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CCJ0052-WL-A-RA-10-TP Redação Jurídica-Fundamentação do Parecer-01

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Turma A – Manhã - 2012.1�� HYPERLINK "http://portal.estacio.br/" \o "Estácio" �� INCLUDEPICTURE "http://portal.estacio.br/img/logo.png" \* MERGEFORMATINET ������Teoria e Prática da Redação Jurídica
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	Plano de Aula: Teoria e Prática da Redação Jurídica
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA
Título
Teoria e Prática da Redação Jurídica.
Número de Aulas por Semana
Número de Semana de Aula
10.
Tema
Fundamentação do Parecer: técnicas e estratégias argumentativas.
Objetivos
●- Identificar as características do texto argumentativo e diferenciar essa produção textual da narração;
●- Reconhecer os principais tipos de argumento;
●- Compreender a organização lógica e o encadeamento dos argumentos.
Estrutura do Conteúdo
1. Tipos de argumento
1.1. Argumento pró-tese.
1.2. Argumento de autoridade.
1.3. Argumento de senso comum.
1.4. Argumento de oposição.
1.5. Argumento de analogia.
1.6. Argumento de causa e efeito.
2. Seleção e organização dos tipos de argumento
3. Coesão seqüencial e coerência argumentativa
Aplicação Prática Teórica
Os argumentos são recursos linguísticos que visam à persuasão, ao convencimento. O argumento não é uma prova inequívoca da verdade. Argumentar não significa impor uma forma de demonstração, como nas ciências exatas. O argumento implica juízo do quanto é provável ou razoável.
A variedade de tipos de argumentos dinamiza o texto e aumenta a possibilidade de convencimento, uma vez que explora estruturas lógicas diferenciadas.
ARGUMENTO PRÓ-TESE
Caracteriza-se por ser extraído dos fatos reais contidos no relatório. Deve ser o primeiro argumento a compor a fundamentação. A estrutura adequada para desenvolvê-lo seria: Tese + porque + e também + além disso. Cada um desses elos coesivos introduz fatos distintos favoráveis à tese escolhida.
Exemplo: Anísio cometeu um crime doloso inaceitável, repudiado com veemência pela sociedade, porque desferiu três facadas certeiras no peito de sua companheira, e também porque agiu covardemente contra uma pessoa desarmada e fisicamente mais fraca. Além disso, ele já estava desconfiado do caso extraconjugal da mulher, o que afastaria a hipótese de privação de sentidos.
ARGUMENTO DE AUTORIDADE
Argumento constituído com base nas fontes do Direito e/ou em pesquisas científicas comprovadas.
Exemplo: A Constituição é muito clara quando diz que a vida é um bem inviolável. Uma sociedade democrática defende esse direito e recorre a todos os meios disponíveis para que a vida seja sempre preservada e para que qualquer atentado a esse direito seja severamente punido. No caso em questão, Teresa foi atacada de maneira covarde e violenta, porque não dispunha de meios para ao menos tentar preservar sua vida. Portanto, o réu desrespeitou a Constituição Brasileira e incorreu no crime de homicídio doloso previsto no artigo 121 do Código Penal Brasileiro.
ARGUMENTO DE SENSO COMUM
Consiste no aproveitamento de uma afirmação que goza de consenso; está amplamente difundida na sociedade.
Exemplo: A sociedade brasileira sofre com a violência cotidiana em diversos níveis e não tolera mais essa prática. Certamente, a violência é o pior recurso para a solução de qualquer tipo de conflito. Uma pessoa sensata pondera, dialoga ou se afasta de situações que podem desencadear embates violentos. Não foi essa a opção de Anísio. Preferiu pegar uma faca e, como um bárbaro, assassinar a mulher, evitando todas as outras soluções pacíficas existentes, como a imediata separação que o afastaria definitivamente de quem o traiu. Aceitar sua conduta desmedida seria instituir a pena de morte para a traição amorosa.
ARGUMENTO DE OPOSIÇÃO
Apoiada no uso dos operadores argumentativos concessivos e adversativos, essa estratégia permite antecipar as possíveis manobras discursivas que formarão a argumentação da outra parte durante a busca de solução jurisdicional para o conflito, enfraquecendo, assim, os fundamentos mais fortes da parte oposta.
Compõe-se da introdução de uma perspectiva oposta ao ponto de vista defendido pelo argumentador, admitindo-a como uma possibilidade de conclusão para, depois, apresentar, como argumento decisório, a perspectiva contrária.
