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A3 - Arquitetura e Prevenção ao Crime

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DISCIPLINA: 
ARQUITETURA E PREVENÇÃO 
DO CRIME 
AULA 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Marcelo Trevisan Karpinski 
 
 
2 
 
 
CONVERSA INICIAL 
O conteúdo desta aula será sobre a Teoria da Prevenção Situacional do 
crime, que trata de como dificultar a ação criminosa tornando menos interessante 
e mais perigosa a atuação do criminoso. 
 
 
TEMA 1 – PREVENÇÃO COMO FATOR RELEVANTE PARA EVITAR O CRIME 
A prevenção está para o crime assim como está para a sua saúde e para 
a manutenção de nossos carros. Está comprovado que nos diversos setores de 
nossas vidas a prevenção é a melhor solução. 
Fernandes, citado Waquim (2009, p. 30), esclarece que “É dogma na 
medicina que a prevenção é sempre melhor que a cura. Tal princípio também 
prevalece na área do crime”. 
As políticas públicas são muito importantes, assim como as forças 
policiais, mas nosso objetivo, neste estudo, volta-se para a nossa contribuição 
de maneira individual. 
Medidas preventivas são mais econômicas e sólidas quando tratamos de 
crime. Análises de custo-benefício que foram desenvolvidas a partir dos anos 
1990 apontam que os investimentos em prevenção são mais eficazes do que a 
simples repressão. Essa foi a conclusão a que chegou o projeto denominado 
Perry Project, que demonstrou que a cada dólar investido em prevenção outros 
7 dólares são economizados a longo prazo (Rolim, 2006). 
Contudo, pesando o fato de os gastos financeiros serem elevados, no 
intuito de prevenir o crime e a violência, não podemos deixar de considerar os 
altos preços pagos quando nos referimos ao medo, à dor, à angústia e à 
qualidade de vida, que é prejudicada. Trata-se de custos que não podem ser 
estimados (Rolim, 2006). 
Podemos concluir com esses exemplos, raciocinando juntos com Silva 
Fortes e Tasca (2014, p. 160), que “A palavra prevenção é usualmente utilizada 
para se referir ao ato de se antecipar às consequências de uma ação com o 
objetivo de evitar seus resultados”. 
 
 
 
3 
 
 
Os crimes ocorrem em determinados locais e em determinados horários. 
Por mais lógico que isso possa parecer, conhecer essa dinâmica em muito nos 
ajudará para que possamos nos prevenir. 
Respondendo a essas questões poderemos adequar o nosso trabalho de 
prevenção de maneira ainda mais eficaz. O crime não se distribui uniformemente 
em determinado território, e nem tão pouco em horários precisos. Há diferenças 
significantes de incidências em um local em comparação com outro, inclusive do 
tipo de delito que pode ocorrer. As oportunidades para um crime divergem em 
relação aos horários e aos dias da semana, sendo mais ou menos perigosos 
(Sampaio, 2007). 
 
 
TEMA 2 – CONCEITOS DE HOT SPOTS, INSTALAÇÕES DE RISCO, 
VITIMIZAÇÃO E VITIMIZAÇÃO REPETIDA 
 
Estudos sobre hot spots devem receber especial atenção, pois, segundo 
Sherman citado por Sampaio (2007, p. 33), “o crime concentra-se 
aproximadamente seis vezes mais em locais do que em indivíduos, daí a 
importância da questão ‘onde aconteceu?’ como da questão ‘quem cometeu?’ ”. 
Acrescenta ainda a necessidade de respondermos à pergunta: “onde 
aconteceu?”. A lição de Rolim (2006, p. 140) ensina que “Cerca de 10% das 
vítimas nos EUA estão envolvidas em 40% dos crimes; 10% dos agressores 
estão envolvidos em 50% dos crimes; e 10% dos lugares formam o ambiente 
para cerca de 60% das ocorrências infracionais.” 
Clarke e Eck (2012, p. 11) esclarecem que 
 
“Instalações de Risco” é uma outra teoria relativa à concentração do 
crime, recentemente descrita, .... Esta teoria postula que somente 
uma pequena proporção de um tipo específico de instalações é 
responsável pela maioria dos crimes e dos problemas de desordem 
sofrido, ou causados, pelo grupo de instalações semelhantes no seu 
todo. 
 
