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SISTEMA DE ENSINO
DIREITO 
ELEITORAL
Direitos Políticos
Livro Eletrônico
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Weslei Machado e Marco Carvalhedo
Direitos Políticos
DIREITO ELEITORAL
Apresentação . ............................................................................................................................4
Direitos Políticos . ......................................................................................................................5
1. Direitos Políticos . ...................................................................................................................5
1.1. Aspectos Gerais . ..................................................................................................................5
1.2. Conceito . ..............................................................................................................................6
1.3. Classificação . ......................................................................................................................7
1.4. Direitos Políticos na CF/1988 – Arts. 14 a 16 ................................................................ 10
2. Direito ao Sufrágio . ............................................................................................................ 10
2.1. O Voto . ............................................................................................................................... 12
2.2. Plebiscito e Referendo . ................................................................................................... 18
2.3. Iniciativa Popular . ........................................................................................................... 20
3. Alistamento Eleitoral ........................................................................................................ 20
3.1. Conceito ............................................................................................................................ 20
3.2. Requisitos . ....................................................................................................................... 21
3.3. Espécies . ...........................................................................................................................22
4. Elegibilidade . .......................................................................................................................29
4.1. Condições de Elegibilidade.............................................................................................. 30
5. Condições de Elegibilidade Infraconstitucionais . ............................................................46
5.1. Indicação em Convenção Partidária . ..............................................................................46
5.2. Quitação Eleitoral . ...........................................................................................................47
6. Momento de Comprovação das Condições de Elegibilidade . ........................................ 50
7. Elegibilidade do Militar .......................................................................................................55
Resumo . ...................................................................................................................................56
***
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divisão
de custos
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Weslei Machado e Marco Carvalhedo
Direitos Políticos
DIREITO ELEITORAL
Questões de Concurso . .......................................................................................................... 60
Gabarito ....................................................................................................................................79
Gabarito Comentado . ............................................................................................................. 80
Referências ............................................................................................................................. 115
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Weslei Machado e Marco Carvalhedo
Direitos Políticos
DIREITO ELEITORAL
ApresentAção
Querido(a) aluno(a), tudo bem?
Em nossa aula de hoje, trataremos dos direitos políticos ou, no jargão utilizado por alguns 
editais de concursos públicos, dos chamados princípios constitucionais aplicáveis aos direi-
tos políticos.
Essa matéria tem matiz constitucional. A CF/1988 cuida especificamente dos direitos po-
líticos nos seus arts. 14 a 16, razão pela qual esses dispositivos serão estudados de forma 
detalhada.
Nesse estudo, vamos conhecer aspectos relacionados ao direito de votar, ao alisamento 
eleitoral, à elegibilidade e às hipóteses de perda ou suspensão dos direitos políticos.
Está preparado(a)? Vamos lá!
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Direitos Políticos
DIREITO ELEITORAL
DIREITOS POLÍTICOS
1. Direitos Políticos
1.1. AsPectos GerAis
A doutrina classifica os direitos políticos como uma espécie de direitos fundamentais. 
Estes, por sua vez, constituem-se em exemplares de direitos humanos escolhidos pelo cons-
tituinte para figurarem no texto constitucional.
Com o foco na proteção da pessoa humana, a doutrina jusnaturalista concebia os direitos 
humanos como “eternos, imutáveis, vigentes em todos os tempos, lugares e nações” (José 
Jairo Gomes, 2017).
Não obstante esses direitos tenham sido, ainda no século XVIII, encartados nas chama-
das “declarações”, como a Declaração de Direitos do Bom Povo da Virginia”, de 1976, ou na 
famosa “Declaração Francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão” de 1789, é com a po-
sitivação desses direitos nos textos constitucionais que a expressão direitos fundamentais, 
como espécie de direitos humanos, se consagra.
Citando Canotilho, José Jairo Gomes sintetiza a diferença entre direitos humanos e direi-
tos fundamentais:
Segundo sua origem e seu significado, poderíamos distingui-las da seguinte maneira: direitos do 
homem [ou direitos humanos] são direitos válidos para todos os povos e em todos os tempos 
(dimensão jusnaturalista – universalista); direitos fundamentais são os direitos do homem, ju-
rídico-institucionalmente garantidos e limitados espaço-temporalmente. Os direitos do homem 
nascem da própria natureza humana daí seu caráter inviolável, atemporal e universal; já os direitos 
fundamentais seriam direitos objetivamente vigentes em uma ordem concreta.
O constituinte de 1988 escolheu, para encartar no atual texto constitucional, os seguintes 
direitos fundamentais:
• Direitos e deveres individuais e coletivos – art. 5º;
• Direitos sociais – arts. 6º a 11;
• Direitos da nacionalidade – arts. 12 e 13;
• Direitos políticos – arts. 14 a 16;
• Partidos Políticos – art. 17.
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Direitos Políticos
DIREITO ELEITORAL
Esses últimos, os chamados direitos políticos, listados no art. 14 até o 16 da CF/1988, é 
o foco principal do nosso estudo, sem prejuízo de tangenciarmos outros da mesma espécie, 
que se encontrem em outra parte do texto constitucional.
1.2. conceito
A Constituição Federal, em seu art. 1º, parágrafo único, prescreve que todo poder emana 
do povo, que o exerce diretamente ou por meio de representantes eleitos.Esse poder do povo 
é denominado soberania popular. Na verdade, segundo o Texto Constitucional, “todo” poder 
pertence ao povo que o exerce:
• diretamente, por meio dos instrumentos de exercício direto de democracia (voto, ple-
biscito, referendo etc.);
• indiretamente, por meio dos cidadãos eleitos para o exercício de mandatos representa-
tivos no Poder Legislativo e no Poder Executivo.
A soberania popular pode ser exercida de forma direta ou indireta. O povo exerce seu 
poder diretamente quando, sem intermediação, interfere na formação da vontade política do 
Estado. Por sua vez, exerce seu poder indiretamente por meio da escolha de representantes 
populares. Esses representantes serão responsáveis pela elaboração das leis e atos norma-
tivos em nome do povo.
Mas como se dá o exercício da soberania popular? Em outras palavras: como o povo exer-
ce o seu poder ou a soberania popular?
Nos termos do art. 14, caput, da CF, a soberania popular será exercida por meio do sufrá-
gio universal e pelo voto direto e secreto e, nos termos da lei, mediante:
• Plebiscito;
• Referendo;
• Iniciativa popular de leis;
• Ação popular, entre outros instrumentos de exercício direto de poder pelo
• povo.
Esse conjunto de instrumentos colocados à disposição do cidadão para que possa exercer 
a soberania popular é o que podemos conceituar como direitos políticos.
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Direitos Políticos
DIREITO ELEITORAL
Para Alexandre de Moraes os direitos políticos:
É o conjunto de regras que disciplina as formas de atuação da soberania popular, conforme prele-
ciona o caput do art. 14 da Constituição Federal. São direitos públicos subjetivos que investem o 
indivíduo no status activae civitatis, permitindo-lhe o exercício concreto da liberdade de participa-
ção nos negócios políticos do Estado, de maneira a conferir os atributos da cidadania.
Para José Jairo Gomes, esta é a definição de direitos políticos:
Denominam-se direitos políticos ou cívicos as prerrogativas e os deveres inerentes à cidadania. 
Englobam o direito de participar direta ou indiretamente do governo, da organização e funciona-
mento do Estado [...]. É pelos direitos políticos que as pessoas – individual ou coletivamente – 
intervêm e participam no governo. Tais direitos não são conferidos indistintamente a todos os 
habitantes do território estatal – isto é, a toda a população –, mas só aos nacionais que preencham 
determinados requisitos expressos na Constituição – ou seja, ao povo.
Ressalte-se, entretanto, que o rol de direitos políticos constantes no art. 14 da Consti-
tuição Federal não é taxativo, mas meramente exemplificativo. Isso quer dizer que existem 
outros direitos políticos, além daqueles expressamente consignados na Constituição Federal.
Assim, toda forma de manifestação que permita ao povo a intervenção na formação/mo-
dificação das políticas públicas e das leis constituirá direito político. Exemplificando: as ma-
nifestações populares, a favor ou contra um determinado tema político-comunitário, cons-
tituem manifestação de direito político; a atividade do lobista na defesa de direitos de uma 
determinada classe ou setor social, por exemplo, constitui exercício de direito político.
1.3. clAssificAção
Os direitos políticos podem ser classificados em ativos ou passivos:
• Direitos políticos ativos (ius sufragii) – constituem o direito de votar. Trata-se da hipó-
tese em que o povo manifesta diretamente sua vontade. Somente pode exercer o direito 
ao voto o indivíduo previamente alistado perante a Justiça Eleitoral, já que, segundo en-
tendimento majoritário, o alistamento eleitoral possui caráter constitutivo da qualidade 
de cidadão. Ou seja: antes do alistamento, não há cidadão; após o alistamento, surgem 
os direitos políticos e o cidadão poderá exercê-los.
