuge alienado. É uma programação sistemática promovida pelo 
alienador para que a criança odeie, despreze ou tenha medo do genitor alienado, 
sem uma real justificativa. (FREITAS, 2015) 
Num mesmo viés, Maysa Meireles Fernandes e Rachel dos Reis Cardone 
(2016, p 79), trazem basicamente o mesmo conceito do surgimento da Alienação 
Parental, sendo assim: 
A alienação parental surge na disputa de guarda dos filhos entre os 
genitores, quando decidem se divorciar do cônjuge ou terminar com a união 
estável, decorrendo um sentimento de desejo de vingança e de rivalidade, 
muitas vezes pelo motivo de o ex-cônjuge ou ex-companheiro(a) começar 
um novo relacionamento amoroso com outra pessoa, tornando-se 
fragilizada a convivência entre um dos pais com o filho menor de idade. 
Ainda, Maria Berenice Dias (n.d. , n.p.) aduz em seu artigo, intitulado 
Síndrome da Alienação parental – o que é isso?, a respeito do instituto da alienação 
parental e do processo em que ela ocorre: 
Quando não consegue elaborar adequadamente o luto da separação, 
desencadeia um processo de destruição, de desmoralização, de descrédito 
do ex-cônjuge. Ao ver o interesse do pai em preservar a convivência com o 
filho, quer vingar-se, afastando este do genitor. Para isso cria uma série de 
situações visando a dificultar ao máximo ou a impedir a visitação. Leva o 
filho a rejeitar o pai, a odiá-lo. A este processo o psiquiatra americano 
Richard Gardner nominou de “síndrome de alienação parental”: programar 
uma criança para que odeie o genitor sem qualquer justificativa. Trata-se de 
verdadeira campanha para desmoralizar o genitor. O filho é utilizado como 
instrumento da agressividade direcionada ao parceiro. 
É notável que a alienação parental se caracteriza na atuação 
inquestionável do sujeito alienador, na prática de atos que acabem depreciando a 
imagem de um dos genitores, tratando-se, portanto, de atuação do alienador que 
busca turbar a formação da percepção social da criança ou do adolescente. 
(FIGUEIREDO, 2013) 
É possível perceber também, de acordo com Douglas Phillips Freitas 
(2015, p. 67) que a conduta pode ser intencional ou não, mas ela sempre ocorre 
fazendo a criança de um mal pensamento em relação ao cônjuge alienado: 
16 
 
 
A conduta do alienador, por vezes, é intencional, mas muitas vezes sequer 
é por ele percebida (visto que se trata de uma má interpretação e 
direcionamento equivocado das frustrações decorrentes do rompimento 
afetivo com o outro genitor – alienado –, entre outras causas 
associadas).Esta conduta, intencional ou não, desencadeia uma campanha 
de modificação nas emoções do alienador e da criança, na sequência, que 
faz esta produzir um sistema de cumplicidade e compreensão da conduta 
do alienante, ora justificando, ora praticando (a criança) atos que visam a 
aprovação do alienante que joga e chantageia sentimentalmenteo menor, 
com expressões do tipo: “você não quer ver a mãe triste, né?”, entre outras. 
Com o passar do tempo, o genitor alienador pode acabar ficando com 
uma personalidade agressiva, o que é diferente do genitor alienado, que 
frequentemente não possui um padrão ameaçador. Contudo, o alienado pode vir a 
perder o controle como uma consequência do afastamento do seu filho, causando 
dor e frustração compreensível, mas que nesse caso é tratado pelo alienador como 
justificativa de seus atos de alienação, e não como consequência. Quando o 
alienador não tem o efeito desejado com essa campanha, a qual não produz efeito, 
este fica extremamente triste e inconsolável uma vez que houve uma convicção de 
vingança e um doutrinamento para que as crianças passassem a odiar o outro 
genitor. Esse alienador espera sempre que tenha total atenção do filho, que este 
esteja sempre satisfazendo suas necessidades. No decorrer da alienação pode 
ocorrer de o cônjuge alienador perder o interesse afetivo pelo seu filho, sendo a luta 
pela guarda apenas um instrumento de poder e controle, e não um desejo de afeto e 
cuidado. (FREITAS, 2015) 
Pode-se observar então que a alienação parental ocorre há muito tempo, 
prejudicando tanto o filho quanto o cônjuge alienado, trazendo graves 
consequências a quem convive com isso e deixando até mesmo o alienador 
transtornado com o resultado negativo da alienação. 
 
1.2 A influência do poder familiar 
 
É sabido que família é o bem maior do ser humano, que ali encontra-se 
amor, carinho e afeto, bem como todo o direito de família gira em torno do princípio 
da afetividade, sendo ele regido pelo amor fraterno. 
Sendo o poder familiar irrenunciável, intransferível, inalienável e 
imprescritível, este pertence a ambos os pais, do nascimento aos dezoito anos, ou a 
17 
 
 
emancipação dos filhos. Até mesmo quando os pais são separados, o não detentor 
da guarda continua titular do poder familiar, que apenas pode variar de grau em 
relação a seu exercício, não quanto à sua titularidade. (MADALENO, MADALENO 
2017) 
Luiza Farielo (n.p. n.d.) conceitua o poder familiar trazendo sua relação com 
o Código Civil e o ECA, explicando também o que acontece com esse após a 
maioridade ou emancipação da criança ou adolescente : 
O poder familiar está relacionado ao dever dos pais de sustento, guarda e 
educação dos filhos menores. Ou seja, é o conjunto de direitos e deveres 
atribuídos aos pais em relação à pessoa e aos bens dos filhos menores de 
18 anos. Trata-se do antigo poder pátrio, expressão do Código de 1916, que 
considerava que o poder era exercido exclusivamente pelo pai. A mudança 
de nomenclatura se deu em 2009, pela Lei n. 12.010, e alterações no 
Código Civil. Dessa forma, o poder familiar é dever conjunto dos pais, e a 
Constituição federal estabelece, em seu artigo 226, que "os direitos e 
deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo 
homem e pela mulher". Da mesma forma, o ECA determina que o poder 
familiar será exercido, em igualdade de condições, pelo pai e pela mãe. A 
perda ou suspensão do poder familiar podem ser decretadas judicialmente, 
nos casso previstos em lei e na hipótese de descumprimento injustificado 
dos deveres e obrigações dos pais. A falta ou carência de recursos 
materiais, no entanto, não representa motivo suficiente para a suspensão ou 
perda do poder familiar. A condenação criminal do pai ou da mãe também 
não é motivo para perda do poder familiar, exceto na hipótese de 
condenações destes por crimes dolosos contra o próprio filho. Além da 
decisão judicial, a extinção do poder familiar também ocorre pela morte dos 
pais ou do filho. Ocorre, ainda, pela emancipação, maioridade do filho ou 
adoção. Embora a adoção dependa do consentimento dos pais ou do 
representante legal da criança, esse consentimento é dispensado quando 
houve destituição do poder familiar. 
 
