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DISCIPLINA: ARQUITETURA E PREVENÇÃO DO CRIME AULA 5 Prof. Marcelo Trevisan Karpinski 2 CONVERSA INICIAL O conteúdo desta aula será sobre segurança e sustentabilidade. Abordaremos experiências tanto internacionais quanto nacionais, no tocante a espaços urbanos seguros, e finalizaremos o capítulo com o tema Polícia Comunitária, que chegou ao Brasil na década de 1980. TEMA 1 – O PAPEL DA SEGURANÇA E DA SUSTENTABILIDADE URBANA A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável – Rio+20 trabalhou no desenvolvimento de objetivos e metas para implementar o que já havia sido anteriormente discutido em relação aos objetivos de desenvolvimento do milênio. Foi, então, decidido que o processo deveria ser intergovernamental e aberto a todos. Nessa ideia foi aprovado o documento Transformando Nosso Mundo: A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Trata-se de um plano de ação que visa guiar as pessoas para o empenho de buscar a erradicação da pobreza em todos os seus aspectos, a prosperidade, a paz, as parcerias e a proteção do planeta. É composto por 17 objetivos, denominados Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)1, que são subdivididos em 169 metas. Não obstante, para o nosso trabalho, nesta disciplina, selecionamos apenas 2 dos 17 objetivos, bem como suas respectivas metas. Cidades e comunidades sustentáveis: tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis. Paz, justiça e instituições eficazes: promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis. Esse documento, com seus Objetivos e Metas, retrata a necessidade do esforço conjunto entre todos os atores sociais para que a Sustentabilidade se instale no Planeta de forma efetiva. Objetivos e Metas são indissociáveis e 1 Disponível em: http://www.pnud.org.br/ODS.aspx 3 atendem às três dimensões do desenvolvimento sustentável: a econômica, a social e a ambiental (PNUD, 2016). TEMA 2 – POLÍTICAS PÚBLICAS DE SEGURANÇA E PREVENÇÃO Canadá – Safer Cities. Desde 1996 o governo canadense é envolvido no programa Safer Cities, que é composto por várias políticas de segurança, buscando a cooperação, no combate à violência e ao crime, dos governos locais, da polícia e da comunidade nos projetos de segurança nos transportes, nos ambientes públicos, no comércio e nas indústrias. Reino Unido – Secured by Design (SBD). Projeto da polícia britânica que fornece certificação para a construção de prédios e edificações que atendam aos padrões de qualidade e segurança. Identifica e modifica características que possam influenciar possíveis agressores no cometimento de crimes e diminuir a sensação de medo. Esse trabalho foi desenvolvido em 1989 (Ricardo et al., 2013). Holanda – Certificado de Casas Seguras. Baseada na iniciativa do Reino Unido (SBD), a Holanda desenvolveu tal Certificado. Este projeto foi idealizado pensando em construções novas, posteriormente sendo estendido àquelas que já existiam. As diretrizes foram escritas para arquitetos e policiais. Para isso, a exemplo britânico, a polícia holandesa começou a formar policiais especializados, que poderiam dar início ao processo de certificação. Os profissionais de segurança passaram a analisar os projetos junto com projetista e demais interessados nas construções (Ricardo et al., 2013). Chile – Programa Comuna Segura. O governo chileno e a Fundación Paz Ciudadana, no ano de 2004, criaram o Manual Espaços Urbanos Seguros, seguindo os princípios do CPTED. Dividido em três partes, inclusive com narrativa de experiência positiva realizada, o Manual tem como objetivo maior trazer recomendações de desenho urbano e gestão da comunidade. Um exemplo é de Puente Alto, pioneira nas práticas do CPTED e de gestão com a comunidade envolvida. Identificadas as áreas mais vulneráveis, assim como o perfil dos delinquentes, voltou-se o foco para o espaço