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Direitos Políticos
DIREITO ELEITORAL
Todo cidadão tem direito político ativo. Isso quer dizer que o cidadão alistado perante 
a Justiça Eleitoral será titular do direito de votar, independentemente de qualquer outra 
circunstância, salvo se incidir em uma hipótese restritiva do exercício da cidadania, 
como, por exemplo, a suspensão de direitos políticos, inscritas no art. 15 da CF/1988.
• Direitos políticos passivos (ius honorum) – Trata-se do direito de ser votado, ou seja, 
de concorrer a cargos públicos eletivos. Para o exercício dos direitos políticos passivos 
é necessário que o cidadão preencha um conjunto de requisitos fixados na CF/1988 ou 
em lei, denominado de condições de elegibilidade, além de não incidir em nenhuma das 
causas de inelegibilidades, previstas na Carta Constitucional e em lei complementar.
Essa primeira classificação não é ampla o suficiente para abarcar uma série de direitos 
políticos, razão pela qual a doutrina acolheu outra, que os dividem em positivos e nega-
tivos. Desse modo, temos:
• Direitos políticos positivos – constituem o conjunto de normas que confere ao povo a 
possibilidade de exercer a soberania popular. Toda norma que atribuir ao povo o direito 
de interferir na formação da vontade política do Estado será denominada direito político 
positivo. Segundo Dirley da Cunha Júnior direitos positivos:
São prerrogativas que asseguram ao povo a faculdade de participar democraticamente do governo, 
quer por seus representantes, quer por si.
Podem ser classificados como direitos políticos positivos os seguintes instrumentos de 
exercício da soberania popular:
− direito de votar;
− direito de ser votado;
− direito de participar em referendo;
− direito de participar em plebiscito;
− iniciativa popular de leis;
− ação popular.
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Direitos Políticos
DIREITO ELEITORAL
• Direitos políticos negativos – constituem um conjunto de normas que restringem o 
exercício de direitos políticos. A respeito dessa classificação, Pedro Lenza, em seu livro 
Direito Constitucional Esquematizado, leciona que:
Ao contrário dos direitos políticos positivos, os direitos políticos negativos individualizam-se ao 
definirem formulações constitucionais restritivas e impeditivas das atividades político-partidárias, 
privando o cidadão do exercício de seus direitos políticos, bem como impedindo-o de eleger um 
candidato (capacidade eleitoral ativa) ou de ser eleito (capacidade eleitoral passiva).
Os chamados direitos políticos negativos devem ser interpretados restritivamente, por-
quanto, ao restringir direitos políticos, acabam por limitar o exercício de direitos fundamentais.
No ponto, Thales Tácito Cerqueira e Camila A. Cerqueira (CERQUEIRA, Tales Tácito. CER-
QUEIRA, Camila. Direito Eleitoral Esquematizado. Saraiva: São Paulo, p. 35) ensinam que:
No Direito Eleitoral brasileiro, onde não se estiver restringido direitos políticos, não cabe ao intér-
prete fazê-lo. Este princípio é fundamental, é norma de aplicação geral, e corresponde exatamente 
ao in dubio pro reo do Direito Processual Penal. Podemos chamá-lo de in dubio pro candidato ou in 
dubio pro eleitor, ou seja, havendo dúvida, deve sempre o juiz ou Tribunal priorizar a não restrição 
de direitos políticos.
Com efeito, a restrição de direitos políticos por meio dos institutos da perda ou suspensão 
somente é admitida nos casos estabelecidos no art. 15 da Constituição Federal. Não se ad-
mite a instituição de novas hipóteses de perda e suspensão de direitos políticos por meio de 
legislação infraconstitucional.
De igual modo, a restrição do direito político passivo por meioda incidência de causas de 
inelegibilidades somente é possível por meio de previsão contida em norma constitucional 
(art. 14, §§ 4º a 7º) ou disposição de lei complementar. Lembre-se que, como vimos em aulas 
anteriores, o art. 14, § 9º, da CF/1988 prevê a possibilidade de criação de outras hipóteses 
de inelegibilidade, além daquelas estabelecidas no texto constitucional, mas somente pela 
edição de lei complementar.
Assim, podem ser classificados como direitos políticos negativos:
• hipóteses de inelegibilidades;
• hipóteses de perda dos direitos políticos;
• hipóteses de suspensão dos direitos políticos.
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Direitos Políticos
DIREITO ELEITORAL
1.4. Direitos Políticos nA cf/1988 – Arts. 14 A 16
O art. 14 da CF/1988 dispõe que:
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com 
valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
I – plebiscito;
II – referendo;
III – iniciativa popular.
Nessa primeira abordagem dos direitos políticos positivados na CF/1988, vamos estudar, 
com base no caput do artigo 14, os conceitos de sufrágio, voto, plebiscito, referendo e inicia-
tiva popular.
2. Direito Ao sufráGio
Na aula anterior apresentamos um vigoroso estudo sobre sufrágio ao discorrermos sobre 
o princípio do Sufrágio Universal. Aqui, vamos tecer mais comentários sobre o assunto, reme-
tendo o leitor, quando necessário, à leitura da aula antecedente.
Gilmar Mendes e Paulo Gustavo Gonet Branco afirmam que “os direitos políticos abran-
gem o direito ao sufrágio, que se materializa no direito de votar, de participar da organização 
da vontade estatal e no direito de ser votado”.
Da mesma forma, Alexandre de Moraes reconhece que o direito ao sufrágio abrange o 
direito de votar e de ser votado, sendo a essência dos direitos políticos. Desse modo, o direito 
ao sufrágio abrange:
• A capacidade eleitoral ativa – direito de votar;
• A capacidade eleitoral passiva – direito de ser votado.
A Constituição Federal dispõe que o sufrágio é universal. Em uma leitura aligeirada se 
poderia imaginar que a menção ao caráter universal do sufrágio capacita todas as pessoas 
a exercerem esse direito. Não obstante, somente são titulares do direito ao sufrágio aquelas 
que preencherem os requisitos constitucionais exigidos, como a idade mínima, a nacionalida-
de brasileira e a inscrição no cadastro de eleitores, o chamado alistamento eleitoral. Uma vez 
preenchidas essas condições, essas pessoas são denominadas cidadãos.
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DIREITO ELEITORAL
Deve-se distinguir o cidadão da pessoa:
• Cidadão – titular de direitos políticos. Para a Constituição, só poderá ser considerado 
cidadão a pessoa que for brasileira e maior de dezesseis anos, desde que alistado pe-
rante a Justiça Eleitoral.
• Pessoa – titular de direitos. Para o Código Civil, todos os que nasceram com vida são 
pessoas e titulares de direitos e obrigações na ordem civil.
Na verdade, a expressão sufrágio universal é aqui utilizada em contraposição ao sufrágio 
restrito. Já vimos essa diferenciação na aula passada. Trazemos aqui a visão de Vicente Pau-
lo e Marcelo Alexandrino sobre o assunto:
O sufrágio é universal quando assegurado o direito de votar a todos os nacionais, independente-
mente da exigência de quaisquer requisitos, tais como condições culturais ou econômicas etc.
O sufrágio será restrito quando o direito de votar for concedido tão somente àqueles que cumpri-
rem determinadas condições fixadas pelas leis do Estado.
O sufrágio restrito, por sua vez, poderá ser censitário ou capacitário.
O sufrágio censitário é aquele que somente outorga o direito voto àqueles que preencherem certas 
qualificações econômicas. Seria o caso, por exemplo, de não se permitir o direito de voto àqueles 
que auferissem renda mensal inferior a um salário mínimo.
O sufrágio capacitário é aquele que só outorga o direito de voto aos indivíduos dotados de certas 
características especiais, notadamente de natureza intelectual. Seria o caso, por exemplo, de se 
exigir para o direito ao voto a apresentação de diploma de conclusão do curso fundamental, ou 
médio ou superior.
Lembre-se de que há outra classificação de sufrágio. Aquela que o divide em igual e desi-
gual. O primeiro funda-se no conceito de igualdade do cidadão perante o processo eleitoral. 
O segundo atribui maior peso ou superior quantidade de votos a cidadãos que apresentem 
determinada qualidade.
Como afirmamos an passant na aula anterior, não se pode confundir voto e sufrágio. Em-
bora haja uma íntima ligação entre esses dois institutos, eles não se confundem. De acordo 
com José Afonso da Silva:
As palavras sufrágio e voto são empregadas comumente como sinônimos. A Constituição, no en-
tanto, dá-lhes sentidos diferentes, especialmente, no seu artigo 14, por onde se vê que o sufrágio 
é universal e o voto é direto e secreto e tem valor igual. A palavra voto é empregada em outros 
dispositivos, exprimindo a vontade num processo decisório. Escrutínio é outro termo com que se 
confundem as palavras sufrágio e voto. É que os três se inserem no processo de participação do 
povo no governo, expressando: um, o direito (sufrágio), outro, o seu exercício (o voto), e o outro, o 
modo de exercício (escrutínio).
