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Direito Eleitoral santo graal vitaminado

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
DIREITO ELEITORAL
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SUMÁRIO
Ponto 1.a. Alistamento eleitoral e voto. 4
Ponto 1.b. Domicílio eleitoral. Conceito, transferência e prazos. 16
Ponto 1.c. Perda ou suspensão dos direitos políticos. 22
Ponto 2.a. Voto universal, direto e secreto. 
Ponto 2.b. Nacionalidade e Cidadania. Direitos políticos. Cargos privativos de brasileiro nato. 36
Ponto 2.c. Plebiscito e referendo. Iniciativa popular. 42
Ponto 3.a. Seções, zonas e circunscrições eleitorais. 46
Ponto 3.b. Fraude no alistamento eleitoral e revisão do eleitorado. 48
Ponto 3.c. Votação. Voto eletrônico. Mesas receptoras. Fiscalização 51
Ponto 4.a. Jurisdição e Competência. Peculiaridades da Justiça Eleitoral. Consultas, instruções, administração e contencioso. 57
Ponto 4.b. Juntas, Juízes e Tribunais Regionais Eleitorais. Tribunal Superior Eleitoral. 60
Ponto 4.c. Recursos Eleitorais. 66
Ponto 5.a. Inelegibilidades constitucionais e infraconstitucionais. LC 135/2010. 72
Ponto 5.b. Propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão. Direito de resposta. Pesquisas e testes pré-eleitorais. 92
Ponto 5.c. Registro de candidaturas. Impugnação. Legitimidade. 97
Ponto 6.a. Propaganda eleitoral em geral. Início. Bens públicos e bens particulares. Símbolos e imagens semelhantes às de órgãos do governo. 108
Ponto 6.b. Condições de elegibilidade. 118
Ponto 6.c: Abuso do Poder Econômico, Político e dos Meios de Comunicação Social. Ação de investigação judicial eleitoral. 121
Ponto 7.a. Propaganda eleitoral na imprensa, na internet e mediante outdoors. Comícios. Alto-falantes e distribuição de material de propaganda política. Distribuição proporcional de horários gratuitos pelos meios de comunicação audiovisuais. 126
Ponto 7.b. Recurso contra a Diplomação. Ação de Impugnação de Mandato Eletivo. 132
Ponto 7.c. Condutas vedadas aos agentes públicos nas campanhas eleitorais. Captação ilícita de sufrágio. 141
Ponto 8.a. Partidos Políticos. Princípios constitucionais a serem observados na sua criação. Vedações. Fusão e incorporação. 148
Ponto 8.b. Personalidade jurídica dos Partidos Políticos. Registro e funcionamento. Estatutos. Fundo Partidário. Propaganda partidária. 152
Ponto 8.c. Autonomia dos Partidos Políticos. Normas de fidelidade e disciplina partidárias. 157
Ponto 9.a. Crimes eleitorais. Jurisdição e competência. 161
Ponto 9.b. Natureza e tipicidade dos crimes eleitorais. Bem jurídico protegido. Código Eleitoral e legislação esparsa. 166
Ponto 9.c. Ação penal. Propositura. Titularidade. Processo e julgamento. Recursos. 173
Ponto 10.a. A função eleitoral do Ministério Público Federal. Procuradoria Regional Eleitoral. Ministério Público Estadual. 181
Ponto 10.b. A atuação do Ministério Público Eleitoral junto à Justiça Eleitoral. Fiscalização, processos, ações e recursos. Legitimidade. 184
Ponto 10.c. Financiamento de campanhas. Fiscalização. Ações. 189
Ponto extra: Minirreforma Eleitoral: estudo do GENAFE.195
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Ponto 1.a. Alistamento eleitoral e voto.
Principais obras consultadas: Santo Graal 27º; Direito Eleitoral do José Jairo Gomes, 8ª ed. Ed. Atlas, 2012; Aula de Direito Eleitoral do Curso Alcance. Roberto Almeida, 2013.
Legislação básica: CF, art. 14,§1º, I,II; §2º; CE art.42; Res. TSE no. 21.538/2003
Consideração inicial: o domicílio eleitoral, local em que será feito o alistamento, não se confunde com o domicílio civil, pois o domicílio eleitoral é caracterizado quando a pessoa, mesmo não residindo no local com ânimo definitivo, com ele mantenha vínculos de natureza meramente afetiva, social, econômica ou política.
1. CONCEITO: É a primeira fase do processo eleitoral e decorre de um procedimento cartorário que se perfaz pelo preenchimento do requerimento eleitoral (RAE), na forma da Resolução TRE 21.538/2003. Consiste no reconhecimento da condição de eleitor (que é cidadão), que corresponde à aquisição da cidadania, determinando a inclusão do nome do alistando no corpo eleitoral [a partir do alistamento terá capacidade eleitoral ativa]. Formaliza, portanto, a inscrição eleitoral, para que possa ser exercida a obrigação ou a faculdade do voto. A qualificação resume-se à comprovação de que o indivíduo atende a todos os requisitos legais para se alistar e votar. De outra banda, a inscrição resume-se no registro do nome e dados do eleitor perante a Justiça Eleitoral. O processo de alistamento é iniciado por requerimento do interessado. O rígido controle sobre o processo de alistamento justifica-se por ser esse ato o primeiro componente do sistema eleitoral, e eventuais fraudes verificadas nessa fase podem comprometer a lisura do futuro pleito. Naqueles casos em que o voto é obrigatório (alfabetizados, entre 18 e 70 anos), o requerimento de inscrição constitui-se em dever. O pedido deve ser feito dentro de um ano, a contar do atingimento da idade mínima, ou da nacionalização, sob pena de multa (3 a 10% do salário-mínimo do valor utilizado como base de calculo – art. 80 e 85 CE). O artigo 8º do CE, que disciplina essa multa, diz ela será imposta pelo juiz e cobrada no ato da inscrição eleitoral. Por outro lado, não se aplicará a pena ao não alistado que requerer sua inscrição eleitoral até o centésimo primeiro 151 º dia anterior à eleição subsequente à data em que completar dezenove anos. 
Natureza Jurídica: segundo Marlon Reis, o alistamento tem natureza jurídica de ato jurídico complexo, integrado por duas fases: a) verificação do preenchimento das condições constitucionais e legais para votar (qualificação) e b) também a inscrição no cadastro eleitoral. Na verdade quando se ressalta o caráter declaratório do alistamento está se fazendo referencia ao fato de que a justiça eleitoral somente verifica a existência ou não destes requisitos (ato vinculativo) gerando assim um caráter meramente declaratório (item a), quando, na verdade, também é ato constitutivo da inscrição do eleitor no cadastro da justiça eleitoral, gerando por consequência também a aquisição de sua capacidade eleitoral ativa, conforme item “b” acima. Então é possível afirmar que possui natureza constitutiva da capacidade eleitoral ativa (direito de votar) e da cidadania do nacional[1].
Considerações genéricas sobre o título eleitoral: documento solene e formal que expressa a cidadania brasileira; faz prova até a data de sua emissão que o eleitor está regular com a Justiça Eleitoral; a emissão do título deve ser feita por computador (obrigatoriamente), sendo assinado pelo juiz eleitoral, contendo a assinatura do eleitor para fins de conferência na folha de votação que fica, no dia das eleições, nas seções eleitorais. No caso do eleitor analfabeto, obviamente, poderá constar a impressão digital de seu polegar; nas hipóteses de alistamento, transferência, revisão e segunda via, a data de emissão do título será a de preenchimento do requerimento; a entrega do título é sempre pessoal, através de comprovação de documento oficial de identidade do eleitor.
Note-se que o alistamento eleitoral não possibilita o exercício de todos os direitos políticos, uma vez que a obtenção da capacidade eleitoral passiva depende do preenchimento de outros requisitos constitucionalmente previstos e se dá de forma progressiva no tempo. Entretanto, não é possível afirmar a existência de graus de cidadania. Acerca desta questão, confira o seguinte trecho extraído da obra de José Afonso da Silva, in verbis: (...) Neste caso, podemos admitir que a aquisição dos direitos políticos se opera por graus, apenas para denotar o fato de que a plenitude de sua titularidade se opera por etapas: (1) aos 16 anos de idade, o nacional já pode alistar-se tornando-se titular do direito de votar; (2) aos 18 anos, é obrigado a alistar-se tornando-se titular do direito de votar, se não o fizera aos 16, e do direito de ser eleito Vereador; (3) aos 21 anos, o cidadão (nacional eleitor) incorpora o direito de ser votado para Deputado Federal, Deputado Estadual ou DeputadoDistrital (Distrito Federal), Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; (4) aos 30 anos, obtém a possibilidade de ser eleito para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal; (5) finalmente, aos 35 anos o cidadão chega ao ápice da cidadania formal com o direito de ser votado para Presidente e Vice-Presidente da República e para Senador Federal (art. 14, § 3°)[2].
2. LOCAL: Via de regra, o alistamento realiza-se no cartório eleitoral. A legislação também admite o deslocamento do juiz eleitoral a outro local, dentro de sua jurisdição, para receber os pedidos de alistamento (artigo 43 do CE). Essa mobilidade funcional somente é permitida aos juízes eleitorais, e nunca aos funcionários da Justiça. No caso de eleitores cegos, o artigo 50 do CE ordena que o juiz eleitoral se desloque até o respectivo estabelecimento de proteção, em data previamente fixada, para alistá-los. O eleitor ficará inscrito em determinada Zona Eleitoral, a qual é verificada conforme o domicílio eleitoral
3. PRINCIPAIS EFEITOS: - permite determinar a condição do eleitor: Sua condição, portanto, não fica sujeita a apuração e discussão no momento do exercício do voto. Essa condição de eleitor persiste até que sobrevenha decisão judicial declaratória do cancelamento ou da exclusão; - forma os dados numéricos do alistamento, necessários para a fixação do número de representantes nas eleições proporcionais; - oferece maior comodidade ao cumprimento do dever do voto, na medida em que estabelece a permanente vinculação do eleitor a uma determinada seção eleitoral (46, §3º, CE). A seção é a menor unidade da estrutura eleitoral, composta do conjunto de votantes com proximidade domiciliar. Nas capitais, as seções são constituídas de até 500 400 eleitores, e nos demais municípios, até 400 300; - delimita o termo inicial da incorporação do eleitor ao corpo eleitoral da circunscrição, para que nela possa concorrer a cargos eletivos. Essa consequência decorre da exigência de domicílio eleitoral como requisito à elegibilidade.
