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A4 - Arquitetura e Prevenção ao Crime

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DISCIPLINA: 
ARQUITETURA E PREVENÇÃO 
DO CRIME 
AULA 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Marcelo Trevisan Karpinski 
 
 
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CONVERSA INICIAL 
Nesta aula vamos aprimorar os estudos em relação à Crime Prevention 
Through Environmental Design (CPTED) e ao Design Against Crime (DAC). 
Aprenderemos que países como a Inglaterra somaram à arquitetura conceitos 
de produtos com design adequados para evitar delitos. O termo Design Against 
Crime [Design Contra o Crime] passou a abarcar o conceito de projetos de 
produtos. Ademais, trataremos da acessibilidade e do desenho universal. 
 
 
TEMA 1 – VANTAGENS DA APLICAÇÃO DAS TÉCNICAS DE CPTED E DE 
PRESERVAÇÃO SITUACIONAL 
Crowe, citado por Bondaruk (2015, p. 72 e 73), a título de exemplo, fala 
da importância de tais conceitos: 
 
 Cidades americanas que os aplicaram obtiveram redução de 
furto e roubo em lojas de conveniência entre 50 e 65%; 
 Em outras cidades como Fort Lauderdale, Knoxville, North Miami 
Beach, entre outras, a redução de tráfico de drogas e crimes em geral 
foi de 15 a 100%; 
 Os governos dos Estados Unidos da América, Canadá, Japão, 
França, Alemanha, Turquia, Reino Unido, entre outros países, mantêm 
programas regulares de estudos e desenvolvimento de Arquitetura 
contra o Crime; 
 A aplicação dos conceitos de Arquitetura Contra o Crime (ACC), 
comprovou fortalecer as atividades comunitárias, ao mesmo tempo que 
reduziam problemas com a criminalidade (CROWE, 199:56); 
 Os conceitos de ACC são fundamentais para os valores mais 
tradicionais de uma polícia preventiva, por ajudar a comunidade a 
funcionar mais propriamente; 
 Os problemas relativos à criminalidade são tratados em vários 
níveis da ambiência comunitária (ambiente residencial, escolar, 
comercial, de lazer, e outros); 
 Proporciona uma integração de abordagens preventivas (ao 
analisar o comportamento criminal, permite diferentes formas de 
atuação, através de estratégias mais adequadas a uma efetiva redução 
do comportamento delitivo); 
 Permite o estabelecimento de objetivos a médio e longo prazos, 
posto que a correta aplicação dos seus conceitos demande um 
processo de reavaliação constante de resultados obtidos, baseados 
em técnicas comprovadas mundialmente; 
 Encoraja a assunção de responsabilidade coletiva pela solução 
de problemas, em função dos bons resultados que obtém na redução 
da desordem percebida, do crime e do medo do crime; 
 Promove uma abordagem interdisciplinar dos problemas 
urbanos, pois envolve diferentes setores da sociedade, que não 
apenas a polícia, nos esforços pela melhoria das condições de 
segurança; 
 
 
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 Encoraja um melhor relacionamento entre a comunidade e a 
polícia, pois demanda um esforço coordenado entre ambas, 
demonstrando à comunidade um efetivo empenho da corporação 
policial na melhoria das condições de segurança desta mesma 
comunidade; 
 Desenvolve linhas-guia e padrões de conduta para atividades de 
planejamento, crescimento e desenvolvimento urbanos pautados em 
critérios absolutamente técnicos e calcados em estudos e pesquisas; 
 É um grande fomentador de programas de revitalização urbana, 
renovada por conceitos modernos de utilidade e segurança; 
 Institucionaliza políticas públicas e práticas de prevenção ao 
criar, em órgãos tradicionalmente não envolvidos diretamente em tais 
atividades, como prefeituras, universidades, comércio e indústria; 
 Partindo de conceitos em grande parte simples, são de fácil 
compreensão e assimilação por parte não apenas de arquitetos, 
engenheiros, industriais, comerciantes e policiais, mas também de 
pessoas da comunidade, que passam a fazer parte de movimentos de 
reestruturação urbana, com relativa facilidade, nas suas comunidades 
e nas cidades como um todo. 
 