público modificando elementos geradores de insegurança (Ricardo et al., 2013). Como experiências nacionais de políticas públicas de segurança e prevenção trazemos as seguintes: 4 Programa Espaços Urbanos Seguros – Jogos Pan-Americanos – Rio de Janeiro Projeto Praças da Paz SulAmerica – São Paulo Prometrópole - Recife TEMA 3 – POLÍCIA COMUNITÁRIA Trojanowicz e Bucqueroux (1994, p. 4) fazem uma definição clara lecionando que Polícia Comunitária: É uma filosofia e estratégia organizacional que proporciona uma nova parceria entre a população e a polícia. Baseia-se na premissa de que tanto a polícia quanto a comunidade devem trabalhar juntas para identificar, priorizar e resolver problemas contemporâneos tais como crime, drogas, medo do crime, desordens físicas e morais, e em geral a decadência do bairro, com o objetivo de melhorar a qualidade geral da vida na área. Contudo, não podemos confundir Polícia Comunitária, que, como vimos em Trojanowicz (1994, p. 4), é uma filosofia e estratégia, com Policiamento Comunitário, que, segundo Bondaruk e Souza (2004, p. 49), “... é uma atividade específica da polícia, compreendendo todas as ações policiais decorrentes desta estratégia”. Temos como exemplos de experiências internacionais de policiamento comunitário: Estados Unidos da América – os principais programas comunitários desenvolvidos nos EUA foram: Tolerância Zero; Broken Windows Program; Policing Oriented Problem Solving. Canadá – Base territorial; parceria com a população; visita dos policiais; participação voluntária da comunidade; Trovão Azul; polícia montada. Japão – Chuzaisho; Koban. 5 TEMA 4 – OS SEIS GRANDES DO POLICIAMENTO COMUNITÁRIO Em Trojanowicz e Bucqueroux (1994, p. 3) aprendemos que: “Os ‘Seis Grandes’ referem-se aos seis grupos que devem ser identificados e trabalhados conjuntamente para assegurar o êxito de quaisquer esforços de policiamento comunitário.” São eles: 1) Departamento de Polícia; 2) Comunidade; 3) Autoridades civis eleitas; 4) Comunidade de Negócios; 5) Outras instituições; 6) Mídia. TEMA 5 – CONSELHOS COMUNITÁRIOS DE SEGURANÇA As primeiras experiências de Conselho Comunitário de Segurança (Conseg) iniciaram nos estados do Paraná, do Ceará e de São Paulo, na década de 1980 (Brasil, 2007). As finalidades dos conselhos comunitários de segurança são: Canalizar as aspirações da comunidade, de forma que os integrantes das Polícias Estaduais e dos demais órgãos e entidades do sistema de segurança pública e/ou defesa social possam maximizar sua atuação em defesa da comunidade; Congregar as lideranças comunitárias afins, conjuntamente com as autoridades locais, no sentido de planejar ações integradas de segurança que resultem na melhoria da qualidade de vida da comunidade e na valorização dos integrantes do sistema de segurança pública e defesa social; Desenvolver um trabalho auxiliar de combate às causas da violência, através de atividades que despertem em cada cidadão o sentimento subjetivo de segurança e o espírito de cooperação e solidariedade recíproca em benefício da ordem pública e do convívio social; Desenvolver e fortalecer, junto aos seus moradores, os princípios da amizade, união e solidariedade humana, estimulando a troca de experiências e a realização de açõesde defesa social comuns entre esta comunidade e outros bairros; Estimular o espírito cívico e comunitário na área dos respectivos Conselhos Comunitários de Segurança; Promover e implantar programas de orientação e divulgação de ações de autodefesa nas comunidades, inclusive estabelecendo parcerias, visando à realização de projetos e campanhas educativas de interesse da Segurança Pública; 6 Promover eventos comunitários que fortaleçam os vínculos da comunidade com sua polícia e o valor da integração de esforços na prevenção de infrações e acidentes; Colaborar com iniciativas de outros órgãos que visem ao bem-estar da