Exemplo: Embora se possa alegar que Teresa tenha desrespeitado Anísio, traindo-o com outro homem em sua própria casa, uma pessoa de bem, diante de situações adversas, reflete, pondera, o que a impede de agir contra os valores sociais. Eis o que nos separa dos criminosos. É certo que o flagrante de uma traição provoca uma intensa dor, porém o ato extremo de assassinar a companheira, por sua desproporção, não pode ser aceito como uma resposta cabível ao conflito amoroso.
ARGUMENTO DE ANALOGIA
É aquele que tem como fundamento estabelecer uma relação de semelhança entre elementos presentes tanto no caso concreto analisado quanto em outros casos já avaliados, ou seja, após apresentar as provas do caso concreto, desenvolve-se um raciocínio que consiste em aplicar o tratamento dado em outro caso ou hipótese ao caso ora avaliado.
O objetivo dessa estratégia é aproximar conceitos ou interpretações a partir de casos concretos distintos, mas semelhantes. A analogia é também procedimento previsto no Direito como gerador de norma nos casos de omissão do legislador.
Exemplo: Qualquer pessoa tem dificuldade de negar que utilizaria qualquer meio para defender alguém que ama. Em casos de um assalto, por exemplo, uma mãe está perfeitamente disposta a matar o assaltante para defender a vida de seu filho. Para fugir de uma perseguição, o motorista de um carro é plenamente capaz de causar um acidente para evitar que algo de mal aconteça aos caronas que conduz. O que há de comum nestes e em tantos outros casos de que se tem notícia é que existe um sentimento de amor ou bem querer que impede que uma pessoa dimensione racionalmente as consequências do ato que pratica em favor da proteção de alguém.
ARGUMENTO DE CAUSA E EFEITO
Relaciona conceitos de causalidade e efeito com o objetivo de evidenciar as consequências imediatas de determinado ato (retirado das provas) praticado pelas partes.
Excelente opção para estabelecer nexo causal entre condutas e resultados, quando se trata de Responsabilidade Civil e de Direito Penal.
Exemplo: Por fim, registre-se que, a necropsia concluiu que as três facadas que atingiram de forma brutal a vítima, foram profundas, perfuraram artérias e o coração; consequentemente, provocaram sua morte em poucos segundos. O laudo comprova a determinação de Anísio, não apenas de castigar a pessoa que o preteriu, mas principalmente de provocar sua morte, eliminando a vida da mulher que insanamente dissera amar.
Caso Concreto
Ivan faleceu em 13.01.2003. Seu inventário foi aberto por seus filhos Gustavo e Flávio, herdeiros necessários do de cujus, oportunidade em que foi declarado que o mesmo era casado com Paula pelo regime da separação convencional de bens.
Citada, na forma do art. 999 do CPC, Paula postula sua habilitação no processo de inventário, como herdeira necessária, bem como pleiteia a concorrência na partilha dos bens do de cujus, com fulcro nos art. 1.829, I e1.845, ambos do CC/02, já que o legislador não excluiu da participação na sucessão o cônjuge casado pelo regime da separação convencional de bens.
Os herdeiros apresentam impugnação ao pleito de Paula, ao argumento de que o regime adotado pelo casal fora lavrado por escritura pública de pacto antenupcial, com todas as cláusulas de incomunicabilidade, razão pela qual a impugnada deveria ficar excluída da sucessão.
Material de apoio:
Sucessão do Cônjuge Sob a Égide do Atual Código:
Com a entrada em vigor do Código Civil de 2002, em 11.1.2003, o cônjuge passou a ser considerado herdeiro necessário, e não apenas facultativo, juntamente com os descendentes e com os ascendentes, com fulcro no Art. 1.845 do CC.
Além disso, passou a concorrer na sucessão do de cujus juntamente com a classe dos descendentes e com a classe dos ascendentes, conforme se coaduna da leitura do artigo 1.829, I e II do CC/02.
O Art. 1.829, I do CC estabelece que a sucessão legítima será deferida ao cônjuge em concorrência com os descendentes, exceto se casado pelo regime da comunhão universal, da separação obrigatória ou da comunhão parcial, se o autor da herança não houver deixado bens particulares.
Em razão de o regime da separação consensual ou convencional não se encontrar expresso na exceção do artigo supramencionado, controvérsia doutrinária e jurisprudencial surge sobre o tema.
Explanação da Controvérsia:
Uma primeira posição, que é defendida pela maioria da doutrina, dentre a qual se incluem os autores: Maria Helena Diniz e Washington de Barros Monteiro, sustenta que o cônjuge casado pelo regime da separação convencional de bens deve concorrer com os descendentes do autor da herança, uma vez que esse regime não se encontra na exceção do art. 1.829, I do CC e o intérprete não pode restringir onde a legislador não o fez. Sustenta que caso fosse a pretensão do legislador excluir o direito sucessório cônjuge casado pelo regime da separação convencional de bens, teria o feito expressamente, da mesma forma que foi feito com o regime da comunhão universal e da separação obrigatória.
