Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Sistema Vestibular O sistema vestibular monitora a posição e a movimentação da cabeça. Participa também dos mecanismos de controle do equilíbrio e do tônus muscular. Ajuda ainda a controlar movimentos da cabeça e dos olhos, além de ajustes posturais. O órgão receptor do equilíbrio é chamado órgão vestibular ou vestíbulo. Consiste em duas partes distintas: Orgãos Otolíticos (Sáculo e Utrículo): detectores de posição estática e de aceleração linear da cabeça; Canais Semicirculares: três detectores de aceleração rotacional (angular) da cabeça. O interior dessas estruturas tubulares é preenchido por endolinfa Utrículo: seta preta (A) Canais Semicirculares: cabeças de seta (A e B). TC do osso temporal Órgãos Otolíticos Órgãos Otolíticos: Detectam a posição estática e os movimentos lineares da cabeça. Os estímulos são a aceleração da gravidade, constantemente atuando sobre o organismo, e qualquer aceleração linear que o indivíduo exerça com a cabeça. Possuem receptores sensoriais de origem epitelial: mecanorreceptores capazes de gerar potenciais receptores quando estimulados. O epitélio sensorial, chamado de mácula, consiste das células epiteliais e de células de suporte. As células epiteliais estabelecem contato sináptico com fibras nervosas pertencentes às células de segunda ordem (verdadeiros neurônios), e é nesses neurônios que ocorre o mecanismo de codificação neural, isto é, a geração de potenciais de ação. Órgãos Otolíticos: As células epiteliais (os receptores) possuem de 60 a 100 prolongamentos em dedo de luva (os estereocílios) organizados em fileiras de comprimento crescente, formando um feixe chamado feixe ciliar. Os ápices são conectados fileira a fileira, do maior para o menor, por filamentos chamados pontes apicais. O maior deles é o único com a ultraestrutura de um verdadeiro cílio, apresentando microtúbulos alinhados regularmente. Chama-se cinocílio, mas sua função é desconhecida. O mecanismo de transdução depende da deflexão dos estereocílios, seguida da gênese de um potencial receptor que se espalha à porção basal da célula, despolarizando-a. Ocorre transmissão sináptica química (glutamato ou aspartato) dessa informação analógica para as terminações de neurônios bipolares, e a codificação digital da informação, que passa então a ser conduzida pelas fibras vestibulares ao tronco encefálico. Quando os estereocílios são defletidos ocorre despolarização ou hiperpolarização do receptor, segundo o sentido da deflexão. Órgãos Otolíticos: Os estereocílios estão ancorados em uma espessa lâmina gelatinosa, sobre a qual estão incrustadas milhares de concreções minerais microscópicas chamadas otólitos (termo de origem grega para pedras do ouvido). A ação constante da gravidade sobre os otólitos deflete os estereocílios, gerando um potencial receptor. Qualquer modificação da posição da cabeça altera também esse potencial receptor, seja despolarizando a membrana, seja hiperpolarizando-a. Da mesma forma, quando o indivíduo se desloca em linha reta, e portanto desloca também a sua cabeça, a aceleração linear que esta sofre "empurra“ os otólitos em direção oposta (em função da sua inércia), o que mudará a posição dos estereocílios e gerará mudanças no potencial receptor. Deslocamento Os órgãos otolíticos são quatro, dois em cada lado da cabeça. Além disso, em cada um destes últimos as células receptoras e os seus estereocílios estão orientados (polarizados) em dois grupos diferentes, o que perfaz oito planos de detecção dos estímulos. Mácula: vertical Mácula: horizontal Canais Semicirculares Os canais semicirculares são seis, três em cada lado da cabeça, cada um orientado em um plano diferente. Os receptores sensoriais dos canais semicirculares também são células de origem epitelial e também possuem estereocílios. O epitélio sensorial (ou crista) está localizado em regiões na base dos canais semicirculares chamadas de ampolas. Os estereocílios