4. REQUISITOS: Predomina, como regra geral, a obrigatoriedade do alistamento dos maiores de 18 anos.
ALISTÁVEIS FACULTATIVOS: O alistamento é facultativo para: a) analfabetos; b) maiores de 70 anos; c) maiores de 16 e menores de 18 anos. OBS: o analfabeto que venha a ser alfabetizado não está sujeito à multa prevista no artigo 15 da Resolução TSE n° 21.538/2003, caso não efetue o alistamento eleitoral no prazo legalmente fixado. OBS: Pontos do CE não recepcionados: os inválidos (CE) e para aqueles que se encontrem fora do país. Estas disposições, contudo, não foram recepcionadas pela Constituição Federal de 1988. Como consignado no item acima, alistamento eleitoral e o voto são obrigatórios para os relativamente incapazes em decorrência de deficiência mental e excepcionais, ressalvada a possibilidade de a pessoa portadora de deficiência que torne impossível ou demasiadamente oneroso o cumprimento das obrigações eleitorais requerer ao juiz eleitoral a expedição de certidão de quitação eleitoral, com prazo de validade indeterminado. Quanto àqueles que se encontrem fora do país, a obrigação de alistamento eleitoral e do voto pode ser cumprida por meio das representações diplomáticas ou consulares. OBS: É permitido o alistamento de pessoa com 15 anos? Os menores entre 16 e 18 anos incompletos (CF), o artigo 14 Resolução TSE n° 21.538/2003 faculta o alistamento, no ano em que se realizarem as eleições, do menor que completar 16 anos até a data do pleito, inclusive. Ressalte-se que o título de eleitor emitido nesta condição somente produzirá efeitos com o implemento da idade de 16 anos.
INALISTÁVEIS: O alistamento é vedado para: a) estrangeiros; b) conscritos; c) os que tenham perdido os direitos políticos em razão de cancelamento de naturalização por sentença transitada em julgado, por prática de atividade nociva ao interesse nacional; d) os que tenham perdido os direitos políticos em razão de aquisição de outra nacionalidade voluntária, salvo nos casos de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira ou de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis; e) os que tenham seus direitos políticos suspensos nos casos de: incapacidade civil absoluta; condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem os seus efeitos; recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa; improbidade administrativa. OBS: Pontos do CE não recepcionados: os que não saibam exprimir-se na língua nacional (previsão do artigo 5, II, do Código Eleitoral - Pela jurisprudência do TSE, esta exigência não foi recepcionada, sob o argumento de que “Vedado impor qualquer empecilho ao alistamento eleitoral que não esteja previsto na Lei Maior, por caracterizar restrição indevida a direito político, há que afirmar a inexigibilidade de fluência da língua pátria para que o indígena ainda sob tutela e o brasileiro possam alistar-se eleitores”); OBS: Conforme ensina José Jairo Gomes, embora a Constituição Federal seja silente, os apátridas também não podem ser inscritos como eleitores[3]. OBS: Ante a possibilidade de o conscrito ter realizado seu alistamento eleitoral antes de ser incorporado ao serviço militar (já que é facultado o alistamento eleitoral do maior de 16 e menor de 18 anos), o TSE entendeu que o conscrito deve ser impedido de votar, por estar com seus direitos políticos suspensos durante o período de serviço militar obrigatório, embora esta causa de suspensão não esteja elencada no artigo 15 da Constituição Federal (Resolução TSE n° 20.165, de 7 de abril de 1998).
Estando o alistando dentro do rol dos obrigatórios ou facultativos, é iniciado o processo, que compreende a qualificação e a inscrição (42 do CE).
A qualificação é o ato por meio do qual o indivíduo fornece suas informações pessoais. Para alistar-se, o alistando deve apresentar-se em um Cartório Eleitoral ou local previamente designado e fornecer as informações necessárias ao preenchimento do Requerimento de Alistamento Eleitoral – RAE[4].
O requerimento será instruído com um dos seguintes documentos, que não poderão ser supridos mediante justificação (artigo 44 do CE): I - carteira de identidade expedida pelo órgão competente do Distrito Federal ou dos Estados; II - certificado de quitação do serviço militar[5]; III - certidão de nascimento ou de casamento extraída do Registro Civil; IV - instrumento público do qual se infira, por direito ter o requerente idade superior a dezoito anos (ou dezesseis, pela regra atual da CF) e do qual constem, também, os demais elementos necessários à sua qualificação; V - documento do qual se infira a nacionalidade brasileira, originária ou adquirida, do requerente.
Será devolvido o requerimento que não contenha os dados constantes do modelo oficial, na mesma ordem, e em caracteres inequívocos (rejeição preliminar, que abrange qualquer dos requisitos formais prévios do requerimento).
5. PROCESSO: Incumbe aos partidos políticos, na pessoa de seus delegados, e ao MPE, na pessoa do Promotor de Justiça Eleitoral, a fiscalização do procedimento. O eleitor deve comparecer ao cartório ou outro local previamente definido, para subscrever o formulário. O requerimento de alistamento eleitoral é preenchido apenas por servidor da Justiça Eleitoral (Res.21538/03) que digitará as informações pessoais do eleitor, que deverá estar presente no momento desse preenchimento. Faculta-se ao eleitor escolher o local de votação com a disponibilização de relação de todas as seções que pertencem a sua zona eleitoral. O pedido será submetido à apreciação do juiz eleitoral, nas 48h subsequentes.
Poderá o juiz, se tiver dúvida quanto à identidade do requerente ou sobre qualquer outro requisito para o alistamento, converter o julgamento em diligência para que o alistando esclareça ou complete a prova ou, se for necessário, compareça pessoalmente à sua presença. Depois desanadas quaisquer dúvidas, o juiz deferirá o pedido, datando e assinando o título e a folha individual. A lei veda expressamente a assinatura desses documentos pelo juiz antes do deferimento do pedido. Tal ato constitui ilícito penal eleitoral (45, §11, CE).
Se o pedido for indeferido: caberá recurso ao TRE (Resolução TSE n° 21.538/2003). Do despacho que indeferir o requerimento de inscrição, caberá recurso interposto pelo alistando no prazo de cinco dias. O parquet também tem legitimidade para recorrer na qualidade de custus legis se o indeferimento for ilegal. Se o pedido for deferido: também é cabível recurso para o TER do deferimento do alistamento, do qual poderá recorrer qualquer delegado de partido político no prazo de dez dias, contados da colocação da respectiva listagem à disposição dos partidos, o que deverá ocorrer nos dias 1º e 15 de cada mês, ou no primeiro dia útil seguinte, ainda que tenham sido exibidas ao alistando antes dessas datas e mesmo que os partidos não as consultem (Lei n° 6.996/82, art. 7°). A possibilidade de interposição de recurso pelo delegado de partido contra decisão que deferir o requerimento de alistamento eleitoral tem como objetivo retirar do corpo eleitoral os eleitores que não possuam verdadeiro interesse na circunscrição eleitoral em que forem inscritos, para garantir que o resultado das eleições corresponda à vontade legítima dos eleitores da localidade. Cabe observar, ainda, que o membro do Ministério Público que oficiar perante o juízo eleitoral terá legitimidade para recorrer e o prazo será igual àquele deferido ao delegado de partido[6]. 
A interposição de recurso transforma a natureza do procedimento de alistamento eleitoral de administrativa para judicial, porquanto surge conflito de interesses que deve ser resolvido pelo Estado-juiz. Dessa forma, é necessário que o interessado preencha os pressupostos processuais pertinentes, inclusive aqueles referentes à capacidade postulatória. (ver artigo 29 e ss, do ce Resolução 21538 Do acesso às informações constantes do cadastro).
Qualquer irregularidade determinante de cancelamento de inscrição deverá ser comunicada por escrito ao juiz eleitoral, que observará o procedimento estabelecido nos arts. 77 a 80 do Código Eleitoral. Por outro lado, exerce o MP a função de fiscal da ordem jurídica eleitoral e sua atuação se dá de forma obrigatória em todos os termos do processo eleitoral, pelo que pode acompanhar os procedimentos sobre alistamento.
6. FASES DO ALISTAMENTO: 
Prazo para alistamento: O artigo 91 da Lei 9504/97 determina que “Nenhum requerimento de inscrição eleitoral ou de transferência será recebido dentro dos cento e cinquenta dias anteriores à data da eleição”. O alistamento reabrir-se-á em cada zona, logo que estejam concluídos os trabalhos da sua junta eleitoral. OBS: 2ª via: o eleitor já alistado poderá requerer a 2ª via em até 10 dias das eleições.
Prazos de entrega dos títulos (art. 69, CE): resultantes dos pedidos de inscrição ou de transferência: até 30 dias antes da eleição/ segunda via: até a véspera do pleito.
Fiscalização do TSE[7]: A Lei 9504/97 introduziu método de controle automático do TSE, sobre o alistamento e a transferência, nos termos do artigo 92: O Tribunal Superior Eleitoral, ao conduzir o processamento dos títulos eleitorais, determinará de ofício a revisão ou correição das Zonas Eleitorais sempre que: I - o total de transferências de eleitores ocorridas no ano em curso seja dez por cento superior ao do ano anterior; II - o eleitorado for superior ao dobro da população entre dez e quinze anos, somada à de idade superior a setenta anos do território daquele Município; III - o eleitorado for superior a sessenta e cinco por cento da população projetada para aquele ano pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE”.
Por outro lado, compete aos juízes eleitorais fiscalizar o ato de alistamento do eleitor e seu cancelamento. Possui também legitimidade para impugnar a inscrição de eleitores o Ministério Público e os partidos políticos.