A Constituição Federal da República de 1988 em seu art. 226 traz que “A 
família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.” Nesse mesmo viés, é 
importante ressaltar a conceituação de Fábio Vieira Figueiredo (2013, p. 11) a qual 
explica assim: 
A família tem especial proteção do Estado, uma vez que constitui a base de 
nossa sociedade, assim, seu reconhecimento, manutenção, 
desenvolvimento e dissolução devem ser regulados de forma a preservar a 
própria instituição, e principalmente garantir que o Estado alicerçado na 
família também se desenvolva de forma equilibrada. 
Além disso, Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho (2014, p. 90) 
trazem o amor como fator primordial da família, ensinando da seguinte forma: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l12010.htm
18 
 
 
[...] o fato é que o amor – a afetividade- tem muitas faces e aspectos e, 
nessa multitarefa de complexidade, temos apenas a certeza inafastável de 
que se trata de uma força elementar, propulsora de todas as nossas 
relações de vida. Nesse contexto fica fácil concluir que a sua presença, 
mais do que em qualquer ramo do Direito, se faz especialmente forte nas 
relações da família. 
Portanto, sendo com base na afetividade, as normas protetivas da criança e 
do adolescente tem como base o afeto como vetor de orientação comportamental 
dos pais (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2014). 
Observa Fábio Vieira Figueiredo (2013, p 44) que nessa situação os pais 
não são os únicos que tem essa interferência, que família vai além do amor de pai e 
de mãe e que na ocorrência da alienação parental os pais não são os únicos 
prejudicados: 
Importa destacar que não é apenas na relação entre pais e filhos que tal 
inadequada campanha pode ocorrer. A busca por afastar do convívio o 
alienado do vitimado pode se dar em outros graus de relação de 
parentesco, como de um dos genitores com os avós do alienado, 
geralmente em razão do parentesco por afinida- de. Ainda, a busca por 
separar irmãos unilaterais, dadas as richas envolvendo o genitor comum. 
O Código Civil dispõe a partir do artigo 1.538 até o artigo 1.590, a respeito 
da proteção da família e por consequência das crianças envolvidas, também traz 
objetivos de preservar o direito dos infantes, não sendo a lei da alienação parental a 
única regida pelo ordenamento jurídico. 
Destarte, importante fazer menção ao artigo 1.583, §1º, §2º,e §3º do Código 
Civil, que trazem em seu texto as condições da guarda unilateral e, ainda, como se 
deve proceder a fim de se evitar a alienação parental. Portanto, o códex civil traz em 
seu bojo o instituto da guarda a qual pode ser de forma unilateral ou compartilhada 
entre os genitores do infante, devendo, desse modo, respeitar ao estabelecido no 
artigo citado posteriormente: 
 
Art. 1.583. A guarda será unilateral ou compartilhada. 
§1º Compreende-se por guarda unilateral a atribuída a um só dos genitores 
ou a alguém que o substitua (art. 1.584, § 5o) e, por guarda compartilhada a 
responsabilização conjunta e o exercício de direitos e deveres do pai e da 
mãe que não vivam sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar dos 
filhos comuns. 
§ 2º. Na guarda compartilhada, o tempo de convívio com os filhos deve ser 
dividido de forma equilibrada com a mãe e com o pai, sempre tendo em 
vista as condições fáticas e os interesses dos filhos. 
19 
 
 
§3º. Na guarda compartilhada, a cidade considerada base de moradia dos 
filhos será aquela que melhor atender aos interesses dos filhos. 
 
 
Em relação a guarda dos filhos, relata Fábio Ulhoa Coelho (2013, p. 117): 
As relações familiares horizontal e vertical são independentes. Uma não 
interfere, ou melhor, não pode interferir na outra. Se deixa de existir entre 
pai e mãe a relação de conjugalidade (horizontal), isso em nada afeta o 
vínculo de ascendência e descendência que os liga aos filhos (vertical). 
Evidentemente, por mais que a relação entre pais não esteja mais 
estabelecida na forma de família constituída, ou até mesmo se essa jamaistenha 
sido constituída, a relação de afetividade entre pais e filhos deve ser preservada e 
não devendo ser prejudicada em momento algum, sendo os laços de afetividade e 
respeito os alicerces da familiaridade. (FIGUEIREDO, 2013) 
Em vista disso, entende-se que a alienação parental tem ligação com o 
poder familiar, sendo que não pode ser prejudicado após o divórcio. O poder 
familiar é o conjunto de direitos e deveres atribuídos aos pais para cuidarem da 
pessoa e dos bens dos filhos menores, incluindo o dever de assistência, amparo, 
sustento e direção no processo de formação da personalidade dos filhos. 
(PEREIRA, 2014) 
No que se refere o art. 1.632 do Código Civil, esclarece que: 
Art. 1632, A separação judicial, o divórcio e a dissolução da união 
estável não alteram as relações entre pais e filhos senão quanto ao direito, 
que aos primeiros cabe, de terem em sua companhia os segundos. 
Logo, uma vez não dado certo o convívio conjugal do casal as relações entre 
os genitores e os filhos não devem ser afetadas, a “briga” entre pai e mãe não pode 
em hipótese alguma atrapalhar o bom convívio de pai e filho. 
Nesse viés, sobre o poder familiar após o divórcio, Caio Mario da Silva 
Pereira (2014, p. 506) afirma que: 
Há de se destacar que o exercício do poder familiar não se altera com a 
separação, o divórcio ou a dissolução da união estável dos pais (art. 1632, 
CC/2002). O regime de visitas, mesmo diminuindo o convívio entre os 
genitores, não pode restringir os direitos e deveres inerentes ao poder 
familiar que representam, antes de tudo, um conjunto de responsabilidades, 
sem afastar os direitos pertinentes. Assim é que, atender o melhor interesse 
20 
 
 
dos filhos está muito além dos ditames legais quanto ao estrito exercício do 
poder familiar. 
Em relação, ao convívio e as visitas do pai ou da mãe que não estejam com 
a guarda do filho o artigo 1.589 do Código Civil esclarece que: 
Art. 1589, O pai ou a mãe, em cuja guarda não estejam os filhos, poderá 
visita-los e tê-los em sua companhia, segundo o que acordar com o outro 
cônjuge, ou for fixado pelo juiz, bem como fiscalizar sua manutenção e 
educação. 
Tratando-se do instituto da guarda, Luiza Fariello (n.p. n.d.) a resume de 
uma forma bem simples: 
A guarda é uma das medidas jurídicas que legaliza a permanência de 
crianças ou adolescentes em lares substitutos, conferindo ao menor a 
condição de dependente, inclusive para fins previdenciários.De acordo com 
o ECA, a guarda obriga a prestação de assistência material, moral e 
educacional à criança ou adolescente, conferindo a seu detentor o direito de 
opor-se a terceiros, inclusive aos pais. O poder familiar não pode ser 
confundido com a guarda já que nem sempre quem detém o poder familiar 
possui a guarda da criança. Em caso de divórcio, por exemplo, a guarda 
pode ser concedida de forma unilateral para um dos pais, enquanto ambos 
continuam a ser detentores do poder familiar. Em caso de guarda 
compartilhada, ambos os pais detêm a guarda e o poder familiar.Em alguns 
casos, a guarda pode ser solicitada com objetivo de proteger uma criança 
ou adolescente que se encontra em situação de risco pessoal ou social.A 
guarda pode ser provisória ou definitiva e pode ser revogada a qualquer 
tempo, podendo também ser concedida a abrigos, famílias guardiãs e 
famílias adotivas em estágio de convivência.A medida permite a 
continuidade dos vínculos familiares, não altera a filiação e nem o registro 
civil. O guardião torna-se o responsável legal da criança, o que abrange a 
assistência material, afetiva e educacional até que ela complete 18 anos. 
Ao passo que, no entendimento de Regina Beatriz Tavares da Silva e 
Washington de Barros Monteiro (2012, p. 406): 
Esse direito não pode ser recusado por maiores que sejam as culpas do 
genitor na dissolução litigiosa. Outrossim, dificuldades financeiras ou 
econômicas do genitor não constituem motivo para impedi-lo de visitar o 
filho; ainda que não pague prestação alimentícia a que está obrigado, disso 
não há repercussão no direito de visita, desde que o descumprimento do 
dever de alimentar seja justificado. 
Observa-se então, que a lei da alienação parental não veio apenas como 
forma de implantar tal instituto no ramo do direito da família, mas sim de organizar 
21 
 
 
seus atos e suas responsabilidades perante a vítima, já que o Código Civil e o 
Estatuto da Criança e do Adolescente já identificavam tais atos. 
Todavia, observa-se que são dos atos contínuos ocorridos na alienação 
parental que decorre a síndrome, por isso a necessidade de especificar quais os 
atos mais comuns nesses casos. 
 