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2.1. o Voto
Como visto, o voto é o exercício do sufrágio, conformando-se como um direito político 
ativo. Aliás, pode-se afirmar que o voto constitui uma das formas de manifestação do direito 
ao sufrágio.
O direito ao voto pode ser conceituado, segundo José Jairo Gomes (2017, p. 63), como:
[...] um dos mais importantes instrumentos democráticos, pois enseja o exercício da soberania 
popular e do sufrágio. Cuida-se do ato pelo qual os cidadãos escolhem os ocupantes de cargos 
político-eletivos. Por ele, concretiza-se o processo de manifestação da vontade popular. Embora 
expresse um direito público subjetivo, o voto é também um dever cívico e, por isso, obrigatório para 
os maiores de 18 anos e menores de 70 anos.
Quanto à sua natureza jurídica, Pinto Ferreira (1989, p. 295) ensina que o voto:
[...] é essencialmente um direito público subjetivo, é uma função da soberania popular na democra-
cia representativa e na democracia mista como um instrumento deste, e tal função social justifica 
e legitima a sua imposição como um dever, posto que o cidadão tem o dever de manifestar sua 
vontade na democracia.
Assim, vê-se que o voto é um direito público subjetivo de manifestação da vontade do 
cidadão e decorre do exercício da soberania popular. Para os maiores de 18 anos e menores 
de 70 anos, desde que alfabetizados, o voto é obrigatório e constitui-se em um dever cívico. 
Trata-se na verdade de um direito/dever que viabiliza a escolha dos ocupantes de cargos re-
presentativos pelos cidadãos.
2.1.1. Características do Voto
São características do voto: pessoalidade, obrigatoriedade, liberdade, caráter secreto, 
forma direta, periodicidade, igualdade e universalidade.
Dentre essas características, algumas se situam no rol das chamadas cláusulas pétreas, 
aquelas que não podem ser objeto de modificação, nem mesmo por emenda constitucional.
Nos termos do art. 60, § 4º, II, da CF, não poderá ser objeto de deliberação a proposta de 
emenda constitucional tendente a abolir o voto direto, secreto, universal e periódico.
Vamos estudar, de forma detalhada, cada uma das característicasdo voto.
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Pessoalidade
Essa característica informa a necessidade de o voto ser exercido pessoalmente.
O eleitor não pode outorgar procuração para que outrem exerça o voto em seu nome. É, 
em suma, atividade personalíssima que garante a sinceridade e a autenticidade da vontade 
do eleitor.
Na lição de Jorge, Liberato, Rodrigues (2017, p. 90):
É de se dizer que todo voto, além de livre, é personalíssimo, isto é, não pode ser transferido, nem 
comercializado, nem delegado, nem realizado por terceiro etc., enfim, só o eleitor pode proferir seu 
voto, e, não por acaso, exige-se a identificação de alistado no ato da votação.
Obrigatoriedade
A obrigatoriedade do comparecimento às urnas recai sobre os maiores de 18 anos e me-
nores de 70 anos devidamente alistados perante a Justiça Eleitoral.
O eleitor que não votar deve justificar sua ausência em até 60 dias depois do pleito, sob 
pena de multa. Para aquele que estiver fora do País na data do pleito, esse prazo é de 30 dias 
contados do seu retorno ao Brasil.
Sem a prova de que votou, justificou ou pagou a multa, o eleitor não poderá, nos termos 
do art. 7º, § 1º, do CE:
I – inscrever-se em concurso ou prova para cargo ou função pública, investir-se ou empossar-se 
neles;
II – receber vencimentos, remuneração, salário ou proventos de função ou emprego público, au-
tárquico ou para estatal, bem como fundações governamentais, empresas, institutos e sociedades 
de qualquer natureza, mantidas ou subvencionadas pelo governo ou que exerçam serviço público 
delegado, correspondentes ao segundo mês subsequente ao da eleição;
III – participar de concorrência pública ou administrativa da União, dos Estados, dos Territórios, do 
Distrito Federal ou dos Municípios, ou das respectivas autarquias;
IV – obter empréstimos nas autarquias, sociedades de economia mista, caixas econômicas fede-
rais ou estaduais, nos institutos e caixas de previdência social, bem como em qualquer estabe-
lecimento de crédito mantido pelo governo, ou de cuja administração este participe, e com essas 
entidades celebrar contratos;
V – obter passaporte ou carteira de identidade;
VI – renovar matrícula em estabelecimento de ensino oficial ou fiscalizado pelo governo;
VII – praticar qualquer ato para o qual se exija quitação do serviço militar ou imposto de renda.
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DIREITO ELEITORAL
Para aqueles que obrigatoriamente devem votar, cumpre informar que, nos termos do art. 
7º, § 3º, do CE, o eleitor que deixar de votar em três eleições consecutivas, não justificar sua 
ausência e não pagar a multa legal terá sua inscrição eleitoral cancelada.
Por fim, destaco que a obrigatoriedade do voto não é cláusula pétrea, podendo essa impo-
sição ser suprimida pelo legislador infraconstitucional.
Liberdade
Essa característica remete à imperiosa necessidade de o cidadão escolher com base ex-
clusivamente em sua consciência os candidatos ou partidos políticos que lhe agradam.
Rememoro que na aula anterior, estudamos a importância da liberdade do voto para a 
concretização da democracia. Na ocasião, destacamos a necessidade de proteger o eleitor 
da influência do poder político e econômico, bem como, da nefasta prática de captação ilícita 
de sufrágio, por meio da atuação firme dos legitimados a propor as representações eleitorais 
que combatem essas práticas.
A liberdade de voto abrange também o direito de o cidadão votar em branco ou de anular o 
voto, quando entender que a melhor opção é não escolher nenhuma das que lhe forem postas.
Nesse sentido, segue a lição de José Jairo Gomes (2017, p. 63):
Apesar de haver o dever de comparecimento às eleições e, pois, o dever de votar, todos são livres 
para escolher ou não um candidato e até anular o voto.
Caráter Secreto
O voto é sigiloso e o seu conteúdo não pode ser revelado pelos órgãos da Justiça Eleitoral. 
O objetivo é evitar que o eleitor tenha que prestar contas de sua vontade expressa nas urnas, 
garantindo a lisura e a probidade das eleições.
Trata-se de característica do voto elevada à condição de cláusula pétrea pelo art. 60, § 4º, 
da CF/1988.
Para concretizar o caráter secreto exigido pelo texto constitucional, o art. 138 do CE es-
tabelece que:
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DIREITO ELEITORAL
Art. 138. No local destinado a votação, a mesa ficará em recinto separado do público; ao lado ha-
verá uma cabina indevassável onde os eleitores, à medida que comparecerem, possam assinalar a 
sua preferência na cédula.
Parágrafo único. O juiz eleitoral providenciará para que nós edifícios escolhidos sejam feitas as 
necessárias adaptações.
Prestigiando também o sigilo do voto, o art. 4º, da Res.-TSE n. 23.381/2012 estabelece 
que os tribunais regionais eleitorais devem providenciar, quando houver solicitação específi-
ca, fones de ouvido para que, em urnas eletrônicas com teclas com gravação do código Brail-
le, pessoas com problemas visuais possam votar por si sós. Confira o dispositivo:
Art. 4º As urnas eletrônicas, que já contam com teclas com gravação do código Braille correspon-
dente, serão habilitadas com sistema de áudio para acompanhamento da votação nas eleições, 
nos referendos ou nos plebiscitos.
§ 1º Os Tribunais Eleitorais disponibilizarão fones de ouvido nas seções eleitorais especiais e na-
quelas onde houver solicitação específica do eleitor cego ou com deficiência visual.
§ 2º Para cada pleito eleitoral, os Tribunais Regionais Eleitorais realizarão levantamento do quan-
titativo de fones de ouvido necessário para o planejamento das aquisições.
Para finalizar, relembre que o direito ao sigilo do voto foi defendido pelo MPF na ADI 5.889 
e acolhido pelo STF, que declarou a inconstitucionalidade da proposição legislativa que previa 
a impressão do voto do eleitor.
Forma Direta
A escolha do eleitor pode se dá de forma direta, quando dirige o voto àquele que vai exer-
cer o cargo público, ou de forma indireta, em que o voto é direcionado a um corpo de repre-
sentantes que, em nome do eleitor, faz a escolha.
No Brasil, a regra é a realização de eleições pelo voto direto. Essa característica foi alçada 
à condição de cláusula pétrea, nos termos do art. 60, § 4º, da CF/1988. Apenas por curiosida-
de, nos Estados Unidos da América, ela se dá pela via indireta.
