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TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA Aula 12 Produção de Parecer: conclusão e parte autenticativa. TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA Objetivos: - Produzir a parte final do parecer jurídico; - Relacionar o “entendimento” da ementa com a conclusão; - Compreender a conclusão do parecerista como resposta objetiva ao questionamento requerido pelo consultante; - Distinguir a conclusão do parecer (opinião) da conclusão da petição (pedido); - Desenvolver capacidade crítica e de debate. Produção de Parecer: conclusão e parte autenticativa. Aula 12 TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA Estrutura do Conteúdo: 1. “Entendimento” da ementa do parecer e conclusão da peça. 2. Parecer: peça de consulta. 3. Petição: peça de pedir. 4. Parte autenticativa. Produção de Parecer: conclusão e parte autenticativa. Aula 12 TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA Objetivo e conclusão da petição inicial A Petição Inicial tem como objetivo provocar o judiciário a fim de lhe encaminhar um pedido, isto é, a pretensão do autor. Tal pedido decorre da conclusão lógica dos fatos narrados na inicial. Sem o pedido, a petição será considerada inepta. A inicial apresenta um pedido mediato e outro imediato. Pedido mediato: representa a satisfação do bem reclamado, isto é, a solução do litígio. Pedido imediato: representa a providência jurisdicional solicitada. Esta pode ser declaratória, constitutiva ou condenatória. Produção de Parecer: conclusão e parte autenticativa. Aula 12 TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA Esclarecendo... A sentença será a) declaratória quando se objetiva que “a sentença declare a existência ou inexistência de certa relação jurídica.”(PALAIA, 1997, P. 124); b)constitutiva quando se pretende que ela formalize em relação jurídica uma relação que, anteriormente, não era reconhecida juridicamente; c) condenatória se pretende que “a sentença condene alguém a dar alguma coisa, fazer ou não fazer alguma coisa em cumprimento de uma obrigação, ou pagar certa importância a que se obrigou.” (Idem, p. 125) O juiz deve decidir, em obediência aos artigos 128 e 460 do CPC, de acordo com os limites do pedido, não pode decidir além do que ali está formulado. Produção de Parecer: conclusão e parte autenticativa. Aula 12 TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA Código de Processo Civil Art. 128. O juiz decidirá a lide nos limites em que foi proposta, sendo-lhe defeso conhecer de questões, não suscitadas, a cujo respeito a lei exige a iniciativa da parte. Art. 460. É defeso ao juiz proferir sentença, a favor do autor, de natureza diversa da pedida, bem como condenar o réu em quantidade superior ou em objeto diverso do que Ihe foi demandado. Parágrafo único. A sentença deve ser certa, ainda quando decidarelaçãojurídicacondicional. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 1994) Produção de Parecer: conclusão e parte autenticativa. Aula 12 TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA Geralmente, o pedido é apresentado na petição inicial nos seguintes termos: Ex. Em face do exposto, requer a citação do réu, no endereço acima mencionado para tomar ciência desta ação e contestar no prazo legal, sob pena de, não o fazendo, reputarem-se como verdadeiros os fatos apresentados pelo autor. Requer, ainda, a procedência da presente ação, para decretar a condenação do réu ao pagamento de R$ 16 000,00 a título de danos morais e materiais. Protesta por todos os meios de provas admitidos neste Juizado. Dá-se a esta o valor de R$ 16 000,00. Nestes termos, Pede deferimento Rio de Janeiro, 14 de maio de 2012. NNNNNNNN OAB nº 999999999 Produção de Parecer: conclusão e parte autenticativa. Aula 12 TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA Conclusão e autenticação do parecer A conclusão, como parte integrante do parecer, deve ser a síntese da opinião que o parecerista fundamenta como resposta a uma consulta. Essa parte da peça deve estar em consonância com a ementa, em que se apresentou o entendimento pela expressão “Parecer favorável a...”