1.3 Atos da Alienação Parental 
 
A Lei n. 12.318/10, conceituou a alienação parental e, também, como tal 
conduta ocorre e quais as sanções cabíveis para os atos praticados. 
O artigo 2º, parágrafo único, bem como seus incisos da lei n. 12.318/10 
trazem de forma clara e exemplificativa alguns dos atos mais comuns do genitor 
alienador, in verbis: 
 
Art 2º [...] Parágrafo único. São formas exemplificativas de alienação 
parental, além dos atos assim declarados pelo juiz ou constatados por 
perícia, praticados diretamente ou com auxílio de terceiros: 
 I - realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor no exercício 
da paternidade ou maternidade; 
II - dificultar o exercício da autoridade parental; 
III - dificultar contato de criança ou adolescente com genitor; 
IV - dificultar o exercício do direito regulamentado de convivência familiar; 
 V - omitir deliberadamente a genitor informações pessoais relevantes sobre 
a criança ou adolescente, inclusive escolares, médicas e alterações de 
endereço; 
 VI - apresentar falsa denúncia contra genitor, contra familiares deste ou 
contra avós, para obstar ou dificultar a convivência deles com a criança ou 
adolescente 
VII - mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, visando a 
dificultar a convivência da criança ou adolescente com o outro genitor, com 
familiares deste ou com avós. 
 
 
 
Acerca do artigo citado, compreende-se que o incentivo a criação de falsas 
memórias, o demérito do genitor alienado, a omissão de informações, entre outras, 
são as ferramentas mais cruéis que o alienador utiliza para atingir seu objetivo, qual 
seja, afastar seus filhos da pessoa que teoricamente a abandonou. 
A mais grave consequência da SAP é a denuncia inverídica de abuso 
sexual, a qual pode ser efetuada com o intuito de obter afastamento 
imediato e radical entre o ente alienado e o acusado injustamente de tal ato. 
A dificuldade de se provar um fato negativo faz com que, na maioria das 
vezes, o pai seja afastado por um longo tempo de seu filho(a) até que se 
consiga acreditar na inexistência do ocorrido. (COSTA ,2010, p.4) 
22 
 
 
Ocorre que, para a configuração da alienação parental, não é necessário 
uma real consciência de que a esteja promovendo, ou seja, o alienador pode 
promover essa campanha contra o alienado sem que tenha uma percepção da 
dimensão e das consequências que isso pode causar, ocorrendo por motivos de 
rejeição, inconformismo, frustração, egoísmo, servindo como forma de punição ao 
alienado pelo insucesso de uma relação pessoa. (FIGUEIREDO, 2013) 
Ana Carolina Carpes Madaleno e Rolf Madaleno (2017, p.30) enfatiza a respeito 
dos atos de alienação parental que: 
Um dos primeiros sintomas da instauração completa da síndrome3 da 
alienação parental se dá quando o menor absorve a campanha do genitor 
alienante contra o outro e passa, ele próprio, a assumir o papel de atacar o 
pai alienado, com injúrias, depreciações, agressões, interrupção da 
convivência e toda a sorte de desaprovações em relação ao alienado. Os 
menores passam a tratar seu progenitor como um estranho a quem devem 
odiar, se sentem ameaçados com sua presença, embora, intimamente, 
amem esse pai como o outro genitor. Para o pai alienado é um choque ver 
que seu próprio filho é quem lhe dirige as palavrasde ódio antes escutadas 
do outro cônjuge, o que pode ocasionar, inclusive, diante da sensação de 
impotência, o seu afastamento da criança – exatamente como quis e 
planejou o alienador. 
Complementando o assunto, Maria Berenice Dias (n.d., n.p.) a qual afirma 
que estes atos ocorrem de forma que: 
A criança é induzida a afastar-se de quem ama e que também a ama. Isso 
gera contradição de sentimentos e destruição do vínculo entre ambos. 
Restando órfão do genitor alienado, acaba identificando-se com o genitor 
patológico, passando a aceitar como verdadeiro tudo que lhe é informado. 
Neste jogo de manipulações, todas as armas são utilizadas, inclusive a 
assertiva de ter havido abuso sexual. O filho é convencido da existência de 
um fato e levado a repetir o que lhe é afirmado como tendo realmente 
acontecido. Nem sempre consegue discernir que está sendo manipulado e 
acaba acreditando naquilo que lhe foi dito de forma insistente e repetida. 
Com o tempo, nem o genitor distingue mais a diferença entre verdade e 
mentira. A sua verdade passa a ser verdade para o filho, que vive com 
falsas. 
Ainda, Fábio Vieira Figueiredo (2013, p. 48), ressalta que: 
Assim, o alienador, aproveitando a deficiência de julgamento do menor, bem 
como da confiança que lhe deposita, acaba por transferir, por meio de 
“pílulas negativas”, com o passar do tempo, sentimentos destrutivos quanto 
à figura do vitimado, que irão acarretar no seu repúdio pelo menor, fim 
último objetivado pelo alienador. Trata-se, portanto, do manejo da criança 
ou adolescente, visando a despertar falsas percepções e falsas memórias 
em prejuízo de algum parente. 
https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788530977191/epub/OEBPS/Text/13_chapter03.xhtml#pg31a3
23 
 
 
Ocorre que, o ato praticado com a alienação parental prejudica em muito o 
desenvolvimento e crescimento do menor, isto porque, o rompimento do vinculo 
conjugal dos pais não tem sequer o condão de afastar o anseio de amor sentido pelo 
filho. (DIAS, n.d) 
Com o acontecimento da alienação, os filhos demonstram total ausência 
de culpa em relação aos sentimentos e à exploração econômica do genitor alienado, 
o que consequentemente leva as difamações aos níveis mais elevados de injustiça, 
o filho acaba acusando o progenitor de algo que ele não sabe se realmente 
aconteceu, ele está consciente de que não conhece a verdade dos fatos, justificando 
qualquer ato que ele pratique pelo fato de seu objetivo ser de denegrir a imagem do 
genitor alienado e enaltecer e defender o alienante. Também no diálogo é possível 
identificar a existência de situações simuladas, como conversas e atribui como 
vivências suas as quais não ocorreram. É importante observar nas conversas do 
menor alienado com outras pessoas, para poder identificar a Síndrome da Alienação 
Parental. (MADALENO, MADALENO 2017) 
Além disso, Fábio Vieira Figueiredo,(2013, p. 51) esclarece que não 
apenas a criança vitimada pode sofrer as consequências, sendo assim: 
Apesar de o legislador limitar a figura do vitimado – configurando ab initio 
que somente o genitor pode sofrer a campanha de repúdio –, pode ser 
evidenciado em muitos casos que quem sofre com a alienação parental é 
outro parente próximo desse menor – v.g. os avós, que também possuem o 
direito convivencial garantido para com a pessoa de seus netos. Tal 
alienação pode ser evidenciada, ainda, antes mesmo da ruptura do convívio 
conjugal, por meio da qual um dos genitores – geralmente o que mantém o 
parentesco por afinidade – busca impedir ou dificultar o convívio social do 
menor com outros parentes. 
Deste modo, o artigo 1.589 do Código Civil esclarece que: 
Art 1.589, O pai ou a mãe, em cuja guarda não estejam os filhos, poderá 
visita-los e tê-los em sua companhia, segundo o que acordar com o outro 
cônjuge, ou for fixado pelo juiz, bem como fiscalizar sua manutenção e 
educação. 
Ora, a partir do momento em que o casal finaliza a relação é direito de 
ambos visitar e ter em sua companhia o filho, sem causar danos psicológicos ao 
infante. 
24 
 