Em nosso ordenamento jurídico, existem duas situações excepcionais que acolhem a for-
ma indireta de eleição.
A primeira exceção está prevista no art. 81, § 1º, da CF/1988. Segundo esse dispositivo, 
vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República nos últimos dois anos do 
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mandato, a eleição para ambos os cargos será feita trinta dias depois da última vaga, pelo 
Congresso Nacional, na forma da lei.
Nessa eleição indireta, os candidatos devem preencher as condições de elegibilidade e 
não incidir nas causas de inelegibilidades constitucionais e infraconstitucionais, sendo eleitor 
aquele que obtiver maioria simples pelo voto aberto dos congressistas (STF, ADI n. 4.298).
A outra exceção tem previsão no art. 224, § 3º e 4º, II, do CE, com redação dada pela Lei n. 
13.165/15. Nos termos desse dispositivo, se nos últimos seis meses do mandato, a Justiça 
Eleitoraldecidir pelo indeferimento do registro, pela cassação do diploma ou pela perda do 
mandato de candidato eleito em pleito majoritário (à exceção do cargo de Senador da Repú-
blica), determinará a realização de uma eleição indireta, independentemente do número de 
votos anulados. Transcrevo a redação do dispositivo ante a importância do tema para con-
cursos públicos:
Art. 224 Art. 224. Se a nulidade atingir a mais de metade dos votos do país nas eleições presi-
denciais, do Estado nas eleições federais e estaduais ou do município nas eleições municipais, 
julgar-se-ão prejudicadas as demais votações e o Tribunal marcará dia para nova eleição dentro 
do prazo de 20 (vinte) a 40 (quarenta) dias.
§ 3º A decisão da Justiça Eleitoral que importe o indeferimento do registro, a cassação do diploma 
ou a perda do mandato de candidato eleito em pleito majoritário acarreta, após o trânsito em julga-
do, a realização de novas eleições, independentemente do número de votos anulados.
§ 4º A eleição a que se refere o § 3º correrá a expensas da Justiça Eleitoral e será:
I – indireta, se a vacância do cargo ocorrer a menos de seis meses do final do mandato;
II – direta, nos demais casos.
Nos estados, essa eleição indireta será realizada pela Assembleia Legislativa, e nos mu-
nicípios, pela Câmara Municipal, observando-se também o preenchimento das condições de 
elegibilidade e das causas de inelegibilidades.
Aqui, vamos aprofundar um pouco mais.
Conquanto a redação do art. 224 do CE, em sua redação original, tenha imposto a 
necessidade do trânsito em julgado da decisão para a marcação da nova eleição, o STF, 
na ADIN 5.525, declarou a inconstitucionalidade da expressão “trânsito em julgado”, e 
conferiu interpretação conforme à Constituição para excluir do âmbito de incidência do § 
4º, as eleições para Presidente e Vice-Presidente da República e de Senador. Ao declarar 
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a desnecessidade do trânsito em julgado, o STF afirmou que basta a decisão do TSE para 
que novo pleito seja marcado.
Não obstante, em descompasso com a decisão do STF, o TSE, no ED/REspe 139-25/RS, da 
relatoria do Ministro Henrique Neves, publicado em sessão de 28.11.2016, flexibilizou ainda 
mais essa regra e decidiu que no caso de necessidade de marcação de pleito suplementar, 
a execução da decisão judicial e a convocação das novas eleições devem ocorrer, em regra:
• após a análise dos feitos pelo Tribunal Superior Eleitoral, no caso dos processos de 
registro de candidatura (LC 64/90, arts. 3º e seguintes) em que haja o indeferimento 
do registro do candidato mais votado (art. 224, § 3º) ou dos candidatos cuja soma de 
votos ultrapasse 50% (art. 224, caput); e
• após a análise do feito pelas instâncias ordinárias, nos casos de cassação do registro, 
do diploma ou do mandato, em decorrência de ilícitos eleitorais apurados sob o rito do 
art. 22 da Lei Complementar 64/90 ou em ação de impugnação de mandato eletivo.
Assim, se a questão da prova fizer referência à jurisprudência do STF, a eleição suplemen-
tar, nos termos do art. 224 do CE, somente poderá ser marcada após decisão do TSE.
Caso a questão faça menção à jurisprudência do TSE, há que seguir a orientação acima 
transcrita, que, em suma, afirma: i) nova eleição que decorra de indeferimento de registro de 
candidatura somente deve ser marcada pelo TSE; ii) nova eleição que decorra do cometimen-
to de ilícitos eleitorais apurados sob o rito do art. 22 da LC n. 64/90 (AIJE ou Representação), 
bem como em ação de impugnação de mandato eletivo (apurada sob o rito do art. 3º e se-
guintes da LC n. 64/90), deve ser marcada após o exaurimento das instâncias ordinárias. No 
caso de eleições municipais, o TRE; nas eleições federais/presidenciais, o TSE.
Periodicidade
A periodicidade é característica importantíssima elevada à cláusula pétrea prevista no art. 
60, § 4º, II, da CF/1988. E não poderia ser diferente, porquanto esta característica é própria 
dos regimes republicanos, nos quais a coisa é pública, e, portanto, não se admite que manda-
tários do povo exerçam sua representação sem o crivo de eleições periódicas.
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Os mandatos são de quatro anos (uma legislatura), à exceção do mandato de Senador da 
República, que é de oito anos (duas legislaturas).
Igualdade
No Brasil, o voto dos cidadãos tem o mesmo valor, independentemente de qualquer quali-
dade do emissor do voto. Aplica-se o princípio da igualdade formal: one man, one vote.
Adota-se o sufrágio igual, em detrimento ao conceito de sufrágio desigual, que atribui maior 
peso ou superior quantidade de votos a cidadãos que apresentem determinada qualidade.
Como vimos na aula anterior, são exemplos de sufrágio desigual: i) o voto familiar em que 
ao pai é atribuído a quantidade de votos dos filhos; ii) o voto múltiplo em que o cidadão pode, 
em razão de possui determinada qualidade, votar mais de uma vez na mesma eleição e; iii) o 
voto múltiplo em que cidadão pode, em razão de possui determinada qualidade, votar simul-
taneamente em circunscrições diversas no mesmo pleito. Evidentemente que essa espécie de 
sufrágio não encontra espaço nas atuais democracias, não sendo possível sequer mencionar 
exemplos práticos de sua aplicação.
Universalidade
O caráter universal do voto revela a necessidade de se atribuir ao maior número possível 
de nacionais o direito de participar da vida política do País. Nesse sentido, deve ser afastado 
a adoção de critérios censitários, capacitários ou quaisquer outros que adotem critérios ba-
seados em critérios discrepantes com o atual texto constitucional.
2.2. Plebiscito e referenDo
Entre as formas de exercício da soberania popular, tem-se o referendo e o plebiscito. Es-
ses dois instrumentos viabilizam o exercício da soberania popular de forma direta. O povo é 
chamado por meio de uma consulta popular a deliberar sobre matéria de acentuada relevân-
cia, de natureza constitucional, legislativa ou administrativa.
De acordo com Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino, pode-se conceituar plebiscito e re-
ferendo da seguinte forma:
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Plebiscito e referendo são consultas formuladas ao povo para que delibere sobre matéria de acen-
tuada relevância, de natureza constitucional, legislativa ou administrativa.
O plebiscito é convocado com anterioridade a ato legislativo ou administrativo, cabendo ao povo, 
pelo voto, aprovar ou denegar o que lhe tenha sido submetido.
O referendo é convocado com posterioridade a ato legislativo ou administrativo, cumprindo ao 
povo a respectiva ratificação ou rejeição.
A distinção entre os institutos é feita levando-se em conta o momento da manifestação dos ci-
dadãos: se a consulta à população é prévia, temos o plebiscito; se a consulta à população sobre 
determinada matéria é posterior à edição de um ato governamental, temos o referendo.
Essa matéria foi regulamentada pela Lei n. 9.709/1998, cujos principais pontos listamos 
a seguir.
Nas questões de relevância nacional, de competência do Poder Legislativo ou do Poder 
Executivo, e no caso do § 3º do art. 18 da Constituição Federal, que cuida da incorporação, 
subdivisão ou desmembramento de Estados da Federação, o plebiscito e o referendo são 
convocados mediante decreto legislativo, por proposta de um terço, no mínimo, dos membros 
que compõem qualquer das Casas doCongresso Nacional.
O referendo pode ser convocado no prazo de trinta dias, a contar da promulgação de lei ou 
adoção de medida administrativa, que se relacione de maneira direta com a consulta popular.
Convocado o plebiscito, o projeto legislativo ou medida administrativa não efetivada, 
cujas matérias constituam objeto da consulta popular, terá sustada sua tramitação, até que o 
resultado das urnas seja proclamado.