. Não acrescente informação nova na conclusão. Responda objetivamente à consulta formulada. A autenticação consiste, apenas, em datar e assinar a peça. Produção de Parecer: conclusão e parte autenticativa. Aula 12 TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA Exemplo de conclusão de um parecer; II- Conclusão Assim, opina o Ministério Público pela reforma da decisão a quo, permitindo-se a alienação do bem gravado, atendidas as exigências contidas no item 20 supra. É o parecer. Rio de Janeiro, 1º de fevereiro de 1995 Paulo Cezar Pinheiro Carneiro Procurador de Justiça Produção de Parecer: conclusão e parte autenticativa. Aula 12 TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA Análise da fundamentação e da conclusão de um parecer (texto produzido por um aluno, com adaptações para esta aula) Caso concreto, extraído do Plano de Aula de Teoria e Prática da Argumentação Jurídica, com adaptações. Situação de conflito Pedro foi denunciado, pelo Promotor de Justiça da comarca de São Paulo, de subtrair, em 1º de julho de 2009, a importância de R$ 360,00 em dinheiro de Antônio, utilizando-se de um revólver de brinquedo. Produção de Parecer: conclusão e parte autenticativa. Aula 12 TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA Tese O réu não deve ser condenado pela prática do crime de roubo qualificado. Contextualização do real Fatos favoráveis à tese: - Na referida oitiva com o juiz, o réu não estava acompanhado de seu defensor. - A vítima, ao ser ouvida, confirmou o fato e afirmou que não viu o rosto do autor do crime porque estava encoberto e, por isso, não tinha condições de reconhecê-lo com segurança. - - Dois policiais afirmaram que ouviram a vítima gritando que havia sido roubada, mas nada encontraram no local do crime. Produção de Parecer: conclusão e parte autenticativa. Aula 12 TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA Fatos contrários à tese: - O Juiz ouviu o réu no dia 5 de setembro de 2009, ocasião em que confessou, com detalhes, a prática delituosa, descrevendo a vítima e afirmando que o dinheiro seria utilizado na compra de drogas. - O réu foi preso em flagrante, com R$ 360,00 no bolso, a duas quadras do local do crime, por um policial à paisana, por estar em “atitude suspeita”. - A vítima garante que o réu tem o mesmo porte físico de quem o abordou no ato delituoso e usava roupas semelhantes, calça jeans e camiseta branca. Produção de Parecer: conclusão e parte autenticativa. Aula 12 TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA Fundamentação: É notório que os atuais índices de violência atingem a todos, sem distinção inclusive de classe social. No entanto, no intento de coibir atitudes violentas, por vezes nos afastamos do aclamado Estado Democrático de Direito, suprimindo direitos e até princípios constitucionais. Pedro, embora provavelmente tenha incorrido em condutas descritas em nosso código penal, não deve ser vítima de supressão do processo legal previsto. Sendo assim, merecedor apenas e somente de sanções cominadas e provadas dentro do citado processo e respeitando princípios basilares, como o principio da presunção de inocência. Produção de Parecer: conclusão e parte autenticativa. Aula 12 TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA Certamente, o réu foi vitimado pela extrema má condução do seu processo pelos personagens da justiça, porque ao confessar o crime não havia a presença de um defensor legal, condição obrigatória conforme o artigo261 do código de processo penal, e também não foi reconhecido pela vitima do crime. Além disso, sua autoria não passou de uma conclusão intuitiva dos policiais, conclusão essa que beira a leviandade. •Ressalte-se que a qualificadora alegada pela promotoria -- uso de arma de brinquedo -- é súmula cancelada pelo STJ e a compreensão majoritária atual entende que o emprego de arma de brinquedo não agrava a pena no crime de roubo. Portanto, não deve se falar em agravante. • Produção de Parecer: conclusão e parte autenticativa. Aula 12 TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA •Acrescente-se