comunidade, desde que não colidam com o disposto na legislação; Desenvolver e implantar sistemas para coleta, análise e utilização de avaliação dos serviços atendidos pelos órgãos policiais, bem como reclamações e sugestões do público; Propor às autoridades competentes a adoção de medidas que tragam melhores condições de vida à família policial e de trabalho aos policiais e integrantes dos demais órgãos que prestam serviço à causa da segurança pública; Colaborar com as ações de Defesa Civil, quando solicitado, prestando o apoio necessário nas suas respectivas circunscrições; Propor às autoridades policiais a definição de prioridades na segurança pública, na área circunscricional do Conselho Comunitário de Segurança; Articular a comunidade visando à solução de problemas ambientais e sociais que tragam implicações policiais; Estreitar a interação entre as unidades operacionais das polícias, com vistas ao saneamento dos problemas comunitários em suas circunscrições; Estudar, discutir e elaborar sugestões e encaminhamentos para as políticas públicas de segurança; Funcionar como fórum para prestação de contas por parte da polícia quanto à sua atuação local; Realizar estudos e pesquisas com o fim de proporcionar o aumento da segurança na comunidade e maior eficiência dos órgãos integrantes da segurança pública e defesa social, inclusive mediante convênios ou parcerias com instituições públicas e privadas; Sugerir programas motivacionais, visando à maior produtividade dos agentes de segurança pública e defesa social da área, reforçando sua autoestima e contribuindo para reduzir os índices de criminalidade. (Brasil, 2013, p. 329-331) NA PRÁTICA Verifique se no seu bairro existe um Conseg em funcionamento. Faça uma visita e observe como é o desenrolar de uma reunião. Anote os assuntos que foram tratados e quais as autoridades que estão presentes. Caso não haja em seu bairro um Conseg, faça uma visita ao mais próximo. SÍNTESE Vimos que, internacionalmente, inclusive as Nações Unidas têm discutido sobre Desenvolvimento Sustentável e foi aprovado o documento Transformando Nosso Mundo: A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. 7 Políticas públicas de segurança e prevenção foram desenvolvidas internacionalmente e citamos exemplos do Canadá, Reino Unido, Holanda e Chile. Ademais, experiências nacionais de políticas públicas de segurança e prevenção foram elencadas: o Programa Espaços Urbanos Seguros – Jogos Pan-Americanos, o Projeto Praças da Paz SulAmerica, e o Prometrópole. A importância tanto da Polícia Comunitária quanto do policiamento comunitário, com exemplos nacionais e internacionais, e os “Seis Grandes do Policiamento Comunitário” foram conhecidos, assim como os Conselhos Comunitários de Segurança. REFERÊNCIAS BONDARUK, R. L; SOUZA, C. A. Polícia Comunitária: polícia cidadã para um povo cidadão. Curitiba: Comunicare, 2004. BRASIL. Ministério da Justiça. Secretaria Nacional de Segurança Pública – Senasp. Curso Nacional de Multiplicador de Polícia Comunitária. 5. ed. Brasília, 2013. Disponível em: <http://www.tjmt.jus.br/INTRANET.ARQ/CMS/GrupoPaginas/105/988/Multiplica dor_Pol%C3%ADcia_Comunit%C3%A1ria.pdf>. Acesso em: 09 jul. 2016. BRASIL. Ministério da Justiça. Secretaria Nacional de Segurança Pública – Senasp. Curso Nacional de Promotor de Polícia Comunitária. Brasília, 2007. Disponível em: <http://portal.aesp.ce.gov.br/file_bd?sql=FILE_DOWNLOAD_FIELD_ARQUIVO _DOWNLOAD¶metros=2599&extFile=pdf>. Acesso em: 10 jul. 2016. PNUD – PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO. Brasil, 2016. Disponível em: <http://www.pnud.org.br/ODS.aspx>. Acesso em: 08 jul. 2016. TROJANOWICZ, R; BUCQUEROUX, B. Policiamento Comunitário: como começar Tradução de Mina Seinfeld de Carakushansky. Rio de Janero: Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, 1994.
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