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resenha - Projetos de Reabilitação e Prevenção em segurança pública

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Nome: 
Curso:
Disciplina: Projetos de Segurança Pública
RESENHA CRÍTICA
ROLIM, Marcos. A Síndrome da Rainha Vermelha: Policiamento e Segurança pública no século XXI. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. 2006, p.108-110.
	
Projetos de Reabilitação e Prevenção em Segurança Pública
Esta resenha restringe-se a uma análise dos capítulos 1, 3, 6, 7 e 8, da obra do especialista em segurança pública, Marcos Rolim, revelando projetos que funcionam como precaução, melhoria e recapacitação no que diz respeito à segurança pública.
No capítulo 1, o autor esboça o papel da polícia e a forma como o policiamento é desenvolvido nas sociedades modernas. Sendo o papel da “polícia” direcionado para as funções da manutenção, da ordem e da segurança pública, enquanto o papel do “policiamento” destina-se ao patrulhamento preventivo, com a presença de policiais devidamente uniformizados atuando em áreas específicas mais centralizadas. Todavia, Rolim alerta quanto a esses conceitos e ressalta algumas inconsistências e dúvidas. Ele questiona quais são realmente as funções e responsabilidades da polícia, uma vez que manter a ordem e garantir a segurança sem uma política de segurança apoiada pela sociedade civil e pelas mais diversas áreas como a saúde, a educação, a geração de emprego e renda, torna-se - na sua opinião - apenas um preciosismo acadêmico, não funciona de fato. 
Rolim esclarece que é necessário definir se a polícia deve atuar como um braço do sistema de justiça criminal, efetuando prisões ou estudando estratégias eficientes que reduzam a criminalidade. Segundo ele, a prevenção deve ir além da presença ostensiva de policiais nas ruas, já que os marginais apenas evitarão aqueles lugares onde há a presença da polícia, não mudarão a ideia de praticar crimes.
O especialista critica o fato de que não há clareza no que tange ao objeto de estudo da área de segurança pública, porque os policiais não se ocupam apenas com a criminalidade em si, ele cita inúmeras tarefas que são incumbidas aos policiais, dentre elas: autorização para eventos, credenciamento de pessoas, liberação de porte de armas, vistorias, emissão de certificados, proteção a testemunhas, busca de crianças desaparecidas, policiam rodovias, intervêm em brigas de casais, controlam multidões em estádios de futebol, auxiliam portadores de deficiência, amparam alcoolizados, etc. Esse rol de atribuições faz parte da complexidade do trabalho policial e a falta de clareza do que realmente compete à área da segurança pública impede o desenvolvimento de uma ciência da referida área.
 O escritor faz, a partir daí, uma análise a respeito da história das polícias modernas e do modelo de policiamento firmado ao longo do século XX e conclui que, para uma perspectiva humanista, o trabalho policial deve ser voltado para uma missão civilizadora. Convictamente, ele afirma que o que realmente não funciona em termos de policiamento é a violência policial, compreendida como o uso desnecessário e abusivo de meios coercitivos, já que a violência degrada a polícia e destrói a confiança da população. Ele insiste na ideia de que para uma política séria de segurança pública é necessário um diagnóstico competente a respeito da evolução da criminalidade em uma determinada região e que para tal diagnóstico é necessário o acesso a dados fundamentais sobre a incidência dos eventos criminais e suas circunstâncias, pois uma polícia que atua sem os dados necessários para a otimização de seu desempenho, trabalha às cegas e obtém baixa produtividade.
Rolim, conclui o capítulo defendendo um novo modelo proativo de policiamento, que seja mais próximo e vinculado às comunidades e que uma parceria com entidades da sociedade civil poderia contribuir positivamente para a redução imediata da criminalidade, sendo, portanto, a prevenção, o ponto central desse novo modelo.
No capítulo 3, Rolim evidencia uma perspectiva humanista, ele defende a ideia de que é preciso proteger as pessoas mais vulneráveis, abrir alternativas a essas pessoas de tal forma que se reduza as chances de seu envolvimento com atos infracionais, o que significa reduzir o drama enfrentado por essas pessoas quando se trata de uma ameaça potencial. 
Para o autor, normalmente, no Brasil, a prevenção da violência e da criminalidade é vinculada às chamadas “políticas sociais”, associa-se as chances de redução sempre na dependência de mudanças significativas nas oportunidades de emprego, educação, moradia, etc. Todavia, ele é convicto em afirmar que, para muitos crimes, uma correta intervenção de caráter preventivo pode fazer enorme diferença e o Brasil não dispõe de uma política específica voltada para esse fim. A eficácia que interessa, no ponto de vista do especialista em segurança pública, deve ser humanista, pois soluções de outro tipo costumam produzir efeitos indesejáveis. Ele também alerta que os programas destinados à prevenção da criminalidade e da violência devem ser articulados com as demais políticas públicas, a fim de melhorar as condições sociais que caracterizam as populações-alvo.