Uma segunda posição, que é a que vem predominando no STJ, sustenta que o cônjuge casado pelo regime da separação convencional de bens não pode concorrer com os descendentes do autor da herança, uma vez que, antes de qualquer coisa, deve ser preservado o princípio da dignidade da pessoa humana, que se espraia, no plano da livre manifestação de vontade humana, por meio da autonomia da vontade, autonomia privada e da consequente autorresponsabilidade, bem como da confiança legítima que brota da boa-fé. Preconiza que se deve ter no Direito das Sucessões uma transmutação o regime que fora escolhido em vida, de forma que prevaleça a interpretação que prima pela valorização da vontade das partes na escolha do regime, mantendo essa escolha intacta tanto na vida quanto na morte.
QUESTÃO
Após a compreensão do conflito e a leitura das fontes primárias e secundárias que auxiliam a solução da lide, desenvolva uma ementa e uma fundamentação para o caso concreto. Sua fundamentação deverá apresentar, pelo menos, três parágrafos argumentativos diferentes. Escolha livremente entre as opções listadas na aula de hoje.
RESPOSTA-01:
PARECER
EMENTA: VIOLAÇÃO AO DIREITO DE SUCESSÃO. Regime de separação convencional dos bens - Princípio da dignidade da pessoa humana – Princípio da livre manifestação da vontade – Princípio da autonomia privada - Princípio da boa fé. Parecer favorável à impugnação do pleito a sucessão.
Cônjuge casado pelo regime da separação convencional de bens não pode concorrer com os descendentes do autor da herança porque deve ser preservado o princípio da dignidade da pessoa humana, que se espraia, no plano da livre manifestação de vontade humana e também da autonomia privada, além de ferir a confiança legítima que brota do princípio da boa-fé.
A Constituição Federal garante a livre manifestação da vontade e da autonomia privada, bem como o Código Civil de 2002 admite o regime da separação convencional de bens. Já que este foi o regime escolhido pela Demandante e seu falecido cônjuge, deve o mesmo ser respeitado.
Embora a tese defendida pela maioria da doutrina, dentre a qual se incluem os autores: Maria Helena Diniz e Washington de Barros Monteiro, sustenta que o cônjuge casado pelo regime da separação convencional de bens deve concorrer com os descendentes do autor da herança, uma vez que esse regime não se encontra na exceção do art. 1.829, I do CC e o intérprete não pode restringir onde a legislador não o fez. É certo que deve ser seguida a opinião do STJ, onde o cônjuge casado pelo regime da separação convencional de bens não pode concorrer com os descendentes do autor da herança, uma vez que, antes de qualquer coisa, deve ser preservado o princípio da dignidade da pessoa humana, o da livre manifestação da vontade e o da boa-fé.
Parecer favorável à impugnação do pleito da demandante.
Deve a Demandante, respeitar o que foi anteriormente acordado com o seu já falecido cônjuge, e não pleitear o que não é cabível na herança do mesmo.
Ante o exposto, opino se em vida os cônjuges escolheram um regime de comunhão, na falta de um deles o outro deve respeitar o que foi acordado. É o parecer, salvo melhor juízo.
Recife, 27 de agosto de 2013.
____________________________________
Advogado
OAB
RESPOSTA-02: Andrea Barros
VIOLAÇÃO DO DIREITO DE SUCESSÃO – Família e sucessões -deveres indisponíveis - princípio da dignidade da pessoa humana - direito de herança – sucessão legítima. Parecer favorável ao direito de concorrência hereditária.
A Constituição Federal é muito clara quando em seu art. 226, §5º coloca que os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher, no mais o caput do referido artigo determina a premissa: “A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado”, ratificando o valor da família independentemente de como ela se forme.
Apesar do regime de bens entre os cônjuges ter sido o de separação convencional com cláusulas de incomunicabilidade, o que é perfeitamente admitido pelo Código Civil em seu artigo 1.639 caput cc 1.687 e 1.688, não poderão tais cláusulas contrariar a lei, a ordem pública, os bons costumes e a boa fé, garantia ofertada pelo artigo 1.655 do Código Civil que assim textualiza: “É nula a convenção ou cláusula dela que contravenha disposição absoluta de lei” de igual modo refere o art. 1.640 o qual determina que sendo a convenção nula ou ineficaz, vigorará quanto aos bens entre os cônjuges, o regime de comunhão parcial.