Aprovado o ato convocatório, o Presidente do Congresso Nacional dará ciência à Justiça 
Eleitoral, a quem incumbirá, nos limites de sua circunscrição:
• fixar a data da consulta popular;
• tornar pública a cédula respectiva;
• expedir instruções para a realização do plebiscito ou referendo;
• assegurar a gratuidade nos meios de comunicação de massa concessionários de ser-
viço público, aos partidos políticos e às frentes suprapartidárias organizadas pela so-
ciedade civil em torno da matéria em questão, para a divulgação de seus postulados 
referentes ao tema sob consulta.
O plebiscito ou referendo será considerado aprovado ou rejeitado por maioria simples, de 
acordo com o resultado homologado pelo TSE.
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2.3. iniciAtiVA PoPulAr
A iniciativa popular também está regulamentada pela Lei n. 9.709/98.
Segundo esse normativo, a iniciativa popular consiste na apresentação de projeto de 
lei à Câmara dos Deputados, subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacio-
nal, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento 
dos eleitores de cada um deles.
O projeto de lei, que deve se circunscrever a um único assunto, deve ser proposto na Câ-
mara dos Deputados, e não poderá ser rejeitado por vício de forma, cabendo, neste caso, ao 
órgão competente no âmbito da casa legislativa providenciar as devidas correções.
Apresentado o projeto na Câmara dos Deputados, sua tramitação segue o mesmo rito de 
outros projetos de lei, devendo, após aprovação na Casa de origem seguir ao Senado Federal 
e, posteriormente, ser promulgado pelo Presidente da República.
Como exemplos de projetos de lei de iniciativa popular que se transformaram em lei, te-
mos: i) a LC n. 135/2010 (Lei da Ficha Limpa), que incluiu novos casos de inelegibilidade na LC 
n. 64/1990; ii) Lei n. 9.840/1999 (Lei de combate à compra de votos), que incluiu o art. 41-A na 
Lei n. 9.5-4/1997; iii) Lei n. 11.124/2005 (Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social), 
que criou mecanismos para diminuir o déficit habitacional do país.
3. AlistAmento eleitorAl
A partir de agora vamos estudar os §§ 1º e 2º, do art. 14 da CF/1988, que ora transcrevemos:
Art. 14, § 1º O alistamento eleitoral e o voto são:
I – obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
II – facultativos para:
a) os analfabetos;
b) os maiores de setenta anos;
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
§ 2º Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do serviço militar 
obrigatório, os conscritos.
3.1. conceito
O alistamento eleitoral é o ato pelo qual a pessoa se torna um cidadão. Trata-se de um 
procedimento administrativo realizado perante a Justiça Eleitoral que tem a finalidade de afe-
rir o preenchimento dos requisitos indispensáveis para o indivíduo se inscrever no cadastro 
de eleitores.
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Nessa concepção, o art. 42 do CE dispõe que “o alistamento se faz mediante a qualifica-
ção e inscrição do eleitor”.
Na doutrina de José Jairo Gomes, alistamento é (2017, p. 155):
o procedimento administrativo-eleitoral pelo qual se qualificam e se inscrevem os eleitores. Nele 
se verifica o preenchimento dos requisitos constitucionais e legais indispensáveis à inscrição do 
eleitor. Uma vez deferido, o indivíduo é integrado ao corpo de eleitores, podendo exercer direitos 
políticos, votar e ser votado, enfim, participar da vida política do país. Em outras palavras, adquire-
-se cidadania. Note-se, porém, que, com o alistamento, adquire-se apenas a capacidade eleitoral 
ativa, o jus sufragii; a passiva ou a elegibilidade depende de outros fatores.
3.2. requisitos
A Constituição Federal, em seu art. 14, § 1º, enumera os requisitos necessários para o 
alistamento eleitoral quais sejam: nacionalidade brasileira e idade mínima, que atualmente é 
de 16 anos. Basta preencher esses dois requisitos e a pessoa poderá requerer seu alistamen-
to, ou seja, ter o seu nome inscrito no cadastro de eleitores e adquirir a qualidade de cidadão.
No que se refere à idade mínima, para aqueles que tiverem entre 16 e 18 anos e para os 
maiores de 70 anos, o requerimento para se alistar é facultativo.
Já em relação à nacionalidade, sublinhamos que não há distinção entre brasileiro nato e 
naturalizado para fins de alistamento eleitoral.
Além disso, nos termos do art. 12, § 1º, da CF/1988, aos portugueses com residência per-
manente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos 
inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos na Constituição, incluindo nesse rol o direito 
ao alistamento eleitoral. Note, portanto, que o português é o único estrangeiro que poderá, 
preenchidas as demais condições, se inscrever no cadastro eleitoral.
A residência permanente a que alude o artigo constitucional se encontra regulamentada 
no art. 17, do Decreto n. 3.927/2001, que promulgou o Tratado de Amizade entre Brasil e Por-
tugal. Segundo esse dispositivo, o gozo dos direitos políticos por portugueses no Brasil só 
será reconhecido aos que tiverem três anos de residência habitual e depende de requerimento 
à autoridade competente.
Para finalizar, lembre-se que o gozo de direitos políticos no Estado de residência importa 
na suspensão do exercício dos mesmos direitos no Estado da nacionalidade, ou seja, se um 
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brasileiro adquirir o direito de votar em Portugal, ele não poderá, durante esse período, votar 
no Brasil. Esse mesmo raciocínio é válido para os cidadãos portugueses.
3.3. esPécies
De acordo com o art. 14, §§ 1º e 2º, da Constituição Federal, o alistamento eleitoral pode 
ser classificado em: obrigatório, facultativo e vedado.
3.3.1. Alistamento Obrigatório
Nos termos do art. 14 da CF/1988, o alistamento e o voto serão obrigatórios desde que 
preenchidos os seguintes requisitos cumulativos:
• ser brasileiro;
• ter idade entre 18 e 70 anos;
• ser alfabetizado.
Com efeito, todo brasileiro nato ou naturalizado, alfabetizado, entre 18 e 70 anos, deve 
obrigatoriamente requerer seu alistamento eleitoral.
Para Jorge, Liberato e Rodrigues (2017, P. 95), a limitação do exercício de direitos políticos 
baseado no critério etário é legítima, “na medida em que a participação na vida política da 
comunidade exige um mínimo de experiência e amadurecimento.”.
O brasileiro nato deve requerer seu alistamento até os 19 anos e o naturalizado, até um 
ano depois de adquirida a nacionalidade brasileira.
Caso não o façam nos prazos legais, ficam sujeitos à multa prevista no art. 8º do CE, cuja 
cobrança será feita no ato da inscrição. Confira o dispositivo:
Art. 8º O brasileiro nato que não se alistar até os 19 anos ou o naturalizado que não se alistar até 
um ano depois de adquirida a nacionalidade brasileira, incorrerá na multa de 3 (três) a 10 (dez) por 
cento sobre o valor do salário-mínimo da região, imposta pelo juiz e cobrada no ato da inscriçãoeleitoral através de selo federal inutilizado no próprio requerimento.
Essa multa, todavia, não será aplicada ao não alistado que requerer sua inscrição eleitoral 
até o centésimo quinquagésimo primeiro dia anterior à eleição subsequente à data em que 
completar 19 anos, consoante dispõe o parágrafo único do art. 15 da Res.-TSE n. 21.538/2004.
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Não realizado o ato de se inscrever como eleitor no prazo legal, além da multa aplicada, a 
pessoa não adquire a qualidade de cidadão. Fica privada de exercer seus direitos políticos e 
todos aqueles deles decorrentes, notadamente o direito ao voto. O não exercício do voto, por 
sua vez, impede a obtenção da certidão de quitação eleitoral, documento imprescindível para 
o exercício de vários direitos cíveis. Assim, aquele que não se alistar também ficará sujeito às 
restrições listadas no art. 7º, §1º, do CE:
I – inscrever-se em concurso ou prova para cargo ou função pública, investir-se ou empossar-se neles;
II – receber vencimentos, remuneração, salário ou proventos de função ou emprego público, au-
tárquico ou para estatal, bem como fundações governamentais, empresas, institutos e sociedades 
de qualquer natureza, mantidas ou subvencionadas pelo governo ou que exerçam serviço público 
delegado, correspondentes ao segundo mês subsequente ao da eleição;
III – participar de concorrência pública ou administrativa da União, dos Estados, dos Territórios, do 
Distrito Federal ou dos Municípios, ou das respectivas autarquias;
IV – obter empréstimos nas autarquias, sociedades de economia mista, caixas econômicas fede-
rais ou estaduais, nos institutos e caixas de previdência social, bem como em qualquer estabe-
lecimento de crédito mantido pelo governo, ou de cuja administração este participe, e com essas 
entidades celebrar contratos;
V – obter passaporte ou carteira de identidade;
VI – renovar matrícula em estabelecimento de ensino oficial ou fiscalizado pelo governo;
VII – praticar qualquer ato para o qual se exija quitação do serviço militar ou imposto de renda.
