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Pesquisa sobre ex-detentos

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CONTEXTO DA PENITENCIÁRIA LEMOS DE BRITO
Perfil dos detentos
Segundo dados pesquisados, a Penitenciária Lemos de Brito atinge a média de 1500 detentos atualmente, sendo a maioria analfabetos. Correspondendo ao perfil dos presos no Brasil, segundo pesquisas da INFOPEN, onde se tem que a maioria dos detentos tem o ensino fundamental incompleto, e estão entre 18 a 24 anos de idade.
Teoria da reinserção social
Sugere-se que a reinserção social começa no sistema penitenciário, ainda que a realidade da maioria dos sistemas penitenciários brasileiros não seja bem essa, já que nem todos tem a possibilidade de se reinserir na sociedade.
Influência do período de cárcere na subjetividade do indivíduo
Muitos deles saem pior do que entraram, confirmando nosso pensamento sobre a influência que o período de cárcere tem na subjetividade do individuo, e trazendo a imagem da penitenciaria como uma “faculdade do crime”. O que demonstra ser reflexo da condição desumana do presídio e a falta de oportunidades, o que pode ser a causa da alta reincidência.
PROJETOS QUE INCENTIVAM A REINSERÇÃO DOS DETENTOS
Quais os projetos ali presente?
Com a visita a Penitenciária Lemos de Brito pudemos notar que neste local existem meios que incentivam os detentos a essa reinserção, ainda que isso seja possibilitado a somente cerca de 140 presos, que não soma nem 10% da massa prisional ali presente.
De acordo com a visita pudemos conhecer os projetos de reinserção ali presente. Os detentos aptos podem trabalhar com os serviços gerais da Penitenciaria (pintura, limpeza etc.), no preparo de pães na padaria do presídio, na confecção de blocos de cimento numa fabrica localizados ali mesmo no terreno da penitenciária, ou participar da confecção de mosaicos com um artista plástico que está com um projeto voltado para eles.
Apesar das oportunidades dadas, como oficinas, acompanhamento psicossocial (ainda que o número de vagas não comporte a demanda) etc., uma vez apto, é de inteira responsabilidade do interno o querer participar desses projetos, eles não podem ser forçados a participar.
Quais detentos podem participar?
Os detentos são qualificados como aptos a partir de uma análise psicológica e de comportamento durante o período que está encarcerado. Tais análises são feitas em conjunto pelos psicólogos, assistente social, auxiliadora, e agentes penitenciários, visto que são eles que lidam no dia a dia com essas pessoas.
Voto de confiança dos Gestores visto a omissão do Estado
Todo trabalho de reinserção possibilitada nesta penitenciária é de total responsabilidade dos gestores em atividade, uma vez que tudo isto é feito a partir de um voto de confiança dos gestores para com os detentos, que por sua vez ficam “livres” durante o período do trabalho e podem conseguir uma fuga a qualquer momento.
Esta análise nos possibilitou ver que o Estado falha em proporcionar meios de ressocialização para os presidiários, uma vez que isto tenha que partir da vontade e esforços dos gestores de cada unidade prisional, esquecendo o papel social que o Estado deve ter neste ambiente.
POSSÍVEIS INFLUÊNCIAS DESTES PROJETOS PARA ESSES POSSÍVEIS EX-PRESIDIÁRIOS
Remuneração (que pode ser utilizada após a saída da penitenciária)
Os detentos que participam desses projetos são convidados de forma voluntária, uma vez que podem não querer integrar tais grupos. Entretanto alguns destes trabalhos são remunerados. Os que trabalham na fabricação de blocos, por exemplo, ganham 60% do salário mínimo vigente no país, porém, não são contemplados por direitos trabalhistas, o que é um incentivo a empresa, já que tem menos gastos, e uma mão de obra mais barata.
Possibilita o aprendizado de ofícios
Possibilita o aprendizado de tais ofícios, que poderão ser exercidos após a saída do sistema prisional, e também os incentiva na sua reinserção na sociedade, já que essas experiências podem resgatar a esperança e expectativa de vida futura desses detentos numa vida honesta e digna, que acarretará a diminuição da reincidência de presos, que hoje soma cerca de 90%, segundo dados obtido durante a visita ao presidio.