Destarte, não se pode negar que a requerente teve seu direito de herdeira necessária violado porque as cláusulas atinentes ao pacto antenupcial violaram deveres indisponíveis como o da dignidade e o da personalidade, ambos formados durante a união conjugal e também instituiu a exclusão de direitos legalmente garantidos como o da mútua assistência violando dispositivo legal cogente, alem disso os deveres conjugais apontados pela legislação civil não podem ser modificados por intermédio da pactuação prévia ao casamento sob pena do instrumento burlar o próprio sistema de regime patrimonial instituído pelo ordenamento jurídico pátrio e, assim prejudicar um dos envolvidos em um momento de dificuldade.
==XXX==
Resumo de Aula (Waldeck Lemos)
	
	10ª AULA – Narrativa Jurídica
	
	Relatório
Só é permitida Valoração Normativa.
Relatório de Parecer => Narrativa Simples e Valorada para a Norma.
Narrativa Jurídica => Fontes do Direito
-Simples
-Valorada
Exemplo: Art. 186
Ação
Omissão => Não deu baixa no pagamento
Violação => Direito de Crédito
Dano => Moral e Material
Trata-se de situação de dano moral em que Bruna mantinha Contrato de Crédito com a Empresa “X”, por meio do qual a referida outorga R$ 10.000,00, com vencimento para o dia 05 de cada mês.
Bruna pagou a fatura, no dia 02 do corrente mês,mesmo assim teve seu nome negativado pela Empresa “X” conforme se vê nos documentos em anexo.
QUESTÃO
Leia o caso concreto:
Marcelo e Camila são casados há 10 anos. Em 01 de novembro de 2008, quando Camila digitava um trabalho da faculdade no computador utilizado pelo casal, ficou estarrecida: encontrou uma série de e-mails comprometedores, armazenados pelo marido, na máquina da família.
Descobriu que, no período de 12 de fevereiro de 2008 a 30 de outubro de 2008, seu marido, usando o apelido ”homem carente de meia idade”, trocava quase diariamente mensagens de natureza erótica com uma mulher que assinava “cheia de amor pra dar”.
Ao ler as mensagens, constatou que o marido se declarara diversas vezes para a internauta, com quem construía fantasias sexuais e praticava sexo virtual. A situação ficou ainda mais grave, porque, nessas ocasiões, Marcelo fazia comentários jocosos sobre o desempenho sexual de Camila e afirmava que ela seria uma pessoa "fria" na cama.
Por conta de todos esses fatos, Camila se separou de Marcelo. Cerca de quatro meses após a separação, ajuizou ação de reparação por danos morais em face do ex-marido, na qual pediu indenização no valor de 20 mil reais. Em síntese, alegou na Petição Inicial que: a) o ex-marido manteve relacionamento com outra mulher na constância do casamento; b) a traição foi comprovada por meio de e-mails trocados entre o acusado e sua amante; c) a traição foi demonstrada pela troca de fantasias eróticas (sexo virtual) entre os dois; d) precisou passar por tratamento psicológico para superar a dor que sofria; e) foram violados sua honra subjetiva e seu direito à privacidade no casamento.
Em sua defesa, o ex-marido alegou a improcedência do pedido sustentando o seguinte: a) sexo virtual não caracteriza traição; b) houve invasão de privacidade e violação do sigilo das correspondências; c) os e-mails devem ser desconsiderados como prova da infidelidade; d) não difamou a ex-esposa, ao contrário, ela mesma denegria sua imagem ao mostrar as correspondências às outras pessoas.
Em entrevista à imprensa, a autora afirmou que não houve violação de sigilo das correspondências. Para ela, não está caracterizada a invasão de privacidade porque os e-mails estavam gravados no computador de uso da família e os cônjuges compartilhavam a mesma senha de acesso. "Simples arquivos não estão resguardados pelo sigilo conferido às correspondências", concluiu.
Agora que você já conhece o conflito, produza, com base nessa leitura, esquema idêntico ao que segue. A primeira linha da tabela já foi preenchida para que sirva de exemplo para você colher as demais informações no caso concreto. Identifique quantos elementos entender adequado.
COMPLETAR
Elemento da narrativa jurídica
Informação retirada do texto (contextualização do real)
Parágrafo argumentativo que tome por base a informação selecionada
Característica moral do marido
Marcelo compartilhava com uma desconhecida detalhes de sua vida sexual com a esposa.
Se a traição, por si só, já causa abalo psicológico ao cônjuge traído, a honra subjetiva da autora foi muito mais agredida, ao saber que seu marido, além de traí-la? inobservância do dever conjugal de fidelidade? violou a confiança da esposa quando teceu comentários difamatórios com sua amante quanto à sua vida íntima.