O alistamento e a obrigatoriedade do voto se estendem, em regra, às pessoas com defici-
ência ou mobilidade reduzida. No ponto, cumpre informar que o art. 6º, I, a, do CE, que estabe-
lece a não obrigatoriedade de alistamento dos inválidos, não foi recepcionado pela CF/1988.
Contudo, dada a condição especial dessas pessoas, o juiz eleitoral poderá, nos ter-
mos do art. 2º, caput, da Res.-TSE n. 21.920/2004, flexibilizar a regra e expedir, a pedido, 
certidão de quitação eleitoral com prazo de validade indeterminado, desde que compro-
vado que o alistamento e o voto são por demais onerosos em razão da limitação que 
acomete a pessoa. Noutro falar, nessas condições especialíssimas, essas pessoas não 
precisaram se alistar ou votar.
Todavia, essa situação não é querida pela Justiça Eleitoral. Sensível a dificuldade dessas 
pessoas para exercer esse direito e com o intuito de viabilizar ao máximo o acesso ao exer-
cício do voto, o TSE editou a Res.-TSE n. 23.381/2015, que instituiu o Programa de Acessibilidade 
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da Justiça Eleitoral voltado justamente para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, 
a fim de criar condições para que elas tenham plenas condições de acesso aos locais de vo-
tação.
Segundo o art. 1º, parágrafo único desse do mencionado ato regulamentar:
I – pessoa com deficiência: aquela com impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, 
intelectual ou sensorial, os quais podem obstruir ou diminuir sua participação plena e efetiva na 
sociedade em igualdade de condições com as outras pessoas;
II – pessoa com mobilidade reduzida: aquela que, não se enquadrando no conceito de pessoa 
portadora de deficiência, tenha, por qualquer motivo, dificuldade de movimentar-se, permanente 
ou temporariamente, com redução efetiva da mobilidade, flexibilidade, coordenação motora e per-
cepção;
Das ações previstas nesse regulamento, destacamos as seguintes:
• expedir, a cada eleição, instruções aos Juízes Eleitorais, para orientá-los na escolha 
dos locais de votação de mais fácil acesso ao eleitor com deficiência física;
• monitorar periodicamente as condições dos locais de votação em relação às condições 
de acessibilidade;
• providenciar, na medida do possível, a mudança dos locais de votação que não ofere-
çam condições de acessibilidade para outros que as possuam;
• alocar as seções eleitorais que tenham eleitores com deficiência ou mobilidade reduzi-
da em pavimento térreo;
• determinar a liberação do acesso do eleitor com deficiência ou mobilidade reduzida aos 
estacionamentos dos locais de votação e/ou a reserva de vagas próximas;
• eliminar obstáculos dentro das seções eleitorais que impeçam ou dificultem o exercício 
do voto pelos eleitores com deficiência ou mobilidade reduzida, por exemplo, não ins-
talando urna eletrônica em tablados em nível acima do piso, mantendo as portas dos 
locais abertas por completo para facilitar o acesso por cadeirantes, dentre outros;
• celebrar acordos e convênios de cooperação técnica com entidades públicas e priva-
das responsáveis pela administração dos prédios onde funcionem as seções eleitorais, 
com vistas ao planejamento e à realização das adaptações/modificações das estrutu-
ras físicas necessárias à garantia da acessibilidade;
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DIREITO ELEITORAL
• celebrar acordos e convênios de cooperação técnica com entidades públicas e priva-
das representativas de pessoas com deficiência, objetivando o auxílio e acompanha-
mento das atividades necessárias à plena acessibilidade e aperfeiçoando as medidas 
para o seu atingimento;
• providenciar por meio das unidades do Tribunal Superior Eleitoral e dos Tribunais Re-
gionais Eleitorais, responsáveis pelo treinamento de mesários, orientações para auxiliar 
e facilitar o exercício do voto pelos eleitores com deficiência ou mobilidade reduzida;
• observar a prioridade no atendimento às pessoas com deficiência, pessoas com idade 
igual ou superior a 60 (sessenta anos), gestantes, lactantes e àquelas acompanhadas 
por crianças de colo.
Com essas ações, a Justiça Eleitoral pretende que o menor número de pessoas se en-
quadre na situação excepcionalíssima de ter consigo uma certidão de quitação por tempo 
indeterminado, notadamente porque isso alija essas pessoas das decisões políticas do País 
e enfraquece o processo democrático.
No que concerne aos indígenas integrados, dúvida não há quanto à obrigatoriedade do 
alistamento eleitoral, considerados neste grupo aqueles índios que, nos termos do art. 4º, III, 
da Lei n. 6.001/1973, estejam incorporados à comunhão nacional e reconhecidos no pleno 
exercício dos direitos civis, ainda que conservem usos, costumes e tradições característicos 
da sua cultura.
Quanto àqueles ainda não integrados, que se submetem ao regime tutelar, sob responsa-
bilidade da União, na prática exercido pela Fundação Nacional do Índio (Funai), o TSE assegu-
rou-lhes, em caráter facultativo, o direito ao alistamento e ao exercício do voto, observadas 
apenas as exigências de natureza constitucional e eleitoral pertinentes à matéria. Pela rele-
vância do tema confira a ementa do leading case:
PROCESSO ADMINISTRATIVO. ALISTAMENTO. VOTO. INDÍGENA. CATEGORIZAÇÃO 
ESTABELECIDA EM LEI ESPECIAL. “ISOLADO”. “EM VIAS DE INTEGRAÇÃO”. INEXISTÊN-
CIA. ÓBICELEGAL. CARÁTER FACULTATIVO. POSSIBILIDADE. EXIBIÇÃO. DOCUMENTO. 
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REGISTRO CIVIL DE NASCIMENTO OU ADMINISTRATIVO DA FUNAI. 1. A atual ordem 
constitucional, ao ampliar o direito à participação política dos cidadãos, restringindo 
o alistamento somente aos estrangeiros e aos conscritos, enquanto no serviço militar 
obrigatório, e o exercício do voto àqueles que tenham suspensos seus direitos políti-
cos, assegurou-os, em caráter facultativo, a todos os indígenas, independentemente da 
categorização estabelecida na legislação especial infraconstitucional anterior, observa-
das as exigências de natureza constitucional e eleitoral pertinentes à matéria, como a 
nacionalidade brasileira e a idade mínima.
2. Os índios que venham a se alfabetizar, devem se inscrever como eleitores, não estando 
sujeitos ao pagamento de multa pelo alistamento extemporâneo, de acordo com a orien-
tação prevista no art. 16, parágrafo único, da Res.-TSE 21.538, de 2003.
3. Para o ato de alistamento, faculta-se aos indígenas que não disponham do documento 
de registro civil de nascimento a apresentação do congênere administrativo expedido 
pela Fundação Nacional do Índio (FUNAI).
(PA n. 1806-81/PR, rel. Min. Nancy Andrighi, DJE de 8.3.2012)
3.3.2 Alistamento Facultativo
Consoante dispõe o art. 14 da CF/1988, o alistamento será facultativo para pessoas nas 
seguintes situações:
• maior de 16 anos e menor de 18 anos;
• maior de 70 anos;
• analfabeto.
Note, de pronto, que o art. 6º, I, a e c, do CE, que dispunha ser facultativo o alistamento para 
os inválidos e para os que se encontrassem fora do País, não foi recepcionado pela CF/1988.
Nos termos da Lei n. 13.146/2015, às pessoas com deficiência será garantido o direito de 
votar e de ser votada. Conforme já expusemos nesta aula, o alistamento e o voto são obri-
gatórios para essas pessoas. Apenas em casos excepcionalíssimos quando a incapacidade 
torne impossível a pessoa exprimir sua vontade é que deve ser dispensado o alistamento.
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Já em relação aos que se encontram fora do Brasil, o alistamento deverá ser realizado 
pessoalmente no consulado ou na sede da embaixada brasileira, por meio do Requerimento 
de Alistamento Eleitoral (RAE). O requerimento é, então, encaminhado ao Cartório Eleitoral do 
Exterior, situado em Brasília, para apreciação do juiz eleitoral. Deferido, o título eleitoral é en-
caminhado ao local do pedido e somente pode ser retirado por quem o requereu.
Voltando ao texto atual, temos que, a partir dos 16 anos, é facultado ao menor o direito de 
expressar sua vontade política pelo exercício do voto.
A idade para votar é aferida na data do pleito. Logo, o art. 14 da Res.-TSE n. 21.538/2003 
faculta o alistamento no ano em que se realiza rem eleições do menor que completar 16 anos 
até a data do pleito, inclusive. O requerimento de inscrição eleitoral deverá ser realizado até o 
encerramento do prazo fixado no art. 91 da Lei n. 9.504/1997. Confira:
Art. 91. Nenhum requerimento de inscrição eleitoral ou de transferência será recebido dentro dos 
cento e cinquenta dias anteriores à data da eleição.