Clarke e Eck (2012) ainda nos explicam que, em relação à Teoria das 
Instalações de Risco, podemos aplicar a regra dos 80/20 (Princípio de Pareto). 
Essa relação nos diz que, de modo geral, apenas 20% das pessoas, dos locais 
 
 
4 
 
 
ou de outros grupos quaisquer são responsáveis por 80% dos resultados que 
envolvem essas coisas. 
A partir desse raciocínio podemos concluir que apenas 20% das 
instalações, de um mesmo tipo, são responsáveis pelos problemas que 
envolvem crimes, desordem, violência e transtornos em geral, quando 
comparadas ao total de instalações similares. 
A vitimização tem estreito relacionamento com os hot spots e com a Teoria 
das Instalações de Risco. 
Estudos desenvolvidos na Europa estimaram que 4% das vítimas 
experimentam 44% de todos os crimes, enquanto nos Estados Unidos da 
América 10% das vítimas estão envolvidas em 40% dos crimes. Essa vitimização 
repetida tem como principal fator as circunstâncias percebidas pelo infrator como 
favoráveis, que se não forem alteradas contribuem de maneira ímpar para a 
repetição do delito e para a vitimização (Brasil, 2005). 
 
 
TEMA 3 – RETORNANDO À PREVENÇÃO 
Rolim (2006, p. 113) nos explica que podemos dividir a prevenção em três 
níveis: 
a prevenção primária, na qual as medidas e as políticas públicas têm 
como alvo a comunidade inteira; a prevenção secundária, em que 
medidas e políticas orientam-se para a proteção de pessoas com alto 
risco de se iniciarem na delinquência; e a prevenção terciária, cujo 
alvo específico são aqueles que já iniciaram um processo de 
criminalização. (Grifo nosso) 
 
Há ainda diversos tipos de políticas de prevenção que nos são 
apresentadas por Rolim, que nos explicita que elas podem ser divididas de 
acordo com as estratégias empregadas para se alcançar a melhor prevenção. 
Essa divisão para alguns autores pode ser descrita conforme abaixo: 
 
 
Prevenção no desenvolvimento individual 
Intervenções destinadas a prevenir o desenvolvimento de 
potencialidades criminais nos indivíduos; em especial, intervenções 
que visam aos fatores de risco e de proteção relatados nos estudos de 
desenvolvimento humano. 
 
 
5 
 
 
Prevenção comunitária 
Estratégia que envolve medidas e intervenções destinadas a mudar as 
condições sociais e institucionais (famílias, grupos de influência, 
normas sociais, clubes, organizações etc.) que podem condicionar e 
estimular opções infracionais nas comunidades. 
Prevenção situacional 
Medidas destinadas à prevenção da criminalidade através da redução 
de oportunidades e do aumento de riscos e dificuldades para a ação 
infracional. 
 
Prevenção do sistema de justiça criminal 
Refere-se à tradicional missão de desencorajamento, incapacitação e 
reabilitação que oferecem justificação ao trabalho das agências da 
justiça criminal em todo o mundo. (Rolim, 2006, p. 113-114) 
 
Em nosso estudo concentraremos nossa atenção na prevenção 
situacional, que abrange em seu conceito a ideia de que devemos reduzir as 
oportunidades de ocorrência do delito. 
 
 
TEMA 4 – TEORIA DA ESCOLHA RACIONAL, TEORIA DA OPORTUNIDADE E 
TEORIA DO PADRÃO CRIMINAL 
 
Podemos depreender que a Teoria da Escolha Racional é composta por 
pressupostos que indicam os fatores que conduzem o delinquente a tomar uma 
decisão de cometer ou não ato ilícito, conforme segue: 
 
(i) o criminoso procura o seu benefício pessoal através do crime; 
(ii) para o fazer, tem que tomar decisões e fazer opções, por mais 
rudimentares que estas sejam; 
(iii) este processo de tomada de decisão é limitado pelo tempo 
disponível, pela acessibilidade da informação relevante e pelas 
capacidades cognitivas do indivíduo. Portanto, a racionalidade da 
decisão será quase sempre limitada, e não total; 
(iv) há grandes variações no processo de tomada de decisão (e.g., 
tempo, fatores considerados,etc.) entre diferentes momentos, 
diferentes crimes e diferentes infratores. (Clarke; Cornish, citados por 
Sampaio, 2007, p. 43). 
 
Por seu turno, a Teoria da Oportunidade diz que o crime resulta de três 
elementos básicos que se equilibram no tempo e no espaço: ofensor motivado, 
um alvo apropriado e a ausência de um guardião capaz. 
Já na Teoria do padrão criminal, criminosos raramente cometem um delito 
em lugares que desconhecem completamente, sempre é necessário que existam 
uma oportunidade e um local conhecido pelo infrator (Rolim, 2006). É possível 
estabelecer um padrão criminal, verificando o agrupamento dos crimes em 
 
 
6 
 
 
determinadas regiões, dias e horários, onde determinados alvos e vítimas são 
atingidos pela atividade delituosa (Silva Fortes; Tasca, 2014). 
 