7. DUPLICIDADE E PLURALIDADE: É vedada a emissão ou permanência de mais de um título ou inscrição eleitoral referentes ao mesmo eleitor. O processo administrativo e conditio sine qua non para o exame da tipicidade, antijuridicidade e culpabilidade da conduta do eleitor (arts.289,290,291 e 350 CE). 
A competência para a decisão administrativa de duplicidade ou pluralidade de alistamentos é do juiz onde foi efetuada a inscrição mais recente (art.41 da Res.21538) quando envolver uma mesma zona eleitoral. Em casos que envolvam zonas eleitorais diferentes a competência será do Corregedor Regional Eleitoral. 
Das decisões do juiz eleitoral cabe recurso para o Corregedor Regional no prazo de três dias; e, das decisões do Corregedor Regional, cabe recurso para o corregedor–geral eleitoral (que atua no TSE), no prazo de três dias. Trata-se de recurso INOMINADO. São legitimados para a interposição os eleitores, partidos políticos e MP.
8. CANCELAMENTO E EXCLUSÃO: De início, importa esclarecer a diferença entre cancelamento e exclusão. Em face de irregularidades expressamente previstas no Código Eleitoral, o título de eleitor será cancelado e, consequentemente, o eleitor terá seu nome excluído do banco de dados da JE. As inscrições eleitorais são permanentes, habilitando o eleitor ao direito de sufrágio nos pleitos que se realizarem dentro da área política a que pertence. Essa condição persiste até que sobrevenha decisão judicial impondo o cancelamento da inscrição e a exclusão do eleitor.
Causas de cancelamento de inscrição: estão no artigo 71 do CE: 
a) a infração dos artigos 5º e 42: trata-se das inscrições obtidas com desrespeito às vedações legais: (1) dos que não saibam exprimir-se na língua nacional; (2) dos que estavam privados, temporária ou definitivamente dos direitos políticos; (3) dos conscritos; (4) dos que não são domiciliados no local do alistamento. O cancelamento, portanto, refere-se à existência de vício ‘ab origine’, que não se convalida pelo decurso do tempo; 
OBS: no que tange ao alistamento dos indígenas, a Resolução 20.806/2001,TSE estabelece que o alistamento é exigido para os índios integrados e alfabetizados. Os índios não integrados e os em vias de integração têm o direito ao alistamento e ao voto como facultativo. Portanto, não é mais considerado causa de cancelamento da inscrição o fato de ser um índio isolado ou não integrado.
b) a suspensão ou perda dos direitos políticos;
c) a pluralidade de inscrição: o cancelamento da inscrição em pluralidade obedecerá à seguinte ordem (75 CE): (1) da inscrição que não corresponda ao domicílio eleitoral; (2) daquela cujo título não haja sido entregue ao eleitor; (3) daquela cujo título não haja sido utilizado para o exercício do voto na última eleição; e (4) da mais antiga;
d) o falecimento do eleitor; neste caso, quando se tratar de fato notório, ficam dispensadas as formalidades previstas nos incisos II e III do artigo supracitado (artigo 79 do Código Eleitoral). Note-se que o § 3° do artigo 71 do Código Eleitoral estabelece a obrigação de os oficiais de registro civil enviarem, até o dia 15 de cada mês, ao juiz eleitoral da zona em que oficiarem, comunicação dos óbitos de cidadão alistáveis ocorridos no mês anterior, para cancelamento das inscrições, sob pena de incorrem no delito previsto no artigo 293 do Código Eleitoral.
e) abstenção reiterada: deixar de votar em 3 (três) eleições consecutivas, o cancelamento não ocorrerá se o eleitor apresentar justificativa para a falta ou efetuar o pagamento da multa que lhe for aplicada, conforme o disposto no § 6° do artigo 80 da Resolução n° 21.538/2003. Na contagem das faltas, são consideradas as ausências nas eleições com datas fixadas pela Constituição, nos referendos, nos plebiscitos e nas novas eleições determinadas pelos tribunais regionais eleitorais (v.g. eleições suplementares). Ressalte-se que não serão computadas eleições que tiverem sido anuladas por força de determinação judicial.OBS: Nos termos do artigo 80 da Resolução n° 21.538/2003, o prazo de apresentação de justificativas para a ausência é de 60 dias a contar da data da realização da eleição. Para o eleitor que se encontrar no exterior na data do pleito, o prazo será de 30 dias, contado da data do seu retorno ao país. Por oportuno, cabe destacar que o pedido de justificação será sempre dirigido ao juiz eleitoral da zona de inscrição, podendo ser formulado na zona eleitoral em que se encontrar o eleitor, o qual providenciará sua remessa ao juízo competente.
f) revisão do eleitorado: Há, ainda, uma hipótese genérica de cancelamento de inscrições (em processo de ‘revisão’), trazida pela Lei 4961/66, que acrescentou §4º ao artigo 71 do CE: A revisão do eleitorado consiste no procedimento administrativo em que é verificada a regularidade da inscrição dos eleitores que figuram no cadastro eleitoral de determinada zona ou município. O referido procedimento está previsto no § 4° do artigo 71 do Código Eleitoral e no artigo 58 da Resolução TSE n° 21.538/2003, o qual determina que os tribunais regionais eleitorais poderão determinar a realização de correição e de revisão do eleitorado quando houver denúncia fundamentada de fraude no alistamento de uma zona ou município: “§4º Quando houver denúncia fundamentada de fraude no alistamento de uma zona ou município, o Tribunal Regional poderá determinar a realização de correição e, provada a fraude em proporção comprometedora, ordenará a revisão do eleitorado obedecidas as Instruções do Tribunal Superior e as recomendações que, subsidiariamente, baixar, com o cancelamento de ofício das inscrições correspondentes aos títulos que não forem apresentados à revisão”.
OBS: Pode haver revisão em ano eleitoral? Note-se que, de acordo com o § 2° do artigo 58 da Resolução TSE n° 21.538/2003, não será realizada revisão de eleitorado em ano eleitoral, salvo em situações excepcionais, quando autorizada pelo Tribunal Superior Eleitoral.
Os trabalhos de revisão são presididos pelo juiz eleitoral da zona, fiscalizados pelo representante do Ministério Público que oficiar perante o juízo e inspecionados pelo Tribunal Regional Eleitoral, por meio da Corregedoria Regional (artigos 59 58 e 62 da Resolução TSE n° 21.538/2003). Ademais, o juiz eleitoral deverá dar conhecimento aos partidos políticos da realização da revisão, facultando-lhes, por meio dos delegados credenciados nas zonas ou perante os TREs, o acompanhamento e fiscalização de todo o trabalho (artigo 67 da Resolução TSE n° 21.538/2003). Nos termos do artigo 63 da citada resolução, o juiz eleitoral deverá fazer publicar, com antecedência mínima de cinco dias do início do processo revisional, edital para dar conhecimento da revisão aos eleitores cadastrados no município ou zona, convocando-os a se apresentarem, pessoalmente, no cartório ou nos postos criados, em datas previamente especificadas, com o objetivo de efetuar a revisão de suas inscrições, com a confirmação dos seus domicílios, sob pena de cancelamento das inscrições.
OBS: Cancelamento de inscrição eleitoral. Revisão do eleitorado. Não comparecimento ao cartório no prazo estipulado. Legitimidade. O só envio de documentação no prazo não supre a falta da presença do eleitor. É legítimo o cancelamento da inscrição do eleitor que deixa de atender convocação para comparecer pessoalmente ao cartório eleitoral em processo de revisão do eleitorado.” (TSE. Acórdão n° 1.222. Relator Ministro Eduardo Alckmin. Julgado em 24 de novembro de 1998). Monica: a resolução permite se a pessoa pegar uma senha, deixar os documentos para serem vistos depois do expediente.
Concluídos os trabalhos de revisão, ouvido o Ministério Público, o juiz eleitoral deverá determinar o cancelamento das inscrições irregulares e daquelas cujos eleitores não tenham comparecido, adotando as medidas legais cabíveis, em especial quanto às inscrições consideradas irregulares, situações de duplicidade ou pluralidade e indícios de ilícito penal a exigir apuração. Entretanto, o cancelamento das inscrições somente poderá ser efetivado após a homologação da revisão pelo TRE (artigo 73, caput e parágrafo único, da Resolução TSE n° 21.538/2003).
Na linguagem do CE, a exclusão aparece como o resultado final do processo, instaurado diante de uma causa de cancelamento de inscrição. Diz o artigo 72, ‘caput’, do CE: “Durante o processo e até a exclusão pode o eleitor votar validamente”. O parágrafo único do artigo 72 determina a anulação dos votos, no seguinte caso: “Parágrafo único. Tratando-se de inscrições contra as quais hajam sido interpostos recursos das decisões que as deferiram, desde que tais recursos venham a ser providos pelo Tribunal Regional ou Tribunal Superior, serão nulos os votos se o seu número for suficiente para alterar qualquer representação partidária ou classificação de candidato eleito pelo princípio majoritário”.
O termo ‘exclusão’ é também usado pelo CE para designar o próprio procedimento que visa o cancelamento da inscrição. Nesse sentido, os artigos 73 e seguintes do CE, que estabelecem o rito do processo (LER). O processo pode iniciar-se ex officio, sempre que o juiz eleitoral tiver conhecimento de alguma causa de cancelamento (artigos 71, § 1°, e 74 do Código Eleitoral). O processo pode ser iniciado também a requerimento de delegado de partido, do Ministério Público ou de qualquer eleitor.
A instauração do processo de cancelamento não se sujeita a prazo de preclusão ou a escoamento de limites temporais, por se tratar de matéria de ordem pública, de natureza constitucional.
É interessante destacar o posicionamento de José Jairo Gomes acerca das causas de cancelamento da inscrição. Adotando o entendimento exposto por Decoiman e Prade, o referido autor assevera que algumas hipóteses legais de cancelamento de inscrição poderiam ser consideradas, hoje em dia, causas de suspensão da eficácia do alistamento eleitoral, tendo em vista que a sistemática legal foi prevista para uma realidade diferente da atual.
OBS: Após cancelada, é possível uma nova inscrição eleitoral? Sim. De acordo com o artigo 81, CE, cessada a causa de cancelamento, poderá o interessado requerer novamente a inscrição eleitoral.