Bondaruk (2015, p. 71) nos apresenta a Arquitetura Contra o Crime 
(ACC) lecionando “que a Prevenção do Crime Através da Arquitetura Ambiental 
pode ser definida como todas as providências a serem tomadas, visando reduzir 
a probabilidade de acontecimento de delitos, através de modificações no 
desenho urbano, aumentando assim a sensação de segurança.” 
Países como a Inglaterra estão com estudos já avançados em relação ao 
design contra o crime e acrescentaram à arquitetura conceitos de produtos com 
design adequados para evitar delitos. O termo Design Against Crime passou a 
abranger o conceito de projetos de produtos (Bondaruk, 2015). 
 
 
TEMA 2 – QUATRO PRINCÍPIOS BÁSICOS DA CPTED 
 Vigilância natural: é um dos conceitos mais importantes de toda a 
Arquitetura Contra o Crime, como dissuasória de atitudes antissociais ou 
ilícitas (Bondaruk, 2015). 
 Controle de acessos: baseia-se no arranjo de vegetação, similar a 
arbustos, bem como de estruturas físicas – portas, cercas, muros que 
levam as pessoas a repensarem se sua presença naquele espaço é 
adequada ou não. 
 
 
 
 
 
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 Reforço territorial: consiste em aumentar o sentimento de pertença do 
ambiente para quem dele usufrui e limitar esse empoderamento para 
quem dele não faz parte – este é um dos objetivos do reforço territorial –, 
além de delimitar fronteiras claras entre espaço público e privado. 
 Manutenção e gestão: abandonar a área, a casa ou o estabelecimento, 
no sentido de deixar estragar, degradar e ficar com o aspecto de 
abandono, é crucial para que práticas delituosas se apresentem. 
Embelezamento e zelo tendem a afastar as tentativas de desordem. 
Soma-se aos princípios básicos da CPTED a Abordagem 3 “D”, que trata 
da utilização do espaço e da sua adequada gestão. 
 
 
TEMA 3 – CATEGORIAS DA CPTED 
De acordo com a DGAI (2010), os princípios básicos da CPTED podem 
ser subdivididos em várias estratégias e estas podem ser classificadas em 
categorias, conforme segue: 
 
1. Amplos campos de visão; 
2. Iluminação adequada; 
3. Redução dos percursos escondidos e isolados; 
4. Diminuição de áreas vulneráveis; 
5. Redução de isolamento; 
6. Promoção do uso misto; 
7. Criação de atividades; 
8. Criação do sentimento de pertença através da manutenção e gestão; 
9. Disposição de sinalética e informação; 
10. Melhoria da concepção arquitetônica dos espaços construídos ... 
 
 
TEMA 4 – PREVENÇÃO EM RESIDÊNCIAS, CONDOMÍNIOS, COMÉRCIO, 
BANCOS E ESPAÇOS PÚBLICOS 
Para a prevenção nas residências e nos condomínios vamos lembrar o 
conceito apresentado por Bondaruk (2015) de linhas de defesa. Essas linhas 
de defesa são três perímetros de proteção que estão localizados entre o que 
queremos proteger e o delinquente. São elas: 1) portas e janelas; 2) cercamento, 
concertinas, cercas elétricas, eclusas; e 3) rua. 
 
 
 
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Em relação à prevenção no comércio, Bondaruk (2015, p. 188) sugere 
que nas edificações em que serão instalados estabelecimentos comerciais seja 
observado o seguinte: 
 
(1) Além da porta, sempre que possível, devem haver janelas 
amplas permitindo a visibilidade da rua para o interior da loja e vice-
versa, como o mesmo nível de segurança da porta, quando fechada 
(Ex.: se houver porta pantográfica na entrada, as janelas deverão tê-
las também); 
(2) Se houver interesse em toldos defronte à loja, estes devem ser, 
quando possível, posicionados acima da linha de visão da porta, não 
reduzindo o campo visual; 
(3) Se a edificação for de esquina, a importância de haver janelas 
laterais é maior, posto que se formarão pontos cegos naturais, nas 
duas laterais do prédio, se estas não houverem [sic]; 
(4) Se a edificação da loja for geminada (“pegada”) com outra 
edificação ou loja, é importante manter atenção sobre a segurança 
dela, principalmente se ela estiver desocupada. Muitos delitos 
acontecem através de invasõesem um local desocupado, para através 
dele penetrar em uma loja ativa, principalmente por escavações 
através da parede. 
 