 
Sobre a ocorrência da alienação parental o artigo 3º da própria Lei 
12.318/2010 afirma que: 
Art. 3º, A prática de ato de alienação parental fere direito fundamental da 
criança ou do adolescente de convivência familiar saudável, prejudica a 
realização de afeto nas relações com genitor e com o grupo familiar, 
constitui abuso moral contra a criança ou o adolescente e descumprimento 
dos deveres inerentes à autoridade parental ou decorrentes de tutela ou 
guarda. 
Aliás, Regina Beatriz Tavares da Silva e Washington de Barros Monteiro 
(2012, p. 406) explicam que: 
Esse direito não pode ser recusado por maiores que sejam as culpas do 
genitor na dissolução litigiosa. Outrossim, dificuldades financeiras ou 
econômicas do genitor não constituem motivo para impedi-lo de visitar o 
filho; ainda que não pague prestação alimentícia a que está obrigado, disso 
não há repercussão no direito de visita, desde que o descumprimento do 
dever de alimentar seja justificado. 
Ainda assim, Sílvio de Salvo Venosa (2008, p. 190) esclarece que: 
Essa questão do direito de visitas entrosa-se com a denominada “guarda 
compartilhada”. Não é porque um dos pais não tem a guarda do filho que 
deve deixar de exercer a orientação e fiscalização que são próprias do 
poder familiar. Deve participar de sua educação e das questões que 
envolvem afeto, apoio e carinho. 
Percebe-se então que após o divórcio, o pai ou a mãe que não obtiver a 
guarda do filho, independente da situação que tenha ocorrido, este não pode ser 
afastado ou ter seu direito de visita e convivência com o filho prejudicado, por 
problemas relacionados ao antigo casamento (VENOSA, 2008). 
Por conseguinte, ocorridos os atos de alienação parental e comprovados nas 
formas legais, estabelece o art. 5º da lei 12.318/2010 as sanções cabíveis na lei: 
Art. 5º Caracterizados atos típicos de alienação parental ou qualquer 
conduta que dificulte a convivência de criança ou adolescente com genitor, 
em ação autônoma ou incidental, o juiz poderá, cumulativamente ou não, 
sem prejuízo da decorrente responsabilidade civil ou criminal e da ampla 
utilização de instrumentos processuais aptos a inibir ou atenuar seus 
efeitos, segundo a gravidade do caso: 
 I - declarar a ocorrência de alienação parental e advertir o alienador; 
 II - ampliar o regime de convivência familiar em favor do genitor alienado; 
III - estipular multa ao alienador; 
 IV - determinar acompanhamento psicológico e/ou biopsicossocial; 
25 
 
 
 V - determinar a alteração da guarda para guarda compartilhada ou sua 
inversão; 
 VI - determinar a fixação cautelar do domicílio da criança ou adolescente 
;VII - declarar a suspensão da autoridade parental. Parágrafo 
único. Caracterizado mudança abusiva de endereço, inviabilização ou 
obstrução à convivência familiar, o juiz também poderá inverter a obrigação 
de levar para ou retirar a criança ou adolescente da residência do genitor, 
por ocasião das alternâncias dos períodos de convivência familiar. 
 
 
Através do art. 5º da lei, é possível identificar as sanções cabíveis para o ato 
de alienação parental, sendo assim Douglas Phillips Freitas (2015, n.p) que: 
A lei prevê a possibilidade de uma ação ordinária autônoma para 
identificação de ocorrência de Alienação Parental.Permite também que, no 
curso das ações de divórcio, regulamentação de visitas ou modificação de 
guarda, venha a se requerer a averiguação de prática de alienação 
parental.Antes do advento da lei, tais situações já eram permitidas ante a 
possibilidade de realização de todas as provas admitidas em direito, 
incluindo perícia social, psicológica, entre outras de natureza 
interdisciplinar.A grande novidade está na utilização correta da terminologia 
“perícia” para a atuação dos profissionais interdisciplinares nas lides 
familistas, que atuavam como assistentes, pareceristas, sem que fossem 
sujeitados às regrasda perícia, como preceitua a lei processual vigente.A 
atuação da equipe inter e multidisciplinar será mais bem tratada no próximo 
capítulo. Adianta-se que tal atuação de profissional especializado, de 
confiança do juiz, é de área que foge ao seu conhecimento, como relações 
sociais, psicológicas, médicas, entre outras, logo, por interpretação lógica, 
trata-se de perícia, sujeitando, assim, a atuação destes profissionais às 
regras da perícia trazidas no CPC, sob pena de nulidade.5 
É importante ressaltar que a Sindrome da Alienação Parental é identificada 
após estudos psicológicos, conclui então Ana Carolina Carpes Madaleno (2017, p. 
115) que: 
A prova pericial decorre da necessidade de ser demonstrado no processo 
fato que depende de conhecimento especializado, que está acima dos 
conhecimentos da cultura média, não sendo suficientes as manifestações 
leigas de testemunhas e depoimentos que apenas iriam discorrer sobre 
fatos e a sua existência, mas carentes de uma visão científica, ou, como 
reporta Hélio Cardoso de Miranda Júnior, trata-se do propósito subjetivo da 
prova, porque o juiz precisa ser convencido quanto à certeza originada 
desses fatos, e fatos sempre comportam interpretações variadas, para os 
quais a perícia objetiva fornecer esclarecimentos destinados às partes e ao 
magistrado, colacionando elementos técnicos que irão auxiliar na 
apreciação desses mesmos fatos.99 Como bem mostra Carlos Lessona, os 
peritos não obrigam a autoridade judicial, que fala segundo sua própria 
convicção, podendo divergir da perícia; o juiz pode preferir a opinião 
minoritária dos peritos, descartar o laudo do perito judicial e aceitar o de 
algum assistente técnico; como pode ordenar perícia suplementar ou 
complementar, tal qual pode aceitar parte da perícia e rechaçar outra parte, 
como pode conformar sua opinião inteiramente com a dos peritos. 
https://jigsaw.vitalsource.com/books/978-85-309-6337-8/epub/OEBPS/Text/chapter2.html#fn5
https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788530977191/epub/OEBPS/Text/14_chapter04.xhtml#pg116a6
26 
 
 
Desse modo, verifica-se que se restar devidamente comprovado a pratica do 
ato de alienação parental, a pessoa é responsabilizada nos termos impostos pela 
legislação. 
Atualmente, uma das soluções propostas pela doutrina e que já em alguns 
casos é implementada, é a instituição da guarda compartilhada em casos de 
SAP. Compreende-se que a guarda compartilhada pode ser uma boa 
alternativa quando não há um alto grau de litigiosidade entre os genitores, 
posto que a natureza de tal modalidade de guarda reclama a tomada de 
decisões conjuntas em relação à criança (férias escolares, mudança de 
escola, atividades físicas etc.). No entanto, é fato que a maturidade e o 
equilíbrio nem sempre estão presentes na ocasião de um divórcio ou 
separação, sendo esse um momento em regra geral, de tensão e propício 
para o cultivo de sentimentos como o ódio, vingança e ira, os quais podem 
ser projetados por um dos ex-cônjuges, sobre seu filho alienado. O 
compartilhamento da guarda, em situações de suspeita ou certeza da 
presença da SAP, é medida que deve ser muito bem analisada em um caso 
concreto, por se depender da imediata medição da maturidade e da 
superação do fim da união matrimonial entre os ex-consortes. (COSTA 
2010, p. 12) 
Observa-se então que quanto mais graves os atos da alienação, mais sérias 
são suas consequências, podendo do simples ato da alienação parental, ser 
transformado na Síndrome da Alienação Parental, trazendo graves problemas para o 
filho e para o restante da família que convive com este. 
 