9. FISCALIZAÇÃO PARTIDÁRIA: Os partidos estão legalmente habilitados a acompanhar todos os trabalhos sobre o ingresso e a exclusão no corpo eleitoral, exercendo ampla atividade de fiscalização (artigo 66 do CE). Diante da disciplina legal, os partidos políticos realizam todas essas atividades na condição de parte, não se limitando apenas a formular representação e deixar tudo a critério da Justiça Eleitoral. A lei lhes outorgou posição para que possam diretamente promover as medidas necessárias à lisura do alistamento, instaurando o contencioso eleitoral adequado.
Nesses atos, os partidos são representados por seus delegados credenciados, no seguinte número: perante o juízo eleitoral: 3 delegados; perante o TRE: 4 02 delegados (resolução 21538); perante o TSE: 5 delegados (não encontrei essa quantidade – onde está?);
Nos termos do artigo 27 da Resolução TSE n° 21.538/2003, poderão os partidos políticos, por seus delegados: acompanhar os pedidos de alistamento, transferência, revisão, segunda via e quaisquer outros, até mesmo emissão e entrega de títulos eleitorais/ requerer a exclusão de qualquer eleitor inscrito ilegalmente e assumir a defesa do eleitor cuja exclusão esteja sendo promovida/ examinar, sem perturbação dos serviços e na presença dos servidores designados, os documentos relativos aos pedidos de alistamento, transferência, revisão, segunda via e revisão de eleitorado, deles podendo requerer, de forma fundamentada, cópia, sem ônus para a Justiça Eleitoral.
O artigo 28 da referida resolução estabelece que, para os fins citados acima, os partidos políticos poderão manter até dois delegados perante o Tribunal Regional Eleitoral e até três delegados em cada zona eleitoral, que se revezarão, não sendo permitida a atuação simultânea de mais de um delegado de cada partido. Ressalte-seque os delegados credenciados no Tribunal Regional Eleitoral poderão representar o partido, na circunscrição, perante qualquer juiz eleitoral.
O VOTO: 
Sufrágio corresponde ao direito de votar e ser votado. O voto é o ato material que concretiza o direito de sufrágio. Escrutínio é a forma pela qual o voto se exterioriza, podendo ser público ou secreto.
Natureza jurídica do voto: Paulo Bonavides, ao tratar do sufrágio, menciona duas escolas ou correntes principais (voto como função ou direito): A dos que acolhem a doutrina da soberania nacional e são conduzidos a ver o sufrágio como uma função; A dos que se apegam à doutrina da soberania popular e que inferem, daí, o voto como um direito. Diz Paulo Bonavides que pela doutrina da soberania nacional o eleitor é tão somente um instrumento ou órgão de que se serve a nação para criar um órgão maior. De outro lado, a se adotar a corrente contrária (soberania popular), ter-se-á o eleitor como parte desse órgão maior.
A maior parte da doutrina adota a posição de que o sufrágio (ou voto) no direito brasileiro apresenta duplo aspecto de ser direito e dever.
O sufrágio pode ser universal ou restrito. O primeiro possibilita, de forma ampla, o exercício do voto aos nacionais. A segunda forma possui restrições, tais como, em face da fortuna (censitário, como estabelecia a Constituição do Império), sexo, capacidade intelectual, etc.
Dalmo de Abreu Dalari explica que todos os países definem uma idade mínima para se poder votar, havendo uma tendência para fixá-la em dezoito anos. Lembrar que, no Brasil, o voto é obrigatório a partir dos 18 anos, sendo facultativo aos maiores de 16 e menores de 18 anos e maiores de 70. 
O voto censitário fundamenta-se, segundo seus defensores, nas seguintes razões: os que têm mais bens têm mais interesses em que os governos sejam melhores para protegerem seu patrimônio; os mais ricos pagam mais impostos e portanto, têm o direito de escolherem quem os haverá de administrar; podem acompanhar melhor a política por que não necessitam trabalhar muitas horas por dia. Obviamente a tibieza dos argumentos não lhes dá sustentação. No entanto, o poder econômico dos candidatos parece continuar sendo importante para influenciar o voto.
No que concerne ao voto capacitário, vale dizer que grande parte dos países exige alguma espécie de grau de instrução para que se possa votar. Porém, tendo em vista que, em muitos países, tal restrição equivale a privar a maioria da população adulta de votar, há forte tendência para afastar tal restrição.
Quanto aos portadores de deficiência (ou necessidades especiais) cabe distinguir entre os que não têm consciência da significação do ato de votar devido a problemas mentais e o deficiente físico. Este último deve ter não só o direito genérico de votar, mas também o direito a que seja facilitado o exercício do voto. Deverão requerer ao juiz de sua zona eleitoral, até trinta dias antes da eleição, a viabilização de meios para tanto.
Há também legislações, como a nossa, que impedem os condenados criminalmente de votar. Argumenta-se que tal restrição se deve à necessidade de reeducação do criminoso para que volte a exercer os atos da vida civil. Pode-se pensar que tal restrição corresponde à morte civil do condenado e/ou que gera fundadas dúvidas acerca do auxílio que possa trazer a sua recuperação.
Por fim, há restrições para os praças (conscritos) visando evitar que a política invada os quartéis.
Seja como for, a universalidade do voto sempre deverá ser entendida de forma relativa. Sempre haverá restrições a grupos de pessoas tais como: os absolutamente incapazes, por não poderem exercer de forma plena a liberdade de votar; e os estrangeiros[10]. Não há contradição na existência dessas limitações, todavia será inadmissível a lei discriminar sem o mínimo de racionalidade, pois, em tais casos, haveria infringência ao princípio constitucional da isonomia da vedação à discriminação.
No ordenamento jurídico brasileiro, o voto é direto, ou seja, o eleitor é qualquer cidadão que não necessita de intermediários para escolher seus representantes. Em face da Lei Maior de 1988, a regra eleva-se à condição de clausula pétrea e consiste na eleição direta para todos os cargos eletivos, exceção feita exclusivamente no caso de vacância do cargo de Presidente e Vice-Presidente da República nos dois últimos anos de mandato. Nesse caso a Constituição prevê eleição indireta para o restante do mandato.
O voto também deverá ser secreto, dificultando fraudes e garantindo a liberdade de escolha aos eleitores. A legislação dever garantir seu sigilo. A título de exemplo, vale lembrar que o uso de telefone celular na sala de votação é proibido. Da mesma forma, é obrigatório que o voto se efetive em cabine indevassável. Por outro lado, considerando que o exercício do voto deve prevalecer, é lícito ao eleitor levar anotado o número ou nome do candidato de sua preferência. Da mesma forma, na hipótese de um eleitor, plenamente capaz, que não possa, por deficiência física, votar sozinho, poderá ser acompanhado por amigo ou parente. Por fim, nada impede que os pais ou avós levem crianças para acompanhá-los a urna para votar.
Outra característica consiste em ser o voto de igual valor para todos os cidadãos (one man, one vote). Trata-se da aplicação no campo do direito eleitoral do princípio da isonomia.
O voto dever ser periódico, ou seja, os mandatos não podem ser demasiadamente longos. Tendo em vista tratar-se de clausula pétrea, vem a dúvida quanto à alteração da periodicidade dos mandatos eletivos.
O voto é um direito-dever do indivíduo-cidadão. Todavia, o constituinte, tendo em consideração a realidade de nosso país, possibilitou que os analfabetos, os idosos e os maiores de 16 e menores de 18 anos, não fossem obrigados a cumprir com esse dever.
Quanto à obrigatoriedade do voto, diz parte da doutrina que relaciona-se ao fato de ser o exercício da cidadania ainda novidade para o povo brasileiro.
O eleitor que não vota ou justifica sofre sanções de ordem pecuniária, além de restrições a direitos da seguinte forma: impossibilidade de participar de concursos públicos ou tomar posse no cargo; tirar passaporte ou carteira de identidade; obter empréstimos de órgãos públicos e o recebimento de remuneração pelos servidores ou empregados públicos. Observar que os enfermos, quem estiver ausente de sua zona eleitoral e o servidor público em serviço estão dispensados de votar.
O tema “voto” também é objeto de análise do ponto 2.a.
Questões de prova: 
Alistamento eleitoral e voto. Ambos são facultativos para os que tem idade entre 16 e 18 anos e os maiores de 70 anos?
O alistamento de brasileiro que reside no estrangeiro é obrigatório? Se se alistar no exterior deve votar em quais eleições?
Todos os alistáveis são elegíveis? 
Quais são os casos de alistabilidade facultativa? Os maiores de 70 anos, os maiores de 16 e menores de 18 anos e os analfabetos.
Se o alistável facultativo se alistar, o voto dele passa a ser obrigatório? Não. A Constituição é clara ao afirmar que o alistamento eleitoral e o voto são facultativos para essas pessoas.
O sigilo de voto é absoluto ou pode ser relativizado no caso de uma pessoa que precise de ajuda para votar? 
Diferencie voto e sufrágio.
Voto obrigatório significa que eleitor tem que votar em algum candidato?
O que é voto direto, secreto, universal e periódico?
Voto eletrônico impresso, criado pela última reforma. ADIN, liminar, constitucionalidade etc. Voto impresso, qual função? Vulnera o sigilo do voto? 
Alistamento eleitoral já garante capacidade eleitoral passiva?
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Ponto 1.b. Domicílio eleitoral. Conceito, transferência e prazos.
Principais obras consultadas: Santo Graal 27º; Direito Eleitoral do José Jairo Gomes, 8ª ed. Ed. Atlas, 2012; Aula de Direito Eleitoral do Curso Alcance. Roberto Almeida, 2013.
Legislação básica: Código Eleitoral; Lei n.º 6.996/82; Lei n.º 9.504/97; Res. 21.538/2003.
1. DOMICÍLIO ELEITORAL:No Direito Eleitoral, o conceito de domicílio eleitoral é mais amplo do que aquele do Direito Civil, este sendo definido no art. 70 do CC (“O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo” — elemento objetivo: residência + elemento subjetivo: ânimo, intenção, de definitividade).