O título emitido nessas condições somente surtirá efeitos com o implemento da idade de 
16 anos.
Confira uma “hipótese didática” de aplicação desse dispositivo regulamentar.
Exemplo: João nasceu em 3.10.2004 e pretende votar nas eleições de 2020, que será realiza-
da em 4.10.2020.
Para tanto, deverá no ano de 2020, mesmo sem ter ainda completado 16 anos, requerer seu 
alistamento no prazo legal estabelecido no art. 91 da Lei n. 9.504/1997.
Deferido o alistamento, o título emitido não surtirá efeito algum até a data em que completar 
16 anos, ou seja, em 3.10.2020.
No dia seguinte ao seu aniversário, João poderá, então, votar no pleito que realizar-se-á em 
4.10.2020.
Para os maiores de 70 anos, o alistamento e o voto são facultativos. A respeito, Gilmar 
Mendes e Paulo Gustavo Gonet Branco afirmam que:
[...] o legislador constitucional, ao facultar [o alistamento e] o voto aos maiores de 70 anos, atentou, 
certamente, para as prováveis limitações físicas decorrentes da sua idade, de modo a não trans-
formar o exercício do voto em transtorno ao seu bem-estar.
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No mesmo compasso, a fundamentação da Res.-TSE n. 21.920/2004 consigna que “o 
texto constitucional faculta aos maiores de 70 anos [o alistamento e] o exercício do voto, cer-
tamente com a finalidade de não causar transtorno ao seu bem-estar (CF, art. 14, § 1º, II, b).
Para os analfabetos, o alistamento é facultativo, consoante dispõe o art. 14 da CF/1988, 
regulamentado pela Res.-TSE n. 21.538/2004. Contudo, tão logo a pessoa se alfabetize surge 
a obrigação de se inscrever como eleitor, não ficando, contudo, sujeita à multa prevista no art. 
8º do CE. Confira os dispositivos mencionados:
Art. 16. O alistamento eleitoral do analfabeto é facultativo (Constituição Federal, art. 14, § 1º, II, a).
Parágrafo único. Se o analfabeto deixar de sê-lo, deverá reque rer sua inscrição eleitoral, não fican-
do sujeito à multa prevista no art. 15 (Código Eleitoral, art. 8º).
Art. 8º O brasileiro nato que não se alistar até os 19 anos ou o naturalizado que não se alistar até 
um ano depois de adquirida a nacionalidade brasileira, incorrerá na multa de 3 (três) a 10 (dez) por 
cento sobre o valor do salário-mínimo da região, imposta pelo juiz e cobrada no ato da inscrição 
eleitoral através de selo federal inutilizado no próprio requerimento.
3.3.3 Alistamento Vedado
A Constituição Federal proíbe o alistamento eleitoral para as seguintes pessoas:
• Os conscritos, durante o período de serviço militar obrigatório (art. 14, § 2º, da CF/1988)
• Os estrangeiros, com exceção do português e desde que haja reciprocidade em Portu-
gal do direito aqui concedido (art. 14, §2º, da CF/1988)
Na doutrina de Jorge, Liberato e Rodrigues (2017, p. 96) conscrito é:
[...] é termo utilizado para se referir àqueles sujeitos que encontram prestando serviço militar obri-
gatório [...].
O conscrito é inalistável. Não poderá ele requerer seu alistamento durante o período em 
que estiver prestando serviço às forças armadas – Exército, Marinha e Aeronáutica –, que 
ocorre em regra no ano em que o indivíduo completa 18 anos.
Contudo, em razão desse requerimento ser permitido para aquele que completa 16 anos 
até a data do pleito, é possível que, ao prestar o serviço militar obrigatório, o indivíduo já tenha 
sido inscrito eleitor. Neste caso, sua inscrição permanecerá ativa no cadastro de eleitores, 
ficando impedido de votar. Nesse sentido, confira a jurisprudência do TSE:
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Alistamento eleitoral - impossibilidade de ser efetuado por aqueles que prestam o serviço 
militar obrigatório - manutenção do impedimento ao exercício do voto pelos conscritos 
anteriormente alistados perante a Justiça Eleitoral, durante o período da conscrição.
(PA n. 1331-43/GO, rel. Min. Nilson Naves, DJ de 14.5.1998).
Sublinha-se que essa regra não alcança os demais militares, que são alistáveis.
A CF/1988 estabelece também que os estrangeiros são inalistáveis, ou seja, aquelesque 
não forem brasileiros natos ou naturalizados, à exceção dos portugueses nos casos de reci-
procidade, não podem requerer o ingresso no cadastro de eleitores.
O CE, em seu art. 5º, inciso II, prescreve ainda que o alistamento é vedado àqueles que 
não saibam exprimir-se em língua nacional. Esse inciso está revogado. Veja o seguinte 
julgado do TSE:
Consoante o § 2º do artigo 14 da CF, a não alistabilidade como eleitores somente é 
imputada aos estrangeiros e, durante o período do serviço militar obrigatório, aos cons-
critos, observada, naturalmente, a vedação que se impõe em face da incapacidade abso-
luta nos termos da lei civil.
Sendo o voto obrigatório para os brasileiros maiores de 18 anos, ressalvada a facultati-
vidade de que cuida o inciso II do § 1º do artigo 14 da CF, não há como entender recep-
cionado preceito de lei, mesmo de índole complementar à Carta Magna, que imponha 
restrição ao que a norma superior hierárquica não estabelece.
Vedado impor qualquer empecilho ao alistamento eleitoral que não esteja previsto na 
Lei Maior, por caracterizar restrição indevida a direito político, há que afirmar a inexigi-
bilidade de fluência da língua pátria para que o indígena ainda sob tutela e o brasileiro 
possam alistar-se eleitores.
Declarada a não recepção do art. 5º, inciso II, do Código Eleitoral pela Constituição Fede-
ral de 1988.
(PA n. 19.840, rel. Min. Fernando Gonçalves, Dje de 20.8.2010).
4. eleGibiliDADe
Na doutrina de Jorge, Liberato e Rodrigues, a elegibilidade:
[...] diz respeito à aptidão de ser eleito, isto é, ao direito de o cidadão ser votado em pleitos eleitorais.
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Nessa mesma acepção, o STF, ao julgar a ADC n. 29, assim a definiu:
A elegibilidade é a adequação do indivíduo ao regime jurídico – constitucional e legal 
complementar – do processo eleitoral.
(STF, ADC n. 29, rel. Min. Luiz Fux, DJE de 29.6.2012)
Conquanto esse conceito se vincule à ideia de aptidão para ser votado, o cidadão somente 
terá o seu registro de candidatura deferido, ou seja, somente estará apto a participar do pleito, 
caso preencha as condições de elegibilidade, que vamos estudar a seguir, e, cumulativamen-
te, não incida em causas de inelegibilidade, as quais vamos estudar com detalhes em aulas 
posteriores.
É importante não confundir esses dois conceitos.
Não há que confundir, em face de nosso sistema constitucional, pressupostos (ou con-
dições) de elegibilidade e inelegibilidades, embora a ausência de qualquer daqueles ou a 
incidência de qualquer destas impeça alguém de poder candidatar-se a eleições muni-
cipais, estaduais ou federais.
Pressupostos de elegibilidade são requisitos que se devem preencher para que se possa 
concorrer às eleições. Assim, estar no gozo de direitos políticos, ser alistado como elei-
tor, estar filiado a partido político, ter sido escolhido como candidato do Partido a que se 
acha filiado, haver sido registrado, pela Justiça Eleitoral, como candidato por esse par-
tido. Já as inelegibilidades são impedimentos que, se não afastados por quem preencha 
os pressupostos de elegibilidade, lhe obstam concorrer a eleições, ou – se supervenien-
tes ao registro ou se de natureza constitucional – servem de fundamento à impugnação 
de sua diplomação, se eleito.
(PA n. 19.899, rel. Min. Ari Pargendler, j. em 30.9.2008).
4.1. conDições De eleGibiliDADe
As condições de elegibilidade são requisitos indispensáveis para aqueles que desejam 
concorrer a cargos públicos (capacidade eleitoral passiva), sendo aferidas no momento da 
análise dos pedidos de registro de candidatura.
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O art. 14, § 3º, da Constituição Federal, elenca as seguintes condições de elegibilidade:
Art. 14, § 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei:
I – a nacionalidade brasileira;
II – o pleno exercício dos direitos políticos;
III – o alistamento eleitoral;
IV – o domicílio eleitoral na circunscrição;
V – a filiação partidária;
VI – a idade mínima de:
trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador;
trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal;
vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e 
juiz de paz;
dezoito anos para Vereador.