 
 
27 
 
 
CAPÍTULO 2 
RESPONSABILIDADE CIVIL 
 
Para o entendimento da responsabilidade civil é de suma importância que se 
observe a sua evolução histórica, tendo em vista que essa responsabilização já 
ocorre desde um passado mais antigo, e sendo essa tão antiga é necessário que 
ocorra sua adequação no tempo atual. 
Verifica-se então que essa adequação trouxe além de conceitos melhores, 
as modalidades subjetivas e objetivas da responsabilidade civil, as quais serão 
estudadas ao longo deste capítulo. 
 
2.1 Responsabilidade Civil no Brasil 
 
Tratando-se da responsabilidade civil, é importante observar seus conceitos 
e sua evolução histórica para um melhor entendimento do assunto. 
É de conhecimento que o direito brasileiro deriva do direito romano e, por 
lógica, a responsabilidade civil também, porém é necessário uma atualização, 
tendo em vista que as primeiras formas de justiça vinham como uma vingança, 
como é conhecida a Lei do Talião, “olho por olho, dente por dente”, a retribuição do 
mal pelo mal, como uma forma de reparação pelo dano (VENOSA, 2016). 
Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho (2019, p. 904-905) 
explicam a origem da palavra “responsabilidade” para iniciar a contextualização da 
responsabilidade civil: 
A palavra “responsabilidade” tem sua origem no verbo latino respondere, 
significando a obrigação que alguém tem de assumir com as consequências 
jurídicas de sua atividade, contendo, ainda a raiz spondeo, fórmula através 
da qual se vinculava no direito romano, o devedor nos contratos verbais. A 
acepção que se faz de responsabilidade, portanto, está ligada ai surgimento 
de uma obrigação derivada, ou seja, um dever jurídico sucessivo, em 
função da ocorrência de um fato jurídico lato sensu. 
Paulo Nader (2016, p. 63) disserta a respeito da evolução histórica da 
responsabilidade civil, dizendo assim: 
No passado mais longínquo, diante da prática de um dano, cabia à vítima, 
ou aos seus familiares, a vingança privada. Não havia parâmetros para as 
reações. Importante evolução ocorreu com a Lei de Talião. Embora esta 
28 
 
 
não tivesse apoio na moral ou na razão, constituía um critério de resposta 
ao causador do dano. A Lei impunha a igualdade entre o mal praticado e a 
penalidade a ser imposta, ou seja, “olho por olho, dente por dente”. A fase 
seguinte à vingança privada foi a composição voluntária, quando as partes 
interessadas buscavam um acordo para o pagamento in natura ou em 
dinheiro. Posteriormente, surgiu a fase da composição tarifada, consagrada 
pela Lei das XII Tábuas: para cada tipo de lesão havia um valor estipulado 
para a indenização. O Direito Romano não previa a indenização por lucros 
cessantes. 
Observa-se então que a responsabilidade para o Direito, não é nada além de 
que uma obrigação derivada – um dever jurídico sucessivo – de assumir as 
consequências jurídicas de um fato, as quais podem variar (reparação dos danos 
e/ou punição pessoal di agente lesionante) de acordo com os interesses lesados. 
(GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2019) 
Tratando-se da responsabilidade civil, identificamos como um dos princípios 
o ato ilícito, sendo esse fato jurídico em sentido amplo, o qual cria ou modifica a 
relação jurídica entre o agente causador da lesão e o titular do direito à reparação, 
podendo ser a vítima ou seus dependentes. Na ocorrência do ato ilícito acontece a 
violação do direito, porém nem toda violação configura ato ilícito. Para que isso se 
suceda, requer-se uma ação ou omissão, sendo praticada dolosamente ou por 
simples culpa, causando dano patrimonial ou moral a alguém, havendo nexo de 
causalidade entre a conduta e o resultado. (NADER, 2016). 
Neste mesmo viés, Pablo de Paula Saul Santos (n.p. n.d.) expressa-se a 
respeito da responsabilidade civil sendo assim: 
A responsabilidade civil é matéria viva e dinâmica que constantemente se 
renova de modo que, a cada momento, surgem novas teses jurídicas a fim 
de atender às necessidades sociais emergentes. A responsabilidade civil é 
o instituto de direito civil que teve maior desenvolvimento nos últimos 100 
anos. Este instituto sofreu uma evolução pluridimensional, tendo em vista 
que sua expansão se deu quanto a sua história, a seus fundamentos, a sua 
área de incidência e a sua profundidade.O conceito de responsabilidade, 
em reparar o dano injustamente causado,por ser próprio da natureza 
humana, sempre existiu. A forma de reparação deste dano, entretanto, foi 
transformando-se ao longo do tempo, sofrendo desta forma uma evolução. 
Antes de observar o significado da expressão “responsabilidade civil”, é 
importante observar como a palavra Responsabilidade é definida: 
Responsabilidade é um substantivo feminino com origem no latim e que 
demonstra a qualidade do que é responsável, ou obrigação de responder 
por atos próprios ou alheios, ou por uma coisa confiada. A palavra 
29 
 
 
responsabilidade está relacionada com a palavra em latim respondere, que 
significa "responder, prometer em troca". Desta forma, uma pessoa que seja 
considerada responsável por uma situação ou por alguma coisa, terá que 
responder se alguma coisa corre de forma desastrosa. (SIGNIFICADOS, 
2013) 
De acordo com o entendimento de Maria Helena Diniz apud Pablo Stolze 
Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho (2019, p. 904), pode-se identificar a origem da 
palavra responsabilidade: 
O vocábulo “responsabilidade” é oriundo do verbo latino respondere, 
designado o fato de ter alguém se constituído garantidor de algo. Tal termo 
contém, portanto, a raiz latina spondeo, fórmula pela qual se vincula, no 
direito romano, o devedor nos contratos verbais. 
A interpretação que se faz de responsabilidade, consequentemente, está 
ligada ao surgimento de uma obrigação decorrente, ou seja, um dever jurídico 
sucessivo, em função da ocorrência de um fato jurídico lato sensu. (GAGLIANO, 
PAMPLONA, 2019) 
Assim então, pode-se conceituar Responsabilidade civil como o dever de 
reparar os danos provocados numa situação onde determinada pessoa sofre 
prejuízos jurídicos como consequência de atos ilícitos praticados por 
outrem,(SIGNIFICADOS, 2016). 
Como pode-se observar, na Responsabilidade Civil encontra-se o ato ilícito, 
Paulo Nader (2016, p. 68) o conceitua na modalidade de fato jurídico: 
Ato ilícito é fato jurídico em sentido amplo, pois cria ou modifica a 
relação jurídica entre o agente causador da lesão e o titular do direito à 
reparação, que pode ser a vítima ou seus dependentes. Com um ato ilícito 
ocorre a violação do direito, mas nem toda violação configura ato ilícito. 
Este requer uma ação ou omissão, praticada dolosamente ou por simples 
culpa, advindo dano patrimonial ou moral a alguém, havendo nexo de 
causalidade entre a conduta e o resultado. 
Ainda, Paulo Nader (2016, p. 76) identifica a conduta do agente dentro do 
ato ilícito, relatando que: 
O ato ilícito pode ser praticado mediante ação ou omissão do responsável 
pela reparação. Em outras palavras, o ilícito pressupõe uma conduta do 
agente, violadora da lei ou de ato negocial e causadora de lesão ao direito 
alheio. Como o ato ilícito é modalidade de ato jurídico, deve ser 
manifestação da vontade. Dentro do gênero ato jurídico se contrapõe aos 
atos lícitos, uma vez que necessariamente deve contrariar a ordem jurídica . 
30 
 
