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Curso de Direito Turma A – Manhã - 2012.1 Teoria e Prática da Redação Jurídica Prof.: Carlos Kley Sobral Disciplina: CCJ0052 APT: 010 Aluno: Waldeck Lemos de Arruda Junior Matrícula: 2012.01.140749 Folha: 1 de 2 Data: 27/08/2013 MD/Direito/Estácio/Período-04/CCJ0052/Aplicação Prática Teórica-010/WLAJ/DP TRABALHO PARA AV2 Aplicação Prática Teórica = Web-Aula-10 Caso Concreto Ivan faleceu em 13.01.2003. Seu inventário foi aberto por seus filhos Gustavo e Flávio, herdeiros necessários do de cujus, oportunidade em que foi declarado que o mesmo era casado com Paula pelo regime da separação convencional de bens. Citada, na forma do art. 999 do CPC, Paula postula sua habilitação no processo de inventário, como herdeira necessária, bem como pleiteia a concorrência na partilha dos bens do de cujus, com fulcro nos art. 1.829, I e 1.845, ambos do CC/02, já que o legislador não excluiu da participação na sucessão o cônjuge casado pelo regime da separação convencional de bens. Os herdeiros apresentam impugnação ao pleito de Paula, ao argumento de que o regime adotado pelo casal fora lavrado por escritura pública de pacto antenupcial, com todas as cláusulas de incomunicabilidade, razão pela qual a impugnada deveria ficar excluída da sucessão. Material de apoio: Sucessão do Cônjuge Sob a Égide do Atual Código: Com a entrada em vigor do Código Civil de 2002, em 11.1.2003, o cônjuge passou a ser considerado herdeiro necessário, e não apenas facultativo, juntamente com os descendentes e com os ascendentes, com fulcro no Art. 1.845 do CC. Além disso, passou a concorrer na sucessão do de cujus juntamente com a classe dos descendentes e com a classe dos ascendentes, conforme se coaduna da leitura do artigo 1.829, I e II do CC/02. O Art. 1.829, I do CC estabelece que a sucessão legítima será deferida ao cônjuge em concorrência com os descendentes, exceto se casado pelo regime da comunhão universal, da separação obrigatória ou da comunhão parcial, se o autor da herança não houver deixado bens particulares. Em razão de o regime da separação consensual ou convencional não se encontrar expresso na exceção do artigo supramencionado, controvérsia doutrinária e jurisprudencial surge sobre o tema. Explanação da Controvérsia: Uma primeira posição, que é defendida pela maioria da doutrina, dentre a qual se incluem os autores: Maria Helena Diniz e Washington de Barros Monteiro, sustenta que o cônjuge casado pelo regime da separação convencional de bens deve concorrer com os descendentes do autor da herança, uma vez que esse regime não se encontra na exceção do art. 1.829, I do CC e o intérprete não pode restringir onde a legislador não o fez. Sustenta que caso fosse a pretensão do legislador excluir o direito sucessório cônjuge casado pelo regime da separação convencional de bens, teria o feito expressamente, da mesma forma que foi feito com o regime da comunhão universal e da separação obrigatória. Uma segunda posição, que é a que vem predominando no STJ, sustenta que o cônjuge casado pelo regime da separação convencional de bens não pode concorrer com os descendentes do autor da herança, uma vez que, antes de qualquer coisa, deve ser preservado o princípio da dignidade da pessoa humana, que se espraia, no plano da livre manifestação de vontade humana, por meio da autonomia da vontade, autonomia privada e da consequente autorresponsabilidade, bem como da confiança legítima que brota da boa-fé. Preconiza que se deve ter no Direito das Sucessões uma transmutação o regime que fora escolhido em vida, de forma que prevaleça a interpretação que prima pela valorização da vontade das partes na escolha do regime, mantendo essa escolha intacta tanto na vida quanto na morte. QUESTÃO Após a compreensão do conflito e a leitura das fontes primárias e secundárias que auxiliam a solução da lide, desenvolva uma ementa e uma fundamentação para o caso concreto. Sua fundamentação deverá apresentar, pelo menos, três parágrafos argumentativos diferentes. Escolha livremente entre as opções listadas na Curso de Direito Turma A – Manhã - 2012.1 Teoria e Prática da Redação Jurídica Prof.: Carlos Kley Sobral Disciplina: CCJ0052 APT: 010 Aluno: Waldeck Lemos de Arruda Junior Matrícula: 2012.01.140749 Folha: 2 de 2 Data: 27/08/2013 MD/Direito/Estácio/Período-04/CCJ0052/Aplicação Prática Teórica-010/WLAJ/DP aula de hoje. RESPOSTA: PARECER EMENTA: VIOLAÇÃO AO DIREITO DE SUCESSÃO. Regime de separação convencional dos bens - Princípio da dignidade da pessoa humana – Princípio da livre manifestação da vontade – Princípio da autonomia privada - Princípio da boa fé. Parecer favorável à impugnação do pleito a sucessão. Cônjuge casado pelo regime da separação convencional de bens não pode concorrer com os descendentes do autor da herança porque deve ser preservado o princípio da dignidade da pessoa humana, que se espraia, no plano da livre manifestação de vontade humana e também da autonomia privada, além de ferir a confiança legítima que brota do princípio da boa-fé. A Constituição Federal garante a livre manifestação da vontade e da autonomia privada, bem como o Código Civil de 2002 admite o regime da separação convencional de bens. Já que este foi o regime escolhido pela Demandante e seu falecido cônjuge, deve o mesmo ser respeitado. Embora a tese defendida pela maioria da doutrina, dentre a qual se incluem os autores: Maria Helena Diniz e Washington de Barros Monteiro, sustenta que o cônjuge casado pelo regime da separação convencional de bens deve concorrer com os descendentes do autor da herança, uma vez que esse regime não se encontra na exceção do art. 1.829, I do CC e o intérprete não pode restringir onde a legislador não o fez. É certo que deve ser seguida a opinião do STJ, onde o cônjuge casado pelo regime da separação convencional de bens não pode concorrer com os descendentes do autor da herança, uma vez que, antes de qualquer coisa, deve ser preservado o princípio da dignidade da pessoa humana, o da livre manifestação da vontade e o da boa-fé. Parecer favorável à impugnação do pleito da demandante. Deve a Demandante, respeitar o que foi anteriormente acordado com o seu já falecido cônjuge, e não pleitear o que não é cabível na herança do mesmo. Ante o exposto, opino se em vida os cônjuges escolheram um regime de comunhão, na falta de um deles o outro deve respeitar o que foi acordado. É o parecer, salvo melhor juízo. Recife, 27 de agosto de 2013. ____________________________________ Advogado OAB ____________________________________ Waldeck Lemos de Arruda Junior ==XXX==
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