Para o TSE, esse rol não é exaustivo. Além das condições de elegibilidade previstas na 
CF/1988, há a possibilidade desses requisitos serem criados por leis infraconstitucionais, 
complementares ou ordinárias, como se observa no art. 11, § 1º, IV, da Lei n. 9.504/997, 
que exige, como condição de elegibilidade, a apresentação de certidão quitação eleitoral por 
aquele que pretenda ser candidato. Nesse sentido:
3. As condições de elegibilidade não estão previstas somente no art. 14, § 3º, I a VI, da 
Constituição Federal, mas também na Lei n. 9.504/97, a qual, no art. 11, § 1º, estabelece, 
entre outras condições, que o candidato tenha quitação eleitoral (inciso VI).
(REspe n. 1903-23/DF, rel. Min. Arnaldo Versiani, PSESS de 15.9.2010)
Feito esses esclarecimentos iniciais, vamos estudar cada uma dessas condições de ele-
gibilidade previstas no texto constitucional.
4.1.1. Nacionalidade Brasileira
A Constituição Federal exige, como uma das condições de elegibilidade, a nacionalidade 
brasileira para que o cidadão possa concorrer a cargos eletivos.
Aos brasileiros natos, a elegibilidade é plena para todos os cargos. Anoto que, nos termos 
do art. 12, I, da CF/1988, são brasileiros natos:
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a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes 
não estejam a serviço de seu país;
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja 
a serviço da República Federativa do Brasil;
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados 
em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, 
em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira;
De modo diverso, os brasileiros naturalizados não podem concorrer aos cargos de Pre-
sidente e Vice-Presidente da República, consoante estabelece o art. 12, § 3º, I, da CF/1988.
Conforme já vimos, o português com residência permanente no Brasil pode se alistar e 
concorrer a cargos públicos eletivos no Brasil, desde que haja reciprocidade em favor de bra-
sileiros em Portugal. Não poderá, contudo, ser candidato aos cargos de Presidente e Vice-
-Presidente em função da vedação constitucional. Sobre o assunto, este é o ensinamento de 
Dirley da Cunha Júnior:
Em razão de norma permissiva do § 1º do art. 12 da Constituição – que assegura aos portugueses 
com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, os direitos 
inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos na Constituição – os portugueses podem exercer 
a capacidade eleitoral passiva e se candidatar a mandato eletivo (exceto para Presidente e Vice-
-Presidente da República, em face do § 3º do art. 12), desde que cumpram as demais condições 
de elegibilidade.
4.1.2. Pleno Exercício dos Direitos Políticos
Como dito, os direitos políticos são instrumentos colocados à disposição do cidadão com 
vistas a viabilizar sua participação política. Aqueles que detém o pleno exercício dos direitos 
políticospossuem tanto a capacidade eleitoral ativa (ius sufragii), quanto a capacidade elei-
toral passiva (ius honorum).
Ao contrário, aqueles não os possuem estão impedidos de se manifestarem politicamen-
te, como, por exemplo, filiarem-se a partido político (REspe n. 195-71/GO, rel. Min. Arnaldo 
Versiani, PSESS de 18.10.2012). Assevero que se o cidadão já estiver filiado a partido político 
quando sobrevier a suspensão ou perda dos direitos políticos – que estudaremos a seguir - 
terá sua filiação suspensa e ficará tolhido de participar das atividades políticas internas da 
agremiação (RGP n. 305, rel. Min. Luciana Lóssio, DJe de 22.10.2015).
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Direitos Políticos
DIREITO ELEITORAL
Embora cuide de direito fundamental, o exercício de direitos políticos pode, nas hipóteses 
previstas na CF/1988, ser restringido.
Conforme anotado pela doutrina, é permitido sancionar o cidadão com a perda e com a 
suspensão dos direitos políticos, cujas hipóteses estão listadas no art. 15 da CF/1988:
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de:
I – cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado;
II – incapacidade civil absoluta;
III – condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos;
IV – recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
V – improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.
Não confunda perda com suspensão de direitos políticos. A perda dos direitos políticos 
importa em limitação por prazo indeterminado. Já na suspensão essa privação é por prazo 
determinado. Não obstante, em ambas existe a possibilidade de reaver os direitos tolhidos. 
Não há caráter perpétuo da privação imposta.
Anoto, todavia, que é vedada a cassação de direitos políticos. Sobre o assunto, Roberto 
Moreira Almeida consigna que:
A Constituição prevê duas formas de privação de direitos políticos: perda e suspensão. Proíbe, 
ademais, a cassação desses mesmos direitos.
Perda dos Direitos Políticos
Como dito a perda dos direitos políticos importa na restrição por prazo indeterminado dos 
direitos políticos.
Diferentemente das Constituições anteriores, a de 1988 não definiu a hipóteses de perda 
e suspensão de direitos políticos, coube essa tarefa à doutrina.
Dentre as hipóteses elencadas no art. 15 da CF/1988, a doutrina majoritária elenca como 
causa de perda dos direitos políticos:
• cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado e;
• recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação social alternativa.
Cancelamento da Naturalização por Sentença Transitada em Julgado
O cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado se dá nos casos em 
que o indivíduo pratica atividade nociva ao interesse nacional, consoante dispõe o art. 12, § 
4º, I, da CF/1988.
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§ 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:
I – tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao in-
teresse nacional;
II – adquirir outra nacionalidade por naturalização voluntária.
II – adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: (Redação dada pela Emenda Constitucional de 
Revisão n. 3, de 1994)
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; (Incluído pela Emenda Cons-
titucional de Revisão n. 3, de 1994)
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado es-
trangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis;
O processo de cancelamento de naturalização é da competência da Justiça Federal, nos 
termos do art. 109, X, da CF/1988.
O conceito de atividade nociva ao interesse nacional é indeterminado, cabendo ao juiz 
competente analisar se o ato praticado pelo indivíduo se enquadra no conceito legal.
Note, ainda, que, no art. 12 da CF/1988, existe outra situação em que o indivíduo tem 
declarada sua perda de nacionalidade e, por conseguinte, suspensos seus direitos políticos. 
Trata-se da hipótese de aquisição voluntária de outra nacionalidade. A propósito, Alexandre 
de Moraes afirma:
Tanto a perda quanto a suspensão dos direitos políticos, como já ressaltado, somente poderão 
ocorrer nos casos taxativamente previstos na Constituição. Logicamente, não necessariamente 
nas previsões do art. 15, como é o caso da hipótese prevista no art. 12, § 4º, II. Assim, determi-
na essa norma legal que será declarada a perda da nacionalidade brasileira administrativamente, 
quando a pessoa adquirir outra nacionalidade por naturalização voluntária. Como consequência 
desta alteração em sua condição jurídica, tornando-se estrangeiro, por óbvio não mais terá direitos 
políticos no Brasil.
Nesse caso, contudo, o indivíduo não perderá a nacionalidade brasileira e, por conse-
guinte, terá seus direitos políticos preservados, quando a aquisição de outra nacionalidade 
decorrer de:
• reconhecimento originário de outra nacionalidade pela lei estrangeira, como por exem-
plo, o fato de ser filho de estrangeiro e isso, por si só, garantir o reconhecimento de 
nacional pela lei estrangeira (ius sanguinis) e;
• de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em esta-
do estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício 
de direitos civis, como por exemplo, o direito de trabalhar.
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Escusa de Consciência
A CF/1988, em seu art. 5º, inciso VII, confere o direito de escusa de consciência, nos se-
guintes termos:
ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou polí-
tica, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir 
prestação alternativa, fixada em lei;
Há dissenso doutrinário sobre a classificação dessa hipótese de restrição de direitos po-
líticos. A posição dominante a classifica como hipótese de perda dos direitos políticos. A 
minoritária, como hipótese de suspensão. A respeito dessa controvérsia, veja:
Existe um dissenso doutrinário sobre se a escusa de consciência seria caso de suspensão ou per-
da dos direitos políticos. Alexandre de Moraes, José Afonso da Silva, Manoel Gonçalves Ferreira 
Filho e Celso Ribeiro Bastos entendem que é caso de privação definitiva (perda) dos direitos políti-
cos. Já Sylvio Motta, William Douglas, Joel José Cândido, Marcos Ramayana, Francisco Dirceu de 
Barros, Thales Tácito Cerqueira e Camila Albuquerque Cerqueira classificam a hipótese como de 
suspensão dos direitos políticos. (Roberto Moreira de Almeida)
Em concursos públicos, persiste a controvérsia. Segundo o CESPE, a recusa do cumpri-
mento de obrigação legal a todos imposta constitui hipótese de perda dos direitos políticos, 
razão pela qual considerou correta a afirmação a seguir:
questão 1 (CESPE/TRF-5ª/JUIZ FEDERAL/2011) Apesar de a prestação de serviço militar 
ser obrigatória, a recusa em cumpri-la é admitida sob a alegação do direito de escusa de 
consciência,

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