 
Num mesmo entendimento, Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho 
(2019, p. 909) observam : 
A noção jurídica de responsabilidade pressupõe a atividade danosa de 
alguém que, atuando a priori ilicitamente, viola uma norma jurídica 
preexistente (legal ou contratual), subordinando-se, desse forma, às 
consequências do seu ato (obrigação de reparar). Trazendo esse conceito 
para o âmbito do Direito Privado, e seguindo essa mesma linha de 
raciocínio, diríamos que a responsabilidade civil deriva da agressão a um 
interesse eminentemente particular, sujeitando, assim, o infrator, ao 
pagamento de uma compensação pecuniária à vítima, caso não possa repor 
in natura o estado anterior das coisas. 
O artigo 186 do Código Civil já traz que aquele que, por ação ou omissão 
voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda 
que exclusivamente moral, comete ato ilícito. 
É do princípio da natureza humana reagir a qualquer mal injusto praticado 
contra a pessoa, a família ou o grupo social. Todavia, a sociedade primitiva reagia 
com violência, porém, com o passar dos tempos a sociedade percebeu que seguir 
essa lei só causava mais prejuízos a população, uma vez que para cada dano 
existiria outro da mesma proporção ou maior (VENOSA, 2016). 
Alvino Lima apud Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho (2019, 
p. 911) traz uma visão da Responsabilidade Civil na Antiguidade, desta forma 
ensinando que: 
Partimos, como diz Iherling, do período em que o sentimento de paixão 
predomina no direito; a reação violenta perde de vista a culpabilidade, para 
alcançar tão somente a satisfação do dano e infligir um castigo ao autor do 
ato lesivo. Pena e reparação se confundem; responsabilidade pena e civil 
não se distinguem. A evolução operou-se, consequentemente, no sentido 
de se introduzir o elemento subjetivo da culpa e diferençar a 
responsabilidade civil da pena. E muito embora não tivesse conseguido, o 
direito romano libertar-se inteiramente da ideia de pena, no fixar a 
responsabilidade aquiliana a verdade é que a ideia de delito privado, 
engredando uma ação penal, viu o domínio da sua aplicação diminuir, á 
vista da admissão, cada vez mais crescente, de obrigações delituais, 
criando uma ação mista ou simplesmente reipersecutória. A função da pena 
transformou-se, tendo por fim indenizar, como nas ações reipersecutórias, 
embora o modo de calcular a pena ainda fosse primitiva da vingança; o 
caráter penal da ação da lei Aquília, no direito clássico, não passa de uma 
sobrevivência. 
Portanto, tratando-se da Lex Aquilia, a culpa Aquiliana, Pablo Stolze 
Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho (2016, p. 57) acrescentam ensinando que essa 
31 
 
 
é constituída em três partes para o melhor entendimento de toda a 
responsabilidade civil, sendo assim: 
Constituída de três partes, sem haver revogado totalmente a legislação 
anterior, sua grande virtude é propugnar pela substituição das multas fixas 
por uma pena proporcional ao dano causado. Seu primeiro capítulo 
regulava o caso da morte dos escravos ou quadrupedes que pastam em 
rebanho; e o segundo, o dano causado por um credor acessório ao 
principal, que abate a dívida com prejuízo do primeiro; sua terceira parte se 
tornou a mais importante para a compreensão da evolução da 
responsabilidade civil. 
Ainda, a respeito do assunto Carlos Roberto Gonçalves, (2014, p.19) explica 
que: 
Toda atividade que acarreta prejuízo traz em seu bojo, como fato social, o 
problema da responsabilidade. Destina-se a ela a restaurar o equilíbrio 
moral e patrimonial provocado pelo autor do dano. Exatamente o interesse 
em restabelecer a harmonia e o equilíbrio violados pelo dano constitui a 
fonte geradora da responsabilidade civil. Pode-se afirmar, portanto, que 
responsabilidade exprime ideia de restauração de equilíbrio, de 
contraprestação, de reparação de dano. Sendo múltiplas atividades 
humanas, inúmeras são também as espécies de responsabilidade, que 
abrangem todos os ramos do direito e extravasam os limites da vida 
jurídica, para se ligar a todos os domínios da vida social. 
Para tanto, tem-se que a Lex Aquilia é o divisor de águas da 
responsabilidade civil, o qual é o princípio pelo qual se pune a culpa por danos 
injustamente provocados, independentemente de relação obrigacional preexistente, 
fundando-se aí a origem da responsabilidade extracontratual fundada na culpa 
(VENOSA, 2016). . 
Entende-se, no entanto, que a responsabilidade civil não trouxe apenas 
conforto à vítima em relação aos seus prejuízos, mas trouxe principalmente uma 
forma de socialização, aonde para valer seus direitos, precisa-se primeiro cumprir 
seus deveres. 
 
2.2 Responsabilidade Civil Subjetiva 
 
No que tange as modalidades de Responsabilidade Civil, podemos encontra-
la em duas formas, a Responsabilidade Civil Subjetiva e a Responsabilidade Civil 
Objetiva. 
32 
 
 
Tratando-se da Responsabilidade Civil Subjetiva, pode-se encontrar o 
elemento da culpa, PauloNader (2016, p. 105-106), relata sobre a culpa que: 
Em sentido amplo, culpa é o elemento subjetivo da conduta, compreensivo 
tanto da culpa stricto sensu quanto da ação ou omissão dolosa. Na 
responsabilidade civil, diz-se que a conduta é dolosa ou voluntária, quando 
o agente pratica o fato determinadamente, visando a causar dano a alguém. 
A conduta dolosa é chamada por alguns culpa delitual.Na responsabilidade 
subjetiva, a culpa lato sensu é um dos elementos essenciais à formação do 
ato ilícito. Se o agente não obrou voluntária ou culposamente, advindo o ato 
de culpa estrita da vítima, de terceiro ou de caso fortuito ou força maior, não 
será responsável por danos advindos a outrem. Apenas nos casos previstos 
em lei responderá por atos de terceiros, como os de alieni juris sob a sua 
responsabilidade (culpa in vigilando), de empregados (culpa in eligendo), 
assim como o de coisas inanimadas ou de animais sob a sua guarda (culpa 
in custodiendo). 
A inserção da culpa como elemento básico da responsabilidade civil 
aquiliana – contra o objetivismo em excesso do direito básico, abstraindo a 
concepção de pena para substituí-la, aos poucos, por uma ideia de reparação de 
ano sofrido – foi incorporada no Código Civil de Napoleão, o qual influenciou 
inúmeras legislações do mundo, inclusive o Código Civil de 1916. Contudo, a teoria 
clássica da culpa não alcançava todas as necessidades da vida em comum, na 
grande gama de casos concretos em que os danos se perpetuavam sem uma 
reparação pela impossibilidade de comprovação do elemento anímico. No próprio 
sistema, começou a ser observado jurisprudencialmente novas soluções, com a 
ampliação do conceito de culpa e mesmo acolhendo, excepcionalmente, novas 
teorias dogmáticas, que propugnavam pela reparação do dano decorrente, 
exclusivamente pelo fato ou em virtude do risco criado. Essas teorias, passaram 
posteriormente a ser sustentadas nas legislações modernas, sem um total desprezo 
à teoria tradicional da culpam o que depois passaram a ser adotadas pelo atua 
Código Civil Brasileiro. (GAGLIANO; PAMPLONA, 2019). 
Assevera, Rui Stoco, (1999, p. 66), apud Silvio de Salvo Venosa, (2016, p. 
30) ressalta que: 
[...] a culpa, genericamente entendida, é, pois, fundo animador do ato ilícito, 
da injúria, ofensa ou má conduta imputável. Nessa figura encontram-se dois 
elementos: o objetivo, expressado na iliciedade, do mau procedimento 
imputável. 
33 
 