estão embebidos em uma estrutura gelatinosa chamada cúpula, que forma uma espécie de êmbolo, vedando o interior do canal. Como os canais são curvilíneos, qualquer movimento de rotação da cabeça faz com que a endolinfa empurre a cúpula em direção contrária, defletindo os estereocílios. Isso ocorre no início e no final do movimento (aceleração angular positiva e negativa, respectivamente). VERTIGEM DE POSICIONAMENTO PAROXÍSTICA BENIGNA É a causa mais comum de vertigem, principalmente em idosos. Aos 70 anos, 30% dos idosos já apresentaram pelo menos um episódio desta doença. Ataques de vertigem rotatória, de curta duração e forte intensidade desencadeados por movimentos rápidos da cabeça, sendo os mais freqüentes os seguintes: levantar da cama pela manhã, deitar e virar na cama, estender o pescoço para olhar para o alto e fletir o pescoço para olhar para baixo. Na posição ortostática, ataques desencadeados por movimentos bruscos podem levar a quedas, ou em casos menos intensos o paciente pode referir tendência a queda para trás. VERTIGEM DE POSICIONAMENTO PAROXÍSTICA BENIGNA A teoria da canalolitíase admite que pequenos fragmentos de carbonato de cálcio se soltam da mácula utricular e caem nos canais semicirculares. Estes fragmentos flutuariam livremente na endolinfa. A teoria da cupulolitíase admite que pedaços de otólitos provenientes do utrículo se depositam sobre a cúpula da crista ampular de um dos ductos semicirculares. Vias Vestibulares Centrais Os axónios da divisão vestibular do nervo vestibulococlear (VIII nervo craniano) penetram no tronco encefálico e vão terminar nos núcleos vestibulares. Participam de três funções principais: 1. Manutenção da postura; 2. Manutenção do tônus muscular; 3. Manutenção do equilíbrio. Núcleo Vestibular Medial: Axônios descendem pelo fascículo longitudinal medial até motoneurônios localizados na medula cervical. Essa via regula a posição da cabeça, controlando a atividade de neurônios que comandam a musculatura do pescoço. Os axónios da divisão vestibular do nervo vestibulococlear (VIII nervo craniano) penetram no tronco encefálico e vão terminar nos núcleos vestibulares. Núcleo Vestibular Medial: Possui também neurônios que inervam os núcleos dos nervos motores do globo ocular (III, IV e VI). Estabiliza as imagens na retina durante o movimento da cabeça ao produzir um movimento ocular na direção oposta ao movimento da cabeça. O reflexo opera contínua e automaticamente durante a vigília de olhos abertos, e normalmente não nos damos conta dele. Reflexo Vestíbulo-Ocular Os movimentos vestíbulo-oculares são respostas reflexas a rápidas alterações de posição da cabeça que ativam os mecanorreceptores dos canais semicirculares. A informação sensorial do labirinto atinge neurônios vestibulares cujos axônios estabelecem contato direto ou indireto com os núcleos motores do globo ocular, gerando um movimento compensatório com a mesma amplitude do deslocamento original, mas de sentido contrário. Reflexo Vestíbulo-Ocular Núcleo Vestibular Lateral: Axônios descendem pelo trato vestibuloespinhal lateral até neurônios localizados na porção medial do corno ventral da medula que controlam a musculatura axial e a musculatura proximal dos membros. Participam da manutenção do equilíbrio e da postura. O cerebelo ajuda a controlar os ajustes posturais e de equilíbrio, através de conexões com os núcleos vestibulares. O cerebelo também recebe projeções diretas do vestíbulo através do VIII nervo craniano. Os núcleos vestibulares fazem conexão com o tálamo, de onde partem axônios para o córtex. Duas regiões corticais recebem informações dos núcleos vestibulares: elas estãopróximas das regiões que representam a face (tanto no córtex somatosensorial primário, quanto na área motora primária). São regiões de integração de informações sobre os movimentos do corpo e dos olhos e sobre estímulos visuais. Parecem participar da percepção da orientação do corpo no espaço.
Compartilhar