==XXX==
Resumo de Aula (Professor - Aula Mais - Estácio)
	
	10ª AULA – Fundamentação do Parecer: técnicas e estratégias argumentativas
	
	Teoria e Prática da Redação Jurídica
Professora Alda da Graça Marques Valverde
Aula 10
Fundamentação do Parecer: técnicas e estratégias argumentativas
Correção da aula 9- Possibilidade de escritura da narrativa da Inicial:
Dos Fatos
A autora, praticante de atividades esportivas, correspondente de um jornal de grande circulação, aproveitando-se de um dia de folga do trabalho, decidiu realizar suas compras mensais, a fim de abastecer sua casa. Assim, no nefasto dia 14 de junho de 2003, adentrou no estabelecimento da ré, confiante de que lhe seriam prestados serviços de qualidade, isto é, encontraria os produtos de que necessitava em ambiente limpo e seguro. Não esperava, jamais, ser vítima da negligência da ré.
Caminhava, entre uma seção e outra, guiada pela lista de compras feita no dia anterior. Seguia, buscando as marcas de sua preferência, examinando datas de validade: procurava unir preço e qualidade. Infelizmente, suas compras foram abruptamente interrompidas: na seção de material de limpeza, o piso estava completamente encharcado, e mais; cheio de sabão! Não havia nem um funcionário que impedisse o acesso à perigosa área ou qualquer obstáculo que cumprisse essa função. A ré se deu, apenas, ao trabalho de deixar um cavalete no local, com uma insignificante placa de aviso: “Piso escorregadio”. Enfim, não adotou os cuidados necessários a fim de isolar o local, embora tivesse consciência de o piso oferecer sérios riscos à integridade física dos seus clientes, haja vista a placa ali exposta. Como poderia a autora enxergar tal placa, se sua preocupação estava voltada para as gôndolas com os produtos de que precisava?
Assim, ocorreu o inevitável: escorregou, caiu, lesionou o pé direito. Levada ao Centro de Reumatologia e Ortopedia, foi diagnosticada tendinite na face dorsal de seu pé direito o que ensejou sua imobilização por exatos 21 (vinte e um) dias. Isso mesmo: vinte e um dias sem poder praticar suas atividades físicas; sem poder comparecer ao trabalho. Em razão desse forçoso afastamento de suas atividades laborais, perdeu a oportunidade de fazer a cobertura de um importante evento esportivo em Londres.
A autora assumiu, portanto, despesas com as quais não contava, a fim de custear seu tratamento, conforme documento em anexo. Além disso, sofreu a frustração de não poder praticar suas atividades esportivas e de ter perdido uma rara oportunidade de ampliar sua experiência profissional e, assim, ascensão no trabalho.
Procurou a autora, de forma amistosa, que a ré assumisse os prejuízos materiais e morais que a ela foram impostos pela evidente negligência da ré, mas não logrou êxito.
Por essa razão, viu-se forçada a buscar judicialmente a reparação pelos danos a ela causados pela ré.
Objetivos da aula 10
- Identificar as características do texto argumentativo e diferenciar essa produção textual da narração;
- Reconhecer os principais tipos de argumento;
- Compreender a organização lógica e o encadeamento dos argumentos.
Estrutura do conteúdo:
1. Tipos de argumento:
1.1. Argumento pró-tese;
1.2. Argumento de autoridade;
1.3. Argumento de senso comum;
1.4. Argumento de oposição;
1.5. Argumento de analogia;
1.6. Argumento de causa e efeito.
2. Seleção e organização dos tipos de argumento
3. Coesão sequencial e coerência argumentativa
TIPOS DE ARGUMENTO
1.1 - Argumento Pró-tese
Caracteriza-se por ser extraído dos fatos reais contidos no relatório. Deve ser o primeiro argumento a compor a fundamentação. A estrutura adequada para desenvolvê-lo seria: Tese + porque + e também + além disso. Cada um desses elos coesivos introduz fatos distintos favoráveis à tese escolhida.
Exemplo:
“Anísio cometeu um crime doloso inaceitável, repudiado com veemência pela sociedade, porque desferiu três facadas certeiras no peito de sua companheira, e também porque agiu covardemente contra uma pessoa desarmada e fisicamente mais fraca. Além disso, ele já estava desconfiado do caso extraconjugal da mulher, o que afastaria a hipótese de privação de sentidos”.
1.2 - Argumento de Autoridade
Argumento constituído com base nas fontes do Direito e/ou em pesquisas científicas comprovadas.