“Agravo de instrumento. Recurso especial. Revisão eleitoral. Domicílio eleitoral. Cancelamento de inscrição. Existência de vínculo político, afetivo, patrimonial, e comunitário. Restabelecimento da inscrição. 1. Demonstrado o interesse eleitoral, o vínculo afetivo, patrimonial e comunitário da eleitora com o município e não tendo ocorrido qualquer irregularidade no ato do seu alistamento, mantém-se o seu domicílio eleitoral. 2. Precedentes. 3. Recurso conhecido e provido.” (Ac. no 2.306, de 17.8.2000 e, no mesmo sentido, o Ac. no 16.305, de 17.8.2000, rel. Min. Waldemar Zveiter.)
Conceito legal de domicílio eleitoral (art. 42, § ún. do CE): “Para o efeito da inscrição, é domicílio eleitoral o lugar de residência ou moradia do requerente, e, verificado ter o alistando mais de uma, considerar-se-á domicílio qualquer delas”.
Domicílio eleitoral afetivo: ocorre quando a pessoa transfere seu domicílio civil, mantendo, porém, o domicílio eleitoral em outra circunscrição. Ac.-TSE n.º 16.397/2000 e 18.124/2000: o conceito de domicílio eleitoral não se confunde, necessariamente, com o de domicílio civil; aquele, mais flexível e elástico, identifica-se com a residência e o lugar onde o interessado tem vínculos (políticos, sociais, patrimoniais, negócios).
Obs.: ver Decreto-Lei n.º 201/67, art. 7.º, II: cassação do mandato de vereador quando fixar residência fora do município.
Domicílio eleitoral do funcionário público: Há casos em que a lei não dá margem à escolha do domicílio civil (hipóteses de domicílio legal ou necessário: entre outros, o do incapaz, do servidor público, do militar, do marítimo e do preso (art. 76 do CC). É o caso do funcionário público, cujo domicílio será obrigatoriamente o local de seu ofício (“o lugar em que exercer permanentemente suas funções”). Todavia, admite-se que o funcionário público transferido deixe de requerer sua transferência de inscrição eleitoral, mantendo inalterada sua inscrição de origem, pois não lhe é imposta, obrigatoriamente, a transferência. Por outro lado, se o funcionário público requerer transferência eleitoral para um lugar diferente daquele onde exerce suas funções, esse pedido não pode ser deferido, pois seu domicílio deverá ser o da sede da repartição. Nesse caso, faltar-lhe-ia condição para requerer a transferência, pois não poderia fazer prova de que reside em local diferente da repartição.
Cuidado: apenas os conscritos não podem alistar-se como eleitores, durante o serviço militar obrigatório (CF 14 § 2.º). Os demais militares devem inscrever-se. Ora, o domicílio do militar é domicílio necessário (tal como o do marítimo): “o do militar, onde servir, e, sendo da Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado; o do marítimo, onde o navio estiver matriculado” (CC 76 § único).
Crime do art. 289 do CE: “Art. 289. Inscrever-se, fraudulentamente, eleitor: Pena – reclusão até 5 anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa.” Segundo Vera Michels, o elemento objetivo do tipo previsto nesse artigo consiste em declarar falsamente, no momento da inscrição eleitoral, residência ou domicílio. (...) A jurisprudência do TSE é no sentido de não se configurar a falsidade ideológica, quando couber a autoridade pública averiguar a fidelidade da declaração que lhe é prestada
Prova do domicílio: dá-se por certidão de alistamento, para fins de transferência. Já para fins de alistamento (qualificação + inscrição), a prova pode dar-se por qualquer outro meio idôneo. “Domicílio eleitoral. Prova robusta de residência. Esparsas contas de luz e posse de imóvel insuficiente. Simples inscrição no cartório eleitoral insuficiente. O domicílio eleitoral deve ser provado de forma robusta, não bastando contas de luz esparsas e simples aquisição de imóvel no local pretendido.” (Ac. no 12.565, de 17.9.92, rel. Min. José Cândido.)
Voto fora do domicílio: A previsão foi incluída pela Lei nº 12.034/2009, a qual incluiu no CE o art. 233-A, verbis: Art. 233-A. Aos eleitores em trânsito no território nacional é igualmente assegurado o direito de voto nas eleições para Presidente e Vice-Presidente da República, em urnas especialmente instaladas nas capitais dos Estados e na forma regulamentada pelo Tribunal Superior Eleitoral.
Condições do local de Domicílio e sua influência na obrigatoriedade de alistamento e voto do portador de necessidades especiais. Res.-TSE no 21.920/2004: Art. 1º - O alistamento eleitoral e o voto são obrigatórios para todas as pessoas portadoras de deficiência. Parágrafo único. Não estará sujeita a sanção a pessoa portadora de deficiência que torne impossível ou demasiadamente oneroso o cumprimento das obrigações eleitorais, relativas ao alistamento e ao exercício do voto.
Res.-TSE no 21.385/2003: inexigibilidade de prova de opção pela nacionalidade brasileira para fins de alistamento eleitoral, não prevista na legislação pertinente.
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE (Med. Liminar) 4467- O Tribunal, por maioria e nos termos do voto da Relatora, contra os votos dos Senhores Ministros Gilmar Mendes e o Presidente, Ministro Cezar Peluso, concedeu liminar para, mediante interpretação conforme conferida ao artigo 91-A, da Lei nº 9.504/97, na redação que lhe foi dada pela Lei nº 12.034/09, reconhecer que somente trará obstáculo ao exercício do direito de voto a ausência de documento oficial de identidade, com fotografia. Ausente, justificadamente, o Senhor Ministro Joaquim Barbosa, com voto proferido na assentada anterior. (STF - Plenário, 30.09.2010.)
2. TRANSFERÊNCIA E PRAZOS
Conceito de Transferência: ato de natureza administrativa pelo qual, a requerimento do eleitor, o juiz eleitoral autoriza seja o eleitor inscrito em outra seção, zona ou circunscrição eleitoral, com a perda do domicílio eleitoral anterior. Pode haver desistência da transferência, mas será deferida apenas enquanto o Formulário de Alistamento Eleitoral ainda se encontrar no cartório, ou no caso de pluralidade de residências.
As regras e processamento da transferência estão nos artigos 55 a 61 do CE. Houve alterações, que iremos comentar. 
São quatro os requisitos cumulativos para a transferência: no mínimo 1 ano da inscrição no antigo domicílio (o prazo é contado da inscrição imediatamente anterior ao novo domicílio. Não se aplica quando se tratar de transferência de título eleitoral de servidor público civil, militar, autárquico, ou de membro de sua família, por motivo de remoção ou transferência); residência mínima de 3 meses no novo domicílio (não se aplica quando se tratar de transferência de título eleitoral de servidor público civil, militar, autárquico, ou de membro de sua família, por motivo de remoção ou transferência); até 150 dias da eleição (91 da Lei 9504/97) e estar quite com a Justiça Eleitoral.
OBS: a transferência do título eleitoral, em caso de mudança de domicílio, além de poder ser feita apenas após o transcurso de pelo menos um ano da inscrição primitiva e da exigência mínima de 3 meses no novo domicílio, deverá ser requerida pelo eleitor ao juiz eleitoral do novo domicílio, mediante requerimento com entrada no cartório eleitoral até 150 dias antes da eleição. Atenção: remoção para outra localidade de empregado de empresa privada não afasta a exigência mínima de 3 meses no novo domicílio. Atenção: segunda transferência de domicílio não afasta a exigência de transcurso de 1 ano da inscrição anterior.
Procedimento (art. 57 CE): (1) Pedido formulado pelo eleitor, instruído com o título eleitoral, no juízo eleitoral do novo domicílio; (2) Publicação na imprensa oficial, na Capital, e em cartório, nas demais localidades; (3) Impugnação no prazo de 10 dias; (4) Decisão imediata pelo juiz a respeitodas impugnações; (5) Recurso ao TRE em 3 dias, pelo eleitor (pedido indeferido; a jurisprudência estendeu para o partido político) ou delegado de partido (pedido deferido). Recurso ao TRE em 05 dias, pelo eleitor (pedido indeferido) e 10 dias para delegado de partido (pedido deferido). Inexistindo recurso, o juiz eleitoral comunica a transferência ao TRE em 10 dias. Decisão pelo TRE em 5 dias.
Observações: Ac.-TSE no 15.143/98: incompatibilidade, com o cadastro eletrônico, do voto em separado, na hipótese de omissão do nome do eleitor na folha de votação. Res.-TSE no 20.686/2000: impossibilidade de voto em separado, nos locais em que adotada urna eletrônica, com base no art. 62 da Lei no 9.504/97; nos locais onde for realizada a votação por cédulas, somente poderá votar o eleitor cujo nome conste da folha de votação. Res.-TSE no 20.638/2000: impossibilidade de voto em separado na hipótese de dúvida ou impugnação quanto à identidade de eleitor, impedindo-o de votar na urna eletrônica até decisão do juiz eleitoral.
Prazos: há divergência quanto ao prazo para recurso do indeferimento ou do deferimento da transferência, diante do que dispõe a Lei nº 6.996/82, art. 7º, § 1º (“Do despacho que indeferir o requerimento de inscrição, caberá recurso interposto pelo alistando no prazo de 5 (cinco) dias e, do que o deferir, poderá recorrer qualquer Delegado de partido político no prazo de 10 (dez) dias”):
O art. 60 do CE veda que o eleitor transferido vote no novo domicílio eleitoral em eleição suplementar à que tiver sido realizada antes de sua transferência. Assim sendo, anulada a eleição, o eleitor transferido de domicílio não poderá votar na nova eleição.
Se houver informação de filiação partidária, o juiz da zona para onde o eleitor se transferiu oficia o juiz eleitoral da antiga zona para que a remeta.
Observação: (1) Qualquer pessoa pode se filiar a partido político? Não, somente as que estiverem no pleno gozo dos direitos políticos, ressalvada a possibilidade de filiação do eleitor considerado inelegível - Res.TSE 23.117, de 20.8.2009). (2) ser fundador ou apoiador na criação da legenda não é sinônimo de ser filiado.