Quanto à prevenção nos bancos com as medidas de Arquitetura Contra o 
Crime e a Lei nº 7.102, de 20 de junho de 1983, esses estabelecimentos tiveram 
melhoras no quesito segurança (Bondaruk, 2015). 
Por fim, nas prevenções em espaços públicos, o mais importante 
frisarmos é que a participação das pessoas, sejam elas moradores, sejam 
comerciantes, na busca de alternativas e providências nas questões de 
segurança, é fundamental também para os ambientes públicos. 
 
 
TEMA 5 – ACESSIBILIDADE E DESENHO UNIVERSAL 
É nos ambientes públicos que se destaca a necessidade de darmos maior 
atenção à questão da acessibilidade. O Decreto-Lei nº 5.296, de 02 de dezembro 
de 2004, que regulamenta as Leis nº 10.048, de 08 de novembro de 2000, e 
10.098, de 19 de dezembro de 2000, define: 
 
 
Art. 8o Para os fins de acessibilidade, considera-se: 
I – acessibilidade: condição para utilização, com segurança e autonomia, 
total ou assistida, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das 
edificações, dos serviços de transporte e dos dispositivos, sistemas e meios 
 
 
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de comunicação e informação, por pessoa portadora de deficiência ou com 
mobilidade reduzida; [...]. (Grifo nosso) 
 
Outro conceito interessante ao nosso estudo, retirado do site da 
Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência1, está 
relacionado também ao design: 
 
Desenho Universal: significa a concepção de produtos, ambientes, 
programas e serviços a serem usados, na maior medida possível, por 
todas as pessoas, sem necessidade de adaptação ou projeto 
específico. O “Desenho Universal” não excluirá as ajudas técnicas para 
grupos específicos de pessoas com deficiência, quando necessárias. 
 
 
NA PRÁTICA 
Faça uma caminhada pelas ruas de sua cidade e busque identificar a 
adequação, ou não, das calçadas, das ruas e do acesso ao comércio para 
pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida. 
 
 
SÍNTESE 
Observamos nesta aula algumas das vantagens da aplicação da CPTED. 
O termo Design Against Crime passou a abarcar o conceito de projetos de 
produtos, como mochilas, cadeiras e até mesmo roupas. 
Vimos os quatro princípios básicos da CPTED, que são somados ao 
conceito da Abordagem 3 “D”: 1) Vigilância natural; 2) Controle de acessos; 3) 
Reforço territorial; e 4) Manutenção e gestão. 
De acordo com a DGAI (2010), os princípios básicos da CPTED podem 
ser subdivididos em várias estratégias, que podem ser classificadas em 
categorias. 
Também foi alvo de nossa aula a prevenção em residências, 
condomínios, comércio, bancos e espaços públicos. Findamos com o tema 
acessibilidade e desenho universal. 
 
 
 
1 Disponível em: <http://www.pessoacomdeficiencia.gov.br/app/acessibilidade/conteudo-para-
capacitacao-em-acessibilidade>. 
 
 
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REFERÊNCIAS 
 
BONDARUK, R. L. A prevenção do crime através do desenho 
urbano. Edição do autor. Curitiba: [s.n.], 2015. 
DGAI – Direção-Geral de Administração Interna. CPTED – Prevenção 
Criminal através do Espaço Construído. Guia de boas práticas. Lisboa: 
[s.n.], 2010. Disponível em: <http://docplayer.com.br/13064793-Guia-de-boas-
praticas.html>. Acesso em: 04 jul. 2016.

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