Exemplo:
“A Constituição é muito clara quando diz que a vida é um bem inviolável. Uma sociedade democrática defende esse direito e recorre a todos os meios disponíveis para que a vida seja sempre preservada e para que qualquer atentado a esse direito seja severamente punido. No caso em questão, Teresa foi atacada de maneira covardee violenta, porque não dispunha de meios para ao menos tentar preservar sua vida. Portanto, o réu desrespeitou a Constituição Brasileira e incorreu no crime de homicídio doloso previsto no artigo 121 do Código Penal Brasileiro”.
1.3 - Argumento de Senso Comum
Consiste no aproveitamento de uma afirmação que goza de consenso; está amplamente difundida na sociedade.
Exemplo:
A sociedade brasileira sofre com a violência cotidiana em diversos níveis e não tolera mais essa prática. Certamente, a violência é o pior recurso para a solução de qualquer tipo de conflito. Uma pessoa sensata pondera, dialoga ou se afasta de situações que podem desencadear embates violentos. Não foi essa a opção de Anísio: deu vazão a sua ira e matou sua mulher.
1.4 - Argumento de Oposição
Apoiada no uso dos operadores argumentativos concessivos e adversativos, essa estratégia permite antecipar as possíveis manobras discursivas que formarão a argumentação da outra parte durante a busca de solução jurisdicional para o conflito, enfraquecendo, assim, os fundamentos mais fortes da parte oposta.
Compõe-se da introdução de uma perspectiva oposta ao ponto de vista defendido pelo argumentador, admitindo-a como uma possibilidade de conclusão para, depois, apresentar, como argumento decisório, a perspectiva contrária.
Exemplo:
Por outro lado, embora se possa alegar que Teresa tenha desrespeitado Anísio, traindo-o com outro homem em sua própria casa, havia formas razoáveis de resolver o conflito. Eis o que nos separa dos criminosos. Ademais, não se nega o fato de que o flagrante de uma traição provocar uma intensa dor, porém o ato extremo de assassinar a companheira, por sua desproporção, não pode ser aceito como uma resposta cabível ao conflito amoroso.
1.5 - Argumento de Analogia
É aquele que tem como fundamento estabelecer uma relação de semelhança entre elementos presentes tanto no caso concreto analisado quanto em outros casos já avaliados, ou seja, após apresentar as provas do caso concreto, desenvolve-se um raciocínio que consiste em aplicar o tratamento dado em outro caso ou hipótese ao caso ora avaliado.
O objetivo dessa estratégia é aproximar conceitos ou interpretações a partir de casos concretos distintos, mas semelhantes. A analogia é também procedimento previsto no Direito como gerador de norma nos casos de omissão do legislador.
Exemplo:
Não resta dúvida de que, dificilmente, alguém negaria ser incapaz de utilizar qualquer meio para defender alguém que ama. Em casos de um assalto, por exemplo, uma mãe está perfeitamente disposta a matar o assaltante para defender a vida de seu filho. Para fugir de uma perseguição, o motorista de um carro é plenamente capaz de causar um acidente para evitar que algo de mal aconteça aos caronas que conduz. O que há de comum nestes e em tantos outros casos de que se tem notícia é que existe um sentimento de amor ou bem querer que impede que uma pessoa dimensione racionalmente as consequências do ato que pratica em favor da proteção de alguém. Como, então, Anísio pode dizer que matou por amor? Amava, sim, a si mesmo, já que não suportou o amor próprio ferido. Aceitar sua conduta desmedida seria instituir a pena de morte para a traição amorosa.
1.6 - Argumento de Causa e Efeito
Relaciona conceitos de causalidade e efeito com o objetivo de evidenciar as consequências imediatas de determinado ato (retirado das provas) praticado pelas partes.
Excelente opção para estabelecer nexo causal entre condutas e resultados, quando se trata de Responsabilidade Civil e de Direito Penal.
Exemplo:
Por fim, registre-se que, a necropsia concluiu que as três facadas que atingiram de forma brutal a vítima, foram profundas, perfuraram artérias e o coração; consequentemente, provocaram sua morte em poucos segundos. O laudo comprova a determinação de Anísio, não apenas de castigar a pessoa que o preteriu, mas principalmente de provocar sua morte, eliminando a vida da mulher que insanamente dissera amar.
SELEÇÃO E ORGANIZAÇÃO DOS TIPOS DE ARGUMENTO
COESÃO SEQUENCIAL E COERÊNCIA ARGUMENTATIVA
A sociedade brasileira sofre com a violência cotidiana em diversos níveis e não tolera mais essa prática. Certamente, a violência é o pior recurso para a solução de qualquer tipo de conflito. Uma pessoa sensata pondera, dialoga ou se afasta de situações que podem desencadear embates violentos. Não foi essa a opção de Anísio: deu vazão a sua ira e matou sua mulher.