Procedimento de revisão ou correição das Zonas Eleitorais (art. 92 da Lei 9.504/97): o Tribunal Superior Eleitoral, ao conduzir o processamento dos títulos eleitorais, determinará de ofício a revisão ou correição das Zonas Eleitorais sempre que, cumulativamente (Res.-TSE nos 20.472/99, 21.490/2003, 22.021/2005 e 22.140/2006), I – o total de transferências de eleitores ocorridas no ano em curso seja dez por cento superior ao do ano anterior; II – o eleitorado for superior ao dobro da população entre dez e quinze anos, somada à de idade superior a setenta anos do território daquele Município; III – o eleitorado for superior a sessenta e cinco por cento da população projetada para aquele ano pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Medidas cabíveis: além dos recursos acima indicados, cabe MS, bem como as ações autônomas de impugnação. “(...) Domicílio. Transferência. Procedimento administrativo. Mandado de segurança. Cabimento. Assistência. Admissão. 1. Demonstrado o benefício que a requerente poderá auferir com o provimento do recurso, admite-se seu ingresso no feito como assistente. 2. A decisão judicial relativa a transferência de domicílio é de natureza administrativa, não fazendo coisa julgada. Pode, assim, ser atacada por mandado de segurança.” (Ac. de 14.2.2006 no AgRgAgRgREspe no 24.844, rel. Min. Humberto Gomes de Barros.)
Visão panorâmica:
Questões de prova:
Conceitue domicílio eleitoral.
Ligação afetiva com Belém do Pará, poderia ter domicílio eleitoral lá? Resposta do examinador: deve ser critérios objetivos como vínculo patrimonial, familiar e profissional e não pode afetivo.
Domicílio eleitoral é igual ao civil?
Qual a relação entre domicílio eleitoral e elegibilidade?
Condenação criminal a partir de quando há suspensão? Da sentença? Do transito em julgado?
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Ponto 1.c. Perda ou suspensão dos direitos políticos.
Principais obras consultadas: Santo Graal 27º; Direito Eleitoral do José Jairo Gomes, 8ª ed. Ed. Atlas, 2012; Aula de Direito Eleitoral do Curso Alcance.
Legislação básica: art. 15 da CR/88.
Considerações iniciais: 
Direitos políticos positivos e negativos: Direitos políticos positivos consistem no conjunto de normas que asseguram a participação do indivíduo no processo político e nos órgãos governamentais. Ex: normas sobre o voto, normas sobre alistamento, plebiscito, referendo e iniciativa popular. Os direitos políticos negativos correspondem às previsões que restringem o acesso do indivíduo aos órgãos governamentais, mediante impedimentos a candidatura. Ex: normas sobre perda e suspensão dos direitos políticos, normas sobre inelegibilidade.
Direito de votar e ser votado: O direito de votar (capacidade eleitoral ativa) e o direito de ser votado (capacidade eleitoral passiva) estão incluídos nos direitos políticos atribuídos ao cidadão. A perda e a suspensão dos direitos políticos são hipóteses que atingem, respectivamente, a titularidade para negá-los e o exercício para restringi-los temporariamente. Têm como fundamento constitucional o art. 15 e, no CE, art. 71.
O art. 15 da CF/88 prevê que é vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos enumerados nos incisos I a V, não as especificando. Referido dispositivo constitucional decorre do estabelecimento do Estado Democrático de Direito (art. 1°, caput), o qual tem como fundamento o pluralismo político (art. 1, V).
OBS: Os art. 6º, I, e 8º, I do DL nº 201/67, falam em extinção do mandato de prefeito e vereador declarado pelo Presidente da Câmara, quando ocorrer “cassação dos direitos políticos” ou condenação por crime funcional ou eleitoral.
O art. 71 do CE prevê cinco causas de cancelamento da inscrição eleitoral, as quais acarretam a privação do exercício dos direitos políticos: (1) A infração ao art. 5° (inalistáveis) e art. 42 (domicílio eleitoral); (2) Suspensão ou perda dos direitos políticos; (3) A pluralidade de inscrição; (4) O falecimento do eleitor; e (5) Deixar de votar em três eleições consecutivas.
Perda e suspensão dos direitos políticos:
Natureza jurídica: Antônio Carlos Mendes acentua que a perda ou suspensão dos direitos políticos não constituem sanção penal, mas sanção constitucional de natureza não penal.
A classificação abaixo utilizada no que se refere às hipóteses de perda e suspensão de direitos políticos tem como base a obra de Sanseverino. Entretanto, cabe referir que, para Alexandre de Moraes, as hipóteses de suspensão são: incapacidade civil absoluta, condenação criminal com trânsito em julgado, enquanto durarem seus efeitos, e improbidade administrativa; as hipóteses de perda são: cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado em virtude de atividade nociva ao interesse social (art. 12, §4°, I, CF/88), aquisição de outra nacionalidade (art. 12, §4°, II, CF/88) e escusa de consciência. A distinção entre perda e suspensão é temporal, não qualitativa.
1) A suspensão dos direitos políticos: 
Suspensão é a privação temporária dos direitos políticos, que serão readquiridos nos futuro, uma vez cessadas as causas que deram ensejo à suspensão. Atinge não a titularidade, mas o exercício dos direitos políticos de forma temporária.
1.1) Condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos (art. 15, III): A hipótese atinge a condenação criminal por crime, doloso ou culposo ou contravenção penal. O termo “enquanto durarem seus efeitos” se refere até a data da declaração do termo de extinção da pena ou da punibilidade (art. 107, CP), (vide súmula 09, TSE). Uma vez cumprida ou extinta a pena, a pessoa readquire os direitos políticos automaticamente.
OBS 1: Os incidentes na execução penal não fazem com que a pessoa readquira os direitos políticos (ex.: livramento condicional e sursis). Então, o sujeito em sursis não readquireseus direitos políticos, sendo necessária a declaração do termo de extinção da pena ou da punibilidade para que automaticamente os direitos políticos sejam readquiridos.
OBS 2: Medida despenalizadora da Lei 9.099/95 acarreta em suspensão dos direitos políticos? Nas hipóteses de transação penal ou de suspensão condicional do processo não haverá sequer condenação, logo não há que se falar em suspensão de direitos políticos.
OBS 3: A condenação a pena de multa importa na suspensão dos direitos políticos. Não é a prisão que importa na suspensão dos direitos políticos, e sim a condenação criminal transitada em julgado. Pena de multa é pena, a qual decorre de condenação criminal transitada em julgado. 
OBS 4: Preso pode votar? Depende do fundamento da prisão. A prisão só suspende os direitos políticos se for decorrente de condenação criminal transitada em julgado. O entendimento atual é de que não há voto do preso provisório e do preso devedor de alimentos por impossibilidade física na prática, pois ele mantém seus direitos políticos e seu direito de votar. [caiu na discursiva do MPF 26]. [se pagar a multa na execução fiscal a punibilidade se extingue e automaticamente readquire os direitos políticos].
OBS 5: Suspensão dos direitos políticos X Inelegibilidade do art. 1º, I, c, LC 64/90: O prazo da LC 64/90 é de desde o trânsito em julgado ou de decisão de colegiado até 8 anos após o cumprimento da pena [observe que houve a antecipação dos efeitos admitindo a suspensão a partir de decisão de órgão colegiado sem o trânsito em julgado]. Linha do tempo para entender: 1) condenação por juiz de primeiro grau: Nada acontece para o Direito Eleitoral. Pode votar e pode ser votado. 2) Condenação por órgão colegiado: Se iniciará a inelegibilidade com a privação dos direitos políticos passivos. Então, não poderá ser votado, sendo inelegível a partir desse momento. Pode votar? Sim, a inelegibilidade atinge apenas a capacidade eleitoral passiva. 3) Trânsito em julgado: ocorre a suspensão de todos os direitos políticos, ativos e passivos. 4) Extinção da pena: cessam os efeitos da condenação e readquire os direitos políticos ativos. Continua inelegível por força da LC 64/90. 5) Após 8 anos: readquire todos os direitos políticos. Portanto, a inelegibilidade só atinge o direito de ser votado. A suspensão atinge o direito de ser votado e o de votar. Elas ocorrem em momentos diferentes. Atenção 1: O que aconteceu com o Collor não foi inelegibilidade. Ele sofreu processo de impeachment por crime de responsabilidade e ficou impedido de exercer qualquer cargo público por 8 anos e não apenas inelegível por 8 anos, o que atingiria apenas sua capacidade de ser votado. Atenção 2: Para o TSE, a decisão de Tribunal de Júri é decisão de órgão colegiado, gerando a inelegibilidade acima.
OBS 6: Antes da AP 470 era assim: A condenação criminal transitada em julgado não acarreta, de forma automática, a perda do mandato de Deputado Federal ou Senador (art. 55, VI, CF/88). Com efeito, o art. 55, IV, CF/88, prevê a perda do mandato no caso de perda ou suspensão dos direitos políticos. Mas, como há regra específica de perda do mandato por condenação criminal (inciso VI), aplica-se o princípio da especialidade e, assim, a perda do mandato será decidida pela Câmara dos Deputados ou Senado Federal (art. 55, §2°). Após mudança de entendimento do STF na Ação Penal 470 é assim: O Supremo Tribunal Federal decidiu, em 17/12/12, que parlamentares condenados criminalmente pela corte na Ação Penal 470, o processo do mensalão, devem perder o mandato após o trânsito em julgado do processo. A decisão foi proferida após o voto do decano do tribunal, ministro Celso de Mello, dar maioria apertada à corrente defendida pelo relator e presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa: cinco votos a quatro. Com a decisão, os deputados federais Valdemar Costa Neto (PR-SP), João Paulo Cunha (PT-SP) e Pedro Henry (PP-MT), condenados no processo do mensalão, devem perder seus mandatos, cabendo à Câmara ato meramente declaratório. Votaram pela perda de mandato Joaquim Barbosa, Celso de Mello, Marco Aurélio, Gilmar Mendes e Luiz Fux. Ficaram vencidos o revisor, Ricardo Lewandowski, e os ministros Dias Toffoli, Cármen Lúcia e Rosa Weber. Em seu voto, Celso de Mello acompanhou o entendimento defendido pelo ministro Gilmar Mendes. Ambos afirmam que a perda de mandato deve ser automática em dois casos: quando a condenação superior a um ano contiver improbidade administrativa, ou quando a pena for superior a quatro anos. “Nessas duas hipóteses, a perda de mandato é uma consequência direta e imediata causada pela condenação criminal transitada em julgado”, afirmou o decano. Nos demais casos, Celso e Gilmar defendem que caberá às Casas Legislativas decidir quanto à perda mandato.