 
A responsabilidade civil subjetiva é a decorrente de dano causado em 
função de ato culposo ou doloso. Essa culpa por natureza civil se caracterizará 
quando o agente causador do dano atuar com negligência ou imprudência. Tendo 
sido essa interpretação pela primeira parte do art. 159 do código civil de 1916, regra 
geral mantida pelo código de 2002 (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2016). 
Ainda acrescentando Paulo Nader (2016, p. 119), este traz também a noção 
e importância de culpa: 
Culpa, como assinalado, é o elemento subjetivo da conduta, sem a qual 
inexiste ato ilícito. O dolo da responsabilidade civil, que significa 
intencionalidade de provocar dano a alguém, ou o risco consciente da 
possibilidade de dano, não se confunde com o dolo como vício do negócio 
jurídico. Este constitui manobra ardilosa para induzir alguém a erro na 
prática de ato negocial. A essência da culpa é a previsibilidade e 
a evitabilidade. Ou seja, ao praticar a conduta, o agente possuía o controle 
da situação, podendo ou não praticar a conduta danosa. Com o surgimento 
da Era Industrial, quando o progresso gerou a sociedade de risco, dada a 
inevitabilidade da criação de engenhos perigosos para a vida e saúde, já 
não bastou a noção de culpa na teoria da responsabilidade. Em outras 
palavras, a teoria subjetiva da responsabilidade deixou de ser soberana. 
Para algumas situações adotou-se a fórmula da culpa presumida, como nos 
contratos de transporte de passageiros, dado que o transportador assume a 
obrigação de transportar o passageiro, são e salvo, do ponto de partida ao 
de chegada. 
Observa-se que a obrigação de indenizar é uma consequência juridicamente 
lógica do ato ilícito, caracterizando-se um fato constitutivo do direito a pretensão 
reparatória, desse modo, sempre cabe ao autor o ônus da prova de tal culpa do réu, 
sendo o princípio pelo qual cada um responde pela própria culpa (GAGLIANO; 
PAMPLONA FILHO, 2016). 
Diz-se, pois, ser “subjetiva” a responsabilidade quando se esteia na ideia de 
culpa. A prova da culpa do agente passa a ser pressuposto necessário do 
dano indenizável. Nessa concepção, a responsabilidade do causador do 
dano somente se configura de agiu com dolo ou culpa. GONÇALVES 
(2014, p. 28) 
É possível identificar também a intensidade da culpa, a fixação do valor da 
indenização tem de ser medida pela extensão da culpa, de um modo geral, a fixação 
do valor independe da intensidade da culpa, é dado ao juiz reduzir o montante 
quando houve excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano. 
(NADER, 2016) 
34 
 
 
Além da culpa, é possível identificar o elemento do dano, o qual tem uma 
ligação direta com a culpa, trazendo assim Paulo Nader (2016, p. 77) 
Nos termos da Lei Civil, somente haverá ato ilícito em caso de dano 
material ou moral. Daí poder-se afirmar que o elemento dano é essencial à 
caracterização do ato ilícito. O vocábulo dano provém do latim damnum e 
significa lesão de natureza patrimonial ou moral. Na linguagem 
jurídica, dano e prejuízo são termos equivalentes, mas em Roma entendia-
se por damnum apenas o fato material de destruição total ou parcial da 
coisa, enquanto o termo praeiudicium possuía sentido jurídico. A 
caracterização do dano independe de sua extensão. Tanto os prejuízos de 
pequeno porte como os de grande expressão são suscetíveis de reparação. 
A Lei Civil não distingue a respeito. O objeto e seu valor podem ser 
definidos mediante prova técnica. Esta, todavia, nem sempre é essencial, 
pois há casos em que o valor do bem é tabelado, o que dispensa a 
avaliação do expert. Os autos, por outro lado, podem conter a prova 
documental do bem destruído, o que induz o montante da condenação 
judicial. 
Portanto, a responsabilidade Civil Subjetiva surgiu para um aperfeiçoamento 
da responsabilidade civil em si própria. 
 
2.3 Responsabilidade Civil Objetiva 
 
Após um melhor entendimento da responsabilidade civil subjetiva, estuda-se 
a responsabilidade civil objetiva. 
Na responsabilidade civil objetiva, o elemento da culpa é desconsiderado, 
conforme sustentam Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho (2016, p. 21) 
que: 
As teorias objetivistas da responsabilidade civil procuram encará-la como 
mera questão de reparação de danos, fundada diretamente no risco da 
atividade exercida pelo agente. É de ressaltar que o movimento objetivista 
surgiu no final do século XIX, quando o Direito Civil passou a receber 
influência da Escola Positiva Penal. Como já deve ter sido percebido, o 
sistema material civil brasileiro abraçou originalmente a teoria subjetivista, 
conforme se interfere de uma simples leitura do referido art. 159 do Código 
Civil de 1916 (correspondente ao art. 186 do Código Civil de 2002), que fixa 
a regra geral da responsabilidade civil. 
No estudo da evolução histórica, o professor Silvio Rodrigues (apud 
BERNARDINI, 2017, p. 26) analisa: 
A teoria do risco se desenvolveu e ganhou corpo no fim do século XIX, 
justamente na ocasião em que o desenvolvimento industrial propunha de 
35 
 