 
TEMA 5 – A PREVENÇÃO SITUACIONAL 
A prevenção situacional é fundamentada pelas teorias acima e envolve 
gestão, design e manipulação de ambientes urbanos. Todo esse processo deve 
ser desenvolvido de maneira sistêmica e adequada a cada tipo de crime 
cometido em cada localidade. (Sampaio, 2007). 
A prevenção situacional deixa de lado o olhar que tradicionalmente se 
lançava sobre o infrator, a sua possível ressocialização e nem mesmo se 
preocupa com as motivações que levam o sujeito a delinquir. O objetivo volta-se 
totalmente para criar ambientes que sejam adversos a práticas delitivas, 
conduzindo os criminosos a mudarem de ideia e a desistirem de sua empreitada 
(Sampaio, 2007). 
Convém destacar que essas técnicas vêm se desenvolvendo ao longo dos 
anos e, em nosso entendimento, é natural que continuem. 
Todavia, nem todas as técnicas são igualmente adequadas para todos os 
tipos de crimes. Cada caso específico deve ser analisado, porém nada impede 
que as técnicas se somem. 
Podemos resumir a Teoria da Prevenção Situacional em tornar mais difícil 
o “trabalho” dos criminosos. 
A preocupação com o controle do ambiente, a proteção das pessoas e a 
vigilância constante, elementos constantes da prevenção situacional, visa, acima 
de tudo, preservar a qualidade de vida da população. Conforme verificamos, a 
sensação de insegurança causa grandes perdas na qualidade de vida. Portanto, 
uma das melhores soluções para o problema da segurança é que façamos bons 
investimentos em prevenção. 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
 
NA PRÁTICA 
Faça uma pesquisa com seus colegas e amigos, perguntando a eles se 
já foram vítimas de algum crime, ou se conhecem pessoas que tenham sido. 
Questione quais foram as circunstâncias em que ocorreu, como, local, horário, o 
que a vítima estava fazendo e com quem. Depois, com as anotações em mãos, 
estabeleça comparações com os estudos desta aula e aponte as possíveis falhas 
nas condutas das pessoas que as levaram a serem vítimas. 
 
 
SÍNTESE 
Estudamos que a prevenção é a melhor medida para evitar perigos ou 
danos quando tratamos dos diversos setores de nossas vidas, inclusive para não 
nos tornarmos vítimas de crimes. Além disso, é mais econômico prevenir o crime 
do que sanear os problemas dele advindos. 
Os conceitos de hot spots, instalações de risco, vitimização e vitimização 
repetida foram abordados de forma a direcionarmos nossos estudos para os 
níveis de prevenção e os tipos de políticas de prevenção que nos foram 
apresentados por Rolim. 
Com as Teorias da Escolha Racional, da Oportunidade e do Padrão 
Criminal conseguimos entender um pouco melhor as causas do crime apoiados 
em estudos que se complementam e nos conduzem à Teoria da Prevenção 
Situacional, que se fundamenta nas demais. 
 
 
 
8 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
BRASIL. Ministério da Justiça. Secretaria Nacional de Segurança Pública 
–Senasp. Guia para prevenção do crime da Senasp. Disponível em: 
<https://www.esteio.rs.gov.br/documents/SMSMU/GUIA%20PREVENCAO%20j
ulho-2005.pdf>. Acesso em: 08 jun. 2016. 
CLARKE, R. V.; ECK, J. E. Compreender as instalações de risco. 
Tradução de Chefe Evaristo Ferreira. Disponível em: 
<http://www.popcenter.org/tools/pdfs/portuguese/Compreender-as-Instalacoes-
de-Risco.pdf>. Acesso em: 08 jun. 2016. 
ROLIM, M. A síndrome da rainha vermelha: policiamento e segurança 
pública no século XXI. Rio de Janeiro: Zahar; Oxford, Inglaterra: University of 
Oxford, Centre for Brazilian Studies, 2006. 
SAMPAIO, Á. M. do C. G.O. Design against crime: prevenção situacional 
do crime em espaço urbano. Disponível em: 
<http://ria.ua.pt/bitstream/10773/1145/1/2008001300.pdf>. Acesso em: 08 jun. 
2016. 
SILVA FORTES, W. A. da; TASCA, J. E. Uma análise sobre a aplicação 
de dados de business intelligence (BI) nas ações de prevenção situacional 
do crime. Disponível em: <https://rop.emnuvens.com.br/rop/article/view/72/71>. 
Acesso em: 21 jun. 2016. 
WAQUIM, B. B. Prevenção situacional: teses, técnicas e reflexões. 
Disponível em: http://www.investidura.com.br/biblioteca-juridica/artigos/direito-
penal/2534-prevencao-situacional-teses-tecnicas-e-reflexoes?format=pdf. 
Acesso em: 1º jun. 2016.

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