Jurisprudência do TSE:
- Súm.-TSE 9/92: “A suspensão de direitos políticos decorrente de condenação criminal transitada em julgado cessa com o cumprimento ou a extinção da pena, independendo de reabilitação ou de prova de reparação dos danos”. Ac.-TSE nos 13.027/96, 302/98, 15.338/99 e 252/2003: para incidência deste dispositivo, é irrelevante a espécie de crime, a natureza da pena, bem como a suspensão condicional desta.
- LC 64/90, art. 1°, I, e, com a redação dada pelo art. 2º da LC nº 135/2010: inelegibilidade desde a condenação até o transcurso do prazo de oito anos, após o cumprimento da pena, para os crimes nela elencados.
- Ac.-TSE, de 3.4.2008, no REspe nº 28.390: a suspensão dos direitos políticos decorrente de condenação criminal não se confunde com o disposto no art. 1º, I, e, da LC nº 64/90.
- Res.-TSE nº 23.241/2010: “A exigência de documentos originários da Justiça Eleitoral como condição para o exercício de atos da vida civil, à margem dos impedimentos legalmente estabelecidos em razão do descumprimento das obrigações relativas ao voto, representa ofensa a garantia fundamental, haja vista o caráter restritivo das aludidas normas.”
- Ac.-TSE, de 15.10.2009, no REspe nº 35.803: “A suspensão dos direitos políticos prevista no art. 15, III, da Constituição Federal é efeito automático da condenação criminal transitada em julgado e não exige qualquer outro procedimento à sua aplicação”.
- Res.-TSE nº 22.193/2006: aplicação deste dispositivo quando imposta medida de segurança. Ac.-TSE nº 13.293/96: incidência, ainda, sobre condenação por prática de contravenção penal.
1.2) Interdição por incapacidade civil absoluta (art. 3º do CC): não gera por si só a suspensão, sendo necessária a interdição. 
OBS 1: Os menores de dezesseis anos não entram nas hipóteses de suspensão, pois é hipótese de impedimento, pois o menor de 16 anos ainda sequer tem direitos políticos;
OBS 2: Uma pessoa em coma está com os direitos políticos suspensos? Não, pois o coma não gera por si só a suspensão, sendo necessária a interdição.
1.3) Condenação transitada em julgado por improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º (art. 15, V): Não basta o ato de improbidade, tem que haver condenação transita em julgado. Na Lei 8.429/92, o art. 12 prevê, entre outras sanções, a suspensão de direitos políticos, nos seguintes prazos: I (enriquecimento ilícito) - 8 a 10 anos; II (prejuízo ao erário) - 5 a 8 anos; e III (princípios da Administração Pública) - 3 a 5 anos. Essa suspensão não é automática, devendo ser tratada expressamente na decisão da improbidade administrativa. A Lei 8.429/92 estabelece a suspensão dos direitos políticos como uma das sanções aplicáveis, cabendo ao juiz decidir sobre sua incidência no caso concreto e sobre o prazo de suspensão. A condenação por improbidade também pode implicar inelegibilidade, nos termos do art. 1°, I, “h” da LC 64/90.
2) A perda dos direitos políticos:
Perda dos direitos políticos é a privação definitiva dos direitos políticos que, entretanto, poderão ser readquiridos no futuro, mediante provocação do interessado [a causa é definitiva, mas se houver provocação pode readquirir os direitos políticos].
2.1) Recusa de cumprir obrigaçãoa todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII (art. 15, IV): O serviço militar é obrigatório nos termos da lei (art. 143, CF/88). Compete às Forças Armadas, na forma da lei, atribuir serviço alternativo aos que, em tempo de paz, após alistados, alegarem imperativo de consciência, entendendo-se como tal o decorrente de crença religiosa e de convicção filosófica ou política, para se eximirem de atividades de caráter essencialmente militar (art. 143, §1°). A regulamentação da regra constitucional foi feita pela Lei 8.239/91, a qual dispõe sobre serviço militar obrigatório e prevê a possibilidade de serviço alternativo (art. 3°, §§1° e 2°).
O art. 438, CPP, prevê como hipótese de perda dos direitos políticos a recusa ao serviço do júri: “Art. 438. A recusa ao serviço do júri fundada em convicção religiosa, filosófica ou política importará no dever de prestar serviço alternativo, sob pena de suspensão dos direitos políticos, enquanto não prestar o serviço imposto. § 1o Entende-se por serviço alternativo o exercício de atividades de caráter administrativo, assistencial, filantrópico ou mesmo produtivo, no Poder Judiciário, na Defensoria Pública, no Ministério Público ou em entidade conveniada para esses fins.
2.2) Cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado: Essa é a primeira hipótese da perda dos direitos políticos. Também ocorre a perda dos direitos políticos quando há opção voluntária para aquisição de outra nacionalidade pelo brasileiro nato. Portanto, tanto o brasileiro nato quanto o naturalizado podem sofrer a perda dos direitos políticos por essa hipótese.
Observações finais:
As hipóteses de incapacidade civil absoluta, previstas no art. 3°, I e III, CC, podem envolver situações que só têm relevância para os efeitos dos direitos políticos se ocorrerem após os 16 anos. As demais situações dos incisos II e III do Código Civil podem envolver ou situação de suspensão (quando for provisória a causa de incapacidade civil) ou de perda (quando for definitiva a causa da incapacidade). As hipóteses de incapacidade absoluta estão indicadas no art. 3°, II do CC/02. Quanto aos menores de 16 anos, há impedimento à aquisição de direitos políticos, pois são inalistáveis. Os demais casos, em regra, exigem processo judicial de interdição. Decretada a interdição, o juiz cível deve comunicar o juiz eleitoral ou o TRE. O art. 1773 do CC/02 dispõe que a sentença de interdição produz efeitos desde logo, embora sujeita a recurso. Controvérsia: J. Jairo entende que a suspensão de direitos políticos, por força do art. 1.773 do CC/02, não exige o trânsito em julgado; já Rodrigo L. Zílio entende que o trânsito em julgado é necessário.
Outra situação de suspensão ocorre na hipótese do maior de 16 anos e menor de 18 anos, que tenha feito alistamento eleitoral facultativo. Convocado para prestar serviço militar obrigatório, passa para a condição de conscrito e, no âmbito dos direitos políticos, não pode alistar-se (art. 14, §2°, CF/88). Parece razoável dizer-se que o indivíduo tem os seus direitos políticos suspensos durante o período do serviço militar obrigatório.
Antônio Carlos Mendes chama a atenção para outra hipótese de perda que não está expressamente prevista no rol do art. 15, CF/88. Trata-se da perda da nacionalidade do brasileiro que adquirir outra nacionalidade (art. 12, §4°, CF/88), ressalvados os casos das alíneas “a” e “b” do inciso II. É a aquisição voluntária de nacionalidade derivada.
Quadro esquemático do livro do Thales Tácito:
Questões de prova:
Improbidade administrativa é perda ou suspensão? A partir de quando?
Perda e suspensão dos direitos políticos, fale sobre cada uma prevista no art. 15, CF dizendo se é perda ou suspensão.
Casos de perda e suspensão de direitos políticos, fale sobre elas.
Quais os casos de perda ou suspensão dos direitos políticos previstos na Constituição Federal?
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Ponto 2.a. Voto universal, direto e secreto.
Principais obras consultadas: Santo Graal 27º. José Jairo Gomes. Direito Eleitoral. 8ª Edição. Ed. Atlas.201; Luiz Carlos dos Santos Gonçalves. Direito Eleitoral.Coleção Concursos Jurídicos. Ed. Atlas.2010; A Constituição e o Supremo. http://www.stf.jus.br/portal/constituicao/
Legislação básica: Art. 14º, I, II, III, e §1º CF. 60, §4°, II da CF. Art. 220 do CE. Arts. 59, §4° e 61, LE. Lei 7.444/85
1. Noções Gerais: É um direito político e, portanto, um direito fundamental. No Brasil é um direito público subjetivo e, ao mesmo tempo, um dever cívico. O voto direto secreto universal e periódico é cláusula pétrea (art. 60, §4°, II da CF). No sistema eleitoral brasileiro o voto apresenta as seguintes características: personalidade, obrigatoriedade, liberdade, secreto, direto, periódico, igual. Importante destacar que também se trata de direito humano (art. 25 do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, de 1966/ Dec 592/92)
2. Conceitos. 
A) Sufrágio e voto: sufrágio é o direito público subjetivo de participar da formação da vontade política do Estado. Possui duas dimensões, ativa (direito de votar) e passiva (direito de ser votado, de ser eleito). O voto é o ato pelo qual o direito de sufrágio é concretamente exercido. 
O sufrágio pode ser universal ou restrito, igual ou desigual: Sufrágio universal é aquele em que o direito de votar é atribuído ao maior número possível de nacionais, excluídos apenas aqueles que, por motivos razoáveis (eg, idade), não podem participar do processo político eleitoral. Sufrágio restrito é aquele concedido somente a alguns nacionais, com base em critérios discriminatórios e irrazoáveis. O sufrágio restrito pode ser censitário (baseado na capacidade econômica do indivíduo), capacitário/cultural (fundado na aptidão intelectual do indivíduo) ou masculino (fundado no sexo, com exclusão das mulheres). Sufrágio igual é aquele fundado no princípio da isonomia, de modo que o voto de todos os cidadãos possui idêntico peso político (one man, one vote). Sufrágio desigual é aquele caracterizado pela superioridade de certos votantes. Exemplo é o voto familiar, em que o pai de família detém número de votos correspondente ao de filhos. No Brasil, foi adotado o sufrágio universal e igual, nos termos do art. 14 da CRFB. Há, porém, quem entenda que a inelegibilidade dos analfabetos configura resquício do sufrágio capacitário/cultural. Sobre o pondo José Jairo afirma que: “A vigente constituição acolheu em parte esse tipo de sufrágio. Com efeito, nega a capacidade eleitoral passiva dos analfabetos, pois estabelece que eles são inelegíveis(...)”Gomes. p. 46. 