 
maneira fascinante o problema da reparação do dano defluente dos 
acidentes de trabalho. De acordo com a concepção clássica, para a vítima 
acidentada obter indenização, cumpria-lhe, entre outras coisas, provar a 
culpa do patrão. Ora, a teoria do risco, inspirava-se na preocupação de 
facilitar ao operário a obtenção do ressarcimento, livrando-o do encargo de 
produzir a prova de culpa de seu empregador. Desde o momento em que 
fica comprovada a existência de dano, entre ofato gerador e o prejuízo, 
quer tenha o agente agido culposamente, quer não, há o mister de reparar. 
Aquele que, no seu interesse, cria um risco de causar dano a outrem, terá 
que repará-lo se este dano sobrevier. A responsabilidade deixa de resultar 
da culpabilidade, para derivar exclusivamente da causalidade material. 
Responsável é aquele que causou o dano. 
A teoria da responsabilidade objetiva tem cunho prático. Nem sempre é 
possível à vítima a prova da culpa do autor. Até os irmãos Mazeaud chegaram a 
admitir a necessidade de uma teoria para responsabilizar aquele cuja atividade 
causou um dano (SALOMÃO, 2013). 
A culpa, requisito ético indispensável à atribuição do dever de indenizar, 
cedeu espaço para fundamentos éticos, o que permitiu o surgimento de novas 
hipóteses de responsabilidade, vinculadas ao risco da atividade, à garantia social e à 
equidade (NOVAES, 2017). 
Desta forma, por culpa, pode-se entender a ação ou omissão praticada, cujo 
resultado deveria ser observado pelo agente causador, que provoca um dano ou mal 
a outrem (SILVA, 2018). 
Pode-se conceituar a culpa como sendo um erro de conduta, em que este 
afastaria o agente de uma conduta tido como a esperada, ou como a conduta 
padrão a ser seguida. Nos dizeres do doutrinador Flávio Turce (apud SILVA, 2018, 
p. 45): 
A culpa pode ser conceituada como sendo o desrespeito a um dever 
preexistente, não havendo propriamente uma intenção de violar o dever 
jurídico, que acaba sendo violado por outro tipo de conduta. 
Em relação, a culpa civil explica Silvio de Salvo Venosa (2016, p 31) que: 
A culpa civil em sentido amplo abrange não somente o ato ou conduta 
intencional, o dolo (delito, na origem semântica e histórica romana), mas 
também os atos ou condutas eivadas de negligência, imprudência ou 
imperícia, qual seja, a culpa em sentido estrito (quase delito). Essa distinção 
entre dolo e culpa ficou conhecida no Direito Romano, e assim foi mantida 
no Código Frances e em muitos outros diplomas, como delitos e quase 
delitos. Essa distinção, modernamente, já não possui maior importância no 
campo da responsabilidade. Para fins de indenização, importa ver se o 
agente agiu com culpa civil, em sentido lato, pois, como regra, a intensidade 
36 
 
 
do dolo ou da culpa não deve graduar o montante da indenização, embora o 
presente Código apresente dispositivo nesse sentido (art.944, parágrafo 
único). A indenização deve ser balizada pelo efetivo prejuízo. 
Com os conceitos de dolo e culpa, Paulo Nader (2016, p. 105-106) 
considera: 
Não há de se confundir a noção de dolo no campo da responsabilidade civil 
com a relativa aos vícios dos atos negociais (arts. 145 a 150, CC). Em 
matéria de responsabilidade, dolo é sinônimo de intenção, deliberação 
consciente do espírito, enquanto em matéria contratual constitui manobra 
ardilosa a fim de induzir alguém a erro na prática de negócio jurídico. Uma 
vez caracterizado, provoca a anulabilidade do ato. Para efeito de 
responsabilidade civil, a pessoa se sujeita à obrigação de reparar os danos, 
tenha atuado dolosa ou culposamente. Ipso facto, a Lei Civil não distingue, 
nesta área, o dolo direto do eventual. No primeiro, o agente sabe das 
consequências que advirão de sua conduta e dela não desiste, vindo a 
causar prejuízos a alguém; pelo segundo, não age intencionalmente, mas 
tem ciência dos riscos da conduta e ainda assim pratica o ato ou a omissão, 
provocando danos a outrem. 
No que tange ao contexto relacionado a responsabilidade civil objetiva, 
Carlos Roberto Gonçalves (2014, p. 28), mostra que: 
A responsabilidade objetiva funda-se num princípio de equidade, existente 
desde o direito romano: aquele que lucra com uma situação deve responder 
pelo risco ou pelas desvantagens dela resultantes (ubi emolumentos, ibi 
ônus, ubi commoda, ibi commoda) Quem aufere os cômodos (ou lucros), 
deve suportar os incômodos (ou riscos). 
Observa-se também, que na responsabilidade subjetiva e objetiva, existe o 
dano presumido, citando assim Paulo Nader (2016, p. 80): 
Tanto a responsabilidade subjetiva quanto a objetiva partem do pressuposto 
de efetivo dano patrimonial ou moral. De fundamental importância é a 
comprovação do prejuízo, cabendo à vítima a sua definição e prova. 
Entretanto, autores há que advogam a tese do dano presumido para 
determinadas modalidades de efeitos nocivos da conduta, chamando a 
atenção principalmente para os danos ambientais, às vezes de difícil 
constatação. Desde que a ciência forneça elementos seguros no sentido de 
que, sempre que ocorrer um determinado fato, advirão efeitos nocivos, será 
possível a postulação em juízo, pleiteando-se com fundamento em dano 
presumido. Neste caso, não sendo possível à vítima a comprovação dos 
danos, necessariamente deverá demonstrar em juízo, mediante prova 
suficiente, a plena realização do ato ou omissão do agente. A admissão do 
dano presumido deve estar condicionada à presença de elementos 
indutores da convicção de que o requerente efetivamente sofreu lesão 
patrimonial ou extrapatrimonial. 
37 
 
 
Discorrendo acerca da responsabilidade civil, Alvino Lima, apud Pablo Stolze 
Gagliano, Rodolfo Pamplona Filho (2016, p. 73), ressalta que: 
Estava todavia, reservado à teoria clássica da culpa o mais intenso dos 
ataques doutrinários que talvez se tenha registrado na evolução de um 
instituto jurídico. As necessidades prementes da vida, o surgir dos casos 
concretos, cuja solução não era prevista na lei, ou não era satisfatória 
amparada, levaram a jurisprudência a ampliar o conceito de culpa e acolher, 
embora excepcionalmente, as conclusões de novas tendências doutrinárias. 
Ainda, nos ensinamentos de Silvio de Salvo Venosa (2016, p 34), é possível 
verificar que a culpa é dividida em três graus: 
A doutrina tradicional triparte a culpa em três graus: grave, leve e levíssima. 
A culpa grave é a que se manifesta de forma grosseira e, como tal, se 
aproxima do dolo. Nesta se inclui também culpa consciente, quando o 
agente assume o risco de que o evento danoso e previsível não ocorrerá. A 
culpa leve é a que se caracteriza pela infração a um dever de conduta 
relativa ao homem médio, o bom pai de família. São situações nas quais, 
em tese, o homem comum não transgrediria o dever de conduta. A culpa 
levíssima é constatada pela falta de atenção extraordinária, que somente 
uma pessoa muito atenta ou muito perita, dotada de conhecimento especial 
para o caso concreto, poderia ter. Entende-se que, mesmo levíssima, a 
culpa obriga a indenizar. 
Entretanto, o Código Civil não fala explicitamente nessa divisão de culpa, 
porém no art. 944, parágrafo único, explica que se houver excessiva desproporção 
entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente a 
indenização. 
É de consenso geral que não se pode prescindir, para a correta 
conceituação de culpa, dos elementos “previsibilidade” e comportamento do 
homo medius. Só se pode, com efeito, cogitar de culpa quando o evento é 
previsível. Se ao contrário, é imprevisível, não há de cogitar de culpa. 
GOLÇALVES (2016, 34) 
A responsabilidade civil, encontra-se cada vez mais presente no dia-a-dia 
das pessoas, independente de qual seja o dano, dele pode decorrer uma reparação 
e, por esse motivo, como já observado, hoje em dia diversas teorias e explicações 
são encontradas para esclarecer como ocorre a responsabilização. 
. 
 
 
38 
 
 
CAPÍTULO 3 
LEGITIMIDADE ATIVA 
 
A Legitimidade Ativa é questão de grande destaque nos entendimentos dos 
tribunais, diante disso observou-se a necessidade de um estudo mais aprofundado a 
respeito de a quem cabe esse direito de ação, de quem é essa legitimidade ativa. 
Observa-se então a definição de legitimidade para uma melhor compreensão 
do tema: 
Legitimidade é uma característica atribuída a tudo aquilo que cumpre o que 
é imposto pelas normas legais e é considerado um bem para a sociedade, 
ou seja, tudo que é legítimo. Normalmente,

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