Rolim, no capítulo 6, ele esclarece que, no Brasil, não há investimento para a reabilitação de prisioneiros, trata também da necessidade de conduzir a reabilitação de condenados de modo a reduzir a reincidência criminal. Além disso, enfatiza a necessidade de saber se - condenados com histórico de violência - podem realmente ser reabilitados, já que alguns profissionais que trabalham no sistema penitenciário não acreditam em reabilitação quando se trata de determinados perfis criminosos, como é o caso dos agressores sexuais. Contudo, o autor diz que é preciso checar essas opiniões com pesquisas realizadas em vários países a respeito da eficácia dos programas de reabilitação. 
De acordo com seus estudos em outros países, Rolim destaca a experiência australiana os “campos de trabalho” para os prisioneiros e essa experiência tem sido vista pelas comunidades como um caminho para o seu próprio desenvolvimento. A aceitação do trabalho dos prisioneiros é o fator mais recompensador dos programas, porque os presos têm seu trabalho valorizado, razão de orgulho e elevação da estima.
No capítulo 7, Rolim relata práticas de vários países como o modelo de justiça criminal, presente praticamente em todas as nações modernas, o qual, análogo à “punição” parece firmado no senso comum. Ele enfatiza um exemplo contemporâneo forte de práticas restaurativas encontrado no Japão e que tem contribuído para a redução do crime no país. Os japoneses incorporaram ao seu ordenamento jurídico um determinado padrão de “confissão-arrependimento-perdão”, presente desde o primeiro interrogatório policial até a última sessão do tribunal. A maioria dos acusados pela prática de algum delito confessa, mostra arrependimento, negocia o perdão com suas vítimas e se submete inteiramente ao poder das autoridades. E, como retribuição, essas pessoas são tratadas com compreensão e ganham expectativa de remições futuras. 
Rolim traça comparações entre o modelo de justiça criminal, o modelo de justiça civil e o modelo de justiça restaurativa. Ele dá ênfase aos programas de justiça restaurativa empregados na Nova Zelândia, desde 1989. No começo, essa prática era empregada apenas com adolescentes infratores, mas, atualmente, é empregada também em crimes praticados por adultos. Como parte desse programa, há um encontro chamado “audiência familiar”, a ideia é que participem pessoas importantes para cada uma das partes nesses encontros, a fim de surtir efeitos positivos. Os resultados das análises comprovam que os indicadores disponíveis para reincidência são muito menores. Vale lembrar que, nessa proposta de justiça restaurativa, a participação é voluntária. 
No capítulo 8, Rolim demonstra inquietação ao expor que, no Brasil, não temos informações elementares que permitam um diagnóstico seguro sobre as tendências criminais em curso, tampouco dados que nos permitam medir a eficácia de iniciativas assumidas pela polícia. Não há como saber as reais dimensões do problema e nem como avaliar os resultados.Ele deixa nítida a necessidade de se examinar com cautela dados estatísticos de criminalidade, uma vez que o nível estatístico da criminalidade depende das decisões tomadas pelas vítimas, o que não se pode garantir que essas decisões sejam estáveis no tempo. 
O autor admite que muitas inovações têm sido introduzidas em todo o mundo no que diz respeito à coleta de dados necessários ao trabalho das polícias e a principal delas é a realização das pesquisas de vitimização, o qual consiste em obter informações a respeito de pessoas vitimizadas em um espaço definido de tempo. Rolim destaca os EUA e o Reino Unido como tradicionais nessas pesquisas, eles colhem dados sobre as circunstâncias do crime e o perfil das vítimas, o que permite uma visão mais ampla do que apenas aquelas expostas nos boletins de ocorrência. O lado negativo dessas pesquisas é que elas não medem os crimes praticados contra pessoas jurídicas ou agressões contra crianças. Como são realizadas nas residências, os moradores de rua, pessoas “institucionalizadas” em asilos, abrigos, hospitais psiquiátricos e prisões acabam ficando de fora do cômputo geral. Esses e outros procedimentos técnicos são fundamentais porque fornecem indicadores mais precisos sobre as medidas preventivas a serem tomadas. 
Diante do exposto, é conveniente concordar com Rolim em muitos aspectos, pois, no Brasil, urge uma reforma inevitável quanto à segurança pública. Em primeiro plano, há uma necessidade emergente de se pensar em políticas de caráter preventivo e desenvolvimento social, ao invés de apenas aumentar a quantidade de policiais nas ruas. 
Em segundo, há urgência em se criar um banco de dados informatizados, visto que a maioria das delegacias sequer possui computadores e internet. Tais dados viabilizariam também a medição do grau de confiança e satisfação da população no que concerne ao trabalho da polícia. 
Por fim, é válido salientar a importância de se desenvolver parcerias com outros órgãos e instituições sociais no país. Enfatizando as palavras do autor, países como o Brasil – marcados pela desigualdade social e pela miséria – exigem recursos de assistência social mais efetivos, a fim de assegurar relações de dignidade entre as partes e, como ele afirma, não é uma tarefa simples. Desta forma, repensar as práticas e criar projetos de intervenções de caráter preventivo em segurança pública deve ser prioridade no Brasil.

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