B) Voto e escrutínio: “enquanto o voto é o exercício do sufrágio, dos direitos políticos, o escrutínio designa a maneira como esse processo se perfaz, isto é, como o voto se concretiza” Gomes.p.51. O escrutínio no Brasil é secreto e informatizado, pois com isso se procura resguardar a autenticidade da manifestação do eleitor, garantindo o sigilo da votação. 
C) Sufrágio e cidadania: “A cidadania constitui atributo jurídico que nasce no momento em que o nacional se torna eleitor” Gomes. p. 46. 
D) Voto: o voto concretiza o direito de sufrágio. Natureza jurídica: direito ou dever? A doutrina da soberania popular entende que o voto é um direito. A doutrina da soberania nacional entende que o voto é um dever, uma função política em benefício da coletividade e do Estado. J. Jairo, assim como a maioria da doutrina brasileira, adota posição sincrética, entendendo que o voto é um direito público subjetivo dotado de função social e política, função esta que legitima sua obrigatoriedade. O voto no Brasil é pessoal (vedado o exercício mediante representante), obrigatório (não exercício deve ser justificado), livre (liberdade de escolha), secreto (conteúdo não pode ser revelado pela Justiça Eleitoral), direto (em regra, representantes são escolhidos sem intermediários), periódico (princípio republicano) e igual (igual valor numérico e político). O voto direto, secreto, periódico e universal é cláusula pétrea(art. 60, §4°, II, CRFB). ATENÇÃO: a obrigatoriedade não é protegida por cláusula pétrea. 
E) Voto múltiplo: é aquele em que o eleitor pode votar mais de uma vez em circunscrições diferentes. F) Voto Plural: é uma variação do voto múltiplo, que permite ao eleitor votar mais de uma vez na mesma circunscrição.
3. Voto universal: ver acima o que foi dito sobre o sufrágio universal. É cláusula pétrea.
“Caracteriza-se, pois, o sufrágio universal, pela concessão genérica de cidadania, a qual só é limitada excepcionalmente” Gomes. p. 46
“Significa que, embora nem todo o povo ou todos os habitantes votem, as restrições não impedem a participação da maioria. Universal, portanto, não é sinônimo de “para todos” porque os menores de 16 anos não votam, os estrangeiros não votam e quem tiver com os direitos políticos perdidos ou suspensos também não” Gonçalves. p. 17
O preso provisório e o adolescente em conflito com a lei têm direito ao voto.
4. Voto direto: é aquele mediante o qual o eleitor escolhe seus representantes de modo imediato, sem qualquer mediação por instância intermediária ou colégio eleitoral. É regido pelo princípio da imediaticidade do voto. É cláusula pétrea (art. 60, §4°, II, CRFB), e visa a garantir o princípio democrático. Não retira o caráter direto do voto a adoção do sistema proporcional, pois, neste sistema, o voto do eleitor é que é decisivo para a atribuição do mandato, não qualquer decisão a ser tomada por intermediário ou órgão colegiado. 
OBS 1: O voto indireto constitui exceção ao cânone do exercício direto do sufrágio e é previsto somente para a dupla vacância dos cargos de Presidente e Vice-Presidente nos últimos dois anos do período presidencial (art. 81, §1°, da CRFB). Neste caso de dupla vacância, a eleição será feita pelo Congresso Nacional, em 30 dias da última vacância, devendo ser observadas as condições de elegibilidade e as causas de inelegibilidade. A votação deve ser aberta, para que o eleitor conheça o voto de seu representante (STF, ADI 4.298/TO). 
OBS 2: No âmbito dos Estados e dos Municípios, esta hipótese de voto indireto no caso de dupla vacância não é caso de norma de reprodução obrigatória, pois não se submete ao princípio da simetria, mas pode ser aplicada no âmbito dos Estados, desde que exista previsão na Constituição Estadual, e dos Municípios desde que haja previsão na Lei Orgânica e não exista vedação na respectiva Constituição Estadual (STF, ADI 3.549-GO).
OBS 3: As constituições estaduais podem dispor de modo diverso? Embora não deixem de revelar certa conotação eleitoral, porque dispõe o procedimento de aquisição eletiva do poder político, não haveria como reconhecer ou atribuir características de direito eleitoral stricto sensu às normas que regem a eleição indireta no caso de dupla vacância no último biênio do mandato. Em última instância, essas leis teriam por objeto matéria político administrativa que demandaria típica decisão do poder geral de autogoverno, inerente à autonomia política dos entes federados. Portanto, o artigo 81, §1º, CF se aplica somente à dupla vacância dos cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, como especialíssima exceção ao cânone do exercício direto do sufrágio. Não obstante a inaplicabilidade do princípio da simetria ao caso, se a constituição estadual reproduzir o texto do artigo 81, §1º, CF, a reserva de lei ao qual a norma reproduzida se refere se trata de lei de competência do próprio ente federado. [ADI 4298MC/TO, 2009]
5. Voto secreto: o conteúdo do voto não pode ser revelado pela Justiça Eleitoral. O segredo é direito do eleitor, sendo que só ele, querendo, pode revelar seu voto. O sigilo do voto é cláusula pétrea (art. 60, §4°, II, CRFB), e visa a garantir a liberdade do eleitor e a lisura do pleito. É nula a votação quando preterida formalidade essencial do sigilo do voto (art. 220, IV do CE.). No caso de voto eletrônico a urna deverá possuir recursos que mediante assinatura digital permitam o registro digital de cada voto e a identificação da urna em que foi registrado, resguardando o anonimato do eleitor (arts. 59, §4° e 61,LE). Na ADI 4543/DF o STF por unanimidade deferiu medida cautelar para suspender eficácia do art. 5º da Lei 12.034/2009 por entender vulnerado o sigilo do voto e a segurança do sistema.
6. Jurisprudência:
A) “Sigilo do voto: direito fundamental do cidadão. (...) A exigência legal do voto impresso no processo de votação, contendo número de identificação associado à assinatura digital do eleitor, vulnera o segredo do voto, garantia constitucional expressa. A garantia da inviolabilidade do voto põe a necessidade de se garantir ser impessoal o voto para garantia da liberdade de manifestação, evitando-se qualquer forma de coação sobre o eleitor. A manutenção da urna em aberto põe em risco a segurança do sistema, possibilitando fraudes, impossíveis no atual sistema, o qual se harmoniza com as normas constitucionais de garantia do eleitor. Cautelar deferida para suspender a eficácia do art. 5º da Lei 12.034/2002.” (STF ADI 4.543-MC); 
B) “Ação direta de inconstitucionalidade – Lei 6.571/1994, do Estado da Bahia – Dupla vacância dos cargos de Governador e de Vice-Governador do Estado – Eleição pela Assembleia Legislativa para o exercício do mandato residual. (...) A cláusula tutelar inscrita no art. 14, caput, da Constituição tem por destinatário específico e exclusivo o eleitor comum, no exercício das prerrogativas inerentes ao status activae civitatis. Essa norma de garantia não se aplica, contudo, ao membro do Poder Legislativo nos procedimentos de votação parlamentar, em cujo âmbito prevalece, como regra, o postulado da deliberação ostensiva ou aberta. As deliberações parlamentares regem-se, ordinariamente, pelo princípio da publicidade, que traduz dogma do regime constitucional democrático. A votação pública e ostensiva nas Casas Legislativas constitui um dos instrumentos mais significativos de controle do poder estatal pela sociedade civil.” (STF ADI 1.057-MC.) (grifo meu). “Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:I- plebiscito;II- Referendo; III- Iniciativa Popular”.
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Ponto 2.b. Nacionalidade e Cidadania. Direitos políticos. Cargos privativos de brasileiro nato.
Principais obras consultadas: Santo Graal 27º. José Jairo Gomes. Direito Eleitoral. 8ª Edição. Ed. Atlas.201; Luiz Carlos dos Santos Gonçalves.Direito Eleitoral.Coleção Concursos Jurídicos. Ed. Atlas.2010; Pedro Lenza. Direito Constitucional Esquematizado.Ed. Saraiva. 2012; A Constituição e o Supremo. http://www.stf.jus.br/portal/constituicao/
Legislação básica. Arts. 12 a 16 da CF. Dec. 4246/2002. Lei 818/1949. Arts. 111 a 121 da Lei 6.815/80. Dec. 3453/2000. Lei 4737/1965. Lei 9709/98.
1.Noções Gerais: Enquanto a cidadania identifica os detentores de direitos políticos, a nacionalidade é um vínculo do indivíduo com o Estado. Ambos são direitos fundamentais. Importante destacar que também se trata de direito humano (arts. 24 e 25 do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, de 1966/ Dec 592/92)
2. Nacionalidade e cidadania: 
A nacionalidade é o vínculo jurídico-político que une uma pessoa física a um Estado, pois perante o Estado ele é nacional ou estrangeiro, do qual decorre uma série de direitos e obrigações. Aquisição de nacionalidade pode ser: 1) Originária ou primária: esse tipo, em geral, não está relacionado a um ato de vontade, pois decorre de um fato natural, o nascimento. Dois critérios predominam para definição da nacionalidade primária: o jus solis e o jus sanguinis. O jus solis, ou critério territorial, determina a nacionalidade pelo lugar do nascimento, sem influência da nacionalidade dos ascendentes. É adotada em países que formaram seu povo com grande influência de imigrantes. Nos países onde predomina a emigração, o critério predominante é do jus sanguinis, que atribui a nacionalidade pelos ascendentes, é o critério mais antigo. 2) Secundária

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