que, embora o réu tenha confessado o crime, sua confissão foi tomada após dois meses do suposto fato, fato este cometido sob efeito de drogas. Dessa forma, uma confissão contaminada, sem grande relevância e credibilidade. •Por fim, nestes tempos de violência generalizada e descrédito nas autoridades competentes, devemos nos curvar às normas e aos princípios constitucionais que regem nossa sociedade. De outra forma, seria mais coerente rasgarmos nossa Magna Carta e retrocedermos a uma terra sem garantias e segurança jurídica, que mais se assemelha aos estados absolutistas dos séculos passados. Produção de Parecer: conclusão e parte autenticativa. Aula 12 TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA Conclusão: •Em face do exposto, opina-se que o figurino legal objetivado pela promotoria não se encaixa na conduta do réu e, por consequência, sua incriminação não procede. •É o parecer Rio de Janeiro, 14 de maio de 2012 XXXXXXXXXXXXXXX Produção de Parecer: conclusão e parte autenticativa. Aula 12 TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA Tarefa Caso concreto Dijanira Baptista foi fumante inveterada por trinta anos. Ela era casada com Mauro Costa e tinha dois filhos: Mauro Costa Jr. e Paulo Baptista Costa. Em 28 de setembro de 1999, faleceu em decorrência de câncer pulmonar, provocado pelo fumo excessivo do cigarro de marca Hollywood, da companhia Souza Cruz S.A. Seus familiares alegam que a companhia de cigarros sempre ocultou informações e dados sobre a nocividade do cigarro à saúde. A vítima fumava dois maços de cigarro por dia, cerca de 500.000 cigarros em trinta anos, e que tal fato, aliado à falta de informações sobre o produto nocivo, teria sido o responsável por ter contraído a doença. Produção de Parecer: conclusão e parte autenticativa. Aula 12 TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA Além do mais, só recentemente as companhias são obrigadas a restringir o horário de veiculação de propagandas e a emitir comunicado de que o fumo é prejudicial à saúde. Isso, infelizmente, não chegou a impedir que Dijanira se tornasse viciada em cigarros, uma vez que era fumante de longa data, motivo pelo qual a família pleiteia indenização por dano. Após a descoberta do câncer, lutou duramente contra o vício: "Minha mãe tentou parar de fumar, mas as crises horríveis de abstinência e a depressão atrapalharam muito. Quando conseguiu vencer o vício, a metástase estava diagnosticada". Produção de Parecer: conclusão e parte autenticativa. Aula 12 TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA Paulo Gomes, advogado representante da Souza Cruz, afirma que a empresa cumpre as determinações legais e que seu produto apresenta todas as informações aos consumidores. Em relação às propagandas, sustenta que a apresentação de jovens saudáveis em ambientes paradisíacos não é prática apenas da indústria tabagista: "Desconheço a existência de publicidade que vincule produtos a modelos desgraciosos ou cenários deprimentes, que causem repulsa ao público-alvo. Ademais, os consumidores têm o livre-arbítrio de escolher o que consumir e o quanto consumir". Produção de Parecer: conclusão e parte autenticativa. Aula 12 TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA Segundo o advogado da família, os estudos comprovam a nocividade do cigarro, que contém mais de quatro mil substâncias químicas: "Entre elas está o formol usado na conservação de cadáver, o fósforo, utilizado como veneno para ratos e o xileno, uma substância cancerígena que atrapalha o crescimento das crianças. Se o cigarro não mata de câncer, há 56 outras doenças causadas por seu uso e exposição. É óbvio que a propaganda é indutora de seu consumo". QUESTÃO Debata o caso concreto oralmente em sala, a partir das fontes apresentadas e de outras que julgar pertinentes, e redija uma resposta formal a uma consulta quanto à possibilidade de uma empresa tabagista ser responsabilizada civilmente pela reparação aos danos causados à saúde de seus consumidores. Produção de Parecer: conclusão e parte autenticativa. Aula 12
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