Anísio cometeu um crime doloso inaceitável, repudiado com veemência pela sociedade, porque desferiu três facadas certeiras no peito de sua companheira, e também porque agiu covardemente contra uma pessoa desarmada e fisicamente mais fraca. Além disso, ele já estava desconfiado do caso extraconjugal da mulher, o que afastaria a hipótese de privação de sentidos.
A Constituição é muito clara quando diz que a vida é um bem inviolável. Uma sociedade democrática defende esse direito e recorre a todos os meios disponíveis para que a vida seja sempre preservada e para que qualquer atentado a esse direito seja severamente punido. No caso em questão, Teresa foi atacada de maneira covarde e violenta, porque não dispunha de meios para ao menos tentar preservar sua vida. Portanto, o réu desrespeitou a Constituição Brasileira e incorreu no crime de homicídio doloso previsto no artigo 121 do Código Penal Brasileiro.
Por outro lado, embora se possa alegar que Teresa tenha desrespeitado Anísio, traindo-o com outro homem em sua própria casa, havia formas razoáveis de resolver o conflito. Eis o que nos separa dos criminosos. Ademais, não se nega o fato de que o flagrante de uma traição provocar uma intensa dor, porém o ato extremo de assassinar a companheira, por sua desproporção, não pode ser aceito como uma resposta cabível ao conflito amoroso.
Importantíssimo registrar que a necropsia concluiu que as três facadas que atingiram de forma brutal a vítima, foram profundas, perfuraram artérias e o coração; consequentemente, provocaram sua morte em poucos segundos. O laudo comprova a determinação de Anísio, não apenas de castigar a pessoa que o preteriu, mas principalmente de provocar sua morte, eliminando a vida da mulher que insanamente dissera amar.
Não resta dúvida que, dificilmente, alguém negaria ser incapaz de utilizar qualquer meio para defender alguém que ama. Em casos de um assalto, por exemplo, uma mãe está perfeitamente disposta a matar o assaltante para defender a vida de seu filho. Para fugir de uma perseguição, o motorista de um carro é plenamente capaz de causar um acidente para evitar que algo de mal aconteça aos caronas que conduz. O que há de comum nestes e em tantos outros casos de que se tem notícia é que existe um sentimento de amor ou bem querer que impede que uma pessoa dimensione racionalmente as consequências do ato que pratica em favor da proteção de alguém. Como, então, Anísio pode dizer que matou por amor? Amava, sim, a si mesmo, já que não suportou o amor próprio ferido. Aceitar sua conduta desmedida seria instituir a pena de morte para a traição amorosa.
Questão de casa:
Caso concreto
Será examinado pelo Supremo Tribunal Federal o pedido do Estado de Mato Grosso do Sul para que seja suspensa a liminar que obriga o Estado a fornecer três doses diárias de 200 mg do medicamento miglustat (Zavesca) a uma criança de sete anos, portadora da doença de Niemann-Pick tipo C.
Os pais da criança, em mandado de segurança contra ato do secretário de Saúde e do diretor da Casa de Saúde do Estado, alegaram a gravidade da doença neurodegenerativa, que pode causar a paralisia dos nervos motores oculares, "incoordenação" progressiva, envolvimento cognitivo e até mesmo a morte prematura da filha. Segundo o advogado, com base na opinião de especialista em neurologia infantil, o remédio importado seria a única possibilidade para interromper o avanço da doença.
No pedido, a defesa observou que a renda dos pais é limitada. Afirmou, ainda, que apesar de não se encontrar licenciado no Brasil,o medicamento já está sendo utilizado com sucesso no Canadá, não havendo, na opinião do médico, qualquer efeito colateral que pudesse ser mais grave do que a própria evolução da doença. Após examinar o pedido, o desembargador Josué de Oliveira, do Tribunal de Justiça do Estado, concedeu a medida urgente.
O Estado veio, então, ao STJ, requerendo a suspensão da liminar. "Entes públicos devem observar a proibição da circulação dos medicamentos não registrados no Brasil, sob pena de ofensa à competência administrativa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para regulamentar, controlar e fiscalizar os produtos e serviços que envolvam risco à saúde pública", alegou.
Ainda segundo o Estado, o fornecimento do medicamento sem licença põe em risco a saúde da coletividade, pois o registro só é concedido após análise científica do remédio, quando também é levado em conta o custo-benefício em face da efetiva possibilidade de cura. Destacou que o custo mensal elevado do remédio, de RS 52.143,05, servirá apenas de experimento para a garota, já que os estudos quanto a sua aplicação não estão concluídos.
Para o Estado, é imprescindível que, nas políticas públicas de saúde, bem como nas ações judiciais dela decorrentes, "sejam feitas ponderações, que reconheçam os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, minimizando o interesse individual para que seja atendida a cobertura universal de forma igualitária e sem riscos à própria saúde".