PONTO DE VISTA DE UM EX-PRESIDIÁRIO
Impactos da passagem pelo presídio na subjetividade do ex-detento
A partir da entrevista realizada com uma pessoa que passou pela Penitenciária Lemos de Brito, fica evidenciado que as condições físicas e sanitárias do presídio confirmam a condição sub-humana que é dada a essas pessoas, e o tratamento dado por parte dos agentes penitenciários impossibilitando o atendimento médico, recusando-se a entregar remédios e agindo com brutalidade torna ainda mais difícil o cumprimento da pena.
Esses fatores não colaboram para uma privação de liberdade que deveria ter o objetivo de reeducar e transformar, influenciando diretamente na subjetividade desses indivíduos, que se tornam pessoas cada vez mais revoltadas, acentuando cada vez mais o sentimento de raiva e abandono, que os transformam em pessoas piores.
Visão preconceituosa da sociedade para com as pessoas que passaram pelo Sistema Penitenciário Brasileiro 
Toda essa realidade influencia também nas subjetividades da sociedade que está do lado de fora dos portões da penitenciária. A forma como a comunidade vê um ex-presidiário é reflexo direto dessas imagens que nos são passadas, da maioria dos sistemas penitenciários brasileiros, que como já exposto, não trabalha para reinserir e modificar este indivíduo. 
Os ex-detentos são vistos com outros olhos, e tratados como se estivessem a margem da sociedade, uma espécie de expurgo do sistema, que por sua vez não funciona corretamente, não cumprindo seus deveres e não atingindo seus objetivos.
Essa visão preconceituosa para com as pessoas que passam pela privação de liberdade influencia diretamente na sua reincidência ao crime, afinal, após a saída da prisão a busca por um emprego é uma tarefa árdua, que na maioria das vezes não será cumprida com êxito, consequência dos estereótipos criados pela sociedade em relação às pessoas que já cumpriram pena por qualquer que seja o crime.
CORPO QUE COMPÕE O ACOMPANHAMENTO PSICOSSOCIAL DA PLB
Como é feito o trabalho de acompanhamento?
Apesar de a coordenação os preparar, falando sobre os seus direitos e deveres, ainda não existe um trabalho para preparar internos que estão “aptos” para voltar a sociedade, porém, já tem uma comissão que está pensando neste projeto. Já que, muitas vezes, o corpo psicossocial só sabe que um detento vai ser liberto 2 dias antes de acontecer, assim, não havendo tempo para tal preparação.
Entretanto, quando é possível realizar esse acompanhamento, este trabalho é pensado para que o detento pense no que fez, tornando um processo que faça surgir uma reflexão, uma tomada de consciência, se colocando no lugar do outro, além do reconhecimento dos seus direitos, reconhecendo quais as dificuldades a serem enfrentadas quando sair, podendo pensar em novas possibilidades, para que assim avancem em busca de um futuro promissor. Demonstrando assim a dificuldade que o presidiário tem em reconhecer seus direitos, e reconhecer que é capaz de mudar.
Visão sobre a ressocialização
Segundo a auxiliadora, a ressocialização depende muito do querer do interno em se ressocializar, já que, para ela, a ressocialização começa de dentro pra fora.
Quando foi feito o questionamento acerca da possibilidade de reinserção dos internos, ambas concordam que depende muito do interno. Já que, de acordo com as analises feitas sobre as tendências, alguns que tendem a ter interesse pelos acompanhamentos, que têm consciência do que foi cometido, pode demonstrar uma mudança de perfil, que não vai retornar a cometer crimes, entretanto não podem ter certeza que isso não vá acontecer, já que existem aqueles que participam dessas oficinas, tem apoio da família, tendo incentivos para se ressocializar etc, e acabam reincidindo na vida do crime.
O QUE É NECESSÁRIO PARA INCENTIVAR A POSSIBILITAR A RESSOCIALIZAÇÃO?
Fica claro a necessidade de mais oficinas, mais projetos, maisprofissionais para o corpo psicossocial. Pois não há como fazer um atendimento semanalmente, com a quantidade de capital humano ativo atualmente. Além disso, é imprescindível a tomada de conscientização da população em geral, para que entendam que os ex-presidiários já foram julgados e cumpriram suas penas pelos seus erros, e não precisam continuar sendo julgados após uma experiência tão desumana que pode ser a passagem pelo Sistema Penitenciário Brasileiro. E assim quem sabe os aproximados 90% que demonstram que vão reincidir, possa diminuir e se reinserir com êxito na sociedade, com uma melhor qualidade de vida, boas oportunidades e livres de discriminações.

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