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7. Uso da força pelos Estados Como preceito básico, o uso de medidas de força é vedado pelo direito internacional, salvo nas hipóteses de legítima defesa ou violência injustificada contra Estados. A Carta das Nações Unidas proíbe o uso da força contra a integridade territorial ou a independência política de qualquer Estado. A manifestação de força pode se dar de diversas formas, genericamente conhecidas como contramedidas ou sanções internacionais. 7.1 Retorsão Trata-se da adoção por um Estado de ato hostil ou prejudicial contra outro, que, embora se encontre no campo da licitude, causa danos desnecessários ou indesejáveis. Convém frisar que a retorsão não admite o uso de força armada, mas normalmente se manifesta por meio de sanções econômicas, políticas ou comerciais contra determinados países. 7.2 Represália As represálias são medidas drásticas ou violentas utilizadas como mecanismo de pressão contra Estados que praticaram condutas ilícitas, com o claro objetivo de retaliação ou, em algumas hipóteses, como tentativa de retorno à licitude. A doutrina entende que a represália pode inclusive valer-se das forças armadas, mas sempre de forma proporcional ao dano sofrido, para que possa ser considerada lícita. No caso de ofensa grave, incompatível com o prejuízo, ou que alcance terceiros não responsáveis, a medida será considerada ilícita e reprovável à luz do direito internacional. Costuma-se classificar as represálias em positivas (prática de atos de violência pelo ofendido) ou negativas (quando o Estado se recusa a cumprir uma obrigação pactuada). Como exemplo de represália, temos os embargos econômicos, práticas que têm como objetivo sancionar Estados mediante a redução ou a impossibilidade da sua atividade comercial. 7.3 Legítima defesa Existem situações em que a Carta das Nações Unidas permite o uso da força, individual ou coletiva, em legítima defesa contra ameaça armada. Para que a medida seja lícita devem estar presentes as seguintes condições: a) existência ou iminência de agressão; b) resposta proporcional ao ataque; c) comunicação ao Conselho de Segurança da ONU, para análise da questão e adoção das providências necessárias. 7.4 A Guerra e suas consequências jurídicas A história da humanidade é repleta de conflitos armados e situação de beligerância entre os povos. Na medida em que as relações jurídicas se aprofundaram, o direito internacional buscou regular a conduta dos Estados em guerra. É necessário fazer a distinção entre as normas relacionadas às situações de guerra (jus in bello) e o chamado direito à guerra, ou seja, a possibilidade de os Estados injustamente agredidos revidarem, de forma legítima, ataques ao seu território ou patrimônio. Desde o fim da Segunda Guerra Mundial as Nações Unidas preceituam a solução pacífica dos conflitos, sob a premissa de que os membros da organização não poderão recorrer à ameaça ou ao uso da força, salvo nas hipóteses de legítima defesa, individual ou coletiva. Assim, o direito à guerra restringe-se a situações de rara ocorrência e deve ser tutelado segundo os princípios previstos na Carta da ONU. Por outro lado, foram celebradas em Genebra, em 1949, quatro Convenções acerca do direito aplicável às situações de conflito, com o objetivo de conferir aos soldados, prisioneiros e demais envolvidos condições mínimas de dignidade e respeito. As Convenções de Genebra e seus protocolos adicionais repousam sob os seguintes princípios: a) neutralidade – as pessoas protegidas não devem se envolver no conflito, assim como a ajuda humanitária deve se manter equidistante em relação às partes; b) não discriminação – a proteção beneficia todas as pessoas, independente de raça, sexo, nacionalidade, idioma, credo ou opiniões políticas; c) responsabilidade – significa que o Estado (e não os combatentes) deve assumir a proteção dos indivíduos e atender às normas internacionais de proteção aos direitos humanos.
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