Após examinar o caso, o presidente do STJ, ministro Edson Vidigal, negou seguimento ao pedido, por não ser de sua competência a decisão de suspender a liminar, já que o mandado de segurança impetrado pela menor encontra-se alicerçado em fundamento constitucional. "Diante, pois, da índole eminentemente constitucional que anima a controvérsia, fica evidenciada a incompetência desta presidência para o exame da suspensão pleiteada", considerou. Quem teria tal competência é o STF.
O ministro explicou, também, ser irrelevante, no caso, que o acórdão contenha fundamentação constitucional e infraconstitucional. "Havendo competência concorrente para o pedido de suspensão, há vis atrativa da competência do ministro presidente do Supremo Tribunal Federal", concluiu o ministro Edson Vidigal.
QUESTÃO
Após a compreensão do conflito e a leitura das fontes primárias e secundárias que auxiliam a solução da lide, desenvolva uma ementa e uma fundamentação para o caso concreto. Sua fundamentação deverá apresentar, pelo menos, três parágrafos argumentativos diferentes. Escolha livremente entre as opções listadas na aula de hoje.
RESPOSTA:
Ementa
PEDIDO DE SUSPENSÃO DE LIMINAR — Fornecimento do medicamento Zavesca à criança de sete anos com doença neurodegenerativa – Impossibilidade dos pais de aquisição do medicamento – Alegação de ausência de registro do medicamento do medicamento no Brasil – Comprovação de sucesso no Canadá – Princípio da Dignidade Humana – Art. 6º e Art. 196 CRFB – Parecer favorável ao fornecimento do medicamento 
Fundamentação
Segundo Madre Teresa de Calcutá, o lugar do homem é onde os homens precisam dele. Não se pode viver sem o estabelecimento de um vínculo entre os seres que compartilham do mesmo planeta. Essa partilha vai além do espaço físico, expande-se para a esfera social e cria responsabilidades recíprocas. Não se pode negar a vida a uma criança, quando há expectativa de preservação dessa vida.
No caso em análise, observa-se que a necessidade do fornecimento do medicamento à criança é inquestionável, porque foi acometida por uma doença neurodegenerativa - Niemann-Pick tipo C – cujas consequências são gravíssimas: paralisia dos nervos motores oculares, “incorreção” progressiva, envolvimento cognitivo e até mesmo a morte prematura. Além disso, conforme especialista em neurologia infantil, somente o remédio Zavesca, importado do Canadá, poderia interromper o avanço da doença. Por fim, em razão do alto custo do medicamento e da comprovada insuficiente renda dos pais, impõe-se ao Estado a obrigação de fazer.
Tal obrigação está expressa de forma objetiva na Constituição da República Federativa do Brasil, em seu art. 196, ao garantir que a administração pública forneça medicamento ao necessitado. Ademais, também revela a Magna Carta, como um de seus fundamentos, a dignidade da pessoa humana. Observe-se que, conforme (SCHREIBER (2011, p. 8), “[...] a espécie humana possui uma qualidade própria, que a torna merecedora de uma estima (dignus) única e diferenciada.” Assim, tal qualidade, inerente a todo ser humano, nos identifica como tal.
Ora, se os requisitos fáticos comprovam a urgência do fornecimento do remédio e a impossibilidade de os pais o adquirirem, o Estado deve tratar de forma digna seus cidadãos e curvar-se perante o que determina nossa Constituição.
Infelizmente, o Estado procura postergar sua obrigação recorrendo ao argumento de que o elevado custo do medicamento e a incerteza de produzir a cura da doença não justifica direcionar recursos que atenderiam à coletividade para uma só pessoa. Não reconhece, entretanto, que este vem sendo utilizado no Canadá com sucesso, o que afasta o indigitado temor de ausência de registro do medicamento na ANVISA. Também não considera que o indivíduo seja parte integrante da coletividade e que, ao conceder-lhe um direito a ele garantido, estará zelando pelo bem comum.
Esse direito, tem sido objeto de muitas demandas. No entanto, a Súmula Nº 65 do TJRJ buscou garantir ao cidadão o direito à saúde, ao fixar a responsabilidade solidária da União, Estados e Municípios, conforme dispõem os artigos 6º e 196 da CFRB. Dessa forma, é pacífico o entendimento de que o Estado não pode se eximir da responsabilidade moral e legal que lhe é atribuída.
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MD/Direito/Estácio/Período-04/CCJ0052/Aula-010/WLAJ/DP
MD/Direito/Estácio/Período-04/CCJ0052/Aula-010/WLAJ/DP

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